Vitam Hidrorodrigo
Vitam Hidrorodrigo
Vitam Hidrorodrigo
Introdução
Em 1911, Casimir Funk isolou um composto cristalino do material extraído da casca do
arroz, utilizado para curar uma doença de pombos denominada polineurite. A este composto deu
o nome de vitamina em virtude de ser considerada uma substância vital e possuir a característica
química de amina. Esta vitamina, hoje em dia denominada vitamina B1, foi apenas a primeira de
uma série de 13 compostos que se descobriu que os seres humanos e muitos animais não são
capazes de sintetizar, sendo indispensáveis na alimentação, mesmo que em doses diminutas,
para garantir a realização de várias reações bioquímicas, além de serem agentes de patologias
diversas quando há uma carência nutricional (VIEIRA, 2003).
Vitaminas são compostos orgânicos não relacionados quimicamente, que não podem ser
sintetizados pelos humanos e animais e, portanto devem ser supridos pela dieta. As vitaminas
são requeridas para a execução de funções celulares específicas (CHAMPE, 2006).
Estas moléculas servem para as mesmas funções em quase todas as formas de vida, mas os
animais superiores perderam a capacidade de sintetizá-las no decorrer da evolução. As vias de
biossíntese de vitaminas podem ser complexas; assim, é biologicamente mais eficiente ingerir
vitaminas do que sintetizar as enzimas necessárias para construí-las a partir de moléculas
simples. Esta eficiência tem o custo da dependência de outros organismos para substâncias
essenciais à vida (STRYER, 2004).
A maioria das vitaminas age como coenzimas, por exemplo, a riboflavina nas reações de
oxidorredutase e a biotina nas reações de carboxilação. As vitaminas são classificadas em
lipossolúveis e hidrossolúveis. As hidrossolúveis são as vitaminas B1, B2, B5, B6, B12, folato,
biotina e vitamina C (BAYNES, 2010). Em medicina veterinária são citadas como vitaminas
hidrossolúveis as vitaminas C, B1, B2, B6, B12, ácido pantotênico, ácido fólico, niacina, colina e
biotina (SPINOSA, 2006).
Com exceção da vitamina C, todas as vitaminas hidrossolúveis podem ser agrupadas juntas
sob o nome de complexo B. Além disso, têm sido identificadas certas substâncias tipo-vitamina
que, embora não sejam classificadas como vitaminas verdadeiras, possuem as características
destas e são agrupadas dentro do complexo B. Entretanto as funções biológicas destas
substâncias ainda carecem de investigação (SPINOSA, 2006).
Dentre as substâncias tipo-vitamina, podem ser citadas: carnitina (vitamina BT), amigdalina
(vitamina B17), ácido pangâmico (vitamina B15), ácido orótico (vitamina B13), ácido lipóico,
ácido para-aminobenzóico (PABA), coenzima-Q (ubiquinona), inositol e bioflavonóides
(SPINOSA, 2006).
As vitaminas hidrossolúveis são solúveis em compostos polares. Estas têm menos problemas
na absorção e transporte. Não podem ser armazenadas, exceto no sentido geral de saturação
tecidual. As vitaminas B funcionam principalmente como coenzimas no metabolismo celular. A
vitamina C é um agente estrutural vital. As vitaminas hidrossolúveis são solúveis em água, são
difíceis de armazenar porque o excesso é eliminado pela urina. Essas substâncias são solúveis
no plasma sanguíneo e por isso não necessitam de compostos carregadores (BORGES, 2011).
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Embora sejam consideradas não tóxicas, algumas vitaminas hidrossolúveis mostraram, em
experimentos realizados com camundongos, efeitos sobre o desenvolvimento embrionário. A
vitamina C, por exemplo, inibiu este desenvolvimento mesmo em baixas concentrações, ao
passo que a vitamina B2 e a niacina o inibiram em altas concentrações, e outras vitaminas
hidrossolúveis não o alteram (SPINOSA, 2006).
Também se demonstrou que o diabetes experimental em ratos causou depressão nos níveis
de vitaminas hidrossolúveis em vários tecidos, principalmente de vitamina B1 e B6, ácido fólico,
niacina e ácido pantotênico, quando comparado com os ratos do grupo controle (SPINOSA,
2006).
Com exceção da vitamina B12, o corpo não possui capacidade de armazenar as vitaminas
hidrossolúveis. Consequentemente, todas as vitaminas hidrossolúveis devem ser regularmente
obtidas através da dieta. Todo o excesso dessas vitaminas é excretado pela urina. Ao contrário
das vitaminas lipossolúveis, não apresentam toxicidade se ingeridas em excesso (BAYNES,
2010).
Funções fisiológicas
O pirofosfato de tiamina (TPP) é uma forma biologicamente ativa da vitamina, formada pela
transferência do grupo pirofosfato do ATP para a tiamina. O pirofosfato de tiamina serve como
coenzima na formação ou na degradação de α-cetois pela transcetolase e na descarboxilação dos
α-cetoácidos (CHAMPE, 2006).
Durante a absorção intestinal, é fosforilada a tiamina pirofosfato (TPP), sua forma ativa, que
vai ser grupamento prostético das enzimas 2-cetoglutarato desidrogenase e transcetolase. É uma
vitamina termolábil e sensível a variação de pH, sendo inativa em soluções alcalinas (VIEIRA,
2003).
O grupo ativo da TPP é o tiazol, e necessita também do Mg2+ como cofator. A TPP funciona
como coenzima em dois tipos de reações: na descarboxilação-oxidação do piruvato, com sua
conversão em acetil-CoA, e do α-cetoglutarato no ciclo de Krebs, formando succinil-CoA, e
também nas reações das transcetolases, na via das pentoses-fosfato (GONZÁLEZ, 2006).
Por outro lado, a TPP parece ter importante papel na transmissão do impulso nervoso: a
coenzima se localiza nas membranas periféricas dos neurônios, sendo requerida na biossíntese
de acetilcolina e nas reações de translocação de íons na estimulação nervosa (GONZÁLEZ,
2006).
Fontes principais
Requerimentos
A tiamina é instável no calor e em meios alcalinos, podendo haver a sua destruição em várias
etapas do processamento dos alimentos e a conservação. A tiamina também pode ser destruída
por tiaminases presentes na carne de alguns peixes e no processo de fermentação por algumas
bactérias. A deficiência de tiamina foi observada em raposas alimentadas com peixes e crus e
gatos alimentados tanto com peixe cru como em comida de gato enlatada. Rações enlatadas
preservadas com metabissulfito de sódio também causaram deficiência de tiamina em felinos. A
chamada síndrome da mortalidade precoce é uma doença não infecciosa que afeta a truta do
lago e outros salmonídeos associada à deficiência de tiamina (KANEKO, 2008).
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A disponibilidade de tiamina nos alimentos é composta de elevados níveis de taninos. Como
exigência geral, os animais devem receber de 4 a 10 mg/kg de matéria seca ingerida (KANEKO,
2008).
Estrutura da tiamina na sua forma de vitamina: (a). Descarboxilação de α-cetoácidos (b). Transformação
de cetoses fosfatos na via da pentose fosfato (c). Fonte: KANEKO, 2008.
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A riboflavina está ligada ao açúcar álcool ribitol. A molécula é colorida, fluorescente,
fotolábil e termoestável. É encontrada em oxidorredutases como flavina mononucleotídeo
(FMN) e flavina adenina dinucleotídeo (FAD), e é necessária ao metabolismo energético tanto
de açúcares quanto de lipídeos. A ativação da riboflavina ocorre via sistema enzimático
dependente de ATP, resultando na produção de FMN e FAD (BAYNES, 2010).
É uma vitamina de cor amarelada, termoestável, porém fotolábil, que perde essa cor quando
exposta a luz ou submetida à radiação (um procedimento industrial comum para aumentar a
quantidade de vitamina D no leite) (VIEIRA, 2003).
Funções fisiológicas
Há relato de que a vitamina B2, em associação com as vitaminas B1, B6, B12 e C, exerce
importante função na recuperação clínica de bezerros acometidos por ataxia, sem agente
etiológico conhecido (SPINOSA, 2006).
Bioquímica
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como óxido redutases em muitos processos oxidativos, como do ácido pirúvico, dos ácidos
graxos e dos aminoácidos, bem como na cadeia de transporte eletrônico (GONZÁLEZ, 2006).
Fontes principais
Requerimentos
A maior parte da riboflavina nas células está nas formas de FMN e FAD. Fonte: KANEKO, 2008.
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Niacina (vitamina B3)
Niacina, ou ácido nicotínico, é um derivado substituído da piridina. As formas
biologicamente ativas da coenzima são nicotinamida-adenina-dinucleotídeo (NAD+) e seu
derivado fosforilado, nicotinamida-adenina-dinucleotídeo-fosfato (NADP+). A nicotinamida, um
derivado do ácido nicotínico, que contém uma amida substituindo um grupo carboxila, também
ocorre na dieta. A nicotinamida é rapidamente desaminada no organismo e, dessa forma, é
nutricionalmente equivalente ao ácido nicotínico. As formas reduzidas do NAD+ e do NADP+
são NADH e NADPH, respectivamente (CHAMPE, 2006).
Presente nos alimentos na forma de niacinamida (uma amida) e ácido nicotínico (ou niacina,
um ácido carboxílico), esta vitamina, que pode ser sintetizada a partir do aminoácido triptofano,
participa da molécula de NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo), importantíssimo
transportador de prótons e elétrons no metabolismo energético mitocondrial (VIEIRA, 2003).
Funções fisiológicas
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A niacina também tem efeito específico sobre o crescimento animal; diminui os níveis de
colesterol e protege contra o infarto do miocárdio (SPINOSA, 2006).
Bioquímica
No sentido exato da palavra, a niacina não é uma vitamina, pois ela pode ser sintetizada no
organismo a partir de triptofano (Trp). Porém a conversão de Trp em niacina é relativamente
ineficiente e só acontece depois que os requerimentos de Trp estão cobertos. Por outro lado, a
biossíntese de niacina necessita de tiamina, riboflavina e piridoxina. Assim, em termos práticos,
tanto a niacina quanto o Trp são essenciais e precisam estar na dieta (GONZÁLEZ, 2006).
Fontes principais
Requerimentos
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Estrutura da niacina. Fonte: KANEKO, 2008.
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Todas as formas da vitamina são absorvidas pelo intestino, e durante esse período ocorre
alguma hidrólise dos fosfatos. A maioria dos tecidos, no entanto, contêm a piridoxal quinase,
que resintetiza as formas fosforiladas necessárias para a síntese, metabolismo e interconversão
dos aminoácidos. A piridoxina também é necessária para a síntese dos neurotransmissores
serotonina e noradrenalina, além da síntese de esfingosina, um componente da esfingomielina e
dos esfingolipídios. A piridoxina também é necessária para a síntese do grupamento heme
(BAYNES, 2010).
Por causa do seu papel no metabolismo dos aminoácidos, as necessidades diárias de vitamina
B6 aumentam com o aumento da ingestão de proteínas (BAYNES, 2010).
É encontrada nos alimentos em três formas: piridoxina (um álcool), piridoxal (um aldeído) e
piridoxamina (uma amina). É coenzima em reações do metabolismo dos aminoácidos, como por
exemplo, as transaminações (VIEIRA, 2003).
Funções fisiológicas
Bioquímica
São muitas as reações que dependem de piridoxina. Entre os processos mais importantes
com a participação desta coenzima, podem ser citadas: as reações de transaminação entre o
aspartato e oxalacetato, α-cetoglutarato e glutamato, e alanina e piruvato; as reações da
glicogenólise, nas quais a piridoxina é componente essencial da glicogênio fosforilase e se une a
resíduo de lisina, estabilizando a enzima; a biossíntese das aminas serotonina, noradrenalina e
histamina; formação de niacina a partir de triptofano; a biossíntese de ácido δ-aminolevulínico
(ALA), precursor do grupo heme; a biossíntese de esfingolipídeos, componentes da mielina
(GONZÁLEZ, 2006).
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Fontes principais
Requerimentos
Biotina
A biotina é uma coenzima nas reações de carboxilação, nas quais ela serve como carregador
do dióxido de carbono ativado. A biotina liga-se covalentemente ao grupo ε-amino de resíduos
de lisina nas enzimas dependentes de biotina (CHAMPE, 2006).
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A biotina é normalmente sintetizada pela flora intestinal. Ela funciona como coenzima em
complexos multienzimáticos envolvidos nas reações de carboxilação. Ela é importante na
lipogênese, na gliconeogênese e no catabolismo de aminoácidos de cadeias ramificadas. A
maior parte da necessidade de biotina no organismo é suprida a partir de sua síntese pelas
bactérias intestinais (BAYNES, 2010).
Funções fisiológicas
Nos animais, em geral, a síntese microbiana intestinal de biotina é relativamente boa, porém
variável. As aves necessitam de grandes quantidades desta vitamina e nos suínos, a biotina
melhora o desempenho reprodutivo (SPINOSA, 2006).
Bioquímica
Fontes principais
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Biotina ligada covalentemente a um resíduo de lisina em uma enzima dependente. Fonte: CHAMPE,
2006.
Ácido pantotênico
O ácido pantotênico é um componente da coenzima A, a qual atua na transferência de grupos
acila. A coenzima A contém um grupo tiol que transporta compostos acila como ésteres de tiol
ativados. Exemplos de tais estruturas são a succinil-CoA, a acil-CoA e a acetil-CoA. O ácido
pantotênico é também um componente da síntese de ácidos graxos (CHAMPE, 2006).
Já foi denominada de vitamina B5, esta vitamina faz parte da molécula de coenzima A (CoA)
e é responsável por reações de acetilação (advindo daí o termo A da coenzima A). Outra enzima
que possui o ácido pantotênico é a proteína transportadora de grupamentos acil na síntese de
ácidos graxos (VIEIRA, 2003).
Entretanto, a CoA é a forma mais abundante e importante de ação dessa vitamina, sendo
responsável pelo transporte de grupos carbonados (como o acetil e o acil) para o metabolismo
energético (VIEIRA, 2003).
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Funções fisiológicas
Esta vitamina faz parte das enzimas coenzima A (CoA) e proteína carreadora de grupo acil,
importante para o metabolismo de ácidos graxos; é um fator antidermatite para as aves e fator
promotor de crescimento em ratos. Pode haver muita perda desta vitamina (cerca de 50%) entre
produção e o consumo dos alimentos (SPINOSA, 2006).
Bioquímica
Fontes principais
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Ácido fólico
O ácido fólico (ou folato), o qual desempenha um papel chave no metabolismo dos grupos
de carbono, é essencial para a biossíntese de vários compostos (CHAMPE, 2006).
Células em rápido processo de divisão têm maio necessidade dessa vitamina, já que exercem
importante função na síntese de timina das purinas e pirimidinas, as quais são necessárias para a
síntese de DNA. Com base na toxicidade seletiva que ocorre em células de crescimento rápido,
por exemplo, células bacterianas e cancerosas, essa função do folato foi a principal base para o
desenvolvimento de análogos estruturais de folato (antagonistas do ácido fólico), os quais são
utilizados como antibióticos e agentes anticancerígenos (BAYNES, 2010).
Sua forma ativa é como tetrahidrofolato (THF) contém um carbono extra que doa em reações
enzimáticas. O THF é produzido a partir da ação da enzima tetra-hidro-folato redutase. Existem
seis formas de THF, dependendo da forma como o carbono extra que é doado durante a reação
por ela catalisada: -CH3 (metil), -CH2- (metileno), -CH=O (formil no N5 ou no N10 da
molécula), -CH=NH (formimino) e -CH= (metenil) (VIEIRA, 2003).
Funções fisiológicas
O ácido fólico tem função essencial como vitamina antianemia, pois participa da formação
do grupo heme (proteína que contém ferro e está presente na hemoglobina), além de ser
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importante como fator de crescimento animal e na formação dos aminoácidos tirosina, ácido
glutâmico e metionina, dentre outras funções (SPINOSA, 2006).
Há maior necessidade de ácido fólico durante a prenhez e lactação; além disso, as sulfas
frequentemente adicionadas em rações comerciais para aves aumentam a necessidade de ácido
fólico nestes animais (SPINOSA, 2006).
Bioquímica
Esta vitamina está envolvida com os processos da hematopoiese. Depois de ser absorvido no
intestino, o ácido fólico é reduzido a tetra-hidrofolato (H4folato) nos lisossomos, pela enzima
H2folato-redutase. Na circulação, a vitamina encontra-se com N5-metil-H4folato. Dentro das
células, o H4folato aparece na forma poliglutâmica, a qual é biologicamente mais potente,
sendo, dessa forma, armazenada no fígado (GONZÁLEZ, 2006).
Fontes principais
O ácido fólico é encontrado principalmente no fígado, rim e músculo animal, leite, queijo,
espinafre, couve-flor, legumes e germe de trigo (SPINOSA, 2006).
Requerimentos
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Redução do folato a tetrahidrofolato. Fonte: MARKS, 2004.
Vitamina B12
A vitamina B12 é necessária para duas reações enzimáticas essenciais: a síntese de metionina
e a isomerização da metilmalonil-CoA, que é produzida durante a degradação de alguns
aminoácidos e de ácidos graxo com número ímpar de átomos de carbono (CHAMPE, 2006).
A vitamina B12 (cobalamina) tem uma complexa estrutura em anel similar ao sistema de
porfirina do grupamento heme, porém é mais hidrogenada. O ferro localizado no centro do anel
do grupamento heme é substituído pelo íon cobalto (CO3+). Essa é a única função conhecida do
cobalto no corpo. Essencial para a quelação do íon cobalto, um anel dimetilbenzilmidazol
também faz parte da molécula ativa. A vitamina B12 participa da reciclagem dos folatos e da
síntese de metionina (BAYNES, 2010).
A vitamina B12 é sintetizada apenas por bactérias. Ela está ausente em todas as plantas, mas
concentrada no fígado dos animais de três maneiras diferentes: metilcobalamina,
adenosilcobalamina e hidroxicobalamina (BAYNES, 2010).
Possui íon cobalto ligado a um anel tetrapirrólico no centro da molécula, muito semelhante à
ligação do ferro da hemoglobina e do Mn na clorofila. A forma mais comum é a de
cianocobalamina onde o -CN liga-se ao cobalto, existindo ainda as formas de
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hidroxicobalamina, aquocobalamina e metilcobalamina com o -OH, H2O e -CH3 ligados ao
cobalto, respectivamente (VIEIRA, 2003).
Funções fisiológicas
A vitamina B12 tem ação sobre as células do sistema nervoso, medula óssea e trato
gastrointestinal, exercendo importantes funções como síntese de ácidos nucleicos (DNA e RNA,
assim como o ácido fólico ou folato), formação de hemácias (é essencial na eritropoese),
manutenção do tecido nervoso e biossíntese de grupos metil (-CH3). Esta vitamina participa
também do metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas e das reações de redução para
formação do grupo sulfidrila (-SH) (SPINOSA, 2006).
Trabalho experimental mostrou que ratos tratados com a vitamina B12, após a injeção de
cloreto de cádmio, apresentaram menor nível deste metal pesado no organismo (no fígado e
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rins) e maior sobrevivência em relação aos animais não tratados com esta vitamina (SPINOSA,
2006).
Bioquímica
A cobalamina contém um sistema de anéis corrina, que difere das porfirinas, pois dois dos
seus anéis pirrol estão ligados diretamente, em vez de o serem por meio de uma ponte de
meteno. O cobalto é mantido no centro do anel corrina por quatro ligações coordenadas com os
nitrogênios dos grupos pirrol. As demais ligações coordenadas do cobalto são com o nitrogênio
do 5-6-dimetilbenzimidazol e com o cianeto. As formas de coenzima da cobalamina são 5’-
desoxiadenosilcobalamina, na qual o cianeto é substituído pela 5’-desoxiadenosina (formando
uma ligação carbono-cobalto não usual), e a metilcobalamina, na qual o cianeto é substituído
por um grupo metila (CHAMPE, 2006).
A cianocobalamina está unida a uma proteína e para ser utilizada deve ser hidrolisada pelo
ácido gástrico, onde se combina com uma glicoproteína secretada pelo próprio estômago,
chamada fator intrínseco (o fator extrínseco é a cobalamina). Essa proteína transporta a
cianocobalamina até o íleo onde é absorvida (GONZÁLEZ, 2006).
Fontes principais
Requerimentos
As necessidades de vitamina B12 na maioria dos animais estão entre 2 a 15 μg/kg da dieta.
Embora deficiências de B12 sejam incomuns, doenças que prejudiquem o pâncreas ou o
intestino, podem afetar a absorção desta vitamina. Deficiência de cobalto para ruminantes
também podem resultar em hipovitaminoses de B12 (KANEKO, 2008).
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Estrutura da vitamina B12. Fonte: MARKS, 2004.
Vitamina C
A vitamina C, ou ácido ascórbico, é um nutriente essencial para humanos, primatas
superiores, porquinhos-da-índia e morcegos frutívoros. Em todos os outros animais, existe uma
via específica para sua síntese. A vitamina C é lábil: é facilmente destruída por oxigênio, íons
metálicos, pH aumentado, calor e luz. A vitamina C serve como agente redutor, e sua forma
ativa é o ácido ascórbico, o qual é oxidado durante a transferência dos equivalentes redutores
em ácido desidroascórbico (que também pode atuar como fonte de vitamina). A Vitamina C
participa da síntese do colágeno, adrenalina, esteroides, degradação da tirosina, formação de
ácidos biliares, absorção de ferro e metabolismo ósseo. A principal função desse composto é
manter cofatores metálicos em seus menores estados de valência, por exemplo, Fe+2 e Cu+2. Esse
é o caso da síntese do colágeno, onde ele é necessário especificamente para a hidroxilaçao da
prolina (BAYNES, 2010).
Essa é a vitamina que possui a estrutura molecular mais simples, derivada da glicose e
presente na maioria de animais e vegetais. Na verdade, somente poucos animais (homem,
porquinho-da-índia, morcego das frutas e certas aves e peixes) não a sintetizam, isso devido à
ausência da enzima L-gulono-lactona, responsável pela sua síntese a partir de derivados da
glicose (VIEIRA, 2003).
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Sua principal função bioquímica é converter o aminoácido prolina em hidroxiprolina na
formação do colágeno. No entanto, é potente antioxidante, agindo como protetora da morte
celular por ação de radicais livres (VIEIRA, 2003).
A vitamina C não é usada como uma coenzima, mas é mesmo assim necessária para a
atividade continuada da prolil hidroxilase. Esta enzima sintetiza a 4-hidroxiprolina, um
aminoácido necessário ao colágeno, componente importante do tecido conjuntivo de
vertebrados; mas este aminoácido é raramente encontrado em qualquer outro local (STRYER,
2004).
Funções fisiológicas
A vitamina C é uma importante substância antioxidante para o organismo, e uma das suas
principais funções é de cofator para a formação e manutenção do colágeno. A vitamina C é
também essencial para a formação e manutenção do tecido conjuntivo, ossos, cartilagens e
dentina, além de ter ação imune estimulante (SPINOSA, 2006).
Além da sua função como vitamina, é também usada como um agente que auxilia na
“detoxificação” em intoxicações exógenas. A vitamina C participa, ainda, do metabolismo dos
aminoácidos tirosina e triptofano, dos lipídeos e do ácido fólico; do controle do colesterol e da
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integridade dos dentes, ossos e vasos sanguíneos (SPINOSA, 2006). A vitamina C também
facilita a absorção do ferro da dieta no intestino (CHAMPE, 2006).
Fontes principais
Requerimentos
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Colina
Funções fisiológicas
A colina não é considerada uma vitamina verdadeira, mas sim um importante nutriente, cuja
suplementação é necessária em animais (SPINOSA, 2006).
Fontes principais
Referências bibliográficas
BAYNES, J. W.; DOMINICZAK; M. H. Bioquímica médica. 3. ed. Rio de Janeiro (Brasil): Elsevier,
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CHAMPE, P. C.; HARVEY, R. A.; FERRIER, D. R. Bioquímica ilustrada. 3. ed. Porto Alegre (Brasil):
Artmed, 2006. 371 p.
GONZÁLEZ, F. H. D.; SILVA, S. C. Introdução à bioquímica clínica veterinária. 2. ed. Porto Alegre
(Brasil): Editora da UFRGS, 2006. 38 p.
KANEKO, J. J.; HARVEY, J. W.; BRUSS, M. L. Clinical biochemistry of domestic animals. 6. ed. San
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VIEIRA, R. Fundamentos de bioquímica. 1. Ed. Pará (Brasil): Laboratório de genética humana e
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