2012 - Oliveira - Velhice e Ativ Fisica Aquatica

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM GERONTOLOGIA

VELHICE E ATIVIDADE FÍSICA AQUÁTICA:


INVESTIGAÇÃO SOBRE A HIDROGINÁSTICA EM IDOSOS

Aide Angelica de Oliveira

São Paulo
2012
Aide Angelica de Oliveira

VELHICE E ATIVIDADE FÍSICA AQUÁTICA: INVESTIGAÇÃO


SOBRE A HIDROGINÁSTICA EM IDOSOS

Dissertação apresentada ao Programa de Estudos


Pós-Graduados em Gerontologia, da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, como exigência
parcial para obtenção do título de mestre em
Gerontologia, realizada sob orientação da Prof.ª Dr.ª
Vera Lúcia Valsecchi de Almeida

São Paulo
2012
BANCA EXAMINADORA

_____________________________

_____________________________

_____________________________
Dedico este trabalho ao meu pai, Reinaldo Carlos de Oliveira,
que sempre me apresentou grandes desafios na minha vida
profissional, mostrando que para ser uma grande profissional é
preciso, acima de tudo, amar e respeitar o ser humano.
À minha orientadora, Vera Lúcia, por sua sensibilidade,
dedicação, confiança e paciência durante o desenvolvimento
deste trabalho.
A todos os meus alunos do Centro Esportivo Municipal de
Caieiras, que lutaram e brigaram para manter minha
permanência durante a gestão de 2009/2012 e, acima de tudo,
pela confiança e respeito pelo meu trabalho.
Muito obrigada a todos! Sem vocês este trabalho nunca teria
existido!
Obrigada por acreditarem em mim.
AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Prof.ª Dr.ª Vera Lúcia Valsecchi de Almeida que, desde as
primeiras conversas, contribuiu para a troca de experiências e lembranças de nossas vidas
onde a água estava presente, unificando nossa relação e transformando-a em um laço de
amizade eterna. Dedicada, criteriosa, responsável e de uma postura profissional louvável. Sua
liberdade em deixar caminhar a construção do pensamento será levada como um grande
ensinamento para toda minha vida.

Ao meu pai, Prof. Reinaldo Carlos de Oliveira, que apresentou a oportunidade de


trabalhar com idosos e, através da sua dedicação, tornou possível meu retorno à Prefeitura
Municipal de Caieiras, em 2005.

À Prof.ª Dr.ª Juliana Duarte, que me mostrou a grandiosidade do trabalho


desenvolvido com idosos e sua importância para a produção acadêmica.

Ao Prof. Ms. Jefferson Lourenço de Oliveira, por sua colaboração na elaboração do


projeto inicial para ingressar no mestrado.

Ao Prof. Dr. Clodoaldo Gonçalves Leme, amigo que sempre, em nossas conversas, me
ensinou, orientou e, acima de tudo, pelas valiosas sugestões dadas a este trabalho.

A Prof.ª Ms. Milena de Oliveira Rossetti, por suas sugestões e pela contribuição na
assessoria estatística.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela


entidade bolsa recebida, tão importante a conclusão deste trabalho.

A todos os idosos que buscam, na atividade física aquática, o alívio para suas dores
físicas, emocionais e um significado para sua longevidade, acreditando que é possível
conviver de forma harmoniosa com doenças crônicas e saber que são sujeitos de uma
sociedade ainda preconceituosa.
À minha amiga Natalie Batista Marques, por sua contribuição nas tabulações, na
coleta de dados, pela disponibilidade em querer me ajudar e pela paciência e compreensão em
me aguentar nos momentos de tensão e estresse. Muito obrigada!

À Carolina Moraes Miranda Rolin, pela amizade estabelecida ao longo do mestrado e


por sua confiança, honestidade e cumplicidade nos momentos difíceis que passamos juntas
durante todo o processo de elaboração do trabalho.

Às minhas amigas Clélia, que vem acompanhando toda minha superação, pelas muitas
noites em claro, e Andrea, pela tradução do resumo e pela paciência e compreensão durante
este trabalho.

Aos funcionários, Gerci, Valter, Osvaldo e Marlos, que sempre e com muito esforço e
dedicação, fizeram o impossível para que a piscina estivesse sempre em ordem.

À minha família pelo respeito e compreensão de todas as minhas escolhas durante


minha vida.

Ao grande e querido mestre Deus que, através da espiritualidade, vem me mostrando


um caminho melhor para minha vida, sentindo sua presença nos momentos mais difíceis,
sempre me direcionando e me dando forças e superações que são inexplicáveis. Obrigada por
estar do meu lado sempre!!!!!!!
RESUMO

A prática da atividade física aquática para idosos é um tema relevante e estratégico,


tanto para as pessoas, como em termos sociais. Dentre as atividades físicas
aquáticas, a hidroginástica vem recebendo um número crescente de adeptos
contribuindo, cada vez mais e quando oferecida de forma adequada, para a melhoria
da qualidade de vida e para o resgate da autonomia dos idosos. Na hidroginástica
situa-se o tema dessa dissertação. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório
que teve por objetivo investigar a relação entre o envelhecimento, a atividade física
aquática (hidroginástica) e a qualidade de vida entre idosos. A investigação foi
desenvolvida no Centro Esportivo Municipal localizado na cidade de Caieiras-SP. A
população deste estudo foi composta por 100 sujeitos, com idade igual ou maior de
60 anos e praticantes de hidroginástica há pelo menos um ano. Para a coleta de
dados quantitativa foi utilizado um questionário contemplando dados pessoais e
socioeconômicos; estes dados foram obtidos através de entrevistas
semiestruturadas que tiveram o objetivo de aprofundar aspectos relacionados à
prática regular desta modalidade de atividade física, à escolha do local e à
percepção dos sujeitos sobre “qualidade de vida”. Os dados quantitativos foram
organizados e trabalhados por meio do programa Statistical Package for Social
Sciences (SPSS) for Windows. Quanto às entrevistas, Bardin (2009) forneceu os
referenciais para a análise do conteúdo (AC) das falas dos sujeitos. Entre os
sujeitos, a faixa etária predominante foi de 60 a 69 anos. Por outro lado, a
predominância das mulheres foi expressiva (86%). A estes dados somou-se a coleta
de informações sobre escolaridade, renda, ocupação, aposentadoria, condição na
família, estado civil, religião, lazer e condições de saúde. A análise dos dados
revelou não só os benefícios desta atividade física para a população idosa, como a
importância um trabalho multidisciplinar.

PALAVRAS-CHAVE: Hidroginástica, Idosos. Qualidade de Vida. Atividade da Vida


Diária (AVD’s).
ABSTRACT

T h e p r a c t i c e o f a q u a t i c p h ys i c a l a c t i v i t y f o r t h e e l d e r l y i s a n
important and strategic topic for both people, as in social terms.
A m o n g t h e aquatic physical activities, w a t e r a e r o b i c s h a s b e e n r e c e i v i n g
an increasing number of fans contributing, and when offered in a
proper manner, to the improvement of the quality of life and for
t h e r e s c u e o f t h e a u t o n o m y o f t h e e l d e r l y. I n w a t e r a e r o b i c s i s t h e
theme of this essay. T his is a descriptiv e and exploratory study
that aimed to inv estigate the relationship between aging, aquatic
p h y s i c a l a c t i v i t y ( g y m ) a n d t h e q u a l i t y o f l i f e a m o n g t h e e l d e r l y.
The research was developed in the Municipal sports Center
located in Caieiras – SP. The study population was made up of
100 subject, with equal or greater age of 60 years and
practitioners of water aerobics for at least one year. For
quantitative data collection was used a questionnaire cov ering
personal and socioeconomic data; T hese data were collected
through semi -structured interv iews which had the objective of
deepening aspects related to the regular practice of this kind of
physical activity, the choice of the place and the perception of the
subject about “quality of life”. Quanti tative data were organized
and worked by means of Statistical Package for Social Sciences
(SPSS) for W indows. As for the interviews, Bardin (2009) prov ided
the framework for the analysis of the content (AC) of the lines of
the subjects. Among the subjects, the predominant age was 60 to
69 years. On the other hand, the prevalence of women was
significant (86%). These data were added to the collection of
information about education, income, occupation, retirement,
family status, marital status, religion, leis ure and health
conditions. The analysis of the data rev ealed not only the benefits
of physical activity for the elderly population, as the importance of
a multidisciplinary work.

K e yw o r d s : W a t e r A e r o b i c s , E l d e r l y. Q u a l i t y o f l i f e . A c t i v i t y o f
daily living.
LISTAS DE SIGLAS

AAVDs - Atividades Avançadas da Vida Diária

AEA - Aquatic Exercise Association

ACM - Associação Cristã de Moços

AF - Atividade Física

AIVDs - Atividades Instrumentais da Vida Diária

AVDs- Atividades Básicas da Vida Diária

Bpm - Batimentos por minutos

C.D.O.F.- Cooperativa do Fitness

C.E.M.- Centro Esportivo Municipal

CNI - Conselho Nacional do Idoso

E.U.A.- Estados Unidos da América

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH - Indicadores de Desenvolvimento Humano

OMS - Organização Mundial da Saúde

ONU - Organização das Nações Unidas

M - Metros

MMII - Membros inferiores

MMSS - Membros superiores

Min - Minutos

NIA - Instituto Nacional de Gerontologia

QV - Qualidade de Vida

QVRS - Qualidade de Vida Relacionada com a Saúde

S - Segundos

SESC - Serviço Social do Comércio


SPAS - Special Public Assistance

SPEEDO - Aquatic Fitness System

WHO- World Health Organization


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................... 3
OBJETIVOS................................................................................................... 5
CAPÍTULO I
1.CONSIDERAÇÕES SOBRE A HIDROGINÁSTICA .................................... 7
1.1 Incursões históricas .............................................................................. 7
1.2 Hidroginástica no Brasil .................................................................. ....12
1.3 Conceitos,abordagens e métodos....................................................... 15
1.3.1 Conceito de hidroginástica ........................................................... 15
1.3.2 Hidroginástica,hidroterapia e exercícios aquáticos ....................... 17
1.3.3 Métodos de hidroginástica ............................................................ 19
1.3.4 Aquatic Exercise Association(AEA) .............................................. 20
1.3.5 Aquatic Fitness System ................................................................ 23
1.3.6 Variantes da hidroginástica .......................................................... 24
CAPÍTULO II
ENVELHECIMENTO E VELHICE
1.CONCEITOS ............................................................................................ 32
2.ENVELHECIMENTO: PROCESSO NATURAL ......................................... 37
2.1 Envelhecimento biológico ................................................................... 40
2.2 Envelhecimento psicológico ................................................................ 42
2.3 Envelhecimento Ativo ......................................................................... 44
2.4 Envelhecimento bem-sucedido ........................................................... 47
2.5 A transição demográfica ..................................................................... 49
2.6. Envelhecimento e atividade física ...................................................... 52
CAPÍTULO III
QUALIDADE DE VIDA ................................................................................. 57
1.CONCEITOS ............................................................................................ 59
1.1 Aspectos subjetivos da qualidade de vida. .......................................... 63
1.2. Qualidade de vida no envelhecimento ............................................... 65
1.3 Qualidade de vida e atividade física .................................................... 70

1
CAPÍTULO IV
ABORDAGEM METODOLÓGICA
1.LOCAL ...................................................................................................... 74
2. SUJEITOS ............................................................................................... 74
3. ESTUDO “PILOTO” ................................................................................. 81
4. COLETAS DE DADOS............................................................................. 81
4.1 Operacionalização de coleta de dados ............................................... 81
4.2 Instrumentos de coletas de dados ...................................................... 82
4.3 Variáveis consideradas ....................................................................... 83
4.4 Tratamento dos dados ........................................................................ 83
CAPÍTULO V
RESULTADOS ............................................................................................ 85
CAPÍTULO VI
DISCUSSÃO................................................................................................ 94
CONCLUSÃO ............................................................................................ 104
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 107
APÊNDICES .............................................................................................. 119
ANEXOS .................................................................................................... 125

2
INTRODUÇÃO

A atividade física diária foi a prática adotada pela minha família para
promoção de saúde, educação e formação como cidadão atuante no
convívio social. Durante a infância, dentre as inúmeras experiências com
modalidades esportivas, o basquetebol foi à modalidade que me forneceu a
oportunidade de tornar-se uma atleta profissional. Nesta modalidade, de alto
rendimento, atuei por 23 anos.

Paralelamente às inúmeras conquistas próprias do esporte


competitivo, além das oportunidades de aprendizado cultural, somaram-se
inúmeras lesões osteomusculares que resultaram em um cotidiano de muita
superação e extensos tratamentos fisioterápicos. Um aprendizado doloroso
que negligencia o limite do corpo para obter resultados. Frente a este quadro
comecei a me questionar se, em minha formação acadêmica (Educação
Física), iria atuar neste segmento do alto rendimento.

Com uma situação privilegiada dentro do esporte de alto rendimento e


sendo também funcionária pública fui chamada para atender um grupo de
idosos que precisavam praticar a hidroginástica. Ao aceitar o desafio
defrontei-me, não sem espanto, com exercícios que os idosos não
conseguiriam, certamente, executar e que não trariam quaisquer benefícios
para os mesmos; as lesões já instaladas e/ou resultantes da atividade
proposta não permitiriam que aulas transcorressem normalmente e com
reais benefícios. A sensibilidade e compreensão dos sentimentos de dor me
levaram a esta pesquisa e à criação de métodos que pudessem atender os
idosos.

No decorrer das aulas percebia-se um hiato entre a prática e o


conhecimento teórico-prático adquirido. A literatura referente a esta área é
relativamente escassa, principalmente quando relacionada a um público
específico, neste caso o idoso. O que se tem como base para o
desenvolvimento da hidroginástica para idosos são os benefícios que ela

3
pode proporcionar na execução das Atividades da Diária (AVD); melhorias
importantes nos componentes primários (resistência aeróbia e muscular
localizada, flexibilidade, força e composição corporal) e secundários
(equilíbrio, agilidade, reflexo, coordenação) para a manutenção da
autonomia no processo de envelhecimento (CALDAS, CEZAR, 2001; MAC
ARDELE, 2003; SOVA, 1998).

As inovações dos métodos 1 apresentados a cada ano sempre


enfatizam, via-de-regra, os rendimentos físicos que a hidroginástica
proporciona; pouco se menciona sobre as adaptações ou precauções
quando aplicados em idosos. Quando mencionados, os métodos
apresentados são fundamentalmente baseados em atividades de
relaxamento e recreação visando, basicamente, melhorias psicossociais. O
resultado é que as pesquisas que, desenvolvidas por especialistas da área,
abordam temas relacionados à hidroginástica, carecem de uma visão
gerontológica.

Sabemos que, a população de pessoas com mais de 60 anos de


idade passou, no Brasil, de 6% em 1980, para mais de 12% em 2011. A
estimativa é que essa parcela cresça significativamente, atingindo seu ápice
em 2030. Este fato vem se concretizando, a cada ano, no aumento da
procura de idosos pela atividade física aquática, pois sabemos que no
decorrer do processo de envelhecimento é comum o surgimento de doenças
crônicas, algumas até consideradas como “naturais depois de certa idade”
(Neto et. al., 2009), mas que afetam diretamente na qualidade de vida,
diminuição da autonomia e dificuldades na realização das Atividades da Vida
Diária (AVD).

Diante deste quadro e após muitos experimentos senti necessidade


de investigar sobre esta atividade física aquática – hidroginástica para
idosos – oferecida na cidade de Caieiras.

1
No Brasil o método da AEA é o mais utilizado.

4
Assim o objetivo deste trabalho foi identificar o perfil do público que
participa da atividade física aquática, as razões que levaram à escolha desta
modalidade/local e as concepções presentes, entre os praticantes, de
Qualidade de Vida. Outro “motor” da investigação, estreitamente ligado aos
mencionados, foi identificar alterações nos aspectos, físicos, biológicos,
relacionais, psicológicos e sociais.

A revisão de literatura revelou que a hidroginástica em idosos não


pode ser desenvolvida de uma forma isolada; que é necessário um
conhecimento sobre as causas do envelhecimento, as doenças que
acometem os idosos e as técnicas alternativas, uma vez que é uma
atividade terapêutica. Por outro lado, o que se observa é que os métodos e
programas existentes centram-se, majoritariamente, na “população
saudável”, incluindo atletas de alto rendimento em programas de
condicionamento físico.

A presente pesquisa foi desenvolvida a partir do que foi acima


esboçado; visou, também e principalmente, contribuir com os profissionais
da área, além de proporcionar aos idosos de hoje uma expectativa de vida
positiva. Afinal, em um futuro próximo seremos nós os idosos em busca
destes benefícios.

A investigação realizada teve os seguintes objetivos

 Geral

 Identificar o perfil dos idosos participantes das atividades


físicas aquáticas, mais especificamente a hidroginástica;
 Levantar, junto aos idosos acima mencionados, as
concepções de “qualidade de vida”.

 Específicos

5
 Mapear as razões que levam os idosos à procura desta
modalidade específica de atividade física aquática;
 Verificar as alterações físicas, biológicas, relacionais
(sociais), psicológicas e existenciais na vida dos sujeitos que
praticam hidroginástica, no Município de Caieiras.

6
CAPÍTULO I

REVISÃO DA LITERATURA

1. CONSIDERAÇÕES SOBRE A HIDROGINÁSTICA

1.1. Incursões históricas

Segundo Rocha (2001), a água cura, embeleza, refresca, limpa,


relaxa e nos enche de energia. Ela está no nosso corpo, na nossa vida e
ocupa a maior parte do nosso planeta. Dá-nos eletricidade, força e, não
importa o assunto, lá está ela marcando presença.

A origem do uso da água como forma de terapêutica estava presente


em muitas culturas, pois estava relacionada ao misticismo e as religiões. Era
sabido que, anteriormente, egípcios, assírios e muçulmanos usavam a água
com propostas curativas (BARUCH, 1920; FINNERY, 1960; APUD CUNHA,
1998). Há também documentação de que os hindus em 1500 a.C. usavam a
água para combater a febre (BARUCH, 1920; FINNERY, 1960; APUD
CUNHA, 1998).

Arquivos históricos constam que civilizações japonesas e chinesas


antigas faziam menções de culto (adoração) para a água corrente e faziam
banhos de imersão por grandes períodos (CUNHA, 1998).

Em 500 a.C. a civilização grega deixou de ver a água como um ponto


místico e começou a usá-la para tratamento físico específico (BARUCH,
1920; LIANZA, 1985; APUD CUNHA, 1998). Escolas de medicina
apareceram próximas a nascentes. Hipócrates (460-375 a.C.) usou a
imersão em água quente e fria para tratar muitas doenças, incluindo
espasmos musculares e doenças reumáticas (FINNERY, 1960; SKINNER &
THOMSON, 1983; APUD CUNHA, 1998).

7
Os lacedemônios criaram em 334 a.C. o primeiro sistema público de
banhos que se tornou parte integrante das atividades sociais (FINNERY,
1960; APUD CUNHA, 1998).

A civilização grega foi a primeira a reconhecer esses banhos,


desenvolvendo centros perto de nascentes naturais e rios, observando
também a relação entre os benefícios para o corpo e a mente, pelos banhos
e recreação (LIANZA, 1985 APUD CUNHA, 1998).

Mais adiante, o Império Romano expandiu o sistema de banho


desenvolvido pelos gregos (BARUCH, 1920, APUD CUNHA, 1998).

Os romanos destacaram-se por sua habilidade na arquitetura e


construção. Aliás, como no sistema grego, os banhos romanos foram
originalmente usados por atletas e tinham por objetivo higiene e prevenção
das doenças. Segundo Gonçalves (1996), Skinner e Thomson (1985), o
sistema romano envolvia uma série de banhos com diferentes temperaturas:

CAUDARIUM: banho muito quente;

TEPIDARIUM: banho com água morna, num ambiente com ar aquecido;

FRIGIDARIUM: banho frio utilizado para fins recreativos;

SUDATORIUM: um aposento saturado de ar úmido quente, a fim de causar


a sudorese.

Muitos desses banhos eram elaborados e realizados em grandes


áreas. Os banhos do imperador Caracalla (Krizek, 1963 apud Cunha, 1998),
cobriam uma milha quadrada com uma piscina que media 1.390 pés. Ainda
hoje existem estâncias de água muito semelhantes às antigas.

Ressalta-se que a influência da religião durante a Idade Média


conduziu para um declínio no uso dos banhos públicos e da água como
forma curativa. O Cristianismo nesse período via o uso de forças físicas,
incluindo-se a água, como um ato pagão (BARUCH, 1920; FINNERY, 1960
APUD CUNHA, 1998).

8
Essa atitude pública persistiu até o século XV, quando ressurgiu o
interesse pelo uso da água como um meio curativo (BARUCH, 1920; APUD
CUNHA, 1998).

Vale destacar que os banhos começaram a ser usados por mais


pessoas e não somente por atletas. Os spas2 (“special public assistance”)
tornaram-se centros de saúde, higiene, descanso para intelectuais e locais
para exercícios e recreação.

Por volta de 330 d.C., a primeira proposta dos banhos romanos foi à
cura e tratamento de doenças reumáticas, paralisias e lesões (BARUCH,
1920; APUD CUNHA, 1998).

Entretanto, o primeiro modo foi o da terapia em “tanques de água”


(Haralson, 1985; Apud Cunha, 1998), consistindo em sentar dentro do
tanque e permanecer submerso sem se movimentar.

Em 1697 (Ingalterra) Sir John Flayer, médico, arrendou terras e


construiu piscinas compridas com água pelo joelho e pedras no fundo
(Gonçalves, 1996). Ele fazia caminhadas terapêuticas e, segundo se sabe,
obteve resultados positivos com as pesquisas sobre “O uso Correto e o
Abuso de Banhos Quentes, Frios e Temperados na Inglaterra”
(PAULO,1994).

Assim, vários médicos engajaram pesquisas e publicações sobre os


benefícios da água (banhos), dentre os quais se destacou um camponês
salesiano Vicent Priessnitz, criou um centro onde a água fria conjugada com
exercícios físicos vigorosos, acreditando nos seus benefícios para o corpo
(GONÇALVES, 1996; SKINNER; THOMPSON, 1985). Ele estimulou
consideravelmente o pensamento de profissionais da área médica no
continente europeu, uma vez que na época o Sr. Priessnitz não possuía
nenhuma credibilidade médica (CUNHA, 1998).

2
Spa: é um local que é construído numa nascente natural e circundado por beleza natural.O mais
antigos dos EUA foi Berkely Springs,West Virginia, conhecido em 1761 como Warm Springs.

9
Os SPAS realmente adotaram essa atividade, e os hóspedes praticam
diariamente as caminhadas aquáticas. A América só despertou seu
interesse pelas atividades terapêuticas pela água no início deste século. O
primeiro centro desta natureza foi aberto em Boston, nos EUA, em 1903.
Ainda nos EUA, surgem mais tarde os programas para grupos de terceira
idade da ACM3 (GONÇALVES, 1996).

Os Europeus Von Leyden e Goldwater (Alemanha e Inglaterra


principalmente) aproveitaram-se desta idéia e começaram gradualmente a
introduzir o exercício na água com finalidade estética e recreacional,
mesclando objetivos terapêuticos (para relaxamento) e estéticos, propondo-
se atender a um grupo de pessoas com idade avançada que necessitavam
exercitar uma atividade física segura, sem risco de ocasionar lesões e que
proporcionasse bem-estar físico (PAULO, 1994).

Ruoti (2000), afirma ainda, que foram eles que utilizaram pela primeira
vez o conceito “hidroginástica” na qual implicava no uso de exercícios dentro
da água e pode ser entendido como o mais próximo precursor do conceito
atual da reabilitação aquática.

Talvez aí tenha surgido o rótulo de que a “Hidro” era uma atividade


voltada para pessoas idosas e, portanto, que era uma atividade leve e baixa
intensidade (Gonçalves, 1996), uma vez que o tratamento passivo de
pacientes por um profissional da saúde foi substituído por exercícios na água
(RUOTI, 2000).

A hidroginástica - ou os exercícios aquáticos - só começou a ser


sistematicamente desenvolvido após a construção do primeiro tanque de

3
ACM: Associação Cristã de Moços ou Associação Cristã da Mocidade (ambas usando a sigla ACM)
são os nomes, respectivamente, da ramificação brasileira e da ramificação portuguesa da Young
Men’s Christian Association (YMCA).Atualmente a ACM adota uma abordagem multidisciplinar,
visando o desenvolvimento espiritual, intelectual e físico.

10
Hubbard 4 na década de 1920 (KAMENETZ, 1963; APUD RUOTI, 2000;
SANTOS, 2006).

As duas guerras mundiais, especialmente a Segunda, salientaram a


necessidade do uso da água para os exercícios e a manutenção do
condicionamento e agiram como precursoras para o ressurgimento atual do
uso da piscina de hidroterapia e a utilização da imersão total como uma
forma de reabilitação para uma ampla faixa de doenças (SANTOS, 2006).

No início do século XX, a hidroginástica (ginástica na água) foi


desenvolvida de forma mais efetiva nos SPAS da Inglaterra e, através dos
jovens foi levada para os EUA onde praticam há mais de 30 anos (MENDES,
1991; GONÇALVES, 2008).

A hidroginástica mais recentemente, abandonou sua prática exclusiva


em spas expandindo-se em hotéis, Health Clubs, ginásios e academias, de
tal modo que hoje, parece difícil encontrar uma piscina que não ofereça a
hidroginástica como uma atividade alternativa ás tradicionais aulas de
natação (GONÇALVES, 2008).

Entre os primeiros artigos científicos que referiram os benefícios da


hidroginástica, podemos destacar o artigo de Lowman, publicado em 1952,
intitulado Hydrogymnastics. How good? (YÁZIGI, 2000 APUD CDOF, 2009).

Em 1984, Terri Lee lança nos EUA o livro, Aquacises - Terri Lee's
Water Workout Book, tornando-se uma manual para a hidroginástica,
contendo 210 páginas de exercícios e seqüência para praticantes. Segundo
Mercês Nogueira Paulo, outros livros já haviam sido publicados desde 1958
(CDOF, 2009).

Em Portugal, a modalidade de hidroginástica como modalidade de clubes


e academias foi introduzida pelas professoras Fulvia Daquarica e Flávia

4
O médico Walter Blount descreveu o uso de um tanque de água maior do que o de um banho de
turbilhão, que incluía um turbilhão ativado por motor, sendo conhecido como tanque de Hubbard,
Seu uso inicial foi para execução de exercícios na água para pacientes e posteriormente ajudou no
desenvolvimento dos programas de exercícios na piscina.

11
Yázigi que tiveram como mestras, ainda no Brasil, as professoras Mercês
Nogueira e Vera Lúcia Gonçalves, por volta de 1992. Poucos anos depois
entraram para o leque dos dinamizadores da Hidroginástica em Portugal,
profissionais como Vera Reinhardt, Cristina Jorge e Cristina Senra (YÁZIGI,
2000; APUD CDOF, 2009).

1.2. Hidroginástica no Brasil

Segundo Di Masi (2006), a hidroginástica surgiu no Brasil nos anos 70,


apenas como reabilitação de lesionados. A CDOF (2009), afirma que a
hidroginástica teve a sua ascensão no Brasil e no mundo no início da
década de 80 devido ao elevado número de lesões provocado pela prática
da ginástica aeróbica e assim vários especialistas dos EUA começaram a
estudar os exercícios aquáticos a fim de minimizar o impacto encontrado nas
atividades feitas em sala de aula. Dentre os problemas encontrados nestas
aulas, os especialistas puderam reduzir: o impacto, corrigir a execução dos
movimentos de alto impacto ou estimular o uso de tênis como efeito
amortecedor. A hidroginástica veio como alternativa nesta linha de
pensamento.

Mercês Nogueira Paulo, publica seu primeiro trabalho sobre


hidroginástica em 1983 (ainda quando residia nos Estados Unidos). No ano
seguinte (1984) ministra o primeiro curso de "ginástica aquática" na ACM em
São Paulo. A partir daí começou a desenvolver a "ginástica aquática" para
brasileiros. Adaptou a ginástica aquática ministrada nos EUA e Europa para
nossa realidade e necessidades (hoje o mundo todo trabalha desta forma).

Em 1988 foi ministrado o primeiro curso com intenção de divulgar esta


nova maneira de "exercícios aquáticos" - Tal curso foi ministrado na Raia 4
(São Paulo) pela Profa. Mercês Nogueira Paulo e pela Profa. Elisabeth
Mattos. Participaram deste curso profissional que se encantaram com a nova

12
atividade e passaram a divulgá-la. Entre eles: Profa. Claudia Melem, Profa.
Vera Lúcia Gonçalves, Profa. Ana Beatriz Gelio, Profa. Stella Torreão, Prof.
Hélio furtado e Prof. Nino Aboarrage. O sucesso deste curso (tiveram na
primeira edição 140 alunos) obrigou-as a reprogramar no ano seguinte.

O curso seguinte foi o Primeiro Curso Brasileiro de Ginástica Aquática


ministrado também pelas Profas. Mercês Nogueira Paulo e Elisabeth Mattos.
Deste curso participaram alunos de grande "VALOR" para o
desenvolvimento científico desta modalidade - a partir daí começaram a
trabalhar com esta atividade e escrever artigos e, felizmente, têm trazido
verdadeiras pérolas para o nosso conhecimento - entre eles: Prof. Luiz F.
Kruel, Prof. Ricardo Mendes, Profa. Ilana Filkentein, Profa. Maria Cristina
Darahem e também aqueles citados no curso anterior.

Paralelamente a este curso (o evento iniciou 1 dia após o final do 1º


Curso Brasileiro de Ginástica Aquática) receberam o Prof. Americano
Joseph Krassevec com o curso denominado hidroaeróbica (mesmo nome do
seu livro de 1989) que contou com a participação de todos os já citados e
também - é claro- teve também a participação da Profa. Mercês Nogueira
Paulo.

O nome hidroginástica acabou sendo incorporado por ser um nome


"que se vende bem" e trata-se de uma metodologia específica criada pelo
Prof. Roberto Pavel. Tal nome foi criado pelo Prof. J. Kleber e deve ser dada
a ele esta referência. Tudo se tornou, então, "hidroginástica", mas quase
nunca se refere à metodologia desenvolvida pelos professores Pavel e
Kleber (CDOF, 2009).

Na visão de Marques e Araújo Filho (1999), a hidroginástica ainda no


final dos anos 80 surgiria no Brasil, podendo ser considerada jovem quando
comparada a outras modalidades. Uma das consequências dessa juventude
é a carência de investigações científicas que disponibilizem maior
quantidade de informações a serem utilizadas pelos profissionais que atuam

13
nesta prática, com o propósito de qualificar melhor as aulas (ABOARRAGE,
2008).

No início houve uma grande controvérsia de nomes, que


determinaram a atividade, tais como: aquacombat, hidroaeróbica,
aquaginástica, hidropower, hidroftness entre outros, todos desenvolvidos em
formas de programas. Porém, o nome que sem dúvida nenhuma define a
atividade é “Hidroginástica”, sendo oferecida em clubes, academias, spas,
etc.

Em 1991, a Raia 4 trouxe a Profª. Peggy Buchanan, professora


credenciada pela IDEA, com a colaboração da M2000, para o curso
denominado Aquamotion, em São Paulo (a Profª. Mercês Nogueira Paulo
participou deste curso com palestra e tradução para as dúvidas). Deste
curso também participaram os profissionais já citados acima incluindo a
Profª. Roberta Rosas, profa Monica Marques, Prof. Leandro Nogueira etc.
Tendo como proposta uma atividade física que prometia eliminar os riscos
de lesões, principalmente, das articulações dos joelhos, trabalhando o
condicionamento aeróbico com a mesma eficiência de uma aula de
Ginástica Aeróbica, Corrida ou Natação. Eram pautados em movimentos da
própria Ginástica Aeróbica, coreografados ou não.

Devido à falta de pesquisas, a hidroginástica era no início, praticada


sem muitos princípios ou profundidade adequada. Era fácil encontrar aulas
executadas com a água na altura dos quadris (sendo desaconselhada para
indivíduos com problemas de coluna) e sob temperaturas bem baixas,
seguindo os mesmos princípios da natação.

Em meados dos 90, estudiosos como o Dr. Luiz Fernando Kruel,


coordenador de um Grupo de Pesquisa em Atividade Aquática na URGS,
Ricardo Mendes e Roberta Rosas, desenvolveram excelentes trabalhos
tanto em águas rasas (Shallow-water), quanto em águas profundas (Deep-
water), fazendo estourar em todo o Brasil a propagação desta maravilhosa
atividade. Tais pesquisas serviram e servem, atualmente, como parâmetro

14
para programas de treinamentos aquáticos com diversos objetivos e vêm
cativando milhares de adeptos desde então (CDOF, 2009).

A partir deste momento, no Brasil, diversas variações de


hidroginástica foram criadas por excelentes profissionais para fins de
condicionamento cardiorrespiratório, emagrecimento, fortalecimento geral,
flexibilidade, relaxamento e recreação, cativando e atraindo cada vez mais
hidro - praticantes.

A grande dificuldade encontrada para a difusão da hidroginástica até


a década de noventa, diz respeito ao número de piscinas oferecidas no
Brasil que era muito escasso, com estrutura física descoberta e sem
aquecimento da água. Ainda assim, as inúmeras interrupções da atividade
devido às alterações climáticas durante o ano inviabilizaram a prática da
hidroginástica especialmente para os idosos, que no período contemporâneo
era incorporado como integrante dos grupos especiais (ABORRAGE, 2003;
MARQUES E ARAÚJO FILHO, 1999; BAUM, 2000; ROBINSON ET AL,
2004).

A solução para este público foi buscar através das termas ou


estâncias de águas que são pontos turísticos de várias cidades brasileiras
como Araxá, Poços de caldas, Caldas Novas entre outras, a melhoria da sua
saúde através de diferentes banhos aquáticos (GONÇALVES, 1996).

Atualmente, a hidroginástica é estudada no mundo todo e futuristas já


apontam a água como o meio mais propício para a prática de atividades
físicas e juram ser ela o alvo de maiores investimentos no mercado
financeiro do fitness para os próximos anos.

1.3. Conceitos, abordagens e métodos.

1.3.1. Conceito de hidroginástica

15
Gonçalves (1996) e Yágizi (2000) referem que a palavra
hidroginástica possui uma origem grega, significando “ginástica/exercícios
na água”. “Segundo Gonçalves (2008) apud Yágizi (2000), esta definição
deve ser delimitada através do acréscimo da palavra vertical” (exercícios
verticais na água), evitando assim a inclusão da natação. Autores como
Grimes e Krasevec (s/d) definem-na como uma atividade física, que alia o
trabalho aeróbico e a musculação com a massagem. Soares e Monteiro
(2000) conceituam a hidroginástica como uma modalidade de exercitação
“[...] caracterizada pela utilização de exercícios cíclicos e acíclicos,
envolvendo membros superiores (MMSS) e inferiores (MMII) no meio líquido”
(Aborrage, 2008; p.XX) e inclui tanto exercitações originais quanto
adaptadas; estas últimas, oriundas, basicamente, do repertório utilizado na
ginástica praticada em meio terrestre.

De acordo com koszuta (1989), a hidroginástica pode ser entendida


como uma forma alternativa de condicionamento físico, constituída por
exercícios aquáticos específicos, baseados no aproveitamento da resistência
da água como sobrecarga. Sanders e Rippe (2001) referem-se à
hidroginástica, como uma atividade de fitness aquático, constituída por
conjuntos de exercícios realizados fundamentalmente com orientação
vertical, em águas profundas ou rasas. Ainda segundo os mesmos autores,
este gênero de programas normalmente não requer aptidão para a natação
pura, que se baseia numa eficiente propulsão horizontal na água. Pelo
contrário, a hidroginástica baseia-se em movimentos em que a resistência
da água é amplificada através de posicionamentos pouco hidrodinâmicos do
corpo e dos segmentos corporais. Para Scarton (2003), a hidroginástica é
uma atividade física aquática realizada na posição vertical, constituída de
exercícios específicos, baseados no aproveitamento da resistência da água
e que através das características e benefícios dessa, melhora os aspectos
bio-psico-sociais.

No Brasil, o professor J. Kleber afirma que foi o criador deste nome,


ele realizava um programa de exercícios específicos dentro d’água (Di Masi,

16
2006). Com o tempo este nome caiu no domínio comum e atualmente serve
para caracterizar os vários tipos de modalidade de atividades aquáticas. No
início alguns profissionais tentaram imprimir outros nomes como Ginástica
Aquática.

Em outros países, temos outras nomenclaturas, como por exemplo:


EUA – Aquatic Exercise, Water-exercise e Aquatic Fitness; Alemanha –
Aquatique; alguns países de língua espanhola-Condicionamiento Aquactico
(Di Masi, 2006).

1.3.2. Hidroginástica, hidroterapia e exercícios aquáticos terapêuticos

Atualmente, os profissionais que trabalham com atividade física


aquática e/ou reabilitação aquática, se deparam com um público confuso
quanto a distinguir qual destas modalidades será a mais oportuna para
atender as suas necessidades, uma vez que na grande maioria a uma
recomendação médica para o auxílio no tratamento.

Segundo Gonçalves (2008), em pesquisas efetuadas em várias bases


de dados internacionais, como Pubmed, Ebsco, Scopus, Proquest e a
Scielo, verificou-se que não existe uma uniformização relativa à terminologia
utilizada para definir a hidroginástica. Assim, quando procuramos informação
acerca desta modalidade, são inúmeras as palavras chaves utilizadas para
designar: hydrogymnastic; hydroaerobic; aqua aerobics; water aerobics;
aquatic exercice; water exercice; aquatic fitness; aquatic training program;
aqua running; shallow water exercice; deep water exercice, entre outras.

Atendendo a esta pluralidade de designação, consideramos


fundamental distinguir, sobretudo, hidroginástica de hidroterapia e exercícios
aquáticos terapêuticos, de forma a evitar algumas confusões conceituais.
Como anteriormente mencionado, a hidroginástica é uma atividade aquática
que conjuga exercícios com uma orientação fundamentalmente vertical,

17
aproveitando as profundidades do meio para criar resistência ao movimento.
Kosonen et al. (2006), referem também que as metas da hidroginástica
poderão ser atendidas como próximas das restantes “ginásticas”, isto é, a
recreação, socialização e a melhoria e manutenção das capacidades físicas
e mentais.

Segundo Skinner e Thompson (1985) e Cunha et al. (1998), o termo


hidroterapia é derivado das palavras gregas hydro-água e therapia – cura.
Para Yázigi (2000), a hidroterapia também denominada fisioterapia em meio
aquático, envolve um programa de exercícios na água direcionados para
reabilitação específica, sob prescrição médica, em casos de pós-operatório,
pós-traumático ou de determinadas patologias que necessitam de um
trabalho específico individualizado. De acordo com Caromano e Candeloro
(2001), a hidroterapia constitui um recurso fisioterapêutico que utiliza os
efeitos físicos, fisiológicos e cinesiológicos advindos da imersão do corpo em
água quente como recurso auxiliar da reabilitação ou prevenção de
alterações funcionais.

O exercício aquático terapêutico, segundo Bates e Hanson (1998),


consiste na união dos exercícios aquáticos com a terapia física, ou seja, é
uma abordagem abrangente que utiliza os exercícios aquáticos para ajudar
na reabilitação de várias patologias. A definição realizada por Bates e
Hanson (1998), e as definições de hidroterapia citadas anteriormente
parecem convergentes, pelo que, concordando com Gonçalves (2008),
hidroterapia e exercício aquático terapêutico são equivalentes. Gimenes et
al. (2005), referem a ausência de um consenso sobre a terminologia mais
adequada para denominar o procedimento fisioterapêutico, quando
executado no meio aquático. Entre vários termos utilizados (reabilitação
aquática, hidrocinesioterapia, exercício aquático), estes autores salientam o
termo “fisioterapia aquática” como o mais adequado.

Segundo Gonçalves (2008), às definições de hidroginástica e


hidroterapia expostas, permitem identificar duas linhas divergentes, em
termos dos objetivos e da formação dos profissionais envolvidos nas duas

18
atividades. Assim enquanto a hidroginástica envolve um conjunto de
objetivos mais abrangentes, com a melhoria da aptidão física, devendo esta
ser orientada por um professor de Educação Física, a hidroterapia possui
objetivos terapêuticos e, sobretudo individualizado, devendo o programa ser
aplicada por um fisioterapeuta/cinesiologista (GONÇALVES, 2008).

O autor nos ressalta que através da distinção de ambos os conceitos,


é possível compreender com maior clareza os limites de atuação dos
profissionais de hidroginástica e hidroterapia.

Para a atuação no exercício aquático tanto o profissional de Educação


Física, quanto o fisioterapeuta podem atuar, assim como ambos podem
ministra juntos a atividade dependendo dos casos.

1.3.3. Métodos de hidroginástica

Para Gonçalves (2008), a distinção dos conceitos de método,


programa e variante da hidroginástica parece pouco clara, havendo autores
que utilizam o termo método ou programa para se referirem, na verdade, a
uma variante. Deste modo, consideramos que será fundamental entender,
em primeiro lugar o significado destas palavras. De acordo com Holanda
(2010), o método derivado da palavra latina methodu, significa maneira de
dizer, de fazer, de agir, de ensinar uma coisa, segundo certos princípios e
em determinada ordem. O programa, do latim programma, refere-se
Indicação de um plano, projeto ou atividade ou conjunto de atividades
planejadas para um dado período.

Enquanto a variante, do latim variante, significa modificação,


diversidade, algo que se desvia de um modelo ou padrão estabelecido.
Partindo destas definições segundo Gonçalves (2008), podemos entender a
existência de diferentes métodos de abordagem da hidroginástica, em
termos daqueles que são os princípios fundamentais a respeitar na

19
estruturação de uma aula, sendo que a partir desta base, as aulas poderão
ser apresentadas sob diversas formas, denominadas variantes, como se
referem (BARBOSA E QUEIRÓS, 2005).

Centrando-nos métodos de abordagem da hidroginástica, podemos


distinguir duas metodologias amplamente divulgadas e bastante
reconhecidas entre os profissionais da hidroginástica no mundo inteiro:
Aquatic Exercise Association (AEA) e Aquatic Fitness System (SPEEDO).

Importante salientar que as metodologias anteriormente referidas


possuem uma origem comercial. No Brasil, elas estão presentes nos
maiores eventos de capacitação e formação profissional.

1.3.4. Aquatic exercise association (AEA)

Esta metodologia terá herdado seu nome de uma associação sediada


nos EUA, a AEA. No manual da AEA (2001), podemos encontrar alguns dos
princípios defendidos para a estruturação de uma aula de hidroginástica.

Segundo esta metodologia, a música constitui uma forma de


motivação, de estímulo e até mesmo um meio para alcançar a intensidade,
objetividade, embora a utilização da música não seja obrigatória. No caso da
opção pela utilização de música, sugere-se para as tradicionais atividades
aeróbias em água rasa a utilização de um ritmo de aproximadamente 125 a
150 batimentos por minutos (bpm). No que se refere à velocidade de
execução do movimento, este método salienta que a água é um ambiente
com propriedades únicas e como tal, é necessário que o profissional
conheça os princípios que o regem respeitando-os quanto à seleção dos
exercícios. Assim a escolha do ritmo do exercício deverá ser utilizada em
função dos tipos de movimentos, da forma da aula, da idade, do nível dos
alunos e da utilização ou não de equipamentos resistidos.

20
O método considera dois ritmos essenciais do movimento; o tempo de
água e o meio tempo de água, cuja alternância e combinação permitirá a
realização de movimentos amplos e completos garantindo, assim, a
manutenção de uma intensidade adequada ao longo da parte aeróbia da
aula. Para a AEA (2001), uma “instrução com segurança” implica que o
professor deverá evitar a tentação de, ao conduzir a aula fora da piscina,
utilize movimentos em ritmo de terra esperando que os alunos realizem os
ajustes necessários. Neste ponto, este método sublinha ainda a importância
do professor utilizar palavras de ordem e focalizar a direção do movimento
pretendido, de forma a alternar a incidência dos grupos musculares e instruir
os alunos sobre o tipo de trabalho pretendido.

De acordo com AEA (2001), existem poucos movimentos


contraindicados para as aulas de fitness aquático, mas vários de alto risco
que devem ser cuidadosamente avaliados antes da sua utilização numa
aula: os exercícios de alto impacto – que impulsionam o corpo para cima e
para fora da água; os movimentos muitos rápidos (tempo de terra) – que
devem apenas ser utilizados em movimentos que utilizam pequenas
alavancas; utilização prolongada dos exercícios acima da cabeça – que
conduzem a uma falsa percepção da intensidade aeróbia; o desequilíbrio
muscular- utilizar sempre a mesma direção na marcha, realizar apenas o
trabalho de força negligenciando a flexibilidade e as aulas aeróbias que
utilizam a flexão do quadril e o movimento dos membros superiores (MMSS)
para frente conduzindo a uma postura incorreta; o trabalho de batimentos de
pernas (MMII) em decúbito ventral com apoio na parede – provoca
hiperextensão das vértebras lombares e/ou cervicais; os exercícios que
utilizam a parede como apoio – o apoio prolongado das costas contra a
parede pode constituir uma sobrecarga para as articulações dos ombros,
dos pulsos e dos dedos; o trabalho abdominal versus flexão do quadril – a
maioria dos exercícios utilizados trabalha os abdominais apenas como
estabilizadores ou assistentes, ou seja, o movimento principal é realizado
pelo flexor do quadril; hiperextensão dos joelhos – o alongamento do
quadríceps que comprime a articulação do joelho, devido a uma flexão

21
exagerada (acima de 90º) poderá originar uma lesão – e por fim exercício
que comprometem a integridade da coluna, como os movimentos circulares
do pescoço. Por outras palavras, existem movimentos cujos benefícios são
tão específicos, que devem ser considerados de alto risco, se incluídas
numa aula para alunos comuns. Da mesma forma, um movimento novo
deverá ser sempre analisado sobre o seu nível de segurança, antes de ser
introduzido numa aula.

De acordo com a AEA (2001), há cinco estilos ou tipos de coreografia:


a progressão linear ou estilo livre – em que uma série de movimentos é
executada sem o padrão definido; em pirâmide – em que o número de
repetições para cada movimento de uma combinação é gradativamente
diminuído ou aumentado; a inclusão – a construção gradual de padrões,
havendo um reforço da aprendizagem através de repetição das sequências
aprendidas; a pura repetição ou padronizada – em que se começa com um
padrão e se sobrepõe alterações gradualmente, sendo alguns movimentos
substituídos por outros, um de cada vez, podendo ser retirados todos de
novo e retornar ao padrão inicial. Estes cinco estilos coreográficos não
devem ser entendidos, segundo AEA (2001), como uma limitação, mas
como uma proposta.

Segundo a AEA (2001), a utilização de material aquático permite


tornar a aula mais atrativa, aumentando a resistência, flutuabilidade e a
variedade, sendo que a seleção dos materiais deverá sempre ser feita tendo
como horizonte os objetivos pretendidos pelo professor.

No que se refere às populações especiais, a AEA (2001), inclui neste


grupo indivíduos: idosos, obesos, gestantes, portadores de deficiência ou de
doenças respiratórias (asma, bronquite, doença pulmonar obstrutiva
crônica), cardiovasculares (HTA, arteriosclerose), articulares (artrite,
síndrome da fibromialgia) e ortopédicas (anormalidades anatômicas e
funcionais dos sistemas músculo-esquelético). De acordo com esta
metodologia se nas populações “ditas normais” o respeito pela
individualidade biológica do aluno é fundamental, nas populações especiais

22
este princípio ganha ainda mais relevância. Nesta medida, o processo de
individualização do trabalho sequer um conhecimento aprofundado do
histórico médico do aluno, exigindo do profissional um conhecimento mais
aprofundado para este público.

1.3.5. Aquatic Fitness System

O método SPEEDO foi elaborado por Mary Sanders, professora na


Universidade de Nevada (Reno), sob o patrocínio da empresa internacional
de equipamentos aquáticos – SPEEDO – a qual deu o nome ao referido
método.

Segundo o método da SPEEDO (2001), a utilização de músicas nas


aulas permite criar uma atmosfera agradável e divertida envolvendo
professor e alunos.

Para tal, a escolha do ritmo musical deverá situar-se entre 110 e 160
bpm. Em termos da velocidade de execução dos movimentos, a SPEEDO
(2001), considera que deverá existir uma sincronização entre a velocidade
da demonstração do exercício na terra e o exercício executado pelos alunos
dentro da água, defendendo que o professor deverá optar preferencialmente
por uma demonstração do exercício em tempo de água. No que se respeita
aos exercícios utilizados na aula esta metodologia, propõe que sua seleção
deverá responder aos objetivos pretendidos, considerando as propriedades
físicas da água e a segurança dos praticantes. Relativamente a este ponto, é
ainda mencionado que a variação da intensidade e impacto do exercício
poderá ser realizada através da modificação de seis movimentos básicos,
em substituição de uma coreografia complexa, propondo uma fórmula cujas
siglas estão relacionadas com as variáveis combináveis para a criação de
um novo movimento. Assim na fórmula S.W.E.A.T., o “S” – speed e surface
– significa velocidade e área de superfície, o “W” – working position – refere-
se às três posições corporais básicas (deslize, salto e suspensão), o “E” –

23
enlarge – indica a passagem de movimentos restritos para maiores
amplitudes, o “A” – around – significa o trabalho em diferentes planos e por
fim o “T” – travelling – indica o deslocamento nos exercícios.

Entre o material aquático desenhado para proporcionar flutuabilidade,


resistência ou ambas, a SPEEDO (2001),recomenda a utilização de luvas,
calçado específico, steps e cintos flutuadores.

Quanto ao termo populações especiais a SPEEDO (2001), ressalva


que cada indivíduo deve ser considerado como entidade única.

1.3.6. Variantes da Hidroginástica

Consequência das muitas possibilidades de trabalho na água, fruto da


multiplicidade de variáveis a combinar, vários autores tem indicado
propostas de aula diferenciadas em número, terminologia e objetivos
(GONÇALVES, 2008).

Estas diferentes formas de propor uma aula de hidroginástica são,


usualmente, designadas como variantes (BARBOSA & QUEIRÓS, 2005).

Segundo Sánchez et al. (s/d), existem onze variáveis para a


hidroginástica: cardio-aguagym, aquabuilding, aquastretching, andar em el
água, carrera em água poço profunda, aeróbico aquático de potencia,aerobic
com step, hip-hop aquático, aquagym,gymswin, aquafic e aquaerobic. O
cardio-aquagym consiste numa continuidade de deslocamentos, combinando
a marcha e a corrida clássica com outro tipo de atividade. Para, além disto,
realizam-se, em simultâneo, movimentos de MMII e MMSS, conseguindo-se
assim, uma maior solicitação do aparelho cardiorrespiratório, graças à
utilização de grandes grupos musculares. O autor refere-se ao aquabuilding,
como um trabalho dominantemente muscular de caráter localizado. O
aquastretching é descrito por Cabello e Navacerra (citado por Sanchez et

24
al.,s/d), como um conjunto de técnicas que visam o alongamento muscular e
uma melhoria da mobilidade articular.

As variantes andar em el água e Carrera em água poço profunda,


consistem na realização de caminhadas ou corridas dentro da água,
diferindo apenas no saltitar introduzindo no movimento da segunda variante.
O aeróbico acuático de potência, descrito por Piget (citado por Sánchez et.
al., s/d), baseia-se na conjugação de dois tipos de trabalho: o
cardiorespiratório e o aeróbico de força. O aerobic com step é um trabalho
que se caracteriza pela utilização de uma plataforma elevada no fundo da
piscina para onde se sobe e desce alternadamente. O aquagym consiste na
exercitação de um grupo muscular específico através da realização de 15 a
60 repetições de um movimento. Os exercícios direcionados para a parte
superior e inferior do corpo são alternados com exercícios da parte média do
corpo. O gymswin, de acordo com o autor, é uma nova variante composta
por partes de outras modalidades como judô, boxe, a ginástica, a dança, a
natação, o streching, o yoga, utilizando um fundo musical concordante com o
tipo de aula. O hip-hop acuático é desenvolvido em piscinas rasas através
de um ritmo dançando alicerçado no rap. A penúltima variante apresentada é
o aquafic, cujas aulas são organizadas por níveis de condição física, sendo
cada aluno sujeito a uma avaliação antes do ingresso na prática. Este é um
tipo de aula localizada, onde é utilizada a exercitação intervalada, ou seja,
são combinados segmentos de alta, média e baixa intensidade. Por último, o
aquaerobic constitui um conjunto de atividades aeróbicas realizadas na água
e acompanhadas por música.

A autora Yázigi (2000), refere que o sucesso das aulas dependente


do grau de conhecimento e criatividade do professor, aliado à capacidade de
adaptar cada uma das variantes ás necessidades dos seus alunos. Neste
sentido, a autora apresenta dezessete variantes da hidroginástica:
hidrosport, hidroaerobica, hidro-step, jogging/water walking, deep water,
deep water running, water kickboxing, woukout com equipamentos
adicionais, interval training, cross training, circuit training, strech e relaxation,

25
watsu, water dance, aichi, water tai-chi, water yoga. A water dance, descrito
por Georgea Kouplos (citado por Yázigi, 2000) contrariamente ao que a
designação parece significar, refere-se não à aplicação de movimentos de
dança dentro da água, mas uma técnica de movimento dinâmico de
aplicação individual, alternando-se entre posições de superfície e imersão. A
variante de deep water é descrita por Ivens (citado por Yázigi, 2000), como a
execução de exercícios verticais suspensos com o auxílio de equipamentos
de flutuação. As variantes de jogging/ water walking,deep water running,
referem-se à realização de movimentos de marcha ou corrida, em apoio ou
suspensão, respectivamente.

No circuit training a classe é dividida em grupos por estações, onde


são realizados exercícios específicos. Os alunos passam por todas as
estações do circuito, o qual pode ter um caráter aeróbio ou de força. A
variante de hidrostep, apresentada por Yázigi (2000), é semelhante à
descrita por Sánchez et al. (s/d),baseando-se nos princípios do step training.
O strech e relaxation são descritos pela autora como um programa de
relaxamento análogo ao aquastretching descrito por Cabello e Navacerra
(citado por Sánchez et al. s/d).

A hidroaeróbica, ou a aquaerobic de Sánchez et al. (s/d), é definida


como uma aula coreografada realizada ao ritmo da música. O hidrosport é
descrito por Aborrage (citado por Yázigi, 2000) como uma modalidade de
treino complementar para atletas, com o objetivo de reduzir o volume de
treino de campo. O interval training é caracterizado pela alternância da
intensidade de esforça, a qual poderá oscilar dentro de uma zona alvo de
trabalho aeróbio, até séries anaeróbias alternadas com séries aeróbias. Esta
descrição é congruente com a apresentada por Sánchez et al. (s/d),
podendo se estabelecer uma correspondência entre as variantes interval
training e aquafic .As variantes de ai-chi são water tai-chi, water, yoga,
watsu, water kickboxing e woukout, com equipamentos adicionais
(Yázigi,2000). Todas são englobadas por uma variante anteriormente
mencionada por Sánchez et al. (s/d) denominada gymswim. O cross training

26
é descrito como alternância de técnicas de diferentes modalidades, com o
intuito de variar os sistemas energéticos solicitados (Yázigi,2000) e não
apresenta semelhanças com a variante já referidas.

A AEA (2001), define doze variantes da hidroginástica: treino em


circuito, treino intervalado, coreografia aquática, condicionamento em
profundidade, step aquático, caminhada em passos largos, condicionamento
muscular, kickboxing aquático, ta-chi aquático, ai-chi e programas para
gestantes e para indivíduos com artrite. O treino em circuito referido pela
AEA (2001), consiste na alternância de etapas de condicionamento muscular
e aeróbio,apresentando semelhanças com a atividade de o circuit training
referida por Yázigi (2000).A coreografia aquática incorpora movimentos das
danças e aproxima-se do hip-hop aquático descrito por Sánches et al. (s/d).

Relativamente ao condicionamento em água profunda a AEA (2001),


refere que sua prática decorre em águas profundas com o auxílio de
variados equipamentos de flutuação. Esta descrição é semelhante á
realizada para o deep water por Ivens (citado por Yázigi, 2000). A
caminhada em passos largos, proposta pela AEA (2001), apresenta uma
correspondência em termos da sua descrição como Carrera em água poço
profunda, andar em el água e o jogging water walking, referidas por Sánchez
et al. (s/d) e Yázigi (2001), respectivamente. No que respeita ao
condicionamento muscular, este privilegia as atividades de forças e/ou
resistências muscular, podendo recorrer-se a equipamentos auxiliares para
aumentar sobrecarga muscular, tal como acontece no aquabuilding descrito
por Sánchez et al. (s/d).

A AEA (2001), descreve a variante de step aquático da mesma forma


que Sánchez et al. (s/d) e Yázigi (2000). No treino intervalado a AEA (2001),
refere, mais uma vez a alternância de exercícios de alta e baixa intensidade,
também mencionados no interval training de Yazigi (2000), e no aquafic de
Sánchez et al. (s/d) .O kickboxing aquático, corresponde a uma transferência
dos padrões de movimento da modalidade de Kickboxing para
água,aproximando-se da variante de water kickboxing descrita por Yázigi

27
(2000). O ai-chi corresponde a um grupo de exercícios simples de
relaxamento aquático que combina a respiração profunda com movimentos
amplos de MMSS e MMII. O tai-chi aquático, realizado através de
movimentos lentos envolve equilíbrio, coordenação, agilidade, flexibilidade e
coordenação mental. As duas últimas variantes mencionadas pela AEA
(2001), apresentam aspectos comuns como o ai-chi e water tai-chi referidas
por Yázigi (2000). Relativamente à variante de gestantes a AEA (2001),
refere que as etapas de aquecimento e de relaxamento devem ser mais
longas e as mudanças de intensidade realizadas de forma mais gradual.
Além disto, a coreografia deve ser simples permitindo manter o equilíbrio e a
postura. Por último, na variante para indivíduos portadores de artrite, o
objetivo é recuperar e manter a amplitude dos movimentos e a capacidade
funcional do corpo. Para esta variante a AEA (2001), sugere um
aquecimento mais prolongado, uma limitação do número de repetições para
cada grupo muscular e a imersão da articulação lesionada durante o
movimento.

Para Barbosa e Queirós (2005), existem dezessete variantes


possíveis para uma aula de hidroginástica: dança aquática, deep water,
jogging aquático, step aquático, localizada, atividades em estações, técnicas
de relaxamento, aqua-sport, aqua-combat e aqua-bike, hidro-kids, gestantes,
idosos, treino pliométrico, hip-hop aquático e aquagym. Relativamente às
variantes dança aquática/hip-hop aquático, estas são similares a uma aula
tradicional de hidroginástica com a diferença de serem realizadas
sequências coreográficas mais complexas, podendo incorporar movimentos
que têm por base os movimentos característicos das diversas expressões da
dança e da aeróbica. A descrição desta variante apresenta alguma
similaridade com o hip-hop aquático e coreografia aquática referidas por
Sánchez et al. (s/d) e pela AEA (2001),respectivamente. A aula de deep
water proposta por Barbosa e Queirós (2005), apresenta uma
correspondência, em termo de descrição, com o deep water de Yázigi (2000)
e o condicionamento em água profunda da AEA (2001). No jogging aquático,
tal como no andar “en el água”, “carrera en agua poco profunda” (Sánchez et

28
al. s/d/), jogging/water walking, deep water running Yázigi (2000) e
caminhada em passos largos AEA (2001) são utilizados caminhadas ou
corridas, em piscinas rasas ou profundas, estando o praticante sujeito a uma
carga suscetível de produzir benefícios, principalmente a nível
cardiorrespiratório. A variante de step aquático, descrita pelos autores
Barbosa e Queirós (2005) como a execução de movimentos de subida e
descida dos MMII relativamente a uma plataforma localizada no fundo da
piscina, converge, no seu significado, com as variantes de aerobic com step,
hidro-step e step aquático, apresentados por Sanchéz et al. (s/d),Yázigi
(2000) e AEA (2001), respectivamente. Na aula de localizada pretende-se
trabalhar especificamente um determinado grupo muscular, sendo que o
trabalho deverá basear-se essencialmente no desenvolvimento de
capacidades motoras como força, resistência e flexibilidade. Nestas aulas é
recorrente a utilização de diversos materiais auxiliares (espaguetes,
caneleiras, halteres, etc.). A variante anteriormente descrita apresenta
aspectos comuns com o aquabuilding de Sánchez et al. (s/d) e o
condicionamento muscular referido pela AEA (2001).

Nas atividades em estações organiza-se um circuito com diferentes


etapas distribuídas, por toda a piscina, cada uma poderá ter por objetivo
desenvolver a capacidade cardiorrespiratória ou a força de resistência.
Existem três formas de organização das atividades por estações: (1)
alternadamente em cada estação (30 a 60s), trabalha a capacidade
cardiorrespiratória e a força de resistência; (2) alternadamente em cada
estação (30 a 60s) trabalha a força de resistência em diferentes segmentos
corporais e; (3) em períodos de tempo pré-definidos (3 min.) alternam-se os
exercícios aeróbios com exercícios de força de resistência. Esta forma de
exercitação aproxima-se da descrita para o circuit training e treino em
circuitos descritos por Yázigi (2000) e pela AEA (2001), respectivamente.

As técnicas de relaxamento referem-se a várias técnicas de


massagem relaxantes no meio aquático, inspirados no ai-chi, shiatsu e
outras atividades similares. Nestas aulas, de uma forma geral, o praticante é

29
sustentado pelo professor ou por um colega que realiza movimentos lentos e
fluidos. No aquasport ou hidrosport de Yázigi (2000), o objetivo é o treino de
habilidades motoras específicas de determinadas modalidades no meio
aquático, sobretudo como forma de recuperação ativa das cargas de treino.
O aquacombat consiste na realização de um trabalho aeróbio através da
utilização de várias técnicas das diversas artes marciais (boxe, karatê,
kickboxing, etc). Esta variante aproxima-se do water kickboxing e o
kickboxing aquático descrito por Yázigi (2000) e pela AEA (2001),
respectivamente. A água-bike, realizada com o cicloergômetro aquático,
consiste em pedalar a diferentes ritmos com posições corporais variados.
Quanto a variante de hidro-kids, tal como o nome indica, a sua população
alvo são as crianças e jovens. Nestas aulas existe um maior predomínio do
trabalho intervalado e tal como todas as aulas deve existir uma grande
preocupação com a seleção musical e coreografia. Na variante de gestantes
o tipo de trabalho proposto é similar ao anteriormente descrito pela AEA
(2001). A variante de idosos privilegia, para além dos componentes
principais da aptidão física (resistência, força, flexibilidade e composição
corporal) as componentes secundárias (equilíbrio, coordenação, velocidade,
potência, agilidade e tempo de reação). O treino pliométrico, baseia-se num
trabalho de potência muscular, velocidade e impulsão através da realização
de saltos e multi-salto no meio aquático. Por fim, a variante aqua-gym,
também descrita por Sánchez et al. (s/d), consiste num trabalho de condição
física (semelhante a “ginástica de manutenção”) no meio aquático.

Quirino (2009) cita ainda mais quatro variantes aplicadas na


hidroginástica atual: hidropower, hidrojump, hidroaeróbica e hidroróbics.

As aulas de hidropower têm por objetivo trabalhar a força5 pura e a


força de resistência6 onde são utilizados equipamentos que funcionam como
pesos, aumentando a resistência na água, como são propostos por Sánchez

5
Segundo Badillo e Gorostyaga (2001), e Aborrage (2003), afirmam que força se trata da capacidade
do músculo de produzir tensão ao contrair-se no deslizamento dos filamentos de actina sobre os de
miosina nas estruturas denominadas miofrilas.
6
Força de resistência e a capacidade do sistema neuromuscular de sustentar níveis de força
moderadas por longo intervalo de tempo (Aborrage, 2003)

30
et al. (s/d) com o aquabuilding e pela AEA (2001), no condicionamento
muscular.

A variante de hidrojump trabalha equilíbrio, força e a coordenação


motora combinados com uma mini cama elástica individual adaptada para
exercícios na água. Ideal para o condicionamento cardiovascular,
fortalecimento e aumento da densidade óssea (Novais, Mischiati, 2005).

A aula de hidroaeróbica, citada por Quirino (2009), tem uma


correspondência direta quanto ao seu objetivo com o jogging aquático, tal
como no andar “en el água”, “carrera em água poco profunda” (Sánchez et
al. s/d), jogging/water walking, deep water running (Yázigi,2000) e a
caminhada em passos largos AEA(2001), que consiste em exercícios mais
direcionados para a melhoria das funções com relação à resistência
cardiorrespiratória. Por fim, a variante hidroróbics que apresenta algumas
similaridades com o treino em circuito pela AEA(2001), circuit training
referida por Yázigi (2000)e atividades em estações descrita por Barbosa e
Queirós (2005), cujo o objetivo é desenvolver a capacidade
cardiorrespiratória e força de resistência numa mesma aula. Difere apenas
quanto à estratégia de aula, utilização de acessórios e distribuição dos
movimentos a serem trabalhados.

31
CAPÍTULO II

ENVELHECIMENTO E VELHICE

Convém observar que quase todas as pessoas querem viver


muito, mas ninguém quer ficar velho, porque a idade avançada
implica certas modificações para as quais poucos indivíduos se
preparam. Essas modificações não patológicas fazem parte do
processo natural do envelhecimento humano.

(Bing-Biehl,1991,p.261-262)

1. Conceitos

Os geriatras e gerontólogos, como profissionais de outras áreas, não


têm chegado a um consenso sobre a definição do envelhecimento
(MATZUDO, 2001).

Alguns autores postulam suas próprias definições que variam da


simplicidade do fato de ser o acúmulo de diversas alterações adversas que
aumentam o risco de morte (Harman, 1998) ou, como definido por Spirduso
(1995), como uma série de processos que ocorre nos organismos vivos e
que com o passar do tempo leva à perda da adaptabilidade, alteração
funcional e eventualmente à morte. Até ás definições dos cientistas das
áreas das ciências do esporte e atividade física que consideram o
envelhecimento como a soma das alterações biológicas, psicológicas e de
desempenho psicofísico do individuo (Werneck, 1991); ou ainda, como
considerado por Shephard (1997), em termos de declínio de variáveis que
são facilmente quantificáveis.

Em 1998, Riita Heikkinen definiu o envelhecimento, em documento


preparado para a Organização Mundial da Saúde, como um fenômeno
altamente complexo e variável que é comum a todos os membros de uma
determinada espécie, que é progressivo e envolve mecanismos deletérios
que afetam a capacidade de desempenhar um número de funções
(HEIKKINER, 1998).

32
De acordo com a perspectiva da autora, o envelhecimento é um
processo multidimensional e multidirecional, já que existe uma variabilidade
na taxa e na direção das mudanças (ganhos e perdas) em diferentes
características em cada individuo e entre os indivíduos (MATSUDO, 2001).

Já para Barbosa (2000), não estar adaptado significa acelerar o


processo de envelhecimento [...]; para Motta (1989), o envelhecimento torna-
se acelerado quando o individuo vive um ambiente indesejado (APUD
ARAÚJO, 2001).

O fenômeno do envelhecimento está mais presente no mundo atual e


com isso torna-se cada vez mais necessário estudar mecanismos que
ajudem essa crescente população a ter uma vida mais digna e de qualidade.

Jacob (2006), diz que o envelhecimento é um processo universal,


contínuo e inexorável que, segundo Comfort (1979: p.34), ”caracteriza-se
pela redução da capacidade de manutenção da homeostasia em condições
de sobrecarga funcional”. A esse estreitamento da reserva funcional
costumamos denominar “homeostanose”.

Para Ferreira (2012), o envelhecimento pode ser entendido como um


processo de mudanças graduais irreversíveis na estrutura e no
funcionamento de um organismo resultante da passagem do tempo. Ele
representa, portanto, parte normal do ciclo da vida, e não pode ser
considerada doença.

Em gerontologia, a velhice é entendida como

[...] um processo dinâmico e progressivo onde há


modificações tanto morfológicas como funcionais,
bioquímicas e psicológicas que determinam a
progressiva perda da capacidade de adaptação do
individuo ao meio ambiente, ocasionando maior
vulnerabilidade e maior incidência de processos
patológicos que culminam por levá-los à morte
(MEIRELLES, 2000; P.28)
Segundo a organização Mundial da Saúde (OMS), velhice [...] “é o
prolongamento e término de um processo representado por um conjunto de

33
modificações fisiomórficas e psicológicas ininterruptas à ação do tempo
sobre as pessoas” (ARAÚJO, 2001; p.7).

Araújo (2000), diz que repensar a velhice de forma a ressaltar as suas


virtudes, potencialidades e características é promover a longevidade
saudável do idoso.

Rosenberg (1992), define a velhice como sendo a época em que as


tarefas básicas em relação ao desempenho profissional e à família já foram,
pelo menos em parte, cumpridas, e o individuo pode se sentir mais livre para
realizar seus desejos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), classificam-se


como idosos, nos países desenvolvidos, indivíduos acima de 65 anos e, nos
países em desenvolvimento, indivíduos com mais de 60 anos (ONU, 1982).
Ainda assim, a ONU têm, cada vez mais considerado idosos os homens e
mulheres com a denominação “muitos idosos” (very old) para aqueles com
80 anos ou mais anos de idade, por representarem uma população em que
os riscos de fragilidade se elevam consideravelmente (Jacob, 2006) e a
legislação brasileira, por sua vez, define idosa como pessoa com igual a e
maior de 60 anos (CNI, 1994).

É importante observar que o envelhecimento e velhice são entendidos


de maneiras diferentes. Linton discorre sobre a variação do status atribuído
aos velhos em diversos tipos da sociedade:

Em alguns casos, os velhos são dispensados de todo


trabalho pesado, e podem acomodar-se
confortavelmente à custa dos filhos. Em outros casos,
fazem a maioria das tarefas árduas e monótonas que
não requerem grande força física. [...] Em certos
lugares, os velhos são tratados com consideração e
respeito e, em outros, como trambolhos inúteis,
eliminando logo que se tornem incapazes de trabalho
pesado. (APUD FERREIRA, 2012, p.2)

Nesse contexto, deve-se perceber que a velhice, tal como a noção de


humanidade, é construção histórico-cultural (PAMPLONA, 2005).

34
Beauvoir (1990) entende a velhice como uma totalidade
biossociocultural. Trata-se de um fenômeno biológico, resultado do
prolongamento de um processo que é influenciado diretamente por
interpretações culturais.

O conceito de velhice é bastante recente. O evolucionismo darwinista


do século XIX foi responsável pela separação da vida humana em faixas
etárias e tornou o conceito de degeneração fundamental dentro do processo
biológico, o que fez o envelhecimento ser associado à decrepitude e à
decadência (GOLDFARB, 2005).

Ao se referirem ás vivências ante o processo de envelhecimento, os


idosos com frequência fazem associações de natureza predominantemente
negativas, entre elas a insuficiência, a incapacidade, o limite, a perda, a
vulnerabilidade, a dependência, a solidão, o medo de abandono e a
subordinação (LIMA, 1996).

Para melhor entendê-las Diogo (2009), nos fala deste fenômeno


universal e progressivo que apresenta uma diminuição da capacidade de
adaptação do individuo de forma gradativa, denominando-se envelhecimento
primário.

Apresentando-se como um fenômeno com alterações ocasionadas


por doenças associadas ao envelhecimento, como câncer e doenças
coronarianas, entre outras, denomina-se envelhecimento secundário. O
chamado envelhecimento terciário ou terminal se apresenta como um
fenômeno onde grande perda física e cognitiva é percebida, em um período
relativamente curto de tempo, normalmente levando à morte (DIOGO, 2009).

Se o declínio físico e mental apresentarem-se de forma lenta e


gradual, o fenômeno fisiológico, arbitrariamente identificado pela idade
7
cronológica, será chamado de senescência (envelhecimento primário).

7
Senescência ou envelhecimento fisiológico é o conjunto de alterações decorrentes do processo
natural de envelhecimento, o que implica a redução progressiva da reserva funcional sem
determinar comprometimento das necessidades basais, mesmo em idades muito avançadas (Jacob,
2006, p.3).

35
Porém, se ele vier acompanhado de desorganização mental e/ou patologias,
ele é conhecido como senilidade 8 (secundário ou terminal).

Mazo, Lopes & Benedetti (2001) relatam que esses padrões e


definições são influenciados por componentes sociais, biológicos,
intelectuais e funcionais podendo, então, ser reconhecidos como
envelhecimento biológico, envelhecimento social, envelhecimento intelectual
e envelhecimento funcional.

As autoras acima entendem o envelhecimento biológico como o


processo contínuo que ocorre durante toda a vida, com diferenciações de
individuais quando alguns órgãos envelhecem mais rápido que outros.

Já o envelhecimento social é entendido como sendo o processo que


ocorre de formas diferenciadas nas mais diferentes culturas, estando
condicionado à capacidade de produção do individuo, tendo a aposentadoria
como referencial marcante.

O envelhecimento intelectual tem o seu início percebido quando o


individuo apresenta falhas na memória, dificuldades na atenção, na
orientação e na concentração, apresentando, enfim, modificações
desfavoráveis em seu sistema cognitivo.

Por fim, o envelhecimento funcional passa a ser percebido quando o


individuo começa a depender de outros para o cumprimento de suas
necessidades básicas ou de suas tarefas habituais.

Percebe-se então, que o processo de envelhecimento não é


dependente de apenas um fator, o biológico, e que, dessa forma, se
aproxima dos atuais conhecimentos da área de estudo da qualidade de vida.

8
Senilidade ou envelhecimento patológico é o conjunto de alterações decorrentes de doenças e
hábitos de vida que acompanham o individuo durante o seu processo de envelhecimento. Estes
agravos, somados a redução fisiológica da reserva funcional, atribuída à senescência, poderão levar à
insuficiência de órgãos, aparelhos, à incapacidade funcional, e por fim, à morte. (Jacob, 2006, p.3).

36
2. Envelhecimento: processo natural

Torna-se impossível elaborar programas ou atuar junto ao idoso, sem


um adequado conhecimento sobre o processo natural de envelhecimento.

Infelizmente muito tempo foi perdido na história da ciência antes que


este fenômeno fosse incluído no ambiente científico e, com isso, houve
grande retardo na elaboração de conceitos e evidências que tornem esta
área suficientemente distante do empirismo que a caracterizou até algumas
décadas atrás (JACOB, 2006).

Custa acreditar que até a metade do século passado predominava o


conceito de que a célula, quando em meio adequado de cultura, não
mostraria sinais de envelhecimento e, portanto, seria imortal (JACOB, 2006).

Foram os trabalhos de Hayflick (1961), considerado o pai da


citogerontologia, que deram inicio ao entendimento que temos até o
momento atual, de que estão codificados em cada uma das células de,
praticamente, todos os seres vivos, os determinantes responsáveis por
progressivas alterações que resultarão em limite de tempo espécie-
específica, na sua incapacidade de manter-se viva.

Outro marco importante na evolução deste conhecimento foi a


progressiva conscientização de uma condição homeostática do
envelhecimento, com processos fisiológicos peculiares e com consequências
fisiopatológicos características desta faixa etária.

Este processo não deve ser entendido como binomial – ser jovem ou
velho – como se preconiza ocorrer com as síndromes e doenças
diagnosticadas a partir de critérios cada vez mais bem definidos. O
envelhecimento, ao contrário, por ser o mais longo dos períodos de
desenvolvimento do ser humano, ocupando até 2/3 da vida de um
nonagenário, deve ser entendido como a progressiva sucessão de

37
alterações que conferem aos envolvidos uma condição funcional compatível
com a sua temporalidade.

Foi Comfort (1979;p.37), quem melhor sintetizou esta condição


evolutiva, estabelecendo que “o envelhecimento se caracteriza pela redução
9
da capacidade de manutenção da homeostasia , em condições de
sobrecarga funcional”.

Por este prisma conseguiremos ampliar o entendimento deste


processo, que envolve todo o organismo na natural interatividade dos seus
componentes. Além disto, podemos reconhecer a importância da evolução
etária da reserva funcional, ou seja, dos limites da capacidade adaptativa
que permite a manutenção de equilíbrio interno e da sua relação com o meio
que o cerca, em cada uma das possíveis demandas funcionais.

Assim, fica ainda mais clara a percepção de que o envelhecimento de


cada componente está em sintonia com os demais, propiciando um equilíbrio
homeostático, exceto quando ocorrem doenças que causem alterações em
órgãos e sistemas específicos ou quando estes são exigidos além do seu
limite funcional.

Estas considerações são compatíveis com o envelhecimento de,


praticamente, todos os componentes dos seres vivos, respeitando as
características biológicas de cada espécie e as particularidades individuais.
Raros são os órgãos que, em determinada fase da vida, encerram
definitivamente suas funções. A maioria tem um processo de
desenvolvimento que alcança seu ápice funcional ao fim das duas primeiras
décadas de vida, permanece nesta condição por mais uma década e se
mantém adequadamente capaz durante a vida toda, embora respeitando a
referida redução da reserva funcional prevista para cada faixa etária
(JACOBS, 2006).

9
Capacidade adaptativa que permite a manutenção do equilíbrio interno e da sua relação com o
meio que o cerca, em cada uma das possíveis demandas funcionais (Jacob, 2006,p.13)

38
Evidentemente esta evolução natural sofre constante influência das
condições em que o desenvolvimento ocorre, desde a fase inicial até a atual,
o que inclui os determinantes genéticos, condições intrauterinas, nutrição,
ambiente, atividades físicas, possibilidades culturais, rede de suporte social,
enfim, tudo o que causar impacto no transcorrer da vida.

Fica claro que devem ser valorizados os componentes psíquicos e


sociais deste processo, que se entrelaçam ao físico, determinando as
sutilezas que os distinguem dentre os seus semelhantes. Neste cenário de
constante heterogeneidade, é imprescindível a avaliação mais abrangente
de cada caso, nos seus mais diversos aspectos, antes que sejam tomadas
quaisquer condutas, principalmente naquelas que podem interferir
diretamente na saúde e bem-estar do individuo e do ambiente que o cerca
(JACOB, 2006).

Cabe-nos, portanto, o dever de equacionar a relação entre a demanda


a ser imposta e a capacidade que os idosos têm de superá-la, agindo
potencialmente em duas frentes de intervenção: por um lado, precisamos
determinar a reserva funcional de cada sistema, para bem escolher a
sobrecarga a que possa se adaptar. Com isso, a nossa intervenção deve
avaliar a magnitude do desafio que é capaz de ser sobrepujado. Por outro
lado, dependendo da situação, poderemos ter a oportunidade para ampliar a
reserva funcional, tornando-a apto a superar o estresse que deverá lhes será
imposto; nossa atitude será mais eficaz quanto maior conhecimentos tiverem
sobre o individuo com quem estamos atuando.

Aquilo que, dentre jovens, pode ser de pequena ou nenhuma


relevância, frequentemente assume, nos idosos, importância capital. Para
tal, conhecer a fase de evolução da sua senescência, além da importância e
comprometimento da sua senilidade, é condição fundamental para o
planejamento da ação (JACOB, 2006).

Neste sentido, a idade cronológica tem sua importância relativamente


reduzida.

39
Estes aspectos são merecedores de maior atenção quando avaliamos
a autonomia e a independência do idoso, características muito mais
importantes para definir riscos e benefícios do que os parâmetros clássicos
usados de maneira isolada.

Muitos aspectos anátomo-funcionais são conhecidos acerca do


processo natural do envelhecimento (JACOB, 2006).

2.1. Envelhecimento biológico

As teorias biológicas do envelhecimento examinam o assunto sob a


ótica do declínio e da degeneração da função e estrutura dos sistemas
orgânicos e das células. O processo de envelhecimento é definido no
contexto de um conjunto de variáveis mensuráveis, como a aptidão física ou
eventos mórbidos (DAVIDSON, 1991; APUD FARINATTI, 2008).

Metaforicamente, o corpo humano aparece identificado com conceitos


aplicados habitualmente ás máquinas, principalmente a noção de absolência
progressiva – a Abnutzungstheorie dos gerontólogos alemães (Schroots et.
al,1991) ou a teoria do wear and tear ,definida por autores norte-americanos
(Austad,1997; Shephard,1997 apud. Farinatti, 2008), como instrumento de
precisão, o organismo tenderia a apresentar falhas à medida que seu tempo
de utilização aumentasse. Alguns críticos sociais da metáfora de máquinas e
seus derivados têm orientado que ela encoraja tanto a exploração imediata
similar a dos robôs trabalhadores quanto à rejeição destes últimos, uma vez
que sua aparente utilidade como uma parte da máquina maior da sociedade
tenha passado (SHEPHARD, 1991, 2003).

Da perspectiva biológica, as principais fraquezas da metáfora das


máquinas são os efeitos adversos implicados do uso crescente, a previsão
de uma súbita e catastrófica falha do sistema e a representação deficiente
tanto dos processos normais quanto anormais (SHEPHARD, 2003).

40
Para Neri (2008), o envelhecimento biológico compreende os
processos de transformação do organismo que ocorrem após a maturação
sexual e que implicam a diminuição gradual da probabilidade de
sobrevivência. Esses processos são de natureza interacional, iniciam-se em
diferentes épocas e ritmos e acarretam resultados distintos para as diversas
partes e funções do organismo. Há um limite para a longevidade, o qual é
estabelecido por um programa genético que permitiria ao organismo suportar
uma determinada quantidade de mutações. Esgotado esse limite, o
organismo perece. De fato, os sistemas orgânicos não conseguem
desempenhar bem suas funções diante de variações do meio interno, à
medida que os anos avançam. A aptidão de manter constantes as condições
dos compartimentos líquidos do organismo seria, portanto, determinante da
capacidade de sobrevivência. Sob este ponto de vista, a senescência pode
ser entendida como uma perda progressiva do poder de homeostase
(BELLAMY, 1991; APUD FARINATTI, 2008).

O idoso responde mais lentamente e menos eficazmente às


alterações ambientais devido a uma deterioração dos mecanismos
fisiológicos, o que torna mais vulnerável. Ainda assim, vários autores
associam a senescência a uma depleção de sistemas enzimáticos em
células pós-mitóticas ou a modificações nas funções endócrina e
imunológica. Sabe-se que o sistema nervoso central e endócrino têm
atribuições essenciais na regulação do metabolismo e da integração entre os
órgãos. A diminuição do potencial imunológico torna todas as estruturas do
corpo vulneráveis a enfermidades de todos os tipos. A diminuição da
atividade enzimática não apenas é fruto de problemas de transição, mas
como também pode advir de desequilíbrios homeostáticos do meio interno
(ph, concentração iônica, temperatura, hidratação etc.).

Em contrapartida, segundo interpretação corrente entre biólogos


evolucionistas, a ampliação da longevidade humana, a extensão do período
de dependência juvenil e o apoio à reprodução exercido pelos indivíduos
mais velhos, já não reprodutivos, são vitórias do processo de seleção natural

41
da espécie humana. Na atualidade, estima-se que o limite da longevidade
humana é algo em torno de 120 anos. O alcance gradual do limite de
duração máxima da vida e o aumento da expectativa de vida ocorridos ao
longo dos últimos séculos foram consequências do progresso social e dos
avanços da ciência. Pouco deverá mudar em futuro próximo, a não ser que
ocorra uma evolução inesperada e notável na biologia do envelhecimento
(NERI, 2008).

2.2. Envelhecimento Psicológico

Até os anos 70, a psicologia e a gerontologia consideravam o


desenvolvimento e o envelhecimento como processos opostos, mas hoje
ambos são vistos como processos que coexistem ao longo do ciclo vital,
embora com pesos diferentes na determinação das mudanças evolutivas
que vulgarmente identificamos como ganhos ou perdas. Como o
desenvolvimento é referenciado a normas compatíveis com o funcionamento
do adulto sadio, produtivo e envolvido socialmente, sempre se admitiu que o
crescimento e os ganhos presidem a segunda metade da vida (NERI, 2008).

No entanto, existem dados de pesquisa mostrando que, embora as


mudanças evolutivas que podem ser caracterizadas como perdas aumentem
com o passar da idade, na velhice, podem ocorrer alterações classificáveis
como ganhos. Por exemplo, na velhice as capacidades cognitivas ligadas ao
processamento da informação, à memória e à aprendizagem declinam por
causa das alterações sensoriais e neurológicas que acompanham o
envelhecimento. Contudo, as capacidades cuja manutenção e cujo
aperfeiçoamento dependem de influências culturais podem conservar-se e
especializar-se, manifestando-se nos domínio profissional, do lazer, das
artes ou de manejo das questões existenciais (sabedoria). Um princípio
fundamental da psicologia do envelhecimento contemporânea é que na
velhice as pessoas conservam potenciais para o funcionamento e o

42
desenvolvimento, os quais, no entanto, tendem a declinar nos anos mais
tardios, quando as pessoas tornam-se mais vulneráveis e menos adaptáveis
às alterações ambientais.

O desenvolvimento e o envelhecimento são segundo Neri (2008),


processos concorrentes que podem ser analisados por critérios derivados da
psicologia e da sociologia. Estão presentes nos paradigmas de curso de vida
e de desenvolvimento ao longo da vida e se resumem nos seguintes pontos:

 Uma sequência de mudanças previsíveis, de natureza genético-


biológica, que ocorrem ao longo das idades e são, por isso,
chamadas de mudanças graduadas por idade (como por exemplo,
a maturação que preside o desenvolvimento psicomotor do bebê e
a emergência da capacidade reprodutiva nos adolescentes; o
envelhecimento relacionado com a redução da velocidade de
processamento da informação, com alterações nos mecanismos
de regulação térmica e com cessação da capacidade reprodutiva
nas pessoas na medida em que se tornam mais velhas).

 Uma sequência previsível de mudanças psicossociais


determinadas pelos processos de socialização a que as pessoas
de cada coorte estão sujeitas e que, por isso, são chamadas de
influências graduadas por história (escolarização, valores sociais,
expectativas de comportamento, formas de socialização no
trabalho).

 Uma sequência não previsível de alterações devidas à influência


de agendas biológicas e sociais, que por isso são chamadas de
influências não normativas (acidentes, migração, divórcio, morte
de filhos, guerras, desastres ecológicos, desemprego, premiação
da loteria).

Géis (2003) concorda que esses fatores repercutem direta ou


indiretamente no bom funcionamento das capacidades intelectuais, e é
difícil saber o grau de influência de cada um desses pontos citados acima,

43
em que medida as possíveis alterações são produtos de uma ou outra
causa, e como e quanto afetam no envelhecimento.

O que realmente é certo é que quanto maior for à qualidade de vida


do idoso, melhores serão os seus hábitos alimentares, higiênicos e de
cuidado com o corpo; quanto mais recursos culturais e sociais ele possuir,
maior será a sua capacidade de prevenir possíveis alterações.

Assim não se pode tampouco se deve, estabelecer uma idade como


ponto-limite no qual as capacidades intelectuais começam a declinar; é certo
que existe um processo evolutivo no desenvolvimento das capacidades
físicas e psíquicas, assim como cada pessoa tem sua própria evolução e
involução. Também não se pode generalizar e querer determinar uma idade
como ponto inicial da involução. Porém, deve-se estar alerta para prevenção
de possíveis problemas, tentando postergá-los ao máximo (GÉIS, 2003).

3. Envelhecimento Ativo

Se quisermos que o envelhecimento seja uma experiência positiva,


uma vida mais longa deve ser acompanhada de oportunidades contínuas de
saúde, participação e segurança (WHO, 2005).

O termo “envelhecimento ativo” foi adotado pela Organização Mundial


da Saúde no final dos anos 90. Procura transmitir uma mensagem mais
abrangente do que “envelhecimento saudável”, e reconhecer, além dos
cuidados com a saúde, outros fatores que afetam o modo como os
indivíduos e as populações envelhecem (Kalache & Kickbusch, 1997).

A palavra “ativo” refere-se à participação contínua nas questões


sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à
capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de
trabalho(NETO,ET AL. ,2009).

44
Essa política visa a estender a expectativa de vida com saúde e a
qualidade de vida para todas as pessoas no processo de envelhecimento de
cada uma delas (DIOGO,2009).

As pessoas mais velhas que se aposentam e aquelas que


apresentam alguma doença ou vivem com alguma necessidade especial
podem continuar a contribuir ativamente para seus familiares, companheiros,
comunidades e países (WHO, 2005).

A Organização Mundial da Saúde conceituou a “envelhecimento ativo”


como:

O processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e


segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as
pessoas ficam mais velhas. O envelhecimento ativo aplica-se tanto a
indivíduos quanto a grupos populacionais. Permite que as pessoas
percebam o seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo
do curso da vida, e que essas pessoas participem da sociedade de acordo
com suas necessidades, desejos e capacidades; ao mesmo tempo, propicia
proteção, segurança e cuidados adequados, quando necessários. (OMS,
2002, p. 13).

Para Farinatti, o envelhecimento ativo:

[...] seria aquele em que se permanece ativo,


resistindo ás forças que dificultam o envolvimento
social. Isso implica achar substitutos para os papéis
sociais perdidos em função de eventos como a
aposentadoria ou a morte de entes queridos
[...].(FARINATTI, 2008, p. 32)

O objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de uma


vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão
envelhecendo, inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas e que
requerem cuidados. O termo “saúde” refere-se ao bem-estar físico, mental e
social, como definido pela Organização Mundial da Saúde. Por isso, em um
projeto de envelhecimento ativo, as políticas e programas que promovem

45
saúde mental e relações sociais são tão importantes quanto aquelas que
melhoram as condições físicas de saúde. Manter a autonomia e
independência durante o processo de envelhecimento é uma meta
fundamental para indivíduos e governantes. Além disto, o envelhecimento
ocorre dentro de um contexto que envolve outras pessoas – amigos, colegas
de trabalho, vizinhos e membros da família. Esta é a razão pela qual
interdependência e solidariedade entre gerações (uma via de mão-dupla,
com indivíduos jovens e velhos, onde se dá e se recebe) são princípios
relevantes para o envelhecimento ativo. A criança de ontem é o adulto de
hoje e o avô ou avó de amanhã. A qualidade de vida que as pessoas terão
quando avós dependem não só dos riscos e oportunidades que
experimentarem durante a vida, mas também da maneira como as gerações
posteriores irão oferecer ajuda e apoio mútuos, quando necessário (WHO,
2005).

Assim, o planejamento estratégico deixa de ter um enfoque baseado


nas necessidades (que considera as pessoas mais velhas como alvos
passivos) e passa ter uma abordagem baseada em direitos, o que permite o
reconhecimento dos direitos dos mais velhos à igualdade de oportunidades e
tratamento em todos os aspectos da vida à medida que envelhecem. Essa
abordagem apoia a responsabilidade dos mais velhos no exercício de sua
participação nos processos políticos e em outros aspectos da vida em
comunidade (WHO, 2005).

Ressaltam-se também as estratégias e prioridades para apoiar uma


mudança de atitude cultural em face do envelhecimento e para promovê-lo
por meio de um estilo de vida ativo é necessário, mediante o compromisso e
o esforço multi-setorial; colaboração e formação de alianças entre órgãos
públicos e o setor privado; colaboração entre os países a respeito da
investigação, da publicação e da difusão de informação; e a participação dos
idosos no planejamento, na execução e no acompanhamento de programas
como já citado por acima por pela WHO (OMS, 2002; OPAS, 2002; APUD
NETO ET. AL. 2009).

46
2.4 Envelhecimento bem-sucedido

“Envelhecer é como estar em um avião, voando rumo a uma


tempestade. Uma vez que se está a bordo, não há nada que se
possa fazer”

(Golda Meir, 2008, cap.11, p.191).

Quando falamos de envelhecimento sem enfatizarmos os declínios


biológicos e psicológicos, nos deparamos com vários estudos e definições
para abordarmos uma forma positiva do envelhecer.

Segundo Matsudo (2001), mais importante do que discutir os


conceitos e as causas que levam o organismo a envelhecer é enfatizarmos a
proposta mais amplamente difundida de “envelhecimento com sucesso”, que
ultrapassa o antigo conceito de envelhecimento patológico e não patológico
simplesmente pela presença ou não de doença). Inicialmente introduzido por
Rowe e Kahn em 1987(Rowe e Kahn, 1997), o envelhecimento com sucesso
significa que o individuo teria pouca ou nenhuma perda da sua função
fisiológica relacionada à idade. Os autores descrevem “envelhecimento
saudável”, ”envelhecer bem” ou “envelhecimento produtivo” como termos
10
similares a serem utilizados. Neste sentido Strawbrigde et. al.(1996)
definiram o “envelhecimento com sucesso” como aquele que permitia aos
indivíduos dispensar assistência ou não apresentar dificuldade das medidas
mensuradas para atividade e desempenho físico em seu estudo.

Mais recentemente, Rowe e Kahn (1997) propuseram um novo


modelo deste conceito (envelhecimento com sucesso) que engloba três
diferentes domínios multidimensionais: a) evitar doenças e as
incapacidades; b) manter uma alta função física e cognitiva; e c) engajar-se
de forma sustentada em atividades sociais e produtivas. Na análise feita por
eles, os preditores comportamentais da manutenção da função física

10
Estudo realizado com 13 medidas de atividade/mobilidade e 5 medidas para desempenho físico.
Foram avaliados 356 sujeitos de 65 a 95 anos de 1984 a 1990 e concluíram que as variáveis que
determinaram o sucesso foram a ausência de depressão, os contatos pessoais e caminhadas
frequentes como forma de exercício (Matsudo,2001,p.22)

47
incluem as atividades vigorosas e moderadas de lazer e o suporte emocional
da família e dos amigos (MATSUDO, 2001).

Poderemos observar abaixo uma grande similaridade entre os


resultados dos estudos do “envelhecimento com sucesso” e do
“envelhecimento bem-sucedido”. Carter (2002) concorda especificamente
com o estudo que foi elaborado e patrocinado pela Mac Foundation, que
concluiu que os três indicadores de um envelhecimento bem-sucedido são:
1) evitar doença e deficiência, (2) manter as funções físicas e mentais e (3)
compromisso contínuo com a vida. Este último significa manter os
relacionamentos com os outros e dedicar-se a atividades produtivas. Esse
compromisso com a vida – uma adaptação bem-sucedida às condições
instáveis que devemos encarar – inevitavelmente nos envolverá com
responsabilidades, desafios, dificuldades e talvez sofrimento. Mas essas
experiências tenderão a nos manter mais próximos dos outros e nos
permitirão desenvolver maior autoestima e controle sobre nossas próprias
existências – elementos cruciais para uma boa vida. O autor nos fala que

Sigmund Freud resumiu todas essas proposições


dizendo que o essencial da vida humana eram o
trabalho e o amor. Isso está muito mais perto de
minhas próprias convicções, desde que possamos
prover uma definição adequada para ambas às
palavras. (Carter; 2002, p. 74)

Temos uma tendência a acreditar que o trabalho define quem somos.


Nos últimos anos de vida, se nos pedem “Fale de você mesmo”, podemos
responder “Estou aposentado”, e talvez continuemos explicando o que
acostumávamos ser.

Em diferentes momentos da vida, me apresentei como


operador de submarino, fazendeiro, proprietário de
armazém, senador estadual, governador ou mesmo
presidente, se fosse necessário. Agora, embora não
tenha um emprego estável, poderia responder,
dependendo do meu interlocutor, que sou um
professor, escritor, pescador ou marceneiro. Poderia

48
ainda adicionar americano, sulista, cristão, marido ou
avô. (Carter; 2002, p.75)

Carter (2001) nos cita que, alguns sociólogos concluíram que os


prognósticos mais significativos para um envelhecimento bem-sucedido são:
1) o nível de educação que alcançamos, (2) a quantidade de atividade física
que mantemos e (3) o grau de controle que sentimos ter sobre nosso próprio
destino. Tudo isso é importante, mas o autor não concorda que sejam os
critérios definitivos. Ele justifica exemplificando,

Suponhamos dois homens igualmente confiantes em


seu poder de influir na própria vida - um professor
solitário que corre oito quilômetros todos os dias e um
fazendeiro aposentado que nunca entrou para a
faculdade, mas tem uma família coesa e dedicada e
cujo exercício mais vigoroso é abraçar sua esposa
várias vezes ao dia. É improvável que o professor seja
mais bem-sucedido ou mais feliz do que o fazendeiro.
(Carter; 2001,p.73 )

A questão é que cada um de nós é um ser humano complexo, com


múltiplas escolhas de nossos interesses primários ou identificações a
qualquer momento. Manter algumas dessas opções vivas é uma boa
indicação da vitalidade de nossa existência.

2.5 A transição demográfica

O envelhecimento populacional, fenômeno inicialmente observado


nos países desenvolvidos, também faz parte da realidade dos países em
desenvolvimento, porém de forma mais intensa (FERREIRA, 2012).

Segundo dados da OMS, no ano de 2020 teremos mais de 1 bilhão


de pessoas com mais de 60 anos de idade vivendo no mundo,sendo que

49
mais de 700 milhões estarão vivendo em países em
desenvolvimento(CEA,2007).

Outras projeções publicadas pela OMS estimam que, entre 1990 e


2025,a população idosa deve aumentar cerca de sete a oito vezes em
países como Colômbia, Malásia, Quênia, Tailândia e Gana. As mesmas
projeções indicam que, entre os dez países com maior população idosa em
2025, cinco serão países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, com
número estimado em 27 milhões de pessoas (WHO, 1998).

No Brasil, a população de pessoas com mais de 60 anos de idade


passou de 6% (7.197.904 habitantes),em 1980, para 10% (19.282.049), em
2010. A estimativa é que essa parcela atinja cerca de 20% em 2020 (IBGE,
2000).

O índice de envelhecimento no Brasil (razão entre a população com


mais de 65 anos e a população com menos de 15 anos de idade) passou de
10,5%, em 1980, para 26,7% em 2010. Estimativas apontam que este
número deve subir para 46% em 2020 (FUNDAÇÃO SEADE; 2011).

No município de São Paulo, as pessoas com 60 anos ou mais


representam 12,8% da população geral, o que equivale a 1,2 milhões de
pessoas (IBGE, 2012).

Nos distritos administrativos da Barra Funda, do Bom Retiro e de


Santa Cecília, áreas de atuação do Centro de Saúde Escola Barra Funda Dr.
Alexandre Vranjac (CSEBFAV), a referida razão é de 14,3%, com um total
de 3.371 representantes desta faixa etária.

O envelhecimento populacional é um fenômeno complexo. Ao passo


que é visto como grande conquista da humanidade vem se tornando
também um desafio (FERREIRA, 2005).

O Brasil deverá passar (contagem a partir de 1960 a 2025), da 16ª


para a 6ª posição mundial em termos de número absoluto de indivíduos com
60 anos ou mais (KALACHE, VERAS, 1987).

50
Para Ferreira (2012), a existência de uma população que envelhece
rapidamente traz a tona, para a sociedade, a questão da longevidade e
também reflexões sobre a qualidade de vida da população, constituindo
esta, um dos indicadores de desenvolvimento humano (IDH). Dessa forma, a
longevidade é, sem dúvida, não somente conquista coletiva, mas também
preocupação social, uma vez que exige novo posicionamento diante dela,
com incontestável necessidade de disponibilização de recursos e de acesso
a bens e serviços que promovam a dignidade e a melhoria das condições de
vida da sociedade, incluindo esse segmento (SILVEIRA, 2005).

Na concepção de Veras (2002, apud Diogo et. al.2009), a queda da


taxa de mortalidade e a redução da taxa de fecundidade, a partir da década
de 1960, são os dois determinantes básicos da transição demográfica,
caracterizada pela mudança de um nível alto de mortalidade e fecundidade
para níveis mais baixos, o que altera significativamente a estrutura etária da
população, já que o processo de envelhecimento começa desde o momento
da concepção e só termina com a morte [...] (MEIRELLES, 2000 APUD
DIOGO ET. AL., 2009).

Tais dados apontam para a urgente necessidade de implementação


de políticas e de programas de assistência a essa parcela significativa da
população, particularmente no que diz respeito à modificação da incidência e
da prevalência de doenças, processo que corre em velocidade que dificulta
às políticas públicas de saúde o lidar com o novo perfil epidemiológico que
se sobrepõe, aos poucos, ao que predominava anteriormente
(CHAIMOWICZ, 1997).

A rede de serviços precisa ser estruturada de forma que ofereça


eficazes e capazes de prestar atenção integral às necessidades dos idosos,
tanto no plano assistencial como na promoção de sua independência e
autonomia (FERREIRA, 2012).

A questão da violência é um importante agravo a que os idosos são


frequentemente expostos, seja ela de natureza física, psicológica ou

51
financeira, tanto por parte da família quanto das instituições, dos transportes
urbanos e de outros espaços a que estejam expostos. Em sua maioria, os
idosos têm medo de denunciar a violência para não sofrer represálias de
seus agressores, fato que talvez não ocorresse caso a sociedade estivesse
mais bem preparada para aceitar o envelhecimento (CIPRIANO, 2005).

Há, portanto, demanda social para que o setor público se


responsabilize pela prestação de cuidados sociais e de saúde, com políticas
específicas que busquem promover a autonomia, o autocuidado, a
integração social e a melhoria da qualidade de vida dos idosos, evitando sua
internação, ainda bastante comum (ANDRADE, 2005).

2.6 Envelhecimento e atividade física

É melhor ser um jovem de setenta anos do que um velho de


quarenta. E para carregar os setenta anos nas costas, é preciso
fazer bastante exercício. (Carter, 2001, p. 56 e 89).

Uma das coisas mais maravilhosas deste mundo é ver pessoas


adultas, entre 80 ou 90 anos, envelhecerem saudavelmente, com autonomia
e capacidade para resolverem, sozinhas, as suas próprias coisas, para
viverem de forma independente e ativa suas vidas sem se abalarem com o
envelhecimento e com o que este representa; sem deixar que este crie
barreiras para o prosseguimento do ritmo natural da vida (GÉIS, 2003).

Não há dúvidas que um dos fatores determinantes para explanar este


quadro apresentado é a prática da atividade física na velhice. Mazo (2008)
diz que o conceito de atividade física (AF) é utilizado, muitas vezes, sem
clareza conceitual e confundido com aptidão e exercício físico.

Segundo Caspersen et. al.(1985) e Matsudo, (2001 apud Mazo,


2008), pode-se entender por AF quando relacionada a idosos, qualquer
movimento voluntário produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta
em gasto energético; por exercício físico, uma subcategoria da AF que é

52
planejada, estruturada e repetitiva, com a intenção de melhorar ou manter
um ou mais elementos da aptidão física, ou seja, características próprias
e/ou adquiridas por um individuo e relacionadas com a capacidade de
realizar atividades físicas. A atividade física (AF) engloba os movimentos
realizados no trabalho, nas atividades domésticas e no tempo livre
(CASPERSEN ET. AL ,1985)

Além desses movimentos, incluem-se os relacionados com


transporte/locomoção, atividades fora de casa (exemplos: jardinagem,
limpeza do pátio), recreação, dança e esportes. A forma de medir a AF é
normalmente expressa em termos de gasto energético, mas também pode
ser através da quantidade de trabalho executado (watts), de períodos de
tempo de atividades (horas/minutos), de unidade de movimento, e do índice
numérico derivado de um questionário (MONTOYE ET. AL. 1996)

Segundo Sallis & Owen (1999), a atividade física (AF) pode ter
diferentes intensidades como: leve, moderada e vigorosa.

No modelo conceitual proposto por Caspersen et al. (1985), a AF e o


exercício podem ser classificados como comportamentos, e a aptidão física,
como desempenho, ou seja, como a habilidade para alcançar certos critérios
de desempenho. Esse modelo é particularmente útil no estudo da
epidemiologia da AF e da aptidão física, e direcionado à pergunta de como
certos comportamentos se traduzem em desempenho entre idosos
(DIPIETRO,1996).

Também Matsudo (2001) diz que se pode considerar as definições de


Caspersen et al. (1985),de “epidemiologia da AF”, como o ramo da
epidemiologia que se preocupa com a associação entre os comportamentos
da AF e a doença, a distribuição e os determinantes dos comportamentos da
AF em populações específicas, e a associação entre a AF e outros
comportamentos.

Na área da epidemiologia da AF em idosos, dois resultados


importantes de pesquisas, baseadas na população, foram que os adultos

53
mais velhos são menos ativos que os adultos mais jovens, e que as
mulheres mais velhas são menos ativas que os homens mais velhos
(USDHHS, 1996; YUSUF ET. AL.,1996;KAMINOTO ET. AL.,1999).

Esses resultados reportam-se à diminuição do nível de AF


relacionado com a idade e a predominância em mulheres idosas. À medida
que aumenta a idade cronológica, as pessoas tornam-se menos ativa e a
sua capacidade física diminui; surgem as doenças crônicas, que contribuem
para o processo degenerativo. Sihvonen et. al. (1998) evidenciaram um
decréscimo no nível de AF entre os 75 e os 80 anos de idade e uma
associação significativa entre a AF e uma maior sobrevivência no grupo de
mulheres de 80 anos e no homens de 75 anos.Com o aumento da idade, de
acordo com Rosenberg e Moore (1998),os índices de incapacidade
aumentam rapidamente ,sendo que, após os 75 anos, esta reduz a aptidão
dos idosos para a vida independente e aumenta a sua necessidade em
relação à prestação de serviços formais e de tratamento em instituições
especiais.

No entanto, algumas das alterações morfológicas e funcionais


parecem estar associadas à taxa de sedentarismo das pessoas idosas, e
não somente ao envelhecimento celular (BARRY E EATHORNE, 1994).

Para Elon (1996), mais do que a doença crônica é o desuso das


funções fisiológicas que pode criar problemas. A maioria dos efeitos do
envelhecimento acontece pela imobilidade e má adaptação e não devido às
doenças crônicas (KURODA E ISRAELL, 1988; SPIRDUSO E GILLIAN-
MACRAE, 1991)

Para Jacobs (2006), a atividade física tem sido entendida como um


importante fator de proteção contra as doenças degenerativas, frequente
complicador do processo de envelhecimento, ademais, é adjuvante na
terapêutica destas mesmas afecções.

A ACSM (2000) diz que como grande parte das evidências


epidemiológicas sustenta um efeito positivo de um estilo de vida e/ou do

54
envolvimento dos indivíduos em programas de atividade física e exercício na
prevenção e minimização dos efeitos deletérios do envelhecimento, os
cientistas enfatizam cada vez mais a necessidade de que a atividade física
seja parte fundamental dos programas mundiais de promoção da saúde.
Assim não se pode pensar, hoje em dia, em garantir um envelhecimento
bem-sucedido sem que, além das medidas gerais de saúde, inclua-se a
atividade física.

Em relação aos programas mundiais de promoção de saúde, os


cientistas enfatizam cada vez mais a necessidade da atividade física como
parte fundamental, pois neste novo milênio, a inatividade física é
considerada o principal problema da saúde pública (MATSUDO, 2001;
BLAIR; 2002).

Esta preocupação tem sido discutida não somente nos chamados


países desenvolvidos ou do Primeiro Mundo, mas também nos países em
desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Por essa razão, o Centro de
Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs)
tem dedicado atenção especial nos 29 anos de atividade ao estudo da
relação envelhecimento, atividade física e aptidão física das pesquisas nesta
área (LITVOC E BRITO; 2004).

Dentro deste contexto, o Celafiscs é o único centro de pesquisa na


América Latina que desenvolve, desde 1997, um projeto Longitudinal de
Envelhecimento Aptidão Física, com o propósito de analisar o efeito do
processo de envelhecimento na aptidão física, nível de atividade física e
capacidade física na população das Américas, o Agita São Paulo 11.

11
Programa Agita São Paulo tem como objetivo aumentar o nível de conhecimento da população
sobre os benefícios da atividade física da população do Estado de São Paulo (Governo do Estado
de1998), Um dos focos principais do programa é a população da terceira idade e a proposta de
prescrição de atividade para essa população é realizar atividades físicas de intensidade moderada, por
pelo menos 30 minutos por dia, na maior parte dos dias da semana, se possível todos, de forma
contínua ou acumulada. O mais importante deste novo conceito é que qualquer atividade da vida
cotidiana é valida e que as atividades podem ser realizadas de forma contínua ou intervaladas, ou seja,
o importante é acumular durante o dia pelo menos 30 minutos de atividade (Murphy e Hardman, 1998
apud Matsudo, 2001, p.81).

55
Atualmente existe uma preocupação com o envelhecimento ativo,
como a luta contra o sedentarismo. Observa-se um crescente número de
programas de atividade física para a terceira idade nos diferentes segmentos
da comunidade brasileira, como, por exemplo, os Grupos de Convivência de
Idosos, serviço Social do Comércio – SESC -, as universidades, os centros
comunitários, clubes, academias e outros lugares. Também nos estados e
cidades brasileiras observa-se um número cada vez maior de pessoas
idosas nas praças, ruas, parques, praias, academias e ginástica, clubes,
piscinas fazendo alguma atividade física.

56
CAPÍTULO III

QUALIDADE DE VIDA

A partir da fundamentação teórica, observa-se que na literatura


existem inúmeros conceitos de qualidade de vida (QV), sendo que, este teve
influência do pensamento de Aristóteles, que diz que a satisfação e o bem-
estar devem ser encontrados dentro de uma estrutura de referências, que é
biológica e sociologicamente definida. Mas, foi nos anos 30 e 40 que a
expressão “qualidade de vida” começou a ser destacada, porque os métodos
de controle de qualidade utilizados nos processos industriais passaram a ser
elemento básico da política das empresas (MAZO, 2008).

Após a II Guerra Mundial, esse conceito começou a ser usado mais


frequentemente, especialmente nos USA, com o objetivo de descrever o
efeito que a aquisição de bens materiais gerava na vida das pessoas. Logo
após, os economistas e sociólogos procuraram encontrar índices que
permitissem avaliar a QV dos indivíduos e das sociedades. O conceito de
bem-estar foi usado para se referir à conquista de bens materiais. A seguir, o
mesmo foi ampliado, para medir o quanto uma sociedade tinha se
desenvolvido economicamente. Os indicadores econômicos, como Produto
Interno Bruto (PIB), rendimento per capita, taxa de desemprego e outros
surgiram e se tornaram elementos importantes de medição e de comparação
da QV existente entre diferentes cidades, regiões e países. Por meio desses
indicadores econômicos, inferia-se que as populações dos países que
revelassem indicadores piores possuíam uma pior qualidade de vida e vice-
versa (MAZO, 2008).

Nesse contexto, o termo QV passa a indicar “quão boa vida é a sua


vida”, representando mais do que a afluência de bens materiais. Surge a
crítica sobre o crescimento econômico sem limites, apontando, em longo
prazo, para os efeitos devastadores (exaustão de recursos) e colaterais
(poluição) sobre o meio ambiente e as condições futuras para uma “boa

57
vida”, levando à degradação da humanidade. Assim, o conceito de
crescimento econômico foi ampliado para o desenvolvimento social (saúde,
educação, moradia e transporte, entre outros aspectos). Os indicadores
também passaram a abranger a escolaridade, a esperança de vida e o nível
de poluição, entre outros.

A partir da década de 60, percebeu-se que, embora todos fossem


indicadores importantes para se avaliar e comparar a qualidade de vida
entre países, regiões e cidades (qualidade de vida objetiva), não eram
suficientes para se medir a qualidade de vida dos indivíduos. Era necessário
e fundamental avaliar a qualidade de vida percebida dos indivíduos
(qualidade de vida subjetiva), em que os indicadores objetivos dizem
respeito aos fatores que influenciam aquelas experiências.

Na década de 80, houve uma tentativa de englobar os aspectos


socioeconômicos da qualidade de vida com os subjetivos, surgindo o
chamado “Desenvolvimento Humano”.

Nesse contexto, a temática QV começou a fazer parte de relatórios,


estudos de campo e discursos realizados por economistas, sociólogos,
psicólogos e outros profissionais, que analisaram, pesquisaram e discutiram
diferentes aspectos do bem-estar e da QV nos cenários regionais, nacionais
e mundiais. No entanto, o termo QV, muitas vezes, era utilizado sem um
consenso, apresentando dificuldade em defini-lo nos diferentes contextos e
cenários (MAZO, 2008).

O termo QV recebe uma definição conceitual mais aplicada quando é


definido como grau de excelência. Assim, o emprego da palavra “qualidade”
é feito de um modo avaliativo que implica igualmente comparação, no
sentido de melhor ou pior QV, envolvendo a variação de grau. Portanto,
pode abordar-se “qualidade” de várias formas, no sentido de subsidiar o
conceito de QV como grau de excelência, propriedade, indicador, atributo ou
condição das coisas ou de pessoas. Nesse sentido, observa-se que as

58
definições de “qualidade” podem ter uma visão quantitativa e qualitativa da
mesma.

Na expressão qualidade de vida, a palavra “vida” centra-se na


existência humana. A vida humana pode ser individual ou coletiva, pode
referir-se à vida física, mental, social, cotidiana ao curso completo da vida,
entre outros. O termo “vida” é facilmente compreendido. A “vida” pertence
somente aos seres vivos e ao decurso da sua existência ou à sua maneira
de viver. Há necessidade de se fazer a distinção entre os aspectos da vida
de uma pessoa que podem ser objetivamente atribuídos a ela e aqueles
aspectos que o próprio individuo percebe, ou pelos quais está sendo
influenciado (MAZO, 2008).

Na literatura, as definições do conceito de QV refletem


frequentemente as perspectivas e as orientações profissionais dos autores.
Assim, observa-se que as definições do conceito de QV apresentam
distintas visões de homem, sociedade e mundo, que se apresentam em
marcos teóricos em estudos de QV tem orientações principalmente
econômicas e sociológicas.

As diferentes perspectivas teóricas sobre a temática da QV e a


existência de distintas definições desse conceito proporcionam uma
dificuldade na operacionalização do termo, bem como a comparação entre
trabalhos. Assim, torna-se necessária uma organização estruturada das
definições conceituais de QV existentes, identificando os elementos comuns
a todas elas ou a grupos delas, e a visualização dos fatores que as
influenciam.

1. Conceitos

Nas últimas décadas, a qualidade de vida tem sido um dos grandes


focos de atenção de autoridades e também da população. Tornou-se um

59
grande foco de atenção para negócios, desde vendas e comércio das mais
variadas formas e tipos de produtos, podendo ser encontrada em
propagandas de condomínios residenciais, comidas, remédios e cursos,
entre outros espaços (DIOGO, 2009).

Por ser um conceito relativamente novo e muito abrangente e


subjetivo, vários grupos de estudos começaram a estudar e o que seria e o
que abrangeria esse fenômeno. Exatamente por essa flexibilidade é que
cada área de estudo pode entender qualidade de vida das mais diversas
formas, tentando atingir o que consideram como uma qualidade de vida ideal
para aquela população a que se destina o trabalho.

Um dos grupos que se tornaram referência sobre esse assunto é o


Grupo da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (OMS) -
Whoqol Group (World Health Organization Quality of Life Group) – que,
desde a década de 1980, estuda essa temática.

Para esse grupo, qualidade de vida é definida como

A percepção individual de uma pessoa de sua posição


na vida, dentro do contexto da cultura e do sistema de
valores em que tal pessoa se insere e em relação aos
seus próprios objetivos, expectativas, padrões e
preocupações. (Jacob, 2006, p. 4).

Percebe-se que esse é um conceito amplo, abrangente e que cabe


em todas as formas de trabalho. É possível, então falar de qualidade de vida
nas mais diversas áreas, pois todas elas estarão trabalhando, não importa
se de forma direta, com serviços que se relacionarão com todos os seres
humanos.

Minayo, Hartz & Buss (2000) reforçam que o termo qualidade de vida
tem servido para designar diversos tipos de acontecimentos como
congressos, seminários, classificações de trabalho etc. Esses autores
apresentam uma declaração feita por Rufino Neto na abertura do 2º
Congresso de Epidemiologia, em 1994, onde se define que:

60
[...] qualidade de vida boa ou excelente (é) aquela que
ofereça um mínimo de condições para que os
indivíduos nela inseridos possam desenvolver o
máximo de suas potencialidades, sejam estas: viver,
sentir ou amar, trabalhar, produzindo bens e serviços,
fazendo ciências ou artes (Minayo, Hartz &Buss, 2000,
p.8).

Entendendo-se qualidade de vida no seu sentido amplo, essas


conceituações vêm reafirmar a abrangência e a necessidade de se estudar
qualidade de vida de uma forma integrada entre todas as áreas.

Ainda no seu sentido geral, qualidade de vida, de acordo com Silva,

Aplica-se ao individuo aparentemente saudável e diz


respeito ao seu grau de satisfação com a vida nos seus
múltiplos aspectos que integram: moradia, transporte,
alimentação, prazer, satisfação/realização profissional,
vida sexual e amorosa, relacionamento com outras
pessoas, liberdade, autonomia e segurança financeira
(Silva, 1999, p.261)

Quando qualidade de vida é analisada no seu sentido específico vai


apresentar, para cada área, uma definição característica, sendo que na área
ligada à saúde qualidade de vida aplica-se a pessoas sabidamente doentes
e diz respeito ao grau de limitação e desconforto que a doença e/ou a sua
terapêutica acarretam ao paciente e á sua vida (SILVA, 1999).

Nessa área, qualidade de vida está muito relacionada com a questão


de Promoção de Saúde e Prevenção de Doenças, dessa forma se
aproximando dos conceitos e estudos ligados à área epidemiológica.

Um dos conceitos relacionados a essa área, trazido por Leavell e


Clark, pontua que é o conhecimento da história natural (das) doença(s) (que)
favorece o domínio das ações preventivas necessárias (Rouquayrol &
Goldbaun, 1999) à interceptação ou anulação de uma doença através da
criação de mecanismo de prevenção contra elas.

61
Segundo esses autores, esse conceito se apresenta como um:

Conjunto de processos interativos compreendendo


inter-relações do agente (causador da doença), do
suscetível (seres humanos) e do meio ambiente que
afetam o processo global e seu desenvolvimento,
desde as primeiras forças que criam o estímulo
patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro
lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo,
até as alterações que levam a um defeito, invalidez ou
morte (Leavell &Clark, 1976, apud Rouquayrol
&Golgbaum, 1999, p.17).

Esse conceito também é chamado de Modelo Preventivista, pois ele


nos fala que existem três momentos em que a prevenção pode ocorrer para
evitar ou controlar a doença. Um primeiro momento, conhecido como da
prevenção primária, ocorre quando se trabalha com os aspectos da
promoção de saúde e da proteção específica (medidas dirigidas a
determinado agravo ou doença).

A segunda etapa, a de prevenção secundária, se daria com o


diagnóstico precoce e o tratamento adequado para cada agravo e/ou
doença. E na prevenção terciária se cuidaria da reabilitação dos indivíduos.

Outros conceitos ainda fazem parte dos estudos epidemiológicos,


alguns chamando a atenção para o fato de que todas as interações com a
qualidade de vida têm que levar em consideração sua relação com um
processo de distribuição, circulação e produção de bens onde os estudos
epidemiológicos ganham uma conotação social se mostrando como um
conjunto de conceitos, métodos e formas de ação prática que se aplicam ao
conhecimento e transformação do processo saúde-doença na dimensão
coletiva ou social (BREILH, 1980 APUD ROUQUAYROL &GOLDBAUM,
1999).

Percebe-se, então, que o conceito da qualidade de vida apresenta-se


dependente de uma percepção subjetiva dos indivíduos, dependente
também do grupo populacional a que se refere, fazendo parte de um

62
processo de produção, de circulação e distribuição de bens. É necessário
entender também que esses aspectos subjetivos da qualidade de vida,
podem diferir e variar não apenas de pessoa para pessoa, mas também com
relação à própria pessoa nas diversas etapas da sua vida.

1.2 Aspectos subjetivos da qualidade de vida

Os aspectos da avaliação subjetiva de qualidade de vida não podem


ser desvinculados dos fatores objetivos, e para alguns pesquisadores
(Okuma, 1998; Neri, 1993) eles aparecem como referencial para a avaliação
subjetiva. A objetividade consiste numa avaliação determinada pelas
medidas objetivamente estabelecidas: como índice de salários numa
sociedade, quantidade de calorias necessárias para manter o organismo
vivo e sadio, emprego/desemprego, consumo alimentar, acesso aos serviços
de saúde, saneamento básico, propriedade de terra ou domicílio, transporte
público e privado, qualidade do meio ambiente, acesso à educação e outros.

Os aspectos subjetivos referem-se a como as pessoas se sentem ou


se percebem a respeito de suas vidas, como percebem o valor dos
componentes objetivos como fatores qualitativos de suas vidas. A avaliação
subjetiva abrange os mesmos parâmetros objetivos e alguns outros, mas
avaliados pelas medidas subjetivas do gostar, desejar, sentir falta, satisfação
- individualizados em função da experiência de vida de cada um. As
correntes subjetivas da qualidade de vida apresentam modelos elaborados
sobre qualidade de vida ao longo do curso de vida levando em consideração
fatores subjetivos.

O modelo de Witmer e Sweenwey (1992, apud Neri, 1993) introduz na


avaliação da qualidade de vida, os sentimentos e tendências emocionais,
por exemplo: senso de humor, senso de valor, respostas emocionais,
espontaneidade emocional, criatividade entre outros. Outros autores tentam
nomear algumas características da experiência humana (Jonsen et al.,

63
1982), e determinam como fator central desta, a sensação subjetiva de bem-
estar. Shin e Johnson (1978) sugerem que a qualidade de vida consiste na
possessão dos recursos necessários à satisfação das necessidades e
desejos individuais, participação em atividades que permitem o
desenvolvimento pessoal, a autor realização e uma comparação
satisfatoriamente si mesmo e os outros.

Qualidade de vida está diretamente relacionada à satisfação das


necessidades, carências e desejos da auto realização e uma comparação
satisfatória entre si mesmo e os outros. Qualidade de vida está diretamente
relacionada à satisfação das necessidades, carências e desejos dos
indivíduos, fatores esses, que só podem ser avaliados subjetivamente. Os
valores culturais e sociais são construídos diferentemente por povos de
culturas distintas. Portanto, seria equivocado afirmar que a qualidade de vida
tem pressupostos universais. Mas a avaliação subjetiva que o indivíduo tem
de sua qualidade de vida tem tendências universalizadas. Um indivíduo de
classe social de baixa renda pode perceber a necessidade de se obter mais
dinheiro para o sustento da família. Outro indivíduo de classe social de alta
renda pode também ter a percepção de necessidade de mais dinheiro para o
sustento da família. O "mais" do menos favorecido financeiramente é
diferente quantitativamente do "mais" do indivíduo melhor favorecido
financeiramente, mas se ambos sentem a necessidade de se obter "mais
dinheiro" podem se apresentar como insatisfeitos nesse item avaliativo da
qualidade de vida. Quão satisfeitas às pessoas estão com suas vidas, reflete
diretamente como elas percebem sua qualidade de vida (IWANOWICZ,
1998).

A palavra satisfação comporta vários significados, mas de maneira


geral, se compreende que a satisfação está relacionada com algum tipo de
sucesso, de felicidade, de adaptação, de boas relações entre outros fatores,
todos eles subjetivos e que só podem ser mensurados através da percepção
individual (IWANOWICZ, 1998).

64
1.3. Qualidade de vida no envelhecimento

O envelhecimento é uma experiência heterogênea, isto é, pode


ocorrer de modo diferente para indivíduos e coortes que vivem em contextos
históricos e sociais distintos. Essa diferenciação depende da influência de
circunstâncias histórico-culturais, de fatores intelectuais e de personalidade,
dos hábitos e atividades físicas ao longo da vida e da incidência de
patologias durante o envelhecimento normal. A velhice é analisada como
"uma etapa da vida na qual, em decorrência da alta idade cronológica,
ocorrem modificações biopsicossociais que afetam a relação do indivíduo
com o meio" (SALGADO, 1982).

A experiência das pessoas que envelhecem não pode ser


compreendida, a menos que percebamos que o processo de envelhecimento
produz uma mudança fundamental na posição de uma pessoa na sociedade
e, portanto, em todas as suas relações com os outros (ELIAS, 2001).

E graças às mudanças na qualidade de vida das pessoas, podemos


dizer que a velhice não é o fim, mas o começo de uma nova etapa.
Qualidade de vida na velhice tem relação direta com bem-estar percebido. A
velhice não se reduz a um simples fenômeno biológico, é um fenômeno
social. A idade, em última análise, mede-se não tanto pelo número de anos
que se tem, mas como a pessoa se sente como vive como se relaciona com
a vida e com os outros.

Spirduso & Cronin (2001), dizem que uma boa qualidade de vida para
os idosos pode ser interpretada como o fato de eles poderem se sentir
melhor, conseguirem cumprir com suas funções diárias básicas
adequadamente e conseguirem viver de uma forma independente. Citando
Rowe & Kahn (1998), estes autores concordam na proposição da existência
de três aspectos considerados fundamentais para que haja um bom
envelhecimento ou a manutenção de uma elevada qualidade de vida, ou

65
seja, livre de doenças, com engajamento com a vida e competência física e
mental.

Essas duas definições vêm nos mostrar a importância de se estudar e


manter as competências de vida diária/capacidade funcional nos idosos
como meio de aumentar, melhorar ou manter a qualidade de vida dos
mesmos.

Por competências de vida diária entende-se a capacidade ou


potencial para realizar adequadamente as atividades consideradas
essenciais à vida independente; são ligadas a fatores socioculturais e a
determinantes genético-biológicos, mostrando a sua relação multifuncional,
da mesma forma que os conceitos de qualidade de vida.

Existem diferentes definições a respeito de competência de vida


diária. Uma delas declara que é a capacidade do individuo em manter
cuidados pessoais e realizar as atividades cotidianas, que inclui a força
muscular, a resistência muscular localizada, a agilidade, a flexibilidade, os
reflexos, o tempo de reação, a eficiência metabólica, a composição corporal
e outros aspectos da aptidão corporal total (OKUMA, 1998).

Esses aspectos são encarados, portanto, como facilitadores na


manutenção dessas competências, auxiliando, assim, na realização das
atividades consideradas essenciais à vida independente.

Para Diogo (2009) existem três amplos domínios das competências


de vida diária, definidas em atividades básicas de vida diária (AVDs),
atividades instrumentais da vida diária (AIVDs) e atividades avançadas de
vida diária (AAVDs).

As AVDs são aquelas que se referem ao autocuidado, ou seja, são as


atividades fundamentais para a manutenção da independência. Dentre elas,
pode-se relacionar o banhar-se, vestir-se, fazer a higiene pessoal (toalete),
conseguir fazer transferência (mobilidade básica), o controle da continência
e conseguir manter uma alimentação adequada. O grau de independência

66
está diretamente relacionado com o número de AVDs preservadas (Jacob,
2006).

Dentro do campo das AIVDs estão relacionadas tarefas mais


complexas, que indicam uma vida independente e ativa na comunidade,
sendo que o idoso executa as atividades rotineiras do dia-a-dia, utilizando-se
dos recursos disponíveis no meio ambiente. Aqui estão relacionados, por
exemplo, o manejo de suas medicações, a possibilidade de fazer compras
básicas, o manejo das próprias finanças, a utilização de meios de transporte,
o uso do telefone, a manutenção da casa (arrumar a casa, lavar e passar
roupa), o preparo das próprias refeições (nutrição) e a capacidade de fazer
trabalhos manuais domésticos (pequenos reparos).

As atividades que são consideradas AAVDs, como dirigir automóvel,


praticar esporte, tocar instrumento musical, participar de serviços voluntários
e de atividades políticas, entre outras, não são fundamentais para uma vida
independente, porém demonstram uma maior capacidade funcional e
independência e podem contribuir para uma melhor saúde física e mental,
por conseguinte, melhor qualidade de vida. Sua realização depende de
vontade, desejo, motivação, além dos fatores culturais e educacionais.

A qualidade das capacidades funcionais vem sendo usada como um


parâmetro objetivo para analisar e verificar de que forma está a qualidade de
vida, aferida através de diversos questionários criados pelas instituições e
organizações que estudam esse assunto.

Um desses questionários foi criado pelo Whoqol Group da OMS


(1998). Esse questionário contém cem perguntas sobre seis domínios
específicos, sendo conhecido como Whoqol-100.

Um desses domínios avalia o nível de independência da pessoa, que


engloba as questões sobre mobilidade, atividades de vida cotidiana,
dependência de medicação e capacidade de trabalho, entre outros. Nos

67
outros domínios aparecerem diferentes conceitos relacionados com as
atividades instrumentais de vida diária e as atividades avançadas de vida
diária, se aplicarmos e esse questionário às populações idosas.

Outros questionários também foram criados, como o SF-36 e


Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (Health Related Quality of Life -
HRQL). O SF-36 avalia o estado de saúde em populações e uma variedade
de pesquisas clínicas, onde são analisadas oito dimensões, entre elas
capacidade funcional, limitação física e dor.

Já no questionário sobre Qualidade de Vida Relacionada à Saúde


(QVRS) tem-se a dimensão sobre funções físicas que envolvem as
dificuldades com as AVDs, o autoconceito funcional e estrutural e a
percepção do estado físico da saúde (Mazo, 2008). Esse questionário faz
uma abordagem instrumental para uma compreensão ampla do processo
saúde-doença, das medidas preventivas e de seus efeitos sobre as pessoas
e a sociedade.

Como se percebe, a

Manutenção da capacidade funcional pode ter


importantes implicações para a Qualidade de Vida dos
idosos, por estar relacionada com a capacidade de
ocupar-se com o trabalho até idades mais avançadas
e/ou com atividades agradáveis (Rosa et. al.2003,
p.47).

Segundo Pereira et. al. (2002; p.24)

Os efeitos associados à inatividade e à má


adaptabilidade são muitos sérios, podendo acarretar
uma queda no desempenho físico, na capacidade de
reação, na coordenação, gerando processos de
autodesvalorização, insegurança, desmotivação e até
isolamento social e solidão.

Percebemos então que, além de influenciar componentes do domínio


físico, a melhora ou manutenção das capacidades funcionais influência

68
também a percepção da autoestima, do autoconceito, da ansiedade e
irritabilidade, mostrando assim ser mais uma ponte com os domínios
estudados na qualidade de vida.

Alleyne (2001), relata que é possível imaginar que há cinco principais


domínios da qualidade de vida: saúde e bem-estar, relações interpessoais,
comunidade e moradia, crescimento pessoal e dignidade e autoestima, ou
seja, segundo o autor, existem fatores que podem ser considerados internos
e externos às pessoas, da mesma forma que o processo de envelhecimento.

Mais sinteticamente, pode-se dizer que a qualidade de vida


apresenta-se sob dois grandes domínios: o domínio funcional e o domínio do
bem-estar.

No domínio funcional, são observadas as variáveis das capacidades


físicas (desempenho aeróbio, resistência, força, equilíbrio, flexibilidade e
tarefas básicas – andar, sentar-se, correr, carregar objetos etc.) das
capacidades cognitivas (memória, atenção, concentração, compreensão e
resolução de problemas), das atividades da vida diária (independência,
obrigações, relacionamentos, ações na comunidade, recreação, hobbies) e
da auto avaliação do estado de saúde (percepção de sintomas).

No domínio do bem-estar, encontram-se as variáveis de bem-estar


corporal (sentimentos de sintomas e estado corporal, presença de dor,
doença, energia/fadiga e distúrbios do sono), de bem-estar emocional
(estados positivos ou negativos de depressão, ansiedade, raiva/irritabilidade
e afeição), de autoconhecimento (percepção de si mesmo, de autoestima e
autocontrole) e de percepção global de bem-estar (capacidade de análise,
de relato e evolução da saúde e satisfação com a vida).

Percebe-se, então, que fatores socioeconômicos e demográficos


relacionados à saúde, bem como SOS fatores ligados às atividades sociais e
à avaliação subjetiva da saúde (Rosa et. al.,2003) são domínios comuns que

69
influenciam tanto na percepção das capacidades funcionais quanto na
qualidade de vida.

1.4 Qualidade de vida e atividade física

“A melhora da qualidade de vida é amplamente suficiente para


justificar a difusão da Atividade Física, ainda que não se
demonstre a capacidade de prolongar a vida”.

(Jarret, 1981)

A incidência e as repercussões da atividade física no organismo, tanto


em nível físico quanto psíquico, são muitas. Deve-se tentar manter, durante
o máximo de tempo possível, a autonomia física e mental, além de
conservar a saúde e as condições físicas e psíquicas. Para isso, é
necessário adquirir alguns hábitos de conduta e uma forma de viver que se
relacione com a saúde. Dentre esses hábitos, estão: hábitos alimentares,
tanto na qualidade quanto na quantidade; realização de atividades
gratificantes (atividade física, passeios, cinema, teatro, etc.); hábitos para
dormir (é mais saudável dormir no mínimo oito horas, que são necessárias
para o descanso do corpo);tomar o mínimo de remédios possível; ingerir
pouca quantidade de bebidas alcoólicas, não levar uma vida estressante etc.
Trata-se de melhorar a qualidade de vida; atualmente, fala-se muito disso. A
qualidade de vida de cada época é definida conforme os valores que cada
grupo social atribui à forma de viver. A sociedade está em constante
evolução, e as variáveis que definem a qualidade de vida de cada época
também evoluem. Estas dependem do que é definido como qualidade de
vida, isto é, dos valores culturais da comunidade em questão (GEIS; 2003).

Para saber que valores cada sociedade tem como primários ou


secundários, o autor faz referência à hierarquia de necessidades de Maslow.
Podem ser referidos quatro campos de indicadores descritivos da qualidade
de vida. São eles:

70
a) previdência social: inclui (a) a cobertura das necessidades materiais
biológicos do corpo, e seus indicadores são econômicos como renda
per capita, dietas alimentares (calorias/dia), e (b) as necessidades de
proteção, de previdência e de saúde, cujos indicadores são sociais;

b) Meio ambiente: inclui indicadores que também descrevem


aspectos de proteção, de segurança e de saúde assim que se vêm
afetados pela qualidade do ambiente urbano. Os indicadores desse
campo se referem à poluição, ao ruído, aos congestionamentos,
aos deslocamentos;

c) Ambiente social: inclui indicadores relacionados às necessidades


que Maslow denomina “pertença/amizade/afeto” e
“respeito/aprovação/amor próprio”. Esses indicadores se referem
ao número de relações com outras pessoas, número e facilidade
de associação, capacidade de influenciar decisões públicas que
atingem a vida cotidiana do individuo, grau de alienação no
trabalho, etc.

d) Ambiente psíquico: inclui indicadores sobre a necessidade de auto


realização ou de liberdade para o pleno desenvolvimento dos
talentos e das capacidades da pessoa. Esse campo possui
indicadores sociais e indicadores psicológicos como, por exemplo,
anomia, pressa, ócio, estilos de vida, alternativas em relação a
eles, facilidades de educação, etc.

Os meios de comunicação também são uma referência das


características que definem os valores de nossa época, ao mesmo tempo
em que diagnosticam os protótipos de conduta do homem de hoje: as
tendências, os interesses, as motivações, os hábitos imperantes e,
consequentemente, as vivências humanas da época em que vivemos. O
esporte, depois da política ocupa o primeiro lugar e é portador de alguns
valores que cada grupo social e cada época atribuem à forma de viver e a
seus costumes.

71
Atualmente, estão sendo atribuídos diversos valores ao esporte e à
atividade física, que afetam todos os grupos sociais: crianças, adolescentes,
adultos e idosos (GÉIS, 2003).

Oferece-se a cada um deles a possibilidade de praticar algum esporte


e/ou atividade física. O que determina a prática, mais que o tipo de atividade,
é o elemento motivador que faz com que a pessoa faça uma ou outra
atividade física. Enquanto na infância o que se busca é a aprendizagem e a
recreação, na adolescência, é o aperfeiçoamento e a competição. Já para o
adulto, o objetivo é a manutenção e a recreação, e para os idosos, por sua
vez. O objetivo PE mais utilitário: a prevenção, a manutenção, a reabilitação
e a recreação. Os motivos que fazem com que os idosos pratiquem atividade
física são diversos. O importante é que encontrem um interesse pessoal e
que tomem consciência da necessidade do exercício físico. Assim sendo,
estarão motivados e realizarão a atividade de forma periódica. A motivação
fará com que a atividade não seja abandonada, já que toda conduta humana
necessita ser motivada para que haja esforço e assiduidade na atividade
física.

Uma conduta é motivada quando produz algo que move o individuo a


comporta-se de determinada forma. Segundo Skinner (1986), a conduta
motivada reúne uma série de características e é produzida de forma cíclica.
Em primeiro lugar, um motivo ou um impulso é despertado. Esse motivo
pode nascer ou de necessidades fisiológicas, como fome, sede, instinto
sexual, sono, respiração, prevenção da dor, ou de necessidades
psicológicas e afetivas, como o desejo de companhia, de reconhecimento
social, de integração em um grupo etc. Em segundo, são apresentados
vários atos de conduta, durante os quais o organismo busca um meio de
satisfazer ou de seduzir o impulso, e, em terceiro, chega-se a um objetivo
pelo qual o impulso é reduzido ou acaba.

Há diversos aspectos que Incidem em uma melhora da qualidade de


vida por meio de uma prática esportiva ou de atividades físicas contínuas.
Embora, no nível fisiológico e biológico, seja comprovada a melhora dos

72
órgãos internos e das capacidades físicas, a prática esportiva influencia
também em diversos aspectos como ocupação do tempo livre, criação de
algumas obrigações a serem realizadas ao longo do dia, integração em um
grupo social etc. Essas são as razões que movem e motivam as pessoas
idosas a realizarem atividade física. Além disso, os benefícios que a prática
de atividades traz são imediatos.

Os estudos realizados sobre a prática de atividade física para os


idosos deixaram evidenciados os efeitos positivos de uma atividade motora
regular e contínua. Tais melhoras se refletem não só na capacidade de
resistência ao exercício e, portanto, ao esforço, que é determinada pelo
treinamento físico, como também nas capacidades intelectuais, com
vivacidade intelectual e estado de desenvolvimento psíquico superior à
media verificada nos idosos.

O âmbito da atividade física para os idosos está centrado em quatro


itens que são definidos nos seguintes termos: prevenção; manutenção;
reabilitação e recreação.

Está mais do que comprovado que a realização de atividade física,


exercício e esporte proporcionam não só uma vida saudável, como também
momentos de recreação. Por isso, os fatores que justificam por que e para
que atividade física foi reunidos em quatro grandes grupos ou aspectos. Os
três primeiros são: prevenção, manutenção e reabilitação, que podem ser
agrupados sob o conceito de bem-estar físico e saúde e que têm uma
finalidade basicamente utilitária. Um quarto grupo, chamado de recreativo,
englobaria os aspectos lúdicos, sociais e afetivos. Fala-se de uma atividade
que implique não só movimento, mas na qual existam relação, jogo,
comunicação, bem-estar, companhia, etc. Qualquer pessoa seja da idade
que for que realize atividade física o faz com que desses objetivos, ou para
melhorar e manter a saúde, ou para sentir bem, ocupar o seu tempo livre, o
qual redunda em um melhor bem-estar psíquico. Realizando atividade física,
atinge-se uma melhora física psíquica e socioafetiva. Tudo isso faz com que
a qualidade de vida melhore.

73
CAPÍTULO IV
ABORDAGEM METODOLÓGICA

Este é um estudo descritivo, exploratório, de base gerontológica,


sobre uma modalidade específica de hidroginástica realizada com idosos
com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade de vida e das
atividades da vida diária (AVD).

1. O Local

Este estudo foi desenvolvido no Centro Esportivo Municipal de


Caieiras, localizado a 32 km da cidade de São Paulo. Trata-se de um
complexo esportivo, oferecido pela prefeitura municipal de Caieiras, através
da secretaria de esportes, oferecendo de forma gratuita aos seus munícipes,
programas de lazer nas férias escolares, modalidades esportivas de
iniciação ao alto rendimento, Programa Esportivo e Lazer para Melhor Idade
(PELMI), com atividades físicas terrestres como caminhadas, alongamento,
dança de salão e vôlei adaptado. A atividade física aquática aqui trabalhada
não participa deste programa.

2. Sujeitos

A pesquisa foi desenvolvida junto a 100 sujeitos, 86% dos quais do


sexo feminino (86 mulheres; 13 homens e um que não se manifestou quanto
ao sexo), todos praticantes de hidroginástica. Cabe esclarecer que este
número de sujeitos não foi obtido por amostragem, uma vez que envolveu
todos os sujeitos que resultaram da aplicação dos critérios de
inclusão/exclusão descritos a seguir.

 Critérios de Inclusão:

74
 Não praticam outra atividade física;
 Apresentam encaminhamento de médicos, fisiatras,
fisioterapeutas;
 Apresentam dificuldades para realizar atividades da vida
diária (AVDs);
 Ter idade igual ou maior de 60 anos.

 Critérios de Exclusão:

 Praticam caminhadas, mesmo sem uma orientação


profissional;
 Não apresentam o encaminhamento médico, mesmo tendo
diagnóstico.
 Praticam há menos de um ano.

Optou-se por realizar a coleta de dados com as quatro turmas que


participam às terças-feiras e quintas-feiras pela manhã, especialmente com
a turma das 09h00, pois além de frequentarem as aulas há mais tempo, não
apresentam problemas com assiduidade, situação mais comum nas turmas
no período da tarde. (retirei o resto)
12
A “hidroginástica” é oferecida desde 1995 no Centro Esportivo
Municipal (C.E.M.), através da secretaria de esportes da cidade de Caieiras-
SP. É gratuita aos munícipes e, ao longo dos anos, vem apresentando
métodos e variações que, por não ser de interesse da investigação
realizada, não foram abordadas no capítulo II. As atenções foram
concentradas em duas peculiaridades que caracterizam esta atividade física
aquática: o perfil do profissional de Educação Física e o público que
frequenta o local.

12
Nesta década todas as atividades esportivas de base e lazer oferecidas no CEM, eram paralisadas
no período de dezembro á março, para que os professores pudessem atender a população em
atividades físicas aquáticas realizadas num total de cinco piscinas semiolímpica descobertas.
Atualmente a hidroginástica é realizada em piscina coberta e aquecida, havendo apenas uma
interrupção no ano, especificamente no mês de julho.

75
Sendo funcionária pública efetiva com especialização em Educação
em Saúde, Basquetebol de Iniciação ao Alto Rendimento e atleta profissional
atuante na mesma modalidade, ao receber o convite para ministrar aulas de
hidroginástica, surgiram duas preocupações iniciais: o conhecimento
específico sobre uma atividade física aquática voltada para qualidade de
vida (QV) e saúde e a metodologia a ser aplicada, pois se sabia que as
aulas de hidroginástica 13 se baseavam na demonstração constante de
exercícios coreografados e de alto impacto, o que não seria possível neste
caso pelas lesões osteomusculares crônicas e por processos inflamatórios
constantes, apresentadas pelo professor. Como o número de inscrições é
muito alto buscou-se saber quem eram essas pessoas e quais os motivos
que as levavam a ingressar nesta atividade física aquática. Foi quando veio
a surpresa: 70% deste público era composto por idosos que, na grande
maioria apresentavam problemas osteomusculares e processos
inflamatórios, sendo estes, encaminhados pela área médica.

Com estes dados iniciais buscou-se, através do conhecimento


empírico de tratamentos fisioterápicos como exercícios de propriocepção,
fortalecimento muscular, alongamentos passivos, a criação de uma
metodologia de aula que conseguisse atender melhor às necessidades dos
alunos e dar condições para que o professor conseguisse ministrar a
atividade. Com o entendimento e a sensibilidade dos problemas de saúde
apresentados, houve uma disponibilidade maior por parte do professor para
oportunizar os testemunhos dos alunos e promover uma reflexão crítica
sobre como melhorar a “hidroginástica” oferecida para aquele público.

Paralelamente à aplicação das aulas no C.E.M. foram realizadas


leituras e observações de aulas de hidroginástica em academias e clubes,
além de inúmeras participações em convenções nacionais e internacionais e
cursos e capacitações em hidroginástica com o objetivo de sanar todas as
dúvidas e buscar o conhecimento específico desta atividade física aquática.

13
Apresentaram-se pequenas capacitações de hidrofitness e hidroaeróbica aos professores. Variante
da hidroginástica mais utilizada no Brasil naquela época.

76
Verificamos, no entanto, que a literatura referente a esta área é
relativamente escassa, principalmente quando relacionada a um público
específico, neste caso o idoso. As inovações dos métodos 14 apresentados a
cada ano sempre enfatizam, na sua maioria, os rendimentos físicos que a
hidroginástica proporciona; elas pouco mencionam as adaptações ou
precauções quando aplicados em idosos. A falta de variação e objetividade
nas aulas observadas, por seguirem padrões de aulas de ginástica terrestre
ou enfatizarem de forma exagerada a questão lúdica e social do idoso,
revelou um quadro marcado por um grande paradoxo entre a “hidroginástica”
que estava sendo ministrada no C.E.M. e a hidroginástica proposta por
grandes profissionais da área. Podemos exemplificar inicialmente a questão
do número de alunos por turma que é cinco vezes maior que em qualquer
outro local, pois utiliza toda a extensão de uma piscina semiolímpica (25m),
comportando num total de 100 alunos por turma.

A certeza da necessidade de criação de um método diferenciado de


hidroginástica, que pudesse atender as necessidades gerais do público
Caieirense, foi ganhando os contornos de uma reflexões mais críticas aos
métodos e aulas apresentados ao longo dos anos, substituindo
gradativamente as angústias e frustrações acumuladas pela falta de
esclarecimento e entendimentos não obtidos sobre as dúvidas e dificuldades
apresentadas no desenvolvimento da hidroginástica para idosos. A título de
ilustração destas angústias cabe mencionar uma apresentação de aula
coreografada progressiva, utilizando o método da AEA, em convenção
internacional; nela justificou-se que este tipo de aula aplicada para idosos
traria benefícios de memória e raciocínio, sendo negligenciados a escolha
dos movimentos utilizados e o número de repetições (neste caso os saltos e
saltitos). Ao término da aula, através de uma observação crítica,
contabilizou-se o seguinte: para cada tipo de salto e/ou saltito unilateral,
repetiu-se em média 52 vezes para 10 variações do movimento, que ao
finalizar a coreografia totalizou-se 206 saltos e/ou saltitos realizados em 5
min. Assim, em 45 minutos de aula, chegamos a um número aproximado de
14
No Brasil o método da AEA é o mais utilizado.

77
1145 repetições de um mesmo movimento. Todos os argumentos
apresentados foram insatisfatórios, uma vez que as alegações não
condiziam com os métodos apresentados.

Assim, foram muitos experimentos até conseguir criar um método de


atividade física aquática que se adequasse com as estruturas físicas do
local, o número de participantes, o material disponível e as condições físicas
do professor.

Não podemos dizer que esta atividade física é simplesmente mais


uma variante da hidroginástica, pois utiliza técnicas de hidroterapia,
exercícios terapêuticos, gestos de modalidades esportivas coletivas com
bola, utilização de materiais alternativos, como meias de futebol de campo,
toalhas de rosto, bastão (feito de PVC), bolas de frescobol e iniciação
esportiva e bexigas, além das variantes da hidroginástica adaptadas para
este público. Há uma conexão constante entre as três atividades aquáticas
mencionadas acima, motivo pelo qual se conceituou, no capítulo II, item
2.5, que abordagem varia de acordo com as patologias apresentadas pelo
sujeito e com os objetivos propostos pelo professor.

As aulas são oferecidas duas vezes por semana com duração de 45


minutos e um intervalo de 15 minutos entre uma aula e outra com média de
100 alunos por turma, totalizando 700 alunos distribuídos em sete turmas,
quatro no período da manhã (07h00) e três no período da tarde (14h00).
Para aqueles que não conseguiram suas vagas para participar durante a
semana, aguardando desistência para encaixe e/ou atendendo aqueles que
por algum motivo não conseguem participar durante a semana são
oferecidas, aos sábados, duas turmas no período da manhã. Há duas
pausas obrigatórias durante o ano: nos meses de julho e janeiro, período em
que os alunos aumentam suas ausências devido às férias escolares. A
frequência é controlada de forma rigorosa, 15 por um funcionário específico

15
O aluno não poderá ter quatro faltas injustificadas no mês. Caso contrário o mesmo perde a vaga
sendo incluindo em lista de espera. Todas as faltas deverão ter apresentação de atestados, exames,
e ou comparecimento para relatar problemas pessoais.

78
para a função. A equipe de profissionais é composta por uma coordenadora,
duas professoras, três salva-vidas e um estagiário.

A musicalidade está presente em todas as aulas, sendo esta


adaptada segundo as recomendações da SPPEDO e AEA, citadas no
capítulo 2 (2.3.1 e 2.3.2) onde as músicas não ultrapassam 136bpm e traz
estilos musicais mais antigos. Referentes às variantes de hidroginástica são
utilizadas: hidrosport (Yázigi, 2000) ou aqua-sport (Barbosa e Queirós,
2005), mas neste caso são apresentados apenas os gestos básicos das
habilidades específicas de modalidades coletivas com bola na mão, como
basquete, vôlei e handebol onde o objetivo é desenvolver as capacidades
motoras de forma lúdica com música e não como recuperação de
treinamento de alto rendimento como é proposto pelos autores acima. O
water kickboxing (Yázigi, 2000), aqua-combat (Barbosa e Queirós, 2005) ou
kickboxing aquático (AEA, 2001) que agrega várias técnicas de diversas
modalidades em artes marciais não são utilizadas no CEM, mas aplica-se o
kung-fu estilo Shaolim, que é uma arte marcial compostas por katis16 com ou
sem armas, além de aplicações e combates. Utilizam-se apenas as defesas
básicas, posições, socos e chutes. Assim podemos dizer que utilizamos este
método apenas para efeito de caracterização da modalidade. O deep-water
(Yázigi, 2000; Barbosa; Queirós, 2005) ou condicionamento em água
profunda (AEA, 2001), sofre várias adaptações para sua utilização: as aulas
são desenvolvidas obrigatoriamente em dois grupos, ministradas por duas
professoras com metodologias diferentes, onde alunos que não dominam a
17
flutuação utilizam a parte mais rasa da piscina, dando ênfase aos
movimentos que busquem a melhoria da flutuabilidade e o outro grupo
utiliza-se a parte mais funda da piscina, já com o domínio da flutuação,
dando ênfase nos exercícios de fundamentos corrida, caminhada e
batimentos de pernas do nado crawn e costas. Ambos os grupos só utilizam

16
Terminologia utilizada pela denominar uma sequência de movimentos, na sua maioria retiradas de
gestos de animais como serpente, dragão, macaco, tigre, louva-deus.
17
Para a hidroginástica não há necessidade de saber nadar, mas para este tipo de aula se faz
necessário que o aluno consiga flutuar e/ou nadar, devido ao tipo de material utilizado.

79
um equipamento que promovem a flutuabilidade, o tubo aquático
(espaguete).

As “aulas temáticas” apresentadas no CEM, também apresentam


algumas particularidades, por visarem o resgate da cultura nacional e dos
valores sociais e não só as questões lúdicas e recreativas Entram no
planejamento mensal e são organizadas antecipadamente uma vez que há
uma confraternização com comes e bebes após o término da aula. Assim
durante o ano temos: a marchinha de carnaval aquática, quadrilha aquática,
rodas cantadas, danças folclóricas e serenata natalina aquática.
Ressaltando a importância das relações sociais, todas as turmas antes de
iniciar suas aulas permanecem 15 minutos dentro da água, interagindo com
seus colegas e com integrantes de outras turmas.

A elaboração do planejamento das aulas é feita de forma semestral,


levando em torno de 30 dias, para sua finalização, uma vez que através das
dificuldades que os alunos apresentam se faz necessário, um estudo
minucioso dos exercícios a serem aplicados nas aulas, todos eles testados
pelas professoras na água. Além disto, a escassez de materiais (devido à
grande demanda) levou a criação de materiais alternativos que possam
substituir e ou acrescentar um benefício ainda maior nas aulas, além de
trazer um aumento no grau de motivação dos alunos. A identificação dos
problemas apresentados pelos alunos para que as aulas pudessem trazer de
uma forma geral um benefício a este público, se fez primeiramente
oralmente, hoje já é possível esta identificação através da cor da toquinha
que os mesmos utilizam, facilitando a observação dos professores. Assim de
acordo com as turmas, as metodologias e métodos de aulas vão sofrendo
alterações de acordo com a predominância das cores que se apresentam
nas turmas.

3. Estudo “piloto”

80
Com a finalidade de testar o instrumento de coletas de dados e para
agilizar a coleta, uma vez que seria aplicado no ambiente da atividade física
aquática, o mesmo foi aplicado junto a 23 alunos: dois do horário das 07h45,
quatro do horário das 08h45, 13 alunos do horário das 09h45 e quatro do
horário das 10h45. Este teste foi precedido de autorização do órgão
responsável pelo local. Os dados obtidos no estudo piloto não foram
incluídos nos resultados apresentados nesta pesquisa, mas contribuíram
para aperfeiçoamentos no instrumento.

4. Coletas dos dados

4.1. Operacionalização da coleta de dados

A coleta de dados foi realizada após aprovação do Comitê de Ética


em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica e da secretaria de esportes
da cidade de Caieiras (Anexo 1).
O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Apêndice 1),
em que estavam descritos os itens relativos aos aspectos éticos da
pesquisa, devidamente respeitados, foi assinado por todos os colaboradores
que se dispuseram a participar da pesquisa. O TCLE dava garantias quanto
ao fornecimento de informações a respeito da atividade física aquática
praticada no período diurno, da manutenção do anonimato dos
colaboradores e da utilização dos dados apenas para finalidade científica.
Os dados foram coletados mediante uma busca ativa. Primeiramente,
levantou-se o número de alunos com maior assiduidade nas aulas, totalizou
295 alunos. Destes foram excluídos 64 alunos que praticavam outro tipo de
atividade física (critério de exclusão) e 65 alunos por não terem
encaminhamento médico (outro critério de exclusão). De uma terceira lista
foram excluídos 66 alunos que não tinham dificuldade em realizar as AVD.
Chegou-se, assim, ao total de 102 sujeitos.

81
No contato inicial esclareceu-se que, caso eles aceitassem colaborar
com o estudo, deveriam comparecer normalmente nas aulas mantendo a
assiduidade e que a coleta de dados seria feita fora do ambiente de aula
antes ou após o seu término. Foram igualmente informados que seriam
sorteados 15 alunos para uma etapa da investigação (entrevista). O local
para a coleta de dados foi um jardim localizado no complexo esportivo.
Muitos alunos que foram excluídos ou que não se enquadravam ao perfil
insistiram em querer colaborar com a pesquisa. Muitos se sentiram felizes
pela oportunidade de falar sobre a atividade física aquática, outros choraram
ao lembrar como chegaram ao local, relatando suas dificuldades de viver o
dia-a-dia. Ainda assim, a grande maioria “abençoou” o local e a professora
pela oportunidade de estarem ali participando daquela atividade.

4.2. Instrumento de Coletas de Dados

A coleta de dados foi norteada pelos objetivos da investigação e teve


um caráter quanti-qualitativo. Foram elaborados dois questionários
estruturados especificamente para este estudo (Anexos 2 e 3) para coletar
os dados quantitativos. O primeiro foi preenchido pelos alunos e alguns por
um profissional da mesma categoria que contribuiu para a coleta de dados
de forma voluntária.
Inicialmente aplicou-se para todos os alunos um questionário
composto por sete itens: na primeira parte por questões que abordavam o
perfil do sujeito (estado civil, grau de escolaridade, profissão entre outros); a
segunda parte contemplava problemas de saúde, atividades de lazer,
dificuldades em realizar AVD e encaminhamento médico.
Por outro lado, considerando igualmente os objetivos da investigação,
foram realizadas entrevistas individuais. Estas entrevistas responderam pela
parte qualitativa da investigação. As entrevistas, feitas junto a 15 sujeitos,
foram previamente agendadas, não havendo nenhuma preleção sobre os
assuntos a serem abordados, para manter a autenticidade das respostas.

82
Foram abordadas três questões referentes às melhorias nos aspectos
sociais, psicológicos, físicos, existenciais e biológicos após um ano de
participação da atividade, sua contribuição para a QV e os motivos da
escolha pelo local praticado. Quanto à QV, cabe explicitar que o interesse
central recaiu sobre as concepções presentes entre os sujeitos, escapando,
portanto, de protocolos consagrados.
Todos os alunos compareceram conforme seu agendamento, mesmo
não participando das aulas por motivos pessoais.

4.3. Variáveis Consideradas

Foi analisado o perfil dos sujeitos através do questionário por 15 itens.

 Faixa etária;
 Sexo;
 Estado civil;
 Escolaridade;
 Ocupação profissional;
 Aposentadoria;
 Renda mensal;
 Empréstimo;
 Moradia;
 Situação na família;
 Local de nascimento;
 Local de origem;
 Bairro que reside.

4.4. Tratamento dos dados

83
Os dados resultantes da aplicação do questionário foram digitados e
tabulados primeiramente no programa Microsoft Office Excel 2007.
A seguir, foi realizada a análise dos dados através da utilização do
programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) for Windows
versão 10.0.
Este procedimento contou com a assessoria de uma profissional em
estatística.
As variáveis quantitativas para este estudo foram apresentadas de
forma estatística básica descritiva.
No que tange às entrevistas individuais, a análise dos dados pautou-
se pela técnica da Análise do Conteúdo 18 (Bardin; 2009). Escolheu-se este
instrumento não só por ser um instrumento, mas por ser “leque de
apetrechos; ou, com maior rigor, um único instrumento, mas marcado por
uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação
muito vasto: as comunicações”.

Através deste procedimento de análise foi possível compreender as


falas dos sujeitos envolvidos no processo e, consequentemente, realizar a
análise das respostas dos entrevistados. A categorização, realizada a partir
de Bardin, facilitou a análise das respostas e dos significados das mesmas.

18
É um conjunto de instrumentos metodológicos que se aperfeiçoa constantemente e que
se aplica a discursos diversificados, principalmente na área das ciências sociais, com
objetivos bem definidos e que servem para desvelar o que está oculto no texto, mediante
decodificação da mensagem (Bardin, 2009)

84
5. RESULTADOS

Os resultados deste estudo estão apresentados em forma de gráficos.


Participaram do estudo cem indivíduos agrupados em três faixas etárias: de
60 a 69 anos (68%), de 70 a 79 anos (31%) e um indivíduo de 81 anos (1%).
O gráfico 1 demonstra a distribuição dos participantes nestas três categorias.

Distribuição dos Sujeitos por Faixa Etária


(%)
68

31

60 - 69 70 - 79 80 - 89

Idade

Gráfico 1:Faixa etária

Dos 100 indivíduos que participaram da pesquisa, mais de 80% eram


do sexo feminino (86%) e 13% do sexo masculino, sendo que um dos
participantes não respondeu. A ilustração a seguir demonstra a maior
proporção de participantes femininas (gráfico 2).

85
Distribuição Percentual dos Sujeitos por
Sexo
100
90
80
70
60
50
40 86 100
30
20
10
0 1
13
S/R
feminino
masculino
Total

Gráfico 2:Sexo

Distribuição dos Sujeitos por Estado Civil (%)

Total 100

viúvo 35

solteiro 9

divorciado 10

casado 46

Gráfico 3: Estado Civil.

86
Distribuição dos Sujeitos por Nível de
Escolaridade
1° grau completo 1° grau incompleto
2° grau completo 2° grau incompleto
nível superior completo

6% 14%

28%

41%

11%

Gráfico 4. Escolaridade.

Dos sujeitos da pesquisa, cerca de ¾ são aposentados (85%); apenas


15% afirmaram não terem ser aposentado como mostra o gráfico 5.

Recebem Aposentadoria
não sim

15%

85%

Gráfico 5. Aposentadoria.

87
Com relação a renda mensal dos participantes, mais de 50% recebem
entre 1 e 2 salários mínimos 19 (1 salário=28% e 2 salários=27%), seguido de
18% com 3 salários e 24% com 4 salários ou mais, sendo que 3%
responderam que não possuem renda mensal. Na ilustração é possível
observar a maior distribuição nos extremos, ou seja, entre os indivíduos com
1 e 2 salários e 4 ou mais salários mínimos.

Renda Mensal Declarada, em Salários


Mínimos (%)
28 27
24
18

1 SM Mais de 1 a 2 3 SM 4 Sm ou Mais Sem Renda


SM

Gráfico 6. Renda Mensal.

Cerca de 80% afirmaram que residem com familiares, contra 21%


(quase ¼) que não residem.

19
À época da investigação o valor do Salário Mínimo era de R$ 545,00.

88
Condição de Moradia (%)
Mora com a
Família
21%

Outra Condição
de Moradia
79%

Gráfico 9. Moradia

Quando questionados sobre a posição que ocupam na família,


aproximadamente 3/4 afirmaram responsáveis (chefia) por ela; seguem-se a
condição de mãe, que correspondem a ¼ da amostra. Os demais se
distribuíam entre as situações de pai (5%), avós (4%) e bisavó (1%).

Situação na Família

bisavó 1

avó/avô 4

Mãe/Pai 26

Responsável 69

Gráfico 10. Situação na Família

89
Mais de 80% da amostra informou que reside em imóvel próprio,
seguido de indivíduos que moram com o filho (10%), moram em imóvel
alugado (5%) ou com um familiar (1%) como representado na ilustração a
seguir.

Tipo de Moradia
84

11
5

Alugada Filho (a) ou Irmão Própria


(ã)

Gráfico 11. Participantes por Tipo de Moradia.

Quando questionados sobre se residem no município desde que


nasceram, mais que o dobro dos participantes que responderam sim (31%),
afirmaram que não (69%).

90
Local de Nascimento

No município
31%
Em outro lugar
69%

Gráfico 12.Local de Nascimento

Quase ¾ dos participantes nasceram no estado de São Paulo (70%),


o restante está distribuído em vários estados de origem como mostra o
gráfico 9, mas 9% não informou.

91
Local de Nascimento
Ignorado 8
Sergipe 2
São Paulo 70
Rio Grande do Norte 1
Piauí 1
Pernambuco 2
Paraná 2
Paraíba 1
Minas Gerais 5
Ceará 1
Bahia 6
Alagoas 1

Gráfico 13.Local de Origem

A maior parte dos participantes reside no Centro (47%), seguido pelos


que vivem em Laranjeiras (14%) e Serpa (12%); os demais estão
distribuídos em outros bairros do município.

92
Bairro em que Reside
47

27
14
12

Centro de Laranjeiras Serpa Bairros de


Caieiras Outros
Municípios

Gráfico 14. Bairro que Reside.

Distribuição dos Sujeitos por Ocupação.


Fonte: Geografia do Trabalho no Brasil.

Trabalhadores não
3% remunerados/não agrícolas
8%
15% Profissionais Assalariados
49%
Trabalhadores Assalariados
25%
Trabalhadores Domésticos

Trabalhadores Autônomos

Gráfico 14. Ocupação profissional

O gráfico 14 demonstra as diversas ocupações dos participantes, sendo que


a metade deles não exercem atividade remunerada, tendo respondido “do
lar” (49%). Nota-se o predomínio de atividades de nível de escolaridade
correspondente ao 1º grau.

93
6. DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A predominância do sexo feminino registrada na investigação


realizada repõe algo muito presente em outros programas – públicos e/ou
privados – destinados à chamada Terceira Idade. Pensada a partir da maior
esperança de vida das mulheres, esta predominância supera, em muito, o
diferencial (absoluto e relativo) de homens e mulheres idosos. A maior
participação das mulheres em práticas e programas que objetivam conferir
qualidade de vida aos anos vividos na condição de idoso não apenas
encontra-se presente na literatura disponível, como tem sido objeto de
indagação aos que dedicam ao estudo da velhice e do processo de
envelhecimento. Assim sendo, não se trata apenas do que é denominado de
“feminização” da velhice, mas de uma maior participação das mulheres
idosas em atividades extradomiciliares.

Quanto à idade, na pesquisa realizada ela variou, entre as mulheres,


de 60 a 89 anos de idade, sendo que a maior proporção situava-se na faixa
etária de 60 a 69 anos.

Em termos demográficos cabe lembrar que, retomando investigações


e dados disponibilizados por importantes institutos de pesquisa (IBGE, IPE e
Fundação SEADE, entre outros), mais da metade da população de mulheres
idosas vivem nos países em desenvolvimento: são 198 milhões contra 135
milhões nos países desenvolvidos (Jacob, 2006).

Em praticamente todo o mundo a expectativa de vida média das


mulheres supera a dos homens em até uma década. Apreendida a partir nas
faixas etárias incluídas na categoria “idosos” o que se verifica é um aumento
da distância entre a sobrevida de homens e mulheres; distância que chega a
cinco mulheres para homem entre os nonagenários e centenários.

Dessa realidade – maior demanda de condições para o conforto de


mulheres, em relação à dos homens idosos, ao lado de uma nítida
“feminização” das ações dirigidas a este perfil etário (Jacob, 2006) –

94
resultam situações peculiares e que exigirão respostas sociais rápidas e
eficazes.

Com relação à posição que ocupam na família, os resultados nos


mostraram um dado muito interesse: 3/4 afirmaram que chefiam suas
famílias o que corresponde a 69% dos sujeitos, seguidos de 21% que dizem
ter apenas o papel de mãe na sua família. Se analisarmos os dados
referentes ao gênero podemos dizer atualmente a mulher idosa responde,
em grande parte, pela chefia de famílias. Estes dados também revelam
alterações nos arranjos familiares e nos papéis desempenhados na família
na medida em que vamos envelhecendo. De acordo com Zimerman (2000),
os papéis vão se modificando e a relação de dependência torna-se diferente.

Para Andolfi,

a família é um sistema ativo em constante


transformação, ou seja, um organismo complexo que
se altera com o passar do tempo para assegurar a
continuidade e o crescimento de seus membros
componentes (1983, p.74.).

Podemos dizer, concordando com Zimerman (2000), que a família de


antigamente tinha papeis mais rígidos, mais demarcados, mais estáveis e
definidos, com maior grau de hierarquização, enquanto que a família de hoje
é mais dinâmica e flexível, com hierarquia menor e papéis que mudam com
mais facilidade.

No que tange à religião dos sujeitos, temos uma predominância de


católicos praticantes (97%). Este fato pode ser justificado por dois fatores:

a) 31% dos sujeitos nasceram na cidade que teve sua emancipação


em 1958 e que tem Santo Antônio como padroeiro. Isso justificaria
o elevado número de católicos. Neri (2008) enfatiza este quadro
dizendo que esta possibilidade não deve ser descartada, pois a
religiosidade também é um fenômeno cultural, que se delineia de
diferentes formas para diferentes coortes. Segundo esta autora,

95
os velhos atuais são mais religiosos do que os jovens, porque se
desenvolveram num contexto em que era normativo ter que
professar uma religião. Não é difícil admitir que a religiosidade dos
idosos se deva mais a um efeito coorte, que os colocou
precocemente frente a preceitos e práticas desta religião, do que
a um efeito de desenvolvimento da personalidade ou da busca de
novos recursos adaptativos na velhice.
b) O segundo fator é histórico: a cidade foi construída em torno de
uma fábrica de celulose (atualmente Companhia Melhoramentos),
sendo considerada “cidade dormitório”; nela, as atividades de
lazer são, até hoje, muitos escassas por estar situada na Região
Metropolitana de São Paulo (Peres, 2008). A religião pode ser
uma fonte de significado, assim como a arte, a filosofia, a ciência,
o senso de crescimento pessoal, a música, o altruísmo e virtudes
como a verdade, a bondade, a justiça, a caridade, as tradições e a
cultura (Neri; 2008).

Assim sendo, a solução de problemas da existência mediante a


espiritualidade e a religiosidade ajuda, muitas vezes, a explicar a ocorrência
de bem-estar subjetivo de idosos, apesar da fragilidade, do declínio, das
perdas e do estresse que os acometem (Fortes 2005). Espiritualidade e
religiosidade permitem atribuir sentido ou ordenar o caos e o acaso que
muitas vezes parecem dominar a existência humana. Nesse sentido, aliviam
a ansiedade e dão segurança para as pessoas que compartilham seus
significados (PREST E KELLER, 1993).

Em relação à aposentadoria, foram poucos os sujeitos “ativos”, ou


seja, que exercem alguma atividade laboral (15%); 85% afirmaram estar
aposentados. Segundo Géis (2003), a aposentadoria implica uma mudança
fundamental para o idoso: os pontos de referência que tinha até o momento
da aposentadoria variavam; com a aposentadoria, o idoso experimenta
mudança importante, expressa através da menor entrada de recursos. Na
pesquisa realizada, 55% dos sujeitos ganham atualmente entre um e dois

96
salários mínimos por mês e 27% tem empréstimo consignado em bancos.
Esta mudança – muitas vezes compulsória – é difícil de ser superada e
aceita, podendo desencadear crises, depressão, estresse e situações de
tristeza, de solidão e, em geral, de abandono. A reação à aposentadoria
varia de pessoa para outra, dependendo também de suas condições sociais.
Harighurts (apud Géis, 2003) nos mostra três etapas na adaptação dessas
pessoas à nova situação: na primeira etapa, elas dominam os sentimentos
de frustração e de ansiedade, e poucas são as pessoas que se alegram com
ela; na segunda etapa, a pessoa tenta buscar ansiosamente um novo papel
social; na terceira etapa, tende a ser produzida a estabilização no novo
papel encontrado.

São dados importantes para que as pessoas, de qualquer nível social,


cultural e econômico, sejam capazes de prevenir os problemas com os quais
podem deparar-se ao envelhecer e de superá-los da melhor maneira
possível, aproveitando a experiência adquirida ao longo de toda a vida e
tentando tirar o melhor proveito das coisas positivas que o mundo oferece.
Deve-se levar em conta que a partir da aposentadoria haverá muito tempo
livre, sendo necessário ocupá-lo com atividades formativas gratificantes
física e psicologicamente (GÉIS, 2003).

No entanto, o que se observa é que a condição de “total liberdade”


dos aposentados na utilização do tempo para a realização de atividades de
lazer que cercaria a vida dos idosos ou desde que delimitasse o número de
suas obrigações, nem sempre é verdadeira (CÔRTE ET. AL., 2006).

Os dados dessa pesquisa mostram que apenas 18% dos sujeitos


praticam atividades de lazer turísticas e 5% praticam atividades culturais.

Não podemos esquecer que o conceito de lazer e a(s) atividade(s)


“escolhida(s)” pelo idoso depende do significado e da relação que ele dá a
ambos. Côrte et. al. (2006) dizem que os hábitos que o caracterizaram ao
longo da sua história de vida e os conceitos que englobam a ideia que ele
faz do que é “lazer”, conformam o espaço semiótico da sua escolha e a

97
aceitação do novo “tempo de vida”. Os dados obtidos ilustram esta situação:
49% dos sujeitos participam de atividades de lazer associativas; a cultura e
religiosidade da cidade exercem uma forte influência na “escolha” destas
atividades e a delimitação exercida há anos para novos espaços de lazer
para os idosos estimulando, muito vezes, uma postura de desinteresse em
praticar outras atividades de lazer que antes não eram tidas como principais
(teatro, cinema, museus etc.).

Alguns estudos na área da epidemiologia da Atividade Física (AF)


mostram que adultos mais velhos são menos ativos que os adultos jovens e
que as mulheres mais velhas são menos ativas que os homens mais velhos
(KAMIMOTO ET. AL., 1999).

Isto faz sentido quanto nos deparamos com uma população idosa
que apresenta inúmeros problemas de saúde, na maioria, doenças crônico-
degenerativas ou cardiovasculares que poderiam ser evitadas e/ou
retardadas se a prática regular da atividade física estivesse presente. No
que diz respeito às condições de saúde, 93% dos sujeitos apresentam
problemas; destes, 49,5% apresentam doenças crônico-degenerativas e
28% cardiovasculares.

Sem alternativas, os idosos iniciam tardiamente a prática da atividade


física (neste caso, a aquática), objetivando reduzir as dores e as limitações
que as mesmas causam nas AVDs.

Pelas falas dos sujeitos percebemos que um dos motivos que levaram
a escolher o local (C.E.M.) foi à recomendação da área médica:

“Foi mandado pelo médico, pois ele falou que era o único
jeito de melhorar a dor [...]”

“[...] fui mandado pelo médico [...]

“[...] o doutro Paulo falô que Caieiras oferece muita coisa


para nóis e que uma delas é a hidroginástica [...}”

98
“[...] Minha reumata falou que eu não posso parar porque
senão eu vou sentir muitas dores no corpo.”

Com a preocupação de desenvolver uma atividade física aquática que


pudesse atender as necessidades físicas e psicossociais dos idosos, como
já explanado no capítulo II, podemos observar que eles têm esta percepção,
uma vez que já experimentaram esta atividade em situações anteriores:

“Ah!! É porque aqui é o único que eu conheço que faz este


tipo de ginástica;eu tinha colegas que faziam né,aí o médico
sempre me orientando pra eu fazer aqui,daí eu fiz.”

“[...] eu sempre ouvia falar bem desta professora, das aulas


de hidroginástica daqui [...] inclusive tenho boas referências”

“Bom eu sempre, faz muitos anos que eu faço, né;já fiz na


Relevê,já fiu pra Franco da Rocha,depois parei uns
tempos,comecei a andar,mais eu não posso andar porque
eu tenho artrose na coluna ,aí eu fiz minha carteirinha[...]
aqui é 10”

O fator “distância” mostra que quanto mais próximo o local para


prática da atividade física aquática, maior será a possibilidade de adesão
dos idosos. Cabe ressaltar que para 68% dos sujeitos o ônibus 68% é o
meio de locomoção mais utilizado para se chegar ao local:

“ É porque eu moro aqui no centro, e é o lugar mais próximo


que eu podia praticar essa atividade”

“[...] Moro aqui pertinho na Vila dos Pinheiros, é bem mais


fácil”

“É porque em Laranjeiras onde eu moro não tem né; então


mais perto é aqui; apesar que lá tem duas piscinas mas ta lá
assim as moscas e o prefeito não faz nada[...]”

99
Diogo et al.(2009) refere que a prática regular de atividade física
beneficia variáveis fisiológicas (aumento da força muscular, do fluxo
sanguíneo, amplitudes dos movimentos, manutenção da densidade óssea,
redução dos fatores que causam quedas etc.), psicológicas (melhora da
estética corporal, autoestima, autoimagem, diminuição da ansiedade e
depressão etc.) e sociais (maior integração, inserção em um grupo social e
socialização); enfim, variáveis associadas com a melhora da saúde e com a
redução da morbidade e mortalidade dos idosos.

Podemos ressaltar este quadro através das falas dos sujeitos quando
questionados sobre as melhorias percebidas através da atividade física
aquática após um ano de sua participação. Percebeu-se que quando há
pausa na atividade física aquática, a intensidade das dores aumenta,
trazendo desconforto físico diário para os idosos.

“Melhorou bastante viu!!!!porque eu tinha coluna torta,bico


de papagaio e muitas dores né? e quando a gente entra de
férias a gente sente muita falta da piscina da hidro.[...] é que
eu tenho bursite e melhora bastante .É um local muito bom.”

“Ah!!! Melhorou bastante; tipo...ah!!!justamente a parte da


coluna né ,que não sinto muita dor né, geralmente quando
eu tomava remédio depois de um tempo que eu comecei a
fazer ,nem remédio eu tomo mais, alías as vezes eu tomo
quando eu nas férias eu sinto falta aí preciso tomar alguns
remédios para aliviar a dor né É aquela dorzonha assim
né!!!!e quando eu estou fazendo não tenho dor nenhuma.”

 Benefícios nos aspectos sociais:

“Eu tenho encontrado mais assim... o pessoal conhecido,


outros não conhecido também, a gente acaba criando
amizade dentro da piscina e fora dela também.”

100
“ Melhorou também a auto estima que a gente fica mais
ativo,eu era muito tímida e agora eu to mais solta”

Percebe-se que além do benefício social, as atividades de lazer são


enriquecidas pelas pessoas que praticam atividades manuais:

“Ah!!! Foi muito bom porque a gente conversa bastante


gente, de trocar os nossos crochês, nossos tricôs, receitas, é
muito bom!!!”

 Melhorias percebidas quanto à ansiedade e depressão:

“Pra mim ajudou bastante; que eu tenho depressão, muitos e


muitos anos eu tomo remédio; contínuo de depressão, mas
isso daí ajuda muito abre a mente da gente, né [...] venho
pra cá [...] então não dá brecha pra coisas ruins [...] a gente
se comunica, pessoal legal, é bom estar aqui.”

“A gente sai daqui bem com a mente leve, porque eu era


muito assim depressiva, faz a atividade é bom para mim”

“ [...]Eu tenho muita ansiedade e quando eu pratico atividade


aqui eu sinto que eu acho que minha ansiedade melhora
100%.”

 Diminuição no uso de medicamentos exames:

“Eu creio que melhorou também, porque você vê, eu não


uso remédio pra pressão ,diabetes, porque eu tenho
problemas de diabetes; eu creio que com a ajuda daqui, não
precisei tomar mais remédio”

101
“ Ah!!,tinha gastrite; a gastrite foi embora, gastrite nervosa eu
acho, eu passei no médico esses dias ele disse que não
precisa fazer endoscopia nada, graças a Deus, eu tinha uma
dor ..eu acho que era nervoso viu!!!era não eu tenho certeza,
de 2006 pra cá eu fiquei radiante ,eu fiquei outra Zezé, até
as roupas que eu compro agora é tudo colorida.”

“Então eu tenho colesterol, diabete e triglicérios, né ...


negócio de pressão alta, melhorou também minha diabete
fica naquele equilíbrio, porque também eu não tomo remédio
mais, controlei minha alimentação [...]”

Para esta pesquisa optou-se por não utilizar nenhum instrumento


específico para medição da qualidade de vida dos sujeitos. Concordando o
pensamento de Neri (2008) que para avaliar qualidade de vida consiste em
comparar as condições disponíveis com as desejáveis, os resultados serão
expressos justamente por índices de bem-estar, prazer ou satisfação e
desejabilidade. Ainda assim, são afetados por valores e expectativas
individuais e coletivas dando origem a investigações em torno de indicadores
subjetivos, tais como saúde percebida, satisfação com a vida e perspectiva
para o futuro. Um fator determinante que contribui para a escolha desta
ferramenta de medição foi a presença do grau de escolaridade muito baixo
onde 55% do total dos sujeitos apresentaram apenas o 1º grau e desde 14%
não completaram, o que poderia comprometer os resultados da pesquisa.

 Melhorias percebidas nas atividades da vida diária (AVD):

“Ah!! Em todos os sentidos né!!!,disposição, sou uma pessoa


mais descontraída[...]antigamente pagava pessoas pra
limpar minha casa e hoje além de diminuir minha casa que
só é eu e meu esposo hoje não pago mais a pessoa pra

102
limpar.eu mesma faço o serviço da minha casa, que limpar
azulejo em cima do armário, antes não dava eu pagava”

“[...] Eu era muito ansiosa, nervosa, então ela acalmou bem


a gente; tudo, tudo!!! Assim agachar, levantar, subir
escadas, nas articulações.”

“Olha várias atividades que eu tinha que fazer movimentos


no meu braço eu fazia com dor, mas estes dias que eu voltei
com regularidade nas aulas já to fazendo e não tenho dor
pra mexer e diminuíram as dores e também no meu estado
psicológico saio daqui animada, mais feliz bate papo é muito
boa, a minha médica me deu parabéns porque eu estou
vindo a quatro anos e ela disse: é isto mesmo continua.”

103
CONCLUSÃO

Os resultados desta pesquisa permitiram chegar às seguintes


conclusões:

 Quanto a concepção de qualidade de vida, todos os sujeitos


100%,apresentaram melhorias nas suas AVD, além de promoção da
melhoria do estado de saúde, contribuindo com economia em gastos
com remédios e aumentando as possibilidades de lazer e autonomia
,refletindo num aumento na perspectivas positivas com relação as
suas vidas;

 Fica evidente que a atividade física aquática se difere da


hidroginástica apresentada á idosos e que a mesma traz não só
benefícios físicos, mas sociais, psicológicos, existenciais e que sua
aplicação não pode ser de forma individualizada, mas sim
preferencialmente com uma equipe multidisciplinar. Ainda assim, vale
ressaltar que apesar do número alto de alunos por turma e sofrendo
várias críticas de colegas da profissão, os aspectos sociais e
psicológicos apresentaram 95% de melhora através dos dados
obtidos.

 O perfil do público que frequenta a atividade física aquática, em sua


grande maioria ainda é frequentado por mulheres 86% com
predominância entre 60-69 anos 68%.Apesar de 93% apresentarem
problemas de saúde e terem sido encaminhados pela área médica
percebemos uma redução significativas nos acompanhamentos
médicos devido a diminuição das dores.

 Residir próximo ao local (por atender apenas os munícipes) foi um


fator determinante para a escolha do local onde é oferecida a

104
atividade física aquática; ainda assim a boa referência do trabalho e
ser oferecido de forma gratuita também contribuíram para a escolha.

 Dentre todas as melhorias percebidas nas vidas dos sujeitos as


relações sociais ganharam destaque em todos os dados coletados.
Fazer novas amizades, ter a possibilidades de interagir com trocas de
experiências laborais de e vida, poder conversar com pessoas, foram
fatores que os sujeitos valorizaram na sua melhoria de qualidade de
vida e saúde.

Apresentamos, a seguir, o que consideramos algumas limitações da


pesquisa e recomendações para novos estudos.

Ao término de uma pesquisa, os autores devem fazer uma reflexão a


respeito aos procedimentos adotados quanto se trata de uma pesquisa de
campo quantitativa realizada em locais públicos, pois as limitações do
estudo serão evidentes, uma vez que se valoriza os interesses políticos
envolvidos e não a produção científica.

A falta de esclarecimento e informação pode muitas vezes encerrar


projetos de pesquisa de suma importância para a sociedade, como também
inibir futuros pesquisadores a realizar pesquisa em locais públicos.
Felizmente neste caso a pesquisa apesar de sofrer várias intervenções
políticas, conseguiu finalizar graças à população local que já reconhece os
benefícios promovidos pela atividade oferecida, como também pela
estabilidade da professora tem com relação ao cargo que exerce.

O uso da metodologia quantitativa favoreceu conhecer o perfil do


público, condições socioeconômicas e suas dificuldades em realizar as
AVDs, antes de ingressar na atividade, assim como a qualitativa permitiu
identificar o porquê de os sujeitos escolherem este local e suas concepções
sobre “qualidade de vida”.

105
Verificou-se a necessidade de uma equipe multidisciplinar atuando
nas pesquisas o que tornaria possível uma identificação maior e uma
possível correlação entre dados. Isto não foi possível, pois além dos período
de transtorno políticos e problemas com a manutenção da piscina,não há
neste local o interesse em agregar outros profissionais da área da saúde
para uma mesma atividade.

Acredita-se que o desenvolvimento de um estudo multidisciplinar, que


se pretende realizar a seguir, possa trazer uma contribuição mais efetiva
para os idosos e um “olhar” mais sensível das autoridades políticas para
estes projetos de pesquisa.

106
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118
APÊNDICES

119
APÊNDICE 1

TERMO DE ESCLARECIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Pesquisadoras: Profª Dra. Vera Lúcia Valsecchi de Almeida (orientadora),


Aide Angélica de Oliveira (mestranda).

Título da Pesquisa: Velhice e Atividade Física Aquática: investigação sobre a


hidroginástica em idosos.

Nome (responsável):____________________________________________

Caro participante

Gostaríamos de convidá-lo a participar como voluntário da pesquisa


intitulada “Velhice e Atividade Física Aquática: investigação sobre a
hidroginástica em idosos”, que se refere ao trabalho de dissertação do curso
de Gerontologia Social. O objetivo deste estudo é investigar a relação entre
o envelhecimento, a atividade física aquática (hidroginástica) e a qualidade
de vida entre os participantes das aulas diurnas ministradas no Centro
esportivo municipal de Caieiras.

Sua forma de participação no estudo consiste em preencher um formulário.

Não será cobrado nada e não haverá gastos nem riscos na sua participação
neste estudo, portanto não estão previstos ressarcimentos ou indenizações.
Não haverá benefícios imediatos na sua participação, mas os resultados
contribuirão para a análise dos dados.

Seu nome não será utilizado em qualquer fase da pesquisa, o que garante
seu anonimato.

Gostaríamos de deixar claro que sua participação é voluntária e que poderá


recursar-se a participar ou retirar seu consentimento ou ainda descontinuar
sua participação, se assim o preferir.

120
Desde já agradecemos sua atenção e participação e colocamo-nos à
disposição para mais informações, a respeito do estudo, a qualquer
momento.

Em caso de dúvidas e outros esclarecimentos sobre esta pesquisa você


poderá entrar em contato com as autoras Profª Dra. Vera Lúcia Valsecchi de
Almeida - [email protected] (11) 9187-49-46 e Profª Aide Angelica de
Oliveira – [email protected] (11) 8445-20-52 e ou com o Comitê
de Ética e Pesquisa no tel.___________.

Eu confirmo que a Profª Dra. Vera Lúcia Valsecchi de Almeida e a Profª Aide
Angelica de Oliveira, explicaram-me o objetivo desta pesquisa, bem como a
forma de participação. As alternativas para minha participação também
foram discutidas. Eu li e compreendi este termo de consentimento. Portanto,
eu concordo em dar meu consentimento para participar como voluntário
desta pesquisa.

____________________________

Profª Dra. Vera Lúcia Valsecchi de Almeida

_______________________________

Profª Aide Angelica de Oliveir

____/____/____ ___________________________

(data) assinatura do responsável

121
APÊNDICE 2

QUESTIONÁRIO

ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA PARA COLETA DE


DADOS QUANTITATIVA

DADOS PESSOAIS:

Idade: ____________________________________________________

Sexo Feminino ( ) Masculino ( )

Estado Civil: casado ( ) viúvo ( ) divorciado ( ) solteiro ( )

Escolaridade: 1º grau completo ( ) 1º grau incompleto ( ) 2º grau completo ( )

2º grau incompleto ( ) nível superior completo ( ) nível superior incompleto ( )

Profissão: _________________________________________________

Aposentado ( ) sim ( ) não

Mora com a família?

( ) sim ( ) não Quem são?_____________________________________

1-Participa com regularidade da Atividade Física Aquática (hidroginástica)?

( ) sim ( ) não Quanto tempo?__________________

Quantas vezes por semana?_____________

Qual o horário?

( ) 07h00 ( ) 08h00 ( ) 09h00 ( ) 10h00

2-Qual é o meio de transporte que você utiliza para se locomover?

________________________________________________________________

3-Pratica outro tipo de atividade física?

122
( ) sim ( ) não

4- Você teve um encaminhamento médico para iniciar sua participação na


hidroginástica?

( ) sim ( ) não Qual a especialidade?________________________________

5-Você tem algum problema de saúde?

( ) sim ( ) não Quais?____________________________________________


___________________________________________________________________

6- Antes de iniciar sua participação na hidroginástica você tinha dificuldades de


realizar suas atividades da vida diária (AVD)?

( ) sim ( ) não Dê exemplos?______________________________________

7-O que você costuma fazer na suas horas de Lazer?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________

123
APÊNDICE 3

ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA PARA COLETA DE


DADOS - QUALITATIVA

1-Quais são os motivos que trouxe você a escolher este local para praticar
esta atividade física aquática?

_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

2-Quais foram às melhorias que você percebeu após um ano de participação


nesta atividade?

Físicas:_______________________________________________________

Sociais:_______________________________________________________

Psicológicas:___________________________________________________

Existenciais:___________________________________________________

Biológicas:____________________________________________________

3- A atividade física aquática (hidroginástica) contribuiu para a melhoria da


sua qualidade de vida?

_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

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ANEXOS

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