Dissertação de Mestrado-Victor Da Costa Santos-Fiocruz

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Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ

Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde Casa de


Oswaldo Cruz

VICTOR DA COSTA SANTOS

“AS ORDENS NECESSÁRIAS PARA O AGASALHO E SUSTENTO DESSA GENTE”1:


HOSPEDAGEM E RECEPÇÃO DE IMIGRANTES NA PROVÍNCIA E NA CORTE
DO RIO DE JANEIRO DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX (1850-1889)

Rio de Janeiro
2020

1
Trecho extraído. Serviço de immigração. A Immigração Orgão da Sociedade Central de Immigração, Rio de
Janeiro, anno II, n.16, dezembro de 1885, p.10. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/239984/121
Acesso em 20 de março de 2018.
II

VICTOR DA COSTA SANTOS

“AS ORDENS NECESSÁRIAS PARA O AGASALHO E SUSTENTO DESSA GENTE”:


HOSPEDAGEM E RECEPÇÃO DE IMIGRANTES NA PROVÍNCIA E NA CORTE
DO RIO DE JANEIRO DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX (1850-1889)

Dissertação de mestrado apresentada ao Curso de


Pós-Graduação em História das Ciências e da
Saúde da Casa de Oswaldo Cruz-Fiocruz, como
requisito parcial para obtenção do grau de Mestre.
Área de Concentração: História das Ciências.

Orientadora: Prof. Dra. Maria Rachel de Gomensoro Fróes da Fonseca

Rio de Janeiro
2020
III

VICTOR DA COSTA SANTOS

“AS ORDENS NECESSÁRIAS PARA O AGASALHO E SUSTENTO DESSA GENTE”:


HOSPEDAGEM E RECEPÇÃO DE IMIGRANTES NA PROVÍNCIA E NA CROTE
DO RIO DE JANEIRO DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX (1850-1889)

Dissertação de mestrado apresentada ao Curso de


Pós-Graduação em História das Ciências e da
Saúde da Casa de Oswaldo Cruz-Fiocruz, como
requisito parcial para obtenção do grau de Mestre.
Área de Concentração: História das Ciências.

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra.Maria Rachel Fróes da Fonseca (Programa de Pós-Graduação em História das


Ciências e da Saúde, Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz) – Orientador

Prof. Dr.Luís Reznik (Programa de Pós-Graduação em História Social, Faculdade de Formação


de Professores/UERJ)

Prof. Dr.Luiz Otávio Ferreira (Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da


Saúde, Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz)

Suplentes:

Profa.Dra. Maria Renilda Nery Barreto (Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia


e Educação, Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca/CEFET-RJ)

Profa. Dra. Gisele Sanglard (Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde,
Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz)

Rio de Janeiro
2020
IV
V

Dedicatória

À minha mãe, Maria Madalena, a meu pai, José Francisco (in memorian), e a todos que
me apoiaram nessa longa e difícil caminhada.
VI
VII

Agradecimentos

Agradeço aos meus pais, base de tudo e força-motrizes do meu viver.


Agradeço a Deus e a todos os familiares que me apoiaram: avós e avôs, tias e tios, primas
e primos.
Agradeço também a todas as amizades que fiz pelos lugares que passei, desde a escola
ao local de trabalho, em especial ao companheirismo de Naila e a essencial ajuda de Yuri com
as tabelas.
E agradeço a todos os profissionais das instituições por quais passei em todos esses anos
de estudo, professores e funcionários do Jardim Escola Cultura e Ensino; do Colégio Estadual
Amanda Velasco; do Colégio Estadual Pandiá Calógeras; do Pré-Vestibular Oficina do Saber
da Universidade Federal Fluminense; da Faculdade de Formação de Professores da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro em São Gonçalo; ao Programa de Pós-Graduação em
História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, pela bolsa e apoios; e em
especial a minha orientadora Maria Rachel, pela paciência.
VIII

Resumo

Esta dissertação aborda a criação de locais de recepção aos imigrantes na Corte e na Província
do Rio de Janeiro no contexto da segunda metade do século XIX. Os objetos estudados são os
locais denominados como hospedarias de imigrantes, especificamente as da Ilha do Bom Jesus,
Morro da Saúde e Ilha das Flores. Ainda que muitas das fontes sobre a rotina do funcionamento
de tais hospedarias encontrem-se indisponíveis, busca-se através de relatórios ministeriais e
periódicos do período o rastreamento e discussão sobre as “ordens” que geriram estes locais, a
fim de compreender o que foi realizado em termos sanitários e assistenciais para recepcionar e
acolher estes imigrantes antes de irem para o seu destino final. Levou-se em consideração as
nuances entre a imigração subvencionada e a imigração espontânea, além do contexto de
insalubridade do período, condicionante da busca por melhorias nas estruturas de recepção e
acolhimento para os imigrantes, que diante do cenário de proeminente fim da escravidão,
tornaram-se alvos de ações governamentais, tanto no âmbito do trabalho quanto no âmbito da
higiene pública.

Palavras-chave: imigração, saúde, hospedaria de imigrantes, higiene pública.


IX

Abstract

This dissertation discusses the creation of places of reception for immigrants in the Court and
in the Province of Rio de Janeiro in the context of the second half of the 19th century. The
objects studied are the places called as inns of immigrants, specifically those of Ilha do Bom
Jesus, Morro da Saúde and Ilha das Flores. Although many of the sources about the routine
functioning of such inns are unavailable, we seek through ministerial and periodic reports of
the period the tracking and discussion about the "orders" that managed these places, in order to
understand what was carried out in terms of health and assistance to welcome and welcome
these immigrants before they go to their final destination. The nuances between subsidized
immigration and spontaneous immigration were taken into account, in addition to the context
of unhealthiness of the period, conditioning the search for improvements in reception and
reception structures for immigrants, who faced the scenario of prominent end of slavery, became
targets of government actions, both in the field of work and in the field of public hygiene.

Keywords: immigration, health, immigrant inn, public hygiene.


X

Lista de ilustrações

Ilustração I – Carta Topográfica e Administrativa da Província do Rio de janeiro e do


Município Neutro de 1850 .................................................................................................. p. 33
Ilustração II – Carta Topográfica de parte da província do Rio de Janeiro e do município
neutro de 1854......................................................................................................................p. 34
Ilustração III – Quadro geral da população do Estado do Rio de Janeiro em 1890
...............................................................................................................................................p. 37
Ilustração IV– População do Distrito Federal em 1890...................................................p.51
Ilustração V- Ilha do Bom Jesus atualmente, integrada à Cidade Universitária na Ilha do
Fundão- Rio de Janeiro........................................................................................................p.67
Ilustração VI- - Localização do Morro da Saúde..............................................................p.82
Ilustração VII- Localização da Hospedaria do Morro da Saúde.....................................p.85
Ilustração VIII- Ilha das Flores atualmente, integrada à Cidade de São Gonçalo- Rio de
Janeiro.................................................................................................................................p.101
Ilustração IX- Vista da Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores em 1888.............p.104
Ilustração X- Atual Ilha do Bom Jesus e Ponta do Caju, município do Rio de Janeiro-Rio
de Janeiro............................................................................................................................p.131
XI

Lista de tabelas

Tabela I – Entrada de imigrantes no Brasil– 1820-1975 ............................................... ...p.23


Tabela II – População da Província do Rio de Janeiro - 1872.................................p.31
Tabela III – Mapa demonstrativo da população da Cidade do Rio de Janeiro em 1856
.................................................................................................................................................p.52
Tabela IV– Entrada de estrangeiros no Brasil e na Corte com animo de residência (1855-
1859) ......................................................................................................................................p.53
Tabela V – População do Município Neutro (1872) ..........................................................p.53
Tabela VI – Entrada de imigrantes no Porto do Rio de Janeiro (1860-1889)
.................................................................................................................................................p.55
Tabela VII- Nacionalidade dos imigrantes ingressos no porto do Rio de Janeiro (1870- 1872
.................................................................................................................................................p.59
Tabela VIII- Inventário da Hospedaria do Morro da Saúde realizado em 1º de janeiro de
1870 ........................................................................................................................................p.90
Tabela IX - Entrada de imigrantes no Brasil, no Porto do Rio de Janeiro e na Hospedaria
da Ilha das Flores (1883-1890) ...........................................................................................p.107
Tabela X- Mapa do consumo de gêneros alimentícios na Hospedaria do Morro da Saúde
de 1º de janeiro à 31 de dezembro de 1869........................................................................p.141
Tabela XI- Mapa do consumo de gêneros alimentícios na Hospedaria do Morro da Saúde
de 1º de janeiro à 31 de dezembro de 1870 .......................................................................p.142
Tabela XII- Resumo das despesas com alimento na Hospedaria do Morro da Saúde no ano
de 1871 .................................................................................................................................p.143
Tabela XIII- Resumo das despesas efetuadas na capital do Império pelo Ministério do
Império entre janeiro e março de 1885 .............................................................................p.144
Tabela XIV- Resumo das despesas efetuadas na capital do Império pelo Ministério da
Agricultura entre abril de dezembro de 1885 .........................................................p.145
Tabela XV- Enfermidades tratadas na enfermaria da Hospedaria da Ilha das Flores no
ano de 1887 ..........................................................................................................................p.152
Tabela XVI- Enfermidades tratadas na enfermaria da Hospedaria da Ilha das Flores no
ano de 1888 ..........................................................................................................................p.154
XII

SUMÁRIO

Introdução ........................................................................................................................... p. 1

Capítulo 1 – A Imigração no Império brasileiro..............................................................p. 18


1.1 - Panorama da imigração no século XIX....................................................................p. 18
1.2 – Imigração no Governo Imperial...............................................................................p. 22
1.2.1- A província do Rio de Janeiro e a imigração...................................................p. 30
1.3 – Estruturas de promoção, recepção e acolhimento de imigrantes...........................p. 38
1.3.1- Os imigrantes na Corte do Rio de Janeiro.....................................................p. 50

Capítulo 2 – A criação de hospedarias de imigrantes na Corte do Rio de Janeiro ......p. 65


2.1 – A Hospedaria da Ilha de Bom Jesus.........................................................................p. 65
2.2 – A Hospedaria do Morro da Saúde............................................................................p. 81
2.3 – A Hospedaria da Ilha das Flores...............................................................................p. 99

Capítulo 3 – As hospedarias de imigrantes: saúde e assistência no Império.................p. 115


3.1 – As questões assistencial e sanitária...........................................................................p.115
3.2 – O agasalho e sustento nas hospedarias de imigrantes.............................................p.129

Considerações Finais.........................................................................................................p.171

Fontes.................................................................................................................................p. 175
Fontes primárias manuscritas ...................................................................................p. 175
Fontes primárias impressas ........................................................................................p.175

Bibliografia...........................................................................................................................p.216
1

Introdução

A presente pesquisa visa discutir a relação da política imigratória brasileira com as


questões sobre salubridade e insalubridade do contexto da segunda metade do século XIX
considerando a criação de locais de recepção e acolhimento de imigrantes no Rio de Janeiro a
partir da década de 1850 à década de 1880.
Diferentemente do que Ângela de Castro Gomes havia considerado, em seu livro
“Histórias de imigrantes e de imigração no Rio de Janeiro”, publicado em 2000, que existia até
então uma carência de estudos sobre imigração no Rio de Janeiro, apesar de ter sido o local de
entrada de muitos imigrantes dada à relevância do porto e de ser a capital da Corte, atualmente
os estudos sobre este tema são mais numerosos e encontram-se um pouco mais difusos entre as
diferentes abordagens historiográficas (GOMES, 2000). Ou seja, realizam-se cada vez mais
estudos sobre a imigração que vão para além de uma história política. Boris Fausto destacou “a
crise dos grandes modelos explicativos do processo histórico, deixando espaço para novas
perspectivas” como uma das razões que explicam esse florescimento (FAUSTO, 2000: 10).
Como exemplo podemos mencionar o livro “O Brasil dos imigrantes” de Lucia Lippi
Oliveira e a tese “A travessia: imigração, saúde e profilaxia internacional (1890-1926)”, de
autoria de Fernanda Rebelo (OLIVEIRA, 2002; REBELO, 2010).
No primeiro, a autora estudou a relação entre a cultura brasileira e a cultura dos
imigrantes que para cá vieram entre o final do século XIX e início do XX, apontando o quê os
recém-chegados transformaram e o quê assimilaram da cultura nacional, estudando
nacionalidades como a portuguesa no Rio de Janeiro, a italiana em São Paulo e a alemã no Rio
Grande do Sul, além da árabe, sírio-libanesa e japonesa.
Já na segunda, ao focar na experiência das viagens realizadas pelos imigrantes europeus
para a América no final do século XIX e início do XX, a autora buscou investigar as questões
sanitárias suscitadas por tais, como as condições de saúde dentro dos navios, o encontro dos
imigrantes com o Serviço Sanitário do Porto do Rio de Janeiro e as respostas dadas pela saúde
pública às doenças como a cólera, a peste bubônica e a febre amarela entre os anos de 1890 a
1926.
Todavia, ainda existem lacunas a serem preenchidas sobre o tema da imigração,
sobretudo, sobre a relação entre esta e as questões concernentes à saúde. Justificamos assim, a
escolha por analisar locais de recepção e acolhimentos de imigrantes criados no período
delimitado. Mais especificamente de hospedarias que foram criadas ou apoiadas pelo governo
imperial na província do Rio de Janeiro.
2

Deste modo, após avanços e recuos preliminares durante a presente pesquisa, optamos
por acrescentar mais dois objetos de estudo ao objeto inicial.
As hospedarias da Ilha do Bom Jesus e do Morro da Saúde juntaram-se à Hospedaria da
Ilha das Flores, que na proposta inicial seria abordada no contexto de transição entre os séculos
XIX e XX.
Localizada na ilha de mesmo nome às margens da Baía de Guanabara, a Hospedaria da
Ilha das Flores funcionou entre os anos de 1883 e 1966:
Em princípios do século XIX, a Ilha das Flores pertencia a Delfina Felicidade
do Nascimento Flores e seria denominada de Santo Antônio. É possível que o
seu nome atual decorra dessa proprietária, pois o local deveria ser conhecido
como a “ilha da D. Flores. ( ... ). O motorista que trafega pelo trecho da BR-
101, que fixa os limites entre os municípios de São Gonçalo e Niterói, avista
uma placa indicando a Base Naval da Ilha das Flores. Em um primeiro
momento há um certo estranhamento: mas, que ilha? Não há mais uma ilha.
As obras de construção da rodovia, na década de 1980, promoveram uma série
de aterramentos no local ligando-a ao continente. Apesar disso, o nome
continuou. (FERNANDES, 2013: 17-18)

No entanto, a antiga delimitação proposta pela pesquisa circunscreveria um período


menor e caracterizado por modificações na sociedade brasileira. Pensando nessas modificações,
buscar-se-ia compreender como um dispositivo público como a Hospedaria da Ilha das Flores,
dentre outras hospedarias existentes no Brasil reagiu, ou não, às transformações na política
brasileira e no pensamento sanitarista nacional e internacional entre a última década do século
XIX e a primeira década do século XX.
Por relacionar questões imigratórias e sanitárias o projeto não seria inovador. Por
abordar transformações na sociedade brasileira na virada do século também não o seria.
Tampouco por partir da ideia de análise de um estudo de caso para compreensão de uma
macroestrutura. Mas porque então investir em tal empreitada?
Porque a Hospedaria da Ilha das Flores e o estudo de sua história, recuperada
recentemente pelo Projeto Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores, nos estimula a
alçar voos maiores sobre os já mencionados locais de recepção e acolhimento de imigrantes 2.
Estudos sobre esta Hospedaria culminaram em dissertações de mestrado como as de Julianna

2
O Projeto Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores é uma iniciativa do Grupo de Pesquisa "História
de São Gonçalo: Memória e Identidade", da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro criado em 1996, com a ideia inicial de produzir um Guia de Fontes para a História da cidade. A
continuidade dos trabalhos estruturou o grupo que vem procurando problematizar as experiências dos que viveram,
e vivem, nessa municipalidade, pelo recorte do local. Em parceria com o Comando da Tropa de Reforço dos
Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, esse Projeto inaugurou em 2012 o Museu a Céu Aberto da Ilha das Flores.
3

Carolina Oliveira Costa, Guilherme dos Santos Cavotti Marques e Carolline de Medeiros
Sanches, frutos de pesquisas desenvolvidas em tal projeto 3.
A primeira fornece um panorama histórico da criação da Hospedaria no final do século
XIX e o desenvolvimento de sua estrutura nas primeiras décadas de funcionamento para a
efetivação das políticas imigratórias brasileiras. A segunda, ao estudar a recepção realizada na
Ilha das Flores aos refugiados no imediato pós-segunda guerra procurou analisar esta recepção
a partir de facetas diversas, observando as reformas na estrutura física da hospedaria, a
discussão verificada na imprensa sobre o refugiado ideal a imigrar para o Brasil, bem como
propostas e apontamentos sobre os serviços desenvolvidos para sua recepção e as narrativas
memoriais construídas pelos refugiados que vivenciaram essa experiência. Já a terceira
investigou o processo de retomada das políticas migratórias por parte do governo federal
brasileiro entre os anos de 1907 e 1914 da Primeira República, dentro do contexto das “Grandes
Migrações”, de modo a considerar as leis e decretos do período como principais documentações
a serem utilizadas para compreensão das políticas do Estado.
No entanto, diferentemente de tais, a presente pesquisa buscou aprofundar a discussão
sobre a relação da política imigratória brasileira com as questões sobre salubridade e
insalubridade no contexto de criação de hospedarias na segunda metade do século XIX. Com o
objetivo de analisar a criação das hospedarias de imigrantes na capital da Corte e na província
do Rio de Janeiro e a relação destas com as ideias de assistência e saúde, fez-se necessário
recuar no período anteriormente proposto e investir no desbravamento de hospedarias
desconhecidas do grande público.
A Hospedaria da Ilha do Bom Jesus e a Hospedaria do Morro da Saúde ainda que não
tenham tido o período longevo de funcionamento como o da Hospedaria da Ilha das Flores,
puderam ser objetos tão propiciadores e relevantes para a compreensão daquele contexto quanto
esta última, e assim indicarem as nuances da política imigratória daquele período.
Ou seja, ao acrescentar as hospedarias da Ilha do Bom Jesus e do Morro da Saúde à da
Ilha das Flores como objetos de estudo, buscou-se mapear e compreender as características da
intensificação da política imigratória brasileira a partir da segunda metade do século XIX, e,

3
COSTA, Julianna Carolina Oliveira. Hospedaria da Ilha das Flores: um dispositivo para a efetivação das
políticas imigratórias (1883 – 1907). Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade de Formação de
Professores, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo, 2015; MARQUES, Guilherme dos Santos
Cavotti. A porta de entrada do Brasil: a recepção dos refugiados no pós-Segunda Guerra na Hospedaria de
Imigrantes da Ilha das Flores. Dissertação (Mestrado em História Social) - Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2017; SANCHES, Carolline de Medeiros. A retomada das políticas migratórias brasileiras
entre 1907-1914. Dissertação (Mestrado em História Social) – Programa de Pós-Graduação em História Social,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo, 2018.
4

sobretudo, ir além da história do funcionamento de hospedarias tradicionais como a Hospedaria


de Imigrantes de São Paulo, também denominada de Hospedaria do Brás, localizada em bairro
de mesmo nome, e que funcionou entre 1888 e 1978.
Ainda que existam estudos consistentes sobre imigração no período imperial, as
hospedarias de imigrantes que foram objetos de estudos mais sistemáticos foram as criadas a
partir da década de 1880, haja vista as já mencionadas anteriormente hospedarias do Brás e da
Ilha das Flores, além da Hospedaria do Cristal em Porto Alegre, que foi objeto de estudo de
Gabriela Ucoski da Silva ao problematizar a organização, o funcionamento e o cotidiano de tal
em meio a política imigratória brasileira e rio-grandense entre os anos de 1890 e 1898 (SILVA,
2014).
Fez-se necessário então conhecer e revisar como tais autores trabalharam com a questão
da imigração, desde estudos mais antigos até estudos mais atuais, precisando assim o
estabelecimento de referências balizadoras da própria questão da imigração, bem como da
questão da saúde para o período delimitado para a pesquisa.
Dificilmente o fenômeno da imigração tenha recebido em outro contexto histórico
olhares tão atentos dos mais variados âmbitos acadêmicos como o é realizado hoje. E ainda que
o desenvolvimento dos meios de comunicação nos permita conhecer mais rapidamente as
características de tal fenômeno, a comparação entre os deslocamentos populacionais em si que
acontecem atualmente com os de outrora merece olhares devidamente acurados.
Os deslocamentos populacionais atuais, convencionados à denominação de crise
imigratória do século XXI, vem instigando debates e a produção de materiais que futuramente
poderão se consolidar como consistente bibliografia para tal contexto. Esta consistência
bibliográfica, por outro lado, já pode ser percebida sobre a imigração forçada de negros
africanos para América a partir do século XVI ou dos imigrantes europeus na interseção do
século XIX para o XX, e ainda sobre a grande leva de refugiados nos períodos das duas Grandes
Guerras Mundiais.
Todavia, caro ao historiador que busca revistar os mais variados contextos históricos
para os mais variados fins que sua profissão possa ensejar, o tempo presente nos coloca diante
de dilemas que nos inquieta, nos agita, nos retira da zona de conforto e nos faz mover em direção
aos questionamentos sobre temas que muitas das vezes já são considerados como esgotados.
Não é o caso da imigração. Ainda que haja uma vasta bibliografia, é um tema distante
de estar esgotado, haja vista a diversidade de atores e instituições que integram este fenômeno.
Segundo Boris Fausto:
5

O tema da imigração em massa para o continente americano pode ser abordado


a partir de enfoques bastante diversos. Por exemplo, é frutífero, de um lado,
dar ênfase a uma abordagem estrutural, buscando melhor compreender as
raízes mais profundas de um movimento migratório transoceânico de
dimensões até então desconhecidas, tanto no que diz respeito às condições
socioeconômicas existentes na Europa e no continente asiático quanto nos
países de recepção. De outro lado, é igualmente frutífero adotar um enfoque
micro-histórico, acompanhando-se trajetórias familiares, nas duas pontas da
cadeia migratória (FAUSTO, 2000: 7)

Tendo em vista este aspecto, caro para presente pesquisa fez-se entender o constructo
consistente relativo à imigração no século XIX, sobretudo, adentrando especificamente nas
nuances que mais interessaram a pesquisa, como a política imigratória brasileira a partir de
1850 e a criação das hospedarias na segunda metade do século.
Antes de adentrarmos nas referências bibliográficas de tal período é interessante notar
como o fenômeno imigratório ainda está carregado de características historicamente produzidas
que fazem desse complexo sistema de relações um fenômeno intrinsecamente marcado pelo
embate entre a aceitação e a rejeição ao indivíduo estrangeiro, ao outro.
Isto fica explícito nas palavras Denise Cogo4 que, em entrevista à IHU On-line, do
Instituto Humanitas UNISINOS, em 7 de dezembro de 2018, menciona o fato da imigração, no
debate público, ser tratada como um problema e uma ameaça para as sociedades, implicando
assim no ensejo pelo controle, regulação e contenção de imigrantes e refugiados (MACHADO,
2019).
A pesquisadora também enfoca que apesar disso,
é importante desconstruirmos alguns desses discursos produzidos e
reproduzidos historicamente em relação ao ‘não nacional’ ou ao ‘estrangeiro’
e compreendermos as migrações como uma experiência humana que
historicamente traz contribuições sociais, culturais, políticas e econômicas às
sociedades, assim como pensar a mobilidade como um direito humano e
universal”. É importante compreender também, explica, que “os movimentos
migratórios são condicionados por uma multiplicidade de fatores de ordem
macro e microrrelacionados a cenários geopolíticos internacionais e nacionais,
como o das crises econômico-políticas, das guerras, dos governos autoritários
e ditatoriais, dos desastres ambientais, das mudanças nas políticas de controle
de fronteiras e de entrada de imigrantes em cada espaço nacional.
(MACHADO, 2019: 1).

4
Denise Cogo é graduada em Jornalismo, com mestrado e doutorado em Ciências da Comunicação pela
Universidade de São Paulo - USP e estágio de pós-doutorado na Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha.
Leciona no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo da Escola Superior de
Propaganda e Marketing - ESPM, São Paulo, onde coordena o grupo de pesquisa “Deslocar”. Coordena também a
Plataforma de Mídias de Imigrantes de São Paulo desenvolvida em parceria com o Museu da Imigração do Estado
de São Paulo.
6

Nesse sentido, é visível que determinados conceitos e fatores se apresentam, guardadas


as suas devidas ressignificações, repetitivamente ao longo do tempo histórico no que concerne
a esse fenômeno social.
Embora o foco de sua pesquisa seja o tratamento da imigração na imprensa adentrando
a discussão em torno do espaço menos marginal para a cobertura das migrações
contemporâneas do que foi no passado, é importante destacar aqui como a pesquisadora trata
do tema das migrações e as nuances referentes as visões e representações do deslocamento
humano, forçado, ou não, e a figura do imigrante:
A figura do imigrante costuma aparecer, dentre outros, associada a chegadas
massivas e descontroladas, a invasões; a envolvimento de imigrantes em
conflitos, crimes e delitos; a estrangeiros “pobres” e com “escolarização
precária” que chegam para tirar o emprego dos “nacionais”, onerar os serviços
públicos (saúde e educação), ou, ainda, que são portadores de culturas e
religiões de difícil compreensão e integração às sociedades ocidentais.
Diferentes instituições, como Estados, governos, mídia, escola, empresas,
organizações, têm colaborado para a produção, consolidação e reprodução
desse tipo de discurso ou narrativa sobre as migrações. (MACHADO, 2019: 1).

Expressões como “figura do imigrante” e “costuma parecer” reforçariam o caráter


histórico do dilema entre a aceitação e a rejeição ao estrangeiro. Um debate atual, com
modificações ao longo do tempo, mas que desde tempos idos caracterizam os países que se
tornam destinos destes contingentes populacionais.
Compreender um pouco da dinâmica deste tema, ainda que no século XIX, é
compreender significativamente estruturas que permeiam as sociedades contemporâneas.
Estudar a imigração, mais especificamente as hospedarias de imigrantes em tal período é uma
forma de revisitar o Brasil da segunda metade de tal século, e com os objetos da presente
pesquisa, é estudar mais especificamente o Rio de Janeiro, a partir de uma diferente ótica sobre
lacunas carentes de serem preenchidas.
Atualmente a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR)5
define migrantes como aqueles que escolhem deslocar não por causa de uma ameaça direta de
perseguição ou morte, mas principalmente para melhorar sua vida em busca de trabalho ou
educação, por reunião familiar ou por outras razões, mas que continuam recebendo a proteção
do seu governo.
No entanto, no período delimitado em nossa pesquisa devemos estar atentos não só para
os fatores de repulsão e atração de imigrantes, como para a legislação brasileira acerca das

5
A ACNUR foi criada em dezembro de 1950 por resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas e iniciou suas
atividades em janeiro de 1951 tendo base a Convenção de 1951 da ONU sobre Refugiados e como objetivo inicial
reassentar refugiados europeus que estavam sem lar após a Segunda Guerra Mundial. Apud
https://www.acnur.org/portugues/historico/. Acesso em 2 de junho de 2019.
7

questões sobre imigração e colonização.


Uma importante contribuição para tal são alguns dos trabalhos de Luiza Horn Iotti. Em
“Imigração e colonização: legislação de 1747 -1915” a autora reuniu a legislação brasileira e
gaúcha do período de 1747 a 1915 que diz respeito à imigração e colonização e normatizou a
cronologia desses documentos (IOTTI, 2001). Documentos estes que apresentariam o
comportamento de população, parte dela recém-chegada da Europa em busca de novas
oportunidades, portanto fragilizada em sua identidade cultural e incapaz de reações maiores em
vários aspectos da vida cotidiana. Essas comunidades, ao cumprirem determinações legais
teriam moldado aspectos da personalidade riograndense que hoje conhecemos.
Já em “A política imigratória brasileira e sua legislação - 1822-1914”, os objetivos
foram verificar, partindo das mesmas fontes, as posições assumidas e as políticas adotadas pelo
Estado brasileiro em relação aos imigrantes e à imigração, bem como as prováveis alterações
que as mesmas sofreram no decorrer do tempo, partindo-se do pressuposto que a análise da
legislação permitiria, entre outras coisas, identificar os diversos interesses dos grupos sociais,
nas diferentes fases pelas quais passou o processo migratório e de colonização no Brasil (IOTTI,
2010).
Também se fez necessário considerar estudos que focassem para além da legislação.
Desde os mais tradicionais como os de José Fernando Carneiro, Iraci Girardi Presa, Beatriz
Maria Lazzari e Maria Thereza Petrone, até os mais recentes como os de Herbert Klein, Odair
da Cruz Paiva, Paulo Cesár Gonçalves, Luis Reznik e Maria Isabel de Jesus Chrysostomo.
José Fernando Carneiro, por exemplo, dividiu a história da imigração em três períodos.
O primeiro de 1808-1886, onde havia a coexistência do trabalho escravo com o livre e o
imigrante era considerado um elemento suplementar, com predomínio de alemães, portugueses
e espanhóis. O segundo período, de 1887-1930, em que a maioria dos imigrantes foram italianos
vindos predominantemente para suprir as necessidades das lavouras de café. E o terceiro
período, de 1931 até a década de 1950, ano em que o autor escreveu tal obra, no qual houve a
cessão da imigração espontânea e dirigida, principalmente devido à grande crise do café
(CARNEIRO, 1950).
Ao utilizar como fontes manuscritos de relatórios de diretores de colônias,
requerimentos de colonos e jornais, Iraci Girardi Presa buscou estudar o processo de imigração
e seu papel no desenvolvimento da colonização no Brasil, durante o Segundo Reinado,
enfocando a província do Paraná. Analisando a política de imigração oficial e seus objetivos,
métodos de aplicação e reação dos imigrantes em relação à política, a autora, além de tratar da
8

existência de duas hospedarias na província do Paraná, uma em Paranaguá e outra em Curitiba,


alegando a deficiência do serviço de hospedagem, relata a existência de duas hospedarias no
Rio de Janeiro, a do Morro da Saúde e a da Ilha das Flores (PRESA, 1977).
Beatriz Maria Lazzari examinou a polêmica provocada no Parlamento brasileiro pela
colonização e imigração europeia, no século XIX, detendo-se no período entre 1850 e 1875. A
autora tratou do contexto socioeconômico do período em questão e colocou em evidência
elementos da nova realidade brasileira como as adaptações da ordem senhorial e escravocrata
aos novos padrões econômicos do capitalismo e a pressão do mercado externo para acabar com
a estrutura colonial através da supressão do tráfico de escravos, a mudança de mentalidade do
fazendeiro de café e a consequente transformação da grande lavoura em uma típica variante da
plantação tropical moderna e a posição do imigrante como trabalhador livre dentro da ordem
vigente (LAZZARI, 1980).
Além disto, Lazzari examinou a política de colonização e imigração, detendo-se na
colonização oficial, em seus objetivos, sua estratégia, sua incompatibilidade com a ordem
existente e a colocação da mesma a serviço da imigração para mão de obra na lavoura cafeeira.
Destaca-se também em sua análise a reação parlamentar à política de colonização e imigração,
que delineou os interesses envolvidos na polêmica, denunciando a natureza ideológica dos
argumentos utilizados pelos deputados em seus discursos, que iam desde argumentos
nacionalistas, passando pelos da ideologia escravagista, do clima; da religião oficial; da
diferença de raças; da qualidade de imigrantes; da educação profissional como solução para o
problema da mão de obra; do choque de interesses regionais entre o norte e o centro-sul e da
colocação, até argumentos em favor da ideologia latifundiária, dos fatores que geravam as
dificuldades do Brasil em conseguir imigrantes.
Já Maria Thereza Petrone, com enfoque no aspecto econômico atentou para a vasta
produção legislativa do período imperial e como esta refletiu as contradições existentes na
sociedade brasileira em relação à política imigratória a ser adotada pelo Império. Segundo a
autora, esta política flutuou, e dependeu de quem estava no poder e quem maior pressão exercia
sobre o aparato político-administrativo. A autora ressaltou que os indicadores são os momentos
de maior ou menor criação de núcleos coloniais em contraposição ao maior ou menor
aproveitamento de imigrantes nas fazendas de café (PETRONE, 1982).
A legislação refletiria assim duas tendências com muita clareza. A do imigrante colono
em núcleo de pequena propriedade e a do imigrante como braço na lavoura de café. Desse modo
é que a autora afirma que a política de imigração flutuou de acordo com os interesses dos grupos
que estavam no poder. Citando um exemplo, para Petrone a Lei de Terras de 1850, embora
9

assegurasse certos recursos para os programas de colonização, poderia ser interpretada como
resultado da pressão dos grandes proprietários monocultores de café, que pretendiam drenar a
corrente de imigrantes para as suas fazendas, daí o interesse de que não mais se doasse terras
para a criação de núcleos coloniais6.
Em estudo acerca da migração internacional na história das Américas, Herbert Klein nos
apresenta um contexto para além do brasileiro (KLEIN, 2000). O autor realizou uma revisão da
evolução das populações americanas tratando desde o contexto da experiencia ibero- americana
no século XVI até o cenário Pós-Segunda Guerra Mundial. Nesse ínterim, o mesmo destacou
significativamente os fatores de repulsão e atração de imigrantes europeus no decorrer do século
XIX, denominando como “Grandes Migrações” o período compreendido entre 1880 e 1915, no
qual cerca de 30 milhões de imigrantes cruzaram o Oceano Atlântico, tendo esse fluxo entrado
em declínio devido à Primeira Guerra Mundial, a qual deteve, temporariamente, grande parte
da migração para a América.
Paulo César Gonçalves abordou o tema da busca de braços para lavoura na economia
cafeeira paulista no final do século XIX. O autor buscou realizar algumas reflexões sobre as
estratégias políticas engendradas pelos cafeicultores paulistas para arregimentar a força de
trabalho necessária à expansão da economia cafeeira nas décadas finais do século XIX,
discutindo a presença de dois grupos que participaram desse processo: os imigrantes europeus
e os nacionais livres, no caso, os retirantes fugidos das secas que assolaram o sertão cearense
(GONÇALVES, 2014).
A proeminente ascensão da economia cafeeira, principalmente a paulista no final do
século, e os questionamentos sobre a utilização da mão de obra escrava foram alguns dos fatores
que fizeram o Governo investir na vinda de imigrantes para se tornarem colonos. Tais
investimentos que se difundiram pelo Brasil, também ocorreram em países como os Estados
Unidos, Canadá e Argentina, onde hospedarias também foram criadas, como as de Castle
Garden (1855-1890)7 e Ellis Island (1892-1954), localizadas em Nova Iorque, e o Hotel de los
Immigrantes de La Rotonda (1882-1911) na Argentina8.

6
BRASIL. Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850. SENADO FEDERAL. Portal legislação. Disponível em:
http://legis.senado.leg.br/legislacao/PublicacaoSigen.action?id=542128&tipoDocumento=LEI-
n&tipoTexto=PUB. Acesso em 17 de março de 2019.
7
Sobre a história e o funcionamento da hospedaria de Castle Garden (1855-1890) ver análise de: SVEJDA, George
J. Castle Garden as an Immigrant Depot (1855-1890). Washington, D.C.: National Park Service, 1968.
8
Uma análise sobre os movimentos migratórios na Região da Prata na segunda metade do século XIX e nas
primeiras décadas do século XX pode ser vista em GERSTNER, Laura Oliva. El alojamiento de inmigrantes en el
Río de la Plata, siglos XIX y XX: planificación estatal y redes sociales. Biblio 3W Revista Bibliográfica de
Geografía y Ciencias Sociales, Universidad de Barcelona, v.XIII, n.779, 25 de marzo de 2008. Disponível em:
http://www.ub.es/geocrit/b3w-779.htm Acesso em 2 de outubro de 2019.
10

As hospedarias de imigrantes seriam, neste caso, um dos fios da grande teia que
enredava os movimentos migratórios e os vários procedimentos e serviços criados para levar
milhões de europeus de sua origem ao destino americano, como agências locais e internacionais
e sociedades promotoras da imigração.
Nesse sentido, para Maria Isabel de Jesus Chrysostomo e Laurent Vidal as hospedarias
de imigrantes teriam sido territórios de espera, criadas juntamente às associações e sociedades
promotoras de migração para o controle e a triagem dos indivíduos que saíam da Europa e
chegassem na América. As hospedarias teriam se desenvolvido em meio aos debates sobre a
melhor forma de acolher os imigrantes, perpassando questões políticas, econômicas e médicas
que refletiram na busca pela forma espacial e arquitetônica mais adequada para o acolhimento
de imigrantes, bem como no tempo em que estes deveriam permanecer sob a responsabilidade
das autoridades (CHRYSOSTOMO; VIDAL, 2014).
Os deslocamentos que se intensificaram para América a partir da segunda metade do
século XIX, integrariam assim a dinâmica do desenvolvimento das relações capitalistas neste
período, caracterizando assim o período delimitado pela pesquisa.
Pensando na modificação que o fenômeno da migração é capaz de provocar, outra
importante contribuição é a de Odair da Cruz Paiva ao analisar tal fenômeno e a contribuição
dos migrantes e imigrantes na formação da sociedade paulista entre o final do século XIX e o
início do século XXI (PAIVA, 2013).
Em parceria com Soraya Moura, este mesmo autor realizou um minucioso trabalho
sobre aquela que foi a maior e mais importante hospedaria de imigrantes do Brasil e que
funcionou entre 1888 e 1978: a Hospedaria de Imigrantes de São Paulo, ou Hospedaria do Brás.
Como já mencionada anteriormente, localizada em bairro de mesmo nome, esta hospedaria
recepcionou cerca de 3,5 milhões de imigrantes no período em que funcionou (PAIVA, 2008).
Construída para abrigar cerca de 4 mil pessoas, a Hospedaria de Imigrantes encarregava-se de
receber e direcionar os trabalhadores estrangeiros para todo o Estado de São Paulo. Com o lema:
recepção, triagem e encaminhamento, a Hospedaria caracterizava assim sua relação com o
imigrante que permanecia em seu estabelecimento em média por uma semana. Ainda segundo
os autores, os serviços de alimentação e alojamento eram intercalados com os de controle
médico sanitário, registro e direcionamento ao trabalho e os serviços de higiene incluíam banho,
desinfecção e troca de roupas e inspeção médica. Para estes autores:
As hospedarias de imigrantes, construídas em vários países do continente
americano a partir da segunda metade do século XIX, cumpriram uma função
de destaque na dinâmica dos deslocamentos populacionais. Na Alemanha, no
Japão e na Itália, hospedarias de emigrantes foram erigidas no mesmo período.
11

Em ambos os lados do processo imigratório – saída (emigração) e chegada


(imigração) -, elas foram os locais para expedição ou aferição de documentos,
o controle médico-sanitário, o registro e encaminhamento para o local de
destino (PAIVA; MOURA, 2008: 13).

Deste modo, estudar a criação e o funcionamento de uma hospedaria de imigrantes,


como Luiz Reznik e Rui Fernandes fizeram com a Hospedaria da Ilha das Flores, é uma forma
de estudar um dos elementos que compuseram a dinâmica desses deslocamentos populacionais
(REZNIK; FERNANDES, 2014).
Esta Hospedaria teria sido uma das respostas das autoridades brasileiras aos dilemas
suscitados pelo iminente fim da escravidão e consequentemente intensificação da imigração.
Ao analisar as alterações nas políticas públicas de imigração dirigidas pela Secretaria de Estado
dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e a escolha da ilha como local
adequado para receber uma hospedaria, os autores focalizaram a prática cotidiana como
moduladora da estruturação destes locais de recepção de imigrantes que se difundiram no
continente americano na transição do século XIX para o XX. Por isso, segundo os mesmos:
“(...) conhecer as hospedarias na sua universalidade e nas suas especificidades pode vir a ser
uma forma de compreender como cada uma das sociedades estabeleceu suas relações com o
estrangeiro e com o diferente(...)” (REZNIK; FERNANDES, 2014: 248).
Nos procedimentos e serviços criados para a recepção e acolhimento de imigrantes, a
preocupação com a saúde destes indivíduos e as respectivas doenças que pudessem acometê-
los foi característica marcante desse contexto, possibilitando a pesquisa empenhar-se em
acompanhar essas ações e relacioná-las aos debates em torno dos enfoques miasmático e
bacteriológico das doenças.
Para tal, além de uma bibliografia sobre a temática da imigração, fez-se necessária a
construção de balizadores concernentes à temática da saúde.
Em estudo sobre os cortiços e as epidemias na Corte Imperial, Sidney Chalhoub
apresentou o contexto do Rio de Janeiro no século XIX abordando elementos como os médicos
e os higienistas, as doenças e as instituições médicas, as políticas de saúde pública e a
construção e consolidação de saberes e práticas da medicina social (CHALHOUB, 1996).
Explorando fontes como a documentação manuscrita sobre habitações coletivas e
documentos da Junta Central de Higiene existentes no Arquivo Geral da Cidade do Rio de
Janeiro, bem como a correspondência entre a referida Junta e a Secretaria de Estado dos
Negócios do Império, depositada no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, o autor optou por
uma abordagem conflituosa nos âmbitos político e científico. Ou seja, Chalhoub apresentou,
12

respectivamente, o caráter conflituoso da resistência dos populares perante o tratamento


concebido pelas ações governamentais, e as discussões entre os infeccionistas e os
contagionistas do período.
Essas discussões referentes à etiologia e profilaxia das doenças apresentavam os
contagionistas, defendendo que as doenças seriam transmitidas de pessoa a pessoa, diretamente,
através do contato, ou indiretamente, através de objetos contaminados por doentes; e os
anticontagionistas, ou infeccionistas, considerando as doenças como originárias dos miasmas,
que seriam emanações resultantes da putrefação de substâncias animais e vegetais
(CHALHOUB, 1996).
Todavia, as discussões não significaram que os grupos estiveram diametralmente
opostos e que não houve diálogo entre ambos, como denotado por Fernanda Rebelo:
(...) as práticas sanitárias no final do século XIX e início do XX sugerem
múltiplas articulações e confluências entre explicações miasmáticas e
contagionistas. Os higienistas clássicos, em sua maioria infeccionistas, longe
de desaparecerem, encontraram suporte na teoria pasteuriana, o que gerou a
permanência da desinfecção e o controle da insalubridade nos centros urbanos.
O convívio entre contagionistas, que não duvidavam dos germes, com os
infeccionistas, preocupados com o “ar viciado”, gerou uma continuidade entre
teorias propostas e medidas sanitárias programadas (REBELO, 2010: 23)

Deste modo, o período delimitado pela pesquisa circunscreve alterações relevantes tanto
na temática imigratória, como nas questões ligadas à saúde.
Ao iniciarmos nossa análise na década de 1850 trabalhamos tanto com os corolários da
Lei Eusébio de Queirós9 e da Lei de Terras nas questões de imigração como com as
consequências das epidemias que grassaram a Corte e a província. De acordo com Chalhoub, a
capital seria uma cidade febril, alcançando o status de “cemitério dos imigrantes”
(CHALHOUB, 1996). Como exemplo, a primeira grande epidemia de febre amarela
compreendida entre dezembro de 1849 e setembro de 1850, causou a morte 4.160 pessoas
(REGO, 1873). Esta estimativa, referente ao Município da Corte, foi realizada à época pelo
médico José Pereira Rego (1816-1892) 10.

9
BRASIL. Lei nº 581, de 4 de setembro de 1850. SENADO FEDERAL. Portal legislação. Disponível em:
http://legis.senado.leg.br/legislacao/PublicacaoSigen.action?id=542091&tipoDocumento=LEI-
n&tipoTexto=PUB. Acesso em 17 de março de 2019.
10
José Pereira Rego (Barão do Lavradio) nasceu em 24 de agosto de 1816, na cidade do Rio de Janeiro, e faleceu
em 22 de novembro de 1892. Doutorou-se, em 1838, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e destacou-se
no campo da saúde pública, principalmente por sua atuação na Junta Central de Higiene Pública, entre os anos de
1863-1881. REGO, JOSÉ PEREIRA. In Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-
1930) - Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz. Disponível em http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/cgi-
bin/wxis.exe/iah/scripts/. Acesso em 17 de março de 2019.
13

Epidemias como esta foram analisadas por Tânia Pimenta, Keith Barbosa e Kaori
Kodama a partir dos relatórios de presidentes de província do Rio de Janeiro produzidos entre
1835 e 1889 (PIMENTA; BARBOSA; KODAMA, 2015).
Tais autoras também utilizaram os relatórios da Secretaria de Estado dos Negócios do
Império e os estudos do médico Pereira Rego para identificar e abordar as doenças que
atingiram os moradores da província do Rio de Janeiro imperial e os problemas de saúde
enfrentados por essa população.
Analisando doenças como a varíola, o cólera, a febre amarela e diferentes tipos de febre
e uma variedade de doenças registradas na segunda metade do século XIX, as autoras
estabeleceram uma relação dos surtos, endemias e epidemias de tais com a criação de casas de
caridade, hospitais, cemitérios públicos, alojamentos e lazaretos, enfim, a relação entre a
observação da higiene e a intervenção urbana, expressada fortemente por médicos que
exerceram funções para além do seu oficio.
Jaime Benchimol, por sua vez, analisou a instituição da microbiologia no Brasil em fins
do século XIX (BENCHIMOL, 2004). Considerando a febre amarela uma doença fruto de um
processo biológico e social, o autor focou no abatimento dessa doença sobre as coletividades
humanas no tempo e sua influência nas atividades políticas, econômicas, sociais e individuais,
bem como a formulação de teorias para explicá-la (BENCHIMOL, 1994). Em seu estudo,
Benchimol destacou a já mencionada primeira epidemia de febre amarela na capital do Império,
ocorrida entre 1849 e 1850, e como esta ensejou e mobilizou disputas teóricas sobre a etiologia
da mesma e sobre as propostas para o saneamento na província do Rio de Janeiro,
principalmente na capital da Corte (BENCHIMOL, 1990).
Em estudo mais específico sobre a relação entre saúde e imigração na Argentina do final
do século XIX e início do XX, Maria Silvia Di Liscia apontou os estudos comparativos como
uma importante ferramenta na constituição da historiografia da saúde e da enfermidade na
América Latina, a qual seria “una significativa base para la interpretación de índices
demográficos de análisis –natalidad, mortalidad, morbilidad, fecundidad…– así como de su
modificación en el tiempo” (DI LISCIA, 2016: 1). A autora ainda ressaltou a importancia da
imigração e dos imigrantes, que “(...) modificaron el perfil demográfico, la economía y la
cultura de diferentes naciones americanas (...)”, sendo a Argentina um país interessante a ser
estudado, dado a incidencia de imigrantes na constituição da sua população (DI LISCIA, 2016:
1).
Ainda nessa esteira da comparação, Maria Silvia Di Liscia e Fernanda Rebelo ao
analisarem o contexto de Brasil e Argentina entre 1890 e 1930, apresentaram uma proposta de
14

como trabalhar com as fontes que possibilitariam estabelecer a relação entre saúde e imigração
(DI LISCIA; REBELO-PINTO, 2018).
As autoras acreditam que no Brasil, para compreender a interseção entre imigração e
saúde ao nível de ações governamentais, é necessário recorrer a determinadas documentações
como os relatórios e informes ministeriais feitos pelos funcionários e enviados aos presidentes,
os anexos dos informes das repartições relacionadas à saúde pública, possibilitando a relação
com a política imigratória- como do Serviço de Higiene Marítima, da Inspeção de Saúde dos
Portos, do Serviço de Profilaxia da Febre Amarela, dos Hospitais Marítimos, dos alojamentos
e lazaretos, entre outras instituições. Assim como para estabelecer a relação entre políticas
imigratórias, saúde e ciência, é necessário recorrer às documentações do Instituto Sanitário
Federal, do Laboratório de Bacteriologia e do Serviço de Demografia Sanitária.
Tais autoras também destacaram a complexidade desta relação e as controvérsias e
debates entre as instituições que se relacionam a tais temas. Um exemplo citado é o embate
entre o Ministério da Agricultura e o Ministério da Justiça e Negócios Interiores. O primeiro
atenderia aos interesses dos latifundiários, e o segundo aos interesses dos higienistas. Estes
últimos, relatam as autoras, na epidemia de febre amarela de 1890 pediram a intervenção da
imigração por vincularem a doença com a aclimatação, enquanto os primeiros foram contra a
intervenção uma vez que a entrada de imigrantes significava a entrada de braços para a lavoura:
Tal cuestión obviamente surgió del terror causado por las dolencias
transmisibles (fiebre amarilla, peste y cólera), ya que el peligro del contagio
era tanto para la población que llegaba del interior como para los brasileños.
Las preocupaciones sobre inmigración y salud discurrieron en el ámbito de los
puertos, lo cual llevó a la necesidad de una legislación de profilaxis
internacional. En segundo lugar, es preciso destacar la contraposición entre
los intereses de los higienistas, o sea del MJNI y los intereses de los
hacendados, representados por el Ministerio de Agricultura. A partir de la
epidemia de fiebre amarilla de 1890, los higienistas pidieron la suspensión de
la inmigración pues de acuerdo a los avances científicos, había una
vinculación entre la fiebre amarilla y la aclimatación. (DI LISCIA; REBELO-
PINTO, 2018:117).

Segundo as autoras, seriam as particularidades das fontes que permitiriam o tratamento


quantitativo de tais de forma qualitativa, cabendo olhar especial para as documentações
referentes às agências governamentais, à burocracia e aos atores relevantes como os
funcionários e suas normas.
Pensando nessas particularidades, uma forma de nos debruçarmos sobre as
documentações foi a partir da indexação com os nomes das hospedarias que são objetos do
nosso estudo. A fim de ir além dos trabalhos que já as abordaram, visando uma compreensão
15

mais singular, mas sem deixá-las à margem do contexto, foi essencial a documentação oficial
produzida pelas instituições e órgãos subordinados ao Governo Imperial. Além desta
documentação, utilizamos também como subsídios os relatórios da Secretaria de Estado dos
Negócios do Império e da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, e alguns periódicos
do período delimitado que se encontram digitalizados na Hemeroteca da Biblioteca Nacional,
como o Almanak Laemmert, O Correio da Tarde, o Diario do Rio de Janeiro, o Correio
Mercantil, o Jornal do Commercio, O Parahyba, o Gazeta de Notícias, o Brazil- Médico e o A
Immigração.
Além disso, procurou-se analisar fontes como o Regulamento provisório para a
Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores, encontrado no Arquivo Público do Estado do Rio
de Janeiro na tentativa de estabelecer um diálogo entre as esferas médica e político-
administrativa do período11.
Sendo assim, ao analisarmos a criação destas hospedarias vinculando-as às questões de
saúde do período, a pesquisa possibilitou compreender um pouco mais da inserção dos preceitos
médicos nas instituições públicas, como também nos permitiu pensar um pouco mais sobre as
formas como as diferentes sociedades lidaram com a presença dos imigrantes estrangeiros, ou
seja, do outro, nelas mesmas.
Para tal foi importante utilizar como referências estudos sobre saúde como o de Gilberto
Hochman, Paula Xavier dos Santos e Fernando Pires-Alves que, com a proposta de entender o
sentido e a necessidade de incorporação da História no campo da Saúde Coletiva, apresentaram
uma introdução sobre as abordagens e perspectivas da historiografia latino-americana sobre este
campo de estudo (HOCHMAN; SANTOS; PIRES-ALVES, 2004). Pensando na ideia de saúde como
condicionante e determinante histórico e social, tais autores a caracterizam como uma
construção, influindo nas demais construções dos elementos de uma sociedade como as
identidades nacional, étnica, racial, geracional e de gênero, cabendo aos historiadores um papel
de formulação de questões mais amplas no intuito de desnaturalizarem os fatos e reconstruírem
os processos sociais e os caminhos da saúde pública.
Para Hochman, Santos e Pires-Alves, tal abordagem:
focaliza o poder, o Estado, as políticas, as instituições e os profissionais de
saúde, o impacto das intervenções sanitárias nas tendências das taxas de
morbidade e mortalidade e as respostas públicas e sociais a chamada transição
epidemiológica. Está particularmente atenta às relações entre instituições de
saúde e estruturas econômicas, sociais e políticas (HOCHMAN; SANTOS;
PIRES-ALVES, 2004: 41).

11
REGULAMENTO provisório para a hospedaria de imigrantes da Ilha das Flores. Arquivo Público do Estado do
Rio de Janeiro. Fundo PP. Notação: Pasta 479. Caixa 181. Maço 03. [s. d.].
16

Nesse sentido, realizar uma história da saúde está intrinsecamente relacionada à


realização de uma história social da saúde. Ou seja, pensar a saúde para além de um fenômeno
físico-químico individual, enfim, biológico, compreendendo-a nas múltiplas dimensões que
integram uma sociedade.
A análise das hospedarias de imigrantes na província e na Corte do Rio de Janeiro, sejam
elas criadas ou apoiadas pelo Governo Imperial, enquadrar-se-ia na realização de uma história
da saúde pública, apresentando elementos da dinâmica das políticas públicas de saúde e
assistência, mas não excluindo os interesses privados das organizações profissionais e sua
relação com o Estado.
Nos capítulos que se seguem buscamos rever, criticar, reafirmar ou até mesmo negar
posições cristalizadas sobre determinados pontos e elementos concernentes ao tema da
imigração e da saúde, circunscrito ao período delimitado pela pesquisa. Importando assim, na
análise desses discursos, bem como de toda documentação utilizada como fonte, um
balizamento e acuidade sobre caros conceitos à pesquisa como os de hospedaria, imigração,
colonização e higiene no período, visando com isso evitar a realização de anacronismos.
No primeiro capítulo traçamos um quadro geral a respeito da imigração no século XIX
antes de abordarmos a imigração no período imperial brasileiro e mais especificamente a
imigração na província do Rio de Janeiro. Foi necessário, no entanto, remetermo-nos às
primeiras ações e experiencias realizadas pelo Governo brasileiro no que dizia respeito a tal
tema, seja no imediato pós-independência ou até mesmo na consideração do impacto da vinda
da Corte portuguesa para o Brasil em 1808.
Demarcamos também as diferenças entre a política imigratória que era realizada na sede
da Corte Imperial daquela realizada nas províncias, especificamente a província fluminense,
uma vez que o Rio de Janeiro foi capital tanto do Império quanto da província até tornar-se um
Município Neutro em 1834, separado administrativamente da província, enquanto que esta
passou a ter a mesma organização político-administrativa das demais províncias do país com
outra capital. E por fim relacionamos as intensificações dos deslocamentos populacionais e das
ações governamentais concernentes à imigração, apresentando alguns dos elementos da
complexa rede que passou a enredar os movimentos migratórios e seus vários procedimentos e
serviços criados para levar milhões de europeus de sua origem ao destino americano, como as
agências locais e internacionais, as sociedades promotoras da imigração e as hospedarias de
imigrantes.
17

No segundo capítulo abordamos mais especificamente a criação das hospedarias de


imigrantes na Corte do Rio de Janeiro e como estas se relacionaram com os demais dispositivos
da complexa rede concernente ao movimento migratório. Analisando relatórios ministeriais e
periódicos de jornais, buscamos compreender a relevância institucional e social das hospedarias
que foram objetos da pesquisa: a Hospedaria da Ilha de Bom Jesus, criada em 1857 pela
Associação Central de Colonização, cuja finalidade era importação de emigrantes morigerados,
agricultores e industriosos, que quisessem vir para o Império; a Hospedaria do Morro da Saúde,
criada em 1866, e que foi fruto do arrendamento dos prédios de José Rodrigues Ferreira, feito
pela Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura; e a Hospedaria da Ilha das Flores, criada
em 1883 pela Inspetoria Geral de Terras e Colonização, órgão subordinado à Secretaria de
Estado dos Negócios da Agricultura, e que era responsável pelos serviços referentes à imigração
e colonização.
No terceiro capítulo buscamos estabelecer relações entre a imigração e as questões
relacionadas à saúde, seja por um viés assistencialista, ou por um viés sanitário. Ou seja, como
características da política imigratória brasileira, incluindo-se discussões sobre a conceituação
de migrantes e colonos, estilos de imigração e colonização e a criação de lugares de recepção e
acolhimento de imigrantes na sociedade brasileira se relacionaram a um período de mudanças
não só das próprias diretrizes de fomento à imigração, como nos de paradigmas científicos
relacionados à saúde e que extrapolaram o âmbito científico-acadêmico.
Neste capítulo também analisamos fontes que permitiram rastrear uma das facetas da
importância atribuída ao tratamento dos imigrantes que desembarcam no território brasileiro.
Recepção, triagem e encaminhamento ganharam atenção por meio de ferramentas que ainda se
encontravam passíveis de serem exploradas, permitindo assim a retomada de importantes
questões abordadas no decorrer do texto, pensando sempre na relação entre política imigratória
e saúde no período delimitado.
18

Capítulo 1 – A Imigração no Império brasileiro

1.1 – Panorama da imigração no século XIX

Antes de analisarmos as características da imigração no Brasil e no Rio de Janeiro no


século XIX se faz necessário o estabelecimento de um quadro geral a respeito da imigração
como um todo no século XIX.
Como já mencionado, estudos mais recentes ampliaram a discussão e trouxeram novas
e diferentes abordagens sobre o tema da imigração. Segundo Odair da Cruz Paiva, mesmo com
a concordância sobre a importância da imigração como fator significativo e explicativo de nossa
história, há variedade de abordagens e enfoques sobre este tema, sendo expressões como
migração, imigração, migrantes e imigrantes, denotadoras de diferentes perspectivas sobre
esses deslocamentos populacionais. De acordo com o mesmo, se por um lado, os deslocamentos
populacionais podem ser compreendidos a partir de perspectivas macroestruturais, ou seja, o
deslocamento de homens, mulheres e crianças como resultado de determinações econômicas e
políticas para além das experiências de vida desses sujeitos, por outro, a imigração também
pode ser entendida como resposta à questões e problemas que estão no cotidiano das pessoas,
na subjetividade, que faz com que esses indivíduos e grupos optem pelo deslocamento (PAIVA,
2013).
Então percebemos aí duas importantes abordagens que norteiam os estudos sobre
imigração. Primeiro, uma percepção mais estruturalista, que obteve na teoria do push-pull o
principal expoente. E segundo, um modelo pós-estruturalista que obteve força a partir da década
de 1980 com o movimento denominado “Nova História”, uma forma de reação ao
estruturalismo e que possibilitou a ampliação dos objetos de pesquisa, e consequentemente de
novas fontes e métodos de análise.
No primeiro caso, o modelo explicativo pautado na teoria do push-pull analisava os
deslocamentos populacionais a partir da identificação de variáveis que condicionavam os
migrantes aos seus locais de saída e chegada. Ou seja, desse ponto, o indivíduo é entendido
como um encadeamento de variáveis, tais como nacionalidade, idade e categoria
socioprofissional, sendo a migração tida como um processo de ruptura.
Segundo Julianna Carolina Oliveira Costa, um dos expoentes dessa teoria foi o
pesquisador Ernest Ravenstein, o qual defendia a existência de uma intima relação entre os
deslocamentos populacionais e o desenvolvimento do capitalismo, ao afirmar que tanto a
população quanto as atividades econômicas estariam espacialmente distribuídas de forma
19

desigual (COSTA, 2015). Ainda segundo este autor, essa desigualdade gerou algumas regiões
com excedente de mão de obra e outras com escassez, o que possibilitou à existência de áreas
de absorção e áreas de dispersão de mão de obra, ou seja, fatores de repulsão e fatores de
atração, considerando, significativamente as condições econômicas como as principais
responsáveis pela migração europeia. Ou seja,
a estruturação da economia mundial impulsionou milhões de europeus a
abandonar o seu continente devido à falta de trabalho, tanto nos campos como
nas cidades. Diante da miséria, as promessas dos engajadores ligados às
agências de imigração ou companhias de navegação subsidiadas, surgiram
como um raio de esperança para estes homens e mulheres que passaram a
enxerga nas Américas à possibilidade para uma melhor condição de vida.
Simultaneamente, uma rede de agente e subagentes se estendia pela Europa a
fim de recrutar trabalhadores para as grandes fazendas de café existentes no
Brasil, justamente durante o período em que ocorria a transição da mão-de-
obra escrava para a livre, ou, ainda, para promover a ocupação do vasto
território brasileiro (COSTA, 2015: 17).

Com base nisso, mesmo que na visão pós-estruturalista a migração seja entendida como
um processo de continuidade das relações construídas e mantidas pelo indivíduo e sua
comunidade entre os dois pólos envolvidos, devemos sempre considerar relevante as condições
dos países de origem, pois situações de crise contribuem para as migrações em massa.
É valido, nesse caso, seguir o alerta realizado por Joaquim da Costa Leite em estudo
realizado sobre a emigração portuguesa para o Brasil:
o tema da repulsão e atração (push-pull) não deve ser visto como exercício de
seleção de um fator e eliminação de outro, uma vez que nem a atração nem a
repulsão existem em termos absolutos, antes se definem uma em relação à
outra. Por outras palavras, as migrações não acontecem em função exclusiva
da necessidade ou da oportunidade, mas, sim, da conjugação, em situações
concretas da necessidade com a oportunidade (LEITE, 2000: 183).

Seguindo essa lógica, apesar dos estudos recentes conferirem atenção à autonomia do
sujeito, levando em consideração os diferentes projetos e as estratégias adotadas pelos
migrantes para realizarem tal deslocamento, não podemos afastar essa abordagem das
percepções estruturais, uma vez que a presente pesquisa busca analisar determinadas ações
políticas visando determinados grupos sociais.
Levaremos em consideração, como afirma Joaquim Leite, que já não podemos mais
enxergar a imagem tradicional do migrante sem instrução, que em situação de miséria era
movido cegamente pelo desejo de migrar. Deveremos olhar também para as demonstrações de
ponderação entre riscos e garantias que só seria possível com a disponibilidade de informações
20

adequadas, denotando assim a consciência de que os comportamentos e as realidades sociais


não se conformam a ficar confinados em modelos preestabelecidos.
Todavia, aspectos da teoria do push-pull como os fatores de repulsão e atração, que
passaram a ser questionados, não podem ser totalmente descartados, uma vez que a migração
não pode ser entendida como um fenômeno exclusivamente individual. Os deslocamentos
populacionais trazem consigo uma complexa rede de fatores que vão desde os econômicos aos
políticos.
Nesta direção, o historiador Herbert Klein destaca os aspectos econômico, demográfico
e tecnológico como significativos para as migrações europeias realizadas no século XIX
(KLEIN, 2000). O primeiro estaria relacionado ao acesso à terra e consequentemente ao
alimento, tendo o processo de surgimento dos “enclosures” na Inglaterra do século XVII um
papel relevante. Já o segundo referir-se-ia a denominada transição demográfica que começou
em meados do século XVIII na Inglaterra e na França e se espalhou pela Europa setentrional,
meridional e oriental, no qual as taxas de mortalidade estiveram estáveis e houve crescimento
populacional. O terceiro e não menos importante fator tecnológico, estaria indissociavelmente
ligado aos dois anteriores, e como tais não poderia ser concebido isoladamente. Trata-se da
busca por novos métodos de arrendamento, cultivo e produção que o setor agrícola de cada país
europeu teve que realizar perante o crescimento populacional. Ao passo do aumento da
produtividade e da crescente mecanização da agricultura europeia, também estava a menor
necessidade de mão de obra em um momento que surgia um excedente da força de trabalho.
Ou seja, mais pessoas para trabalhar e se alimentar e menos oportunidades de trabalho
devido ao processo de endurecimento do acesso à terra apoiado juridicamente pelo aparelho
estatal. Ainda assim, segundo Klein, no começo a própria Europa conseguia atrair os
camponeses expulsos da terra, mas isto ocasionou o inchaço das cidades.
Para Lená Medeiros de Menezes, a imigração europeia não foi apenas uma solução para
o problema de povoamento ou de mão de obra. Significou também o resultado de mudanças
econômicas, sociais e culturais de uma sociedade influenciada por teorias cientificistas, como
o determinismo e o evolucionismo que ganharam força no século XIX (MENEZES, 2005). A
partir de tal século, a Europa começou a caminhar a passos largos para ver sua população tornar-
se predominantemente urbana. Segundo Eric Hobsbawm, a cidade concretizava-se como
símbolo da industrialização. E esta, por sua vez, tornava-se o carro-chefe do ideal de progresso
e civilização que iria permear todo o século XIX (HOBSBAWM, 1996).
Do outro lado do Atlântico, o cenário era o oposto. Ao tratar da evolução das populações
americanas a partir do século XVI, Klein destaca o fato da terra ter sido abundante e disponível,
21

enquanto a mão de obra era cara e escassa. Esta última condicionada pelas doenças endêmicas
que atingiram as populações indígenas isoladas e pela progressiva ineficácia da utilização do
índio como mão de-obra pelos espanhóis e portugueses, seja pela resistência à escravização ou
pelo alto custo que se tornou essa fonte de trabalho.
O que importa saber é que na transição do século XVIII para o XIX, na América Luso-
Hispânica, a colônia brasileira tinha absorvido quase 1,9 milhão de africanos para serem
escravizados e se tornado a mais importante zona do Império português com o progressivo
declínio de suas áreas na Ásia e na África, enquanto que na América do Norte, os Estados
Unidos no pós-independência, abriram o seu mercado à economia mundial, tornando a sua
marinha mercante a perder somente para a Inglaterra. Segundo Klein,
Na época do primeiro censo federal de 1790, contaram-se 3,1 milhões de
colonizadores brancos - todos, obviamente, imigrantes – e 757 mil escravos
africanos. Por volta de 1820 – período para o qual existem finalmente bons
dados estatísticos sobre a migração internacional – a população norte-
americana havia subido para 7,8 milhões de brancos e 1,7 milhão de escravos.
Estes últimos, apesar do fechamento, em 1808, do comercio escravo do
Atlântico para a América do Norte, aumentaram em número. Os Estados
unidos haviam surgido, então, como a terra de atração prioritária para os
migrantes europeus, uma posição que não abandonaria nos dois séculos
seguintes (KLEIN, 2000: 21).

Ou seja, os Estados Unidos mantiveram-se como o principal país receptor de migrantes


durante todo o século XIX, sendo seguido por Canadá, Brasil e Argentina até a década de 1880.
Destacamos essa década pois o globo ficou menor a partir de então. Entenda-se por isso a
acentuação do fluxo imigratório envolto pelas mudanças nos meios de comunicação e
transporte, a saber: a instalação do primeiro cabo telegráfico transatlântico em 1866 e as
implementações malha ferroviária e da energia a vapor no navio na década anterior, como
destacou Joaquim da Costa Leite (LEITE, 1991).
A partir desta década de 1880 também houve alternância entre os três países que estavam
atrás dos Estados Unidos na recepção de imigrantes. “O segundo lugar em importância, porém,
não era o Canadá, que recebeu apenas 2,5 milhões, mas dois países latino-americanos: a
Argentina, com 4,2 milhões, e o Brasil, com 2,9 milhões de imigrantes” (KLEIN, 2000: 25).
Compreendido como período das “Grandes Migrações”, os anos entre 1880 e 1915 foram
contextos da recepção de cerca de 30 milhões de imigrantes europeus na América, superando
assim os 10 milhões de africanos e os cerca de 15 milhões de europeus que cruzaram o Atlântico
antes de 1880.
Para além dos números é importante destacar o perfil do imigrante que desembarcou na
América. O período das “Grandes Migrações” foi contexto do desembarque predominante de
22

europeus do Leste e do Sul, ou seja, italianos, poloneses, russos, gregos, entre outros, tiveram
nas condições socioeconômicas do desenvolvimento do capitalismo nos seus respectivos países
de origem, razões para migrarem.
Com o perfil do jovem adulto do sexo masculino predominante, imigrantes destas
nacionalidades passaram a se destacar, mas não a ponto de minimizarem o perfil das
nacionalidades predominantes até década de 1880. Ingleses, irlandeses, alemães, escandinavos,
portugueses e espanhóis permaneceram com significativos números de contingentes
populacionais destinados ao continente americano mesmo após a década de 1880. Sendo
constituídos fundamentalmente por camponeses e trabalhadores rurais e suas respectivas
famílias, esses grupos conseguiram no Brasil um importante espaço para permanecerem, uma
vez que, segundo Herbert Klein, “mesmo após 1880, o Brasil continuou a sublinhar mais a
importação de famílias que de trabalhadores solteiros do sexo masculino” (KLEIN, 2000, p.25).
A natureza disto? Para compreendê-la se faz necessário entender a política imigratória
brasileira, ou seja, se faz necessário remetermo-nos às primeiras ações e experiencias realizadas
pelo Governo brasileiro no que dizia respeito a tal tema, seja no imediato pós-independência ou
até mesmo na consideração do impacto da vinda da Corte portuguesa para o Brasil em 1808.

1.2 – Imigração no Governo Imperial

Como assinalado na introdução, fez-se necessário recorrer a estudos mais clássicos para
entender as características da imigração brasileira no século XIX.
Pensando na divisão em três fases, proposta por José Fernando Carneiro, o período
analisado na presente pesquisa inserir-se-ia predominantemente na primeira fase, que engloba
os anos entre 1808 e 1886 (CARNEIRO, 1950). Nessa fase, segundo o autor, o imigrante era
considerado como mão de obra suplementar ao trabalho escravo. A escravidão, por sua vez,
teria exercido forte influência para o empecilho à vinda de imigrantes europeus, arredios ao
estabelecimento em terras brasileiras em condições análogas às dos escravos brasileiros.
A análise realizada por Carneiro nos apresenta características gerais da imigração
apresentando elementos como o sistema de parcerias, as ideias sobre migração espontânea e
migração dirigida, a substituição da mão de obra ocorrida no final do século e a entrada de
imigrantes entre 1820 e 1947, no Brasil, que corresponderiam em números 4.903.991
imigrantes.
23

De acordo com uma tabela, elaborada pelo IBGE, a entrada de imigrantes no Brasil, entre
os anos de 1820 e 1975, se deu da seguinte forma:

Anos Imigrantes Anos Imigrantes Anos Imigrantes Anos Imigrantes


1820 1.682 1859 20.114 1898 76.862 1937 34.677
1821 - 1860 15.774 1899 53.610 1938 19.388
1822 - 1861 13.003 1900 37.807 1939 22.668
1823 - 1862 14.295 1901 83.116 1940 18.449
1824 126 1863 7.642 1902 50.472 1941 9.938
1825 909 1864 9.578 1903 32.941 1942 2.627
1826 828 1865 6.422 1904 44.706 1943 1.345
1827 1.088 1866 7.699 1905 68.488 1944 1.612
1828 2.060 1867 10.842 1906 72.332 1945 3.230
1829 2.412 1868 11.315 1907 57.919 1946 13.039
1830 - 1869 11.528 1908 90.536 1947 18.753
1831 - 1870 5.158 1909 84.090 1948 21.568
1832 - 1871 12.431 1910 86751 1949 23.844
1833 - 1872 19.219 1911 133.575 1950 35.492
1834 - 1873 14.742 1912 177.887 1951 62.594
1835 - 1874 20.332 1913 190.343 1952 88.150
1836 1.180 1875 14.590 1914 79.232 1953 80.245
1837 604 1876 30.747 1915 30.333 1954 72.248
1838 396 1877 29.468 1916 31.245 1955 55.166
1839 389 1878 24.456 1917 30.277 1956 44.806
1840 269 1879 22.788 1918 19.793 1957 53.613
1841 555 1880 30.355 1919 36.027 1958 49.839
1842 568 1881 11.548 1920 69.041 1959 44.520
1843 694 1882 29.589 1921 58.476 1960 40.507
1844 - 1883 34.015 1922 65.007 1961 43.589
1845 53 1884 23.574 1923 84.549 1962 31.138
1846 435 1885 34.724 1924 96.052 1963 23.859
1847 2.350 1886 32.650 1925 82.547 1964 -
1848 28 1887 54.932 1926 118.686 1965 9.838
1849 40 1888 132.070 1927 97.974 1966 8.175
1850 2.072 1889 65.165 1928 78.128 1967 11.352
1851 4.425 1890 106.819 1929 96.186 1968 12.521
1852 2.731 1891 215.239 1930 62.610 1969 6.613
1853 10.935 1892 85.906 1931 27.465 1970 -
1854 9.189 1893 132.589 1932 31.494 1971 6.378
1855 11.798 1894 60.182 1933 46.081 1972 8.767
1856 14.008 1895 164.831 1934 46.027 1973 5.931
1857 14.244 1896 157.423 1935 29.585 1974 6.766
1858 18.529 1897 144.866 1936 12.773 1975 11.566
Tabela I – Entrada de imigrantes no Brasil– 1820-1975. Apud Tabela 4.1 - Imigração no Brasil – 1820-1975. In IBGE. Brasil: 500 anos
de povoamento. Rio de Janeiro, 2007. Apêndice: Estatísticas de 500 anos de povoamento. p. 225.
24

Os dados de ingresso de imigrantes no Brasil, apresentados no quadro acima,


particularmente nos anos destacados em itálico, correspondem aos dados mencionados por
Carneiro em seu trabalho, e corroboram com o quantitativo de quase cinco milhões de
imigrantes ingressos no período abordado por tal autor.
Por isso, não devemos ignorar completamente a contribuição de Carneiro, haja visto as
palavras de Maria Tereza Petrone sobre a dificuldade em se construir dados estatísticos sobre a
imigração e colonização no Brasil mediante as variáveis intrínsecas ao fenômeno da migração
que são os índices de fixação, repatriamento e reemigração para outros estados e países
(PETRONE, 1982).
Segundo o historiador Odair da Cruz Paiva, a entrada de estrangeiros foi uma
preocupação por parte das autoridades da metrópole durante todo o período colonial, sendo
necessário, muitas das vezes, a exigência de documentos que possibilitassem o trânsito dos
súditos estrangeiros em regiões estratégicas e de potencial riqueza como as Minas Gerais do
século XVIII. Segundo o autor, esse quadro veio a ser alterado entre meados do século XVIII e
início do século XIX:
A consolidação das fronteiras coloniais exigiu o povoamento de algumas
regiões por meio da fixação de pessoas não nascidas na colônia. A “Provisão
de 9 de Agosto de 1747” dava “providências para a condução e
estabelecimento de casais de açorianos no Brasil.”1 Esse é possivelmente o
primeiro documento no qual a Coroa Portuguesa autoriza a fixação de pessoas
não nascidas no território colonial, exceção feita, evidentemente, aos
portugueses (PAIVA, 2013: 33).

De acordo com Paiva, a chegada da Família Real em 1808, e a consequente elevação do


Brasil à categoria de reino unido a Portugal e Algarves, foi um momento decisivo para a
temática da fixação de estrangeiros no território brasileiro. De acordo com M. Teresa Petrone,
a edição de documentos, como do decreto promulgado em 25 de novembro de 180812, “permitiu
o acesso à propriedade fundiária aos estrangeiros, antes reservada apenas aos naturais da
Colônia ou do Reino” e visava essa fixação de estrangeiros como açorianos, suíços e germânicos
nesse primeiro momento (PETRONE, 1982:7). Esta fixação de estrangeiros no período pré-
independência também seria um importante elemento da política imigratória brasileira durante
todo o século XIX e início do XX, relacionando-se assim com a criação de

12
Trata-se do Decreto de 25 de novembro de 1808, de D. João VI, cujo objetivo era permitir a concessão de
sesmarias aos estrangeiros residentes no Brasil, cujo teor era o seguinte: “Sendo conveniente ao meu real serviço
e ao bem público, aumentar a lavoura e a população, que se acha muito diminuta neste Estado; e por outros motivos
que me foram presentes: hei por bem, que aos estrangeiros residentes no Brazil se possam conceder datas de terras
por sesmarias pela mesma fórma, com que segundo as minhas reaes ordens se concedem aos meus vassallos, sem
embargo de quaesquer leis ou disposições em contrario. A Mesa do Desembargo do Paço o tenha assim entendido
e o faça executar.” BRASIL. Decreto de 25 de novembro de 1808. In Colecção das Leis do Brasil de 1808. Rio de
Janeiro: Imprensa Nacional, 1891, p. 166. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/historicos/dim/DIM-25-11-1808.htm
Acesso em 6 mai. 2020.
25

núcleos coloniais e a busca pela consolidação do território e dinamização da economia com o


desenvolvimento de novas culturas agrícolas.
Sendo assim, Paiva considera que no cenário brasileiro historicamente a incorporação
do termo imigração aos documentos se deu a partir de 1829:
O termo imigração foi incorporado ao título dos documentos que autorizavam
a fixação de estrangeiros no Brasil em 1829. Na “Fala do Imperador de 03 de
Maio”, que abriu os trabalhos da Assembleia Geral daquele ano, encontramos:
“salientando a necessidade de auxiliar no desenvolvimento da agricultura do
país, através do incentivo à imigração, da criação de uma lei de naturalização
e de um regulamento para a distribuição das terras incultas”2. Até esse
momento, pessoas não nascidas na colônia ou em Portugal eram comumente
nominadas a partir de suas regiões de origem – “açorianos”, “suíços” – ou
como “estrangeiros” ou “colonos”. A palavra imigrante, a partir de então,
agrega a condição de nascimento dos sujeitos (e consequentemente a noção de
estrangeiro) e a razão de sua incorporação na comunidade nacional como
colonos (ocupantes de terras) ou trabalhadores. [...] até hoje o termo imigrante
define, embora de forma não muito precisa, uma relação complexa do
estrangeiro com a comunidade nacional, na medida em que a noção de
imigrante leva em consideração prioritariamente a dimensão indivíduo-
trabalhador e coloca num plano secundário a dimensão sujeito-cidadão,
portador de direitos (políticos e econômicos) e necessidades (sociais e
culturais) (PAIVA, 2013: 34).

Ainda segundo este autor, as palavras imigrante, emigrante ou migrante revelam


percepções diversas sobre o fenômeno dos deslocamentos populacionais, uma vez que ao
chegarem ao local de destino são considerados imigrantes, enquanto que quando saem são
emigrantes, sendo o termo migrante utilizado na contemporaneidade para expressar as duas
percepções.
Antes, porém, da incorporação do termo imigrante aos documentos brasileiros, vale
ressaltar os anos de 1818 e 1824 como o fez Maria Tereza Petrone em seu estudo sobre a relação
do imigrante com a pequena propriedade, no qual destacou que “na ideologia de então cabia a
essa pequena propriedade criar uma camada intermediária entre escravos e senhores e formas
econômicas alternativas e, portanto, criar condições para as transformações na vida social e
econômica do país” (PETRONE, 1982:17).
No ano de 1818 foi criado, com imigrantes suíços, o núcleo de Nova Friburgo, na
província do Rio de Janeiro. E no ano 1824, fundou-se o núcleo de São Leopoldo, com alemães,
próximo a Porto Alegre (PETRONE, 1982). Ainda segundo Petrone, no primeiro, imigrantes
suíços receberam lotes de terras para plantarem gêneros alimentícios que pudessem abastecer a
cidade do Rio de Janeiro, o que não ocorreu com sucesso, uma vez que parte dos suíços se
transferiram para terras férteis como as de Cantagalo e Macaé para realizarem o cultivo do café.
No segundo, houve sucesso da iniciativa com alemães no Rio Grande do Sul, tornando-se um
26

modelo para os empreendimentos que se seguiram. As pequenas propriedades do núcleo de São


Leopoldo dedicaram-se a policultura contando somente com o trabalho das próprias famílias
alemães.
Após o sucesso deste último, houve uma intensificação dos esforços em promover a
colonização a partir da criação de núcleos coloniais formados por imigrantes em diferentes
províncias do Império, o que já ocorria desde a época de D. João VI. Vale ressaltar a criação
em 1828 dos núcleos de São Pedro de Alcantara, em Santa Catarina, e do Rio Negro na então
província de São Paulo, mas que hoje pertence ao estado do Paraná.
Segundo Luiza Horn Iotti, D. Pedro I deu prosseguimento à política de imigração e
colonização promovida por seu pai e pela Constituição de 1824, o imperador reservou para si
os assuntos referentes à colonização, interessando-se pessoalmente pelo povoamento e pela
exploração de novas regiões do Brasil através da introdução de imigrantes europeus (IOTTI,
2010).
Para atraí-los, o governo brasileiro ofereceu condições extremamente favoráveis, como
a concessão de passagens gratuitas, a distribuição de hectares de terra, sementes, animais e
auxílios financeiros (COSTA, 2015).
No entanto, a maior parte destas experiencias falhou, fornecendo argumentos assim para
os setores da lavoura, muito mais focados na obtenção de braços para a lavoura do que numa
política de povoamento. Temos então outra tônica que marcaria a política imigratória brasileira
durante o século XIX: a obtenção de “braços” para a lavoura, e que mais ao final do século iria
fazer parte do processo de substituição da mão de obra escrava pela livre assalariada, compondo
assim o que Iotti denominou como um dilema no Império: colonização ou imigração?
Segundo Iotti, a reação dos grandes proprietários também se fez sentir no Parlamento e
no dia 15 de dezembro de 1830, a Lei do Orçamento, suspendendo os créditos para a
colonização estrangeira foi aprovada, acabando assim com qualquer nova tentativa de
colonização subsidiada pelo estado. Em 7 de abril do ano seguinte, D.Pedro I abdicou ao trono
brasileiro e a imigração subsidiada pelos cofres públicos foi abandonada de vez, significando
assim a vitória dos latifundiários, e que permearia durante todo o período regencial: 1831-1840.
De acordo com Iotti, durante a Regência até houve uma tentativa, por parte do governo central,
em dividir a obra da colonização com as províncias. No entanto, foi realizada sem sucesso. A
política de colonização só foi retomada nos anos finais da década de 1840 e início da década de
1850.
Esse dilema também foi abordado por Maria Tereza Petrone e por Beatriz Maria Lazzari.
Petrone analisou a vasta produção legislativa, após 1824, buscando refletir como o aspecto
27

econômico teria influenciado na questão da imigração (PETRONE, 1982). Ou seja, como as


contradições existentes na sociedade brasileira em relação aos cafeicultores e a classe fundiária
teriam impactado. De um lado, os cafeicultores, que, prevendo a suspensão do tráfico
transatlântico de africanos, discutiam a possibilidade de substituição da mão de obra escrava
por trabalhadores europeus. E de outro, as medidas adotadas pelo Governo Imperial, que
orientavam o fluxo de imigrantes para os núcleos coloniais, desviando-o das grandes fazendas
de café.
Segundo a autora, esta política sofreu variações, na dependência de quem estava no
poder e de quem maior pressão exercesse sobre o aparato político-administrativo. No Primeiro
Reinado, o posicionamento dos cafeicultores frente à política de imigração e de colonização
promovida pelo Governo Imperial, estava relacionado à necessidade de abastecimento de mão
de obra para as plantações de café, tornando-os críticos da orientação de imigrantes para os
núcleos coloniais. A análise destes núcleos, por sua vez, é cara à sustentação da tese da política
flutuante de Petrone, assentada nos indicadores dos momentos de maior ou menor criação de
núcleos coloniais em contraposição ao maior ou menor aproveitamento de imigrantes nas
fazendas de café. A legislação refletiu assim duas tendências com muita clareza. A do imigrante
colono em núcleo de pequena propriedade, e a do imigrante como braço na lavoura de café.
Já Lazzari analisou o contexto entre 1850 e 1870, período em que a competência sobre
a questão de terras e de colonização estava sob a responsabilidade do parlamento brasileiro,
com a adoção do parlamentarismo desde de 1841 (LAZZARI, 1980). Essa fase, segundo Iotti,
“caracterizou-se pela tentativa do governo imperial em montar uma estrutura administrativa
para dirigir e controlar de forma mais efetiva os negócios referentes à imigração e à
colonização” e por um amplo debate ocorrido no parlamento brasileiro sobre determinado tema
(IOTTI, 2010: 4).
Para José Murilo de Carvalho não houve uma real oposição à política de tentar atrair
braços livres para o país, mas sim aos custos com que os proprietários rurais teriam que arcar
para efetivar essa política, sobretudo no que se referia aos impostos e à perda da propriedade
dos maus pagadores (CARVALHO, 1996). Ainda assim, consideramos importante a análise de
Lazzari por ter examinado as polêmicas provocadas em tal parlamento.
Ao tratar do contexto socioeconômico do período em questão, Lazzari colocou em
evidência elementos da nova realidade brasileira que tendiam a refletir na produção legislativa,
como a adaptação da ordem senhorial e escravocrata aos novos padrões econômicos do
capitalismo e à pressão do mercado externo para acabar com a estrutura colonial, por meio da
supressão do tráfico de escravos, a mudança de mentalidade do fazendeiro de café e a
28

consequente transformação da grande lavoura em uma típica variante da plantação tropical


moderna, e a posição do imigrante como trabalhador livre dentro da ordem vigente.
Além disto, Lazzari examinou a política de colonização e imigração, detendo-se nos
objetivos e estratégias da colonização oficial, e consequentemente na incompatibilidade desta
com a ordem existente e a colocação da mesma a serviço da imigração para mão de obra na
lavoura cafeeira (LAZZARI, 1980). Destaca-se também em sua análise a reação parlamentar à
política de colonização e imigração, que delineou os interesses envolvidos na polêmica,
denunciando a natureza ideológica dos argumentos utilizados pelos deputados em seus
discursos, que iam desde argumentos nacionalistas, passando pelos da ideologia escravagista,
do clima; da religião oficial; da diferença de raças; da qualidade de imigrantes; da educação
profissional como solução para o problema da mão de obra; do choque de interesses regionais
entre o norte e o centro-sul e da colocação, até argumentos em favor da ideologia latifundiária,
dos fatores que geravam as dificuldades do Brasil em conseguir imigrantes.
É nesse contexto que duas leis, promulgadas em 1850, precisam ser analisadas: a Lei
Eusébio de Queirós e a Lei de Terras, que para Luiza Iotti aceleraram a participação da iniciativa
privada nos assuntos relacionados à imigração e colonização.
A primeira lei estabeleceu medidas para a repressão do tráfico de africanos no Império.
E a segunda dispôs sobre as terras devolutas no Império. Ou seja, enquanto a primeira proibiu
o tráfico e a entrada de escravos no território brasileiro, fazendo com que a busca de mão de
obra livre se tornasse uma necessidade para a lavoura cafeeira e para a agricultura nacional, a
segunda transformou a terra em mercadoria e criou a Repartição Geral das Terras Públicas,
definindo a significação de terras devolutas, abolindo a gratuidade de lotes aos colonos e
estabelecendo como único título de posse a compra. De acordo com Julianna Costa, “a partir
de então, o governo imperial obteve o controle da legalização e legitimação do solo, através da
Repartição Geral das Terras Públicas, órgão responsável por delimitar, dividir, proteger as terras
devolutas, além de promover a colonização estrangeira nos territórios onde houvesse um ´vazio
demográfico`” (COSTA, 2015:35).
No entanto, segundo Maria Tereza Petrone, embora a Lei de Terras assegurasse certos
recursos para os programas de colonização, ela também poderia ser interpretada como resultado
da pressão dos grandes proprietários monocultores de café, que pretendiam reter esse fluxo
imigratório para as suas fazendas (PETRONE, 1987). A ideia era que aumentando o valor das
terras e, consequentemente, dificultando sua aquisição, o imigrante pobre alugasse sua força de
trabalho efetivamente por algum tempo, antes de obter meios de se fazer proprietário
(PETRONE, 1987). Dificultou-se o acesso às terras também aos ex-escravos e aos trabalhadores
29

nativos, ou seja, a todos os pequenos agricultores, estimulando dessa forma expansão dos
latifúndios no Brasil.
Estes fatos fizeram com que a iniciativa privada investisse na criação de colônias
particulares, seja no modelo de núcleos coloniais, seja no estilo que ficou conhecido como
sistema de parceria. Nesse último, de acordo com Manuel Diégues Jr, os cafeicultores recebiam
empréstimos do governo imperial, em média dez contos de réis, que devolveriam em seis anos
sem juros. Com esse dinheiro, contratavam empresas para aliciarem e transportarem imigrantes
europeus (DIÉGUES JR., 1964). Destacou-se, como iniciativa pioneira nesse aspecto, a
introdução, em 1847, de 80 famílias, vindas da Alemanha, na fazenda paulista de Ibicaba, de
propriedade de Nicolau Pereira de Campos Vergueiro (1778-1859), político e fazendeiro de
café.
Todavia, para Luiza Iotti, a falta de clareza nos contratos estabelecidos com os
imigrantes enfraqueceu esse sistema, assim como a mentalidade escravista, destacada por
Petrone. Ou seja, não foi fácil introduzir o trabalhador livre em uma sociedade de mentalidade
escravista que estava acostumada a sujeitar sua força de trabalho a condições precárias do
próprio trabalho e de vida.
Deste modo, a criação de núcleos coloniais se sobrepôs ao de sistemas de parceria. De
acordo com Iotti, de 1850 a 1889 foram criadas 250 colônias no Brasil, sendo que destas 197
(78,8%) eram particulares, 50 (20%) imperiais e 3 (1,2%) provinciais. A autora destaca também
a variedade de decretos promulgados depois de 1850, autorizando o funcionamento de
sociedades colonizadoras e aprovando contratos celebrados entre o governo e particulares para
venda e colonização de terras devolutas (IOTTI, 2010).
Por sua vez, Petrone ressalta inúmeros exemplos de particulares ou sociedades que se
lançaram a organizar núcleos coloniais no sul do país (PETRONE, 1982). As terras no Rio
Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná podiam ser adquiridas a baixo custo do Estado ou de
particulares, o que possibilitava obter lucros com a venda de lotes aos imigrantes e suas famílias.
A autora também menciona um cenário diferente deste, o de São Paulo, no qual o
objetivo era atrair o imigrante acenando com a possibilidade dele se tornar pequeno proprietário
após um efetivo tempo de contribuição da sua força de trabalho nas fazendas de café. Ou seja,
os corolários decorrentes da Lei de Terras fizeram com que o governo paulista concedesse
alguns favores. Nesse sentido, aos colonos foi permitido o pagamento das terras em cinco
prestações, a contar do fim do segundo ano de seu estabelecimento; lotes para os filhos maiores
de 18 anos, que quisessem se estabelecer separadamente dos pais; edifício especial para
30

abrigar os colonos recém-chegados e um auxílio gratuito de 20$000 réis para seu


estabelecimento, uma vez que os índices imigratórios não aumentaram nessa região na década
de 1860.
Esses exemplos da região Sul e de São Paulo representaram o início da imigração
promovida por particulares, significando assim uma concorrência com o Estado na implantação
de núcleos coloniais. Significaram, sobretudo, através dessas iniciativas, para além das colônias
imperiais e provinciais, que a temática da imigração e colonização ganhava cada vez mais
relevância. Relevante também deveria ser o papel do Rio de Janeiro. Ou não? Como capital do
Império neste período, a cidade do Rio de Janeiro enquadra-se como um lugar peculiar entre as
demais províncias imperiais, e por isso deve ser analisada também de uma forma peculiar, para
que possamos entender as características da imigração e colonização nessa relação entre a
província e a corte imperial. Buscaremos destrinchar essa peculiaridade a seguir.

1.2.1- A província do Rio de Janeiro e a imigração

Apesar de ter sido sede da capital da Corte e lugar de entrada de muitos imigrantes pelo
porto, o Rio de Janeiro demorou para receber atenção de estudos relacionados à imigração como
outras regiões do país o foram. Isso pode ser explicado pela dificuldade em se realizar um
quadro estatístico sobre os contingentes que realmente ficaram nessa região, devido, ou ao
deslocamento destes para as províncias de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais ou Santa
Catarina, ou à proximidade geográfica entre a Província do Rio de Janeiro e a Corte que teria
feito com que a política imigratória realizada nesta região apresentasse especificidades.
No censo geral de 1872, o primeiro na história do Brasil, é possível ver tanto o
quantitativo da população nas províncias quanto no Município Neutro. Assim, em 1872 a
população na Província do Rio de Janeiro era de 782.724 habitantes. Entre estes, 292.637 eram
escravos e 490.087 eram livres. Dentre a população escrava, 20.743 mulheres eram
consideradas estrangeiras e 35.519 homens eram considerados estrangeiros. Entre a população
livre, 8.421 mulheres eram consideradas estrangeiras e 29.963 homens eram considerados
estrangeiros.
31

População da Província do Rio de Janeiro – 1872


Sexo Condição Nacionalidade
Masculino Feminino Livre Escravo Brasileira Estrangeira
418.200 364524 490.087 292.637 688078 94646
Total: 782.724
Tabela II-População da Província do Rio de Janeiro - 1872. Apud. IBGE. Recenseamento do Brazil em 1872. Editora:
Typographia. G. Leuzinger. Rio de Janeiro. Ano: [1874?] p.84. Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/RJ1799_1900.pdf. Acesso em 20 de janeiro
de 2020.

Assim como ocorre com estudos sobre outros temas, as pesquisas que se debruçam sobre
o contexto do Rio de Janeiro, no século XIX, devem atentar para as suas especificidades. Não
se pode cometer o equívoco de se estender os resultados de análises sobre esta região para todo
o restante do país. E por outro lado não se pode ignorar que a proximidade à sede do Império
de algumas regiões fluminenses trouxe implicações quanto às ações públicas para os maias
variados temas de que se cercavam.
Deste modo, faz-se necessário buscar elucidar as diferenças entre a Província e a capital
da Corte do Rio de Janeiro, e para tal é referência a pesquisa realizada por Maria de Fátima Silva
Gouvêa (GOUVÊA, 2008).
Ao utilizar como principal fonte a produção legislativa da assembleia provincial
fluminense, a autora analisou a dinâmica política que relacionou os diferentes grupos de
interesses existentes no período compreendido entre 1822 e 1889.
A autora destacou que não houve interesse dos políticos da província fluminense na
implementação do imigrante como mão de obra em tal região até pelo menos 1886. Assim, a
elite cafeeira provincial refletiu, na legislação, seus interesses na utilização da mão de obra do
trabalhador nacional durante quase todo o período imperial. No entanto, o mais importante é
compreender como se chegou a tal resultado. É necessário remetermo-nos ao período pós-
independência para compreendermos a situação da província do Rio de Janeiro.
Lembremos que, por abrigar a sede da capital do Império, a Província do Rio de Janeiro
ganhou importância neste início de século e foi palco de intensos eventos políticos que
marcaram as décadas de 1820 e 1830.
Nesses anos iniciais do Primeiro Reinado houve uma intensa atividade legislativa para
assegurar a governabilidade do novo governo tentando conciliar o modelo constitucional liberal
com a monarquia e a escravidão. Porém, o denominado Poder Moderador, que seguiu
32

centralizando o poder do governo central, incomodou as elites locais que buscavam autonomia
para as suas respectivas províncias.
A abdicação de D. Pedro I, em 1831, permitiu um rearranjo político e abriu espaço para
execução dos projetos das elites liberais, garantindo a ampliação de representatividade das
províncias na construção do Estado brasileiro. Expressão disto foi a lei n. 16, de 12 de agosto
de 1834, também conhecida como Ato Adicional, que alterou a Constituição de 1824 e ampliou
a dimensão das reformas liberais até então empreendidas.
Dentre modificações que o Ato Adicional propiciou, destacou-se a transformação da
sede da Corte, a cidade do Rio de Janeiro, em Município Neutro, constituindo-se numa unidade
administrativa distinta da província fluminense.
Como o mapa abaixo nos informa, a Província do Rio de Janeiro, na década de1850,
continha 85 freguesias distribuídas entre 20 vilas e 9 cidades que integravam as 8 comarcas
mais o Município Neutro. Este último, continha 16 freguesias, dez a mais do que a capital da
província, que passou a ser a cidade de Niterói. No entanto, 6 freguesias do Município Neutro
encontravam-se fora da cidade, expandindo-se administrativa e geograficamente13.

13
Freguesia de Inhaúma, Freguesia de Irajá, Freguesia de Campo Grande, Freguesia de Jacarepaguá, Freguesia de Guaratiba,
Freguesia da Ilha do Governador e Freguesia da Ilha de Paquetá.
33

COMARCA DE NICHTEROY

MUNICÍPIO NEUTRO (DA CORTE)

Ilustração I- Carta Topographica e Administrativa da Província do Rio de Janeiro e do Município Neutro. Disponível em:
https://i.pinimg.com/originals/e8/14/5e/e8145eec7bbf8b4c58f8883da7e95df9.jpg Acesso em 22 de novembro de 2019.

Segundo Gouvêa, até então a província e a cidade do Rio de Janeiro vinham sendo
mantidas sob a gestão da Secretaria de Estado dos Negócios do Império. Foi suprimido, então,
o Conselho de Estado, órgão profundamente identificado ao centralismo político e à
preponderância do Poder Executivo sobre os demais poderes.
Vale destacar também a transformação dos conselhos gerais de províncias em
assembleias legislativas provinciais. As províncias passaram a contar com duas esferas distintas
de decisão político-administrativa, a presidência da província, cuja nomeação cabia ao governo
central, e as assembleias legislativas, cujos membros eram escolhidos em eleições censitárias.
Por outro lado, o fim das eleições para juízes locais fez com que as câmaras municipais ficassem
34

mais diretamente subordinadas às administrações provinciais em termos da gestão de temas


locais.
Como o Ato Adicional formalizou, então, o início do processo de distinção entre a
Cidade e a Província do Rio de Janeiro, resultando na escolha de Niterói como capital da
Província, ainda que Campos tivesse se tornado um centro econômico autônomo que se
manteve como núcleo econômico importante por meio da atividade de produção açucareira.
Neste cenário a autonomia política e administrativa da província fluminense passou a
circunscrever as ações das elites que formavam os grupos políticos em tal região.

MUNICÍPIO NEUTRO (DA CORTE)

Ilustração II- Carta topographica de parte da província do Rio de Janeiro e do município neutro: extraída da carta do Arquivo da Directoria da
Provincia. José Pereira de Sá. 1854. Disponível em:
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart534323/cart534323.jpg Acesso em 22 de novembro de 2019.

No entanto, esses grupos, segundo Gouvêa, só foram unificar suas estratégias políticas
a partir da década de 1870. Até este período, destaca a autora, eles tiveram que fazer o governo
funcionar perante um contexto de centralização política de um Estado monárquico, concretizado
na década de 1840. De acordo com a autora:
(...) muito pouco foi deixado sob a responsabilidade das instituições políticas
e administrativas provinciais, que ficaram completamente restritas em termos
de tentar inovar, criar ou mudar qualquer coisa relativa à organização político-
administrativa de suas províncias. Dentre as poucas áreas de atuação deixadas
a cargo dos cuidados provinciais estavam a educação, a organização e a
aprovação dos orçamentos provinciais e municipais (GOUVÊA, 2008:76).
35

Poderia estar aí umas das explicações para que a Província não investisse na força de
trabalho do imigrante?
Durante as décadas de 1850 e 1860, apesar da diversificação de visões nos grupos
fluminense, houve, ainda que em menor extensão, uma preocupação com o fluxo de imigrantes
europeus para suplementar a mão de obra escrava.
No entanto, é difícil falar em uma formulação e aplicação concreta de uma política de
imigração e colonização até a década de 1880, já que a mão de obra imigrante era vista como
suplementar e não substituta ao trabalho escravo. Por outro lado, quando a Província passou a
ter mais autonomia, em meados da década de 1870, a escolha dos fazendeiros fluminenses foi
a opção por atrair trabalhadores livres brasileiros ao invés de europeus. Segundo Gouvêa:
Desde o primeiro momento em que a matéria foi debatida, fazendeiros e
políticos na província consideraram a questão da substituição da mão-de-obra
escrava uma questão secundária em relação à necessidade de melhoria das vias
de transporte. Condições existentes na província fundamentaram tal escolha,
pois era cada vez mais evidente a inexistência de recursos econômicos que
pudessem de fato atrair imigrantes europeus. Isso era particularmente
significativo em face da presença de um grande contingente de trabalhadores
livres brasileiros na região, plenamente disponíveis para assumir o trabalho
necessário à manutenção das fazendas fluminenses. (GOUVÊA, 2008:57).

Ou seja, a utilização da mão de obra imigrante foi debatida não só pelos fazendeiros
como pela assembleia legislativa. Mas a escolha pela não intensificação de sua utilização, pelo
menos nesse primeiro momento, realizou-se de forma deliberada e consciente.
Enquanto que nas décadas de 1850 e 1860, os deputados provinciais tenham conferido
pouca importância a este tema, ante a necessidade de construir estradas na província, nas
décadas de 1870 e 1880, foi apresentado, como já mencionado, um cenário de estratégias
unificadas dos diferentes grupos que compunham a assembleia provincial legislativa, afim de
defenderem-na, no qual foi proposta a definição de uma estratégia relacionada à imigração. E
como já mencionado anteriormente, também, o interesse pela imigração e colonização europeia
não se realizou até os anos finais do Império.
Antes disso, novas diretrizes relacionadas à questão da mão de obra haviam sido
elaboradas. Em um cenário caracterizado pela promulgação da Lei do Ventre Livre em 1871 14
e pelas críticas de alguns deputados ao presidente da Província, por este proteger os interesses
do governo central em detrimento dos interesses provinciais, o tema da colonização europeia
foi abandonado. O dilema que se instaurou nesse sentido, e que ocasionara tal atitude, foi em

14
BRASIL. Lei n. 2.040, de 28 de setembro de 1871. Coleção das leis do Império do Brasil, Rio de Janeiro, v. 1,
p. 147, 1871. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/496715. Acesso em 12 de janeiro de 2019.
36

relação a como a província fluminense, então passando por condições financeiras precárias, iria
financiar a organização de um esquema de colonização europeia, e ao mesmo tempo pagar
salário aos trabalhadores livres.
A Província, próxima geograficamente à sede da Corte, mas já distinta política,
administrativa e economicamente de tal, não ficou fora deste contexto, pois, segundo Iraci
Girardi Presa, o Governo Imperial teve que determinar uma série de medidas visando conter os
gastos de uma forma geral (PRESA, 1977). Exemplos dessa contenção foram os gastos
diminutos referentes à colonização, tendo em vista de um déficit orçamentário causado, entre
outras coisas, pelos gastos com a Guerra do Paraguai e pelos gastos extras devido à seca no
Nordeste (UDAETA, 2013).
Deste modo, a questão da colonização europeia só retornou à pauta da Assembleia
Provincial Fluminense quando, em 1885, o Partido Conservador ocupou o Governo Provincial.
Mas nas quatro décadas anteriores, quando tal debate era secundário, a Província não deixou de
ser cenário da entrada de imigrantes. Porém, o que fica claro, é que seus sucessivos governos não
haviam investido na imigração da mesma forma como haviam feito as províncias de São Paulo
e do Paraná.
Na primeira, segundo Paulo César Gonçalves, a busca por braços para a lavoura fez com
que a imigração, dirigida pelo governo paulista, tivesse início na segunda metade do século XIX
(GONÇALVES, 2014). Ainda que, como já mencionamos, experiencias de núcleos coloniais,
no estilo de sistemas de parcerias, tivessem existido antes disso, foi somente, após 1850, que o
governo paulista passou a celebrar contratos com companhias ou associações como a Associação
Auxiliadora da Colonização e da Imigração, que ficou responsável pela introdução de 15 mil
imigrantes europeus no período de 5 anos.
Já no caso da província do Paraná, Iraci Girardi Presa destacou a existência de duas
hospedarias no contexto do Segundo Reinado: uma em Paranaguá e outra em Curitiba (PRESA,
1977). Utilizando fontes como os manuscritos de relatórios de diretores de colônias,
requerimentos de colonos e jornais, a autora analisou a política imigratória oficial e seus
objetivos, os métodos de aplicação e a reação dos imigrantes em relação à tal política nesta
província. Além de destacar a deficiência do serviço de hospedagem nas hospedarias, Presa
mencionou a existência de outras duas hospedarias que funcionaram no Rio de Janeiro, a do
Morro da Saúde e a da Ilha das Flores.
Os exemplos acima apresentam dois elementos importantes para o processo de
imigração no século XIX: as associações promotoras de imigração e as hospedarias de
imigrantes.
37

Diferentemente do que ocorreu na província do Rio de Janeiro, nas províncias de São


Paulo e do Paraná, assim como nas províncias do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas
Gerais, houve o surgimento, guardadas as devidas especificidades de cada região, de
mecanismos para promover a entrada de imigrantes que pudessem desempenhar o papel de
colono e de trabalhador assalariado. O Governo Provincial fluminense optou por utilizar a mão
de obra de trabalhadores livres nacionais, ainda que a proximidade geográfica com a capital do
Império apresentasse condições para atrair os imigrantes que desembarcassem no porto do Rio
de Janeiro.
Como o recenseamento de 1872 nos mostrou, suas informações corroboram a
significativa diferença entre o quantitativo de estrangeiros na Corte e na Província. Enquanto
que entre a população livre no Município Neutro constavam 73.310 estrangeiros, na Província
os estrangeiros contavam 38.384 indivíduos livres numa população total de 782.724 habitantes.
Em 1890, ano do primeiro censo realizado no período republicano, o quantitativo populacional
das 191 freguesias, transformadas em distritos do Estado do Rio de Janeiro passou para 876.884
habitantes, como o mapa a seguir demonstra, sem, no entanto, expressar o quantitativo de
estrangeiros presentes em tal localidade.

Ilustração III- Quadro geral da população do Estado do Rio de Janeiro, p.115. In Brasil. Ministério da Indústria, Viação e
Obras Públicas. Diretoria Geral de Estatística. Synopse do recenseamento de 31 de dezembro de 1890. Rio de Janeiro: Officina
da Estatistica, 1898, p.115. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/227299. Acesso em 27 de janeiro de
38

Nesse sentido, os instrumentos e os mecanismos relacionados à imigração e colonização,


existentes no Rio de Janeiro, estavam, a princípio, ligados ao Governo Imperial e não ao
Governo Provincial. Dizemos a princípio, pois, ainda que a separação entre Província e Corte
estivesse bem delimitada, a tênue e intrínseca ligação geográfica ainda proporcionava as
nuances de determinados temas no cenário fluminense do século XIX.
Necessário se faz, então, conhecer as estruturas características desse processo
imigratório no século XIX, que se difundiram pelo cenário brasileiro.

1.3 – Estruturas de promoção, recepção e acolhimento de imigrantes

Entender o lugar de nossos objetos de estudo na dinâmica do fenômeno imigratório é


entender a materialização da política imigratória daquele período. No entanto, nossos objetos
não estavam isolados no tempo e no espaço, compondo assim uma complexa rede de relações
para além do âmbito nacional.
Como vimos anteriormente, a experiência da imigração europeia para o Brasil data
desde o período joanino, e fixou raízes que perduraram por todo o período imperial. Neste
processo, a ocupação do território brasileiro, juntamente com a substituição da mão de obra
escrava pela assalariada, foram dois pontos chaves. Para que ambos ocorressem foi necessária
a atuação de autoridades governamentais e de particulares, a qual se intensificou, sobretudo, a
partir da década de 1850. Vale registrar que isto não exclui o fato de que, antes desse período,
tenha existido mecanismos e estruturas destinadas à imigração, haja visto o que já pontuamos
sobre a proposta de criação de núcleos coloniais com diferentes estilos. Abordaremos a partir
de então, algumas dessas estruturas no intuito de compreender como tais forjaram-se e
desenvolveram-se, sobretudo, na segunda metade do século XIX, circunscrevendo a vinda dos
imigrantes.
De acordo com Paulo Cesár Gonçalves, as trajetórias dos emigrantes e imigrantes foram
as mais variadas. Muitos, por exemplo, utilizaram o Brasil como local de passagem e se
estabeleceram em outros países sul-americanos, como Argentina e Uruguai, enquanto que
outros foram contratados, ainda na Europa, para trabalhar em fazendas no Brasil. Segundo este
autor, neste caminho trilhado por imigrantes estavam presentes os agentes da emigração em
seus respectivos países, as companhias de navegação, os serviços consulares nos locais de
39

passagem, as associações e as companhias de imigração nos países receptores (GONÇALVES,


2008).
Anteriormente mencionamos a experiência do senador Nicolau Pereira de Campos
Vergueiro (1778-1859), em 1847, em sua fazenda em São Paulo, que, segundo Rosa Guadalupe
Soares Udaeta, teria sido um dos expoentes, entre as diversas famílias cafeicultoras paulistas,
ao longo do século XIX, interessadas em obter mão de obra (UDAETA, 2013). Segundo esta
autora, famílias, como a de Vergueiro, se uniram a outras não só por meio de laços familiares,
como também com a criação de companhias e sociedades de caráter econômico.
Udaeta cita como exemplos: a Sociedade Vergueiro & Sousa, que foi estabelecida, em
1816, com o intuito de criar animais e fabricar açúcar e que, com o tempo, passou a importar
imigrantes também; a Vergueiro & Cia, criada, em 1846, pelo senador Nicolau Pereira de
Campos Vergueiro e seu filho José, tendo como sócio Antonio de Freitas Caldas, que era uma
sociedade civil de agricultura e colonização nos municípios de Limeira e Rio Claro, e sociedade
mercantil em Santos, de negócios de comissões em geral e de compra e venda de café e outros
gêneros; e a Associação Auxiliadora de Imigração para São Paulo, na década de 1860, que
pretendia atrair mão de obra dos Estados Unidos, especialmente entre os sulistas que haviam
perdido a Guerra Civil. Nessa última iniciativa, que buscava opções de diversificação da mão
de obra livre, para não depender apenas de escravos e trabalhadores nacionais, estavam à frente
no comando algumas famílias aliadas à do senador Vergueiro, como a Souza Queiroz e a Silva
Prado, ambas pertencentes a elite cafeeira paulista.
De acordo com Udaeta, apesar dos esforços, o objetivo desta Associação não foi
alcançado, o que provocou a criação da Associação Auxiliadora de Imigração e Colonização no
início da década de 1870. Embora a denominação fosse semelhante, esta surgiu em um contexto
em que o Governo Imperial assumira uma postura diferente, tendo intensificado o patrocínio,
através de empréstimos, às associações e companhias, e não aos particulares que atuavam na
vinda de imigrantes.
A Associação Auxiliadora de Imigração e Colonização não era responsável somente
pelo direcionamento dos imigrantes, trazidos por ela, para o trabalho, mas também daqueles
trazidos por terceiros. Assim, atendia a todo imigrante que chegasse à província, e que não
estivesse atrelado a uma empresa particular, e com um contrato estabelecido. Além disto, esta
Associação foi responsável por realizar a propaganda do Brasil na Europa, de forma a atrair a
emigração de europeus especificamente para a província paulista.
A criação dessa Associação importadora, no entanto, contou com a presença de
fazendeiros em sua constituição. As famílias Souza Queiroz e Silva Prado estavam, novamente,
40

empenhadas em trazer colonos para a província paulista, por meio de auxílio do governo, e
nesta direção permaneceram atuando até o final do Império e início da República, quando
também participaram da criação, em 1886, da Sociedade Promotora de Imigração, que
funcionaria até o ano de 1895 (GONÇALVES, 2017).
A Sociedade Promotora de Imigração, como uma instituição privada que se constituiu
para gerir os recursos públicos do governo geral, voltados para apoiar a imigração na província,
teve como função primordial intermediar as negociações entre os contratantes e os contratados
(imigrantes), e, também, propagar, via correspondência aos imigrantes, já instalados nas
hospedarias, as vantagens da imigração no Brasil, especialmente em São Paulo. Esta sociedade
concentrou, desde sua criação, as atividades de subsídio para a vinda de imigrantes, por meio
do pagamento de passagens, fornecimento de hospedagem, alimentação, e posterior realocação
dos imigrantes nas fazendas e núcleos coloniais paulistas (CHRYSOSTOMO; VIDAL, 2014).
A Sociedade, com sócios oriundos da elite cafeeira, e amparada pela legislação do
Império e da província que estabelecia o sistema de imigração por contrato, com reembolso da
passagem ao imigrante ou à família de imigrantes, alcançou seu apogeu quando assumiu a
administração da Hospedaria do Brás, cujas obras iniciadas em 1886 foram concluídas no ano
de 1888. De acordo com Paulo César Gonçalves, a construção desta hospedaria foi respaldada
pela Lei Provincial n. 56, de 21 de março de 1885, que havia autorizado o governo a construir
uma nova hospedaria de imigrantes, de forma a suprir a demanda de hospedagem em melhores
condições, tanto em termos quantitativos e qualitativos, que não eram plenamente atendidas
pelas hospedarias existentes, como a localizada no bairro do Bom Retiro (GONÇALVES,
2017).
A partir de então, e até 1895, quando deixou de funcionar, essa Sociedade teve acesso
livre aos imigrantes, para realizar as negociações contratuais, em um sistema em que o governo
comprometia-se a fornecer uma subvenção anual de 20 contos, pagos em prestações mensais, e
continuava responsável pelas despesas com alimentação, medicamentos, água, luz, móveis,
utensílios e manutenção do edifício. Ou seja, o controle da mão de obra foi exercido, em grande
medida, com sucesso pelos cafeicultores paulistas, pelo menos até o momento em que a referida
sociedade deixou de funcionar, quando outras formas de organização da imigração foram
instituídas, tendo em vista a reorganização do aparelho estatal com a República.
Esse jogo político foi abordado, também, por Chrysostomo e Vidal, quando trataram dos
locais de hospedagem de imigrantes, ao longo do século XIX, como territórios de espera
(CHRYSOSTOMO; VIDAL, 2014). Ao analisarem fontes como os relatórios da Secretaria de
Estado dos Negócios do Império da década de 1830, tais autores identificaram a Sociedade
41

Colonizadora da Bahia, criada em 1836 pelo estadista e diplomata brasileiro, Miguel Calmon
du Pin e Almeida (1796-1865) (Marquês de Abrantes), que tinha entre suas atribuições as
tarefas de recolher, proteger e sustentar os colonos até a sua contratação. Destacaram, ainda, o
auxílio do Governo Imperial na criação da Sociedade Promotora de Colonização, em 1836.
Segundo tais autores, esta sociedade, de caráter privado, tinha como objetivo a introdução de
colonos brancos, e de bons costumes no Império, fornecendo agasalho, proteção e comodidades
para o estabelecimento dos colonos em terras brasileiras.
No entanto, como já vimos, foi somente a partir do final dos anos de 1840, e início dos
anos 1850, com a reformulação do escopo legislativo voltado para impulsionar a imigração e a
colonização, que modificações começaram a ocorrer. Como exemplo dessas modificações,
estava o fato de que os presidentes das províncias poderiam auxiliar qualquer companhia quanto
ao estabelecimento de locais de recepção. Chrysostomo e Vidal destacaram que este foi o
contexto de criação, nos dois lados do Atlântico, de toda uma infraestrutura especializada para
regular a vinda, o estabelecimento e a distribuição dos imigrantes no território. Porém,
Ainda assim, tanto no Brasil quanto no exterior, os imigrantes se confrontaram
com a desorganização das instituições criadas e um relativo desinteresse dos
governos em relação aos abusos cometidos nessa transação comercial
(envolvendo negociantes, agentes, companhias de navegação, fazendeiros
etc.). Não é então de estranhar que os primeiros depósitos, casas e pequenos
hospitais para receber os imigrantes continuassem a ser improvisados.
Portanto, mesmo que muitas das províncias, no seu conjunto legislativo,
dessem autorização às companhias para auxiliar o estabelecimento de
depósitos de colonização, a verdade é que muito pouco investimento foi
realizado nesse ramo (CHRYSOSTOMO; VIDAL, 2014: 5).

Ainda que os relatórios da Secretaria de Estado dos Negócios do Império fornecessem


poucas informações acerca dos locais em que os imigrantes ficavam, informavam sobre sua
chegada, como eram acolhidos e se ficavam ou não retidos no porto do Rio de Janeiro, até que
fossem inspecionados pelos médicos e providenciados os passaportes na Secretaria dos
Negócios Estrangeiros, Chrysostomo e Vidal destacam que foi nesse contexto que começou a ser
manifestado o interesse em melhorar os lugares de recepção dos imigrantes.
A prática da adoção de lugares improvisados para os imigrantes, como fizera a
Sociedade Promotora de Colonização ao alojar migrantes em um espaço no largo da Lapa do
Desterro, e depois em um edifício antes empregado para fabricação de cartas de jogar, incitou,
segundo Chrysostomo e Vidal, nesta mesma sociedade a busca de melhores estruturas para
recepcionar os imigrantes, ainda que as principais preocupações dos sócios ainda fossem o custo
do imigrante, o cálculo preciso das despesas com seu transporte e permanência em tais locais.
42

Como já vimos, subsidiava-se a viagem e o estabelecimento de colonos, em áreas


interioranas, com a concessão de terras, ferramentas e sementes. E tal concepção colonizadora,
perante a busca somente de braços para a lavoura, norteou as diretrizes da administração
imperial até a década de 1870. Frente a isto, foi criada a Associação Central de Colonização,
por meio do decreto n 1.584, de 2 de abril de 1855. A Associação Central de Colonização,
companhia foi fundada por Bernardo Augusto Nascentes de Azambuja15, tinha como uma de
suas finalidades:
Promover e auxiliar a emigração, convidando, engajando, transportando, e
tratando de estabelecer os colonos, e encarregando-se da encommenda dos que
tiverem de vir por conta do Governo, companhias, ou particulares, mediante
contractos16.

De acordo com Chrysostomo e Vidal, esta Associação, associando interesses da


iniciativa pública e privada, ambicionou contratar cinquenta mil colonos em cinco anos,
propondo-se assim, pela primeira vez na história do Brasil, que dezenas de milhares de colonos
fossem transportados dos portos europeus até a cidade do Rio de Janeiro, para ser redistribuídos
pelas diversas regiões do país. Tal Associação tinha como missão coordenar todo o processo,
desde o recrutamento e o transporte até a instalação dos imigrantes nas colônias. Além disso,
tinha a atribuição de acolher provisoriamente os colonos, no momento da chegada no Brasil.
Já Luiza Iotti destacou, nessa legislação, a preocupação com o estabelecimento de locais
para hospedar imigrantes:
Ter em lugar apropriado para o desembarque dos colonos acomodações
precisas, onde sejam recebidos à sua chegada, e tratados convenientemente
enquanto não acharem destino, dando-lhes, casa e comida por preço razoável,
aconselhando-os, dirigindo-os, e promovendo, ou facilitando o seu pronto
emprego no país por todos os meios que estiverem ao seu alcance (IOTTI,
2001: 155).

Assim como Iotti, Gabriela Ucoski da Silva, igualmente atenta à questão dos lugares de
recepção, destaca que a Associação Central de Colonização, além de importar o quantitativo já

15
Bernardo Augusto Nascentes de Azambuja nasceu na cidade do Rio de Janeiro no segundo decênio do século
XIX e faleceu em 1875 ou 1876. Formou-se em Ciências Sociais e Jurídicas pela Faculdade de São Paulo. Entrou
para a carreira da magistratura, que deixou depois de ser nomeado juiz de direito. Serviu na Secretaria de Estado
dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Exerceu o cargo de diretor na Diretoria das Terras
Públicas e Colonização e também foi deputado pelo Rio de Janeiro na legislatura de 1849 a 1852. AZAMBUJA,
BERNARDO AUGUSTO NASCENTES DE. In BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario
Bibliographico Brazileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1883. 1v. Disponível em:
http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/221681. Acesso em 12 de fevereiro de 2019.
16
BRASIL. Decreto nº 1.584, de 2 de abril de 1855. SENADO FEDERAL. Portal Legislação. Disponível em:
http://legis.senado.leg.br/legislacao/publicacaosigen.action?id=393335&tipodocumento=dec-n&tipotexto=pub.
Acesso em 17 de março de 2019.
43

mencionado de imigrantes, deveria providenciar casas ou alojamentos provisórios, e


enfermarias munidas do necessário para que não adoecessem, e manter médicos e enfermeiros
a disposição em tais alojamentos (SILVA, 2014).
Silva também destacou que o governo colocou à disposição da Associação Central de
Colonização terrenos da Marinha devolutos que seriam isentos de impostos. Estipulou, também,
que o prazo para a instituição das hospedarias seria de seis meses, a contar da aprovação do
contrato, e que nelas seriam recebidos tanto os colonos importados, quanto aqueles que viessem
espontaneamente para o Império, sem contrato com empresa alguma, contanto que estes
tivessem meios para pagar suas despesas. Ainda que contassem com alguns auxílios do governo,
a criação desses estabelecimentos era de responsabilidade da Associação. Por outro lado, tal
decreto nada mencionava sobre os imigrantes que não tivessem condições de pagar por estas
despesas.
Desta forma, tornou-se uma diretriz a exigência de uma hospedaria definitiva com
condições higiênicas e regulamentos internos dependentes da aprovação do Governo Imperial,
ao qual cabia, também, aprovar o preço do alojamento e dos comestíveis. Diretriz esta que
deveria ser seguida nas províncias em que houvesse demanda de colonos, onde deveriam ser
estabelecidas hospedarias com condições semelhantes as citadas, cujo orçamento seria
aprovado pelos presidentes das respectivas províncias.
Ainda segundo Silva, em setembro de 1857, foi aprovado um regulamento provisório
que deveria ser seguido pela Associação Central de Colonização. No que se referia à recepção
dos imigrantes, estabeleceu-se que a associação se comprometia em fornecer alojamento,
sustento e o que mais fosse indispensável para os imigrantes, nas suas hospedarias, e por conta
daqueles que os tivessem encomendado. Nos portos de desembarque em que não houvesse tais
estabelecimentos, a Associação deveria responsabilizar-se em providenciar abrigo e
subsistência, até que os imigrantes tivessem construído ou recebido suas moradias definitivas,
debitando as despesas aos seus engajadores, que não poderiam exigir ressarcimento algum pelo
custo do alojamento provisório.
A autora também destca que este novo regulamento referiu-se aos imigrantes
espontâneos que não tinham condições de pagar sua estadia, e definiu que eles poderiam ser
recebidos nas hospedarias e depósitos da Associação, devendo pagar, em dinheiro ou em
trabalho, as despesas que ali fizessem, ou, ainda, apresentar atestados de boa conduta, aptidão
e trabalho. Na falta destas condições, seriam aceitos abonos ou recomendações de seus
cônsules, ou de pessoas de conceito. Corrigia-se então uma falha inicial na legislação, tratando
também daqueles que não viessem por conta da Associação.
44

Segundo Rosa Udaeta, a Hospedaria da Ilha do Bom Jesus, no Rio de Janeiro, foi usada,
na década de 1860, como o local para onde eram enviados os imigrantes contratados pela
Associação Central de Colonização. De acordo com esta autora, fontes “relatam problemas e
queixas dos portugueses que ficavam mais dias do que esperavam, às vezes meses, na Ilha do
Bom Jesus, aumentando a sua dívida com a Associação e que às vezes, eram obrigados a seguir
para trabalhar em São Paulo” (UDAETA, 2013: 61-62).
No entanto, neste período não houve retrocessos quanto à discussão sobre locais de
recepção de imigrantes. Segundo Chrysostomo e Vidal, “a experiência dessa instituição, muito
comentada no momento da sua criação, deixou como referência um modelo de administração
dos espaços de acolhimento” (CHRYSOSTOMO; VIDAL, 2014: 10).
Como exemplo, os autores citam a Sociedade Internacional de Imigração, que teve seu
estatuto aprovado pelo decreto nº3.628 de 16 de março de 186617 . Esta Sociedade teve, entre
seus fundadores, o político Aureliano Cândido Tavares Bastos (1839-1875), e funcionou apenas
por um ano. Chrysostomo e Vidal destacam que um dos objetivos da Sociedade Internacional
de Imigração era a constituição de um estabelecimento nos moldes de Castle Garden, estação
de imigrantes erguida entre 1808 e 1811 em Nova Iorque (EUA). Segundo Gabriela Silva, em
Castle Garden os imigrantes “eram minuciosamente examinados, a fim de verificar se nenhum
doente havia escapado do período de quarentena. Passado este momento, os imigrantes eram
levados para realizar o seu registro e receber as informações sobre seu destino” (SILVA, 2014:
86).
De acordo com George Svejda, no final da década de 1860, Castle Garden estava
inserido em uma estrutura constituída por doze departamentos responsáveis pela recepção dos
imigrantes: o Departamento de Embarque; o Departamento de Desembarque; o Departamento
de Registros; os Agentes Ferroviários; o Serviço de Entrega de Bagagens; os Corretores de
Câmbio; o Departamento de Informações; o Departamento de Correspondências; os Guardas;
o Departamento de Encaminhamento; a Enfermaria; e o Departamento de Trabalho (SVEJDA,
1968).
Assim como a Associação Central de Colonização, a Sociedade Internacional de
Imigração não conseguiu construir uma hospedaria própria, tendo que utilizar determinados

17
BRASIL. Decreto nº 3.628 de 16 de março de 1866. Coleção de Leis do Império do Brasil de 1866, Rio de
Janeiro: Typographia Nacional, 1866. Tomo XXIX, Parte II, p.152-154. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-3628-16-marco-1866-554358-
publicacaooriginal-72954-pe.html. Acesso em 16 de dezembro de 2019.
45

estabelecimentos, muitos dos quais não apropriados para funcionar como hospedarias, em um
contexto em que a insalubridade imperava na cidade do Rio de Janeiro.
De acordo com Luis Reznik e Julianna Carolina Oliveira Costa, a importância atribuída
ao trabalhador europeu, tendo em vista o iminente fim da escravidão, fez com que o Governo
Imperial adotasse medidas para estimular a imigração, como já vimos anteriormente, e também
se responsabilizasse em providenciar um local adequado para receber os imigrantes, que
chegavam à cidade do Rio de Janeiro, e que tinham como destino as colônias oficiais criadas
pelo Império (REZNIK; COSTA, 2019).
Segundo os autores, nesse cenário, o ministro e secretário de Estado dos Negócios da
Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Manoel Pinto de Souza Dantas (1831-1894), mandou
arrendar um conjunto de prédios situados no Morro da Saúde, de propriedade de José Rodrigues
Ferreira, dono de trapiche na região, e instalou ali uma hospedaria, a Hospedaria de Imigrantes
do Morro da Saúde.
A Hospedaria de Imigrantes do Morro da Saúde, criada em 1866, ficou inicialmente sob
a responsabilidade da Agência Oficial de Colonização, na Corte, órgão público do Governo
Imperial que cuidava dos assuntos ligados à imigração e colonização, e intermediava a
contratação dos imigrantes pelos fazendeiros, além de auxiliar os acordos de distribuição,
compra e venda de lotes de terra em núcleos coloniais18.
Segundo Rosa Udaeta, na Corte, a recepção dos imigrantes deveria ficar por conta do
contratado, amparados pela legalidade dos contratos entre particulares e o Governo Imperial,
que, em sua maioria, na década de 1860 e 1870, estabelecia que as despesas de transporte,
desembarque, agasalho, sustento, tratamento e quaisquer outras de que carecessem os
imigrantes importados pelo particular, bem como a condução de suas bagagens, correriam por
conta do mesmo, nos termos dos contratos celebrados com os imigrantes.
Ainda assim, a Agência Oficial de Colonização continuou recebendo os imigrantes na
Hospedaria do Morro da Saúde. Recebia os imigrantes que tinham contratos estabelecidos,

18
A Agência Oficial de Colonização foi criada em 1864 após a Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura,
Comércio e Obras Públicas ter dissolvido e absorvido a Associação Central de Colonização em 1863. Desse modo,
a Agência Oficial de Colonização, subordinada à Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e
Obras Públicas, substitui a instituição de caráter privado que era a Associação Central de Colonização. Apud SÁ,
Jesuino Marcondes de Oliveira e. In Relatório apresentado á Assembléia Geral Legislativa na Terceira Sessão da
Decima Segunda Legislatura pelo Ministro e Secretário de Estados dos Negocios d´Agricultura, Commercio e
Obras Públicas Jesuino Marcondes de Oliveira e Sá. Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1865.
In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for
Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=6&s=0&cv=2&r=0&xywh=-1186%2C0%2C4227%2C2981
Acesso em 6 de mai0 de 2020.
46

aqueles que chegassem de forma espontânea, ou seja, sem os agenciadores, e também aqueles
colonos descontentes que haviam abandonado as fazendas e voltado para o Rio de Janeiro, em
busca de novas colocações. Os espontâneos deviam receber agasalho e alimentação
gratuitamente, e aqueles que haviam abandonado as fazendas deveriam arcar com os custos de
alimentação e hospedagem.
Os assuntos relacionados à imigração e à colonização não eram tratados somente pela
Agência Oficial de Colonização, mas também pela Comissão do Registro Geral e Estatística
das Terras Públicas e Possuídas, criada pelo Aviso n. 9, de 30 de março de 1870 e presidida por
Bernardo Augusto Nascentes de Azambuja ( - 1876). Em 1876, com o decreto n.6.192, de 23
de fevereiro, estas instâncias, a Agência Oficial de Colonização e a Comissão do Registro Geral
e Estatística das Terras Públicas e Possuídas, foram fundidas e deram origem à Inspetoria Geral
de Terras e Colonização, a qual seria responsável pelas questões das terras e da imigração. A
Inspetoria foi criada dentro do processo de restruturação da Secretaria de Estado dos Negócios
da Agricultura, Comércio e Obras Públicas19.
Ainda que nesta reestruturação tenha sido proposto um novo local para acolher
imigrantes, a Hospedaria do Morro da Saúde manteve-se em funcionamento até princípios da
década de 1880. Contudo, esse funcionamento não foi ininterrupto. A Hospedaria foi interditada
nos anos de 1876 e 1881. Na primeira interdição, os imigrantes tiveram que ser alojados em
localidades no interior da província do Rio de Janeiro, como Mendes, Barra do Piraí, e na
Colônia de Porto Real. Já em 1881, os imigrantes foram alojados em um navio do Ministério
da Guerra, fundeado na Baía de Guanabara, fazendo com que os imigrantes fossem
transportados diretamente para São Paulo.
De acordo com Luis Reznik e Rui Fernandes, a precarização dos lugares utilizados, até
então, para alojarem os imigrantes, muitas vezes sem condições adequadas e outras vezes
inviáveis econômica e logisticamente, fez com que a Inspetoria Geral de Terras e Colonização
viesse a escolher, em 1883, a Ilha das Flores, localizada na Baía de Guanabara e a poucos
quilômetros do porto do Rio de Janeiro, como local para finalmente realizar a primeira
construção de uma hospedaria do Governo imperial (REZNIK; FERNANDES, 2014).
Através de relatórios imperiais, tais autores destacaram as atuações de outros órgãos na
constituição dessa nova hospedaria. Além da Inspetoria Geral de Terras e Colonização,

19
BRASIL. Decreto nº 6.129, de 23 de fevereiro de 1876. Coleção de Leis do Império do Brasil de 1876, Rio de
Janeiro: Typographia Nacional, 1876. Tomo XXXIX, Parte II, vol.1, p.247-255. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-6129-23-fevereiro-1876-549093-
publicacaooriginal-64440-pe.html. Acesso em 17 de dezembro de 2019.
47

destacaram a atuação da Inspetoria Geral de Obras Públicas, para a qual o orçamento foi
apresentado, e da Junta Central de Higiene Pública, à qual coube aprovar a escolha do local em
função das condições de salubridade. Antes deste momento de criação da hospedaria, o interesse
do Governo Imperial pela Ilha das Flores havia se manifestado em 1876, quando para aquela
ilha, pertencente ao político e advogado José Ignácio Silveira da Motta (1811-1893), foi enviada
uma comissão do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura, órgão vinculado à Secretaria de
Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, para avaliar as experiências
de piscicultura em curso.
Até a Hospedaria da Ilha das Flores ser inaugurada em 1883, os serviços de acolhimento
dos estrangeiros continuaram sendo realizados na Hospedaria do Morro da Saúde, que encerrou
suas atividades em 1881, e em uma estalagem particular no Baldeador, em Niterói. Vale
registrar, também, que existiram situações em que os imigrantes permaneceram nos navios ou
nas próprias instituições do Governo Imperial, na Corte (REZNIK; FERNANDES, 2014).
No mesmo ano de inauguração da Hospedaria da Ilha das Flores, 1883, foi fundada, no
Rio de Janeiro, a Sociedade Central de Imigração. Lucia Lippi Oliveira destacou a criação desta
Sociedade, que funcionou entre 1883 e 1891 no Rio de Janeiro, tinha como objetivo trazer
imigrantes para o trabalho em pequena propriedade, visando a transformar um país de latifúndio
monocultor em uma sociedade com cultura múltipla e de pequena propriedade (OLIVEIRA,
2002). Já Arthur Daltin Carrega, atentou para a preocupação com a modernização técnica,
cientifica e material presente na fundação desta Sociedade. Segundo este autor, esta Sociedade,
(...)militou a favor de melhorias na estrutura e nas leis do país com intuito de
garantir ao imigrante a inclusão social, o acesso à propriedade de terra e a
estrutura necessária para comercializar os seus produtos. Lutavam para que o
imigrante fosse acolhido pelo governo e pelo povo brasileiro, reconhecido
socialmente e, assim, compusesse a “grande nação” brasileira (CARREGA,
2015: 1).

No entanto, Carrega destacou que a visão da Sociedade Central de Imigração, embora


fosse modernizadora, não deveria ser entendida como altruísta, já que defendia interesses que
julgavam patrióticos e não os interesses dos imigrantes (CARREGA, 2015). Além de entender
que a civilização estava do outro lado do atlântico, e que por isso a imigração europeia seria
capaz de trazer para o país o desenvolvimento observado na Europa, os interesses do grupo
criador da Sociedade Central de Imigração se enquadra no que Michael M. Hall convencionou
denominar como um caso particular fruto da atuação do reformadores de classe média (HALL,
1976).
48

Ou seja, para tal autor a Sociedade Central de Imigração representou, durante os anos
de seu funcionamento - 1883 a 1891 -, os anseios de indivíduos da nova classe média-alta
urbana, sobretudo intelectuais, profissionais independentes com treinamento científico e
técnico, altos funcionários públicos e negociantes envolvidos no comércio externo. De acordo
com Hall, os primeiros organizadores da Sociedade foram três destacados imigrantes alemães:
Karl von Koseritz (1830-1890), jornalista e deputado provincial do Rio Grande do Sul,
Hermann Blumenau (1819-1899), farmacêutico e fundador da colônia do mesmo nome na
província de Santa Catarina, e Hugo Alexander Gruber, editor do jornal Allgemeine Deutsche
Zeitung, no Rio de Janeiro. Vemos, então, uma composição diferente nesta associação em
relação à composição de outras associações e companhias, nas quais a se fazia bastante presente
a elite cafeicultora.
As ideias da Sociedade Central de Imigração, já no primeiro ano de seu funcionamento,
eram expressas no jornal mensal intitulado A Immigração. Por meio deste, a Sociedade divulgou
seus estatutos, publicou os informes aos imigrantes, e noticiou as informações acerca da
imigração europeia no país, do trabalho político por reformas necessárias, e da divulgação, na
Europa, da imigração para o Brasil. Entre os profissionais liberais, intelectuais, professores e
comerciantes que compunham a Sociedade, a meta principal que se estabeleceu era a criação
de uma forte classe média rural, composta por imigrantes europeus que seriam agricultores
independentes. Segundo Hall, a Sociedade criticava, com veemência, o sistema da grande
lavoura, que caracterizava a agricultura brasileira desde o século XVI.
Porém, ainda de acordo com este autor, a Sociedade Central de Imigração não deve ser
vista como progressista, uma vez que não discutiu a questão da abolição com veemência, ainda
que integrantes da mesma fossem abolicionistas. A existência da escravidão não era considerada
como um sério obstáculo ao tipo de imigração que a Sociedade tinha em mente. Esta, por sua
vez, não só não conseguiu colapsar o sistema de agricultura vigente, como também não conseguiu
emergiu seus integrantes como uma classe média nacional poderosa em conflito com a elite
agrária, ainda que caracterizassem um grupo reformista no final do Império e início da
República.
Este período de transição de regimes políticos circunscreveu mudanças na política
imigratória, que por ora não serão objeto de aprofundamento nessa dissertação. Tais mudanças,
no entanto, aconteceram no final do século XIX, e ligaram-se indissociavelmente ao processo
de amadurecimento que a política imigratória brasileira sofreu com a intensificação de ações
para além do campo legislativo, sobretudo, a partir dos anos 1850.
49

No cenário paulista também ocorreram mudanças com as companhias particulares e as


associações que se relacionaram com o Governo Imperial. A Sociedade Promotora de Imigração
se relacionou com aquela que iria se tornar a mais famosa hospedaria de imigrantes do país: a
Hospedaria do Brás. Mudanças também ocorreram no sul do país, com a Hospedaria de
Imigrantes do Cristal, em Porto Alegre, entre os anos de 1890 e 1898. Objeto de análise de
Gabriela Ucoski Silva, esta Hospedaria teve seu funcionamento analisado e comparado com
experiencias anteriores de outras hospedarias e associações na própria Porto Alegre (SILVA,
2014). De acordo com Maria Isabel de Jesus Chrysostomo e Laurent Vidal, em Minas Gerais,
ocorreu essa lógica de regionalização da política migratória, que se intensificou na segunda
metade do século XIX, sobretudo a partir da década de 1880, destacando-se a criação das
hospedarias de Juiz de Fora, em 1886, e São João del Rei, em 1888, além da criação da
Sociedade Promotora da Imigração, em 1887, no intuito de atrair imigrantes para a construção
da nova capital mineira, que seria Belo Horizonte (CHRYSOSTOMO; VIDAL, 2014).
Ou seja, as estruturas estudadas até aqui integraram esse processo de construção, com
erros e acertos, e que no final do século se apresentou mais consistente. Associações, agências,
sociedades e companhias, subordinadas aos particulares ou aos governos central e provinciais,
compuseram essa complexa teia do fenômeno imigratório. E ainda que o número de hospedarias
de imigrantes tenha crescido somente a partir da década de 1880, a definição de Hugo Segawa,
que analisou os anos finais de tal século, é cara para compreendermos este mecanismo, como
foi desenvolvido, e o que trazia em seu ideal de constituição:
As hospedarias de imigrantes, em sua formulação ao final do século XIX e até
quase meados do século XX no Brasil, destinavam-se à recepção inicial e
hospedagem de estrangeiros, aqui chegados como imigrantes, dando-lhes
assistência até seu encaminhamento como mão-de-obra para a lavoura ou para
a colonização. Foram construções integradas organicamente à estrutura dos
movimentos migratórios patrocinados inicialmente pelo império [sic] e
conduzidos em seguida pela República, vinculados ao contexto econômico
vigente e que responderam a essa correlação não apenas como alojamentos de
indivíduos em trânsito, mas como verdadeiras instalações arquitetônicas
especificamente organizadas como infra-estruturas de assistência médica e
social, consignando-lhes um caráter parahospitalar em sua ação cotidiana
(SEGAWA, 1989: 24).
50

1.3.1- Os imigrantes na Corte do Rio de Janeiro

Anteriormente já destacamos a experiencia do núcleo colonial, com suíços, em Nova


Friburgo, no final da década de 1810, e como este não alcançou o êxito, em termos econômicos,
esperado pelo Governo Imperial. Ainda assim, mesmo que muitos destes suíços tenham
abandonado a região Serrana do Rio de Janeiro, esta recebeu, nos anos 1820, um grupo de
alemães que já havia se estabelecido, no início do século, na cidade do Rio de Janeiro.
Ainda que os latifundiários fluminenses não tivessem interesse pela colonização, na
primeira metade do século, muitos imigrantes estabeleceram-se nesta província. Segundo
Ângela de Castro Gomes, este fator não impediu a chegada de portugueses, espanhóis, italianos,
alemães e sírio-libaneses, por exemplo, ao longo de todo o século XIX. Guardadas as devidas
proporções, e os números expressivos de cada nacionalidade em determinadas épocas, a autora,
ao realizar uma análise sobre a imigração no Rio de Janeiro, a partir das experiências vividas
pelos imigrantes, destaca, por exemplo, o contingente significativo de portugueses, que se
constituiu como o maior grupo de imigrantes no Rio de Janeiro, tanto na cidade do Rio de
Janeiro como em Niterói. Esta última cidade, segundo esta autora, também recebeu, ainda que
em menor número, uma parcela significativa de italianos (GOMES, 2000).
De acordo com Lucia Lippi Oliveira, cerca de um milhão de portugueses migraram para
o Brasil entre 1830 e 1930. A autora destacou que no final do século XIX, enquanto os italianos
foram destinados à lavoura cafeeira, os portugueses concentraram suas atividades no espaço
urbano que se formava nas principais cidades do país, como o Rio de Janeiro, São Paulo e
Salvador (OLIVEIRA, 2002).
Ainda segundo esta autora, neste contexto os portugueses pobres que chegavam ao país,
principalmente ao Rio de Janeiro, eram preferidos aos trabalhadores nacionais: negros, mulatos
e nordestinos, estes últimos integrando o início de uma corrente imigratória que intensificaria
sua chegada ao centro-sul, na última década do século XIX, devido aos períodos de grandes
secas no Nordeste. Nesse sentido, os portugueses seriam um dos grupos dos estrangeiros que,
juntamente com os libertos e nordestinos, teriam ajudado a criar o cenário dos conflitos urbanos
que tiveram lugar na cidade, no início do período republicano (OLIVEIRA, 2002).
Nesse contexto inicial da República, foi realizado um novo censo da população
brasileira, sem, no entanto, mencionar o quantitativo de estrangeiros presentes nos Estados e no
Distrito Federal. Ainda assim apresentamos abaixo estas estatísticas, uma vez que o censo foi
51

realizado em 1890, somente um ano após a transformação da Província do Rio de Janeiro em


Estado, e do Munícipio Neutro em Distrito Federal:

Ilustração IV-População do Distrito Federal. In Brasil. Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. Diretoria Geral de
Estatística. Synopse do recenseamento de 31 de dezembro de 1890. Rio de Janeiro: Officina da Estatistica.1898, p.33. Disponível em:
http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/227299. Acesso em 27 de janeiro de 2020.

As 29 freguesias, transformadas em distritos da capital da República, totalizavam em


1890 o número de 522.651 habitantes, diferentemente das 17 fregusias que compunham a
20
cidade do Rio de Janeiro em 1856. Nesse ano, o Império tinha 7,5 milhões de habitantes ,e
sua capital possuía pouco mais 150 mil habitantes, entre os quais mais de 60 mil estrangeiros,
ou seja, mais de um terço da população do Município da Corte, como o mapa demonstrativo
denota a seguir:

20
Tabela 1 - População brasileira - 1776/1869. In IBGE. Memória. Sínteses históricas. Disponível em:
https://memoria.ibge.gov.br/sinteses-historicas/historicos-dos-censos/censos-demograficos. Acesso em 20 de
janeiro de 2020.
52

Freguesias Total Sexo Condições Nacionalidade


Masculino Feminino Livre Escravos Brasileiros Estrangeiros
Sacramento
S. José 15.088 8660 6.428 10.727 4.361 8.342 6.746
Candelária 10.577 6.398 4.179 7.484 3.093 4.345 6.232
Santa Rita 20.804 10.621 10.183 13.453 7.351 9.482 11.322
Sant’Anna 19.173 9.811 9.362 12.956 6.217 12.452 6.721
Santo 12.222 6.045 6.177 8.972 3.250 7.531 4.691
Antônio
Engenho 17.423 10.050 7.373 11.501 5.922 9.224 8.189
Velho
Glória 11.750 7.135 4.615 10.800 950 6.800 4.950
Lagoa 8.189 4.102 4.087 5.373 2.616 3.924 4.265
Inhaúma 5.452 3.035 2.417 3.429 2.023 3.932 1.520
Jacarepaguá
Irajá 6.700 3.455 3.245 3.886 2.814 4.111 2.589
Campo 9.207 5.027 4.180 3.789 3.789 4.994 4.210
Grande
Guaratiba 8.443 4.840 3.603 5.846 2.597 6.089 2.354
Ilha do 2.910 1.718 1.142 1.922 988 1.910 180
Governador
Paquetá - - - - -
Santa Cruz 3.838 2.154 1.684 1.527 2.511 1.410 2.128
Soma 151.776 83.051 68.745 103.494 48.282 84.664 66.907
Tabela III-Mapa demonstrativo da população da Cidade do Rio de Janeiro em 1856. IBGE. População do Rio de Janeiro (1799- 1900).
p.5. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/RJ1799_1900.pdf.
Acesso em 20 de janeiro de 2020.

Os relatórios da Secretaria de Estado dos Negócios do Império, referentes aos anos


anteriores à criação da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas, em 1860, que ficaria a cargo dos assuntos ligados à imigração e colonização,
apresentavam um mapa com o quantitativo da entrada de estrangeiros no Império com ânimo
de residência. Nesse sentido, a tabela a seguir visa demonstrar o quantitativo de estrangeiros
que entrou e se estabeleceu na Corte entre 1855 e 1859:
53

Ano Entraram no Império Estabeleceram-se na Corte Total


1855 12.290 10.919 12.290
1856 18.800 12.209 18.800
1857 14.650 11.188 14.650
1858 18.999 15.484 18.999
1859 19.695 12.650 19.695
Tabela IV-Entrada de estrangeiros no Brasil e na Corte com animo de residência (1855-1859). Apud Relatórios da
Secretaria de Estado dos Negócios do Império.1855-1859.

De acordo com esses números, nesses cinco anos, mais de 60 mil estrangeiros entraram
no país, com interesse de residência na Corte. No entanto, dados acerca do quantitativo da
população de estrangeiros na Corte somente foram encontrados no “Relatório sobre o
Arrolamento da População do Município da Corte em 1870”21 . Neste relatório de 1870 estavam
expressos o número da população total do município: 235.381 habitantes; o quantitativo de
livres e escravos, respectivamente, 185.289 e 50.092; a quantidade de homens e mulheres,
133.320 e 102.061, respectivamente; e a nacionalidade dos habitantes, sendo 156.705
brasileiros e 78.676 estrangeiros.
Já com o censo de 1872, como veremos no mapa demonstrativo a seguir, é possível ver
o quantitativo da população no Município Neutro e as características de tal, como a condição
de livre ou escravo, o sexo e a nacionalidade:

População do Município Neutro- 1872


Sexo Condição Nacionalidade
Masculino Feminino Livre Escravo Brasileira Estrangeira
158.766 116.206 226.033. 48.939 190.689 84.283
Total: 274.972
Tabela V-População do Município Neutro (1872). Apud. IBGE. Recenseamento do Brazil em 1872. Editora: Typographia.
G. Leuzinger. Rio de Janeiro. Ano: [1874?] p.8. Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/RJ1799_1900.pdf. Acesso em 20 de janeiro
de 2020.

21
Relatório sobre o Arrolamento da População do Município da Côrte em 1870. In IBGE. População do Rio de
Janeiro (1799-1900). pp.6-30. Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/RJ1799_1900.pdf
Acesso em 20 de janeiro de 2020.
54

Na população escrava, que era de 48.939, 6.877 homens eram considerados estrangeiros
e 4.096 mulheres eram consideradas estrangeiras. Enquanto na população livre, cujo total era
de 226.033 habitantes, 17.302 mulheres eram estrangeiras e 56.008 homens eram estrangeiros.
Enquanto isso, com uma população de 782.724 habitantes, a Província tinha 20.743 mulheres
estrangeiras e 35.519 homens estrangeiros numa população escrava de 292.637 pessoas. Entre
os livres, que somavam 490.087 pessoas, 8.421 mulheres eram consideradas estrangeiras e
29.963 homens eram considerados estrangeiros.

Os quadros acima apresentados demonstraram a evolução do quantitativo populacional


tanto na cidade do Rio de Janeiro, como capital da Corte e posteriormente como capital Federal,
quanto na Província e posterior Estado do Rio de Janeiro. Demonstraram também a diferença
entre o quantitativo de estrangeiros livres na Província e na capital da Corte, ainda que a
primeira possuísse uma extensão territorial maior.
Ainda que a imigração tenha se intensificado nas últimas décadas do século XIX, o
censo de 1890 não apresentou o quantitativo de estrangeiros na Província e no Distrito Federal.
Desta forma, procuramos projetar este quantitativo, assim como fizemos em relação aos anos
que não houve a realização de um censo demográfico, a partir de dados dos livros de registro
da Hospedaria da Ilha das Flores e dos relatórios das secretarias de Estado dos Negócios do
Império e dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, como apresentamos no
quadro a seguir:
55

Ano Rio de Janeiro Ano Rio de Janeiro


1860 15.636 1875 -
1861 12.747 1876 21.410
1862 12.666 1877 29.029
1863 - 1878 24.205
1864 7.600 1879 22.189
1865 5.952 1880 29.729
1866 7.281 1881 11.054
1867 10.032 1882 25.845
1868 8.355 1883 26.789
1869 9.527 1884 17.999
1870 - 1885 22.727
1871 4.876 1886 22.236
1872 13.037 1887 33.310
1873 - 1888 55.863
1874 - 1889 36.414
Tabela VI- Entrada de imigrantes no Porto do Rio de Janeiro (1860-1889). Apud Relatórios da Secretaria de Estado dos
Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. 1860-1889.

De acordo com os relatórios da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura,


Comércio e Obras Públicas da Agricultura, entre as décadas de 1860 e 1870, contexto anterior
ao momento de expansão da economia cafeeira paulista, um contingente significativo dos
imigrantes que desembarcou no porto do Rio de Janeiro permaneceu no Município da Corte.
Mesmo estes números de entrada de imigrantes tendo sido significativamente menores do que
os referentes à década de 1880, o expressivo número de imigrantes que permaneceram na capital
da Corte pode ter sido resultado da política imigratória do Governo Imperial então adotada.
Neste período, a entrada de imigrantes se deu fundamentalmente a partir de ações do Governo
Imperial, como a celebração de contratos com companhias e associações particulares,
subvencionando-as e mais tarde chegando até mesmo a incorporá-las aos órgãos do Governo
responsáveis pelos assuntos da imigração e colonização.
Na província do Rio de Janeiro, ainda que na segunda metade do século o contexto tenha
se modificado, com a introdução de novas legislações, possibilitando novas formas de
introdução de imigrantes, a imigração não foi considerada como prioritária para os grupos
políticos e econômicos fluminenses.
56

As sociedades e associações para fomentar a imigração e colonização nesse período,


embora dialogassem mais com o Governo Imperial do que com o Governo Provincial e a elite
fluminense, foram importantes como mecanismos para a entrada de imigrantes no município da
Corte e seu deslocamento para outras regiões da província do Rio de Janeiro.
Ao analisar o contexto do período regencial, José Juan Pérez Meléndez atentou para o
fato de que ainda que os empreendimentos de colonização tenham diminuído na década de 1830,
em grande parte por causa da suspensão do financiamento governamental, este período foi
cenário de eventos cruciais para o desenvolvimento da atividade de colonização no Brasil
(MELÉNDEZ, 2014).
Em tal período foi estabelecido um projeto para a colonização, que viria a ser
implementado nas décadas seguintes, sancionando políticas promocionais e favorecendo
empresas privadas como os veículos ideais para o fomento à imigração e colonização, como a
Sociedade Colonizadora da Bahia, também conhecida como companhia, e que havia sido
fundada em 1836, em Salvador. Esta sociedade baiana serviu de inspiração para a criação, um
ano mais tarde, da Sociedade Promotora de Colonização no Rio de Janeiro, que foi uma das
primeiras estruturas responsáveis pela vinda de imigrantes para a Província do Rio de Janeiro.
Meléndez destaca que neste contexto, quando sociedades como estas iniciaram suas atividades,
diminuiu o financiamento governamental para tais, cabendo assim às companhias privadas a
realização, por sua conta, do trabalho da colonização.

Todavia, como já vimos, as estruturas para a recepção de imigrantes começaram a se


solidificar a partir da década de 1850, incluindo associações particulares, agências
governamentais, e hospedarias, que mantinham relações entre si, e buscaram colocar em prática
ações com o interesse comum de atrair imigrantes.
Na capital do Império, a Associação Central de Colonização, foi criada em 1855 pelo
então oficial da Repartição Geral de Terras Públicas, Bernardo Augusto Nascentes de
Azambuja, com o intuito de promover a entrada de imigrantes. Por intermédio da Repartição
Geral de Terras Públicas, o Governo Imperial celebrou contrato com esta Associação,
obrigando a “referida sociedade a introduzir no Imperio, dentro do prazo de cinco annos, 50 mil
colonos industriosos e moralisados, dos quaes 40 mil pouco mais ou menos devem provar que
são homens afeitos aos trabalhos agrícolas”22.

22
FERRAZ, Luiz Pedreira do Coutto. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Primeira Sessão da
Decima Legislatura pelo Ministro e Secretário D´Estado dos Negocios do Império Luiz Pedreira do Coutto Ferraz.
Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1857. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via
base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network.
Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/100#?c=0&m=25&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1205%2C-
1%2C4360%2C3076 Acesso em 17 de março de 2019.
57

De acordo com o relatório da Secretaria de Estado dos Negócios do Império de 1855,


este contrato estabeleceu ônus e bônus para a Associação Central de Colonização. Mais dois
contratos entre o Governo Imperial e esta associação foram celebrados no ano de 1857 23. Entre
os ônus destacavam-se a necessidade de se ter hospedarias e depósitos provisórios em lugares
aprovados pelo Governo, para alojar e sustentar imigrantes vindos por meio da Associação ou
espontaneamente, sendo que estes últimos deveriam arcar com suas próprias despesas. Além
disso, deveriam ser criadas uma grande hospedaria definitiva e hospedarias e agencias filiais,
em núcleos coloniais com demandas de trabalhadores. Na Europa, agentes de colonização
deveriam, primordialmente, subvencionarem a vinda de famílias de lavradores, em alinhamento
com a demanda de fazendeiros brasileiros.
Em contrapartida, foram concedidos favores à Associação Central de Colonização,
como: o empréstimo de 1.000:000$000 Réis, sem juros; a isenção de imposto sobre bens
necessários para a introdução de imigrantes e comprados pela Associação; e a preferência à
Associação para os contratos de colonos por conta do governo, incluindo o transporte,
alojamento, sustento e o quê mais fosse necessário.
Mesmo não conseguindo os resultados esperados, como a construção de uma hospedaria
definitiva e a introdução de 50 mil colonos em cinco anos, pois esse número ficou
significativamente aquém, a Associação Central de Colonização permaneceu como uma das
responsáveis pela introdução de imigrantes no Brasil até a sua substituição pela Agência Oficial
de Colonização, que teve sua criação promulgada pelo decreto n. 3.254, de 20 de abril de 1864,
e que iniciou suas atividades em 1º de maio do mesmo ano24.
Segundo o relatório da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e
Obras Públicas de 1864, essa substituição ocorreu da seguinte forma:
A Associação central de colonização acha-se dissolvida, e realizada sua
liquidação na conformidade das prescripções constantes da resolução de
consulta de 10 de fevereiro do ano passado. O empréstimo de 350:000$ foi
restituído ao tesouro nacional, e a hospedaria de emigrantes, sita na ilha do
Bom Jesus, entregue ao governo, mediante pequena indemnização. Realizou-

23
BRASIL. Decreto nº 1.915, de 28 de março de 1857. Coleção de Leis do Império do Brasil de 1857, Rio de
Janeiro: Typographia Nacional, 1857. Tomo XX, Parte II, p.123. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-1915-28-marco-1857-557933-
publicacaooriginal-78700-pe.html. Acesso em 31 de janeiro de 2020.
BRASIL. Decreto nº 1.986, de 7 de outubro de 1857. Coleção de Leis do Império do Brasil de 1857, Rio de Janeiro:
Typographia Nacional, 1857. Tomo XX, Parte II, p.322. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-1986-7-outubro-1857-558053-norma-pe.html.
Acesso em 31 de janeiro de 2020.
24
BRASIL. Decreto nº 3.254, de 20 de abril de 1864. Coleção de Leis do Império do Brasil de 1864, Rio de Janeiro:
Typographia Nacional, 1864. Tomo XXVII, Parte II, p. 59-60. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-3254-20-abril-1864-554842-publicacaooriginal-
73797-pe.html. Acesso em 16 de dezembro de 2019.
58

se a substituição desta associação por uma agencia subordinada a este


ministério, e dela, bem como da referida hospedaria, foi encarregado o dr.
Ignacio da Cunha Galvão25.

A Agência Oficial de Colonização aglutinou não só a Associação Central de


Colonização, como também a hospedaria responsável por acolher os imigrantes que vinham por
meio de contratos realizados por esta Associação. A Hospedaria da Ilha de Bom Jesus,
considerada como uma hospedaria do Governo, deveria continuar recebendo os imigrantes que
desembarcassem na capital, porém, com a sua subordinação à Agencia Oficial de Colonização,
a ideia era que também abrigasse imigrantes que viessem espontaneamente.
Era necessário um espaço maior, o que fez com que em março de 1865 a hospedaria do
Governo Imperial deixasse de ser sitiada na Ilha do Bom Jesus. O projeto de uma hospedaria
definitiva permaneceu, e buscando um lugar com capacidade para abrigar mais imigrantes, a
Agência Oficial de Colonização chegou a estabelecer uma hospedaria na Praia Formosa e outra
na Rua da Imperatriz. No entanto, o ministro da Agricultura, Manoel Pinto de Souza Dantas,
em seu relatório do ano de 1866, expressou: a “experiencia, porém, mostrou em breve que duas
hospedarias, distantes uma da outra, não podiam ter a precisa unidade de administração e
fiscalização, e portanto julguei de toda a conveniência reuni-las em um só edifício”26 .
Os prédios de propriedade de José Rodrigues Ferreira, localizados no Morro da Saúde,
foram arrendados e passaram a receber os imigrantes que chegavam ao Rio de Janeiro27. A
hospedaria do Governo Imperial, na Corte, ficaria no Morro da Saúde até 1883, quando foi
estabelecida a Hospedaria da Ilha das Flores.

25
SÁ, Jesuino Marcondes de Oliveira e. Relatório apresentado á Assembléia Geral Legislativa na Terceira Sessão
da Decima Segunda Legislatura pelo Ministro e Secretário de Estados dos Negocios d´Agricultura, Commercio e
Obras Públicas Jesuino Marcondes de Oliveira e Sá. Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1865. In
Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for
Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=6&s=0&cv=2&r=0&xywh=-1186%2C0%2C4227%2C2981
Acesso em 6 de maio de 2020.
26
DANTAS, Manoel Pinto de Souza. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Primeira Sessão da
Decima Terceira Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e
Obras Públicas Manoel Pinto de Souza Dantas. Rio de Janeiro: Typographia Perseverança, 1867. In Relatórios
Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research
Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=8&s=0&cv=2&r=0&xywh=-1093%2C-1%2C4184%2C2952
Acesso em 17 de março de 2019.
27
José Rodrigues Ferreira nasceu no Rio de Janeiro em 10 de abril de 1852, e faleceu em 1905. Formou-se em
Medicina em 1873 e especializou-se em obstetrícia e ginecologia. Após a conclusão do curso no Brasil foi para
Europa, onde esteve na Maternidade de Port Royal em Paris. Foi membro de estacadas academias científicas
internacionais, dente elas a Sociedade de Higiene e a Sociedade Química de Paris, as Sociedades de Obstetrícia de
Paris e da Filadélfia. No Brasil foi membro da Academia Imperial de Medicina da Sociedade Médico-Cirúrgica e
do Instituto Farmacêutico. Apud BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico
Brasileiro. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1970, vol. 2, p.168-171.
59

Manoel Pinto de Souza Dantas, ainda ministro da Agricultura, Comércio e Obras


Públicas, em seu relatório apresentado para o ano de 1867, trouxe alguns números do
quantitativo, por nacionalidades, de imigrantes que desembarcaram no Rio de Janeiro, entre o
ano da criação da Agência Oficial de Colonização e os primeiros anos de funcionamento da
Hospedaria do Morro da Saúde. Os relatórios dos anos de 1868 e 1869, que fecharam a década
de 1860, também trouxeram informações a respeito da nacionalidade dos imigrantes,
permitindo-nos assim perceber aquelas nacionalidades que apresentaram maiores contingentes
entre a época da criação da Agência Oficial de Colonização, e o fim daquela década.
Nesses seis anos, os números referentes às nacionalidades foram: portuguesa com
29.199 pessoas, a italiana com 3.265, a norte-americana com 2.610, a inglesa com 2.392, a
alemã com 2.006, e a francesa com 1.695 pessoas.
Nos primeiros anos da década de 1870, quando foi realizado o primeiro censo geral no
Brasil, em 1872, o quantitativo de imigrantes que ingressou no porto do Rio de Janeiro, segundo
suas nacionalidades, pode ser demonstrado na tabela a seguir:

1870 1871 1872


Nacionalidade Número Nacionalidade número Nacionalidade Numero
Portuguesa 6.110 Portuguesa 4.580 Portuguesa 8.124
Inglesa 427 Inglesa 105 Inglesa 615
Francesa 549 Francesa 158 Francesa 777
Italiana 986 Italiana 1 Italiana 1.626
Alemã 291 Alemã 3 Alemã 206
Norte-americana 171 Norte-americana - Norte-americana 191
Espanhola 361 Espanhola 17 Espanhola 510
Outras 747 Outras 12 Outras 988
Total 9.642 Total 4.876 Total 13.037
Tabela VII- Nacionalidade dos imigrantes ingressos no porto do Rio de Janeiro (1870-1872). Apud Relatórios da
Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. 1870-1872.

Nesses três anos apresentados no quadro acima, somam-se quase 28 mil estrangeiros
que desembarcaram no Rio de Janeiro. Muitos desses ficaram e outros saíram, seja para outras
províncias, o quê pode ser considerado como o mais recorrente, ou voltaram para o país de
origem. Decerto é que esse contingente contribuiu para o quantitativo de quase 85 mil
estrangeiros presentes no Município da Corte no ano de 1872, como já vimos anteriormente na
tabela V (página 64).
Após o ano de 1872, os números referentes à entrada de imigrantes no Rio de Janeiro só
voltariam a aparecer nos relatórios da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura no ano
de 1876. Nesse ano, de acordo o relatório apresentado à Assembleia Geral Legislativa na 1ª
60

Sessão da 16ª Legislatura, o quantitativo da entrada de imigrantes no país foi de 30.567, sendo
que 21.410 ingressaram pelo porto do Rio de Janeiro e outros 9.157 em portos diversos ao longo
do território28. O relatório informou que as nacionalidades com maior contingente na chegada
ao Rio de Janeiro foram a portuguesa com 7.184 imigrantes, a italiana com 6.701, a austríaca
com 3.530 e a alemã com 2.007 imigrantes.

O relatório também informou que entre os 21.410 imigrantes que chegaram ao Rio,
11.181 não permaneceram na Corte, ou seja, foram em sua maioria para outras províncias como
Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Espirito Santo e São Paulo, e em menor quantidade
para freguesias da província do Rio de Janeiro.

Já o relatório apresentado à Assembleia Geral Legislativa na 2ª Sessão da 16ª Legislatura,


informou que, entre 12 de março e 30 de junho de 1876, teriam entrado 5.776 imigrantes no
porto do Rio de Janeiro, sendo 3.161 espontâneos e 2.615 contratados29.
Mas o ano de 1876 também marcou a criação da Inspetoria Geral de Terras e
Colonização que, de acordo com o ministro da Agricultura à época, Thomaz José Coelho de
Almeida (1838-1895), se deu da seguinte forma:
Usando da autorização concedida pelo Art. 20 da Lei n. 2640 de 22 de
setembro de 1875 reuni, em uma repartição denominada Inspetoria Geral de
Terras e Colonização, os serviços de que se achavam encarregadas a Agencia
Official de Colonização e a Comissão do Registro Geral e Estatística das
Terras Publicas e Possuídas30.

Composta pela Comissão do Registro Geral das Terras Públicas e Possuídas e pela
Agencia Oficial de Colonização, a Inspetoria Geral de Terras e Colonização teve seu

28
ALMEIDA, Tomás José Coelho de. Relatório apresentado à Assembléa Geral Legislativa na Primeira Sessão da
Decima Sexta Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Públicas Thomaz José Coelho de Almeida. Rio de Janeiro: Typographia Perseverança 1877. In Relatórios
Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research
Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=19&s=0&cv=2&r=0&xywh=-1232%2C0%2C4398%2C3102
Acesso em 17 de março de 2019.
29
ALMEIDA, Tomás José Coelho de. Relatório apresentado à Assembléa Geral Legislativa na Primeira Sessão da
Decima Sexta Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Públicas Thomaz José Coelho de Almeida. Rio de Janeiro: Typographia Perseverança 1877. In Relatórios
Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research
Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=19&s=0&cv=2&r=0&xywh=-1232%2C0%2C4398%2C3102
Acesso em 17 de março de 2019.
30
ALMEIDA, Tomás José Coelho de. Relatório apresentado à Assembléa Geral Legislativa na Primeira Sessão da
Decima Sexta Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Públicas Thomaz José Coelho de Almeida. Rio de Janeiro: Typographia Perseverança 1877. In Relatórios
Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research
Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=19&s=0&cv=2&r=0&xywh=-1232%2C0%2C4398%2C3102
Acesso em 17 de março de 2019.
61

regulamento autorizado pelo Decreto nº 6129 de 23 de fevereiro de 1876, que trouxe


importantes pontos em relação ao incentivo à imigração, mais especificamente sobre a
imigração espontânea, e sobre a recepção dos imigrantes, destacando a hospedaria de
imigrantes:
§ 2º A' 2ª secção competem os serviços relativos: 1º Ao exame do estado dos
navios que conduzirem immigrantes, e ácerca do tratamento destes a bordo;
2º Ao desembarque, agasalho e sustento dos immigrantes e ao deposito e
entrega das bagagens; 3º A' internação dos immigrantes e estabelecimento dos
que forem agricultores, nas colonias do Estado, e ao emprego dos de profissão
diversa que queiram permanecer no Brazil; 4º A' acquisição de colonos ou
operarios por conta de particulares; 5º A' immigração espontanea; 6º Ao
escriptorio de locação de serviços e á hospedaria; 7º A' remoção para o
hospital dos immigrantes enfermos que não possam ou não devam ser tratados
no edificio da hospedaria; 8º A' recepção e expedição das quantias que os
immigrantes pretendam enviar para fóra do Imperio ou lhes sejam endereçadas
do exterior por intermedio dos Consules brazileiros; 9º Ao recebimento e
remessa da correspondencia dos colonos; 10. A' preparação de terras
apropriadas ao estabelecimento dos immigrantes espontaneos e conservação
dellas de modo que, sem inconveniente, possam ser distribuidas aos que
pretendam; 11. A' creação de agencias nas localidades em que sejam
necessarias para facilitar aos immigrantes a escolha de terras e o pagamento
do respectivo preço; 12. Ao transporte de immigrantes, cuja vinda seja
solicitada por parentes ou amigos estabelecidos no Brazil; 13. A' coordenação
dos esclarecimentos e dados estatiscos que devam acompanhar os mappas das
colonias e das terras apropriadas ao estabelecimento de immigrantes; 14. A'
organização de tabellas dos sallarios pagos aos agricultores e operarios nos
centros agricolas e nas cidades ou povoações do litoral e do interior; 15. A'
superintendencia das colonias do Estado; 16. A' fiscalisação dos contractos
celebrados para a importação de immigrantes; 17. Ao registro ou matricula
dos immigrantes, inscrevendo-os no livro competente, com declaração do
nome, estado, nacionalidade, profissão, lugar do destino, dia da estrada e da
sahida31.

Até a inauguração da hospedaria da Ilha das Flores, em 1883, a Inspetoria Geral de


Terras e Colonização encaminhava os imigrantes para a hospedaria estabelecida no Morro da
Saúde desde o ano de 1866. Mesmo os edifícios sendo arrendados, a Hospedaria do Morro da
Saúde era considerada como a hospedaria oficial do governo na Corte, ficando responsável por
receber aqueles que desembarcassem no porto do Rio de Janeiro cuja condição de viagem os
identificassem como imigrantes, ou seja, estrangeiros provenientes de portos exteriores como
passageiros de terceira classe.

31
BRASIL. Decreto nº 6.129, de 23 de fevereiro de 1876. Coleção de Leis do Império do Brasil de 1876, Rio de
Janeiro: Typographia Nacional, 1876. Tomo XXXIX, Parte II, vol.1, p.247-255. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-6129-23-fevereiro-1876-549093-
publicacaooriginal-64440-pe.html. Acesso em 17 de dezembro de 2019.
62

Com os dados dos relatórios da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura,


Comércio e Obras Públicas, de 1877 a 1882 é possível informar que entre esses anos
desembarcaram no porto do Rio de Janeiro 142.051 imigrantes32. Nesse período, marcado pelo
início do funcionamento da Inspetoria Geral de Terras e Colonização, e que antecedeu ao
estabelecimento da hospedaria na Ilha das Flores, as nacionalidades dos imigrantes que mais se
destacaram foram: a italiana com 58.278 imigrantes, a portuguesa com 48.756, a alemã com
11.626 e a espanhola com 9.166 imigrantes.
Por outro lado, estes mesmos relatórios apresentaram mudanças quanto ao quantitativo
de imigrantes que foram destinados a outras províncias. Do conjunto de 142.051 imigrantes
que, entre 1877 e 1882, desembarcaram no porto do Rio de Janeiro, 78.434 imigrantes se
deslocaram para outras províncias. Destaca-se que somente no ano de 1879, saíram do porto
8.806 imigrantes se deslocando para outras províncias. Quanto às nacionalidades que
apresentaram um maior número de imigrantes se deslocando para outras províncias,
destacaram-se a italiana com 40.852 imigrantes, a portuguesa com 14.948 e a alemã com
10.382.
Nesse contexto, os imigrantes vivenciaram a Corte se transformando cada vez mais em
um lugar de recepção, triagem e acolhimento, e menos um lugar de destino final. Todavia, isso
não diminuiu a importância da capital da Corte no contexto das “Grandes Migrações”. A
estrutura para recepção de imigrantes, que cada vez mais conquistava a atenção das autoridades
do Governo Imperial, obteve em 1883, um importante reforço desejado há tempos. Com a
inauguração da Hospedaria da Ilha das Flores, em 1883, o Governo Imperial realizava, assim, a
proposta de uma hospedaria definitiva, a primeira criada e mantida pelo Governo.
Nesse mesmo ano, fundou-se na capital a Sociedade Central de Imigração, já
mencionada anteriormente, e que funcionou como uma proposta alternativa às ações da política
imigratória para o Brasil. De acordo com Sergio Luiz Monteiro Mesquita, essa proposta tinha
a imigração e a colonização como norteadoras de um projeto de formação da nação brasileira
(MESQUITA, 2000). Ainda segundo este autor, essa Sociedade privilegiava a vinda de
imigrantes europeus para a colonização em pequenas propriedades. Este fator deveria então
servir como combustível para as transformações pelas quais a sociedade brasileira deveria
passar, com um teor mais reformista do que propriamente revolucionário.
Segundo Arthur Daltin Carrega, a Sociedade Central de Imigração acreditava que o
Império ajudaria os lavradores estrangeiros na mesma medida em que receberia a contribuição
da cultura dos imigrantes (CARREGA, 2019). Composta essencialmente por profissionais

32
Apud Relatórios da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. 1877-1882.
63

liberais urbanos da capital do Império, a Sociedade Central de Imigração exerceu seu papel de
promoção da imigração, fundamentada especialmente na propaganda e não na subvenção de
passagens como faziam outras associações e companhias. O boletim oficial da entidade,
intitulado A Immigração, apresentava as reflexões da Sociedade acerca das questões imigratória
e colonizatória, buscando, nesse sentido, por meio de uma propaganda essencialmente
ideológica, “ora persuadir grupos internos das transformações necessárias para o progresso e
ora para convencer estrangeiros, que tivessem intenções, de que o Império seria um bom
destino.”(CARREGA, 2019: 154).
Atribuir o aumento do número da entrada de imigrantes no Brasil, nas duas últimas
décadas do século XIX, a um fator isolado, como por exemplo à iniciativa da Sociedade Central
de Imigração, seria um equívoco. Por outro lado, devemos olhar para esta instituição
entendendo que esta estava inserida em um contexto no qual a propaganda para a vinda de
imigrantes também tinha se intensificado, assim como havia se fortificado a estrutura para
recepção e acolhimento dos imigrantes.
Os relatórios da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas, entre os anos de 1883 e 1891, período de funcionamento da Sociedade Central de
Imigração, apresentaram dados da entrada de imigrantes no porto do Rio de Janeiro, que teria
totalizado 473.264 imigrantes33. Ainda de acordo com tais relatórios, nesse mesmo período
teriam saído 378.772 imigrantes desse porto em direção às províncias, incluindo-se a do Rio de
Janeiro. E mais uma vez, as nacionalidades que apresentaram um maior quantitativo de
imigrantes ingressos foram: a italiana com 161.196 imigrantes, a portuguesa com 112.404, a
espanhola com 38.042, e a alemã com 18.096 imigrantes.
Entre os anos citados, os relatórios, ainda informam, que 19.860 imigrantes foram para
a província do Rio de Janeiro. Ao compararmos esses números com os referentes aos imigrantes
que permaneceram na capital, informados no relatório da Secretaria de Estado dos Negócios da
Agricultura, Comércio e Obras Públicas de 1891, podemos perceber a diferença entre as ações
relacionadas à política imigratória exercida pelo Governo Imperial, transformado em federal, e
pelo Governo Provincial, transformado em estadual. Somente no ano de 1891 o quantitativo de
imigrantes que permaneceu na capital foi de 12.535 imigrantes, sendo que neste mesmo ano,
7.151 imigrantes foram encaminhados para as outras regiões do Estado34.

33
Apud. Relatórios da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. 1883-1891
34
FARIA, Antão Gonçalves de. Relatorio apresentado ao Vice-Presidente da República dos Estados Unidos do
Brazil pelo Ministro D´Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Publicas engenheiro Antão
Gonçalves Faria em maio de 1892. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1892. In Relatórios Ministeriais (1821-
1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global
64

Como Maria de Fatima Gouvêa destacou, os debates na Assembleia legislativa


fluminense, em relação à vinda de imigrantes para a província, somente se acentuaram a partir
da segunda metade da década de 1880 (GOUVÊA, 2008). Com o fim da escravidão em 1888 e
a instauração da República em 1889, a província, transformada em Estado, teria que esperar das
autoridades uma reação, em meio as transformações políticas e econômicas, que pudesse atrair
imigrantes para além do município da Corte, transformado em Distrito Federal.

Uma ação importante, neste caso, foi a criação da Hospedaria de Niterói, localizada na
Ilha do Carvalho, próxima à Ilha das Flores. Tendo funcionado entre os anos de 1896 e 1899,
essa hospedaria do Estado do Rio de Janeiro recebeu atenção de Juliana Elianay Olimpio de
Abreu Pires em dissertação sobre as políticas de imigração no estado e os debates parlamentares
sobre tal (PIRES, 2018).
Nesse sentido, podemos aferir que o caráter complementar que a mão de obra imigrante
tinha em outras províncias do país desde a década de 1880, ainda se encontrava de forma
suplementar na província do Rio de Janeiro nos anos finais do Império e nos anos iniciais da
República.

Resources Network. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=34&s=0&cv=2&r=0&xywh=-


1394%2C-1%2C4723%2C3332 Acesso em 17 de março de 2019.
65

Capítulo 2- A criação de hospedarias de imigrantes na Corte do Rio de Janeiro

2.1 – A Hospedaria da Ilha de Bom Jesus

Como vimos, a partir da década de 1850 as hospedarias começaram a serem vistas como
os locais mais adequados para a recepção e acolhimento de imigrantes. As três hospedarias que
estudaremos a seguir, a da Ilha de Bom Jesus, a do Morro da Saúde, e a da Ilha das Flores,
foram expressões do amadurecimento pelo qual a estrutura idealizada pela política imigratória
do Governo Imperial alcançou durante a segunda metade do século XIX.
A busca por estrangeiros para a colonização do território brasileiro e para a utilização
de sua mão de obra nas lavouras caracterizou essa política imigratória (CARNEIRO, 1950). A
tendência de se ter o imigrante colono em núcleos de pequena propriedade, assim como a
tendência de se ter o imigrante presente como braço na lavoura de café, refletiu-se na legislação
que foi sendo promulgada ao longo da segunda metade do século XIX. Os indicadores
referentes aos momentos com maior e menor criação de núcleos coloniais, e aos de maior ou
menor aproveitamento de imigrantes nas fazendas de café, indicaram uma política flutuante
para a imigração (PETRONE, 1987).
Todavia, as ações do Governo Imperial não se realizaram de forma isolada. Iniciativas
privadas, não só criando núcleos coloniais, mas também companhias e associações de promoção
à imigração fizeram parte dessa estrutura que se concretizou em meio ao período das “Grandes
Migrações” (KLEIN, 2000).
Vimos também que mesmo próximo ao Município da Corte, as ações do Governo
Provincial fluminense para atrair imigrantes para as fazendas da região se intensificaram
somente em meados da década de 1880, contexto em que as propagandas para a vinda de
imigrantes, como a realizada pela Sociedade Central de Imigração, também se fortificaram. O
estabelecimento de uma hospedaria, criada e mantida pelo Governo Imperial, se deu somente
com a criação da Hospedaria da Ilha das Flores, em 1883.
Nesse sentido, Hugo Segawa buscou entender o desenvolvimento das hospedarias de
imigrantes no Brasil no final do século XIX, enquanto um programa arquitetônico
intrinsicamente relacionado às migrações transoceânicas, estabelecendo analogias com os
hospitais de isolamento, lazaretos e prisões (SEGAWA, 1989).
De acordo com este autor, as primeiras hospedarias eram variações de lazaretos,
hospitais marítimos e estações de quarentena, sendo a concepção geral de hospedaria
proveniente das instalações que haviam sido criadas na América do Norte, ao longo do século
66

XIX. Segawa destaca que as hospedarias devem ser entendidas como soluções arquitetônicas
que congregaram isolamento sanitário e medidas profiláticas, quando se buscava combater
epidemias mortais em um cenário em que a navegação a vapor possibilitava uma circulação
mais rápida das doenças. Além disso, não se desfrutavam de conhecimentos medico-sanitários
capazes de combater as doenças por completo.
Embora congregassem o caráter assistencial e o médico de outras instituições, as
hospedarias diferenciavam-se, segundo Segawa, no momento em que
(...) adquirem personalidade própria quando impõem funções especificas
inexistentes em qualquer outro programa arquitetônico e, dentro do repertório
de conhecimentos arquitetônicos do período, responderam por uma complexa
estrutura de atendimento a um contingente cuja heterogeneidade étnica e
cultural eram inéditas em nosso ambiente. (SEGAWA, 1989: 40-41)

Embora a Hospedaria da Ilha das Flores, criada em 1883, tenha sido a primeira
estabelecida e mantida pelo Governo Imperial, a Hospedaria da Ilha do Bom Jesus, criada
anteriormente no final da década de 1850, sinalizava a relação entre o Governo Imperial e
particulares, e a busca pela criação de locais para recepção de imigrantes, viáveis econômica e
salutarmente. Por isso é caro começarmos nossa análise sobre as hospedarias a partir da criação
da Hospedaria da Ilha do Bom Jesus. Esta foi instalada em local que hoje está incorporado à
Ilha do Fundão, situado na região administrativa da Ilha do Governador, na Zona Norte da
cidade do Rio de Janeiro.
A Ilha do Bom Jesus, também denominada de Bom Jesus da Coluna, foi uma das oito
ilhas que foram, entre 1949 a 1952, aterradas e integradas para a criação da Cidade Universitária
da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O local hoje corresponde à área do Centro de
Tecnologia, da Faculdade de Letras e da atual base do Exército Brasileiro (MENEZES et al,
2005).
67

Ilustração V- Ilha do Bom Jesus atualmente, integrada à Cidade Universitária na Ilha do Fundão- Rio de Janeiro. Google Maps,
2020. Disponível em: https://www.google.com/maps/place/Ilha+do+Bom+Jesus/@-22.8591661,-
43.2223659,3210m/data=!3m2!1e3!4b1!4m5!3m4!1s0x9979209cfe84e7:0x2fd9e34b50edcf6a!8m2!3d-22.8591667!4d-43.2136111.
Acesso em 27 de janeiro de 2020.

As edificações que abrigaram a Hospedaria de Imigrantes já não existem mais,


encontrando-se somente algumas ruínas próximas à Igreja do Bom Jesus da Coluna, que foi
erguida no início do século XVIII, juntamente com o hospício, tombada, em 1964, pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e reinaugurada em 2008 após dois anos
de obras de restauração35.
Tal igreja fazia parte do Convento de Bom Jesus que ali foi edificado após a doação da
Ilha à congregação dos padres franciscanos, em 1704, fazendo com que o local ficasse
conhecido como Ilha dos Frades. Durante a permanência de D. João VI, no Brasil, a Ilha foi um
local muito prestigiado, tendo sido ali comemorada a festa de São Francisco de Assis. Entre as
décadas de 1820 e 1850, as dependências do convento foram utilizadas para isolamento de
doentes com o cólera, e com vários tipos de febres, que acometiam a população da cidade do
Rio de Janeiro. Em 1868, já após o encerramento de suas atividades como hospedaria de
imigrantes, o prédio passou a abrigar o Asilo dos Inválidos da Pátria, sob a responsabilidade do
Exército Brasileiro36.

35
Igreja do Bom Jesus da Coluna é reinaugurada no Rio de Janeiro. IPHAN. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/2087. Acesso em 27 de janeiro de 2020.
36
Rio de Janeiro – Igreja do Bom Jesus. IPHAN. Disponível em: http://www.ipatrimonio.org/rio-de-janeiro-igreja-
do-bom-jesus/#!/map=38329&loc=-22.859478,-43.2123,17. Acesso em 27 de janeiro de 2020. Viva à Ilha do
68

No período em que sediou a Hospedaria de Imigrantes, as instalações do convento na


Ilha ficaram sob a responsabilidade da Associação Central de Colonização, que, como
mencionado anteriormente, foi uma empresa particular que, com ajuda de capital público,
procurou atrair imigrantes para o Brasil. O início das atividades da Hospedaria da Ilha do Bom
Jesus foi registrado em comunicado realizado pelo médico Cândido Borges Monteiro (1812-
1872), comissário do Governo Imperial junto à Associação Central de Colonização, e por
Bernardo Augusto Nascente de Azambuja, presidente da diretoria da Associação, publicado na
edição de 11 de outubro de 1857 do jornal Diario do Rio de Janeiro:
(...) resolveu a directoria obter provisoriamente um outro local, em que já
exista um edifício que se possa prestar quanto antes ao fim desejado; e tenho
o prazer de anunciar que por estes dias será posto à disposição da Associação
Central o convento da Ilha do Bom Jesus com suas dependências, tendo
concorrido para o respectivo empréstimo a benéfica intervenção do Exm. Sr.
ministro do Império, e a louvavel aquiescência do mui digno provincial da
ordem de Santo Antonio, com o qual já me entendei a tal respeito.
Creio, portanto, poder esperar que dentro de um mez possa ser franqueada a
hospedaria provisória dos emigrantes, com um deposito anexo(...) mediante a
modica despeza de reparos indispensáveis no edifício, e de algumas pequenas
bemfeitorias.37

O comunicado também informou a satisfação pela escolha do local referente a sua


posição geográfica:
A circunstancia de se achar a dita ilha apenas separada da imperial quinta da
Ponte do Cajú por um espaço, que poderá ser atravessado em cinco minutos
pouco mais ou menos, demonstra ainda a conveniencia dessa acquisição, pois
que pela proximidade e posição dos dois pontos indicados, fáceis se tornão as
communicações e os recursos necessários.38

Na edição de O Correio da Tarde, de 23 de outubro de 1857, as informações sobre a


Hospedaria também se referiam à sua boa localização e às condições nas quais os imigrantes
seriam recebidos:
Devendo ficar brevemente prompta a hospedaria provisória, que a associação
estabelece na ilha do Bom Jesus, no espaçoso e mui bem situado convento dos
religiosos de Santo Antonio, ali serão recebidos e tratados pelos preços mais
commodos todos os emigrantes que vierem por conta da associação, ou de
quem quer que fôr.

Fundão. COOPE-UFRJ. Disponível em: http://www.coppe50anos.coppe.ufrj.br/vivailha/pt/a-ilha/historia. Acesso


em 27 de janeiro de 2020.
37
AZAMBUJA, Bernardo Augusto Nascente de. [Communicações]. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
anno XXXVII, n.277, 11 de outubro 1857, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/45291 Acesso em 27 de março de 2020.
38
Ibidem.
69

O logar oferece as maiores facilidades para desembarque e embarque, está fóra


do contacto da população da corte, e conseguintemente ao abrigo das
enfermidades que por ventura appareçam.39

Entende-se com isso que a preocupação com a insalubridade da cidade, e os seus efeitos
no contingente de imigrantes estrangeiros que desembarcava, já se apresentava como questão
relevante no período. A escolha do local teve relação com os surtos epidêmicos que já tinham
acontecido durante a década, e o início do funcionamento da hospedaria foi acelerado devido à
ocorrência de um surto de febre amarela, no ano de 1857, que atingiu lugares para além do
Município da Corte, como Campos e Magé (PIMENTA; BARBOSA; KODAMA, 2015). Este surto
fez com que as autoridades consulares dos imigrantes que estavam por vir, como os franceses e
norte-americanos, questionassem o Governo brasileiro sobre a escolha de um lugar para abrigar
esses imigrantes, fazendo com que o Governo tomasse as medidas mais urgentes, como
informou o relatório da Secretaria de Estado dos Negócios do Império do ano de 1857:
Já no interesse da saúde publica, já no da colonisação, proveu sobre a sorte
dos colonos recém-chegados.
Para que se não conservassem aglomerados à bordo dos navios até que
tivessem destino, resolveu manda-los recolher na hospedaria, que a associação
central de colonisação havia estabelecido na Ilha do Bom Jesus para
recebimento dos que fossem contractados por sua conta, responsabilisando-se
o governo pelas despesas que com aquelles se fizessem emquanto ahi se
demorassem40.

O relatório também informou que o Governo alugou outras casas antevendo uma
possível superlotação da hospedaria, que ainda se encontrava desocupada, mas que em breve
receberia os primeiros colonos contratados pela Associação Central de Colonização. Todavia,
de acordo com o relatório do médico Antonio Félix Martins (1812-1892), então presidente da
comissão administrativa do Hospital Marítimo de Santa Isabel, localizado em Jurujuba, Niterói,
aqueles que fossem acometidos pela febre amarela deveriam ser remetidos para tal hospital,
onde, porém, as despesas do tratamento deveriam ficar a cargo das empresas que haviam trazido
os colonos41.

39
ASSOCIAÇÃO Central de Colonisação. O Correio da Tarde. Jornal comercial, politico, litterario e noticioso,
Rio de Janeiro, anno III, n.242, 23 de outubro 1857, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/090000/2601 Acesso em 27 de março de 2020.
40
OLINDA, Marquez de. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Segunda Sessão da Decima
Legislatura pelo Ministro e Secretário D´Estado dos Negocios do Império Marquez de Olinda Lima. Rio de Janeiro:
Typographia Universal de Laemmert, 1858, p.16. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados
Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/100#?c=0&m=26&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1225%2C0%2C4449%2C3138 Acesso
em 17 de março de 2019.
41
MARTINS, Antonio Félix. Relatório dos Trabalhos da Commissão Administrativa do Hospital Marítimo de
Santa Isabel apresentado a Secretaria de Estado dos Negócios do Império pelo presidente da dita Commissão o
doutor Antonio Felix Martins. In OLINDA, Marquez de. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na
70

Sendo assim, a utilização das instalações da Hospedaria da Ilha do Bom Jesus realizou-
se de forma antecipada ao previsto pela Associação Central de Colonização, o que não
significou que se realizou de forma improvisada. Em contrato celebrado com o Governo
Imperial, em 28 de março de 1857, uma das obrigações da Associação Central de Colonização,
estabelecida em seu artigo 13º, era:
(...) ter dentro de seis mezes, contados da approvação deste Contracto,
hospedarias e depositos provisorios nos lugares, que forem approvados pelo
Governo, para alojamento e sustento, quer dos colonos que importar, quer dos
que espontaneamente vierem para o Imperio sem contracto com empreza
alguma; com tanto que estes tenhão meios para pagar as despezas que tiverem
de fazer42.

Também ficou estabelecido que no “1º triennio depois deste Contracto deverá a
Associação ter prompta, pelo menos, huma grande hospedaria definitiva, sendo a planta do
edificio, suas condições hygienicas e Regulamentos internos dependentes da approvação do
Governo” 43.
A Hospedaria da Ilha do Bom Jesus foi inaugurada no dia 28 de novembro de 1857,
segundo a notícia veiculada na edição de 29 de novembro do Diario do Rio de Janeiro:
Foi hontem inaugurada a hospedaria provisória da Associação Central de
Colonisação na Ilha do Bom Jesus. Já para ella entrarão algumas das famílias
vindas no vapor Teutonia, e irão no 1º de dezembro 64 passageiros do mesmo
vapor contractados pela presidência da província do Rio Grande do Sul.
A hospedaria está montada com toda a decência, e as famílias desembarcadas
não parecem pertencer às classes inferiores, pois apresentam-se decentemente
vestidos e trazem grossa bagagem, inclusive um piano.44

A partir de então, menções à Hospedaria da Ilha do Bom Jesus, publicadas nos jornais
do Rio de Janeiro, principalmente, tornaram-se cada vez mais frequentes, seja em forma de
noticiário, informando a chegada de imigrantes, seja em forma de anúncio, divulgando o
estabelecimento. Como exemplos, podemos citar a edição de 11 de dezembro de 1857 do Jornal

Segunda Sessão da Decima Legislatura pelo Ministro e Secretário D´Estado dos Negocios do Império Marquez de
Olinda Lima. Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1858. In Relatórios Ministeriais (1821-1960).
Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources
Network. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/100#?c=0&m=26&s=0&cv=348&r=0&xywh=-
1098%2C0%2C4275%2C3015 Acesso em 17 de março de 2019.
42 BRASIL. Decreto nº 1.915, de 28 de março de 1857. Coleção de Leis do Império do Brasil de 1857, Rio de

Janeiro: Typographia Nacional, 1857. Tomo XX, Parte II, p.123. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-1915-28-marco-1857-557933-
publicacaooriginal-78700-pe.html. Acesso em 31 de janeiro de 2020.
43
Ibidem.
44
CHRONICA Diaria. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno XXXVII, n.325, 29 de novembro de 1857,
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/45483 Acesso em 27 de março de 2020.
71

do Commercio e a edição de 21 de dezembro do mesmo ano de O Correio da Tarde. Na


primeira, a matéria tinha um teor anunciativo sobre a Hospedaria e a Associação Central de
Colonização:
A Associação Central de Colonisação recebe em sua hospedaria na ilha de
Bom Jesus toda a sorte de colonos e emigrantes, que tiverem de demorar-se
neste porto, durante qualquer tempo.
A decência com que a hospedaria está montada, o bom tratamento que se dá
aos hospedes, a salubridade e a beleza do sitio, são já attestados pelas pessoas
que visitarão o sobredito estabelecimento, e podem ser verificados
diariamente pelos interessados.45

Tal informativo também apresentou o valor diário da hospedagem de acordo com a idade
dos imigrantes. O valor para crianças de 2 a 5 anos, era de 500 réis por dia, e de 5 a 10 anos era
de 700 réis por dia. Para o indivíduo acima dos 10 anos a diária era de 1.000 réis. A localização
do escritório da Associação também era informada, o qual estava estabelecido na rua Direita,
nº15, onde seria possível obter mais detalhes, como o guia de recepção na hospedaria e a questão
do emprego para os colonos e emigrantes.
Na reportagem de O Correio da Tarde, o relato de imigrantes agradecendo pela estadia
na Hospedaria também foi utilizado como uma forma para promover a hospedaria:
Os colonos abaixo assignados, chegados no vapor Teutonio e tratados na
hospedaria estabelecida pela Associação Central de Colonisação, na ilha do
Bom Jesus, tem como dever confessar publicamente sua gratidão pelo bom
tratamento que aqui tiveram e pela afabilidade e boas maneiras com que os
acolheu e tratou o administrador d’este estabelecimento o Sr. A. V. da Rocha.
A bela e saudável situação d’esta ilha, o ar fresco e puro que n’ella se respira,
unida as circunstancias supra-declaradas, tornaram-no a estada n’este porto
sumamente agradável e alegre, e d’ella conservaremos sempre a mais saudosa
recordação.46

Tais palavras de agradecimento, em matéria datada de 13 de dezembro de 1857, foram


descritas nesta edição do jornal como tendo sido proferidas e assinadas por 30 imigrantes e
cinco famílias, quais sejam a seguir: Kaspar Simon e sua família; Jacob Pauli e sua família;
Friederich Steim e sua família; Jacob Steim e sua família; e Carl Schaider e sua família.
Em fevereiro de 1858, o jornal O Parahyba apresentou a Hospedaria da Ilha do Bom
Jesus da seguinte maneira:
Esta hospedaria, estabelecida no vasto Convento da Ilha de Bom Jesus,
recomenda-se aos emigrantes chegados a este porto, pela salubridade e beleza

45
HOSPEDARIA de Emigrantes. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno XXXII, n.340, 11 de dezembro de
1857, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_04/12232 Acesso em 27 de março de 2020.
46
ASSOCIAÇÃO Central de Colonisação. O Correio da Tarde, Rio de Janeiro, anno III, n.291, 21 de dezembro
de 1857, p.2-3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/090000/2796 Acesso em 27 de março de 2020.
72

de sua situação, da qual se avista toda a Bahia e cidade do Rio de Janeiro,


pelas commodidaddes que lhes proporciona seus espaçosos alojamentos para
famílias e solteiros, e pela alimentação sadia e abundante, havendo a dous
passos banhos de mar e de agua doce.47

Esse mesmo periódico, assim como também o fez O Correio da Tarde, noticiou na
edição de maio a chegada de colonos de Portugal e da Galiza48. A notícia informou que os
favores concedidos pelo Governo Imperial, aos colonos importados pela Associação, havia
tornado as passagens mais baratas, e que entre os imigrantes que se encontravam naquela
Hospedaria havia “lavradores com famílias e sem ellas, carpinteiros navaes e de outras obras,
calafates, cavouqueiros, serradores, criados e criadas para o serviço domestico”49.
Além dos colonos citados, os noticiários informaram, entre maio e junho, a presença de
belgas, holandeses, franceses e alemães na Hospedaria do Bom Jesus, incluindo pedreiros,
marceneiros, ferreiros e serralheiros entre tais, profissões que não eram consideradas como
primordiais para a proposta de colonização50.
Na edição do Brasil Commercial, de 2 de junho de 1858, foi publicado um comunicado
em que foi mencionado a forma pela qual os imigrantes eram contratados, enfatizando-se a
melhoria que deveria ocorrer em tal questão por parte da Associação Central de Colonização:
“A Associação devia ter na hospedaria pessoa habilitada a fazer contractos para evitar as
delongas e transtornos que occasionão essas idas e voltas da côrte à ilha e vice-versa” 51.
A questão da distribuição e estabelecimentos dos imigrantes também apareceu no
relatório da Secretaria de Estado dos Negócios do Império, referente ao ano de 1858, no qual
foi informado que a Associação Central de Colonização havia passado por embaraços para dar
destino aos imigrantes que haviam vindo por meio de uma agência de Paris, contrariando suas

47
HOSPEDARIA dos Emigrantes na Ilha do Bom Jesus. O Parahyba, Rio de Janeiro, anno I, n.23, 18 de fevereiro
de 1858, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/809047/88 Acesso em 27 de março de 2020.
48
COLONOS Portugueses e da Galiza. O Parahyba, Rio de Janeiro, anno I, n.46, 15 de maio de 1858, p.4.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/809047/184 Acesso em 27 de março de 2020.
COLONOS Portugueses e da Galiza. O Correio da Tarde, Rio de Janeiro, anno IV, n.100, 8 de maio de 1858, p.3.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/090000/3221 Acesso em 27 de março de 2020.
49
COLONOS Portugueses e da Galiza. O Parahyba, Rio de Janeiro, anno I, n.46, 15 de maio de 1858, p.4.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/809047/184 Acesso em 27 de março de 2020.
50
ASSOCIAÇÃO Central de Colonisação. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno XXXIII, n.140, 24 de maio
de 1858, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_04/12882 Acesso em 6 de maio de 2020.
COLONISAÇÃO. A Voz da Nação, anno I, n.1, 6 de junho de 1858, p.4. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/730122/4 Acesso em 6 de maio de 2020.
ASSOCIAÇÃO Central de Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal, Rio de Janeiro,
anno XV, n.206, 31 de julho de 1858, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/217280/15028 Acesso
em 6 de maio de 2020.
51
COMMUNICADO. Brasil Commercial, Rio de Janeiro, anno I, n.76, 2 de junho de 1858, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/810282/292 Acesso em 27 de março de 2020.
73

ordens. Desta forma, foi necessária a intervenção do Governo Imperial, por meio da Repartição
Geral das Terras Públicas, para distribuir os imigrantes por diferentes núcleos coloniais52.
Além da questão do emprego, a questão alimentícia também foi noticiada em edições
do Correio Mercantil e do Jornal do Commercio, nos dias 12 e 13 de dezembro de 1858
respectivamente53. Estas matérias informaram a compra de suprimentos, como arroz, açúcar
mascavo, azeite, bacalhau, pó de café, farinha de mandioca, feijão, toucinho, banha derretida,
vinagre, chá e pão, para consumo da Hospedaria do Bom Jesus. Analisando a folha de
pagamento dos empregados da Associação, para o ano de 1857, Chrysostomo e Vidal
destacaram a presença de alguns corpos profissionais, como administradores, médicos,
enfermeiros, cozinheiros, serventes, marinheiros, foguistas, comerciantes e capelães
(CHRYSOSTOMO; VIDAL, 2014).
Apesar de não possuirmos dados precisos acerca do quantitativo de imigrantes que
passou pela Hospedaria do Bom Jesus, nos anos finais da década de 1850, sabemos, de acordo
com a tabela IV apresentada anteriormente nesta dissertação (página 64), que no final desta
década o número da entrada de imigrantes no Império teria aumentado, embora tenha ocorrido
uma queda no ano de 1857.
A intenção de atrair mais imigrantes fez com que o Governo Imperial estabelecesse, em
1858, um regulamento para a distribuição e estabelecimento dos imigrantes no Império. Este
regulamento reforçou a disposição da Associação Central de Colonização em receber as
demandas por imigrantes, e a responsabilidade da mesma com o contrato e o transporte dos
imigrantes até o porto de desembarque. O relatório da Secretaria de Estado dos Negócios do
Império, de 1858, assim informou:
Por este regulamento, contendo instrucções concernentes ao recebimento,
distribuição e estabelecimento de imigrantes no paíz, tem proporcionado o
governo imperial favores e vantagens; não só aos que espontaneamente
chegarem aos portos do império, e quiserem estabelecer-se nas colônias
creadas pelo governo, comprando ahi terras; como aos que, dentro do prazo

52
MACEDO, Sérgio Teixeira de. Relatorio apresentado a Assembléa Geral Legislativa na Terceira Sessão da
Decima Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Império Sérgio Teixeira de Macedo.
Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1859. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via
base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network.
Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/100#?c=0&m=27&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1108%2C-
1%2C4231%2C2985 Acesso em 17 de março de 2019.
53
ASSOCIAÇÃO Central de Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal., Rio de Janeiro,
anno XV, n.335, 12 de dezembro de 1858, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/217280/15557
Acesso em 27 de março de 2020.
ASSOCIAÇÃO Central de Colonisação. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno XXXIII, n.342, 13 de
dezembro de 1858, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_04/13763
Acesso em 31 de março de 2020.
74

de três annos, se contractarem com os fazendeiros e lavradores, mediante as


condições de salário, parceria, ou de outra natureza54.

O relatório também atentou para interesses pujantes do contexto, a saber: a promoção


simultânea dos pequenos proprietários, e a possibilidade de mais tarde poderem convidar
parentes e compatriotas; e a colonização dos trabalhadores livres, que mesmo tendo iniciando
na lavoura, poderiam se tornar pequenos proprietários, desde que adquirissem certa quantia para
tal. As notícias veiculadas em alguns periódicos nos anos finais da década de 1850 permitem
que saibamos sobre alguns dos números das levas de imigrantes que chegaram em tal
Hospedaria.
Podemos citar as edições de 19 e 21 de fevereiro de 1858 do Diario do Rio de Janeiro.
Na primeira foi noticiado que “foram recolhidos á hospedaria da associação central de
colonização, na Ilha do Bom Jesus, 78 colonos engajados pelo ministério da marinha para os
trabalhos do arsenal”55. Esta edição ainda informou que o Governo Imperial, a Associação
Central de Colonização e a Provedoria de Saúde haviam acordado que, enquanto durasse a
epidemia de febre amarela, todos os imigrantes que chegassem no porto deveriam ser
transferidos para a Hospedaria. Na edição de 21 de fevereiro, noticiou-se que 94 colonos, que
haviam chegado no porto no dia anterior, seriam removidos para a Hospedaria56.
Na edição de 4 de abril de 1858 do Correio Mercantil, a presença de imigrantes na
Hospedaria foi referida na parte dos anúncios:
Na hospedaria da ilha do Bom Jesus existem para se engajarem diversos
moços portugueses do Porto e Açores, para o serviço doméstico, e um alfaiate,
um jardineiro, um sapateiro, um pedreiro e três famílias, proprias para a
lavoura, todos aproximadamente chegados; tratão-se na mesma hospedaria57.

54
MACEDO, Sérgio Teixeira de. Relatorio apresentado a Assembléa Geral Legislativa na Terceira Sessão da
Decima Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Império Sérgio Teixeira de Macedo.
Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1859. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via
base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network.
Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/100#?c=0&m=27&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1108%2C-
1%2C4231%2C2985 Acesso em 17 de março de 2019.
55
CHRONICA Diária. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno XXXVIII, n.47, 19 de fevereiro de 1858,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/45787 Acesso em 27 de março de 2020.
56
CHRONICA Diária. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno XXXVIII, n.49, 21 de fevereiro de 1858,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/45795 Acesso em 27 de março de 2020.
57
COLONOS. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal, Rio de Janeiro, anno XV, n.90, 4 de abril de
1858, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/217280/14559 Acesso em 27 de março de 2020.
75

No ano de 1859, esse mesmo periódico informou sobre a morte de um imigrante que
estava na Hospedaria da Ilha do Bom Jesus. O imigrante havia contraído febre amarela, fora
conduzido ao Hospital Marítimo de Santa Isabel, mas não havia resistido58.
Ainda assim, o relatório da Secretaria de Estado dos Negócios do Império, referente ao
ano de 1859, que, curiosamente não apresentou nenhuma informação sobre a Hospedaria de
Bom Jesus no tópico referente à emigração, informou sobre a necessidade de mais braços para
a lavoura e sobre a forma pela qual os fazendeiros estavam lidando com o auxílio fornecido
pelo Governo Imperial:
(...)infelizmente não estão as encomendas por elles feitas na proporção do que
se devia esperar á vista da necessidade do supprimento dos braços que lhes
faltão e das vantagens que lhes são offerecidas.
Apenas teve a Associação Central de Colonisação encomendas de differentes
fazendeiros para o engajamento de 2.178 colonos com a expressa declaração
de que fossem portugueses, sendo apenas uma de pequeno numero de
italianos59.

O relatório também informou sobre a preferência manifestada pelos fazendeiros


brasileiros em relação aos imigrantes portugueses, tendo em vista a facilidade com a língua, os
costumes, a religião, o modo de viver, e a adaptação dos portugueses ao salário ou sistema de
parceria. No entanto, esta preferência poderia dificultar a introdução de braços livres, e assim
deveria ser combatida com medidas que estimulassem tanto os fazendeiros a importarem
imigrantes de nacionalidades que não a portuguesa, quanto os imigrantes a adaptarem-se ao
salário ou ao sistema de parceria.
Em 29 de maio de 1860, a edição do periódico O Paiz transcreveu o Relatório da
Associação Central de Colonização apresentado à Assembleia Geral dos acionistas na sessão
de 22 de maio de 1860 na seção sobre colonização60. De autoria de seu presidente, o médico
Cândido Borges Monteiro, o relatório apresentou, entre outras informações, o quantitativo de
657 colonos que estavam recolhidos na Hospedaria da Ilha do Bom Jesus naquele momento.

58
NOTICIAS Diversas. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal, Rio de Janeiro, anno XVI, n.138, 20
de maio de 1859, p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/217280/16179
Acesso em 31 de março de 2020.
59
PEREIRA FILHO, João de Almeida. Relatorio apresentado a Assembléa Geral Legislativa na Quarta Sessão da
Decima Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Império João de Almeida Pereira Filho.
Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1860, p.58-59. In Relatórios Ministeriais (1821-1960).
Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources
Network. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/100#?c=0&m=28&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1163%2C-
1%2C4404%2C3107 Acesso em 17 de março de 2019.
60
MONTEIRO, Candido Borges. Relatorio da Associação Central de Colonização apresentado à Assembleia Geral
dos acionistas na sessão de 22 de maio de 1860. Colonisação. O Paiz, Rio de Janeiro, anno I, n.10, 29 de maio de
1860, p.1-2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364843/33 Acesso em 27 de março de 2020.
76

Com a criação da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras


Públicas, pelo decreto n. 1.067, de 28 de julho de 1860, muitos dos assuntos que eram da
responsabilidade da Secretaria de Estado dos Negócios do Império passaram para a nova pasta,
inclusive os referentes à imigração e colonização61.
De acordo com Louise Gabler, as competências e a estrutura administrativa da nova
pasta foram regulamentadas pelos decretos n. 2.747 e n. 2.748, ambos de 16 de fevereiro de
186162. A nova Secretaria iniciou os trabalhos em 11 de março de 1861, alojada provisoriamente
“no mesmo edifício onde funcionava a Secretaria de Estado dos Negócios do Império, na rua
da Guarda Velha. Em 8 de julho, mudou-se para o próprio nacional localizado no n. 41 do
Campo da Aclamação (..)” (GABLER, 2012: 10). Segundo esta autora, a nova pasta também
ficou responsável por outras atribuições, que anteriormente pertenciam à Secretaria de Estado
dos Negócios da Justiça, como os negócios relativos à iluminação pública da Corte, telégrafos,
o serviço da extinção dos incêndios e as companhias de bombeiros.
Gabler também destaca que a nova pasta foi organizada e dividida em quatro diretorias,
sendo elas: Central e dos Negócios da Agricultura, Comércio e Indústria; de Obras Públicas e
Navegação; dos Correios; e das Terras Públicas e Colonização. Esta última absorveu as
competências da Repartição de Terras Públicas e Colonização, com a qual o Governo Imperial
e a Associação Central de Colonização haviam firmado, em 1857, um contrato que visava a
importação de 50 mil colonos estrangeiros.
Com a criação dessa nova pasta, as informações sobre a Associação Central de
Colonização e a Hospedaria da Ilha de Bom Jesus passaram a integrar os relatórios de tal
Secretaria. O relatório do ano de 1861 informou o seguinte cenário:
A associação central de colonisação, limitada hoje a ser intermediaria entre os
fazendeiros, e os colonos assalariados, tem a seu cargo a hospedaria dos
emigrantes estabelecida na ilha do Bom Jesus, e vai-se mantendo sem exigir
do governo outros auxílios pecuniários, além dos que já lhe foram prestados.
Tem conseguido recompor seu capital, dar bons dividendos, dos quaes entra
com uma parte para o tesouro, conforme o § 7 do art. 8] do seu contracto de
de 1º de maio de 1858; e está habilitada para satisfazer os adiantamentos feitos
pelo governo, quando aconteça verificar-se qualquer das hypotheses de sua
dissolução; ficando ainda um saldo para os acionistas.

61
BRASIL. Decreto Legislativo n. 1.067 de 28 de julho de 1860. Coleção das Leis do Império do Brasil, Rio de
Janeiro, 1860. Tomo XXI, parte 1, p. 15. In SENADO FEDERAL. Portal legislação. Disponível em:
http://legis.senado.leg.br/sicon/#/pesquisa/lista/documentos Acesso em 6 de maio de 2020.
62
BRASIL. Decreto n. 2.747, de 16 fevereiro de 1861. In Coleção das leis do Império do Brasil, Rio de Janeiro,
1861. Tomo XXIV, parte 2, p. 127. In SENADO FEDERAL. Portal legislação. Disponível em:
http://legis.senado.leg.br/sicon/#/pesquisa/lista/documentos Acesso em 6 de maio de 2020.
BRASIL. Decreto n. 2.748, de 16 de fevereiro de 1861. In Coleção das leis do Império do Brasil, Rio de Janeiro,
1861. Tomo XXIV, parte 2, p. 129. In SENADO FEDERAL. Portal legislação. Disponível em:
http://legis.senado.leg.br/sicon/#/pesquisa/lista/documentos Acesso em 6 de maio de 2020.
77

Mediante algumas providencias dadas por diversos avisos deste ministério,


tem sido mantida na hospedaria a maior regularidade do serviço necessário ao
bem-estar dos colonos; e, evitados os motivos de queixa, é de esperar que esta
associação continue a ser um importante auxiliar do governo, no conveniente
recebimento, e alojamento provisório dos emigrantes que chegarem á esta
côrte63.

Embora tenha funcionado até março de 186564, a Hospedaria da Ilha do Bom Jesus, de
acordo com o trecho citado acima, possuía um caráter provisório, o que também foi afirmado
em algumas edições de periódicos do período. Mesmo não sendo uma hospedaria definitiva,
como o Governo Imperial desejava, o caráter provisório não impediu que a Hospedaria da Ilha
do Bom Jesus funcionasse até a meados da década de 1860, período em que a Associação
Central de Colonização ficou limitada ao papel de intermediadora dos anseios dos fazendeiros
e do Governo Imperial, não tendo conseguido, assim, cumprir plenamente sua missão inicial de
promover a vinda de 50 mil imigrantes65.
O Governo Imperial, principalmente em épocas de surto das doenças que mais
grassavam a cidade do Rio de Janeiro, como a febre amarela, a varíola e o cólera, tinha na Junta
Central de Higiene um importante mediador para que as instalações no convento dos
Franciscanos pudessem ser utilizadas pela Associação Central de Colonização. Nesse sentido,
não podemos deixar de considerar a Hospedaria da Ilha do Bom Jesus como a primeira e
significativa tentativa de criação de um local de recepção de imigrantes na capital da Corte.
No ano de 1861, o relatório da 3ª diretoria da Secretaria de Estado dos Negócios da
Agricultura, ou seja, da repartição das Terras Públicas e Colonização, informou que a

63
MELLO, Manoel Felizardo de Souza e. Relatorio da Agricultura, Commercio e Obras Públicas apresentado á
Assembléa Geral Legislativa na Segunda Sessão da Decima Primeira Legislatura pelo respectivo Ministro e
Secretario de Estado Manoel Felizardo de Souza e Mello. Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert,
1862. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do
Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=1&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1139%2C0%2C4356%2C3072
Acesso em 17 de março de 2019.
64
DANTAS, Manoel Pinto de Souza. Relatorio apresentado á Assembleá Geral Legislativa na Segunda Sessão da
Decima Terceira Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocioas da Agricultura, Commercio e
Obras Públicas Manoel Pinto de Souza Dantas. Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1868. In
Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for
Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=9&s=0&cv=1&r=0&xywh=179%2C1760%2C2046%2C1443
Acesso em 17 de março de 2019.
65
BELLEGARDE, Pedro de Alcantara. Relatorio apresentado á Assembleia Geral Legislativa na Terceira Sessão
da Decima Primeira Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e
Obras Públicas Pedro de Alcantara Bellegarde. Rio de Janeiro: Typographia Perseverança, 1863, p.84. In
Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for
Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=2&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1175%2C-1%2C4140%2C2921 Acesso
em 17 de março de 2019.
78

“colonização promovida diretamente pelos fazendeiros e outros particulares para trabalharem


de parceria, ou a salario em suas propriedades ruraes, foi ella quase nulla no ultimo ano”66. Este
relatório também apresentou informações sobre o contrato celebrado entre o Governo Imperial
e a Casa Comercial de Steinmann, da Antuérpia (Bélgica), e sobre a diferenciação entre o
tratamento adotado para os imigrantes que possuíssem destino definido, e o daqueles que não
tivessem essa definição.
De acordo com o contrato, os imigrantes que chegassem ficariam livres para escolher os
seus destinos, mas não poderiam exigir do Governo Imperial subvenções ou auxílios. Aqueles
que, por sua vez, declarassem, ainda a bordo do navio, que tinham o desejo de ir para as colônias
do Governo, comprando terras para se estabelecer como pequenos proprietários, poderiam se
estabelecer na Hospedaria da Ilha do Bom Jesus às custas do Governo Imperial, não tendo que
custear nada até que pudessem seguir para o destino escolhido. Por outro lado, os que não
quisessem ir para as colônias do Governo Imperial também poderiam ficar na Hospedaria, mas
teriam que arcar com as despesas que fizessem67. Essa diferenciação também foi expressa no
relatório do ano de 186268.
Como já vimos nessa dissertação, a Associação Central de Colonização foi substituída
pela Agência Oficial de Colonização em 1864. Porém, o relatório da Secretaria de Estado dos
Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, apresentado em 1863 à Assembleia Geral
Legislativa na 1ª sessão da 12ª legislatura, já informava a previsão dessa mudança:
A associação central de colonisação, posto que acabasse o tempo do seu
contracto, continua ainda provisoriamente a funcionar. Resulta de um estudo
acurado sobre a historia e estado da mesma associação e dos serviços que ella
prestou, que mais conveniente será a sua substituição por uma agencia
immediatamente subordinada a este ministério. Esta solução virá ser tomada

66
AZAMBUJA, Bernardo Augusto Nascente de. Relatorio das Terras Publicas e Colonisação apresentado em 28
de fevereiro de 1862 ao Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Ministro e Secretario d’Estado dos Negocios da
Agricultura, Commercio e Obras Públicas pelo Diretor da Terceira Diretoria Bernardo Augusto Nascentes de
Azambuja. Rio de Janeiro: Typographia de João Ignacio da Silva, 1868, p.32. In MELLO, Manoel Felizardo de
Souza e. MELLO, Manoel Felizardo de Souza e. Relatorio da Agricultura, Commercio e Obras Públicas
apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Segunda Sessão da Decima Primeira Legislatura pelo respectivo
Ministro e Secretario de Estado Manoel Felizardo de Souza e Mello. Rio de Janeiro: Typographia Universal de
Laemmert, 1862. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government
Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=1&s=0&cv=560&r=0&xywh=-1155%2C-1%2C4356%2C3073
Acesso em 17 de março de 2019.
67
Ibidem, p.2.
68
BELLEGARDE, Pedro de Alcantara. Relatorio apresentado á Assembleia Geral Legislativa na Terceira Sessão
da Decima Primeira Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e
Obras Públicas Pedro de Alcantara Bellegarde. Rio de Janeiro: Typographia Perseverança, 1863, p.84. In
Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for
Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=2&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1175%2C-1%2C4140%2C2921 Acesso
em 17 de março de 2019.
79

brevemente por se acharem os papeis preparados com todas as informações


necessarias, e um desenvolvido parecer da secção do conselho de estado69.

Já o relatório apresentado à Assembleia Geral Legislativa, na 2ª sessão da 12ª legislatura


de 1864, informou que a Associação Central de Colonização se encontrava dissolvida:
Esta associação acha-se dissolvida, e entrou para o thesouro nacional com a
somma de 350: 000$ importância do empréstimo, que lhe havia feito o
governo imperial.
Os serviços que lhe eram incumbidos em favor dos emigrantes e colonos, e
bem assim as attribuições que pelo decreto do 1º de maio de 1858 competiam
á comissão de emigrantes por ele creada, ficaram pertencendo a um agente
subordinado a este ministério de conformidade com o regulamento aprovado
pelo decreto n.3.254 de 20 do mez findo70.

O relatório do ano de 1864 apresentou informação ratificando esta dissolução, e


informou, também, que a Hospedaria da Ilha do Bom Jesus havia sido entregue ao Governo
Imperial, mediante uma pequena indenização, e passava a ser dirigida, assim como a Agência
Oficial de Colonização que havia substituído Associação Central de Colonização, pelo político
e professor de matemática na Escola Central do Rio de Janeiro, Ignacio da Cunha Galvão (1821-
1906) 71.
De acordo com o relatório da Agência Oficial de Colonização, para o ano de 1867, anexo
ao relatório da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas,
em março de 1865 a hospedaria do Governo Imperial havia deixado de estar instalada no
convento dos Franciscanos, ou seja, na Ilha do Bom Jesus, também denominada Ilha dos Frades.

69
BELLEGARDE, Pedro de Alcantara. Relatorio apresentado á Assembleia Geral Legislativa na Primeira Sessão
da Decima Segunda Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e
Obras Públicas Pedro de Alcantara Bellegarde. Rio de Janeiro: Typographia Perseverança, 1864. p.28. In
Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for
Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=4&s=0&cv=1&r=0&xywh=28%2C1517%2C2070%2C1460
Acesso em 17 de março de 2019.
70
RIBEIRO, Domiciano Leite. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Segunda Sessão da Decima
Segunda Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Públicas Domiciano Leite Ribeiro. Rio de Janeiro: Typographia Paula Brito, 1864, p.22. In Relatórios Ministeriais
(1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global
Resources Network. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=5&s=0&cv=2&r=0&xywh=-
1167%2C-1%2C4140%2C2921
Acesso em 17 de março de 2019.
71
SÁ, Jesuino Marcondes de Oliveira. Relatório apresentado á Assembléia Geral Legislativa na Terceira Sessão
da Decima Segunda Legislatura pelo Ministro e Secretário de Estados dos Negocios d´Agricultura, Commercio e
Obras Públicas Jesuino Marcondes de Oliveira e Sá. Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1865.
In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for
Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=6&s=0&cv=2&r=0&xywh=-1186%2C0%2C4227%2C2981 Acesso
em 6 de mai0 de 2020.
80

Ignácio da Cunha Galvão, diretor da Agência Oficial de Colonização, descreveu o encerramento


das atividades de tal Hospedaria da seguinte forma:
Reclamando naquella data, o ministério da Guerra o edifício para
aquartelamento de tropa, que vindo das diversas províncias se reunia na côrte
com destino ao theatro da guerra, fiz, por ordem do governo, entrega ao dito
ministério do edifício e dos objetos nelle existentes, reservando apenas os
aposentos, leitos e mais preparos necessários para acomodar-se uma
expedição de 50 a 60 colonos, máximo que se presumia poderem chegar.
Aquartelou-se logo ali o 14º batalhão de voluntários da Bahia, e, em pouco
tempo, as exigências do seu commandante, e o estado dos espíritos das praças
tornarão evidente que não era possível reunnir debaixo do mesmo tecto a tropa
e os colonos, e nesse sentido officiei ao governo, solicitando a remoção
temporária da hospedaria dos imigrantes para outra localidade72.

O relatório do diretor da Agência Oficial de Colonização também informou sobre a


transferência da hospedaria para um grande prédio na Praia Formosa, “pertencente aos herdeiros
do fallecido José Maria de Sá, ficando o governo com o direito á casa por espaço de tres annos,
podendo porem no fim de um, despeja-la sem indemnisação alguma”73.
Com capacidade para mais de 300 imigrantes, tinha como ponto positivo as salas bem
arejadas, e como pontos negativos a insalubridade e a localidade, sendo permissível apenas a
chegada de barcos de pequeno calado. De acordo com diretor da Agência Oficial de
Colonização, a Hospedaria na Praia Formosa fora destinada exclusivamente a imigrantes de
trabalho manual, e por mais de dois anos havia recebido pequenas levas de imigrantes isolados,
vindos, em sua maioria, de forma espontânea, e levas de imigrantes que já se encontravam em
território brasileiro, mas desejavam se estabelecer em colônias do Governo Imperial.
Contudo, o estabelecimento desta hospedaria na Praia Formosa não cancelou a intenção
do diretor da Agência Oficial de Colonização de utilizar as instalações no Morro da Saúde para
uma hospedaria. Como apresentado no relatório da Secretaria de Estado dos Negócios da
Agricultura, Comércio e Obras Públicas, de 1865, havia toda uma preocupação em se exaltar o
clima, o solo, o preço das terras e a índole do povo brasileiro, como forma de atrair imigrantes

72
GALVÃO, Ignácio da Cunha. Relatorio da Agencia Official de Colonisação apresentado pelo Dr. Ignácio da
Cunha Galvão. Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1868, p.14. In . DANTAS, Manoel Pinto
de Souza. Relatorio apresentado a Assembleia Geral Legislativa na Segunda Sessão da Decima Terceira
Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocioas da Agricultura, Commercio e Obras Públicas
Manoel Pinto de Souza Dantas. Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1868. In Relatórios
Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research
Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=9&s=0&cv=445&r=0&xywh=-1071%2C-1%2C4093%2C2888
Acesso em 17 de março de 2019.
73
Ibidem, p.14.
81

e elevar a corrente imigratória74. E de acordo com Ignacio da Cunha Galvão, com a


impossibilidade de utilização das instalações na Ilha do Bom Jesus, e a insalubridade da área
da Praia Formosa, era importante encontrar um local adequado para a recepção de imigrantes:
Tendo por ocasião desta mudança examinado quasi todas as situações do
littoral, que se podião prestar para o duplo fim do fácil desembarque e boa
acommodação para os imigrantes, reconheci que a que melhores proporções
oferecia era a propriedade do morro da Saude, onde estava então o hospital
Godinho, e a indiquei como tal ao governo, para o caso em que se tratasse de
promover efficazmente a immigração75.

2.2 – A Hospedaria do Morro da Saúde

Enquanto a Hospedaria da Ilha de Bom Jesus, considerada como provisória, mas ainda
assim uma hospedaria do Governo Imperial, tenha pertencido à Associação Central de
Colonização, a Hospedaria do Morro da Saúde iniciou suas atividades sob a responsabilidade
direta da Agência Oficial de Colonização, que como já mencionado nesta dissertação, teve sua
criação possibilitada pelo decreto de 20 de abril de 186476.
A Agência Oficial de Colonização ficou responsável pela Hospedaria do Morro da
Saúde até 1876, quando a Inspetoria Geral de Terras e Colonização foi criada pela Secretaria
de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e aglutinou assim como a
Agência Oficial, a Comissão do Registro Geral e Estatística das Terras Públicas e Possuídas 77.

74
SOUZA, Antonio Francisco de Paula. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Quarta Decima
Segunda Legislatura pelo Ministro e Secretario da Agricultura, Commercio e Obras Públicas Dr. Antonio
Francisco de Paula Sousa. Rio de Janeiro: Typographia Perseverança, 1866. In Relatórios Ministeriais (1821-
1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global
Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=7&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1131%2C0%2C4356%2C3072
Acesso em 17 de março de 2019.
75
GALVÃO, Ignácio da Cunha. Relatorio da Agencia Official de Colonisação apresentado pelo Dr. Ignácio da
Cunha Galvão. Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1868, p.14. In . DANTAS, Manoel Pinto
de Souza. Relatorio apresentado a Assembleia Geral Legislativa na Segunda Sessão da Decima Terceira
Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocioas da Agricultura, Commercio e Obras Públicas
Manoel Pinto de Souza Dantas. Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1868. In Relatórios
Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research
Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=9&s=0&cv=445&r=0&xywh=-1071%2C-1%2C4093%2C2888
Acesso em 17 de março de 2019.
76
BRASIL. Decreto nº 3.254, de 20 de abril de 1864. In Coleção de Leis do Império do Brasil de 1864, Rio de
Janeiro: Typographia Nacional, 1864. Tomo XXVII, Parte II, p. 59-60. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-3254-20-abril-1864-554842-publicacaooriginal-
73797-pe.html. Acesso em 16 de dezembro de 2019.
77
BRASIL. Decreto n. 6.129, de 23 de fevereiro de 1876. In Coleção de Leis do Império do Brasil de 1876, Rio
de Janeiro: Typographia Nacional, 1876. Tomo XXXIX, Parte II, vol.1, p.247-255. Disponível em:
82

O Morro da Saúde recebeu esse nome por estar situado próximo ao bairro da Saúde,
embora esteja geograficamente localizado no bairro da Gamboa, ambos pertencentes à Zona
Central da cidade do Rio de Janeiro.

Ilustração VI- Localização do Morro da Saúde. Apud Localização e Itinerário para o Morro da Saúde. In
Cidade-Brasil. Disponível em: https://www.cidade-brasil.com.br/nos-arredores-morro-da-saude.html.
Acesso em 27 de janeiro de 2020.

Em meados dos anos 1860 o Morro da Saúde continha um conjunto de prédios de


propriedade de José Rodrigues Ferreira, filho do antigo proprietário de mesmo nome, que foi
arrendado por meio de um contrato com o Governo Imperial, para instalar uma hospedaria,
segundo as seguintes condições:
1ª. A propriedade do Dr. José Rodrigues Ferreira, sita no morro da Saude,
onde actualmente existe o estabelecimento do Dr. Godinho, fica alugada ao
governo para alojamento de emigrantes ou outros fins, pelo tempo de dous
annos a contar da presente data, e mediante o preço de seis contos de réis por
anno, pago em prestações mensaes depois de vencidas.
2ª. Os edifícios que fazem objeto deste contracto, são todos os que constituem
o actual estabelecimento do Dr. Godinho, suas dependências e os sobrados e
armazens, que ficam fronteiros ao trapiche, e bem assim todo o terreno da
chacara e direitos de sahida sobre o mar e ruas.
3ª. Os encargos da decima e concessão do goso d’agua, ficão correndo por
conta do governo.
4ª. O governo, entrando no goso da propriedade do Dr. Ferreira, tem o direito
de fazer todas as obras ou trabalhos, que entender convenientes ao fim que
tem em vista. Por essas obras ou trabalhos não exigirá indemnisação do
proprietário, salvo os casos de accordo especial.

https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-6129-23-fevereiro-1876-549093-
publicacaooriginal-64440-pe.html Acesso em 17 de dezembro de 2019.
83

5ª. O governo se obriga a conservar o prédio, pelo menos no estado em que


actualmente se acha, não se devendo considerar como damnificação ou
estragos as obras que importarem melhoramento, aformoseamento ou
utilidade da propriedade do Dr. Ferreira.
6ª. O Dr. Ferreira se obriga a não transferir os prédios e chácara por venda ou
outro qualquer titulo sem a clausula de que será mantido o presente contracto,
até o fim do praso estipulado na condição 1ª.
7ª. Obriga-se também, quando findar o dito praso, a prorrogar o contracto de
arrendamento, com as mesmas condições aqui descriptas, pelo tempo que o
governo determinar, com tanto que essa prorrogação feita de uma só ou mais
vezes, não exceda a três annos.
8ª. Toda e qualquer questão ou duvida, que se suscitar a respeito da
inteligencia ou cumprimento do presente contracto, será decidida
particularmente por árbitros nomeados por ambas as partes, que se sujeitarão
ás decisões d’elles, sem appellação ou recurso aos tribunaes78.

O Ministro da Agricultura, Comercio e Obras Públicas à época, Manoel Pinto de Souza


Dantas, fez com que prontamente a Hospedaria começasse a funcionar ali no Morro da Saúde,
com capacidade para receber 400 pessoas, substituindo, então, as hospedarias da Praia Formosa
e da Rua da Imperatriz. Esta última havia sido cedida ao Governo Imperial pela Sociedade
Internacional de Imigração, que fora fundada em 1866. Sobre estas duas hospedarias, Betty
Antunes de Oliveira destacou:
Em 1865, já funcionava a Hospedaria da Praia Formosa, n° 161, da Praia do
mesmo nome. Ficava na área onde hoje se encontra a Rodoviária Novo Rio,
mais especificadamente na rua que passa atrás do grande prédio. Em 1866,
com o aumento de chegada de imigrantes de várias nacionalidades, a
Sociedade Internacional de Imigrantes, entidade particular, instalou uma outra
hospedaria na Rua da Imperatriz, n° 171 (hoje Rua do Camerino), perto da
Praia da Imperatriz, que, ao tempo estaria numa das esquinas com a que hoje
é Avenida Presidente Vargas, perto do Colégio Pedro II. Nessa época, o Rio
de Janeiro ainda não possuía cais para navios de maior calado e desta maneira
estes navios permaneciam fundeados na Baía de Guanabara. Assim, havia
diversos cais pequenos de embarque e desembarque, estabelecidos em terra
firme, ao longo da orla marítima. Há referências ao “Cais Pharoux” (que
ficava no Largo do Paço), ao “Cais da Imperatriz”, ao da “Praia Formosa”, ao
“Cais da Saúde”, etc. O desembarque dos imigrantes estava condicionado a
qual hotel ou hospedaria seriam encaminhados. Daí que eram usados
respectivamente o cais da Praia Formosa e o cais da Imperatriz para as duas
hospedarias citadas (OLIVEIRA, 2019: 1).

78
DANTAS, Manoel Pinto de Souza; FERREIRA, José Rodrigues. Contracto que fez o governo imperial, para
arrendamento do predio sito no morro da Saude, de propriedade do Dr. José Rodrigues Ferreira, debaixo das
seguintes condições. p.1-2. In DANTAS, Manoel Pinto de Souza. Relatorio apresentado á Assembléa Geral
Legislativa na Primeira Sessão da Decima Terceira Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios
da Agricultura, Commercio e Obras Públicas Manoel Pinto de Souza Dantas. Rio de Janeiro: Typographia
Perseverança, 1867. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government
Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=8&s=0&cv=329&r=0&xywh=-1087%2C-1%2C4140%2C2921
Acesso em 17 de março de 2019.
84

A história destas duas hospedarias está inserida em um contexto no qual havia se


intensificado a busca por uma hospedaria definitiva, pois a Hospedaria da Ilha do Bom Jesus
havia sido extinta em 1865. Neste período, também, se processaram mudanças na estrutura
administrativa, pois a Agência Oficial de Colonização buscava consolidar sua atuação na
promoção da vinda de imigrantes, o que a extinta Associação Central de Colonização não havia
conseguido realizar.
Em um primeiro momento, a proximidade das hospedarias da Praia Formosa e da Rua
da Imperatriz com os locais de desembarque dos imigrantes, fez com que estas fossem
aceitáveis. Por outro lado, essa mesma proximidade com a região portuária, tendo em vista as
epidemias que comumente atingiam a capital da Corte, fez com que a escolha pelos prédios no
Morro da Saúde, no centro da cidade, fosse uma decisão mais aceitável.
Na edição de 13 de março de 1867 do Jornal do Brazil, a Hospedaria da Rua da
Imperatriz foi descrita como um espaço que abrigava imundícies capazes de provocar
enfermidades se estas não fossem removidas79.
Reznik e Fernandes destacaram:
Essas instituições foram concebidas para isolar os imigrantes recém-chegados
da cidade febril e, consequentemente, impedir sua morte. A preocupação das
autoridades era não deixar que a força de trabalho europeia, sadia e vigorosa,
fosse penalizada e enfraquecida pela situação insalubre da cidade (REZNIK;
FERNANDES, 2014: 240).

No relatório da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, do ano de 1866,


Manoel Pinto de Souza Dantas, então ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas,
apresentou tal situação da seguinte forma:
A experiencia, porem, mostrou em breve que duas hospedarias, distantes uma
da outra, não podiam ter a precisa unidade de administração e fiscalisação, e
portanto julguei de toda a conveniência reunil-as em um só edifício.
Para se realizar este pensamento foi arrendado o prédio, de propriedade do dr.
José Rodrigues Ferreira, situado no morro da Saude, que offerece as
acomodações apropriadas80.

79
NOTICIAS. Jornal do Brazil, Rio de Janeiro, anno I, n.16, 13 de março de 1867, p.1-2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/809861/61 Acesso em 27 de março de 2020.
80
DANTAS, Manoel Pinto de Souza. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Primeira Sessão da
Decima Terceira Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Públicas Manoel Pinto de Souza Dantas. Rio de Janeiro: Typographia Perseverança, 1867. In Relatórios
Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research
Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=8&s=0&cv=2&r=0&xywh=-1093%2C-1%2C4184%2C2952
Acesso em 17 de março de 2019.
85

MORRO DA SAÚDE

Ilustração VII- Localização da Hospedaria do Morro da Saúde. Parte do mapa. Mc KINNEY, A.M.; LEEDE R., R. Guia e plano
da Cidade do Rio de Janeiro. [S. I.]: [S. I.]. 1838. Disponível em:
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart309960/cart309960.jpg. Acesso em 12 de novembro de 2019.

Iraci Girardi Presa, ao mencionar a Hospedaria do Morro da Saúde, denominou-a como


hospedaria do Governo, para onde alguns dos imigrantes que chegavam com suas bagagens no
porto do Rio de Janeiro, no cais da Praça da Harmonia, eram conduzidos em carroças, partindo
desse mesmo cais os imigrantes que seguiriam para outras províncias pelo além-mar (PRESA,
1977). A ideia de que a Hospedaria do Morro da Saúde era uma hospedaria do Governo, pode
ser constatada nos relatórios da Agencia Oficial de Colonização e da Secretaria de Estado dos
Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, para o ano de 1866. Este último informou
que havia, naquele momento, 540 imigrantes na Hospedaria do Morro da Saúde 81.
O mesmo relatório comentou sobre a satisfação existente quanto aos serviços que eram
realizados pela Agencia Oficial de Colonização:
A importância dos serviços que agencia presta, manifesta-se pelo facto de
estarem a seu cargo a visita e o exame dos navios que entram no porto desta
cidade com immigrantes, e a manutenção da hospedaria em que estes, á sua
chegada, são recebidos, sustentados e agasalhados até seguirem para os
lugares, onde se têem de estabelecer definitivamente82.

Já o relatório do ano de 1867 enfatizou o aspecto positivo da Hospedaria no Morro da


Saúde:

81
Ibidem, p.68.
82
Ibidem, p.69.
86

O bom agasalho e tratamento que tiveram estes imigrantes, assim como os que
os teem precedido, na vasta e commoda hospedaria estabelecida pelo governo
no Morro da Saude, dão testemunho da efficacia, com que este cura do bem-
estar dos que, deixando sua terra natal, vem associar-se aos nossos
destinos(...)83.

As instalações da Hospedaria, que possibilitaram que ali fosse realizado esse bom
tratamento, foram descritas no relatório da Agência Oficial de Colonização do mesmo ano. De
acordo com Ignacio da Cunha Galvão, diretor da Agência, o estabelecimento que abrigava uma
casa de saúde e que passara a abrigar a hospedaria, apresentava as seguintes instalações:
(...) um corpo central com dois pavimentos, contendo 17 salas e quartos no 1º
pavimento onde se acommodão 210 leitos, e 5 no 2º onde se acommodão 36;
4 saletas que ficarão servindo para refeitorio, uma grande varanda, dispensa e
cosinha; um corpo separado em um só pavimento térreo, contendo 4 aposentos
que admittem 90 leitos; uma casa de sobrado de 3 janellas, com frente á rua
que termina no trapiche, da qual o pavimento térreo serve de deposito das
bagagens e os altos admitem 55 leitos; comprehende emfim uma boa chácara,
que serve de passeio e recreio dos imigrantes, o que é por elles altamente
apreciado depois de uma longa viagem de mar84.

Além dessas informações, o diretor da Agência expressou sua satisfação com a


instalação da Hospedaria de Imigrantes no Morro da Saúde, pois entendia que se tratava de um
importante auxílio para a imigração e colonização. Todavia, prevendo o crescimento da
imigração, o diretor alertou para a necessidade de novas construções, uma vez que nos primeiros
anos de funcionamento da Hospedaria do Morro da Saúde já havia sido necessário aumentar
suas acomodações, para poder abrigar 511 pessoas de uma só.
Em anexo a este relatório constavam treze disposições regulamentares para a
Hospedaria destinada aos imigrantes, quais sejam:

83
DANTAS, Manoel Pinto de Souza. Relatorio apresentado a Assembleia Geral Legislativa na Segunda Sessão da
Decima Terceira Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocioas da Agricultura, Commercio e
Obras Públicas Manoel Pinto de Souza Dantas. Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1868. In
Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for
Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=9&s=0&cv=1&r=0&xywh=179%2C1760%2C2046%2C1443
Acesso em 17 de março de 2019
84
GALVÃO, Ignácio da Cunha. Relatorio da Agencia Official de Colonisação apresentado pelo Dr. Ignácio da
Cunha Galvão. Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1868, p.18. In DANTAS, Manoel Pinto
de Souza. Relatorio apresentado a Assembleia Geral Legislativa na Segunda Sessão da Decima Terceira
Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocioas da Agricultura, Commercio e Obras Públicas
Manoel Pinto de Souza Dantas. Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1868. In Relatórios
Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research
Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=9&s=0&cv=445&r=0&xywh=-1071%2C-1%2C4093%2C2888
Acesso em 17 de março de 2019.
87

1ª. O administrador é o chefe do estabelecimento e como tal devem os


hospedes trata-lo com cortesia e respeito. Ao mesmo compete designar os
quartos que devem ocupar e atender as reclamações que julgar razoáveis.
2ª. Para ser admitido na hospedaria, é mister ordem por escrito do Agente
Oficial.
3ª. A hospedaria deve ser conservada no maior aceio: os hospedes tem
obrigação de varrer diariamente seus respectivos quartos, e lava-los nos dias
designados pelo Administrador.
4ª. A porta de entrada será fechada as 9 horas da noite no inverno e as 10 horas
no verão. Aqueles que precisarem demorar-se fora de casa até mais tarde,
deverão entender-se previamente com o Administrador e só com essa
prevenção poderão ter entrada depois das horas marcadas. [trecho
incompreensível] luzes.
5ª. O hospede que tiver de ausentar-se da hospedaria durante o dia, não [trecho
incompreensível] de quarto que n’ella fique, deverá entregar a chave do seu
quarto ao Administrador.
6ª. São proibidos os jogos de azar e os passatempos ruidosos.
7ª. Os emigrantes que trouxerem consigo armas de qualquer natureza, deverão
entrega-las quando da entrada na hospedaria, ao Administrador, o qual as
devolverá aos respectivos donos quando estes saírem da hospedaria.
8ª. Tendo algum hospede motivo para queixar-se dos criados deverá dirigir-se
ao Administrador, e caso tenha queixar-se deste, deverá fazê-lo ao Agente
Oficial.
9ª. As horas estabelecidas para a refeição são as seguintes: Almoço as 8 horas
da manhã; Jantar as 2 horas da tarde; e Chá ou café as 7 horas da noite. Os
hospedes que não se acharem presentes nas horas prescritas não terão direito
[trecho incompreensível].
10ª. Para os emigrantes que se destinarem as colônias do governo tanto a
pousada como [trecho incompreensível] serão gratuitas, e bem assim o
tratamento em suas enfermidades.
11ª. Aqueles que tiverem outro destino só terão pousada gratuita: e para
alimentação terão que pagar os preços da tabela [trecho incompreensível].
Esse pagamento será sempre feito por 5 dias adiantados, findos os quais
pagará adiantados outros 5 dias, e assim por todo o tempo que se conservarem
na hospedaria. No caso de se retirarem antes de [trecho incompreensível] um
período de 5 dias, o Administrador lhes devolverá a diferença.
12ª. Qualquer infração destas disposições importa expulsão da hospedaria
para aquele que a cometer: da qual o Administrador dará logo parte ao Agente
Oficial.
13ª. Os emigrantes que se destinarem as colônias do governo, e que depois de
avisados para estarem prontos a hora determinada para o embarque, não
comparecerem, serão igualmente expulsos da hospedaria; salvo se mostrarem
se foram obstados de o fazer por força maior. Nesse caso para sua readmissão
é preciso nova ordem do Agente Oficial85 .

Nas edições de 1868 e 1869 do Almanaque Laemmert, a Hospedaria foi descrita como
um “bello edifício no morro da Saude com grande jardim na frente e vista para a cidade e
litoral”86. A edição de 1868 informou que seu escritório abria no horário de 9:30h da manhã e

85
Ibidem, Anexo. Disposições Regulamentares para a Hospedaria do Governo destinada aos Imigrantes.
86
HOSPEDARIA dos Emigrantes. Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Corte e da Província do Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro, Em Casa dos Editores-Proprietarios Eduardo e Henrique Laemmert –1868, anno XXV,
Segunda Série XVIII, p.329. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/313394x/27763
88

fechava as 4h da tarde, onde era possível obter “informações sobre colonias, terras publicas e
favores que o governo concede aos imigrantes, assim como existem mappas das colonias,
provincias, e tudo que interessa ao immigrante, e empregados que fallão as linguas inglesa,
franceza, a allemã e dinamarquesa”87. A Hospedaria estava pronta para receber 400 imigrantes,
e garantia àquele que se destinasse a qualquer colônia do Governo, o seguinte:
(...)pousada e alimentação gratuita e bem assim o tratamento em suas
enfermidades; e o que não se destinar ás colonias e tiver outro qualquer destino
poderá ser admitido na hospedaria pagando antes no escriptorio 5 dias
adiantados, na conformidade da tabela abaixo mencionada, dando-se-lhe um
recibo de tallão que apresentado na hospedaria lhe dá o direito á pousada e
alimentação, sendo-lhe resituido o restante no caso que o mesmo não complete
os dias que pagou.
Por cada dia de estada, adultos 800 réis; de 2 á 9 annos 500 réis. Os menores
de 2 annos nada pagarão88.

Nesse mesmo ano, o relatório da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura,


Comércio e Obras Públicas informou que dos 8.355 imigrantes que chegaram no porto do Rio
de Janeiro, 4.788 foram visitados pela Agência Oficial de Colonização nos seus respectivos
navios89 . Deste número, 3.552 vieram sem auxílio do Governo e 1.236 vieram com auxílio do
Governo.
Já a edição de 1869 do Almanaque Laemmert, além de informar que a administração da
Hospedaria era realizada interinamente por Fortunato Marques de Souza, apresentava a
hospedaria como um vasto edifício com chácara e uma bela vista para a Baía de Guanabara e a
cidade do Rio de Janeiro, podendo receber de 400 a 500 imigrantes, que receberiam estadia,
sustento e tratamento médico gratuitos, desde que escolhessem como destino as colônias do
Estado90.
No entanto, a edição de julho de 1870 dos Annaes Brasilienses de Medicina informou
que a Hospedaria do Morro da Saúde era um dos dois estabelecimentos afetados pela epidemia

Acesso em 27 de março de 2020.


87
Ibidem.
88
Ibidem.
89
LEÃO, Joaquim Antão Fernandes. Relaorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Primeira Sessão da
Decima Quarta legislatura pelo Ministro e Secretario da Agricultura, Commercio e Obras Públicas Joaquim Antão
Fernandes Leão. Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1869. In Relatórios Ministeriais (1821-
1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global
Resources Network. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=10&s=0&cv=1&r=0&xywh=-
124%2C1605%2C2049%2C1445 Acesso em 17 de março de 2019.
90
HOSPEDARIA dos Emigrantes. Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Corte e da Província do Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro, Em Casa dos Editores-Proprietarios Eduardo e Henrique Laemmert –1869, anno XXVI,
Segunda Série XIX, p.331. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/313394x/29306
Acesso em 27 de março de 2020.
89

de febre amarela que havia atingido a capital da Corte entre os anos de 1869 e 1870. Todavia,
o estrago que se realizou na Hospedaria, assim como na Ilha do Mocanguê, não foi tão extenso
pois estes estabelecimentos haviam sido atingidos na fase inicial da epidemia, entre abril e
dezembro de 186991.
Elogios às instalações do edifício do Dr. José Rodrigues Ferreira também estavam
presentes no relatório da Agência Oficial de Colonização referente ao ano de 1869. Este
relatório informou que foram recolhidos 125 imigrantes na Hospedaria durante o ano, sendo
104 adultos e 21 menores de 10 anos92 . Além deste número, outros 255 imigrantes, que haviam
regressado insatisfeitos das colônias do Governo, receberam sustento na Hospedaria.
O relatório também apresentou um mapa dos gêneros alimentícios consumidos pelos
imigrantes na Hospedaria e um inventário dos objetos existentes na Hospedaria, ambos
produzidos pelo administrador Fortunato Marques de Souza, que voltaria a fazê-los no relatório
de 187093.
No mapa apresentado no relatório de 1869 foi informado que haviam sido consumidos,
de janeiro a dezembro de 1869, os seguintes alimentos: açúcar, arroz, azeite de sebo, azeite
doce, bacalhau, banha, batatas, café, chá, carne seca, carne verde, cebola, farinha, feijão,
manteiga, pimenta da Índia, pão, sal e vinagre. No inventário, no mesmo relatório, foram
listados os objetos existentes na Hospedaria:

91
REGO, José Pereira. Sessão Geral em 28 de março de 1870. Annaes Brasilieneses de Medicina, Rio de Janeiro,
Tomo XXII, n.2, julho de 1870, p.52. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/062014/5494
Acesso em 27 de março de 2020.
92
GALVÃO, Ignácio da Cunha. Relatorio da Agencia Official de Colonisação apresentado por Ignacio da Cunha
Galvão. Anno de 1869.Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1870, Anexo J. In
ALBUQUERQUE, Diogo Velho Cavalcanti de. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Segunda
Sessão da Decima Quarta Legislatura pelo Ministro e Secretario da Agricultura, Commercio e Obras Públicas
Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque. Rio de Janeiro: Typographia Universal de E. & H. Laemmert, 1870. In
Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for
Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=11&s=0&cv=314&r=0&xywh=-1117%2C-1%2C4265%2C3009
Acesso em 17 de março de 2019.
93
GALVÃO, Ignácio da Cunha. Relatorio da Agencia Official de Colonisação apresentado por Ignacio da Cunha
Galvão.1870. Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1871, Anexo E, tabelas 11 e 12. In SILVA,
Theodoro Machado Freire Pereira da. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Terceira Sessão da
Decima Quarta Legislatura pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Públicas Theodoro Machado Freire Pereira da Silva. Rio de Janeiro: Typographia Universal de E. & H. Laemmert,
1871. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do
Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=12&s=0&cv=283&r=0&xywh=-986%2C-1%2C3794%2C2677
Acesso em 17 de março de 2019.
90

Artigos Em bom estado Em mal estado Inutilizado Total


Dormitórios
Leitos de Ferro 200 100 100 400
Colchões de palha 100 100
Travesseiros de dita 50 50
Urinóis 8 8
Urinatórios 10 10
Refeitório
Prato de louça branca 50 50
Ditos dito travessos 12 12
Cafeteria de folha 2 2
Terrina de ferro galvanizado 6 2 8
Dita de louça branca 5 5
Conchas de metal 8 8
Facas de mesa 40 40
Garfos de dita 80 80
Canecas de folhas 50 50
Cozinha
Caldeirão Grande 1 1
Ditos meãos 2 2 4
Ditos pequenos 2 2 4
Frigideiras, cassarolas e chaleiras 6 6
Avulso
Mesas grandes 7 12 19
Ditas pequenas com gavetas 6 4 10
Jarros de louça branca 5 8 13
Ditas de metal, galvanizados 2 3 5
Guarda-Roupa 1 1
Armário 1 1
Bancos Grandes 14 22 36
Cadeiras de pão americanas 2 3 5
Bancos pequenos 4 4 8
Banheiros de folha 2 2
Bacias de metal galvanizada 2 2 4
Talhas grandes vidradas 3 3
Ditas pequenas 1 1

Tabela VIII- Inventário da Hospedaria do Morro da Saúde realizado em 1º de janeiro de 1870. Apud Tabela n.12. In
GALVÃO, Ignácio da Cunha. Relatório da Agência Oficial de Colonização de 1869. Rio de Janeiro: Typographia do
Diario do Rio de Janeiro, 1870, Anexo94.

94
ALBUQUERQUE, Diogo Velho Cavalcanti de. Relatorio apresentado a Assembléa Geral Legislativa na
Segunda Sessão da Decima Quarta Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura,
Commercio e Obras Públicas Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque. Rio de Janeiro: Typographia Universal de
E. & H. Laemmert, 1870. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government
Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=11&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1114%2C0%2C4227%2C2981 Acesso
em 17 de março de 2019.
91

Mesmo diante dessa estruturação, sabemos que, como demonstrado anteriormente pela
tabela VI (página 67), a entrada de imigrantes na segunda metade da década de 1860 não
alcançou números expressivos e condizentes com o projetado pelo Governo Imperial, tendo
somente ultrapassado o quantitativo dos 10 mil imigrantes que haviam ingressado no ano de
1867. Foi somente em meados da década de 1870 que o fluxo imigratório passou a apresentar
a entrada de mais 20 mil imigrantes por ano, tanto que o relatório da Agência Oficial de
Colonização, no ano de 1870, informou que durante este ano haviam sido hospedados no Morro
da Saúde apenas 58 imigrantes recém-chegados e 168 imigrantes, que haviam regressado das
colônias do Governo, totalizando 226 imigrantes. O mesmo relatório informou, ainda, que a
“média durante o anno do número de dias de estada na hospedaria de um immigrante foi de 25
dias (...)”95.
A estadia de colonos que haviam regressado dos núcleos coloniais do Governo foi
abordada na edição de 15 de julho de 1870 do periódico A Reforma da seguinte maneira:
A hospedaria do morro da Saude, que até subir ao poder o actual ministério
estava cheia de imigrantes procedentes da Europa e da America do Norte,
desde então só recebe os nossos colonos que emigram, maldizendo da má fé
do governo.
Esses estrangeiros que assim retiram-se do império, serão outros tantos
pregoeiros contra o Brazil, e augmentarão o descredito, em que tem cahido
este desafortunado paiz96 .

A edição ainda informou que naquele momento havia 68 colonos na Hospedaria, e que
estes solicitavam passagem para poderem migrar para os Estados Unidos.
Este mesmo periódico, em edição de 28 de outubro do mesmo ano, informou que o
agente oficial de colonização, Ignácio da Cunha Galvão, havia expulsado, da Hospedaria, os
imigrantes que não aceitavam propostas de particulares97 . Essa situação se repetiu em 1873,
quando Galvão novamente deu autorização para o administrador da Hospedaria expulsar oito

95
GALVÃO, Ignácio da Cunha. Relatorio da Agencia Official de Colonisação apresentado por Ignacio da Cunha
Galvão. 1870. Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1871, Anexo E, tabelas 11 e 12. In SILVA,
Theodoro Machado Freire Pereira da. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Terceira Sessão da
Decima Quarta Legislatura pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Públicas Theodoro Machado Freire Pereira da Silva. Rio de Janeiro: Typographia Universal de E. & H. Laemmert,
1871. Anexo F. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government
Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=12&s=0&cv=283&r=0&xywh=-986%2C-1%2C3794%2C2677
Acesso em 17 de março de 2019.
96 OS COLONOS emigrantes. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno II, n.156, 15 de julho de 1870,

p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/1374 Acesso em 27 de março de 2020.


97
CHRONICA Geral. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno II, n.244, 28 de outubro de 1870, p.1.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/1722 Acesso em 27 de março de 2020.
92

imigrantes poloneses regressos da província do Espirito Santo, que haviam desrespeitado o


administrador da Hospedaria98 .
Além do regresso de imigrantes, a primeira metade da década de 1870 foi caracterizada
por um baixo número de imigrantes, provenientes da Europa, ingressos na Hospedaria do Morro
da Saúde. O baixo quantitativo da entrada de imigrantes no porto do Rio de Janeiro nesse
período só começou a ser revertido em 1876, ano de criação da Inspetoria Geral de Terras e
Colonização99 . Entre 1869 e 1876, a Hospedaria continuou a funcionar mesmo sem contrato
com o Governo Imperial, pois tendo o contrato terminado em 26 de março de 1869, o mesmo
previa a continuidade do arrendamento das instalações nas mesmas condições, como informado
pelo relatório da Agência Oficial de Colonização de 1871100 .
Este relatório também informou que durante o ano de 1871 foram alojados, na
Hospedaria do Morro da Saúde, 82 imigrantes recém-chegados, sendo 75 adultos e 7 menores.
Além deste número, 91 imigrantes que haviam regressado das colônias do Governo, também
passaram pela Hospedaria, totalizando 173 imigrantes, com a média de 19 dias de estadia para
cada imigrante que passou pelo Morro da Saúde.
Já o relatório da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas, apresentado à Assembleia Geral Legislativa na 1ª sessão da 15ª legislatura do ano de
1872, informou que foram agasalhados na Hospedaria do Morro da Saúde, 775 imigrantes,
sendo 551 adultos e 224 menores. A Hospedaria foi descrita neste relatório dessa forma:
Este estabelecimento possue agora os melhoramentos de que carecia para o
serviço a que foi destinado; e, si não é comparável aos que existem em New
York, Philadelphia e outros portos marítimos da grande republica americana,
offerece hospitalidade commoda aos emigrantes, que ahi encontram o
necessário. Actualmente póde acomodar 350101 .

98
EXPULSÃO de alguns immigrantes da hospedaria do governo. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro,
anno V, n.274, 29 de novembro de 1873, p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=226440. Acesso em 31 de março de 2020.
99
BRASIL. Decreto nº 6.129, de 23 de fevereiro de 1876. In Coleção de Leis do Império do Brasil de 1876, Rio
de Janeiro: Typographia Nacional, 1876. Tomo XXXIX, Parte II, vol.1, p.247-255. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-6129-23-fevereiro-1876-549093-
publicacaooriginal-64440-pe.html Acesso em 17 de dezembro de 2019.
100
GALVÃO, Ignácio da Cunha. Relatorio da Agencia Official de Colonização. In ITAÚNA, Barão de. Relatorio
apresentado á Assembleá Geral Legislativa na Quarta Sessão da Decima Quarta Legislatura pelo Ministro e
Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Públicas Cândido Borges Monteiro. Rio
de Janeiro: Typographia Universal de E. & H. Laemmert, 1872. Annexo D. In Relatórios Ministeriais (1821- 1960).
Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources
Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=13&s=0&cv=245&r=0&xywh=-1087%2C0%2C4092%2C2886
Acesso em 17 de março de 2019.
101
BARRETO, Francisco do Rego Barros. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Primeira
Sessão da Decima Quinta Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura,
Commercio e Obras Públicas Francisco do Rego Barros Barreto. p.18. Rio de Janeiro: Typographia Americana,
93

Os melhoramentos descritos podem ser corroborados pelos relatórios da própria


Secretaria para os anos de 1872 e 1873. No relatório de 1872 foi informado que o edifício da
Hospedaria havia passado por reparos, e no relatório de 1873, os reparos foram descritos de
forma detalhada:
Além do encanamento que assentou-se na extensão de 346 meros para
abastecimento deste edifício, derivando-se a agoa da caixa do antigo Instituto
dos Cégos, e dos trabalhos relativos a collocação de um deposito de ferro,
fizeram-se outros serviços concernentes a construção de duas latrinas e
diversos arranjos no mesmo estabelecimento(...)102.

Além desses reparos, o relatório de 1873 apresentou a posição do ministro José


Fernandes da Costa Pereira Junior sobre o empenho que o Governo Imperial deveria manifestar
para atrair imigrantes para o Brasil. Segundo ele, até aquele momento a corrente imigratória
aspirada estava longe de ser alcançada, sendo necessária a realização de medidas para melhorar
a recepção dos imigrantes, que iriam desde ações para contribuir com o aproveitamento de terras
até a melhoria dos núcleos coloniais que existiam e as vias de comunicação entre tais. O
ministro destacou também que deveria ser criada uma repartição específica para tratar dos
assuntos referentes a imigração e colonização, devendo ocorrer da seguinte maneira:
(...) substituir a agencia oficial de colonisação de que trata o decreto de 20 de
abril de 1864 por uma inspetoria geral com attribuções mais amplas, em que
se compreendam o exame e superintendência das colonias, a direção do
serviço de introducção de immigrantes, recepção e estabelecimentos d’estes;
addicionando-se-lhe uma junta auxiliar composta de nacionaes e estrangeiros
que consulte a respeito dos negócios de colonisação, e coopere para o bom
agazalho e estabelecimento dos mesmos immigrantes(...)103.

1872. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do
Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=14&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1082%2C0%2C4178%2C2947
Acesso em 17 de março de 2019.
102
BORGES, Manoel Gomes. Relatorio dos Trabalhos executados no 1º Distrito da Inspectoria Geral das Obras
Públicas da Corte durante o anno de 1873. p.7. In PEREIRA JUNIOR, José Fernandes da Costa. Relatório
apresentado á Assembleá Geral Legislativa na Terceira Sessão da Decima Quinta Legislatura pelo Ministro e
Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Públicas José Fernandes da Costa Pereira
Junior. Rio de Janeiro: Typographia Americana, 1874. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de
dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível
em: http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=16&s=0&cv=956&r=0&xywh=-765%2C-1%2C3448%2C2433
Acesso em 17 de março de 2019.
103
PEREIRA JUNIOR, José Fernandes da Costa. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Terceira
Sessão da Decima Quinta Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura,
Commercio e Obras Públicas José Fernandes da Costa Pereira Junior. Rio de Janeiro: Typographia Americana,
1874, p.170. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents
do Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=16&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1221%2C-1%2C4184%2C2952 Acesso
em 17 de março de 2019.
94

Todavia, sabemos que esta substituição viria a ocorrer somente três anos após esta
declaração, cabendo à Agência Oficial de Colonização lidar nesse interim, por exemplo, com
os casos de febre amarela na Hospedaria do Morro da Saúde, o que fez com que o
estabelecimento fosse fechado provisoriamente em janeiro de 1873.

Ainda que tal fato não tenha sido informado no relatório da Secretaria responsável, essa
situação pode ser conferida nos periódicos A Nação e A Reforma104. Ambos informaram que,
por indicação de Ignácio da Cunha Galvão, a comissão sanitária de socorro aos imigrantes havia
fechado a Hospedaria e transferido para o Alto da Serra os imigrantes que iriam para as colônias
do Estado.
A febre amarela voltaria a influenciar o fechamento da Hospedaria em 1876, quando, de
acordo com Reznik e Fernandes, a epidemia que atingiu a cidade do Rio de Janeiro fez com que
a administração fechasse a Hospedaria e alugasse alojamentos no interior da província do Rio
de Janeiro para receber os imigrantes. Mendes, Barra do Pirahy, e a Colônia de Porto Real foram
os locais escolhidos até que a Hospedaria fosse reaberta no ano seguinte (REZNIK;
FERNANDES, 2014).
Analisando os relatórios da Inspetoria, assim como Reznik e Fernandes também fizeram,
Julianna Costa comentou sobre esse acolhimento provisório de imigrantes fora da capital da
Corte:

Para administrar os depósitos de Mendes e Barra do Piraí foram designados o


ajudante e o administrador da Hospedaria do Morro da Saúde,
respectivamente, enquanto o depósito de Porto Real ficou sob a
responsabilidade do diretor da Colônia de mesmo nome. O Dr. Paulo Barbosa
Pereira da Cunha foi contratado para visitar todos os dias os imigrantes
internados em Mendes. Em Barra do Piraí e em Porto Real não houve a
necessidade de contratar médicos, pois o Dr. Segismundo de Almeida Beltrão
se ofereceu para prestar os seus serviços gratuitamente no primeiro
estabelecimento, enquanto o médico da colônia de Porto Real deveria atender
os imigrantes para lá encaminhados.(COSTA, 2015: 48-49)

Esta situação também foi noticiada na edição de 16 de março de 1876 do Diario do Rio
de Janeiro, em que um estabelecimento na localidade de Mendes foi adotado como hospedaria
do governo105. Nesse contexto, a Inspetoria Geral de Terras e Colonização já havia unificado

104
NOTICIARIO. Commissão sanitária de socorro aos immigrantes. A Nação: Jornal Politico, Comercial e
Literário, Rio de Janeiro, anno II, n.22, 29 de janeiro de 1873, p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/586404/697 Acesso em 27 de março de 2020.
CHRONICA geral: Internação dos immigrantes. A Reforma: Orgão Democrático. Rio de Janeiro, anno V, n.23,
p.2, 30 de janeiro de 1873, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/4423
Acesso em 27 de março de 2020.
105
NOTICIARIO. Movimento de emigrantes. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno LIX, n.72, 16 de
março de 1876, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/34273
Acesso em 27 de março de 2020.
95

as funções da Agência Oficial de Colonização e da Comissão do Registro Geral e Estatística


das Terras Públicas e Possuídas, e consequentemente assumido a responsabilidade pela
Hospedaria do Morro da Saúde.
Como vimos, a Hospedaria só voltou a receber imigrantes em 1877, ano em que, como
a tabela VI demonstrou (página 67), entraram pouco mais de 29 mil imigrantes no porto do Rio
de Janeiro, fazendo desse o maior quantitativo anual na segunda metade da década de 1870,
período em que tal quantitativo se manteve acima de 20 mil imigrantes.
Ainda que estes números constem nos relatórios da Secretaria de Estado dos Negócios
da Agricultura, Comércio e Obras Públicas da segunda metade da década de 1870, o
quantitativo de imigrantes que passou pela Hospedaria nesse período não foi informado.
Por outro lado, no ano de 1878, periódicos como A Reforma, O Cruzeiro, o Monitor
Campista e a Gazeta de Noticias informaram sobre uma situação que também viria a ocorrer na
Hospedaria da Ilha das Flores no final do século XIX e início do XX: o acolhimento de retirantes
nordestinos106. Entre abril e julho de 1878, edições destes periódicos informaram a recepção de
migrantes nordestinos por conta da seca, que atingiu principalmente a província do Ceará. Nesse
interím, os periódicos chegaram até mesmo a denominar tais instalações de hospedaria dos
retirantes.
Esse perfil, no entanto, não era o que a Inspetoria Geral de Terras e Colonização tinha
como enfoque. O final da década de 1870 e início da década de 1880 marcou a intensificação
dos esforços do Governo Imperial em promover a imigração espontânea de estrangeiros em
detrimento da subvencionada. No ano de 1879, o relatório da Secretaria de Estado dos Negócios
da Agricultura, Comércio e Obras Públicas apresentou um cenário de contingenciamento de
investimentos nos assuntos da imigração e colonização107. Reflexo de tal contingenciamento
pode ser percebido pelo quantitativo de imigrantes que entrou no porto do Rio de Janeiro no

106
FACTOS diversos. A Reforma: Orgao Democratico, Rio de Janeiro, anno X, n.93, 26 de abril de 1878, p.1-2.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/10438
Acesso em 6 de maio de 2020.
BOLETIM. O Cruzeiro, Rio de Janeiro, anno I, n.130, 11 de maio de 1878, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/238562/771 Acesso em 6 de maio de 2020.
CÔRTE. Monitor Campista, Rio de Janeiro, anno XLI, n.121, 27 e 28 de maio de 1878, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/030740/2918 Acesso em 6 de maio de 2020.
A MENINA cearense. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno IV, n.199, 21 de julho de 1878, p.1. Disponível
em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_01/4318 Acesso em 6 de maio de 2020.
107
MACEDO, Manoel Buarque de. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Terceira Sessão da
Decima Setima Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Públicas Manoel Buarque de Macedo. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1880. In Relatórios Ministeriais
(1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-
Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=22&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1224%2C-1%2C4478%2C3159
Acesso em 17 de março de 2019.
96

ano de 1879. Ainda que tenham entrado 22.189 estrangeiros de 3ª classe, somente 1.549 vieram
subvencionados pelo Governo.
O sistema de imigração oficial ou subvencionada deveria ser abolido como disposto no
Decreto nº 7570 de 20 de dezembro de 1879108, que suspendeu a execução do Regulamento
para as Colônias do Estado, que havia sido promulgado em janeiro de 1867109. De acordo com
o ministro Manoel Buarque Macedo, ao assumir a administração da pasta em março de 1880, o
cenário encontrado era o da suspensão de tal Regulamento e da publicação do Aviso do dia 21
de janeiro de 1880, promulgado por seu antecessor, João Lins Vieira Cansansão de Sinimbu,
para os consulados da Alemanha, Itália, França, Áustria-Hungria e Inglaterra na Corte, no qual
era definido que “nenhum compromisso assumiria d’então em diante o Governo Imperial com
relação aos immigrantes que chegassem aos portos do Imperio, devendo elles desembarcar e
estabelecer-se, como lhes conviesse, á custa de seus próprios recursos”110 .
Sinimbu, no entanto, não planejava colocar a questão da imigração e colonização em
segundo plano. De acordo com Julianna Costa, a preocupação com as despesas dos serviços
imigratórios foi uma constante no governo imperial e consequentemente, durante anos os
recursos destonados a esses serviços foram significativos nos planejamentos orçamentários
(COSTA, 2015). Segundo a autora, para Sinimbu, era obrigação do Estado intervir na
colonização do país, atraindo europeus para o território brasileiro também como força de
trabalho. E se por um lado a imigração subvencionada receberia menos incentivo, por outro, o
Estado deveria realizar medidas para a promoção da imigração espontânea, o quê, gradualmente
reduziria o papel do próprio Estado nas questões imigratórias.

Nesse sentido, a mudança de norteamento da política imigratória e a suspensão do auxílio


aos imigrantes recém-chegados, justificada pela insuficiência da consignação de tal serviço pela

108
BRASIL. Decreto nº 7.570, de 20 de dezembro de 1879. In Coleção de Leis do Império do Brasil de 1879, Rio
de Janeiro: Typographia Nacional, 1879. Vol.1, pt II, página 755. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-7570-20-dezembro-1879-548843-
publicacaooriginal-64056-pe.html. Acesso em 31 de janeiro de 2020.
109
BRASIL. Decreto nº 3.784, de 19 de janeiro de 1867. In Coleção de Leis do Império do Brasil de 1867, Rio de
Janeiro: Typographia Nacional, 1867. Vol.1, pt II, página 31. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-1915-28-marco-1857-557933-
publicacaooriginal-78700-pe.html. Acesso em 31 de janeiro de 2020.
110
MACEDO, Manoel Buarque de. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Terceira Sessão da
Decima Setima Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Públicas Manoel Buarque de Macedo. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1880. In Relatórios Ministeriais
(1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-
Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=22&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1224%2C-1%2C4478%2C3159
Acesso em 17 de março de 2019.
97

lei do orçamento vigente, contextualizaram as propostas de Sinimbu. De acordo com o ministro


Macedo, as propostas iam desde fazer dos núcleos coloniais, tanto os antigos como os novos,
centros de atração de colonos com mercados de permuta e consumo próximos uns dos outros,
até impulsionar cada vez mais a imigração espontânea e promover um caráter provisório do
regime tutelar do Governo sobre o imigrante, diminuindo assim os encargos públicos sobre esta
temática.

Alinhado com seu antecessor, Macedo seguiu as propostas e cessou imediatamente


“todos os serviços de colonisação e medição de terras e a suspensão, dentro do prazo de 30 dias,
já vencido, de todos os auxílios prestados na hospedaria do Estado”111. Todavia, esperava quão
logo as condições financeiras do Estado melhorassem, pudesse retomar as ações possíveis na
medição, divisão e discriminação das terras devolutas para serem distribuídas em condições
favoráveis tanto aos imigrantes quanto aos nacionais, assim como a melhoria das vias de
comunicação e transporte.
Com a subvenção aos imigrantes em segundo plano, caberia ao Governo apenas a
hospedagem do imigrante por um prazo de 15 dias e o transporte para os lugares em que seriam
alocados, sendo os auxílios para além destes somente subsistentes se constassem nos contratos
estabelecidos anteriormente ao decreto promulgado. E com o enfoque na imigração espontânea,
o número de imigrantes subvencionados que entrou no porto do Rio de Janeiro entre 1879 e
1882 foi de apenas 4.964 imigrantes num total de 88.817 estrangeiros que vieram de 3ª classe.
O papel da Hospedaria do Morro da Saúde também recuou, o que fez com que em 1879
esta deixasse de ser considerada como a hospedaria do Governo, tendo sido ratificado seu
fechamento pelo Aviso de 7 de abril de 1880. Este foi um dos avisos que a Inspetoria Geral de
Terras e Colonização e a Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas publicou, no início dos anos 1880, para realizar essa transição do sistema de regulação
dos favores concedidos aos imigrantes112.
Ao analisar esses relatórios, Betty Antunes Oliveira informou que a Hospedaria do
Morro da Saúde, mesmo não sendo mais de responsabilidade da Inspetoria Geral de Terras e
Colonização, permaneceu funcionando sob um contrato feito com a Cardoso de Albuquerque

111
Ibidem, p.64.
112
D’AVILA, Henrique Francisco. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Terceira Sessão da
Decima Oitava Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Públicas Henrique Francisco D’Avila. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1883. In Relatórios Ministeriais
(1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-
Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=25&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1248%2C-1%2C4702%2C3317
Acesso em 17 de março de 2019.
98

& Cia. (OLIVEIRA, 2008). Em fevereiro de 1881 a Hospedaria foi novamente fechada por se
encontrar em condições insalubres, ocasionando a ida de imigrantes para um navio do
Ministério da Guerra, fundeado na Baía de Guanabara (REZNIK; FERNANDES, 2014).
A Hospedaria do Morro da Saúde, que fora criada com o propósito de acolher os
imigrantes em trânsito que tinham como destino colônias daqui ou de outras províncias, e que
também aceitava outros tipos de imigrantes, mesmo o Governo Imperial não se comprometendo
a garantir a gratuidade dos serviços prestados a estes, sofreu com a precarização de sua
manutenção.
O seu fechamento não implicou na suspensão da busca por uma hospedaria definitiva,
objetivo abordado em diversos documentos desde a década de 1850, nem tampouco no seu
esquecimento. De certa forma, a Hospedaria do Morro da Saúde contribui para o
amadurecimento da estrutura para a recepção de imigrantes. Se por um lado, o seu fechamento
representou a busca por um lugar maior e mais salubre, por outro, a rotina do seu funcionamento
não foi esquecida. O relatório da Inspetoria Geral de Terras e Colonização de 1881 destacou
que não só a metodologia da construção de tabelas referentes às despesas da Hospedaria, como
o próprio regulamento do extinto estabelecimento seria utilizado como parâmetro para o
funcionamento do edifício que seria utilizado como a nova hospedaria do Governo113.
O regulamento da Inspetoria Geral de Terras e Colonização, aprovado em 1876, e os
relatórios ministeriais dos anos finais da década de 1870 e dos anos iniciais da década de 1880,
apresentaram a instalação de um estabelecimento adequado para a recepção de imigrantes como
uma condição importante para a promoção da vinda de imigrantes, fossem estes subvencionados
ou os espontâneos.
Ainda que não existisse a necessidade de um edifício como o de Castle Garden, dos
Estados Unidos, tendo em vista a diferença entre os números de imigrantes que ingressavam
em tal país e no Brasil, um edifício para hospedagem de imigrantes com capacidade para receber
um quantitativo maior se fazia cada vez mais necessário114. Desta forma, os gestores da

113
CHAVES, Alfredo Rodrigues Fernandes. Inspectoria Geral das Terras e Colonisação. Relatorio apresentado a
S. Ex. Sr. Conselheiro José Antonio Saraiva, Presidente do Conselho de Ministros, Ministro e Secretario D´Estado
dos Negocios da Fazenda e interino da Agricultura, Commercio e Obras Públicas por Alfredo Rodrigues Fernandes
Chaves, Inspector Geral. In SARAIVA, José Antonio. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na
Primeira Sessão da Decima Oitava Legislatura pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negocios da Agricultura,
Commercio e Obras Públicas José Antonio Saraiva. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1882. In Relatórios
Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research
Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=23&s=0&cv=1802&r=0&xywh=-1012%2C0%2C4055%2C2860
Acesso em 17 de março de 2019.
114
SARAIVA, José Antonio. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Primeira Sessão da Decima
Oitava Legislatura pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Públicas
99

Inspetoria e do Ministério propuseram a criação de uma estalagem em local adequado e mais


isolado da cidade febril. O local escolhido foi a Ilha das Flores.

2.3 – A Hospedaria da Ilha das Flores

Diferentemente das duas hospedarias anteriormente abordadas, a Hospedaria da Ilha das


Flores, que começou a funcionar em 1º de março de 1883, no Rio de Janeiro, se manteve em
funcionamento por um significativo espaço de tempo, gerando assim um conjunto mais vasto
de documentação. Por outro lado, com o desaparecimento da documentação administrativa da
hospedaria, tornou difícil conhecer muitos aspectos de sua rotina, e fez com que muitos
trabalhos produzidos sobre sua história tenham considerado o início de seu funcionamento no
ano de 1879.
Um exemplo dessa interpretação é a dissertação de mestrado “A imigração ao Brasil no
Império. O caso particular da Hospedaria da Ilha das Flores”, de Daiana Zaidman, realizada em
1983, antes do processo de digitalização dos livros de registro da Hospedaria115. Reznik e
Fernandes destacaram que esta autora, ao analisar os livros de registro de imigrantes da
Hospedaria, detendo-se especialmente nos anos iniciais, incorreu em equívoco ao tomar os
livros do Porto do Rio de Janeiro pelos da Hospedaria, invalidando-se assim as suas conclusões
(REZNIK; FERNANDES, 2014). No entanto, há de se ressaltar o seu pioneirismo ao se
debruçar sobre tal material para analisar a experiencia de tal Hospedaria.
Mesmo que os documentos referentes à parte administrativa da Hospedaria tenham se
perdido ao longo do tempo, encontramos muitas informações, documentos e referências
disponíveis em sítios como o do Arquivo Nacional, o da Hemeroteca Digital da Biblioteca
Nacional e o do Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global

José Antonio Saraiva. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1882. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido
via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network.
Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=23&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1264%2C0%2C4670%2C3294 Acesso
em 6 de maio de 2020.
115
A digitalização foi realizada pelo Arquivo Nacional (AN), atualmente subordinado ao Ministério da Justiça e
Segurança Pública, e os livros fazem parte do Fundo do Departamento Nacional de Povoamento que reúne um
conjunto documental sobre movimentos migratórios no Brasil. Além dos livros de registros de imigrantes na
Hospedaria da Ilha das Flores, entre 1883 e 1932, o Fundo conta com registros de imigrantes na Hospedaria de
imigrantes do Pinheiro entre 1892 e 1893; os registros de imigrantes na Agência Central de Imigração entre 1893
e 1897, e todo o ano de 1902; além de movimentos de imigrantes no Porto do Rio de Janeiro entre 1877 e 1896.
Apud ARQUIVO NACIONAL. Acervo. Entrada de Estrangeiros. Disponível em:
http://arquivonacional.gov.br/br/?option=com_content&view=article&id=17. Acesso em 2 de abril de 2020.
100

Resources Network da Universidade de Chicago, possibilitaram a realização de trabalhos que


recuperaram um pouco da história desta Hospedaria, em diferentes momentos do período de
seu funcionamento.
Podemos citar, também, algumas dissertações de mestrado que foram frutos do Projeto
Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores. Além do trabalho de Julianna Carolina
Oliveira Costa utilizado como referência ao longo desta dissertação, podemos citar as
dissertações de Guilherme dos Santos Cavotti Marques e de Carolline de Medeiros Sanches116.
Enquanto Marques abordou a recepção realizada na Ilha das Flores aos refugiados no
imediato pós-Segunda Guerra Mundial, observando as reformas na estrutura física da
hospedaria e a discussão verificada na imprensa sobre o refugiado ideal a imigrar para o Brasil,
Sanches abordou o processo de retomada das políticas migratórias por parte do governo federal
brasileiro entre os anos de 1907 e 1914, analisando as leis e decretos do período a fim de
compreender as políticas do Estado.
Na reconstituição da história da Hospedaria da Ilha das Flores temos que considerar,
também, o fato desta ter tido um período longevo de funcionamento. Enquanto a Hospedaria da
Ilha do Bom Jesus e a Hospedaria do Morro da Saúde alcançaram juntas pouco mais de vinte
anos de funcionamento, a Hospedaria da Ilha das Flores funcionou entre 1883 e 1966.
Subordinada inicialmente à Inspetoria Geral de Terras e Colonização, órgão do
Ministério da Agricultura, a Hospedaria da Ilha das Flores esteve a cargo de outros órgãos
públicos durante sua existência. Utilizada como presídio militar nas duas Grandes Guerras
Mundiais, a Ilha da Flores também foi ocupada durante a Revolução Constitucionalista de 1932
e a Revolta Comunista de 1935, sob a responsabilidade do Ministério da Marinha.
De 1930 a 1954, a Hospedaria ficou sob a responsabilidade do Ministério do Trabalho,
Industria e Comércio (MTIC), quando o Departamento Nacional de Imigração, órgão
subordinado ao MTIC, deixou de ser responsável pela manutenção da Hospedaria. A partir
desse ano, a Hospedaria retornou à jurisdição do Ministério da Agricultura, ficando
primeiramente a cargo do Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC), e a partir de
1964 até o ano de sua extinção, do Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (INDA)
(FERNANDES; SILVA, 2012).

116
MARQUES, Guilherme dos Santos Cavotti. A porta de entrada do Brasil: a recepção dos refugiados no pós-
Segunda Guerra na Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores. Dissertação (Mestrado em História Social) -
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017; SANCHES, Carolline de Medeiros. A retomada
das políticas migratórias brasileiras entre 1907-1914. Dissertação (Mestrado em História Social) – Programa de
Pós-Graduação em História Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo, 2018.
101

Ao final do ano de 1968, o espaço da Ilha das Flores passou a ser propriedade da
Marinha do Brasil que faz uso de tal até os dias atuais para a realização de suas atividades e
instalação de Organizações Militares do Corpo de Fuzileiros Navais. Nesse interim a Ilha foi
acoplada ao continente, no processo de construção da Rodovia Niterói Manilha, que é um trecho
da rodovia BR-101 (FERNANDES; SILVA, 2012).

Ilustração VIII- Ilha das Flores atualmente, integrada à Cidade de São Gonçalo- Rio de Janeiro. Google Maps, 2020.
Disponível em: https://www.google.com/maps/place/Ilha+das+Flores/@-22.8469717,-
43.1056389,1605m/data=!3m2!1e3!4b1!4m5!3m4!1s0x998359f2af75ed:0x7f90540b3e2d3b02!8m2!3d-22.8465485!4d-
43.1014068. Acesso em 27 de janeiro de 2020.

Todavia, como a presente pesquisa busca aprofundar a discussão sobre a relação da


política imigratória brasileira com as questões sobre salubridade e insalubridade, no contexto
da segunda metade do século XIX, torna-se importante inicialmente analisar o processo de
criação e funcionamento de toda uma estrutura institucional direcionada às ações e questões de
imigração e colonização definidas na segunda metade do século XIX, no contexto de criação
da Hospedaria da Ilha das Flores.
Vimos no decorrer desta dissertação que o interesse do Governo Imperial pelo
estabelecimento de uma hospedaria definitiva havia se manifestado desde meados da década de
1850. De caráter privado, mas auxiliada pelo capital público, a Associação Central de
Colonização não havia conseguido construir uma hospedaria própria, assim como a Agência
Oficial de Colonização, que a substituiu.
102

No decreto que regulamentou a criação da Inspetoria Geral das Terras e Colonização em


1876, um capítulo com dois artigos foi dedicado ao estabelecimento de uma hospedaria de
imigrantes. E ainda que a política de imigração subvencionada tivesse se tornado questão de
segundo plano no final da década de 1870, o estabelecimento de uma hospedaria para receber
os imigrantes era uma ação primordial que o Governo Imperial deveria realizar, sobretudo,
quando deixou de administrar a Hospedaria do Morro da Saúde em 1879.
No relatório da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas referente ao ano de 1881, o ministro José Antonio Saraiva autorizou a “construcção de
um edifício adequado á recepção de immigrantes, em condições de comportar o movimento
annual de 50.000 indivíduos(...)”117. Anexo a este relatório, o Inspetor Geral das Obras Públicas
da Corte, Antonio Augusto Monteiro de Barros, informou como seria o edifício que os
desenhistas estavam projetando para ser a hospedaria de imigrantes do Governo:
O edifício compõe-se de quatro corpos em quadro; ligados os da frente e fundo
por outro interior. Tem o da frente tres pavimentos na parte central e nas
lateraes dous como os dos outros corpos: o corpo da frente e do fundo têm
153, ͫ 6de comprimento sobre 19, ͫ 5 de largo cada um, os dos lados 209 ͫ . sobre
19, ͫ 5 e o interior ligando o corpo da frente ao do fundo, 170 ͫ por 19, ͫ 5118.

O Inspetor Geral interino das Terras e Colonização, Manoel Maria de Carvalho, também
mencionou o projeto e o orçamento previsto para a construção da hospedaria, propostos pela
Inspetoria de Obras Públicas em seu relatório referente ao ano de 1881. O Inspetor Geral
ressaltou, ainda, que só faltava a definição do local, pois havia divergido do presidente da Junta
Central de Higiene Pública, Antonio Corrêa de Souza Costa, com relação ao local proposto
inicialmente119.

117
SARAIVA, José Antonio. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Primeira Sessão da Decima Oitava
Legislatura pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negociosda Agricultura, Commercio e Obras Públicas José Antonio Saraiva.
Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1882. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian
Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=23&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1264%2C0%2C4670%2C3294 Acesso em 6 de
maio de 2020.
118
BARROS, Antonio Augusto Monteiro de. Obras Publicas. Inspcetoria Geral das Obras Publicas da Côrte. 1881 (Janeiro a
Setembro). Relatorio apresentado a S. Ex. Sr. Conselheiro José Antonio Saraiva, presidente do Conselho de Ministros, Ministro e
Secretario de Estado dos Negocios da Fazenda e interino dos da Agricultura, Commercio e Obras Publicas por Antonio Augusto
Monteiro de Barros, Inspector geral. p.6. In SARAIVA, José Antonio. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na
Primeira Sessão da Decima Oitava Legislatura pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e
Obras Públicas José Antonio Saraiva. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1882. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido
via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network.
Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=23&s=0&cv=1500&r=0&xywh=-1176%2C0%2C4446%2C3136
Acesso em 17 de março de 2019.
119
CARVALHO, Manoel Maria de. Immigração e Colonisação. Inspectoria Geral das Terras e Colonisação. Relatorio
apresentado a S. Ex. Sr. Conselheiro Manoel Alves de Araujo, Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura,
Commercio e Obras Publicas por Manoel Maria de Carvalho, Inspector Geral interino. In ARAUJO, Manoel Alves de.
Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Segunda Sessão da Decima Oitava Legislatura pelo Ministro e
Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Publicas Manoel Alves de Araujo. Rio de Janeiro:
103

O local não foi mencionado, mas os debates sobre questões de salubridade e de


insalubridade provavelmente teriam gerado essas divergências. As questões só foram superadas
em 16 de janeiro de 1883, quando a Inspetoria Geral de Terras e Colonização adquiriu a Ilha
das Flores, então também denominada de Santo Antonio, a Ilha dos Ananazes ou Coqueiros, e
a Ilha do Maxingueira ou Quilombola. Todas essas ilhas, pertencentes ao senador José Ignácio
Silveira da Motta, estavam situadas próximas ao porto das Neves, então Freguesia de São
Gonçalo, localizada no Município de Niterói.
Embora a compra da Ilha das Flores tenha sido efetivada em janeiro de 1883, esta já
havia sido informada no relatório da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura,
Comércio e Obras Públicas referente ao ano de 1882. Neste relatório, apresentado pelo ministro
Henrique Francisco D’Avila à Assembleia Geral em 10 de maio de 1883, assim se referiu à
compra:
(...)adquiriu o Ministerio a meu cargo, pelo preço de 170:000$, a ilha das
Flores e duas contiguas, pertencentes ao senador José Ignacio Silveira da
Motta, bem como, por 7:380$, os moveis, animaes e utensílios existentes
n’aquella, onde fez construir um edifício para hospedaria, com capacidade
para 800 a 1.000 immigrantes120 .

Enquanto o prédio da Hospedaria não estava concluído, o serviço de recepção e


acolhimento aos imigrantes foi realizado em instalações no Morro da Saúde, em uma estalagem
particular no bairro Baldeador em Niterói, e na Ilha do Carvalho (REZNIK; FERNANDES,
2014). No Morro da Saúde, as instalações já não estavam mais arrendadas pela Inspetoria Geral
de Terras e Colonização. A estalagem no Baldeador era uma hospedaria da empresa particular
de Agostinho Pires & Cia, de acordo com o relatório da Secretaria de 1882121. E os armazéns
na Ilha do Carvalho, que ficava próxima à Ilha das Flores, constituíram uma hospedaria
provisória.

Typographia Nacional, 1882. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government
Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=24&s=0&cv=350&r=0&xywh=-1174%2C-1%2C4347%2C3067
Acesso em 17 de março de 2019.
120
D’AVILA, Henrique Francisco. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Terceira Sessão da
Decima Oitava Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Públicas Henrique Francisco D’Avila. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1883. In Relatórios Ministeriais
(1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-
Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=25&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1248%2C-1%2C4702%2C3317
Acesso em 17 de março de 2019.
121
Ibidem.
104

De acordo com Reznik e Fernandes, a escolha da Ilha das Flores foi em decorrência das
condições de salubridade e da facilidade de acesso dos navios de pequeno porte a partir do porto
do Rio de Janeiro. A distância que a Ilha das Flores apresentava da capital da Corte e da capital
da província fluminense, foi considerada uma relação de proximidade equilibrada. Ou seja,
ficava perto dos centros administrativos, podendo ter papel importante na estrutura da política
imigratória, e também poder contar com os hospitais São João Batista e Santa Isabel,
localizados em Niterói, para o atendimento de casos mais graves. Por outro lado, situada na
Baía de Guanabara, estava relativamente afastada dos centros que frequentemente eram
afetados por epidemias (REZNIK; FERNANDES, 2014).

Ilustração IX- Vista da Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores em 1888. In FERREIRA, Felix. A província do Rio de Janeiro.
Notícias para o emigrante. Rio de Janeiro: Imprensa a vapor H. Lombaerts & Comp., 1888. p. 23.

A gravura acima ilustra bem a viabilidade da instalação de uma hospedaria na Ilha das
Flores, não só pela curta distância do porto do Rio de Janeiro, como próxima de águas
navegáveis e de estradas férreas.
Ademais, a existência de uma linha telegráfica, entre a cidade de Niterói e as Fortalezas
da Barra, possibilitava certa agilidade na transmissão de informações sobre a entrada de vapores
com imigrantes, e reforçou mais ainda a escolha por aquele local.
105

Beatriz Kushnir tratou a Hospedaria da Ilha das Flores como um espaço quarentenário,
que isolou os imigrantes de doenças que assolavam a cidade do Rio de Janeiro (KUSHNIR,
2008).
Reznik e Fernandes, no entanto, ao analisarem os relatórios do Ministério da
Agricultura, tanto do período imperial quanto do republicano, refutaram a hipótese da prática
de quarentena na Hospedaria nas últimas décadas do século XIX, uma vez que esta seria
realizada em outros espaços. Porém, isso não exclui a relevância da questão sanitária no
funcionamento da Hospedaria, uma vez que a escolha de seu local, por exemplo, se relacionava
diretamente com as questões de salubridade na Corte.
Os autores destacaram que a questão sanitária era uma constante nos relatórios
ministeriais, e durante os anos iniciais de funcionamento da Hospedaria, a preocupação dos
ministros foi a de comentar sobre o estado sanitário satisfatório da hospedaria, o que
possibilitava que o porto fosse seguro e capaz de atender as demandas para recepcionar e abrigar
os imigrantes.
De acordo com Reznik e Costa, a criação desta Hospedaria se deu de acordo com os
preceitos higienistas vigentes na época. A escolha de um local para isolar os imigrantes na costa
leste da Baía de Guanabara, a cerca de 5.000 metros do porto do Rio de Janeiro, se deu em
decorrência da incidência de epidemias de febre amarela, que, desde o início da segunda metade
do século XIX, retornavam à capital do Império, em todo verão. Higienistas atribuíam a
ocorrência da doença às precárias condições sanitárias da cidade do Rio de Janeiro, que
propiciava a multiplicação do germe e infecção da atmosfera. Na medida em que os médicos
reinterpretaram a doença, à luz da teoria pasteuriana, foram sendo adotados novos
procedimentos para a recepção de imigrantes, e consequentemente novas estruturas para o
funcionamento desta Hospedaria (REZNIK; COSTA, 2019).
Sem aluguel e sem arrendamentos, foi assim que em 1º de maio de 1883 “começou a
hospedaria da ilha das Flôres, a receber immigrantes, dos quaes se contam actualmente 478
alojados, tendo-se mantido inalteradas as condições de salubridade”122. A sua criação
representou mais uma etapa do amadurecimento das ações relacionadas à política imigratória
no país.
Inserida no contexto das “Grandes Migrações”, quando também foram criadas
hospedarias no norte e sul do país, como em Belém no Pará, em Florianópolis, em Porto Alegre,
e em Vitória, todas no litoral, a criação da Hospedaria da Ilha das Flores, segundo Reznik e

122
Ibidem, p.222.
106

Fernandes, teve como propósito propiciar o tripé estabelecido para a imigração: recepção,
triagem e encaminhamento (REZNIK; FERNANDES, 2014).
Assim, a Hospedaria da Ilha das Flores começou a funcionar em 1º de março de 1883,
quando:
[...] o ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Afonso Augusto
Moreira Penna, ordenou que depois de desembarcar no Porto do Rio de
Janeiro, todos os passageiros vindos de portos estrangeiros em 3ª classe
deveriam ser imediatamente transportados, com as suas respectivas bagagens,
até a Ilha das Flores, onde seriam acolhidos gratuitamente até o máximo de
oito dias.123

A Hospedaria “era constituída por um grande galpão em alvenaria, medindo 71m de


comprimento e 13m de largura. Neste espaço funcionavam quatro salões para dormitório, três
salas para enfermaria, dois escritórios e um consultório médico” (COSTA, 2015: 56). Segundo
Julianna Costa, havia, ainda, uma lavanderia localizada na margem esquerda da Ilha.
Ainda segundo esta autora, foi construído, em 1886, um prédio exclusivo para a
enfermaria. O prédio possuía 8m de frente por 11m de fundo, sendo todo circundado por uma
varanda. O espaço dividia-se em sala de consulta médica, sala de parto, enfermaria masculina
e feminina. Sua construção, além de diminuir os riscos de contágio, possibilitou a ampliação
dos dormitórios.
De acordo com Costa:
No ano seguinte, visando atender à crescente demanda pelo uso do local, foi
feito um plano orçamentário para ampliar a capacidade da hospedaria de 1.000
para 3.000 imigrantes. O plano incluiu a ampliação do armazém que servia
como depósito de bagagem para 32m de comprimento e 11m de largura; a
ampliação do refeitório para 30m de comprimento e 11 de largura; a
construção de um compartimento exclusivo para os serviços da secretaria,
localizado entre os depósitos de bagagens; além da construção de novos
alojamentos, [...]. Em 1888, foram realizadas as obras no depósito de
bagagens, no refeitório e na secretaria, elevando a capacidade de recepção
para 2000 pessoas. Dois anos depois, a hospedaria teve sua capacidade
aumentada para 3.000 imigrantes após a construção de um prédio contiguo ao
refeitório. O novo edifício era composto por dois pavimentos. O térreo
abrigava um imenso dormitório, enquanto o andar superior havia sido
projetado para abrigar outro refeitório. No entanto, em virtude da intensa
movimentação de imigrantes, houve a necessidade de transformar o segundo
refeitório em novos alojamentos. No ano de 1890, foi construída ainda uma
nova cozinha, adjacente aos dormitórios, destinada ao preparo das refeições

123
PENNA, Affonso Augusto Moreira. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Quarta Sessão da
Decima Oitava Legislatura pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas Affonso Augusto Moreira Penna. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1884, p.214. In Relatórios
Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research
Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=26&s=0&cv=2&r=0&xywh=-1241%2C0%2C4641%2C3273
Acesso em 17 de março de 2019.
107

dos funcionários. No ano seguinte foi construído um necrotério, situado


próximo a praia interior da Ilha; uma pequena casa para morada do Ajudante
do Administrador; cinco pequenos quartos para alojamento dos serventes;
quatro mictórios em diversos locais; sarjetas na extensão de 244m para a
canalização das águas pluviais, por meio de manilhas; um alpendre de madeira
coberto de zinco abrangendo toda a frente da hospedaria e uma cobertura em
toda a extensão do cais para preservar do tempo as bagagens.” (COSTA, 2015:
59).

Desta forma, a Hospedaria da Ilha das Flores recebeu nos anos finais do Império um
contingente significativo de imigrantes, chegando a hospedar no ano seguinte à Proclamação
da República, 66.494 imigrantes, como podemos ver no quadro abaixo. Neste quadro
apresentamos, além dos dados referentes aos anos iniciais de funcionamento da hospedaria, o
número de imigrantes que ingressaram no Brasil e no Rio de Janeiro entre os anos de 1883 e
1890:

Ano Brasil Rio de Janeiro Ilha das Flores


1883 28.670 26.789 7.402
1884 20.087 17.999 8.138
1885 30.135 22.727 10.579
1886 25.741 22.236 12.501
1887 54.990 33.310 18.834
1888 131.745 55.863 33.384
1889 65.187 36.414 26.848
1890 107.100 85.162 66.494
Tabela IX.: Entrada de imigrantes no Brasil, no Porto do Rio de Janeiro e na Hospedaria da Ilha das Flores (1883-
1890). Apud Relatórios da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. 1883-1890.

Além dos relatórios ministeriais, que apresentavam relevantes informações sobre o fluxo
de imigrantes e sobre as obras realizadas na Hospedaria da Ilha das Flores, os periódicos da
época também noticiavam em suas matérias dados sobre a hospedaria. Segundo o regulamento
da Inspetoria Geral das Terras e Colonização, a hospedaria deveria contar com intérpretes,
médicos, enfermeiros, auxiliares e um administrador, ou diretor, nomeado pelo Inspector Geral.
As nomeações para o quadro da Hospedaria da Ilha das Flores eram, frequentemente,
veiculadas pelos periódicos, especialmente nos periódicos de grande circulação no Rio de
Janeiro. Na Gazeta de Notícias, de 23 de janeiro de 1883, foi noticiado que Francisco Xavier
da Cunha, que fora diretor do Diario Official, foi nomeado, pela portaria de 10 de janeiro, para
108

o cargo de diretor da escola prática de agricultura da Ilha das Flores, o qual também ficava
“encarregado de administrar a hospedaria de imigrantes que tem de ser estabelecida na próxima
ilha denominada Ananaz”124. A Ilha de Ananaz referida integrava o arquipélagos formado pelas
ilhas Mexingueira e das Flores.
Já a nomeação de Tertuliano Cezar Gonzaga, que havia sido médico do Hospital São
João Batista no ano de 1882, para o posto de médico, na Hospedaria da Ilha das Flores, foi
noticiada na edição de 2 de março de 1883 do periódico A Folha Nova125.
Segundo o Almanak Laemmert para 1884, o quadro de pessoal da Hospedaria da Ilha
das Flores estava constituído por: diretor- Francisco Xavier da Cunha; intérpretes - Joaquim de
Oliveira Barbosa e Eduardo Nicolich126. No Almanak para 1885, o diretor ainda era Francisco
Xavier da Cunha, o intérprete Eduardo Nicolich, o escriturário Joaquim de Oliveira Barbosa, o
fiel era Manoel Polycarpo da Silva127.
O Almanak de Nictheroy, para o ano de 1889, apresentou dados sobre as demais funções
que eram exercidas na Hospedaria da Ilha das Flores. Cunha, Nicolich e Silva continuavam em
seus respectivos cargos, e Barbosa, além de escriturário era intérprete. Como amanuense, quem
exercia a função era Napoleão Smith. No setor da enfermaria e da farmácia, o enfermeiro era
Eduardo Vianna Cerrão, o farmacêutico era Taciano Accioli Monteiro e o médico era Miguel
Zacharias de Alvarenga, fazendeiro na região do 2º distrito de São Gonçalo, que residia em
Icaraí, onde também atendia pela manhã. Além de Nicolich, o serviço externo era composto por
seu auxiliar, Carlos Marcondes de Brito, por dois patrões para as lanchas a vapor, por dois
maquinistas, dois foguistas e seis marinheiros para os batelões. E no serviço interno, além do
fiel Polycarpo da Silva, faziam parte o encarregado das bagagens, Oscar Correia de Mattos,
dois incumbidos da desinfecção, dois cozinheiros, quatro serventes, um maquinista para os
motores no estabelecimento, um pedreiro e um carpinteiro128. As informações sobre estes

124
[POR PORTARIA]. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno IX, n.23, 23 de janeiro de 1883, p.1. Disponível
em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/4830 Acesso em 25 de março de 2020.
125 INFORMAÇÕES. A Folha Nova, Rio de Janeiro, anno III, n.101, 2 de março de 1883, p.1. Noticias

Commerciaes. A Folha Nova, Rio de Janeiro, anno III, n.104, 7 de março de 1883, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/363723/392 Acesso em 25 de março de 2020.
126
HOSPEDARIA de Immigrantes da Ilha das Flôres. Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Corte e
da Província do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Em Casa dos Editores-Proprietários Eduardo e Henrique
Laemmert, anno XLI, 1884, p.102. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/313394x/56516 Acesso em 25 de março de 2020.
127
HOSPEDARIA de Immigrantes da Ilha das Flôres. Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Corte e
da Província do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Em Casa dos Editores-Proprietários Eduardo e Henrique
Laemmert, anno XLII, 1885, p.104. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/313394x/58516 Acesso em 27 de março de 2020.
128
HOSPEDARIA dos Immigrantes. Almanak de Nictheroy: Comercial, Administrativo, Noticioso, Industrial,
Mercantil e Indicador de Nictheroy para o anno de 1889. Nictheroy: Typographia Salesiana do Collegio de Artes
e Officios de Santa Rosa, Azevedo & Marques Editores e Proprietários, anno I, 1889, p.102. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/828947/99 Acesso em 27 de março de 2020.
109

funcionários correspondem com o estabelecido pelo Regulamento provisório para a Hospedaria


da Ilha das Flores.
Embora não apresente a data e autoria, o “Regulamento provisório para a hospedaria de
imigrantes da Ilha das Flores”, manuscrito disponível no Arquivo Público do Estado do Rio de
Janeiro, nos fornece informações sobre os funcionários da hospedaria e suas funções129.
A administração caberia privativamente ao administrador, sendo este chefe de todo o
serviço que seria executado e todos os empregados sendo-lhe subordinados. Para a execução de
todos os serviços, no entanto, era necessário a presença de ajudantes que teriam como função
dirigir os serviços de recebimento e de expedição de imigrantes; fiscalizar os serviços de
cozinha e refeitório, por exemplo; e limpar o estabelecimento.
Os ajudantes também poderiam auxiliar o serviço interno da enfermaria, cujo
responsável deveria cuidar dos doentes e ministrar dietas caso fosse necessário; percorrer os
alojamentos; e fazer a escrituração do movimento da enfermaria, bem como dos objetos e
utensílios necessários e utilizados.
Na questão médica ainda podemos citar a atuação do farmacêutico e do médico. Ao
primeiro caberia a direção da farmácia, bem como a preparação de medicamentos solicitados
pelo médico e a manutenção da escrituração das receitas, pedidos, medicamentos, utensílios e
objetos necessários à farmácia. Por sua vez, ao médico caberia a administração dos enfermeiros
e do serviço sanitário geral da Hospedaria, buscando sempre a salubridade do estabelecimento.
Deveria ainda verificar o estado de cada imigrante na Hospedaria; verificar os pedidos de
medicamentos para a farmácia, bem como dos alimentos para os imigrantes; e visitar os navios
para conduzir o imigrante, caso fosse necessário.
Intérpretes, maquinistas, almoxarifes e encarregados da limpeza e bagagens também
compunham o quadro de pessoal da Hospedaria da Ilha das Flores, responsáveis por receber os
estrangeiros que que vinham de 3ª classe.
Os imigrantes embarcados nos pequenos batelões, barcaças que os conduziam até a Ilha,
quando chegavam à Hospedaria da Ilha das Flores tinham suas bagagens recolhidas em um
armazém, eram então encaminhados para o Escritório da Diretoria (REZNIK; COSTA, 2019).
Neste local, o escrivão, acompanhado de um intérprete, realizava o registro dos imigrantes em
livros, nos quais se anotavam informações como o nome, a idade, o estado civil, a nacionalidade
e a profissão de cada um.

129
REGULAMENTO provisório para a hospedaria de imigrantes da Ilha das Flores. Arquivo Público do Estado
do Rio de Janeiro. Fundo PP. Notação: Pasta 479. Caixa 181. Maço 03. [s. d.].
110

Após este registro,


os imigrantes passavam pelo consultório médico a fim de verificar o seu
estado de saúde, prevenindo assim a entrada de doenças infectocontagiosas. A
inspeção médica funcionava como uma espécie de triagem, na qual os doentes
eram encaminhados para a Santa Casa de Misericórdia, na cidade do Rio de
Janeiro, ou, nos casos mais simples, internados nas enfermarias locais. Para
auxiliar no tratamento de doenças, o estabelecimento contava, ainda, com uma
botica, suprida com os mais diversos medicamentos (REZNIK; COSTA,
2019: p.22).

Desde o início do funcionamento da Hospedaria da Ilha das Flores, o número de


imigrantes que ingressaram foi importante, tendo decrescido somente em 1889, e retomado logo
a seguir, recebendo mais de 60 mil imigrantes nos dois anos seguidos.
A chegada de imigrantes na Hospedaria da Ilha das Flores era frequentemente noticiada
nos periódicos do período, fosse os de grande circulação como O Paiz, o Gazeta de Noticias e
o Diario de Noticias, fosse os de menor expressão como o Echo do Imperio, A Folha Nova, o
Constitucional e o Monitor Campista.
Entre estas matérias veiculadas, podemos destacar a publicada na edição de 7 de junho de
1884 do Echo do Imperio, a qual informou não só o movimento de imigrantes, no mês de maio,
na Hospedaria, como o quantitativo de homens e mulheres, a nacionalidade e os portos de
origem dos imigrantes130. Entre os 725 homens e 272 mulheres que chegaram havia um
contingente significativo de italianos, portugueses, alemães e austríacos. Nesse mesmo ano, o
periódico A Folha Nova, em sua edição de 4 de julho, apresentou os dados sobre o movimento
do mês de junho na hospedaria. De acordo com essa matéria, dos 819 imigrantes que
ingressaram na hospedaria, 582 eram homens e 237 eram mulheres, tendo se destacado
imigrantes de nacionalidades italiana, austríaca, polca e portuguesa. A matéria ainda informou
que, de janeiro até aquele momento, haviam entrado 4.698 imigrantes na Hospedaria131.
O Monitor Campista, por sua vez, noticiou em sua edição de 4 de junho de 1885, que dos
66 imigrantes que haviam chegado por um navio francês, 11 teriam ido para a Ilha das Flores,
e 55 teriam desembarcado por conta própria132. Já o Constitucional, em maio de 1889 informou
a criação de uma comissão pelo Ministério da Agricultura para examinar e providenciar

130
IMMIGRAÇÃO. Echo do Imperio, Rio de Janeiro, anno I, n.2, 7 de junho de 1884, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/247847/2 Acesso em 27 de março de 2020.
131
NOTICIAS Commerciaes. A Folha Nova, Rio de Janeiro, anno III, n.588, 4 de julho de 1884, p.3. Disponível
em: http://memoria.bn.br/DocReader/363723/2339 Acesso em 27 de março de 2020.
132
NOTICIAS da Côrte. Monitor Campista, Rio de Janeiro, anno XLVIII n.138, 14 de junho de 1885, p.2.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/030740/23545 Acesso em 27 de março de 2020.
111

melhorias na Hospedaria e em junho do mesmo ano informou que 1.152 imigrantes receberam
auxilio do Governo na Hospedaria da Ilha das Flores133.
Nos periódicos de grande circulação podemos destacar as chegadas de imigrantes
noticiadas pelo Gazeta de Noticias. Entre 1883 e 1889 este periódico noticiou não só a chegada
de imigrantes italianos, alemães, portugueses e espanhóis, como também dados sobre o
movimento mensal de entrada e saída de imigrantes134. Na edição de 31 de outubro de 1889, o
periódico noticiou a posse do Sr. Lycurgo José de Mello como novo diretor da Hospedaria da
Ilha das Flores, o qual foi apresentado aos funcionários pelo ex-diretor, Francisco Xavier da
Cunha135.
Assim como o Gazeta de Notícias fizera anteriormente, O Paiz também noticiou, por
diversas vezes, os números de entrada de imigrantes na Hospedaria da Ilha das Flores e o seu
movimento mensal136. Noticiou, igualmente, a nomeação de Miguel Archanjo de Paula Lima,
formado pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1887, como médico da Hospedaria de Ilha
das Flores, e a exoneração de João da Silva Ramos137 , em 1889.

133
HOSPEDARIA da Ilha das Flores. Constitucional: Orgão do Partido Conservador, Rio de Janeiro, anno I,
n.32, 19 de maio de 1889, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/808903/136 Acesso em 27 de
março de 2020.
IMMIGRAÇÃO. Constitucional: Orgão do Partido Conservador, Rio de Janeiro, anno I, n.50, 6 de junho de 1889,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/808903/207 Acesso em 27 de março de 2020.
134
ANNUNCIOS. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno IX, n.192, 11 de julho de 1883, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=103730_02. Acesso em 2 de abril de 2020.
NOTAS a Margem. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno IX, n.350, 16 de dezembro de 1883, p.1. Disponível
em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/6272 Acesso em 2 de abril de 2020.
MANUMISSÕES. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno X, n.342, 7 de dezembro de 1884, p.1. Disponível
em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/7923 Acesso em 2 de abril de 2020.
SOCIEDADE Central de Immigração. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XI, n.36, 5 de fevereiro de 1885,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/8195
Acesso em 2 de abril de 2020.
A SEMANA. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XI, n.95, 5 de abril de 1885, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/8456 Acesso em 2 de abril de 2020.
COUSAS Politicas. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XI, n.152, 1º de junho de 1885, p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/8715 Acesso em 2 de abril de 2020.
ENTRELINHAS. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.12, 12 de janeiro de 1887, p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/11481 Acesso em 2 de abril de 2020.
IMMIGRAÇÃO. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIV, n.189, 8 de julho de 1888, p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/14039 Acesso em 2 de abril de 2020.
135
[TOMOU ontem posse]. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XV, n.304, 31 de outubro de 1889, p.1.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/16449 Acesso em 27 de março de 2020.
136
NOTICIARIO. O Paiz, Rio de Janeiro, anno I, n.68, 7 de dezembro de 1884, p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/178691_01/269 Acesso em 2 de abril de 2020.
NOTICIARIO. O Paiz, Rio de Janeiro, anno II, n.35, 5 de fevereiro de 1885, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/178691_01/516 Acesso em 2 de abril de 2020.
NOTICIARIO. O Paiz, Rio de Janeiro, anno III, n.5, 5 de janeiro de 1886, p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/178691_01/1925 Acesso em 2 de abril de 2020.
O CAFÉ do Brazil. O Paiz, Rio de Janeiro, anno IV, n.945, 8 de maio de 1887, p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/178691_01/3923 Acesso em 2 de abril de 2020.
137
NOTICIARIO. O Paiz, Rio de Janeiro, anno VI, n.1796, 7 de setembro de 1889, p.1. Disponível em:
112

Porém, segundo Julianna Costa, na década seguinte as notícias e dados sobre a Hospedaria
estamparam com mais frequência as páginas de tal periódico. Pelo fato do Governo Republicano
ter delegado aos Estados a responsabilidade de promover a imigração, bem como de recepcionar
e alojar os seus respectivos imigrantes, os gastos da União com a manutenção da Hospedaria da
Ilha das Flores diminuíram drasticamente. Essa precariedade de recursos foi estampada nas
páginas de jornais como O Paiz (COSTA, 2015).
O Diario de Noticias também publicou em suas páginas o mesmo tipo de notícias sobre a
hospedaria da Ilha das Flores, veiculadas em outros periódicos. Em suas edições publicadas,
entre os anos de 1884 e 1887, reservou um espaço denominado “Immigração” para informar o
movimento mensal de imigrantes na Hospedaria138.
Nesse sentido os periódicos foram importantes fontes de informação, especialmente para
cruzarmos estas informações com as dos livros de registro da Hospedaria e com os relatórios
ministeriais.
De acordo com Julianna Costa, parte significativa dos imigrantes alojados na Hospedaria
da Ilha das Flores, na década de 1880, se dirigiu para a região sul do país, onde havia inúmeros
núcleos coloniais (COSTA, 2015).
Com a Proclamação da República, a Inspetoria Geral de Terras e Colonização foi
reorganizada através do decreto n. 603, de 26 de julho de 1890139. A Hospedaria da Ilha das
Flores permaneceu subordinada ao Inspetor Geral, já que se localizava na Capital Federal. As
hospedarias dos demais estados ficaram sob responsabilidade dos delegados e agentes da
imigração e colonização, surgindo assim novas hospedarias em diversos pontos do país, como
a Hospedaria do Cristal em Porto Alegre.
A partir de 1891, a Hospedaria da Ilha das Flores passou a ser subordinada ao Ministério
da Indústria, Viação e Obras Públicas. No entanto, essa não foi uma mudança efetiva de
jurisdição, mas apenas de nomenclatura. A lei n. 23 de 30 de outubro de 1891 transformou a
Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas em Ministério

http://memoria.bn.br/DocReader/178691_01/7638 Acesso em 27 de março de 2020.


138
IMMIGRAÇÃO. Diario de Noticias, Rio de Janeiro, anno I, n.30, 6 de julho de 1885, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369365/100 Acesso em 27 de março de 2020.
IMMIGRAÇÃO. Diario de Noticias, Rio de Janeiro, anno II, n.319, 22 de abril de 1886, p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369365/1289 Acesso em 27 de março de 2020.
IMMIGRAÇÃO. Diario de Noticias, Rio de Janeiro, anno III, n. 826, 13 de setembro de 1887, p.1. Disponível
em: http://memoria.bn.br/DocReader/369365/3351 Acesso em 27 de março de 2020.
139
BRASIL. Decreto nº 603, de 26 de Julho de 1890. In Coleção de Leis do Brasil de 1890. Rio de Janeiro:
Typographia Nacional, 1890. Vol. Fasc. VII, p.1634. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-603-26-julho-1890-520634-publicacaooriginal-
1-pe. Acesso em 15 de dezembro de 2019.
113

da Indústria, Viação e Obras Públicas140, e as atribuições das diferentes diretorias, subordinadas


à Secretaria, foram reorganizadas dentro da nova estrutura no novo ministério (GABLER,
2012).
O norteamento da responsabilidade da política imigratória para os Estados fez com que a
Hospedaria da Ilha das Flores, entre o final do século XIX e início do século XX, perdesse sua
função como principal estabelecimento receptor que o Governo central havia se proposto a
realizar. A Hospedaria da Ilha das Flores só voltaria a receber fluxos significativos de
imigrantes em 1907, quando, diante da dificuldade dos estados em promover a imigração, o
poder central retomou as políticas imigratórias.
Analisando decretos como o de n.6.455, de 19 de abril de 1907, que estabeleceu as bases
regulamentadoras para o serviço do povoamento do solo, o de n.6.479 de 16 de maio de 1907,
que criou a Diretoria Geral do Serviço do Povoamento como repartição central dos assuntos
concernentes à imigração e colonização, e o de n.6.668 de 03 de outubro de 1907, que aprovou
as instruções para o serviço de propaganda e expansão econômica no exterior141, Carolinne
Sanches analisou como a Hospedaria da Ilha das Flores voltou a florescer ainda no contexto das
“Grandes Migrações” (SANCHES, 2018).
Passando por uma série de reformas em sua estrutura, a partir de 1907, a hospedaria teve
ampliada suas dependências e melhorou sua capacidade e estrutura de recepção para acolher os
imigrantes, que desfrutariam de seus alojamentos até o ano de 1966.
Nesse ínterim, a Hospedaria ficou marcada por receber levas de imigrantes refugiados no
período entre guerras, bem como a sua utilização como presídio militar nas situações já
mencionadas nessa dissertação. Além desta última função, as instalações na Ilha das Flores
abrigaram, entre as décadas de 1940 e 1950, as atividades do Serviço de Recreação Operário,
órgão do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que era responsável pela promoção do
lazer dos trabalhadores nacionais sindicalizados. Como a Hospedaria ficou sob a

140
BRASIL. Lei n. 23, de 30 de outubro de 1891. In Colecao das leis da Republica dos Estados Unidos do Brasil,
Rio de Janeiro, v. 1, parte 1, p. 42-45, 1892. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1824-
1899/lei-23-30-outubro-1891-507888-norma-pl.html. Acesso em 15 de novembro de 2019.
141
BRASIL. Decreto n.6.455 de 19 de abril de 1907. In Diário Official - 4/5/1907, Página 3086. Disponível em:
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1900-1909/decreto-6455-19-abril-1907-502417-publicacaooriginal-
1-pe.html. Acesso em 15 de novembro de 2019. BRASIL. Decreto n.6.479 de 16 de maio de 1907. In Diário Official
- 15/8/1907, Página 6145. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1900- 1909/decreto-6479-
16-maio-1907-527639-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em 15 de novembro de 2019. BRASIL. Decreto
n.6.668 de 3 de outubro de 1907. In Diário Official - 17/10/1907, Página 7493. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1900-1909/decreto-6668-3-outubro-1907-523242-
publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em 15 de novembro de 2019.
114

responsabilidade do MTIC, entre 1930 e 1954, o cenário da Ilha foi por muitas vezes utilizado
para este fim (SANTOS, 2016).
Entre 1954 e 1966, a Hospedaria voltou a ser de responsabilidade do Ministério da
Agricultura, ficando, como já mencionado, primeiramente sob a responsabilidade do Instituto
Nacional de Imigração e Colonização (INIC), e entre 1964 e 1966, do Instituto Nacional de
Desenvolvimento Agrário (INDA). No entanto, o fluxo anual de imigrantes entre 1954 e 1966
não conseguiu chegar aos 2 mil imigrantes142, denotando assim a perda de relevância do papel
da Hospedaria no início da segunda metade do século XX.

142
Números disponíveis no sítio da Tropa de Reforço dos Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil. Disponível em:
http://www.trpref.mb/historico_ilha_flores.html. Acesso em 2 de abril de 2020.
115

Capítulo 3 – As hospedarias de imigrantes: saúde e assistência no Império

3.1 – As questões assistencial e sanitária

Nas páginas anteriores apresentamos o contexto e a implementação de ações, de


naturezas diversas, por parte de instituições, fossem elas subordinadas ao Governo Imperial,
aos governos provinciais, ou por particulares, para tratar do fenômeno da imigração. Neste
sentido, analisamos o processo de criação de hospedarias direcionadas à recepção de imigrantes
na Corte e na Província do Rio de Janeiro.
Vimos que imigração e colonização andaram de mãos dadas, durante o século XIX, e
que o interesse em buscar braços para a lavoura, fora das terras brasileiras, se intensificou com
o iminente fim da escravidão. Entretanto, importa registrar que a busca por estrangeiros não
tinha sido insignificante, mesmo antes da eminência do término da escravidão no país.
Também vimos que ao estudar a formulação das hospedarias de imigrantes no final do
século XIX, Hugo Segawa atribui-lhes como uma de suas funções a assistência ao imigrante
até o seu encaminhamento para mão-de-obra para a lavoura ou para a colonização. Tal autor
também destacou que esses espaços se constituíram como instalações arquitetônicas
organizadas com uma infraestrutura de assistência médica e social, exercendo assim um papel
para hospitalar (SEGAWA, 1989)
A assistência mencionada pelo autor, no entanto, difere, pelo menos na proveniência da
ação, daquela que geralmente é pensada quando se fala de espaços de assistência no Brasil do
século XIX, uma vez que demonstra o papel do Estado, chocando-se ao caráter voluntário e
filantrópico que as instituições de assistência exerciam naquele contexto.
Expressão desse caráter e objeto de estudos consolidados, a Santa Casa da Misericórdia
continha entre outras estruturas, um hospital, um asilo e um orfanato, mantidos pela Irmandade
de Nossa Senhora, Mãe de Deus, Virgem Maria da Misericórdia (SANGLARD, 2003). Tal
Irmandade, segundo Gisele Sanglard, juntamente com as Ordens Terceiras, eram expressões da
tradição luso-brasileira de filantropia e caridade:
As Ordens Terceiras estavam diretamente vinculadas a uma ordem religiosa,
a quem cabia permitir-lhes o funcionamento e, no caso específico do Rio de
Janeiro, vale lembrar os hospitais mantidos pelas Ordens Terceiras de São
Francisco da Penitência e de Nossa Senhora do Monte do Carmo.
As Irmandades, por sua vez, eram uma reunião de leigos em torno do culto de
um santo determinado, à beneficência e à ajuda mútua (...) (SANGLARD,
2003: 1096).
116

Essa tradição, caracterizada pelo espirito cristão de prestação de auxílio a pessoas


doentes e pobres, incentivou as elites locais na organização dos serviços de assistência, em que
a Santa Casa foi responsável por atender os pobres, os escravos e outros grupos específicos
como soldados, marinheiros e imigrantes (SANGLARD et al, 2011)
Mesmo sendo de caráter privado, tais instituições não ficaram alheias às ações do
Governo Imperial brasileiro, inclusive no contexto abordado pela presente pesquisa. Em
períodos de epidemias, como a de febre amarela, peste e cólera, a mobilização do Estado e da
medicina local influíram nas ações de prevenção sanitária e assistência a população afetada,
realizada também pela Santa Casa (SANGLARD et al, 2011). Deste modo, a caridade
individual e coletiva foi uma forma reconhecida de prestação de assistência nesse contexto, uma
vez que dispendia igual atenção, por exemplo, ao público e ao privado, e ao laico e ao religioso.
Abordando este contexto no Rio de Janeiro, Tânia Salgado Pimenta analisou como o
Estado se posicionou em relação a saúde pública, enfatizando a reestruturação das iniciativas
públicas e privadas:
Utilizando como fuentes las correspondencias entre el gobierno Imperial y la
administración de la Santa Casa de la Misericordia, los oficios de la Junta de
Higiene Pública y los periódicos de la época, muestra la creciente demanda de
servicios del hospital de la Misericordia a lo largo del siglo XIX, una situación
que repercutió en la redefinición de la categoría de pobre y en el perfil de las
personas que podrían ser atendidas gratuitamente em sus dependencias. A
pesar del aumento de la oferta de camas y del número de médicos y
funcionarios del hospital, el mayor problema de la atención pública centrado
en el Hospital de la Misericordia era estructural, pues dicho aumento no
acompañaba al elevado crecimiento de la población de Río de Janeiro. Por
otro lado, aunque el Estado no asumiera diretamente la atención a la salud de
la población, se observa una creciente intervención y auxilio financiero al
hospital y enfermerías de la Santa Casa (Apud SANGLARD et al, 2011: 17).

Ainda que o discurso oficial brasileiro sobre a assistência à saúde para o imigrante tenha
sido muito mais presente na primeira metade do século XX, em consonância com a construção
do projeto urbano e econômico do Estado (Marques; Afonso; Silveira, 2014 ), a assistência
prestada na Santa Casa e nas hospedarias de imigrantes na segunda metade do século nos
permitem considerar a relevância que tais instituições tiveram nesse contexto em que, mesmo
não havendo um sistema de saúde regulamentado, a preocupação com a saúde do imigrante não
passou despercebida.
Uma das formas de se perceber essa preocupação, pode estar no que Renato Gama-Rosa
Costa apontou como o aprofundamento da relação entre história da assistência em saúde e a
arquitetura, que nem sempre se mostra evidente (COSTA, 2011). Porém, segundo Costa, essa
117

relação pode ser expressa na construção dos espaços para tratamento médico, sobretudo os
hospitais e os sanatórios.
O autor destacou a complexidade que passou a envolver as estruturas de saúde,
principalmente depois do nascimento do hospital moderno, em fins do século XVIII. Utilizando
como referência Michel Foucault, Costa menciona que na concepção do hospital moderno
nenhuma teoria médica por si mesma seria suficiente para definir um programa hospitalar. Para
Foucault, o projeto de arquitetura para um bom hospital seria algo bem complexo,
desconhecendo-se os efeitos e as consequências que agiriam sobre as doenças, cabendo um
estudo cada vez mais empírico para o aprimoramento.
Decerto é que medidas como ventilação dos quartos, o estabelecimento de uma distância
saudável entre os leitos e a separação de atividades, como cirurgia e expurgo de material sujo e
dejetos, eram medidas cada vez mais aceitas, inclusive no Brasil, onde,
(...)o hospital moderno nasceu na passagem do modelo religioso para o
modelo pavilhonar, em meados do século XIX, e procurava
acompanhar a trajetória dessas construções na Europa, regidas
primeiramente sob o princípio da construção em claustro, mas que
sofreram profundas transformações depois do higienismo e ainda mais
com os trabalhos de Louis Pasteur e a bacteriologia (COSTA, 2011:
55).

Costa destacou o trabalho de Ramos de Azevedo para se entender o sistema de pavilhões


na constituição da estrutura física da Colônia Juliano Moreira. Engenheiro e arquiteto formado
na Bélgica, foi um dos responsáveis no Brasil por desenvolver o sistema Tollet de arquitetura
hospitalar, o qual propunha que as construções hospitalares ficassem afastadas das
aglomerações urbanas e localizadas em terrenos ensolarados, aumentando a superfície do
terreno na mesma proporção de aumento do número de alojamentos coletivos, e os edifícios
ficassem dispostos por toda a superfície do terreno respeitando um paralelismo entre os diversos
prédios.
Ainda que não aborde as hospedarias de imigrantes, o estudo de Renato Costa nos
possibilita refletir sobre o caráter parahospitalar enfocado por Hugo Segawa ao trabalhar com
a constituição das hospedarias. O isolamento, a desinfecção e a redução do mobiliário hospitalar
ao mínimo, ainda que se constituam como medidas sanitárias não podem ser dissociadas em
suas implicações e consequências do caráter assistencial realizado pela Santa Casa, e
principalmente pelas hospedarias de imigrantes.
Todavia, ao estudarmos o contexto de criação de estruturas para a recepção desses
imigrantes, sobretudo na segunda metade do século, percebemos como os interesses de
118

particulares dialogaram com os interesses governamentais, haja vista as parcerias para a criação
de associações, companhias e sociedades. Essas associações e companhias foram algumas das
facetas por meio das quais diferentes sujeitos da elite latifundiária, ou intelectual, puderam
expressar seus interesses na imigração, além das oportunidades que lhes eram apresentadas
tendo em vista sua presença nas casas legislativas, tanto das províncias, quanto da Corte.
Deste modo, os imigrantes que aqui chegavam tinham diferentes funções sociais e
econômicas, e assim diferentes atores da sociedade brasileira procuravam discutir o modo de
recebê-los e as implicações decorrentes de sua presença no país.
Além da preocupação da elite agrária brasileira, o contexto da segunda metade do século
XIX marcou os primórdios da atuação dos médicos higienistas na esfera política, os quais
passaram a se comprometer com uma ótica que enxergava a saúde como um componente
necessário para o desenvolvimento da sociedade capitalista no século XIX.
Higienistas, fazendeiros de café e altos funcionários do Governo Imperial, que
buscavam promover a vinda de estrangeiros saudáveis para serem colonos e trabalhadores livres
no território brasileiro, conferiram muita atenção às doenças mais letais que acometiam a
população, em particular aos estrangeiros que procuravam se estabelecer em terras brasileiras,
quando, sobretudo, estes imigrantes começavam a galgar um significativo papel na economia
brasileira, até então fundamentada em bases escravistas.
Nessa ótica era preciso equilibrar as noções dos meios externo e interno, ou seja, sanear
os ambientes para se obter uma melhor saúde do corpo, pois as condições de vida e de trabalho
apresentadas então nas cidades, acumulando pessoas e estreitando os contatos, faziam com que
aumentasse a ocorrência de epidemias.
Abordando a ação dos médicos junto ao Estado, George Rosen destacou que, ao longo
do século XIX houve diferentes esforços visando a centralização das administrações para a
saúde pública, notando-se, especialmente a partir da segunda metade de tal século, mudanças
mais efetivas no que dizia respeito à administração da saúde e saneamento, com ações via
processo de higienização procurando atingir o espaço urbano (ROSEN, 1994).
Já para Michel Foucault, essa higienização urbana seria uma das etapas da formação da
medicina social, e teria se desenvolvido na França, no final do século XVIII. Proveniente da
urbanização, essa preocupação com a higiene pública dos ambientes calçou o que para tal autor
caracterizaria à “Medicina da Força do Trabalho”, surgida na Inglaterra, no século XIX, ou seja
o objetivo de controlar a saúde e o corpo dos trabalhadores, a fim de torná-los aptos ao
trabalho e menos perigosos como vetores de doenças à população mais rica (FOUCAULT,
2004).
119

Dorothy Porter, por sua vez, destacou que, embora não houvesse, até fins do século XIX,
uma política pública de saúde regulamentada, desde a antiguidade questões de higiene pessoal
e pública influenciaram nas ações coletivas de regulamentação das condições ambientais e a
regulamentação do comportamento individual para benefício da sociedade, como, por exemplo,
o isolamento dos doentes, utilizado para proteger os saudáveis (PORTER, 1994; 2001).
De acordo com Dina Czeresnia, a segunda metade do século XIX foi um período em
que medicina e política estreitaram sua relação, expandindo assim o movimento pela higiene
dos espaços pautado em normas da saúde em que os médicos envolvidos relacionavam as
doenças com o ambiente e com as relações sociais desiguais (CZERESNIA, 1997).
Segundo Czeresnia, desde o início do século XIX havia dois grupos que defendiam
posições distintas em relação ao contágio das doenças. Os contagionistas, que afirmavam que a
doença se propagava individualmente de um para o outro e que estimularam práticas de controle
e cerceamento. E os anticontagionistas que relacionavam as doenças à constituição atmosférica,
enfatizando práticas de controle ambiental (CZERESNIA, 2000). Para Erwin H. Ackerknecht,
a discussão sobre contágio esteve intrinsecamente ligada os corolários sociais e econômicos da
sua expressão material, ou seja, as consequências das quarentenas para as classes industrial e
comercial, uma vez que as quarentenas significavam fonte de perdas e limitação à expansão de
tais. Por sua vez, os anticontagionistas eram, além de cientistas, reformadores empenhados em
defender a liberdade do indivíduo e do comércio contra práticas que pudessem obstaculizar tal
liberdade (ACKERKNECHT, 1948).
Assim como Czeresnia, Sidney Chalhoub destacou os debates em torno dos enfoques
miasmático e bacteriológico das doenças, enfocando que no contexto de estabelecimentos de
procedimentos e criação de serviços para a recepção e acolhimento de imigrantes, destacava-se
a preocupação com a saúde destes indivíduos e as respectivas doenças que pudessem acometê-
los (CHALHOUB, 1996). Na visão de Chalhoub, os médicos também foram responsáveis por
apoiar o projeto imigratório quando ele passou a ter um viés higienista racista no final do século
XIX e início do XX.
Esses debates médicos também foram analisados por Jaime Benchimol ao estudar a
instituição da microbiologia no Brasil em fins do século XIX (BENCHIMOL, 2004). A partir
da análise de matérias publicadas, tanto em periódicos científicos quanto nos de grande
circulação do período, o autor revela que, principalmente na década de 1890, os debates
ocorriam diariamente na imprensa, e já discutiam o princípio de que a febre amarela era causada
por um germe. Ainda assim, para analisar a mudança na concepção da natureza contagiosa da
120

doença, o autor percorreu a trajetória das controvérsias sobre a etiologia e a profilaxia da


doença, presentes nos círculos médicos desde o período imperial.
Considerando a febre amarela como uma doença fruto de um processo biológico e social,
o autor atentou para a incidência dessa doença nas coletividades humanas ao longo do tempo,
para sua influência nas atividades políticas, econômicas, sociais e individuais, bem como para
a formulação de teorias para explicá-la (BENCHIMOL, 2004). Benchimol destacou ainda, a
primeira epidemia de febre amarela na capital do Império, ocorrida entre 1849 e 1850, e como
esta ensejou e mobilizou disputas teóricas sobre a etiologia da mesma e sobre as propostas para
o saneamento na província do Rio de Janeiro, principalmente na Corte (BENCHIMOL, 1990).
Chalhoub, por sua vez, destacou a posição do Governo Imperial frente às doenças, que
acometiam o Município da Corte nesse período, a qual evidenciava a incidência da febre
amarela junto à população negra e imigrante, e da tuberculose e varíola na população negra. Tal
autor também destacou que estas duas últimas enfermidades foram pouco consideradas pelo
poder público, se comparada com a atenção dispensada à febre amarela. A febre amarela teria
recebido mais atenção, pelo fato que atingia, de forma mais expressiva, os imigrantes recém-
instalados, justamente num momento em que os latifundiários encontravam-se preocupados
com a possibilidade de término da escravidão, o que acarretaria a necessidade de substituição
da mão de obra dos negros escravos pela dos imigrantes (CHALHOUB, 1993).
Nesse sentido, o estudo dos aspectos sanitários e assistencialistas das hospedarias de
imigrantes, criadas ou apoiadas pelo Governo Imperial, permite entrarmos em contato e
estudarmos alguns dos elementos que Gilberto Hochman, Paula Xavier dos Santos e Fernando
Pires-Alves consideraram como questões da história da saúde pública, ou seja, as condições de
vida e seus efeitos na morbidade e mortalidade; as respostas estatais e sociais às epidemias; as
instituições e os instrumentos de controle social; as influências externas e os intercâmbios
internacionais no desenvolvimento médico-sanitário nacional e local; e as políticas de saúde, as
ideologias e os processos mais amplos de construção dos Estados nacionais (HOCHMAN;
SANTOS; PIRES-ALVES, 2004).
A análise da construção de estrutura e espaços para a promoção da imigração e recepção
de imigrantes no Brasil, como as hospedarias de imigrantes, é relevante para o entendimento da
saúde pública no país no período em questão. Tal estrutura incluiu os órgãos promotores da
imigração, os serviços de controle sanitário no desembarque, e os órgãos de acolhimento e
encaminhamento dos imigrantes aos seus respectivos destinos.
121

De acordo com Madel Therezinha Luz, no decorrer do século XIX, desenvolveu-se a


ideia de fornecer saúde às cidades e não propriamente aos indivíduos, os enquadrando
socialmente através do controle populacional e dos costumes para então as cidades tornarem-
se salubres (LUZ, 1982). A ideia de salubridade, para Foucault, teria se desenvolvido nesse
contexto e se diferenciaria da ideia de saúde. Deste modo, salubridade seria:
(..) o estado das coisas, do meio e seus elementos constitutivos, que
permitem a melhor saúde possível. Salubridade é a base material e
social capaz de assegurar a melhor saúde possível dos indivíduos. E é
correlativamente a ela que aparece a noção de higiene pública, técnica
de controle e modificação dos elementos materiais do meio que são
suscetíveis de favorecer ou, ao contrário, prejudicar a saúde.
Salubridade e insalubridade são o estado das coisas e do meio enquanto
afetam a saúde; a higiene pública (FOUCAULT, 2004, p. 93)

Nesse sentido, a preocupação com as cidades portuárias foi uma questão latente neste
período, haja vista a intensa circulação de pessoas e mercadorias que tornavam estas cidades
mais vulneráveis às epidemias. A saúde dos portos ganhou atenção, ao longo do Império,
especialmente a partir da criação da Inspeção de Saúde Pública do Porto do Rio de Janeiro, em
1829, que tinha a atribuição de verificar o estado sanitário das embarcações e decidir se estavam
desimpedidas ou deveriam realizar quarentena143.
Segundo Dilma Cabral e Angélica Ricci Camargo, tal órgão complementou o cenário
das mudanças realizadas na divisão de responsabilidades, entre o governo central, as províncias
e as municipalidades, na administração dos assuntos referentes à saúde da população e à
salubridade das cidades. Na Corte, o serviço deveria ser desempenhado por uma comissão
composta por provedor da saúde, professor de saúde, intérprete, que serviria também de
secretário, guarda bandeira e guardas que fossem necessários (CABRAL; CAMARGO, 2017).
O regulamento determinou, ainda, que todas as embarcações mercantis ou de guerra,
nacionais ou estrangeiras, que aportassem no Rio de Janeiro, fossem submetidas às visitas de
saúde, excetuando-se das visitas sanitárias apenas as embarcações de menor porte, voltadas ao
comércio interno e da costa. Para a visitação, os navios deviam ficar fundeados no ancoradouro
de Jurujuba, em Niterói. Os prazos das quarentenas seriam definidos de acordo com os portos
de origem dos navios.

143
BRASIL. Decreto de 17 de janeiro de 1829. Actos do Poder Executivo de 1829. Rio de Janeiro, 1829. Parte II,
p.4-9. Disponível em: https://www.camara.leg.br/Internet/InfDoc/conteudo/colecoes/Legislacao/Legimp-
L_10.pdf#[0,{%22name%22:%22FitR%22},-280,-15,698,610]. Acesso em 20 de janeiro de 2020.
122

Antes da segunda metade do século XIX, foram realizadas mudanças no regulamento


sanitário da Inspeção de Saúde Pública do Portos, devido à presença de epidemia de peste em
países que mantinham relações mercantis com a Corte. Pelo decreto do Governo Imperial, de
23 de abril de 1836, a Inspeção de Saúde do Portos passou a se organizar em duas frentes, o
serviço de mar e o serviço de terra, e foi limitado o número de seus facultativos 144. Em 1843,
com o decreto nº 268, foi retirada das Câmaras Municipais a jurisdição sobre as inspeções
sanitárias dos portos, e determinada a competência privativa do governo imperial sobre a
nomeação de seus empregados145.
O regulamento de 1843 estabeleceu, ainda, que deveria ser instalado um ancoradouro
para a quarentena, em todos os portos brasileiros, e que as embarcações vindas do exterior
fossem obrigadas a exibir a carta de saúde, documento expedido pelas autoridades sanitárias
que atestava a saúde da tripulação e do porto de origem.
Enquanto que no Rio de Janeiro a Inspeção de Saúde do Portos era constituída pelo
provedor, dois secretários intérpretes, um agente, um guarda bandeira e dois guardas, nas
demais províncias a estrutura variava um pouco: na Bahia, Pernambuco e Maranhão, haveria
provedor, secretário intérpretes e guarda; e nos demais portos, onde houvesse alfândega,
somente o provedor e guarda.
Este período inicial da segunda metade do século, destaca Maria Luiza Marcílio, tratava-
se de um cenário com características mortais e mórbidas:
a população moradora no Rio de Janeiro aprendeu a conviver diariamente com
a morte, a morte crônica e a epidêmica. Chega a ser difícil para nós hoje
entender como faziam para viver as pessoas do Rio de Janeiro face às
múltiplas doenças infecto-contagiosas e epidêmicas que as atacavam
conjuntamente, a cada ano. No período de 1851 a 1860, por exemplo, de
acordo com as declarações do médico da época Dr. Pereira Rego, 40 epidemias
atingiram a população da cidade e outras 18 no decênio de 1861 a 1870
(MARCÍLIO, 1993: 54)

A autora ainda ressalta a tentativa das autoridades médicas e governamentais, durante


todo o século XIX, para modificar este cenário. E neste sentido, a chegada da corte portuguesa,
em 1808, teria sido um fato significativo para tal mobilização. O Príncipe-Regente D. João,
quando de sua chegada em 1808, solicitou que fosse realizado um relatório sobre as causas da

144
BRASIL. Decreto de 23 de abril de 1836. In Coleção das Leis do Império do Brasil de 1836, Rio de Janeiro:
Typographia Nacional, 1861. Parte II, p.24-25. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-
legislativa/legislacao/doimperio/colecao3.html. Acesso em 15 de dezembro de 2019.
145
BRASIL. Decreto nº 268, de 29 de janeiro de 1843. In Coleção das Leis do Império do Brasil de 1843, Rio de
Janeiro: Typographia Nacional, 1868. Tomo VI, Parte II, p.30-35. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/doimperio/colecao4.html. Acesso em 15 de dezembro
de 2019.
123

ocorrência de tantas doenças na cidade do Rio de Janeiro, deixando-a em um estado sanitário


incondizente com a de capital da Corte. O relatório foi elaborado pelo físico-mor Manoel Vieira
da Silva (1753-1826) 146.
O relatório continha um esboço de ações para melhoria sanitária da cidade, distinguindo
inicialmente as causas naturais e as não naturais das doenças. Neste relatório o ar foi
considerado o principal causador de doenças. A contaminação do ar se daria pelas águas
estagnadas nos pântanos que levavam à putrefação de matérias orgânicas e vegetais, gerando
gazes pestilentos, daí a necessidade de trabalhos de urbanização como aterro de pântanos,
encanamento de águas e alargamento de ruas. Destacou-se também as sepulturas nas igrejas e
cemitérios da Santa Casa da Misericórdia, onde os corpos amontoados permaneciam quase a
descoberto, infeccionando o ar da cidade. Propunha-se, então, a criação de cemitérios fora da
cidade com sepulturas individuais ou de no máximo três corpos.
A alimentação também seria outra causa das doenças. Começando pelo mau estado de
conservação e vendas de carnes, peixes, farinhas, vinhos, vinagres e azeites e passando pelo
comércio, os matadouros e os açougues, que deveriam ser controlados.
E finalmente o porto, produtor de doenças e mortes, e que ao mesmo tempo por meio
deste eram recebidos milhares de indivíduos. O relatório aconselhou a criação de um lazareto
para a quarentena de escravos recém-chegados e portadores de moléstias contagiosas e
cutâneas, que serviria mais tarde para a recepção de imigrantes.
A primeira metade do século XIX foi cenário de surgimento de várias iniciativas
importantes para o estabelecimento da saúde pública no Império, como destaca Marcílio:
Em 1810 cria-se o Instituto Vacínico e o Ensino Cirúrgico (1813) para
"restabelecimento da saúde do povo". Este foi o embrião da futura Escola
Imperial de Medicina do Rio de Janeiro, criada em 1832. O velho poder
médico português desaparece em 1828, sendo extintos os cargos de Físico-
Mor (poder arbitrário e inoperante) e de Cirurgião Mor do Império. As
Câmaras Municipais passam a ser responsáveis pela saúde e higiene pública
locais. Surge em 1829, a Sociedade de Medicina e Cirúrgica do Rio de Janeiro
como ofensiva do corpo médico, na tentativa de impor, defender e normalizar
a Medicina, dando início assim, à medicina social e preventiva brasileiras e
sua luta contra o charlatanismo e o curandeirismo. Em 1855, a Sociedade
transformou-se em Academia Imperial de Medicina, com o apoio oficial do
governo regencial (MARCÍLIO, 1993: 55)

Porém, foi com a já mencionada epidemia da febre amarela, que matou mais de 4 mil
pessoas, que foram introduzidas mudanças profundas nas ações no campo da saúde no Império.

146
SILVA, Manoel Vieira da. Reflexões sobre alguns dos meios propostos por mais conducentes para a melhoria
do clima da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1808.
124

De acordo com as estimativas da época, apresentadas pelo médico José Pereira Rego, a
epidemia de febre amarela, ocorrida entre 1849 e 1850, levou a óbito 4.160 pessoas no
município da Corte, e 254 pessoas na Província. Segundo esse médico, a febre amarela na Corte
“apresentou três phases distinctas no seu reinado epidêmico; a primeira estendendo-se de 1850
a 1853, quatro annos; a segunda de 1857 a 1861, cinco annos; a terceira abrangendo os annos
de 1869 e 1870, dous annos (...)”147.
A Secretaria de Estado dos Negócios do Império, que assumiu o comando da saúde
pública, pediu à Academia Imperial de Medicina que elaborasse um plano para combater o
terrível mal que matara principalmente as categorias mais abastadas da cidade. Esta solicitação
resultou na proposição pelos médicos, em 1849, da criação de uma Comissão Central de Saúde
Pública, para tratar do combate à epidemia. Esta Comissão contou com a presença de médicos
como Cândido Borges Monteiro, Antonio Felix Martins, José Pereira Rego, Luiz Vicente
Simoni, e José Francisco Sigaud, entre outros.
A partir daí foi proposta a divisão da cidade em paróquias e distritos com comissões
paroquiais de Saúde Pública compostas de subdelegados, fiscais e de três médicos; da criação
de um serviço de assistência gratuita aos pobres, com médicos, remédios, dietas, etc.; da
assistência sanitária pelas comissões, a navios, mercados, prisões, hospitais, conventos,
colégios, quartéis, teatros, igrejas, etc., velando pelo seu bom estado de higiene, enfim, de
estruturas que pudessem evitar, tratar e combater as doenças e acometidas por tais.
Apresentava-se assim uma relação entre a higiene e a intervenção urbana, expressa
fortemente pelas ações de médicos que ocupavam postos em instâncias governamentais e
instituições voltadas à higiene pública.
Essa relação também pode ser analisada a partir da ocorrência de epidemias de febre
amarela, cólera, varíola, tuberculose e diferentes tipos de febre e uma variedade de doenças
registradas na segunda metade do século XIX, e a criação de casas de caridade, hospitais,
cemitérios públicos, alojamentos e lazaretos, como fizeram Tânia Pimenta, Keith Barbosa e
Kaori Kodama ao analisarem estas epidemias a partir dos relatórios de presidentes de província
do Rio de Janeiro produzidos entre 1835 e 1889 (PIMENTA BARBOSA; KODAMA, 2015).
Apresentando a diferenciação da atenção dispensada ao Município da Corte em relação
às políticas de saúde adotadas, as quais não eram aplicadas da mesma forma no restante do país,
as autoras destacaram que tendo em vista as dificuldades dos presidentes de província em obter
informações sobre as localidades, seus relatórios não apresentavam um conjunto expressivo de

147
REGO, José Pereira. Memoria historica das epidemias da febre amarella e cholera-morbo que têm reinado no
Brasil. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1873, p.43.
125

informações sobre as questões de saúde locais. Desta forma, as autoras precisaram cruzar
diferentes fontes documentais para compreender as principais questões da província e as
reivindicações locais, como os relatórios da Secretaria de Estado dos Negócios do Império e os
estudos, do já mencionado, médico José Pereira Rego, a fim de identificar e abordar as doenças
que atingiram os moradores da província do Rio de Janeiro imperial e os problemas de saúde
enfrentados por essa população.
As autoras também informaram sobre a mortalidade da febre amarela nos anos de 1852,
que levou a óbito 1.943 pessoas na corte, de 1857 com 1.868 mortos, e de 1873, 1875 e 1876,
que, apenas na região urbana do município neutro, vitimou respectivamente 3.659, 1.292 e
3.476 pessoas. Além da epidemia de febre amarela, as autoras trataram também da primeira
epidemia de cólera, que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro nos anos de 1855 e 1856, levando
a óbito 4.828 pessoas. Nos anos de 1867 e 1868, o cólera atingiu novamente a província, mas
em menor intensidade, se comparada com a primeira epidemia de 1855.
Segundo Dilma Cabral e Angélica Camargo, a chegada da febre amarela ao Rio de
Janeiro, em 1850, promoveu alterações na organização dos serviços sanitários, como a
aprovação de um crédito extraordinário, a ser despendido exclusivamente na melhoria da
salubridade da capital, e a criação da Junta de Higiene Pública. Criada pelo decreto nº 598, de
14/09/1850, a Junta de Higiene, composta por um Presidente, pelo inspector do Instituto
Vacínico, e o Provedor da Saúde do Porto do Rio de Janeiro, incorporou os estabelecimentos
da Inspeção de Saúde do Porto do Rio de Janeiro, e do Instituto Vacínico. Entre suas atribuições
estava a polícia medica nas visitas das embarcações, que até então eram feitas pela Inspeção da
Saúde do Porto, e das boticas, lojas de drogas, mercados, armazéns, e todos os estabelecimentos
que pudessem representar algum risco à saúde pública148.
Em 1851, com o decreto n. 828, de 29 de setembro, foi reformulado o regulamento da
Junta de Higiene Pública, que passou a ser denominada Junta Central de Higiene Pública. Por
este decreto seriam criadas Comissões de Higiene Pública nas províncias do Pará, Maranhão,
Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul, as visitas sanitárias ás embarcações continuariam a
ser realizadas, e a Inspeção de Saúde dos Portos continuava subordinada à direção da Junta
Central de Higiene Pública, o órgão central, localizada na capital do Império, a cidade do Rio
de Janeiro149.

148
BRASIL. Decreto n.598, de 14 de setembro de 1850. In SENADO FEDERAL. Portal Legislação. Disponível
em: http://legis.senado.leg.br/norma/597608/publicacao?tipoDocumento=DPL-n&tipoTexto=PUB
Acesso em 17 de março de 2019.
149
BRASIL. Decreto n.828, de 29 de setembro de 1851. In SENADO FEDERAL. Portal Legislação. Capturado
em 27 fev. 2020. Online. Disponível em:
126

Neste mesmo ano, entre as medidas adotadas para o combate às moléstias contagiosas,
foi criado o Lazareto da Jurujuba, estabelecido na enseada de Jurujuba em Niterói, o qual foi
transformado, em março de 1853, no Hospital Marítimo de Santa Isabel. Em 1859, o decreto nº
2.409, estabeleceu um novo regulamento para a Inspeção de Saúde dos Portos, estabelecida na
cidade do Rio de Janeiro, além de ter ampliado sua composição nas províncias da Bahia,
Pernambuco e Maranhão, Pará e S. Pedro do Sul150.
Em 1861, pelo decreto nº2.734, o Hospital Marítimo de Santa Isabel e os lazaretos
ficaram sob a dependência da Inspeção de Saúde dos Portos, as quarentenas foram substituídas
pelas desinfecções dos navios, e foi estabelecido que seriam realizadas duas visitas no porto do
Rio de Janeiro. Ficou, igualmente, definida uma nova estrutura para a Inspeção de Saúde dos
Portos, no Rio de Janeiro e nas províncias. O novo regulamento também definiu que para os
cargos de inspetor e ajudante só poderiam ser nomeados ‘doutores em medicina’ que soubessem
falar francês ou inglês151. Já em 1863, o decreto nº3.059 determinou que sempre que o Hospital
Marítimo de Santa Isabel deixasse de receber doentes, haveria no porto do Rio de Janeiro
somente dois ajudantes do inspetor de saúde e as duas visitas sanitárias aos navios seriam feitas
pelo vapor152.
Na década de 1870, período em que ocorreram dois surtos de febre amarela no Rio de
Janeiro, em 1873 e 1876, os serviços sanitários foram reorganizados em diversas cidades
marítimas do Império153.
Nesse contexto, segundo Chalhoub, a febre amarela já havia se tornado um problema de
saúde pública, diferentemente do que ocorrera durante a década de 1850. Como vimos em sua
própria analise sobre a posição adotada pelo Governo Imperial perante a doenças como varíola,
tuberculose e febre amarela, seria passível de uma relativização da atenção dispendida em

http://legis.senado.leg.br/norma/389622/publicacao?tipoDocumento=DEC-n&tipoTexto=PUB
Acesso em 15 de dezembro de 2019
150
BRASIL. Decreto nº 2.409, de 27 de abril de 1859. In Coleção das Leis do Império do Brasil de 1859, Rio de
Janeiro: Typographia Nacional, 1859. Tomo XXII, Parte II, p.389-397. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/doimperio/colecao5.html. Acesso em 15 de dezembro
de 2019.
151
BRASIL. Decreto nº 2.734, de 23 de janeiro de 1861. In Coleção das Leis do Império do Brasil de 1861, Rio de
Janeiro: Typographia Nacional, 1861. Tomo XXIV, Parte II, p.76-88. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/doimperio/colecao6.html. Acesso em 15 de dezembro
de 2019.
152
BRASIL. Decreto nº 3.059, de 11 de março de 1863. In Coleção das Leis do Império do Brasil de 1863, Rio de
Janeiro: Typographia Nacional, 1863. Tomo XXVI, Parte II, p.54-55. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/doimperio/colecao6.html. Acesso em 16 de dezembro
de 2019.
153
BRASIL. Decreto nº 6.378, de 15 de novembro de 1876. In Coleção das Leis do Império do Brasil de 1876, Rio
de Janeiro: Typographia Nacional, 1876. Tomo XXXIX, Parte II, vol.1, p.1137-1143. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/doimperio/colecao7.html. Acesso em 17 de dezembro
de 2019.
127

relação ao impacto que estas enfermidades causavam em diferentes grupos sociais


(CHALHOUB, 1993).
No caso das epidemias de febre amarela, Chalhoub destacou dois períodos distintos.
Entre as décadas de 1850 e 1870, a existência de uma incidência menor de febre amarela entre
os negros africanos e seus descendentes, e de uma maior incidência entre os imigrantes brancos,
não foi vista pelas autoridades do Governo Imperial como um obstáculo ao progresso e
civilização do país. Isto se deu em decorrência do fato de que, naquele período, a mão de obra
imigrante ainda era considerada suplementar à mão de obra escrava, e não substituta. Além
disso, na época, eram incipientes os conhecimentos sobre a etiologia da enfermidade. Assim,
em função desses aspectos as ações para combater a febre amarela, neste período, foram
restritas.
Já a partir da década de 1870, tendo em vista o caráter substituto que a mão de obra
imigrante começava a representar, a febre amarela, que vitimava prioritariamente os imigrantes,
ganhou mais atenção dos governantes do que, por exemplo, a tuberculose, que acometia
principalmente os negros (CHALHOUB, 1993).
Em 1884, pelo decreto n.9.159, foram ampliadas as atribuições da Inspeção de Saúde
dos Portos, no Rio de Janeiro, conferindo-lhe, além do serviço sanitário que regularmente
executava, a polícia sanitária do litoral, bem como o exame dos gêneros fornecidos às
embarcações pelos quitandeiros marítimos154. No mesmo ano, devido a uma epidemia de cólera
na Europa, foi autorizada a construção de um lazareto na Ilha Grande, destinado às quarentenas
e subordinado à Inspetoria-Geral de Saúde dos Portos do Rio de Janeiro.
Os serviços sanitários do Império foram reestruturados, em 1886, dividindo-se em
serviços terrestre e marítimo, dirigidos respectivamente pela Inspetoria-Geral de Higiene e pela
Inspetoria-Geral de Saúde dos Portos155. Segundo Dilma Cabral e Angélica Camargo, este ato
é considerado a última grande reforma na área da saúde pública do Império, e teria confirmado
a tendência à centralização político-administrativa, ao criar o Conselho Superior de Saúde
Pública, presidido pelo secretário e ministro dos Negócios do Império, e extinguir a Junta
Central de Higiene Pública e seus órgãos subordinados (CABRAL; CAMARGO, 2017).

154
BRASIL. Decreto nº 9.159, de 1 de março de 1884. Actos do Poder Executivo de 1884. Rio de Janeiro, 1884,
p.81-82. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/doimperio/colecao8.html.
Acesso em 17 de dezembro de 2019.
155
BRASIL. Decreto nº 9.554, de 3 de fevereiro de 1886. Actos do Poder Executivo de 1886. Rio de Janeiro, 1886.
p. 57-102. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/doimperio/colecao8.html.
Acesso em 17 de dezembro de 2019.
128

Na Corte, o serviço sanitário dos portos passou a responder pelo socorro médico e pela
polícia sanitária dos navios, ancoradouros e litoral, além das quarentenas marítimas. Na
execução dos serviços, a Inspetoria-Geral de Saúde dos Portos tinha a jurisdição no porto do
Rio de Janeiro, e as províncias ficaram sob a alçada dos inspetores de saúde dos portos das
províncias.
Já mais para o final do século XIX, essa relação entre higiene e intervenção urbana
também pode ser compreendida a partir da análise dos congressos científicos e convenções
sanitárias, realizados a partir da década de 1880. Após a ocorrência de uma epidemia de cólera
na Argentina e no Uruguai, o governo Imperial decidiu, em 1887, pelo fechamento dos portos
nacionais. Em decorrência de tal medida, e do impacto que causaria para o comércio entre os
países, o Império brasileiro e as repúblicas platinas procuraram discutir a realização de um
congresso sanitário para formular uma legislação própria. E neste contexto foi estabelecida, em
1887, uma convenção sanitária realizada pelo Império brasileiro e pelas repúblicas da Argentina
e do Uruguai, buscando aumentar o controle e a vigilância quanto a entrada de doenças nestes
países (CHAVES, 2013).
A realização destas convenções denotava não só a preocupação com a vida econômica
dos países, mas também a busca pelo conhecimento e pelo controle de doenças, como a peste,
a varíola e a febre amarela, que eram consideradas as principais moléstias no período.
Neste período, as quarentenas passaram de medida profilática principal à categoria de
medida profilática realizada em última necessidade, aplicável somente quando novas
exigências, tais como a vigilância médica, a vacinação, a notificação e a desinfecção, não
fossem realizadas com sucesso (REBELO, 2010).
Rebelo ainda destaca:
(...) as práticas sanitárias no final do século XIX e início do XX sugerem
múltiplas articulações e confluências entre explicações miasmáticas e
contagionistas. Os higienistas clássicos, em sua maioria infeccionistas, longe de
desaparecerem, encontraram suporte na teoria pasteuriana, o que gerou a
permanência da desinfecção e o controle da insalubridade nos centros urbanos.
O convívio entre contagionistas, que não duvidavam dos germes, com os
infeccionistas, preocupados com o “ar viciado”, gerou uma continuidade entre
teorias propostas e medidas sanitárias programadas (REBELO, 2010: 23).

Enfim, a questão sanitária no processo imigratório fez-se presente antes mesmo do


período das “Grandes Migrações” no século XIX. Todavia, este período acentuou as ações
sanitárias que ocorriam desde os portos de origem dos imigrantes europeus, na viagem desses
imigrantes, e na inspeção realizada nos portos de desembarque. Porém, não se limitavam a tal.
129

E poderemos conferir a seguir a preocupação com o agasalho e sustento desses imigrantes que
desembarcaram no território brasileiro e passaram pelas hospedarias de imigrantes.

3.2 – O agasalho e sustento nas hospedarias de imigrantes

Ainda que os procedimentos sanitários mais relevantes fossem realizados antes da


chegada dos imigrantes nas hospedarias, a ideia de higienização e conservação da saúde pública
e individual não era excluída nos procedimentos que eram adotados em tais hospedarias. A
própria busca por um local adequado para se construir uma hospedaria definitiva do governo,
como já abordamos nessa dissertação, pode contribuir para o entendimento da intensificação da
relevância sanitária envolta na recepção e no acolhimento de imigrantes a partir da segunda
metade do século XIX, seja exemplificado por uma das operações que a Associação Central de
Colonização se propôs a realizar ao ser criada em 1855, como descrito a seguir:
Ter em lugar apropriado para o desembarque dos colonos accommodações
precisas, onde sejão recebidos á sua chegada, e tratados convenientemente em
quanto não acharem destino, dando-Ihes casa e comida por preço razoavel,
aconselhando-os, dirigindo-os, e promovendo, ou facilitando o seu prompto
emprego no paiz por todos os meios que estiverem ao seu alcance156.

Ou pelo compromisso firmado por essa mesma Associação com o Governo Imperial
para a realização de tais ações:
Apromptar, pelo menos dentro do primeiro triennio, uma grande hospedaria
definitiva, cuja planta, condições hygiencias, e regulamentos serão aprovados
pelo governo, assim como o será uma relação ou tabela dos preços do
alojamento e comestíveis, e bem assim do serviço necessário ao desembarque
dos colonos e suas bagagens, que tiver de fazer transportar para os ditos
depósitos e hospedarias, entendendo-se com os empresários de colonisação
para que o transporte destes estabelecimentos até o lugar do destino se faça
pelo preço mais favorável, e sob condições razoáveis157.

A dificuldade em se pesquisar os documentos administrativos das hospedarias


abordadas nessa dissertação, principalmente a da Ilha do Bom Jesus, a fim de que pudéssemos

156
BRASIL. Decreto nº 1.584, de 2 de abril de 1855. In SENADO FEDERAL. Portal Legislação. Disponível em:
http://legis.senado.leg.br/legislacao/publicacaosigen.action?id=393335&tipodocumento=dec-n&tipotexto=pub.
Acesso em 17 de março de 2019.
157
FERRAZ, Luiz Pedreira do Coutto. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Primeira Sessão
da Decima Legislatura pelo Ministro e Secretário D´Estado dos Negocios do Império Luiz Pedreira do Coutto
Ferraz. Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1857. p.23. In Relatórios Ministeriais (1821-1960).
Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources
Network. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/100#?c=0&m=25&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1205%2C-
1%2C4360%2C3076 Acesso em 17 de março de 2019.
130

descrever a rotina de procedimentos sanitários, fez com que buscássemos por meio dos
periódicos e relatórios ministeriais apresentar um panorama dessas ações em tais hospedarias.
Ao abordar a criação da Hospedaria da Ilha do Bom Jesus, vimos que o início de seu
funcionamento foi acelerado por um surto de febre amarela que acometeu a cidade do Rio de
Janeiro no ano de 1857, o que fez com que as instalações fossem utilizadas pela primeira vez
por imigrantes que não vieram por meio da Associação Central de Colonização.
Antes de ser utilizada como hospedaria, o local foi utilizado como lazareto para receber
não só imigrantes, como pessoas de outros grupos sociais. Nesse caso, os religiosos do convento
na Ilha, é que eram os responsáveis por tratar dos doentes acolhidos.
Ao definir a Ilha do Bom Jesus como sede da hospedaria provisória, a Associação
Central de Colonização preteriu momentaneamente as instalações na quinta imperial da Ponta
do Cajú, até então as únicas que haviam apresentado boas condições para instalação de tal
estabelecimento e assumiu a obrigação de zelar pela conservação do edifício do convento e de
restituição assim que a necessidade cessasse158.
Ainda assim, a Ilha do Bom Jesus e a Ponta do Caju estabeleceriam fácil comunicação
uma vez que tal espaço poderia ser atravessado em cerca de cinco minutos, facilitando a
recepção dos imigrantes que viessem por conta da Associação ou por outro meio.
Além de preços cômodos, a edição do Diario do Rio de Janeiro de 26 de outubro de
1857 descreve as condições do local que seria sede da hospedaria:
O lugar oferece as maiores facilidades para desembarque e embarque, está fora
do contacto da população da côrte, e conseguintemente ao abrigo das
enfermidades, que porventura appareção159.

158
[Parte Official] Ministerio do Imperio. Repartição Geral das Terras Públicas, Expediente do mez de agosto-Dia
12. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno XXXII, n.254, 15 de setembro de 1857, p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_04/11884 Acesso em 2 de abril de 2020.
AZAMBUJA, Bernardo Augusto Nascente de. [Communicações]. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno
XXXVII, n.277, 11 de outubro 1857, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/45291
Acesso em 2 de abril de 2020.
159
ASSOCIAÇÃO Central de Colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno XXXVI, n.292, p.3,
26 de outubro de 1857. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/45352
Acesso em 2 de abril de 2020.
131

Ilustração X- Atual Ilha do Bom Jesus e Ponta do Caju, município do Rio de Janeiro-Rio de Janeiro. Google Maps, 2020.
Disponível em: https://www.google.com/maps/place/Mercado+Carioca+do+Caju/@-22.867304,-
43.2179133,2779m/data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0x997ed5cb1a4991:0xf972b544a6ebeb46!8m2!3d-22.8783043!4d-43.2157582.
Acesso em 27 de janeiro de 2020.

Mesmo não recebendo a hospedaria provisória, foi proposto que o espaço da Ponta do
Caju abrigasse um deposito provisório, assim como as dependências do convento na Ilha do
Bom Jesus passariam abrigar quando uma hospedaria definitiva fosse construída no próprio
espaço da Ponta do Cajú, cedido pelo imperador D. Pedro II à Associação durante um período
de 60 anos a um módico arrendamento160 . Ao redigir um relatório de trabalho da Associação
Central de Colonização, Bernardo Augusto Nascentes de Azambuja, diretor da mesma, relatou
a realização de estudos sobre a localidade da Ponta do Caju e como a futura edificação deveria
ser construída:
Já se tem alli feito os necessarios estudos sobre o terreno e os convenientes
exames ácerca de suas excelentes proporções, continua-se com outros para
que se consiga construir um prédio corresponda ao seu destino, sem luxo,
porém segundo os preceitos da arte, nas verdadeiras condições hygienicas,
com solidez e elegância.
Collocada em frente a barra, contendo uma espaçosa chácara coberta de
frondosas alamedas, rodeada de praia em grande extensão de seu contorno,
abastecida de agua potável, refrescada pelas brizas do dia e da noite, tendo
fácil communicação por mar e por terra, e dominando de sobre a pequena
eminencia, em que será levantado o edifício da hospedaria, a vasta bahia de
Nictheroy, não pode a imperial quinta, á que me refiro, deixar de oferecer aos
emigrantes uma habitação invejavel, em lugar saudavel, aprazivel e até mesmo
de recreio161.

160
15 de dezembro. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno XXXVI, n.340, p.1, 15 de dezembro de 1857.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/45543 Acesso em 2 de abril de 2020.
161
AZAMBUJA, Bernardo Augusto Nascente de. [Communicações]. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
anno XXXVI, n.299, 2 e 3 de novembro de 1857, p.2. Disponível em:
132

Iniciadas as atividades na Hospedaria da Ilha do Bom Jesus no final do ano de 1857, a


recepção de imigrantes e as medidas tomadas em acordo com o Governo Imperial e a Provedoria
de Saúde para receber esse grupo em contexto epidêmico, foram descritas em edições de
fevereiro e março de periódicos como o Diario do Rio de Janeiro e o Jornal do Commercio162:
Apenas chegado um navio, deve ser sem demora visitado pela visita de saúde.
Si traz colonos, são estes, dentro em 24 horas, removidos para a hospedaria
dos emigrantes na ilha do Bom Jesus, fazendo-se o seu transporte pelo arsenal
de marinha; si tem doentes, deverão ser mandados para o hospital da Jurujuba.
A participação da chegada dos colonos deverá ser immediatamente
transmitida ao diretor do arsenal de marinha e á directoria da Associação
Central de Colonisação, para que, na parte que lhes tocar, tomem as
providencias necessárias163.

A edição do Diario do Rio de Janeiro também informou a futura chegada de 94


imigrantes à hospedaria, assim como a visita realizada pelo ministro da Marinha a tal
estabelecimento, na qual se deu por satisfeito ao ver as condições em que os colonos eram
recebidos.
Por sua vez, ao relatar o falecimento de um imigrante enquanto viajava da Ilha do Bom
Jesus para o Hospital de Jurujuba, a edição de 1º de março do Correio Mercantil descreveu
como alguns casos de febre amarela eram tratados em tal hospedaria:
É verdade que, infelizmente, alguns casos de febre amarella teem apparecido
entre os colonos recolhidos á hospedaria de emigrantes da ilha do Bom Jesus,
em virtude das providencias tomadas pelo Sr. ministro do império, de acordo
com a provedoria de saúde e aquella directoria, segundo já noticiamos; os
doentes, porém, suspeitos desse mal são immediatamente transferidos para o
hospital da Jurujuba por ordem do medico do serviço sanitário, o qual, antes
de começar a sua visita aos navios, se dirige áquela hospedaria ao signal
convencionado de uma bandeira encarnada içada no alto do edifício.[...]
Segundo as informações a que nos referimos, parece que nada haverá a recear
pela conservação do estado sanitário da hospedaria de emigrantes e
conveniente tratamento de seus hospedes, pois que, além da visita do médico
encarregado do serviço do mar e do signal convencionado para servir de aviso
á barca Santa Isabel, existe alli uma ambulância fornecida pela Associação
Central, com o auxilio da qual e dos cuidados do intelligente e zeloso
administrador respectivo vários colonos que teem enfermado vão ficando
inteiramente restabelecidos164.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/45379 Acesso em 2 de abril de 2020.


162
[Parte Official]. Ministerio da Marinha. Expediente do dia 12 de fevereiro de 1858. Jornal do Commercio, Rio
de Janeiro, anno XXXIII, n.58, 1º de março de 1858, p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_04/12536 Acesso em 2 de abril de 2020.
163
CHRONICA Diária. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno XXXVIII, n.49, p.1, 21 de fevereiro de
1858. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/45795 Acesso em 2 de abril de 2020.
164
NOTICIAS Diversas. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal, Rio de Janeiro, anno XV, n.57, 1º
de março de 1858, p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/217280/14426 Acesso em 2 de abril de
2020.
133

O relatório do vice-presidente da Associação Central de Colonização, Bernardo


Azambuja, sobre os primeiros meses do ano de 1858, apresentado à Assembleia Geral em 30
de abril daquele ano, foi transcrito em edições do Jornal do Commercio e do Diario do Rio de
Janeiro e trouxe importantes informações acerca da recepção dos imigrantes nesse período de
ocorrência da febre amarela. Nesse sentido relatou a recepção, até aquele momento, de 296
imigrantes de diversas nacionalidades e a previsão de comportar 400 indivíduos após o término
de algumas obras na Ilha. A tabela de preços do alojamento e do sustento dos imigrantes, assim
como o regulamento provisório e as instruções a estes, também eram encontradas na hospedaria,
como informou o relatório165.
Nesse mesmo ano, o Governo Imperial aprovou regulamentos acerca do transporte e da
distribuição de imigrantes. No Regulamento de 1º de maio de 1858, que tratou do transporte de
imigrantes, constava um curioso artigo sobre a proibição dos navios de emigrantes de
transportar para o Império os indivíduos considerados “loucos, idiotas, surdos, mudos, cegos e
entrevados, se não forem acompanhados por parentes ou individuos, que se mostrem em estado
de prover á subsistencia daquelles, e que se compromettão a prestar-lhes os socorros(...)”166,
cabendo multa ao capitão que infringisse tais disposições. Além disso, medidas sanitárias
ganharam um capítulo à parte nesse regulamento:
Art. 15. As embarcações de emigrantes, que transportarem de 300 passageiros
para cima, terão hum Medico ou Cirurgião, e ambulancia bem supprida de
medicamentos, desinfectantes e instrumentos cirurgicos. As que
transportarem menos de 300 emigrantes terão a ambulancia e desinfectantes
com as declarações necessarias, para applicação dos medicamentos.
Art. 16. O Capitão de taes embarcações será obrigado a fazer com que se
mantenha a ordem, decencia e asseio entre os emigrantes e mais pessoas a
bordo. Para este fim deverá antes da partida, e durante a viagem mandar affixar
a bordo, e em lugar bem visivel, as medidas e Regulamentos, que julgar
conveniente adoptar.
Art. 17. Empregará a maior vigilancia em previnir qualquer offensa ao pudor,
reprimindo com rigor a pratica de actos, que possão dar fundado motivo de
queixa aos maridos, paes e tutores.
Art. 18. O Capitão fará conservar os lugares destinados para passageiros
sempre limpos, mandando-os baldear muitas vezes. Quando o tempo não

165
AZAMBUJA, Bernardo Augusto Nascente de. [Associação Central de Colonização]. Relatório apresentado na
sessão extraordinária da Assembleia Geral. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno XXXIII, n.119, 3 de maio
de 1858, p.1-2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_04/12784 Acesso em 2 de abril de 2020.
AZAMBUJA, Bernardo Augusto Nascente de. Relatório apresentado na sessão extraordinária da Assembleia Geral
[Associação Central de Colonização]. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno XXXVIII, n.117, 2 de maio
1858, p.1-2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/46067 Acesso em 2 de abril de 2020. 166
BRASIL. Decreto nº 2.168, de 1º de Maio de 1858. In Coleção de Leis do Império do Brasil de 1858, Rio de
Janeiro: Typographia Nacional, 1858. Vol. 1 pt II, página 276. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-2168-1-maio-1858-557097-publicacaooriginal-
77406-pe.html. Acesso em 25 de fevereiro de 2020.
134

permitir aos passageiros subir ao convez por mais de hum dia, com suas roupas
de cama para serem arejadas, as fará desinfectar com o chlorureto de cal, ou
outra substancia desinfectante, tantas vezes, quantas for conveniente.
Art. 19. A bordo deverá haver os utensilios de cozinha e mesa em numero e
qualidade sufficientes para os passageiros, e o Capitão he obrigado a fazer
distribuir por estes nas horas estabelecidas pelo Regulamento no art. 15 o
comer já preparado. Ficão prohibidos os utensilios de cobre para o serviço de
cozinha e mesa.
Art. 20. Na coberta da embarcação não poderão ser transportados carne, peixe,
ou outros generos, que possão produzir infecção no ar.
Art. 21. Nos portos, em que as embarcações arribarem, serão os Capitães
obrigados a sustentar os passageiros, quer a bordo, quer em terra, quando por
qualquer motivo não se possão conservar embarcados. Nestes portos, sempre
que for necessario, se fará nova provisão de mantimentos, de agua e de
conbustivel, regulada pelo numero de passageiros, e duração da viagem ao
porto do destino167.

Por sua vez, o Regulamento de 18 de novembro de 1858 focava na recepção, distribuição


e no estabelecimento dos imigrantes, tanto os espontâneos quanto os subvencionados, no
território brasileiro. Trazia informações concernentes à hospedagem de imigrantes na 12ª
cláusula do artigo 2º, no qual constava que as “despesas de hospedaria nos portos de
desembarque, e da condução para fazendas, correrão por conta dos respectivos proprietários”168,
e que a Associação Central de Colonização seria o intermédio desde a contratação até o
transporte de tais imigrantes ao porto de desembarque mais conveniente.
Na edição de dezembro de 1859 do Boletim do Expediente do Governo, o ministro e
secretário de Estado dos Negócios do Império, Angelo Moniz da Silva Ferraz, descreveu
momentos de sua visita à Hospedaria da Ilha do Bom Jesus no dia 28 de dezembro. Nessa visita,
o ministro constatou a necessidade de se construir uma ponte para o desembarque dos
imigrantes, onde as embarcações pudessem atracar em qualquer situação em que se encontrasse
a maré, e conversou com os hospedes de diferentes nacionalidades, podendo ouvir que o
tratamento recebido ali era bom. E ao acompanhar o jantar observou a abundante comida e o
serviço e objetos necessários para tal como satisfatórios. No entanto, relatou a seguinte situação
incômoda:
Homens, mulheres e crianças dormem todos promiscuamente no mesmo
dormitório, posto que cada um em seu leito. Ha sim dormitorios especiaes para

167
Ibidem.
168
MACEDO, Sérgio Teixeira de. Relatorio apresentado a Assembléa Geral Legislativa na Terceira Sessão da
Decima Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Império Sérgio Teixeira de Macedo.
Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1859. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via
base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network.
Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/100#?c=0&m=27&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1108%2C-
1%2C4231%2C2985 Acesso em 17 de março de 2019.
.
135

as mulheres solteiras, e alguns quartos para famílias, mas em numero muito


diminuto.
O resto das familias lá vai para o dormitorio comum, onde nada seria mais
fácil do que fazer compartimentos, ainda que não fossem senão de taboa, até
três quartos de altura da parede, de modo que o ar gyrasse livremente por cima,
mas que ao menos tivesse cada família o seu cubículo separado169.

Ainda que tenha pedido rapidez na resolução de tal problema, só é possível perceber um
movimento nessa direção na edição de junho do Correio Mercantil, onde encontramos um
anúncio à procura de quem executasse o serviço:
Contrata-se de empreitada a factura de seis quartos com 12 palmos de largura,
divisões de pinho da Suecia e competentes portas, no salão do pavimento
inferior da hospedaria da ilha do Bom Jesus; recebendo-se para este fim
propostas na rua Direita n.15, 1º andar, até o dia 30 do corrente170.

Assim como as obras, a questão alimentícia também foi tema dos anúncios concernentes
à Hospedaria da Ilha do Bom Jesus. Alimentos como arroz, açúcar mascavo, café, carne de
vaca, farinha de mandioca, feijão e pão, eram alguns dos suprimentos que integraram os
informativos escritos por Manoel Teixeira Coimbra, funcionário da Associação, noticiados em
edições de periódicos como o Jornal do Commercio e o Correio Mercantil nos anos finais da
década de 1850171. Nesses informativos, as propostas deveriam ser entregues em carta fechada
na Rua Direita, nº 15, 1º andar.
Estes dois periódicos também transcreveram, em edições de janeiro de 1861, a
mensagem de Manoel Teixeira Coimbra de 8 de janeiro daquele ano, na qual constava o
recebimento de propostas no escritório da Associação, a informação de que o contrato deveria

169
Repartição Geral das Terras Públicas. Boletim do Expediente do Governo. Ministério do Império. Rio de
Janeiro: Typographia Imperial e Constitucional de J. Villeneuve, Tomo 5, n. 5, p.4-5, dezembro de 1859.
Disponível em:
Acesso em 2 de abril de 2020.
170
COIMBRA, Manoel Teixeira. Associação Central de Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XVII, n.173, 23 de junho de 1860, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/17753 Acesso em 2 de abril de 2020.
171
COIMBRA, Manoel Teixeira. Associação Central de Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XV, n.335, 12 de dezembro de 1858, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/15557 Acesso em 2 de abril de 2020.
COIMBRA, Manoel Teixeira. Associação Central de Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XV, n.336, 13 de dezembro de 1858, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/15561 . Acesso em 2 de abril de 2020.
COIMBRA, Manoel Teixeira. Agencia official de colonisação. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno
XXXIII, n.342, 13 de dezembro de 1858, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/217280/18424
Acesso em 2 de abril de 2020.
COIMBRA, Manoel Teixeira. Associação Central de Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XVI, n.201, 23 de julho de 1859, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/15581
Acesso em 2 de abril de 2020.
136

ter a duração de seis meses e que incluía o fornecimento de alimentos como: pão, carne, café,
manteiga, banha, batatas, açúcar, arroz, feijão, vinagre e azeite172.
Tais assuntos também foram objeto de notícias nos anos seguintes. Enquanto o Diario
do Rio de Janeiro informou, em abril de 1862, a preparação de madeira pela Companhia Ponta
da Area para a construção de camas destinadas à Hospedaria da Ilha do Bom Jesus, as edições
do Correio Mercantil e do Jornal do Commercio, nos anos de 1862 e 1863, publicaram a
mensagem de Manoel Teixeira Coimbra sobre o fornecimento de alimentos para a Hospedaria
da Ilha do Bom Jesus173.
Apesar do hiato existente entre o fim da Hospedaria da Ilha do Bom Jesus e a
inauguração da Hospedaria do Morro da Saúde, a questão alimentícia nas hospedarias não
deixou de ser noticiada nos periódicos. Em edições de 1864 e 1865 do Correio Mercantil e do
Diario do Rio de Janeiro, por exemplo, foram publicadas mensagens do então agente oficial de
colonização, Ignácio da Cunha Galvão, sobre a busca por fornecedores de alimentos para os
estabelecimentos considerados pelo Governo Imperial como hospedarias destinadas aos
imigrantes, como os da Praia Formosa e da Rua da Imperatriz174.

172
COIMBRA, Manoel Teixeira. Associação Central de Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XVIII, n.10, 10 de janeiro de 1861, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/18535 Acesso em 2 de abril de 2020.
173
ESTALEIRO. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno XLII, n.117, 29 de abril de 1862, p.2. Disponível
em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/15655 . Acesso em 2 de abril de 2020.
COIMBRA, Manoel Teixeira. Associação Central de Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XIX, n.199, 20 de julho 1862, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/20716 Acesso em 2 de abril de 2020.
COIMBRA, Manoel Teixeira. Associação Central de Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XIX, n.192, 1º de agosto de 1862, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/20764 Acesso em 2 de abril de 2020.
COIMBRA, Manoel Teixeira. Associação Central de Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XIX, n.194, 3 de agosto de 1862, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/20773 Acesso em 2 de abril de 2020.
COIMBRA, Manoel Teixeira. Associação Central de Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XX, n.38, 7 de fevereiro de 1863, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/21508 Acesso em 2 de abril de 2020.
COIMBRA, Manoel Teixeira. Associação Central de Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XX, n.39, 8 de fevereiro de 1863, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/21512 Acesso em 2 de abril de 2020.
COIMBRA, Manoel Teixeira. Associação Central de Colonisação. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno
XXXVIII, n.38, 7 de fevereiro de 1863, p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/217280/21507
Acesso em 2 de abril de 2020.
174
GALVÃO, Ignacio da Cunha. Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal, Rio de
Janeiro, anno XXI, n.140, 21 de maio de 1864, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/23362 Acesso em 2 de abril de 2020.
GALVÃO, Ignacio da Cunha. Agencia official de colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno
XLIV, n.328, 29 de novembro de 1864, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/19306
Acesso em 2 de abril de 2020.
GALVÃO, Ignacio da Cunha. Agencia official de colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XXII, n.155, 16 de junho de 1865, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/24866 Acesso em 3 de abril de 2020.
137

E mesmo com a inauguração da Hospedaria do Morro da Saúde, mensagens como esta,


que funcionava como anúncio, continuaram aparecendo em alguns periódicos, tanto nos anos
finais da década de 1860, quanto nas décadas de 1870 e 1880.
Escrita pelos escriturários da Agência Oficial de Colonização, este tipo de mensagem
foi veiculada em edições do Diario do Rio de Janeiro, do Correio Mercantil, do Jornal do
Commercio e do Diario do Povo, entre os anos de 1867 e 1868, com a assinatura do escriturário
Franklin Brasileiro Jansen Lima. Nestas, este informava que as propostas para o fornecimento
deveriam ser enviadas para o escritório da Agência, localizado na Rua da Alfandega, nº 94, na
cidade do Rio de Janeiro, e que além dos gêneros deveriam ser fornecidos pão, carne, arroz,
feijão, manteiga, macarrão, café e sal175.
Já em edições de junho e dezembro de 1870, o Diario do Rio de Janeiro apresentou a
mensagem do então ajudante de intérprete, Francisco Antonio Fritsch, que posteriormente, em

GALVÃO, Ignacio da Cunha. Agencia official de colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XXII, n.157, 18 de junho de 1865, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/24914 Acesso em 3 de abril de 2020.
175
LIMA, Franklin Brasileiro Jansen. DECLARAÇÕES. Agencia official de colonisação. Diario do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, anno L, n.153, 17 de junho de 1867, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/21947 Acesso em 3 de abril de 2020.
LIMA, Franklin Brasileiro Jansen. Agencia official de colonisação. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno
XLVI, n.171, 21 de junho de 1867, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_05/12092 Acesso
em 3 de abril de 2020.
LIMA, Franklin Brasileiro Jansen. Agencia official de colonisação. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno
XLVII, n.350, 17 de dezembro de 1867, p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_05/13037 Acesso em 3 de abril de 2020.
LIMA, Franklin Brasileiro Jansen. Agencia official de colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XXIV, n.349, 20 de dezembro de 1867, p.4. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/28519 Acesso em 3 de abril de 2020.
LIMA, Franklin Brasileiro Jansen. DECLARAÇÕES. Agencia official de colonisação. Diario do Povo: Politico,
Litterario, Noticioso e Commercial, Rio de Janeiro, anno II, n.141, 20 de junho de 1868, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/367737/801 Acesso em 3 de abril de 2020.
LIMA, Franklin Brasileiro Jansen. DECLARAÇÕES. Agencia official de colonisação. Diario do Povo: Politico,
Litterario, Noticioso e Commercial, Rio de Janeiro, anno II, n.142, 21 de junho de 1868, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/367737/805 Acesso em 3 de abril de 2020.
LIMA, Franklin Brasileiro Jansen. Agencia official de colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XXV, n.171, 21 de junho de 1868, p.4. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/29248 Acesso em 3 de abril de 2020.
LIMA, Franklin Brasileiro Jansen. Agencia official de colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XXV, n.173, 23 de junho de 1868, p.4. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/29256 Acesso em 3 de abril de 2020.
LIMA, Franklin Brasileiro Jansen. Agencia official de colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico,
Universal, Rio de Janeiro, anno XXV, n.175, 25 de junho de 1868, p.4. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/29264 Acesso em 3 de abril de 2020.
LIMA, Franklin Brasileiro Jansen. Agencia official de colonisação. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno
XLVII, n.348, 15 de dezembro de 1868, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_05/14760
Acesso em 3 de abril de 2020.
LIMA, Franklin Brasileiro Jansen. Agencia official de colonisação. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno
XLVII, n.353, 20 de dezembro de 1868, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_05/14786
Acesso em 3 de abril de 2020.
AGENCIA official de colonisação. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno XLVIII, n.349, 17 de dezembro
de 1869, p.2 Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_05/16624 Acesso em 3 de abril de 2020.
138

1871, seria nomeado administrador da Hospedaria do Morro da Saúde, na qual dizia que as
propostas para o fornecimento de gêneros deveriam ser enviadas para o escritório da Agência
Oficial de Colonização, então localizado na Rua do Hospício, nº 186176.
Até 1875, este mesmo periódico apresentou este tipo de anúncio em ao menos uma
edição ao longo do ano, apresentando as informações acerca do fornecimento de alimentos à
Hospedaria. Entre 1872 e 1874, os anúncios escritos pelo então escriturário Luiz José de Souza,
informaram que as propostas deveriam ser enviadas para a Rua da Alfandega, nº 145, constando
assim um novo endereço da Agência Oficial de Colonização177. Em 1875, por sua vez, o Largo
do Paço, nº 5, constou como novo endereço da Agência, no anúncio escrito pelo ainda
escriturário Luiz José Souza178.
Durante tal década, a mensagem convocando a apresentação de propostas para o
fornecimento de alimentos para a Hospedaria do Morro da Saúde, também foi publicada em
edições do Jornal do Commercio, de O Globo, da Gazeta de Noticias e de A Reforma.

176
FRITSCH, Francisco Antonio. Agencia official de colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno
LIII, n.164, 16 de junho de 1870, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/25973
Acesso em 3 de abril de 2020.
FRITSCH, Francisco Antonio. Agencia official de colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno
LIII, n.347, 16 de dezembro de 1870, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/26707
Acesso em 3 de abril de 2020.
FRITSCH, Francisco Antonio. Agencia official de colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno
LIII, n.349, 18 de dezembro de 1870, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/26715
Acesso em 3 de abril de 2020.
NOTICIARIO. Ministerio da Agricultura. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno LIV, n.243, 2 de setembro
de 1871, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/27748
Acesso em 3 de abril de 2020.
177
SOUZA, Luiz José de. DECLARAÇÕES. Agencia Official de Colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, anno LV, n.164, 16 de junho de 1872, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/28886 Acesso em 3 de abril de 2020.
SOUZA, Luiz José de. AGENCIA Official de Colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno LVI,
n.352, 23 de dezembro de 1873, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/31072
Acesso em 3 de abril de 2020.
SOUZA, Luiz José de. AGENCIA Official de Colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno LVII,
n.168, 19 de junho de 1874, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/31772
Acesso em 3 de abril de 2020.
SOUZA, Luiz José de. AGENCIA Official de Colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno LVII,
n.173, 24 de junho de 1874, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/31793
Acesso em 3 de abril de 2020.
SOUZA, Luiz José de. DECLARAÇÕES. Agencia Official de Colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, anno LVII, n.356, 25 de dezembro de 1874, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/32530 Acesso em 3 de abril de 2020.
178
SOUZA, Luiz José de. AGENCIA Official de Colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno
LVIII, n.346, 17 de dezembro de 1875, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/33934
Acesso em 3 de abril de 2020.
SOUZA, Luiz José de. AGENCIA Official de Colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno LVIII,
n.348, 19 de dezembro de 1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/33943 Acesso
em 3 de abril de 2020.
SOUZA, Luiz José de. AGENCIA Official de Colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno LVIII,
n.355, 26 de dezembro de 1875, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/33970 Acesso
em 3 de abril de 2020.
139

A edição de 11 de março de 1875 de O Globo informou que fora solicitado, ao Ministério


da Fazenda, o pagamento do Ministério da Agricultura aos seguintes fornecedores:
De 1:607$560, a Souza Pinto & Irmão, do fornecimento de pão á hospedaria
de immigrantes estabelecida no morro da Saude.
De 4:072$380 a Victorino José Duarte Fiuza, de gêneros fornecidos á referida
hospedaria.
De 1:200$020 a Manoel Pereira Rodrigues por carne verde que forneceu á
mencionada hospedaria.179

Já no ano de 1878, a edição de 22 de maio de A Reforma informou que o fornecimento


de pão à Hospedaria do Morro da Saúde, durante o primeiro trimestre, fora realizado por José
Moreira da Fonseca Souza, e que este solicitava ao Ministério da Agricultura o pagamento da
quantia de 1:312$060 por tal serviço180. Esse periódico, assim como a Gazeta de Noticias,
noticiou, em edição de 1878, que a Rio de Janeiro Gas Company Limited seria responsável
pelos serviços para o fornecimento de gás para a iluminação na Hospedaria do Morro da Saúde,
enquanto que a Rio de Janeiro City Improvements Limited era responsável pela realização de
obras no edifício de tal hospedaria181.
Além das informações sobre a Rio de Janeiro Gaz Company Limited, as edições do
Jornal do Commercio, ao longo desta década, também veicularam a mensagem da Inspetoria
Geral de Terras e Colonização sobre a abertura de concorrência para o fornecimento de gêneros
para a Hospedaria, enfocando na primazia da qualidade de todos os alimentos, excetuando-se o
açúcar182. Informaram também sobre alguns dos fornecedores que apresentaram propostas,

179
PAGAMENTOS. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses do Commercio,
Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno II, n.69, 11 de março de 1875, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/850 Acesso em 4 de abril de 2020.
180
REQUERIMENTOS despachados pelo Ministerio da Agricultura. A Reforma: Órgão Democrático, Rio de
Janeiro, anno X, n.115, 22 de maio de 1878, p.3.Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/10528
Acesso em 4 de abril de 2020.
181
RIO DE JANEIRO Gas Company Limited. A Reforma: Órgão Democrático, Rio de Janeiro, anno X, n.157, 13
de julho de 1878, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/10878
Acesso em 4 de abril de 2020.
RIO DE JANEIRO City Improvements Limited. A Reforma: Órgão Democrático, Rio de Janeiro, anno X, n.232,
11 de outubro de 1878, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/11157
Acesso em 4 de abril de 2020.
O MINISTERIO da Agricultura deu despacho aos requerimentos seguintes. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro,
anno IV, n.281, 11 de outubro de 1878, p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_01/4674
Acesso em 4 de abril de 2020.
182
FRITSCH, Francisco Antonio. Agencia official de colonisação. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno
XLIX, n.166, 18 de junho de 1870, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/816
Acesso em 4 de abril de 2020.
FORNECIMENTO. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno L, n.353, 22 de dezembro de 1871, p.4. Disponível
em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/3868 Acesso em 4 de abril de 2020.
VIANNA, Ernesto da C. de Araujo. Inspetoria Geral das Terras e Colonisação. Jornal do Commercio, Rio de
Janeiro, anno LVI, n.176, 26 de junho de 1877, p.6. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/16184 Acesso em 4 de abril de 2020.
140

como por exemplo, o já citado José Moreira da Fonseca Souza, e os nomes de Casimiro José
Teixeira Alves e João Gonçalves Pacheco, que foram responsáveis por fornecer alimentos no
início do ano de 1878183.
Este tipo de informativo, que também fazia parte da lógica de funcionamento de outros
estabelecimentos como os hospitais, denotavam não só a preocupação que existia com a
alimentação dos imigrantes, como também uma das facetas da organização desses
estabelecimentos destinados a recepção dos mesmos. Tal faceta também pode ser percebida nas
tabelas produzidas para os relatórios ministeriais, nas quais constavam o consumo desses
gêneros alimentícios na Hospedaria do Morro da Saúde, e o número de rações realizadas, ou
seja, das porções de alimento calculada para o consumo diário, ou para cada refeição, cujos
dados reproduzimos a seguir nas Tabelas X e XI:

VIANNA, Ernesto da C. de Araujo. Inspetoria Geral das Terras e Colonisação. Jornal do Commercio, Rio de
Janeiro, anno LVI, n.177, 27 de junho de 1877, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/16189 Acesso em 4 de abril de 2020.
VIANNA, Ernesto da C. de Araujo. Inspetoria Geral das Terras e Colonisação. Jornal do Commercio, Rio de
Janeiro, anno LVI, n.178, 28 de junho de 1877, p.5. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/16197 Acesso em 4 de abril de 2020.
VIANNA, Ernesto da C. de Araujo. Inspetoria Geral das Terras e Colonisação. Jornal do Commercio, Rio de
Janeiro, anno LVI, n.179, 29 de junho de 1877, p.5. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/16205 Acesso em 4 de abril de 2020.
VIANNA, Ernesto da C. de Araujo. Inspetoria Geral das Terras e Colonisação. Jornal do Commercio, Rio de
Janeiro, anno LVI, n.180, 30 de junho de 1877, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/16211 Acesso em 4 de abril de 2020.
183
REQUERIMENTOS. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LVII, n.122, 2 de maio de 1878, p.1.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/18317 Acesso em 4 de abril de 2020.
REQUERIMENTOS. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LVII, n.142, 22 de maio de 1878, p.2. Disponível
em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/18454 Acesso em 4 de abril de 2020.
141

Totais
Número de rações de adultos 9425
Número de rações de menores de 2 a 9 anos 2724
Libras de açúcar 3044 20/128
Libras de arroz 2307 36/128
Quartilhos de azeite de sebo 300
Quartilhos de azeite doce 10
Libras de bacalhau 384
Libras de banha 690 34/128
Libras de batatas 1876
Libras de café 1746
Libras de chá 151
Libras de carne seca 464
Tonelada de carne verde 10,389
Tonelada de carvão de pedra 64/128
Número de cebolas 1750
Quartas de farinha 24
Quartas de feijão 132
Número de achas de lenha 16,000
Libras de manteiga 24
Libras de Pimenta da Índia 20
Número de pães 12,982
Libras de sabão 450
Quartas de sal 13
Número de Vassouras 36
Quartilhos de Vinagre 252
Tabela X- Mapa do consumo de gêneros alimentícios na Hospedaria do Morro da Saúde de 1º de janeiro à 31 de
dezembro de 1869. Apud SOUSA, Fortunato Marques. Tabela n.11-Mapa do consumo na hospedaria do governo,
correspondente as rações de emigrantes adultos, e 2 à 9 anos desde o 1º de janeiro à 31 de dezembro de 1869, e média
que tocou à cada um, sendo a dos menores na rasão de metade. In GALVÃO, Ignácio da Cunha. Relatório da Agência
Oficial de Colonização de 1869. Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1870. Anexo184.

184
ALBUQUERQUE, Diogo Velho Cavalcanti de. Relatorio apresentado a Assembléa Geral Legislativa na
Segunda Sessão da Decima Quarta Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura,
Commercio e Obras Públicas Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque. Rio de Janeiro: Typographia Universal de
E. & H. Laemmert, 1870. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government
Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=11&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1114%2C0%2C4227%2C2981 Acesso
em 17 de março de 2019.
142

Totais
Número de rações adultas 7.620
Número de rações de menores de 2 a 9 anos 3.193
Libras de açúcar 2.789 59/128
Libras de arroz 1.968 45/128
Quartilhos de azeite de sebo 376
Libras de Bacalhau 96
Libras de Banha 510 100/128
Libras de Batatas 1.216
Libras de Café 1.518 10/128
Libras de Chá 82
Libras de Carne Seca 96
Libras de Carne Verde 9.547
Número de Cebolas 1.425
Quartas de Farinha 20
Quartas de Feijão 124
Número de Achas de Lenha 15.500
Libras de Manteiga 8
Libras de Pimenta da Índia 30
Número de Pães 10.939
Libras de Sabão 235
Quartas de Sal 17
Número de Vassouras 54
Quartilhas de Vinagre 232
Tabela XI- Mapa do consumo de gêneros alimentícios na Hospedaria do Morro da Saúde de 1º de janeiro à 31 de
dezembro de 1870. Apud SOUSA, Fortunato Marques. Tabela n.11-Mapa do consumo na hospedaria do governo,
correspondente as rações de emigrantes adultos, e 2 à 9 anos desde o 1º de janeiro à 31 de dezembro de 1870, e média
que tocou à cada um, sendo a dos menores na rasão de metade. In GALVÃO, Ignácio da Cunha. Relatório da Agência
Oficial de Colonização de 1870. Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1871, Anexo185.

Além de dados sobre os gêneros alimentícios e suas respectivas quantidades,


apresentados nas duas tabelas acima, realizadas pelo então administrador da Hospedaria,
Fortunato Marques de Sousa, os relatórios da Agência Oficial de Colonização apresentavam o
resumo das despesas com tais alimentos. A tabela referente ao ano de 1871, por exemplo,
realizada pelo administrador Francisco Antonio Fritsch, apresentou o resumo das despesas
feitas com o alimento dos adultos e das crianças naquele ano, como podemos constatar a seguir:

185
SILVA, Theodoro Machado Freire Pereira da. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Terceira
Sessão da Decima Quarta Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura,
Commercio e Obras Publicas Theodoro Machado Freire Pereira da Silva. Rio de Janeiro: Typographia Universal
de E. & H. Laemmert, 1871. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian
Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=12&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1111%2C-1%2C4140%2C2921 Acesso
em 17 de março de 2019.
143

Meses Despesa Número de dias Média por dia Importância Frações Total geral
Geral dos desprezadas das despesas
gêneros
consumidos
De De De De menores De adultos De menores
adultos menores adultos de 2 a 9 de 2 a 9 anos
de 2 a 9 anos
anos
Janeiro 218$910 207 36 $885 $442 262$845 15$902 $193 278$910
Fevereiro 211$917 197 1$073 211$775 $172 211$947
Março 223$295 246 8 $893 $446 219$678 3$568 $049 223$295
Abril 288$933 105 72 $033 $328 263$275 23$616 $042 288$933
Maio 278$761 592 62 $039 $320 258$328 20$398 $035 378$761
Junho 291$271 395 65 $081 $340 268$995 22$100 $175 391$270
Totais 1.573$146 1.932 263 $766 $383 1.486$896 87$584 $665 1.573$146
A média para 1.479$912 $163 1.573$146
adulto deste
semestre é de
766 rs.. e de
menor 388 rs
Julho 233$150 289 62 $641 $320 243$380 19$840 $230 263$650
Agosto 227$365 294 18 $750 $375 220$500 6$750 $115 227$303
Setembro 144$590 171 18 $803 $402 137$313 7$236 $041 144$399
Outubro 199$725 274 $728 199$472 $253 199$725
Novembro 235$072 345 $681 234$945 $127 235$072
Dezembro 236$335 338 23 $676 $30 228$488 7$771 $073 236$236.
Totais 1.306$737 1.802 121 8701 $350 1.264$298 41$600 $839 1.300$737
A média para 1.263$202 42.$350 1.185 1.306$737
adulto deste
semestre é de
701 rs. E a de
menor é de 350
rs
Resumo das despesas feitas no 1º e 2º semestre de 1871
1º semestre 1.573$116 1.932 213 $766 $383 1.186$896 87$584 $636 1.573$145
2º semestre 1.306$737 1.802 121 $701 $330 1.264$298 44$600 $839 1.306$737
Totais 2.879$883 3.734 364 $735 $367 2.751$191 127$181 1$505 2.879$883
A média para 2.744$499 133$588 1$805 2.879$883
adulto de todo a
no é de 735 rs.
E a de menor de
2 a 9 anos é de
367 rs
Tabela XII- Resumo das despesas com alimento na Hospedaria do Morro da Saúde no ano de 1871. Apud Fritsch,
Francisco Antonio. Tabela n.11 A- Resumo das despesas feitas nesta Hospedaria com o alimento de 3.734 rações de
adultos e 364 ditas de menores de 2 a 9 annos, do 1º de Janeiro a 31 de Dezembro de 1871, percebendo estes últimos á
razão de metade daqueles. In GALVÃO, Ignácio da Cunha. Relatório da Agência Oficial de Colonização de 1871. Rio
de Janeiro: Typographia do Diario do Rio de Janeiro, 1872. Anexo D186.

186
In ITAÚNA, Barão de. Relatorio apresentado á Assembleá Geral Legislativa na Quarta Sessão da Decima
Quarta Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Públicas
Cândido Borges Monteiro. Rio de Janeiro: Typographia Universal de E. & H. Laemmert, 1872. In Relatórios
Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research
Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=13&s=0&cv=245&r=0&xywh=-1087%2C0%2C4092%2C2886
Acesso em 17 de março de 2019.
144

Já na época do funcionamento da Hospedaria da Ilha das Flores, o então Inspetor Geral


das Terras e Colonização em 1886, Francisco de Barros e Accioli de Vasconcellos, produziu
tabelas constando as despesas que os Ministérios do Império e da Agricultura tiveram, não só
referentes com a alimentação dos imigrantes, mas também com o alojamento dos mesmos no
ano de 1885. Constavam também a aquisição de materiais e os gastos com obras realizadas na
Hospedaria, bem como com as despesas com o quadro de pessoal. Contudo, devemos atentar
para o destque conferido aos gastos com o transporte, uma vez que estes concentraram mais de
2/3 do total das despezas, como podemos conferir nas Tabelas a seguir:

Ministério do Império- Janeiro a Março de 1885

Movimento de imigrantes do Rio de Janeiro para as províncias, Transporte de imigrantes do Rio de Alimentação
pela hospedaria de imigrantes Janeiro para as províncias, pela hospedaria de imigrantes
de imigrantes na hospedaria

Aluguel de Pessoal da Combustível Total Companhia Estradas Total 11:600$180


embarcações lancha s de de Ferro
navegação

1:176$000 1:045$140 887$500 3:108$640 62:632$318 7:506$630 70:138$978

Alojamento de imigrantes na hospedaria da Ilha das Flores Diversas Soma total

Pessoal da Medicamentos e utensílios Serviço médico Total


cozinha e copa diversos 25$000 88:851$118

1:303$050 2:369$320 300$00 3:073$320

Ministério do Império- Resumo: 88:851$118

Tabela XIII- Resumo das despesas efetuadas na capital do Império pelo Ministério do Império entre janeiro e março
de 1885. Apud VASCONCELLOS, Francisco de Barros e Accioli de. Quadro demonstrativo da despesa efetuada
durante o ano de 1885, na capital do Império, com o movimento de imigrantes, a cargo da Inspetoria Geral das Terras
e Colonização.187

187
PRADO, Antonio da Silva. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Primeira Sessão da
Vigesima Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Publicas Antonio da Silva Prado. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1886. p.23. In Relatórios Ministeriais (1821-
1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global
Resources Network. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=28&s=0&cv=1&r=0&xywh=-
1464%2C-1%2C4943%2C3487 Acesso em 17 de março de 2019.
145

Ministério da Agricultura- Abril a Dezembro de 1885

Pessoal empregado na hospedaria da Ilha das Alimentação Aquisição Concertos de Transporte de imigrantes do Rio de Janeiro
Flores de imigrantes de embarcações para as províncias
na material
hospedaria flutuante
Administrativo Subalterno Total Companhias de Estradas de Total
23:722$341 1:070$081 3:350$280 navegação Ferro

14:807$545 15:861$010 20:668$145 219:027$349 22:961$580 212:888$92

Movimento de imigrantes no porto do Rio de Alojamento de imigrantes na hospedaria Obras concluídas na Diversas Soma total
Janeiro hospedaria

Aluguel de Pessoal da Combustível Abasteciment Asseio, utensílios, diversos,


embarcações lancha o d’água medicamentos 32:464$102 156$500 310:770$00
0
5:381$000 3:173$100 3:428$000 800:$000 3:673$212

Total 11:982$160 Total 4:473$242

Ministério da Agricultura- Resumo: 340:776$090

Tabela XIV- Resumo das despesas efetuadas na capital do Império pelo Ministério da Agricultura entre abril de
dezembro de 1885. Apud VASCONCELLOS, Francisco de Barros e Accioli de. Quadro demonstrativo da despesa
efetuada durante o ano de 1885, na capital do Império, com o movimento de imigrantes, a cargo da Inspetoria Geral
das Terras e Colonização.188

O então ministro da Agricultura em 1889, Rodrigo Augusto da Silva, informou em seu


relatório referente ao ano de 1888, que para a alimentação dos 33.384 imigrantes que passaram
pela Ilha das Flores naquele ano, “foram distribuídas 127.216 rações integraes, além 7.251 de
pão e 11.279 de café, manteiga e coke, mediante a despeza total de 94:291$728”, a qual
correspondeu “a 2$824 pela média de 3 ½ rações que coube a cada immigrante”, não tendo
ocorrido qualquer reclamação por parte dos alojados quanto a qualidade e quantidade dos
gêneros, segundo o ministro189.

188
Ibidem.
189
SILVA, Rodrigo Augusto da. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Quarta Sessão da
Vigesima Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Publicas Rodrigo Augusto da Silva. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1889, p.115. In Relatórios Ministeriais
(1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-
Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=28&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1464%2C-1%2C4943%2C3487 Acesso
em 17 de março de 2019.
PRADO, Antonio da Silva. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Primeira Sessão da Vigesima
Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Publicas
Antonio da Silva Prado. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1886. p.23. In Relatórios Ministeriais (1821-1960).
Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources
Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=28&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1464%2C-1%2C4943%2C3487
Acesso em 17 de março de 2019.
146

Embora os relatórios não informassem a procedência do fornecimento, foi possível


encontrar estas informações em alguns periódicos dos anos 1870, como pudemos ver
anteriormente. Enquanto periódicos como o Diario do Rio de Janeiro e o Jornal do Commercio
divulgaram, com mais frequência, a busca por fornecedores de gêneros alimentícios, as
informações acerca de tais fornecedores de alimentos e de outros serviços prestados à
Hospedaria do Governo, foram apresentados, de forma mais recorrente, na segunda metade da
década de 1880, quando o fornecimento foi destinado à Hospedaria da Ilha das Flores.
Ainda assim, edições do Jornal do Commercio nos anos de 1886, 1888 e 1889,
informaram sobre a abertura de concorrência para o fornecimento não só de gêneros
alimentícios como de objetos para serem utilizados na Hospedaria da Ilha das Flores, bem como
também para o fornecimento de água para tal estabelecimento.
A edição de 12 de janeiro de 1886 trazia a mensagem de A. J. de Magalhães Castro,
então chefe da 2ª seção da Inspetoria Geral das Terras Públicas e Colonização, na qual
informava que até o dia 14 daquele mês poderiam ser encaminhadas, para a travessa do Paço nº
5, as propostas de fornecimento de objetos como: esteiras, travesseiros, mesas, camas, pratos,
colheres, garfos, xicaras, bules, baldes, espumadeiras, caçarolas, caldeirões de ferro e chaleiras
de ferro, devendo as propostas seguirem as seguintes condições:
1ª Os concorrentes deverão apresentar as amostras dos objetos que existem
manufacturados no mercado e que se propuserem a fornecer.
2ª O fornecimento será effectuado de uma semana, até oito dias depois de
assignado o contrato.
3ª Os objetos serão entregues bem acondicionados e por conta do fornecedor
na ilha das Flores.
4ª O pagamento ao fornecedor será feito no tesouro nacional, no prazo de 30
dias, contados da data de apresentação da respectiva conta á esta inspetoria,
satisfeito o sello proporcional.
5ª Só será aceita a proposta cujo signatário tiver depositado no tesouro
nacional a quantia de 250$, para garantia da assignatura do contrato e a
respectiva execução.
6ª O fornecedor incorrerá na multa de 20$ se demorar a entrega dos objectos
além dos dias marcados na clausula 2ª, e na de 50$ por cada semana de demora
que se seguir. As multas serão deduzidas da caução estabelecida na clausula
5ª.190

Constavam ainda algumas observações como:


1ª Só serão aceitas as propostas que forem assignadas por negociantes ou firma
comercial, devendo os respectivos documentos ser exhibidos pelos
interessados na occasião da abertura das propostas.

190
CASTRO, A. J. de Magalhães. MINISTERIO da Agricultura. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LXIV,
n.12, 12 de janeiro de 1886, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_07/14491 Acesso em 4
de abril de 2020.
147

2ª Nenhuma proposta será aceita sem que o proponente nella declare, por
extenso, sem claro, entrelinha ou rasura o preço de cada artigo.
3ª As propostas serão escriptas com tinta preta.
4ª Não se receberá proposta alguma depois do dia e hora acima designados. 5ª
As propostas serão organisadas de modo que os artigos de ferragens, ou todos
aquelles que forem da mesma especie, possão ser contratados com um só
fornecedor.191

Em maio do mesmo ano, o Jornal do Commercio também noticiou que o Ministério da


Agricultura havia aberto concorrência para o fornecimento de água para a Hospedaria da Ilha
das Flores. Nas edições de dezembro dos anos de 1888 e 1889, o mesmo divulgou a abertura de
concorrência para o fornecimento de pão e carne verde à Hospedaria da Ilha das Flores, a ser
realizado durante os anos subsequentes192. Nesse período, edições do Gazeta de Noticias, do
Diario do Brazil, do Gazeta da Tarde e do Diário Ilustrado apresentarem alguns nomes dos
fornecedores de tais gêneros.
Na edição de julho de 1885 do Diario do Brazil, e nas edições do ano de 1887 do Gazeta
de Noticias, a Soares & Lavrador, por exemplo, firma de comércio de secos emolhados,
pertencentes a Luiz da Rocha Soares e Joaquim José Lavrador, apareceu como fornecedora de
gêneros à Hospedaria da Ilha das Flores193. Tal edição do Diario do Brazil também noticiou que
Caetano Leal Guimarães, proprietário de um açougue na Rua do Imperador, era um dos
fornecedores de alimentos, mais especificamente de carne verde, ou seja, a carne de animais
abatidos na véspera do consumo, sem qualquer conservação. O nome de Caetano Leal
Guimarães também apareceu em edições do ano de 1887 da Gazeta de Notícias, bem como na
edição do dia 20 de julho de 1887 do Diario Ilustrado194.

191
Ibidem.
192
HOSPEDARIA da Ilha das Flores. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LXIV, n.130, 11 de maio de
1886, p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_07/15234 Acesso em 4 de abril de 2020.
INSPECTORIA Geral das Terras e Colonisação. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LXVI, n.355, 21 de
dezembro de 1888, p.5. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_07/21876
Acesso em 4 de abril de 2020.
CASTRO, A. J. de Magalhães. INSPECTORIA Geral das Terras e Colonisação. Jornal do Commercio, Rio de
Janeiro, anno LXVII, n.355, 22 de dezembro de 1889, p.4. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_07/24235 Acesso em 4 de abril de 2020.
193
SOLICITARAM-SE do Ministerio da fazenda os seguintes pagamentos. Diario do Brazil, Rio de Janeiro, anno
V, n.171, 23 de julho de 1885, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/225029/3951
Acesso em 4 de abril de 2020.
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.20, 20 de janeiro de 1887,
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/11527 Acesso em 4 de abril de 2020. DERAM-SE
as ordens necessárias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.167, 16 de junho de 1887,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/12223 Acesso em 4 de abril de 2020.
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.246, 3 de setembro de 1887,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/12621 Acesso em 4 de abril de 2020.
194
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.8, 8 de janeiro de 1887,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/11457 Acesso em 4 de abril de 2020.
148

Esta edição do Diario Ilustrado, de 1887, também informava que o fornecimento de


pão, naquele mês, havia sido de responsabilidade de Guilhermino Albano da Costa & Irmão.
Nos meses finais de 1886 e iniciais de 1887, esta firma ainda era responsável pelo fornecimento
de pão, como informaram edições da Gazeta da Tarde e da Gazeta de Noticias195. Este último,
na edição de 8 de novembro de 1887, informou que no mês de setembro de tal ano, o pão fora
fornecido por Manuel Alves Cardoso Bastos196.
Além do fornecimento de pão e carne, podemos destacar o de verduras, realizado por
José Galdino de Carvalho, como foi noticiado na edição de 2 de agosto de 1888 da Gazeta de
Noticias197, e o de medicamentos, realizado por Damião José Soares, noticiado em edições de
março e setembro do ano anterior pelo mesmo periódico198. A Gazeta também destacou outros
serviços, como a canalização de águas pluviais realizada pela firma Macedo & Filhos, e o
fornecimento de objetos realizado pela Guimarães & Pereira199.

PARA pagamento das seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.125, 5 de maio de 1887,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/12015 Acesso em 4 de abril de 2020.
DERAM-SE as ordens necessárias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.167, 16 de junho de 1887,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/12223 Acesso em 4 de abril de 2020.
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.200, 19 de julho de 1887,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/12389 Acesso em 5 de abril de 2020.
DERAM-SE as ordens necessárias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.318, 14 de novembro de 1887,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/12963 . Acesso em 5 de abril de 2020. FORAM
ordenados os seguintes pagamentos. Diario Ilustrado, Rio de Janeiro, anno I, n.96, 20 de julho de 1887,
p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/243051/372 . Acesso em 4 de abril de 2020.
195
O FORNECIMENTO. Gazeta da Tarde, Rio de Janeiro, anno VII, n.224, 30 de setembro de 1886, p.2.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226688/6532 Acesso em 4 de abril de 2020.
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.8, 8 de janeiro de 1887,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/11457 Acesso em 4 de abril de 2020.
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.38, 7 de fevereiro de 1887,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/11621 Acesso em 4 de abril de 2020.
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.128, 8 de maio de 1887,
p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/12032 Acesso em 4 de abril de 2020.
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.200, 19 de julho de 1887,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/12389 Acesso em 5 de abril de 2020.
196
DERAM-SE as ordens necessárias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.312, 8 de novembro de
1887, p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/12933 Acesso em 5 de abril de 2020.
197
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIV n.214, 2 de agosto de 1888,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/12457 Acesso em 5 de abril de 2020.
198
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.71, 12 de março de 1887,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/11779 Acesso em 5 de abril de 2020.
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.248, 5 de setembro de 1888,
p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/14352 Acesso em 5 de abril de 2020.
199
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.58, 27 de fevereiro de
1887, p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/11719 Acesso em 4 de abril de 2020.
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.71, 12 de março de 1887,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/11779 Acesso em 4 de abril de 2020.
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.123, 3 de maio de 1887,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/12007 Acesso em 4 de abril de 2020.
VÃO ser pagas as seguintes quantias. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XIII, n.248, 5 de setembro de 1887,
p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/14352 Acesso em 5 de abril de 2020.
149

Nesse sentido, podemos perceber uma coadunação dos serviços e alimentos referidos
nos informes com as informações apresentadas nos relatórios ministeriais, inclusive as tabelas
com o consumo dos alimentos.
Além da alimentação e de uma boa estadia, preocupação fundamental também era o
tratamento de doenças que acometiam os imigrantes. Embora casos mais graves fossem
encaminhados aos hospitais, as hospedarias exerceram significativo papel nessa função,
passível de ser explorada não só pelos relatórios ministeriais como os próprios periódicos do
período.
Decerto é, que na década de 1880 o funcionamento da Hospedaria da Ilha das Flores
contou com mais aportes do que as hospedarias anteriores, não só em relação à questão médica,
como em questões gerais.
Um bom exemplo foi a reportagem do Jornal do Commercio, do dia 26 de outubro de
1890, transcrita pelo boletim de outubro do mesmo ano no periódico A Immigração. Tal boletim
informou que sob a direção do Dr. Lycurgo de Mello, a recepção dos imigrantes na Hospedaria
da Ilha das Flores naquele período era realizada da seguinte forma:
O serviço de recebimento dos immigrantes no alojamento é feito com
methodo, pôr forma que o immigrante, logo que desembarca, se dirige para o
pateo da chamada, recebendo ahi um cartão de certificado, com o seu nome, e
com o numero de volume da bagagem, que é logo enviada para o armazém; e
outro cartão declarando o numero de rações a que tem direito, para si, e para
as pessoas de sua família.
O cartão de rações, que são em numero de três diariamente, da direito ao
immigrante, por oito dias, para, ou seguir o destino que desejar, ou vir durante
este prazo á cidade procurar colocação.
Por estes cartões, escriptos em diversas línguas, o immigrante, quando tem de
embarcar, recebe a sua bagagem já marcada com o competente destino. A
marca consiste em letreiros impressos com a cor correspondente ao destino,
sendo declaradas nos mesmos, tanta a estação que tem de receber bagagem,
como aquella a que ella é destinada.
O próprio immigrante acompanha a bagagem desde o armazém até o lanchão
que a tem de conduzir. Além disso há um empregado da hospedaria
encarregado do serviço de embarque e desembarque das bagagens, que as
acompanha até a estrada de ferro ou vapor que as deve conduzir.
[...] São frequentemente desinfectados todos os alojamentos e o terreno em
volta da hospedaria.
O estabelecimento tem seis grandes alojamentos em cima e outros dous na
parte térrea, podendo acommodar com largueza 2000 imigrantes.
O refeitório, asseiado e arejado, tem grandes mesas de mármore sobre madeira
e os competentes bancos, podendo servir a 800 pessoas de cada vez[...]
A enfermaria, que fica ao lado da hospedaria, [...]é visitada diariamente por
dous médicos, os Drs Publio de Mello e Carlos Gross, tem enfermeira,
enfermeiro e a competente pharmacia.
A lavanderia é toda de pedra e nella poderá lavar simultaneamente 50 pessoas.
[...] O immigrante, com o mesmo cartão da ração, recebe diariamente sabão
para lavagem de roupa.
150

Todos os gêneros alimentícios são de boa qualidade.


O serviço de desembarque e embarque é feito sob a direção do 2º ajudante da
inspetoria de terras, Dr. Lopo Netto, que tem como auxiliares três interpretes
e 10 ajudantes.[...]200

Durante a década de 1880, esse boletim da Sociedade Central de Imigração também


veiculou notícias sobre o movimento de imigrantes na Hospedaria da Ilha das Flores, e retornou
por diversas vezes ao tema da questão sanitária e médica, como na edição de dezembro de 1886
ao relatar o falecimento de uma criança de 3 anos de idade por sarampo201. No ano anterior, o
periódico O Paiz havia transcrito um dos boletins dessa Sociedade, informando que, entre
fevereiro e março daquele ano, havia ocorrido dois nascimentos na Hospedaria da Ilha das
Flores, e que haviam falecido “2 immigrantes, sendo 1 de angina dyphterica e 1 de febre
typhoide202.
Na edição de fevereiro de 1889, a redação do boletim teria elogiado as condições de
imunidade da Hospedaria da Ilha das Flores, mesmo com a chegada de muitos imigrantes em
um contexto de epidemia de febre amarela. Nessa mesma edição foi informado que havia sido
instalada uma hospedaria em Pinheiros, com capacidade para 2.000 imigrantes a princípio, com
o objetivo de suprir as necessidades em tempo de epidemia:
A hospedaria foi estabelecida na fazenda do mesmo nome, pertencente ao
comendador Joaquim Breves, que gratuitamente cedeu a maior parte das suas
grandes dependências para o serviço da immigração, por pedido feito em
nome do governo pelo coronel Accioli de Vasconcellos, inspetor geral da
colonisação.
[...] Lá se acham presentemente mais de 1.000 immigrantes perfeitamente
alojados e alimentados, tendo pão fresco excelente pela manhã e á tarde.
Provida de todo o material e pessoal necessário, a hospedaria de Pinheiros é
de importante auxilio ao serviço da immigração na quadra actual203.

Durante essa epidemia de febre amarela, no início ano de 1889, a Hospedaria da Ilha
das Flores também foi notícia em edições do Gazeta de Noticias. Na edição do dia 21 de

200
HOSPEDARIA de immigrantes da Ilha das Flôres. A Immigração: Orgão da Sociedade Central de Immigração,
Rio de Janeiro, anno VII, n.72, outubro de 1890, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/239984/621
Acesso em 6 de abril de 2020.
201
MOVIMENTO de immigrantes- Ilha das Flôres. A Immigração: Orgão da Sociedade Central de Immigração,
Rio de Janeiro, anno III, n.27, dezembro de 1886, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/239984/254
Acesso em 6 de abril de 2020.
NOTA da redacção. A Immigração: Orgão da Sociedade Central de Immigração, Rio de Janeiro, anno VI, n.54,
fevereiro de 1889, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/239984/476 Acesso em 6 de abril de 2020.
202
[RECEBEMOS]. O Paiz, Rio de Janeiro, anno II, n.86, 28 de março de 1885, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/178691_01/720 Acesso em 4 de maio de 2020.
203
HOSPEDARIA de immigrantes em Pinheiros. A Immigração: Orgão da Sociedade Central de Immigração,
Rio de Janeiro, anno VI, n.54, fevereiro de 1889, p.8. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/239984/476
Acesso em 6 de abril de 2020.
151

fevereiro, o periódico informou que o ministro da Agricultura havia decidido que, durante a
epidemia, o médico e o farmacêutico da Hospedaria deveriam residir na Ilha das Flores, de
forma que fosse possível a realização de exame imediato nos imigrantes que desembarcassem
no local204.
Já a edição de 27 de fevereiro informou que a Hospedaria enviava frequentemente os
doentes de febre amarela para a Santa Casa da Misericórdia. Por sua vez, como o hospital dessa
instituição não recebia doentes de febre amarela e varíola, os mesmos acabavam sendo
encaminhados para o Hospital de Jurujuba205.
No mesmo ano, o Diario de Noticias e a Cidade do Rio informaram sobre a nomeação
de dois médicos para a Hospedaria. Enquanto as edições de 7 de setembro de tais periódicos
noticiaram a nomeação do Dr. Miguel Archanjo de Paula Lima para o lugar do Dr. João da Silva
Ramos, a edição de 3 de dezembro da Cidade do Rio informou sobre a nomeação do Dr. Carlos
Gross, formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro206.
Além de ser objeto de notícias nos periódicos, a preocupação com o estado sanitário na
Ilha das Flores também podia ser percebida nos relatórios ministeriais. No relatório do
Ministério do Império de 1884, por exemplo, foi informado que, apesar da manifestação de
difteria em alguns imigrantes recolhidos na Hospedaria da Ilha das Flores, a disseminação da
bactéria havia sido contida e não se propagado, não só na Hospedaria, como em toda cidade do
Rio, graças às precauções tomadas pela Junta Central de Higiene Publica207.
Já nos relatórios do Ministério da Agricultura, entre os anos de 1886 e 1888, podemos
ver a ênfase ao bom estado sanitário em que se encontrava a Hospedaria neste período, e
constatar o amadurecimento da estrutura para recepção de imigrantes.
Apesar disso, o relatório de 1886 informou sobre o falecimento de seis imigrantes que
“desembarcaram atacados das molestias de que sucumbiram, sendo duas de caracter contagioso

204
O SR. MINISTRO interino da agricultura. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XV, n.52, 21 de fevereiro
de 1889, p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/15213 Acesso em 6 de abril de 2020.
205
É SABIDO e notório. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, anno XV, n.58, 27 de fevereiro de 1889, p.1.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/103730_02/15241 Acesso em 6 de abril de 2020.
206
FOI nomeado. Diario de Noticias, Rio de Janeiro, anno VI, n.1545, 7 de setembro de 1889, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369365/6224 Acesso em 6 de abril de 2020.
PARA que se pudesse dar uma colocação. Cidade do Rio, Rio de Janeiro, anno III, n.202, 7 de setembro de 1889,
p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/085669/2232 Acesso em 6 de abril de 2020.
FOI nomeado para o lugar de medico. Cidade do Rio, Rio de Janeiro, anno III, n.276, 3 de dezembro de 1889, p.1.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/085669/2515 Acesso em 6 de abril de 2020.
207
VASCONCELLOS, João Florentino Meira de. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na
Primeira Sessão da Decima Nona Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Império João
Florentino Meira de Vasconcellos. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1885. In Relatórios Ministeriais (1821-
1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global
Resources Network. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/100#?c=0&m=55&s=0&cv=1&r=0&xywh=-
1094%2C0%2C4010%2C2828 Acesso em 10 de abril de 2020.
152

e que não se desenvolveram entre os demais habitantes da Ilha[...]”208. Albuminúria, que define
a perda da proteína albumina na urina; Angina Diftérica, que é o aumento do volume das
amígdalas, além da hiperemia de toda a faringe; e Sarampão, uma forma violenta do sarampo,
foram as doenças que haviam causado estes óbitos, em um cenário em que as recomendações
eram de que os casos de doenças mais graves deveriam ser encaminhados aos hospitais, como
o São João Batista.
Com novas enfermarias, sendo uma para homens, e outra para mulheres, a Hospedaria
tinha naquele ano três médicos responsáveis pelos cuidados dos imigrantes: o Dr. João da Silva
Ramos, o Dr. José Francisco de Paula e Silva e o Dr. Miguel Zacarias de Alvarenga.
Em 1887 e 1888, corroborando com a busca de uma melhor organização, os relatórios
ministeriais de tais anos apresentavam tabelas referentes às doenças que haviam sido tratadas
na enfermaria da Hospedaria. Em 1887 foram tratadas as seguintes doenças na enfermaria da
Hospedaria:

Rheumatismo 21 Ulceras simples 19


Abcessos 7 Ulceras syphiliticas 7
Nevralgia 29 Laringo-bronchite 90
Gastro-enterite 187 Adenites 5
Enterocolite 132 Pleurisia 1
Anginas 27 Contusão 11
Indigestão 13 Conjunctivite catarrhal 14
Impaludismo 15 Sarampão 36
Chlorosis 4 Estomatite 4
Dispepsia 3 Feridas 7
Febre verminosa 33 Blenorrhagia 3
Otites 5 Tuberculose 1
Anemia e Limphatismo 8 Queimaduras 1
Eczema 27 Febre typhoide 1
Coqueluche 1 Limphatite aguda 2
Atrepsia 4 Total 718
Tabela XV- Enfermidades tratadas na enfermaria da Hospedaria da Ilha das Flores no ano de 1887. Apud Relatório
do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do ano de 1887209.

208
SILVA, Rodrigo Augusto da. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Segunda Sessão da
Vigesima Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Publicas Rodrigo Augusto da Silva. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1887, p.12. In Relatórios Ministeriais
(1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-
Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=29&s=0&cv=1&r=0&xywh=-408%2C867%2C2364%2C1667
Acesso em 17 de março de 2019
209
SILVA, Rodrigo Augusto da. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Terceira Sessão da
Vigesima Legislatura pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Publicas Rodrigo Augusto da Silva. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1888, p.11-12. In Relatórios Ministeriais
(1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-
Global Resources Network. Disponível em:
153

Tanto nesta tabela, quanto na que destacaremos a seguir, podemos conferir uma maior
frequência entre casos relacionados a problemas estomacais e intestinais, à infecções
respiratórias e um aumento nos casos de malária e febre verminosa.

No relatório referente a 1888, foi informado os seguintes números de falecimentos:


[...]seis adultos e 51 menores; sendo dos adultos, dous de impaludismo; um de
congestão cerebral; um de hypehemia medular; um de hemorrhagia cerebral e
um de febre puerperal. Os menores faleceram: 12 de enterite aguda; um de
febre gástrica; nove de laryngite; oito de meningite; sete de febre verminosa;
sete de athrepsia; um de angina diphterica; um de syphilis confluente; um de
broncho-pneumonia, e quatro nasceram mortos210.

E o número de imigrantes medicados na enfermaria havia sido maior do que o do ano


anterior, como podemos constatar a seguir:

http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=30&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1226%2C-1%2C4594%2C3241 Acesso
em 17 de março de 2019.
210
SILVA, Rodrigo Augusto da. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Quarta Sessão da
Vigesima Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Publicas Rodrigo Augusto da Silva. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1889, p.115. In Relatórios Ministeriais
(1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-
Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=28&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1464%2C-1%2C4943%2C3487
Acesso em 17 de março de 2019.
154

Rheumatismo 10
Abcessos 8
Nevralgia 30
Embraço gástrico 313
Entero-colite aguda 198
Anginas 86
Metrorragia 3
Impaludismo 137
Congestão e comoção cerebral 2
Hyperhemia medular 1
Febre verminosa 125
Anemia 12
Eczema 69
Cólica Intestinal 32
Atrepsia 3
Úlceras simples 39
Rupias syphiliticas 4
Laringites 7
Adenites 6
Balano-postite 1
Contusão 4
Conjunctivite catarral 24
Sarampão 90
Estomatite 12
Feridas contusas 20
Cancro venereo 11
Fractura do fêmur 1
Bronchites 107
Febre Puerperal 37
Broncho-pneumonia 37
Otite externa 1
Total 1.411
Tabela XVI- Enfermidades tratadas na enfermaria da Hospedaria da Ilha das Flores no ano de 1888.
Apud Relatório do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do ano de 1888 211.

O amadurecimento dessa logística de recepção e acolhimento também pode ser visto no


regulamento provisório da Hospedaria da Ilha das Flores, já comentado anteriormente na
presente dissertação. Este regulamento apresentava as atribuições bem definidas de cada
funcionário, destacando-se não só a parte administrativa como o setor responsável pela saúde
dos imigrantes. Competia ao médico as responsabilidades a seguir:
1º A administração dos enfermeiros e em geral os serviços sanitários da
Hospedaria.
2º A indicação das sucedidas necessidades para manter-se a salubridade da
Ilha.
3º O curativo dos immigrantes que enfermarem-se.

211
Ibidem, p.12.
155

4º O exame das rações fornecidas para a alimentação dos immigrantes.


5º Verificar o estado de cada immigrante que tiverem de ser expedido para o
interior e para os Estados.
6º Verificar e rubricar os pedidos de medicamentos para a pharmacia e bem
assim de roupas e utensílios, para a enfermaria e enfermeiros, deverão ser
depois enviadas ao Administrador.
7º Organizar a estatística mensal e anual dos serviços sanitários a seu cargo,
conforme os modelos em vigor, ao seu lhe fossem dados. A estatística do mez
anterior deve ser apresentada no primeiro dia do mez subsequente e de ano até
o dia 15 do mez de janeiro.
8º Fazer a visita dos navios para conduzirem immigrantes todos as vezes que
lhe for ser recomendados. Sempre que houverem dois médicos em exercício,
outro alternarão entre si o serviço diário conforme for combinado, de modo
que sempre se ache passar no estabelecimento, cabendo a cada um exercer em
um mez atribuições gerais aqui especificadas212.

Ao farmacêutico caberia as seguintes funções:


1º A direção da pharmacia.
2º Preparar os medicamentos que forem solicitados pelos médicos.
3º Escripturar as receitas no livro competente.
4º Apresentar ao medico, os pedidos, de medicamentos e utensílios necessários
à pharmacia.
5º Ter em dia, o livro de carga e descarga da pharmacia213.

E o enfermeiro teria as seguintes responsabilidades:


1º Cuidar do funcionamento das enfermarias e dos doentes.
2º Ministrar, se necessário dietas ao doente.
3º Ter devidamente, acondicionador as roupas, de uso, da enfermaria e
utensílios para uso dos doentes.
4º Percorrer diariamente os alojamentos para ver os immigrantes que
precisassem de ser examinados pelo médico.
5º Apresentar ao médico, os pedidos dos objetos necessários à enfermaria e aos
enfermos.
6º Fazer, a escripturação do movimento da enfermaria e bem assim, a cargo
dos objetos respectivos. Os ajudantes auxiliarão o serviço internos das
enfermarias, sendo a ajudante encarregado da enfermaria, das mulheres e
crianças214.

A Hospedaria da Ilha das Flores, no entanto, não pode ser vista como a única que
contribuiu para essa melhora na logística de recepção aos imigrantes. As hospedarias da Ilha do
Bom Jesus e do Morro da Saúde também tiveram que lidar com situações ligadas à questão
sanitária e médica. E embora estas outras hospedarias tenham sido objeto de um número menor

212
REGULAMENTO provisório para a hospedaria de imigrantes da Ilha das Flores. Arquivo Público do Estado
do Rio de Janeiro. Fundo PP. Notação: Pasta 479. Caixa 181. Maço 03. [s. d.], p.3-4.
213
Ibidem, p.4.
214
Ibidem, p.4-5.
156

de notícias nos periódicos e nos relatórios ministeriais, também representaram uma face desse
processo de construção de um sistema para recepção de imigrantes.
Nos anos finais da década de 1850, então sob a administração de Antonio Severiano da
Rocha, a preocupação na Hospedaria da Ilha do Bom Jesus era de que fosse realizada uma boa
recepção aos imigrantes que chegassem no porto em períodos de epidemia, uma vez que, em
conformidade com o estabelecido pela Provedoria de Saúde, todos os indivíduos que chegassem
deveriam ir direto para tal hospedaria.
Essa recomendação foi destacada no relatório do Hospital Marítimo de Santa Isabel, de
1857215, o qual relatava que em caso dos imigrantes serem acometidos por graves doenças, estes
deveriam ser encaminhados para o Hospital, e que as despesas com o tratamento ficariam por
conta dos importadores responsáveis. A recomendação também foi noticiada na edição de 19
216
de fevereiro de 1858 do Diario do Rio de Janeiro . Nesse ano, inclusive, o relatório do
Ministério do Império também havia informado que no mês de fevereiro haviam desembarcado
59 imigrantes que ficaram “sem direção, abandonados, doentes e em estado de miséria”217,
tendo sido necessária a intermediação do presidente da Associação para recolher os doentes à
Santa Casa, e os restantes à hospedaria, até que pudessem seguir destino.
Em maio de 1858, por sua vez, o Correio Mercantil noticiou sobre o tratamento de
doentes por febre amarela no Hospital anteriormente mencionado, onde nove pacientes haviam
falecido por tal moléstia, sendo um deles proveniente da Hospedaria da Ilha do Bom Jesus 218.
Já em maio do ano seguinte, o relatório da Associação Central de Colonização, transcrito na
edição de 29 de maio de 1860 do periódico O Paiz, Cândido Borges Monteiro, presidente da

215
MARTINS, Antonio Félix. Relatório dos Trabalhos da Commissão Administrativa do Hospital Marítimo de
Santa Isabel apresentado a Secretaria de Estado dos Negócios do Império pelo presidente da dita Commissão o
doutor Antonio Felix Martins. In OLINDA, Marquez de. Relatorio apresentado á Assembléa Geral Legislativa na
Segunda Sessão da Decima Legislatura pelo Ministro e Secretário D´Estado dos Negocios do Império Marquez de
Olinda Lima. Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1858. In Relatórios Ministeriais (1821-1960).
Obtido via base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources
Network. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/100#?c=0&m=26&s=0&cv=348&r=0&xywh=-
1098%2C0%2C4275%2C3015 Acesso em 17 de março de 2019.
216
CHRONICA Diária. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno XXXVIII, n.47, 19 de fevereiro de 1858,
p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/45787 Acesso em 27 de março de 2020.
217
MACEDO, Sérgio Teixeira de. Relatorio apresentado a Assembléa Geral Legislativa na Terceira Sessão da
Decima Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Império Sérgio Teixeira de Macedo.
Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1859. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via
base de dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network.
Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/100#?c=0&m=27&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1108%2C-1%2C4231%2C2985
Acesso em 17 de março de 2019.
218
NOTICIAS Diversas. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal, Rio de Janeiro, anno XVI, n.138,
20 de maio de 1859, p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/217280/16179
Acesso em 11 de abril de 2020.
157

Associação, relatou que a hospedaria estava desempenhado bem o seu papel na recepção e
acolhimento dos imigrantes “cuidando do seu desembarque, e dando-lhes o destino que tem
sido indicado sem perceber comissão ou remuneração alguma”219.
No entanto, o cenário no início da década de 1860 era outro. De acordo com o relatório
do Ministério da Agricultura, para o ano de 1861, a Associação Central, que atuava
fundamentalmente na intermediação entre os fazendeiros e os colonos assalariados, tinha a seu
cargo a Hospedaria da Ilha do Bom Jesus e se mantinha “sem exigir do governo outros auxilios
pecuniarios”220, além dos que já lhe haviam sido prestados.
Nesse hiato ocorrido entre o término do funcionamento da Hospedaria da Ilha do Bom
Jesus e o início de funcionamento da Hospedaria do Morro da Saúde, outros espaços foram
utilizados como hospedarias e manifestaram preocupação com a questão sanitária e médica. A
hospedaria localizada na Rua da Imperatriz, de responsabilidade da Sociedade Internacional da
Imigração, por exemplo, contou com médicos voluntários que se ofereceram para tratar
gratuitamente dos imigrantes que porventura necessitassem de cuidados durante a estadia221.
Podemos destacar os nomes do médico oculista Guilherme Naegeli; do médico homeopata
Antonio Augusto Ferreira Soares; e de José Ribeiro de Souza Fontes (1821-1893), doutor pela
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e, entre outros cargos, cirurgião efetivo da Santa Casa
de Misericórdia e de vários hospitais da Ordem Terceira.
Até o início da década de 1870, a Hospedaria do Morro da Saúde não teve problemas
em relação a epidemias ou às doenças graves que afetavam os imigrantes que ali residiram. O
agente oficial Ignacio da Cunha Galvão, no Relatório da Agencia Official de Colonisação,
apresentou entre as medidas a serem demandadas a aquisição do prédio e da chácara do morro
da Saúde, onde estava instalada a hospedaria222. Esta demanda já havia sido apresentada nos

219
MONTEIRO, Candido Borges. Relatorio da Associação Central de Colonisação apresentado à Assembléa Geral
dos acionistas na sessão de 22 de maio de 1860. Apud Colonisação. O Paiz, Rio de Janeiro, anno I, n.10, 29 de
maio de 1860, p.1-2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364843/33 Acesso em 11 de abril de 2020.
220
MELLO, Manoel Felizardo de Souza e. Relatorio da Repartição dos Negocios da Agricultura, Commercio e
Obras Publicas apresentado á Assembleia Geral Legislativa na Segunda Sessão da Decima Primeira Legislatura
pelo Ministro e Secretario de Estado Manoel Felizardo de Souza e Mello. Rio de Janeiro: Typographia Universal
de Laemmert, 1862. p.56. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados Brazilian Government
Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível em:
http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=1&s=0&cv=1&r=0&xywh=-1139%2C0%2C4356%2C3072
Acesso em 17 de março de 2019.
221
CHRONICA Nacional- Novembro de 1866. Novo e Completo Indice Chronologico da Historia do Brasil, Rio
de Janeiro, Typographia Universal de Laemmert, 1866, p.195-196. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=707619&PagFis=1606&Pesq=%22sociedade%20internac
ional%22 Acesso em 12 de abril de 2020.
SOCIEDADE Internacional de Immigração. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno XLVI, n.144, 17 de
junho de 1866, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/20665 Acesso em 12 de abril de
2020.
222
GALVÃO, Ignácio da Cunha. Relatorio da Agencia Official de Colonisação apresentado por Ignacio da Cunha
Galvão. 1870. In SILVA, Theodoro Machado Freire Pereira da. Relatório apresentado á Assembleia Geral
Legislativa na Terceira Sessão da Decima-Quarta Legislatura pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negócios
da Agricultura, Commercio e Obras Públicas Theodoro Machado Freire Pereira da Silva. Rio de Janeiro:
158

relatórios do Ministério da Agricultura dos anos de 1867, 1868 e 1869, como destacou o agente
oficial de colonização, Ignácio da Cunha Galvão.
Esse pedido, porém, sobreveio aos casos de febre amarela que apareceram na
Hospedaria no final do ano de 1869 e início do ano de 1870. Em edição de 12 de junho de 1870,
o Jornal do Commercio noticiou que durante a epidemia de febre amarela, ocorrida entre o final
do ano anterior e início de 1870, uma família inglesa instalada na hospedaria, teve quatro de
seus integrantes acometidos pela febre amarela, os quais, seguindo as recomendações da Junta
de Higiene Pública, foram removidos e tratados no hospital da Santa Casa da Misericórdia do
Rio de Janeiro223.
Em 1873, o fechamento da Hospedaria do Morro da Saúde ainda era notícia nos
periódicos. Nas edições de 29 de janeiro do periódico A Nação, e de 30 de janeiro de A Reforma,
foi noticiado que, por indicação de Ignácio da Cunha Galvão, então agente oficial de
colonização, a Comissão sanitária de socorros aos imigrantes havia decidido fechar
provisoriamente a Hospedaria do Morro da Saúde, para evitar um surto de febre amarela no
local, o que teria ocasionado a transferência dos imigrantes, ali instalados, para outros locais no
alto da serra224.
A incidência de um novo surto de febre amarela na cidade do Rio de Janeiro no início
de 1878, o quê poderia consequentemente atingir à Hospedaria do Morro da Saúde, fez com
que o Governo dispendesse esforços para a preservação da saúde dos imigrantes. No Diario do
Rio de Janeiro, foi informado que a Agência Oficial de Colonização havia tomado as medidas
necessárias “(...) para a internação dos emigrantes logo depois da sua chegada; bem como para
conserval-os afastados dos centros populosos e nas melhores condições hygienicas durante a
sua curta permanência no nosso porto”225. Outros alojamentos foram estabelecidos em Mendes,

Typographia Universal de E. & H. Laemmert, 1871. In Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de
dados Brazilian Government Documents do Center for Research Librairies-Global Resources Network. Disponível
em: http://ddsnext.crl.edu/titles/108#?c=0&m=12&s=0&cv=283&r=0&xywh=-986%2C-1%2C3794%2C2677
Acesso em 17 de março de 2019.
223
EXTRACTOS do relatório do Ministerio da Agricultura. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno XLIX,
n.160, 12 de junho de 1870, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/785 Acesso
em 11 de abril de 2020.
224
NOTICIARIO. Commissão sanitária dos soccoros aos immigrantes. A Nação: Jornal Politico, Comercial e
Literário, Rio de Janeiro, anno II, n.22, 29 de janeiro de 1873. p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/586404/697 Acesso em 11 de abril de 2020.
CHRONICA geral: Internação dos immigrantes. A Reforma: Orgão Democrático. Rio de Janeiro, anno V, n.23,
30 de janeiro de 1873, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/4423 Acesso em 11 de abril
de 2020.
225
NOTICIARIO- Movimento de emigrantes. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno LIX, n.72, 16 de
março de 1876, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=094170_02&pasta=ano%20187&pesq=%22hospedaria%2
2
Acesso em 11 de abril de 2020.
159

Barra do Piraí e na colônia de Porto Real visando remediar os efeitos que a febre amarela
poderia ocasionar na recepção desses indivíduos.
Em 1878, o Jornal do Commercio voltou a noticiar sobre uma enfermidade na
Hospedaria do Morro da Saúde. Desta vez tratou de casos de varíola na hospedaria, também
descrita como hospedaria de retirantes cearenses, por ter recebido neste período uma
significativa leva de migrantes do nordeste226. Esses migrantes, por sua vez, foram vacinados
entre os dias 23 e 31 de maio, por ordem do Governo Imperial. Foram 374 pessoas vacinadas
na hospedaria pelo médico Joaquim Cardoso de Mello Reis ( - 1920), doutor em Medicina pela
Faculdade de Medicina da Bahia que atuou nos hospitais da Misericórdia e da Beneficência
Portuguesa na década de 1870227. Em notícia publicada na edição de 14 de agosto deste jornal,
o médico Maximiano Marques de Carvalho (1820-1896) comentou que dada a incidência de
varíola entre os retirantes do nordeste instalados em hospedarias no Rio de Janeiro, e tendo em
vista a contagiosidade desta enfermidade, algumas ações deveriam ser tomadas pelo ministro
do Império:
Há mais de três mezes que se desenvolveu a varíola entre os pobres retirantes
do Ceará aglomerados nas hospedarias desta cidade. Este mal se communicou
aos habitantes das casas vizinhas; hoje vai grassando por toda esta capital. É
necessário que o Sr. ministro do império mande sahir para longe desta cidade
do Rio de Janeiro todos estes pobres, e que os empregue em alguns trabalhos
uteis.
É necessário mais que se desinfecte já todas estas hospedarias e enfermarias
de bexiguentos, queimando, tres vezes por dia, assucar com alcatrão228.

Como comentamos anteriormente, a Hospedaria do Morro da Saúde foi novamente


fechada em 1881 por apresentar condições insalubres. Tal fato permite pensar a elevação dos
parâmetros de avaliação das condições de higiene existentes no decorrer da segunda metade do
século.

226
EMIGRANTES cearenses. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LVII, n.156, 5 de junho de 1878, p.1.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/18553 Acesso em 11 de abril de 2020.
FOLHETIM. Cartas de um caipira. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LVII, n.158, 7 de junho de 1878,
p.1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/18569
Acesso em 11 de abril de 2020.
SECCA do Ceará e as estradas de ferro. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LVII, n.160, 9 de junho de
1878, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/18583
Acesso em 11 de abril de 2020.
CASO grave. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LVII, n.201, 20 de julho de 1878, p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/18857 Acesso em 11 de abril de 2020.
227
VACCINA. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LVII, n.163, 12 de junho de 1878, p.1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/18601 Acesso em 11 de abril de 2020.
EMIGRANTES do norte. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LVII, n.164, 13 de junho de 1878, p.1.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/18607 Acesso em 11 de abril de 2020.
228
CARVALHO, Maximiano Marques de. Saude publica. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LVII, n.226,
14 de agosto de 1878, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/19027 Acesso em 11 de
abril de 2020.
160

Mesmo tendo buscado melhorar suas instalações e condições de funcionamento, esta


Hospedaria não conseguiu impedir que fosse fechada, por mais de uma vez, por questões de
salubridade, fazendo com que se buscasse um lugar melhor para a instalação de uma hospedaria
definitiva, que acabou levando à escolha da Ilha das Flores.
O objetivo de se ter imigrantes saudáveis era uma das facetas dessa complexa teia que
tinha nas hospedarias de imigrantes como importantes instrumentos. Todavia, os cuidados com
a saúde não encerravam tal processo. Além de fornecimento de agasalho e sustento, era
importante também que aqueles imigrantes, que não chegassem com contrato já estabelecido,
pudessem conquistar lugar de trabalho. Se por um lado os relatórios ministeriais informavam
sobre os contratos estabelecidos pelos fazendeiros em busca de mão de obra, por outro, os
periódicos desse período nos fornecem uma outra visão: aquela sobre os imigrantes que vinham
espontaneamente, sem contratos prévios.
Nesse sentido, os periódicos apresentaram, principalmente na década de 1870, um
quantitativo significativo de informativos que funcionaram como uma forma de propaganda,
buscando oferecer os serviços desse grupo heterogêneo quanto a suas profissões, mas que
tinham em comum o fato de se estabelecerem em um novo contexto de suas vidas.
Decerto é que as demandas que os fazendeiros realizavam à Associação Central de
Colonização, assim como os contratos que estabeleciam com a mesma ou diretamente com os
imigrantes, alguns deles publicados como anexos em relatórios ministeriais, indicavam a
preferência por profissões relacionadas à agricultura, haja visto o contexto abordado. No
entanto, os periódicos apresentaram notícias sobre outras profissões desses imigrantes que
desembarcaram em território brasileiro.
Ao longo da pesquisa para esta dissertação, nos foi possível conhecer a localização dos
escritórios dos respectivos órgãos que eram responsáveis pelas hospedarias. Nesses escritórios,
além das informações gerais, eram oferecidos os guias de recepção das hospedarias. Ficava a
cargo do diretor ou presidente do escritório, a procura por emprego para os imigrantes, que não
o tivessem, aceitando-se, inclusive, propostas que fossem encaminhadas a tais escritórios.
No final da década de 1850, Francisco J. Fialho, diretor gerente, foi um dos responsáveis
por essa tarefa de conseguir emprego para os hóspedes da Ilha do Bom Jesus. Em abril de 1858,
por exemplo, encontravam-se na Ilha “diversos moços portuguezes do Porto e Açôres, para o
serviço domestico, e um alfaiate, um jardineiro, um sapateiro, um pedreiro e três familias
próprias para a lavoura[...]”229. As habilidades dos imigrantes voltaram a fazer parte de

229
COLONOS. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal, Rio de Janeiro, anno XV, n.90, 4 de abril de
1858, p.2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/217280/14559 Acesso em 27 de março de 2020.
161

informativos e anúncios nos periódicos, como o Correio da Tarde, o Diario do Rio de Janeiro,
o Correio Mercantil e Instructivo, Politico, Universal, nas quais havia referências aos
imigrantes portugueses e de Galiza, como lavradores, carpinteiros, calafates, cavouqueiros,
surradores e criados e criadas230.
Já nas edições de julho e agosto de 1858 do Correio Mercantil foi noticiado que entre
os alemães, belgas, franceses e holandeses presentes na hospedaria da Ilha do Bom Jesus,
encontravam-se profissionais como “alfaiate, tecelão, canteiro, ferreiro, ourives, relojoeiro,
padeiro, confeiteiro, tanoeiro, tintureiro, caldeireiro, vidraceiro, machinista de vapor, torneiro,
sirgueiro, ebanista, fabricante de pianos e gente própria para o serviço domestico”231.
Contudo, foi na década de 1870, que houve um significativo crescimento desse estilo de
informativo. Periódicos como O Globo, A Nação, A Reforma e o Jornal do Commercio
passaram a publicar cada vez mais um tipo de propaganda sobre as qualificações dos imigrantes
alojados na hospedaria do Governo.
No ano de 1872, por exemplo, enquanto o Diario do Rio de Janeiro e o Jornal do
Commercio noticiaram, em duas de suas edições ao longo do ano, e o Correio do Brazil em três
edições, o periódico A Reforma contabilizou quatorze edições nas quais foram publicados
anúncios ofertando a mão de obra de imigrantes.
Entre janeiro e março de 1872, este estilo de informativo apareceu em edições do
Correio do Brazil, do Jornal do Commercio e do Diario do Rio de Janeiro232. Além desses

230
COLONOS Portugueses e da Galiza. O Correio da Tarde, Rio de Janeiro, anno IV, n.100, 8 de maio de 1858,
p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/090000/3221 Acesso em 27 de março de 2020. COLONOS
Portugueses e da Galiza. O Correio da Tarde, Rio de Janeiro, anno IV, n.101, 10 de maio de 1858,
p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/docreader/090000/3226 Acesso em 27 de março de 2020.
COLONOS Portugueses e da Galiza. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno XXXVIII, n.125, 10 de maio
de 1858, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=094170_01&PagFis=45528&Pesq=%22hospedaria%20+
%20bom%20jesus%22 Acesso em 27 de março de 2020.
COLONOS Portugueses e da Galiza. O Correio da Tarde, Rio de Janeiro, anno IV, n.102, 11 de maio de 1858,
p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/docreader/090000/3230 Acesso em 27 de março de 2020.
COLONOS. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal, Rio de Janeiro, anno XV, n.126, 11 de maio de
1858, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/217280/14708 Acesso em 27 de março de 2020.
COLONOS Portugueses e da Galiza. O Correio da Tarde, Rio de Janeiro, anno IV, n.103, 12 de maio de 1858,
p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/docreader/090000/3234 Acesso em 27 de março de 2020. COLONOS
Portugueses e da Galiza. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno XXXVIII, n.129, 14 de maio de 1858, p.2.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/46116
Acesso em 27 de março de 2020.
231
ASSOCIAÇÃO Central de Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal, Rio de Janeiro,
anno XV, n.206, 31 de julho de 1858, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/15028 Acesso em 27 de março de 2020.
ASSOCIAÇÃO Central de Colonisação. Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal, Rio de Janeiro,
anno XV, n.207, 1 de agosto de 1858, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/217280/15032 Acesso
em 27 de março de 2020.
232
SLAUGHTER, Phil. Agencia Official de Colonisação. Correio do Brazil, Rio de Janeiro, anno I, n.10, 11 de
janeiro de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/239100/79 Acesso em 11 de abril de 2020.
162

periódicos, estes informativos apareceram em seis edições de A Reforma233, apresentando a


seguinte informação:
Immigrantes recém-chegados: suissos, italianos e francezes, de diversas
profissões, desejam contratar seus serviços. Entre elles encontram-se
canteiros, jardineiros, marceneiros, relojoeiros, caixeiros, e trabalhadores
comuns. Para informações das condições dos contratos dirijam-se ao
escriptorio da agencia oficial de colonisação, rua do Hospicio, n.186, das 9 da
manhã as 3 da tarde, ou a hospedaria dos immigrantes no morro da Saude, a
qualquer hora do dia234.

Estes anúncios, que apresentavam apenas algumas nacionalidades ou profissões, tinham


como objetivo oferecer uma oportunidade aos imigrantes que vinham sem um contrato definido,
apresentando, assim, profissões que iam além das atividades na lavoura. Os anúncios eram
assinados geralmente pelo agente externo Phil Slaughter ou pelo escriturário Luiz José de

SOUZA, Luiz José de. Agencia Official de Colonisação. Correio do Brazil, Rio de Janeiro, anno I, n.51, 23 de
fevereiro de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/239100/248
Acesso em 12 de abril de 2020.
SOUZA, LUIZ José de. Agencia Official de Colonisação. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LI, n.55, 24
de fevereiro de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/4258
Acesso em 12 de abril de 2020.
SOUZA, LUIZ José de. Agencia Official de Colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno LV,
n.69, 11 de março de 1872, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/28490
Acesso em 12 de abril de 2020.
SOUZA, LUIZ José de. Agencia Official de Colonisação. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LI, n.72, 12
de março de 1872, p.5. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/4367
Acesso em 12 de abril de 2020.
SOUZA, LUIZ José de. Agencia Official de Colonisação. Diario do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, anno LV,
n.70, 12 de março de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/28495
Acesso em 12 de abril de 2020.
SOUZA, Luiz José de. Agencia Official de Colonisação. Correio do Brazil, Rio de Janeiro, anno I, n.69, 12 de
março de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/239100/320 Acesso em 12 de abril de 2020.
233
SLAUGHTER, Phil. Agencia Official de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno
IV, n.5, 9 de janeiro de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/3149
Acesso em 11 de abril de 2020.
SLAUGHTER, Phil. Agencia Official de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno IV,
n.6, 10 de janeiro de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/3153
Acesso em 12 de abril de 2020.
SLAUGHTER, Phil. Agencia Official de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno IV,
n.7, 11 de janeiro de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/3157
Acesso em 12 de abril de 2020.
SLAUGHTER, Phil. Agencia Official de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno IV,
n.8, 12 de janeiro de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/3161
Acesso em 12 de abril de 2020.
SLAUGHTER, Phil. Agencia Official de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno IV,
n.9, 13 de janeiro de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/3165
Acesso em 12 de abril de 2020.
SLAUGHTER, Phil. Agencia Official de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno IV,
n.10, 14 de janeiro de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/3169
Acesso em 12 de abril de 2020.
234
SLAUGHTER, Phil. Agencia Oficial de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno
IV, n.5, 9 de janeiro de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/3149
Acesso em 11 de abril de 2020.
163

Souza, como podemos ver naqueles publicados em A Reforma235. Esse periódico, entretanto,
não publicou este tipo de informativo nos anos seguintes, diferentemente do que viria a ocorrer
com o Jornal do Commercio.
Em 1874 o Jornal do Commercio publicou alguns informativos diferenciando-se
daqueles do início dos anos 1870. Os anúncios nas edições de junho de 1874 informavam não
só a profissão, como o estado civil dos imigrantes. Continha, também, informações sobre a
existência na Hospedaria de padeiros franceses e alemães em busca de trabalho. Também havia
na Hospedaria um pedreiro francês, e sua respectiva família, e uma viúva alemã com uma filha
de 8 anos de idade236. Já em edições de novembro a dezembro deste mesmo ano, os informativos
anunciavam que dentre os numerosos imigrantes recém-chegados, havia carpinteiros, pedreiros,
pintores, alfaiates, ferreiros, caldeireiros, sapateiros e padeiros237. Neste mesmo ano, O Globo
e A Nação também publicaram um número significativo destes informativos.

235
SOUZA, LUIZ José de. Agencia Oficial de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno
IV, n.39, 21 de fevereiro de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/3285
Acesso em 12 de abril de 2020.
SOUZA, LUIZ José de. Agencia Oficial de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno IV,
n.40, 22 de fevereiro de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/3289
Acesso em 12 de abril de 2020.
SOUZA, LUIZ José de. Agencia Oficial de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno IV,
n.41, 23 de fevereiro de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/3293
Acesso em 12 de abril de 2020.
SOUZA, LUIZ José de. Agencia Oficial de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno IV,
n.51, 6 de março de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/3333
Acesso em 12 de abril de 2020.
SOUZA, LUIZ José de. Agencia Oficial de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno IV,
n.52, 7 de março de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/3337
Acesso em 12 de abril de 2020.
SOUZA, LUIZ José de. Agencia Oficial de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno IV,
n.56, 12 de março de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/3353
Acesso em 12 de abril de 2020.
SLAUGHTER, Phil. Agencia Oficial de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno IV,
n.285, 10 de dezembro de 1872, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/4264
Acesso em 12 de abril de 2020.
SLAUGHTER, Phil. Agencia Oficial de Colonisação. A Reforma: Orgão Democrático, Rio de Janeiro, anno IV,
n.288, 13 de dezembro de 1872, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/226440/4277
Acesso em 12 de abril de 2020.
236
LOCAÇÃO de serviços. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LII, n.152, 3 de junho de 1874, p.5.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/8726 Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LII, n.153, 4 de junho de 1874, p.6. Disponível
em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/8733 Acesso em 12 de abril de 2020.
237
AGENCIA Official de Colonisação. Locação de serviços. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LII, n.305,
3 de novembro de 1874, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/9781
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LII, n.329, 27 de novembro de 1874, p.4.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/9944 Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LII, n.331, 29 de novembro de 1874, p.3.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/9956 Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LII, n.334, 2 de dezembro de 1874, p.3.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/9975 Acesso em 12 de abril de 2020.
164

O periódico O Globo era um Órgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos


interesses do Commercio, Lavoura e Industria, e não o inverso, como enfatizava Manoel Gomes
de Oliveira, proprietário de tal periódico e da primeira agência de notícias do Brasil e da
América Latina (BOTTO, 2012). Já o periódico A Nação era de linha conservadora, tendo sido
fundado e dirigido por João Juvêncio Ferreira de Aguiar, a partir de incentivo de José Maria da
Silva Paranhos, o Visconde do Rio Branco (WERNECK,1999).
Nas edições de 1874 de O Globo, a maioria dos informativos apareceu com o título de
“Locação de serviços”, descrevendo logo a seguir a proveniência e a quantidade de imigrantes

LOCAÇÃO de serviços. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LII, n.336, 4 de dezembro de 1874, p.3.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/9991 Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LII, n.337, 5 de dezembro de 1874, p.3.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/9997 Acesso em 12 de abril de 2020.
ALUGÃO-SE 100 immigrantes. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LII, n.355, 23 de dezembro de 1874,
p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/10120 Acesso 12 de abril de 2020.
ALUGÃO-SE 100 immigrantes. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LII, n.356, 24 de dezembro de 1874,
p.6. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/10126 Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno LII, n.360, 29 de dezembro de 1874, p.4.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/10155 Acesso em 12 de abril de 2020.
165

existentes na Hospedaria e a disposição para o trabalho238. Nas edições do A Nação,


concentradas no mês de dezembro de 1874 239, o anúncio se apresentava da seguinte forma:

238
LOCAÇÃO de serviços. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses do
Commercio, Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno I, n.81, 24 de outubro de 1874, p.4. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/319 Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses do
Commercio, Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno I, n.82, 25 de outubro de 1874, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/322 Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses do
Commercio, Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno I, n.84, 27 de outubro de 1874, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/330 Acesso em 12 de abril de 2020.
ALUGAM-SE sessenta immigrantes. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos
interesses do Commercio, Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno I, n.91, 3 de novembro de 1874, p.4.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/369381/359 Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses do
Commercio, Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno I, n.114, 26 de novembro de 1874, p.4. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/451 Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses do
Commercio, Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno I, n.116, 28 de novembro de 1874, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/458 Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses do
Commercio, Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno I, n.117, 29 de novembro de 1874, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/462 Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses do
Commercio, Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno I, n.119, 1º de dezembro de 1874, p.3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/470 Acesso em 12 de abril de 2020.
ALUGAM-SE 150 immigrantes. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses
do Commercio, Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno I, n.120, 2 de dezembro de 1874, p.4. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/475 Acesso em 12 de abril de 2020.
ALUGAM-SE 80 immigrantes. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses do
Commercio, Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno I, n.123, 5 de dezembro de 1874, p.4. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/487 Acesso em 12 de abril de 2020.
UM CASAL suisso. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses do Commercio,
Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno I, n.125, 7 de dezembro de 1874, p.4. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/495 Acesso em 12 de abril de 2020.
ALUGA-SE 100 immigrantes. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses do
Commercio, Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno I, n.140, 22 de dezembro de 1874, p.4. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/555 Acesso em 12 de abril de 2020.
ALUGA-SE 100 immigrantes. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses do
Commercio, Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno I, n.141, 23 de dezembro de 1874, p.4. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/559 Acesso em 12 de abril de 2020.
239
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno III, n.268, 3 de
dezembro de 1874 p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2778
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno III, n.270, 5 de
dezembro de 1874 p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2786
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno III, n.271, 7 de
dezembro de 1874 p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2789
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno III, n.272, 9 de
dezembro de 1874 p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2794
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno III, n.273, 10 de
dezembro de 1874 p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2797
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno III, n.277, 15 de
dezembro de 1874 p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2814
166

Duzentos imigrantes! Carpinteiros! Ferreiros! Pedreiros! Alfaiates!


Sapateiros! Cosinheiros! etc. Recem-chegados do Rio da Prata! Desekma
contratar os seus serviços. Trata-se com os mesmos na Hospedaria do
Governo, na Rua da Boa Vista n.12, placa. (Morro da Saude). Desejam
contratar os seus serviços duzentos immigrantes chegados do Rio da Prata:
Carpinteiros, Ferreiros, Pedreiros, Alfaiates, Sapateiros, Cosinheiros, etc.
Na Hospedaria do Governo, rua da Boa Vista n.12, placa. (Morro da Saúde)240.

No ano de 1875, a maioria dos anúncios foram publicados no primeiro semestre,


destacando-se apenas duas edições do O Globo241 em contraponto ao mínimo de vinte em A
Nação242. Os informativos apresentados nas edições do O Globo seguiam o modelo do início

Acesso em 12 de abril de 2020.


LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno III, n.278, 16 de
dezembro de 1874 p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2818
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno III, n.280, 18 de
dezembro de 1874 p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2826
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno III, n.281, 19 de
dezembro de 1874 p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2830
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno III, n.282, 21 de
dezembro de 1874 p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2834
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno III, n.288, 30 de
dezembro de 1874 p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2858
Acesso em 12 de abril de 2020.
QUEM precisar de. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno III, n.289, 31 de
dezembro de 1874 p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2862
Acesso em 12 de abril de 2020.
240
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno III, n.267, 1º de
dezembro de 1874 p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2774
Acesso em 12 de abril de 2020.
241
ALUGA-SE 100 immigrantes. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses
do Commercio, Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno II, n.22, 22 de janeiro de 1875, p.4. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/664 Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. O Globo: Orgão da Agencia Americana Telegraphica dedicado aos interesses do
Commercio, Lavoura e Industria, Rio de Janeiro, anno II, n.30, 30 de janeiro de 1875, p.2. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/369381/694 Acesso em 12 de abril de 2020.
242
QUEM precisar de. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.1, 4 de janeiro
de 1875, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2865 Acesso em 12 de abril de 2020.
QUEM precisar de. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.2, 5 de janeiro de
1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2870 Acesso em 12 de abril de 2020.
QUEM precisar de. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.3, 7 de janeiro de
1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2874 Acesso em 12 de abril de 2020.
AVISOS- Locação de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.4, 8 de
janeiro de 1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2878
Acesso em 12 de abril de 2020.
QUEM precisar de. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.5, 9 de janeiro de
1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2882
Acesso em 12 de abril de 2020.
QUEM precisar de. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.7, 12 de janeiro de
1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2890 Acesso em 12 de abril de 2020.
AVISOS-Locação de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.9, 14
de janeiro de 1875, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2897
167

dos anos 1870, apresentando o número de imigrantes que buscavam empregos, as profissões
que exerciam e o local onde poderia ser realizado o contato, no caso, a rua da Boa Vista, nº12,
placa Morro da Saúde.
Os informativos presentes nas edições do A Nação, em 1875, não fugiam este modelo,
e também apresentavam tais informações, consideradas essenciais aos interessados em contratar
os serviços dos imigrantes. Eram um tipo de classificados do século XIX, onde a principal
função comunicativa seria expor o que se pretendia, sem deixar de lado a persuasão, ou seja, a
intenção de convencer o leitor, no caso, aqueles que necessitassem dos serviços de tais
imigrantes.
As associações, agências e sociedades promotoras da imigração tiveram que vencer não
só os problemas e as resistências internas, como também as externas, representadas nas imagens

Acesso em 12 de abril de 2020.


QUEM precisar de. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.13, 19 de janeiro
de 1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2914 Acesso em 12 de abril de 2020.
QUEM precisar de. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.15, 22 de janeiro
de 1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2922 Acesso em 12 de abril de 2020.
AVISOS-Locação de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.17, 25
de janeiro de 1875, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2929
Acesso em 12 de abril de 2020.
QUEM precisar de. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.22, 30 de janeiro
de 1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2949 Acesso em 12 de abril de 2020.
QUEM precisar de. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.23, 3 de fevereiro
de 1875 p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2954 Acesso em 12 de abril de 2020.
AVISOS-Locação de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.24, 4
de fevereiro de 1875, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2957
Acesso em 12 de abril de 2020.
QUEM precisar de. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.28, 12 de fevereiro
de 1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2974 Acesso em 12 de abril de 2020.
QUEM precisar de. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.29, 13 de fevereiro
de 1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2978 Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.31, 16 de
fevereiro de 1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2986
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.32, 17 de
fevereiro de 1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/2990
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.38, 24 de
fevereiro de 1875, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/3013
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.39, 25 de
fevereiro de 1875, p.3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/3017
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.41, 27 de
fevereiro de 1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/3026
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.42, 1º de
março de 1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/3030
Acesso em 12 de abril de 2020.
LOCAÇÃO de serviços. A Nação: Jornal Politico, Comercial e Literário. Rio de Janeiro, anno IV, n.46, 5 de março
de 1875, p.4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/586404/3046 Acesso em 12 de abril de 2020.
168

de uma natureza selvagem e de um clima tropical hostil, e nas notícias sobre as epidemias no
Brasil, que eram veiculadas na Europa.
Podemos citar alguns exemplos, como as palavras do engenheiro André Rebouças ao
regressar ao Brasil após viagem à Europa e ao Estados Unidos, entre os anos de 1872 e 1873:
Cumpre ter sempre em vista que a insalubridade do Brazil é o argumento
capital dos que contrariam a immigração, amedrontando os colonos, e que
melhorar as condições hygienicas do Rio de Janeiro e de todas as cidades do
Imperio é não só cumprir um dever municipal, como também trabalhar
diretamente para attrahir estrangeiros a este paiz243.

E também a visão defendida pela Junta de Higiene, no início da década de 1880, sobre
o que deveria ser realizado em termos da higiene pública e privada no Rio de Janeiro:
Convem que se tracte seriamente da hygiene publica e privada, porque a ella
se liga em grande parte a nossa prosperidade, dela depende o futuro da
immigração que ainda é hoje difícil para o nosso paiz, porque o Brazil gosa,
bem que injustamente, dos foros de paiz pestifero, á vista das epidemias que
tem visitado sua capital, devidas á falta quase absoluta de precauções
hygienicas244.

O médico higienista Antonio Martins de Azevedo Pimentel, em artigo publicado no


Brazil-Medico, em 1889, ao comentar sobre as condições dos hotéis e hospedarias, assim
descreveu o estado da higiene do Rio de Janeiro:
Os hotéis e hospedarias do Rio de Janeiro, salvo aquelles frequentados por boa
sociedade, são antros mefíticos disseminados por toda a cidade; quase sempre
sem condições hygienicas se constituem verdadeiras casas de meretrizes, de
libertinagem calamitosa, onde o devasso encontra facilmente todo o genero de
obscenidades, onde o libertino que frequenta essas possilgas asquerosas
compra, com a miséria se não com a propria existencia, os prazeres luxuriosos
das orgias eróticas245.

No estudo epidemiológico sobre a febre amarela no Rio de Janeiro, publicado em 1892


no Brazil Médico, o Dr. Rocha Faria considerou que a entrada de imigrantes a partir dos anos
1870 coincidiu “com o começo do verão e portanto com a quadra de maior perigo” de tal

243
REBOUÇAS, André. Portos de Commercio: Novos estudos durante a viagem a Europa e aos Estados Unidos
em 1872 e 1873. Revista do Instituto Polytechnico Brasileiro, Rio de Janeiro, Lithographia e Typographia do
Imperial Instituto Artistico, anno VII, n.3, 1872. p.115. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/334774/826 Acesso em 16 de abril de 2020.
244
A Juncta de Hygiene e as Pharmacias. União Medica, Rio de Janeiro, anno I, n.6, 15 de junho de 1881, p. 341-
352. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/337333/257 Acesso em 16 de abril de 2020.
245
PIMENTEL, Antonio Martins de Azevedo. Estado hygienico actual do Rio de Janeiro (Continuação). IX-Hoteis
e Hospedarias). O Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno III, n.32, 1º de
setembro de 1889, p.249-251. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/081272/1252
Acesso em 16 de abril de 2020.
169

doença, a qual foi atribuída uma grande mortalidade no Rio de Janeiro em seus “verões de 1850,
52, 57, 60, 70, 73, 75, 76, 78, 80, 83, 86, 89 e 91”246.
Apesar desse cenário, o fluxo de imigrantes foi crescendo lentamente na década de 1870,
e como vimos, alcançou seu ápice nas décadas de 1880 e 1890.
As propagandas oficiais e de entidades particulares, que foram sendo elaboradas no
decorrer da metade da década de 1880, pela Sociedade Central de Imigração, entidade criada
em 1884 e da qual o engenheiro André Rebouças fez parte anos depois, tiveram significativo
papel nisso, ao possibilitarem uma certa reversão deste cenário epidêmico do país, embora as
epidemias na Corte tenha tido certos momentos de recuos, mas nunca foram extintas por
completo.
“A propaganda servia para eliminar possíveis dúvidas quanto à imigração e melhorar a
imagem do país — mesmo que isso significasse não ser totalmente verdadeiro nas informações
fornecidas” (SOUZA, 2018). Ou seja, tanto os órgãos públicos como as instituições privadas,
utilizaram-se dessa ferramenta para tentar atrair imigrantes para o Brasil, apresentando aos
estrangeiros as vantagens e potencialidades de uma determinada região.
A recepção e o acolhimento nos estabelecimentos oficias eram temas presentes nessas
propagandas, podendo serem vistas, não só em periódicos, como o já citado Boletim da
Sociedade Central de Imigração, como também na publicação “Guia do Emigrante para o
Imperio do Brazil”, de autoria do Inspetor Geral das Terras e Colonização, Francisco de Barros
e Accioli de Vasconcellos, publicada em 1884.
Nesse Guia, a Hospedaria da Ilha das Flores apareceu como sendo o principal espaço de
recepção de imigrantes. Referiu-se, também, às situações em que os imigrantes não aceitavam
se hospedar nessa hospedaria, e as opções que lhes eram oferecidas:
Aquelles immigrantes que não querem recolher-se á Ilha das Flores para d’ahi
seguirem a seu destino têm a faculdade de solicitar até 3 mezes depois da sua
chegada, á inspectoria geral das terras e colonisação, na Travessa do Paço n.3,
passagem para qualquer ponto do Imperio para onde quiserem seguir, a qual
lhes é concedida gratuitamente mediante a simples apresentação do respectivo
passaporte247.

Por outro lado, a estadia na hospedaria se concretizava após o imigrante aceitar ou não
a oferta feita pelo agente da Inspetoria Geral, que visitava os navios, de hospedagem na

246
ROCHA FARIA, Carlos Teles de. Estudo epidemiológico da febre amarella em geral e particularmente no Rio
de Janeiro (Conclusão). O Brazil-Medico: Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno V, n.48,
1 de janeiro de 1892, p.381-385. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/081272/2358
Acesso em 16 de abril de 2020.
247
VASCONCELLOS, F. de B. e Accioli de. Guia do emigrante para o Império do Brazil. Rio de Janeiro:
Typographia Nacional, 1884.
170

“pitoresca Ilha das Flores, na formosa bahia do Rio de Janeiro, a 50 minutos da cidade, na qual
se gosa de um ameno clima, constantemente refrescado pelas brisas do mar, o que a torna
essencialmente salubre e agradável aos seus habitantes”248.
Nesse Guia, que foi traduzido para vários idiomas, foi descrita a beleza do local, o
funcionamento da hospedaria, da enfermaria ao depósito de bagagens, da alimentação à
imunidade da Ilha em tempos de epidemia. Relatou, ao tratar da recepção dos imigrantes, sobre
a possibilidade de saída dos imigrantes para o continente.
Ao mesmo tempo em que se avançava nas iniciativas para melhorar a imagem do país e
atrair os imigrantes, na segunda metade do oitocentos, o Governo e as entidades particulares
tinham que lidar com uma certa heterogeneidade da formação profissional dos grupos de
imigrantes que por aqui desembarcavam.
Embora algumas nacionalidades tenham contribuído com números significativos de
imigrantes, constituindo assim grupos consistentes capazes de estabelecerem vínculos
comunitários, as hospedarias tiveram que lidar com pessoas que nem sempre aceitavam ou
estavam dispostas a se tornar braços para a lavoura, sobretudo por já possuírem suas profissões
e estarem diante de um novo contexto sócio-cultural.

248
Ibidem, p.7.
171

Considerações finais

Receber e acolher o outro em seu território nunca foi uma das tarefas mais fáceis na
história.
No entanto, os deslocamentos populacionais fizeram, e continuam fazendo parte da vida
das pessoas nas mais diversas sociedades. Fazem parte da construção dessas mesmas
sociedades, influindo e propiciando discussões sobre importantes áreas que as compõem.
A presente pesquisa buscou discutir uma face desse deslocamento populacional: a
relação da política imigratória brasileira com as questões sobre salubridade e insalubridade do
contexto da segunda metade do século XIX. Consideramos particularmente a criação de locais
de recepção e acolhimento de imigrantes no Rio de Janeiro a partir da década de 1850 à década
de 1880, e como esses indivíduos foram “agasalhados e sustentados” nesses locais.
Foi necessário apresentarmos o panorama da imigração no Brasil e no cenário
internacional, a fim de compreender o contexto desses deslocamentos, as motivações das
pessoas que emigraram e dos países que estavam dispostos ou careciam de suas presenças.
Foi necessário também abordarmos a política imigratória brasileira e sua aplicabilidade
levando em consideração as nuances que se realizaram entre a capital da Corte e as províncias,
mais particularmente a Província do Rio de Janeiro, compreendendo assim a preferência da elite
fluminense em substituir os escravos por trabalhadores nacionais antes de pensar na mão de
obra imigrante, pelo menos até a década de 1880, diferente das províncias sulistas e da paulista.
Nesse cenário em que leis começavam a indicar o proeminente fim da escravidão, vimos
que estruturas de promoção, recepção e acolhimento começaram a se intensificar a partir da
década de 1850.
Paralelamente ao incentivo à colonização das terras, fio condutor da política imigratória
imperial durante todo o século XIX, o Governo viu as sociedades, agências e associações de
cunho privado passarem a dialogar cada vez mais com sua estrutura na busca por braços para a
lavoura. Isso dependeu, inclusive, do grupo que estava no poder e que maior pressão exerceu
sobre o aparato político-administrativo em diferentes momentos.
Embora a imigração espontânea fosse almejada tanto pelo Governo como pelos
particulares, o espectro da imigração dirigida não conseguiu ser amenizado, fazendo com que
a ação da estrutura administrativa imperial tenha sido forte e decisivamente cara a intensificação
dos fluxos imigratórios, mesmo no período das “Grandes Migrações”.
172

Enquanto a acentuação das propagandas se realizou a partir desse período, o


desenvolvimento e melhoramento da estrutura para receber os imigrantes pode ser notado desde
a ideia em se ter uma hospedaria definitiva governamental, nos idos dos anos 1860.
Ainda que os documentos sobre a Hospedaria da Ilha das Flores permitiram conhecer
mais sobre o funcionamento desta, procuramos preencher as lacunas de informação sobre esta
hospedaria e as demais por meio da análise das matérias e informativos, publicados em
periódicos do período, e de relatórios ministeriais. Em diversos relatórios ministeriais, ao
abordarem o funcionamento da hospedaria do Governo, que funcionava naquele momento,
apresentavam comentários comparativos com as outras hospedarias então existentes.
Na busca pela instalação e melhorias das hospedarias, foi possível perceber a
preocupação em se buscar locais mais salubres em meio ao contexto de insalubridade da cidade
do Rio de Janeiro. Entretanto, o cenário de insalubridade no Rio de Janeiro não foi totalmente
revertido, e as medidas de combate aos variados tipos de doenças não conseguiram ser
plenamente eficazes dado o conhecimento medico-sanitário ainda insuficiente, especialmente
sobre a etiologia das doenças, para tornar o combate mais efetivo.
Nesse sentido, as hospedarias começaram a serem vistas como os locais mais adequados
para a recepção e acolhimento de imigrantes, uma vez que as primeiras instalações eram
variações de lazaretos, hospitais marítimos e estações de quarentena.
Sendo sua concepção geral proveniente do desenvolvimento das instalações criadas ao
longo do século XIX, principalmente na América do Norte, com as hospedarias de Castle
Garden (1855-1890) e Ellis Island (1892-1954), destacamos que as hospedarias devem ser
entendidas como soluções arquitetônicas que congregaram isolamento sanitário e medidas
profiláticas, quando se buscou combater epidemias mortais em um cenário em que a navegação
a vapor possibilitava uma circulação mais rápida das doenças.
Com o caráter assistencial e médico de outras instituições, as hospedarias também
funcionaram como entreposto de interesses econômicos, vivencias culturais e humanitárias.
Vimos que a preocupação com a alimentação foi uma tônica no funcionamento dos
objetos que estudamos, mas também que, para aqueles imigrantes espontâneos, a permanência
nas hospedarias da Ilha do Bom Jesus e do Morro da Saúde tinha seus custos.
Enquanto a Hospedaria da Ilha do Bom Jesus ficou subordinada à Associação Central
de Colonização, entidade de capital público e privado, a Hospedaria do Morro da Saúde estava
ligada à Agencia Oficial de Colonização, que havia aglutinado algumas das responsabilidades
da Associação Central, e fora criada no seio do processo de transferência dos assuntos da
173

imigração para o Ministério da Agricultura, e posterior criação da Inspetoria Geral de Terras e


Colonização.
Apesar das instalações de ambas, a Hospedaria da Ilha do Bom Jesus e a Hospedaria do
Morro da Saúde, não terem sido por iniciativa ou sob a alçada do Governo Imperial, as duas
foram consideradas como hospedarias do governo, assim como as instalações provisórias na
Praia Formosa e na Rua da Imperatriz, que funcionaram entre o hiato de existência da
Hospedaria da Ilha do Bom Jesus e da Hospedaria do Morro da Saúde, ou os estabelecimentos
que serviram de acolhimento enquanto as hospedarias oficias estiveram fechadas por motivos
de insalubridade, como instalações nas localidades de Mendes e Barra do Piraí.
Para além de um território de espera, estes estabelecimentos funcionaram, juntamente
às associações e sociedades promotoras de migração, como locais de controle e triagem dos
indivíduos que saíram da Europa e chegaram na América. Expressaram uma faceta dos debates
sobre a melhor forma de acolher os imigrantes, perpassando questões políticas, econômicas e
médicas que refletiram na busca pela forma espacial e arquitetônica mais adequada para o
acolhimento de imigrantes, bem como o tempo em que estes deveriam permanecer sob a
responsabilidade das autoridades e como estas deveriam solucionar problemas como o de
aceitação e adaptação ao destino final, já que vimos a heterogeneidade de profissões que
desembarcaram no território brasileiro.
A análise dos informativos e anúncios publicados nos jornais do período permitiram
conhecer dados sobre o funcionamento das hospedarias, como o fornecimento dos gêneros
alimentícios, e sobre os imigrantes, como a heterogeneidade de seu perfil profissional,
principalmente nas décadas de 1860 e 1870. Em relação à Hospedaria da Ilha das Flores, as
informações sobre os imigrantes e suas profissões encontravam-se registradas nos livros de
registro da hospedaria. A Hospedaria da Ilha das Flores, considerada um exemplo em termos
das condições sanitárias conforme exigidas naquele momento, assim como as outras duas
referidas anteriormente, foi considerada como uma hospedaria do Governo. Além disso, a
Hospedaria da Ilha das Flores foi a primeira a ser realmente criada e mantida pelo Governo
Imperial. E que talvez por isso, a produção dos documentos sobre a rotina naquele
estabelecimento tenha sido mais significativa do que nas demais hospedarias, possibilitando
assim um conjunto documental mais expressivo e diversificado, inclusive sobre o movimento
da enfermaria da hospedaria nos anos 1880.
Os imigrantes provenientes da terceira classe passavam obrigatoriamente por um
processo de desinfecção, especialmente na década de 1880. E mesmo aqueles imigrantes que
174

chegavam trazendo um contrato firmado previamente, também necessitavam de um primeiro


acolhimento e atendimento até serem enviados para destinos mais longínquos.
Neste cenário de criação de hospedarias, de adoção de medidas para recepção de
imigrantes, presenciamos um complexo sistema de relações marcado pelo embate entre a
aceitação e a rejeição ao indivíduo estrangeiro, ao outro. As hospedarias de imigrantes foram
umas das dimensões do processo e da política de imigração naquele período, quando vários
procedimentos e serviços foram criados para atrair milhões de europeus às terras brasileiras. Os
deslocamentos de pessoas, as viagens como estas, atualmente ainda são marcadas por
dificuldades, mas que não se comparam com os problemas enfrentados pelos imigrantes no
século XIX, como a exposição de tais indivíduos às intempéries da jornada, principalmente às
epidemias de doenças como varíola, cólera febre amarela.
A criação destas hospedarias, então, apresentou uma relação estreita com os surtos, as
endemias e epidemias de doenças, como a varíola, a cólera e a febre amarela. Neste contexto
outros estabelecimentos, como as casas de caridade, hospitais, cemitérios públicos, alojamentos
e lazaretos, também estiveram fortemente vinculados ao cenário de epidemias, observando-se
assim uma relação entre a higiene pública e a intervenção urbana, expressada também por
médicos que exerceram funções para além do seu consultório. Ou seja, médicos que atuaram
em cargos públicos, desempenhando funções onde, também puderam disseminar os respectivos
conhecimentos de suas comunidades científicas.
Pensamos a saúde para além de um fenômeno físico-químico individual, enfim,
biológico, compreendendo as múltiplas dimensões que ela abarca e integra em uma sociedade,
apresentando uma das dinâmicas das políticas públicas de saúde e assistência, mas não
excluindo os interesses privados das organizações profissionais e sua relação com o Estado.
Para agasalhar e sustentar essa gente eram necessárias ordens. Ordens que necessitavam
de condições. E a viabilidade dessas condições estava relacionada a toda uma concepção
marcada pelos interesses de diferentes grupos, principalmente de grupos que desejavam se
afirmar ou se manter em posições em que pudessem pautar os discursos. Ou seja, ditar as ordens
que melhor se enquadrassem em seus projetos de funcionamento social, ora privilegiando, ora
não, as concepções de higiene e saúde do período e o cuidado, ou não, destinados aos imigrantes
que chegassem ao Brasil.
Em tempos em que saúde e economia estão no cerne das discussões, o tema e a
abordagem da presente dissertação propiciou uma revisitação a debates que atravessam
diferentes épocas e que estão longe de se findarem.
175

FONTES
• Fontes primárias manuscritas:
Arquivo Nacional
- Fundo do Departamento Nacional de Povoamento:
Hospedaria da Ilha das Flores: Livros de registro. 1883,1884,1885,1886, 1887, 1888.
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Sr. Dr. Antonio da Rocha Fernandes Leão, para o Serviço da Imigração. BR RJANRIO
F2.0.MAP.182.
Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (APERJ)
- REGULAMENTO provisório para a hospedaria de imigrantes da Ilha das Flores. Fundo PP.
Notação: Pasta 479. Caixa 181. Maço 03. [s. d.].

• Fontes primárias impressas:

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apresentado á Assembléa Geral Legislativa na Terceira Sessão da Decima Quarta Legislatura
pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Públicas
Theodoro Machado Freire Pereira da Silva. Rio de Janeiro: Typographia Universal de E. & H.
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