História Da Anatomia

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HISTÓRIA DA ANATOMIA

O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anosantes de Cristo


no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em animais. Pouco
tempo depois, um texto clínico da escola hipocrática descobriu a anatomia do ombro
conforme havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles mencionou as ilustrações
anatômicas quando se referiu aos paradigmata, que provavelmente eram figuras
baseadas na dissecação animal. No século III A.C., o estudo da anatomia avançou
consideravelmente na Alexandria. Muitas descobertas lá realizadas podem ser
atribuídas a Herófilo e Erasístrato, os primeiros que realizaram dissecações humanas
de modo sistemático. A partir do ano 150 A..C. a dissecação humana foi de novo
proibida por razões éticas e religiosas. O conhecimento anatômico sobre o corpo
humano continuou no mundo helenístico, porém só se conhecia através das
dissecações em animais.
No século II D.C., Galeno dissecou quase tudo, macacos

e  porcos, aplicando depois os resultados obtidos na


anatomia humana, quase sempre corretamente; contudo, alguns erros foram
inevitáveis devido à impossibilidade de confirmar os achados em cadáveres humanos.
Galeno desenvolveu assim mesmo a doutrina da “causa final”, um sistema teológico
que requeria que todos os achados confirmassem a fisiologia tal e qual ele a
compreendia. Porém não chegaram até nós as ilustrações anatômicas do período
clássico, sendo as “séries de cinco figuras” medievais dos ossos, veias, artérias,
órgãos internos e nervos são provavelmente cópias de desenhos anteriores.
Invariavelmente, as figuras são representadas numa posição semelhante a de uma rã
aberta, para demonstrar os diversos sistemas, às vezes, se agrega uma sexta figura
que representa uma mulher grávida e órgãos sexuais masculinos ou femininos. Nos
antigos baixos-relevos, camafeus e bronzes aparecem muitas vezes representações de
esqueletos e corpos encolhidos cobertos com a pele (chamados lêmures), de caráter
mágico ou simbólico mais que esquemático e sem finalidade didática alguma.

Parece que o estudo da anatomia humana recomeçou mais por razões práticas que
intelectuais. A guerra não era um assunto local e se fez necessário dispor de meios
para repatriar os corpos dos mortos em combate. O embalsamento era suficiente para
trajetos curtos, mas as distâncias maiores como as Cruzadas introduziram a prática de
“cocção dos ossos”.
A bula pontifica De sepulturis de Bonifácio VIII (1300), que alguns historiadores
acreditaram equivocadamente proibir a dissecção humana, tentava abolir esta prática.
O motivo mais importante para a dissecação humana, foi o desejo de saber a causa da
morte por razões essencialmente médico-legais, de averiguar o que havia matado uma
pessoa importante ou elucidar a natureza da peste ou outra enfermidade infecciosa. O
verbo “dissecar” era usado também para descrever a operação cesariana cada vez
mais freqüente. A tradição manuscrita do período medieval não se baseou no mundo
natural. As ilustrações anteriores eram aceitas e copiadas. Em geral, a capacidade dos
escritores era limitada e ao examinar a realidade natural, introduziram pelo menos
alguns erros tanto de conceito como de técnica. As coisas “eram vistas” tal qual os
antigos e as ilustrações realistas eram consideradas como um curto-circuito do próprio
método de estudo.
A anatomia não era uma disciplina independente, mas um auxiliar da cirurgia, que
nessa época era relativamente grosseira e reunia sobre todo conhecer os pontos
apropriados para a sangria. Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa
qualidade oposta à prática, as figuras não-realistas e esquemáticas foram suficientes.
O primeiro livro ilustrado com imagens impressas mais do que pintadas foi a obra de
Ulrich Boner Der Edelstein. Foi publicada por Albrecht Plister em Banberg depois de
1460 e suas ilustrações foram algo mais que decorações vulgares. Em 1475, Konrad
Megenberg publicou seu Buch der Natur, que incluía várias gravuras em madeira
representando peixes, pássaros e outros animais, assim como plantas diversas. Essas
figuras, igual a muitas outras pertencentes a livros sobre a natureza e enciclopédias
desse período, estão dentro da tradição manuscrita e são dificilmente identificáveis.
Dentre os muitos fatores que contribuíram para o desenvolvimento da técnica
ilustrativa no começo do século XVI, dois ocuparam lugar destacado: o primeiro foi o
final da tradição manuscrita consistente em copiar os antigos desenhos e a conversão
da natureza em modelo primário. Chegou-se ao convencimento de que o mais
apropriado para o homem era o mundo natural e não a posteridade. O escolasticismo
de São Tomás de Aquino havia preparado inadvertidamente o caminho através da
separação entre o mundo natural e o sobrenatural, prevalecendo a teologia sobre a
ciência natural. O segundo fator que influiu no desenvolvimento da ilustração
científica para o ensino foi a lenta instauração de melhores técnicas. No começo os
editores, com um critério puramente quantitativo, pensaram que com a imprensa
poderiam fazer grande quantidade de reproduções de modo fácil e barato. Só mais
tarde reconheceram a importância que cada ilustração fosse idêntica ao original.
A capacidade para repetir exatamente reproduções pictóricas, daquilo que se
observava, constituiu a característica distinta de várias disciplinas científicas, que
descartaram seu apoio anterior à tradição e aceitação de uma metodologia, que foi
descritiva no princípio e experimental mais tarde.
As primeiras ilustrações anatômicas impressas baseiam-se na tradição manuscrita
medieval. O Fasciculus medicinae era uma coleção de textos de autores
contemporâneos destinada aos médicos práticos, que alcançou muitas edições. Na
primeira ( 1491) utilizou-se a xilografia pela primeira vez, para figuras anatômicas. As
ilustrações representam corpos humanos mostrando os pontos de sangria, e linhas que
unem a figura às explicações impressas nas margens. As dissecações foram desenhadas
de uma forma primitiva e pouco realista. Na Segunda edição (1493), as posições das
figuras são mais naturais. Os textos de Hieronymous Brunschwig (cerca de 1450-1512)
continuaram utilizando ilustrações descritivas. O capítulo final de uma obra de
Johannes Peyligk (1474-1522) consiste numa breve anatomia do corpo humano como
um todo, mas as onze gravuras de madeira que inclui são algo mais que
representações esquemáticas posteriores dos árabes. Na Margarita philosophica de
George Reisch (1467-1525), que é uma enciclopédia de todas as ciências, forma
colocadas algumas inovações nas tradicionais gravuras em madeira e as vísceras
abdominais são representadas de modo realista. Além desses textos anatômicos
destinados especificamente aos estudantes de medicina e aos médicos, foram
impressas muitas outras páginas com figuras anatômicas, intituladas não em latim
(como todas as obras para médicos), mas sim em várias línguas vulgares. Houve um
grande interesse, por exemplo, na concepção e na formação do feto humano. O uso
freqüente da frase “conhece-te a ti mesmo” fala da orientação filosófica e
essencialmente não médica. A “Dança da Morte” chegou a ser um tem muito popular,
sobretudo nos países de língua germânica, após a Peste Negra e surpreendentemente,
as representações dos esqueletos e da anatomia humana dos artistas que as
desenharam são melhores que as dos anatomistas.
Uma das primeiras e mais acertada solução para uma reprodução perfeita das
representações gráficas foi encontrada nas ilustrações publicadas nos tratados
anatômicos de Andrés Vesálio (1514-1564), que culminou com seu De humanis corpori
fabrica em 1453, um dos livros mais importantes da história do homem. Vesálio nasceu
em Bruxelas em 1514, no seio de uma família muito relacionada com a casa de
Borgonha e a corte do Imperador da Alemanha. Sua primeira formação médica foi na
Universidade de Paris (onde esteve com mestres como Jacques du Bois e Guinter de
Andernach), e foi interrompida pela guerra entre França e o Sacro Império Romano.
Vesálio completou seus estudos na renomada escola médica de Pádua, no norte da
Itália. Após seu término começou a estudar cirurgia e anatomia. Após alguns trabalhos
preliminares, em 1543, com a idade de 28 anos, publicou seu opus magnun, que
revolucionou não só a anatomia como também o ensino científico em geral. As
ilustrações da Fabrica destacam-se precisamente pela sua estreita relação com o
texto, já que ajudam no entendimento do que este expressa com dificuldade. Supera
a pauta expositiva usada por Mondino, e cada um dos sistemas principais (ossos,
músculos, vasos sangüíneos, nervos e órgãos internos) é representado e estudado
separadamente. As partes de cada sistema orgânico são expostas tanto em conjunto
como individualmente e mesmo assim são consideradas todas as relações entre essas
estruturas.
Vesálio comprovou também que não são iguais em todos os indivíduos. Vesálio relatou
sua surpresa ao encontrar inúmeros erros nas obras de Galeno, e temos que ressaltar a
importância de sua negativa em aceitar algo só por tê-lo encontrado nos escritos do
grande médico grego. Sem dúvida, apesar de Ter desmentido a existência dos orifícios
que Galeno afirmava existir comunicando as cavidades cardíacas, foi de todas as
maneiras um seguidor da fisiologia galênica. Foram engrandecidas as diferenças que
separavam seu conhecimento anatômico do de Galeno, começando pelo próprio
Vesálio. Talvez pensasse que uma polêmica era um modo de chamar atenção. Manteve
depois uma disputa acirrada com seu mestre Jacques du Bois (ou Sylvius na forma
latina), que foi um convencido galenista cuja única resposta, ante as diferenças entre
algumas estruturas tal como eram vistas por Vesálio e como as havia descrito Galeno,
foi que a humanidade devia tê-lo mudado durante esses dois séculos. Vesálio tinha
atribuído o traçado das primeiras figuras a um certo Fleming, mas na Fabrica não
confiou em ninguém, e a identidade do artista ou artistas que colaboraram na sua
obra tem sido objeto de grande controvérsia, que se acentuou ante a questão de quem
é mais importante, se o artista ou o anatomista. Essa última foi uma discussão não
pertinente, já que é óbvio que as ilustrações são importantes precisamente porque
juntam uma combinação de arte e ciência, uma colaboração entre o artista e o
anatomista. As figuras da Fabrica implicam em tantos conhecimentos anatômicos que
forçosamente Vesálio devia participar na preparação dos desenhos, ainda que o grau
de refinamento e do conhecimento de técnicas novas de desenho, também para os
artistas do Renascimento, excluem também que fora o único responsável. Até hoje é
discutido se Jan Stephan van Calcar (1499-1456/50), que fez as primeiras figuras e
trabalhou no estúdio de Ticiano na vizinha Veneza, era o artista. De qualquer
maneira, havia-se encontrado uma solução na busca de uma expressão pictórica
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História da anatomia
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Diagrama de anatomia humana retirado da Cyclopaedia, Dicionário Universal das Artes e Ciências,


de 1728

Em termos mais restritos e clássicos, a anatomia confunde-se com


a morfologia (biologia) interna, isto é, com o estudo da organização interna
dos seres vivos, o que implicava uma vertente predominantemente prática que
se concretizava através de métodos precisos de corte
e dissecação (ou dissecção) de seres vivos (cadáveres, pelo menos no ser
humano), com o intuito de revelar a sua organização estrutural.
O mais antigo relato conhecido de uma dissecação pertence ao
grego Teofrasto (? – 287 a. C.), discípulo de Aristóteles. Ele a chamou de
anatomia (em grego, “anna temnein”), o termo que se generalizou, englobando
todo o campo da biologia que estuda a forma e a estrutura dos seres vivos,
existentes ou extintos. O nome mais indicado seria morfologia (que hoje indica
o conjunto das leis da anatomia), pois “anna temnein” tem, literalmente, um
sentido muito restrito: significa apenas “dissecar”.
Conforme seu campo de aplicação, a anatomia se divide
em vegetal e animal (esta, incluindo o homem).
A anatomia animal, por sua vez, divide-se em dois ramos fundamentais:
descritiva e topográfica. A primeira ocupa-se da descrição dos diversos
aparelhos (ósseo, muscular, nervoso, etc...) e subdivide-se em macroscópica
(estudo dos órgãos quanto a sua forma, seus caracteres morfológicos, seu
relacionamento e sua constituição) e microscópica (estudo da estrutura íntima
dos órgãos pela pesquisa microscópica dos tecidos e das células). A anatomia
topográfica dedica-se ao estudo em conjunto de todos os sistemas contidos em
cada região do corpo e das relações entre eles.
A anatomia humana se define como normal quando estuda o corpo humano em
condições de saúde, e como patológica ao interessar-se pelo organismo
afetado por anomalias ou processos mórbidos.
O desejo natural de conhecimento e as necessidades vitais levaram o homem,
desde a pré-história, a interessar-se pela anatomia. A dissecação de animais
(para sacrifícios) antecedeu a de seres humanos.
Alcméon, na Grécia, lutando contra o tabu que envolvia o estudo do corpo
humano, realizou pesquisas anatômicas já no século VI a.C. (por isso muitos o
consideram o “pai” da anatomia). Entre 600 e 350
a.C. , Empédocles, Anaxágoras, Esculápio e Aristóteles também se dedicaram
a dissecações. Foi, porém, no século IV a.C, com a escola Alexandrina, que a
anatomia prática começou a progredir. Na época, destacou-se Herófilo, que,
observando cadáveres humanos, classificou os nervos como sensitivos e
motores, reconhecendo no cérebro a sede da inteligência e o centro do sistema
nervoso. Escreveu três livros “Sobre a Anatomia”, que desapareceram. Seu
contemporâneo Erasístrato descobriu que as veias e artérias convergem tanto
para o coração quanto para o fígado.
Galeno, nascido a 131 na Ásia Menor, onde provavelmente morreu em 201,
aperfeiçoou seus estudos anatômicos em Alexandria. Durante toda a Idade
Média, foi atribuída enorme autoridade a suas teoria, que incluíam errôneas
transposições ao homem de observações feitas em animais. Esse fato, mais
os preconceitos morais e religiosos que consideravam sacrílega a dissecação
de cadáveres, retardaram o aparecimento de uma anatomia científica. Os
grandes progressos da medicina árabe não incluíram a anatomia prática,
também por questões religiosas. As numerosas informações do “Cânon de
Medicina”, de Avicena, por exemplo, referem-se apenas à anatomia de
animais, apesar que "a enciclopédia médica de Jurjānī, Zakhīrah-i
Khvārazm’Shāhī (O tesouro de Khvarazm’Shah) é o primeiro grande livro de
medicina no Irã pós-islamismo escrito em persa"[1] .
"Na terminologia médica atual, as dez partes discutem os seguintes tópicos: (1)
anatomia, fisiologia e temperamentos, humores e elementos conhecidos; (2)
fisiopatologia geral (incluindo um capítulo que descreve os tipos de pulsos e um
capítulo sobre causas de morte); (3) higiene e nutrição (incluindo capítulos
separados sobre doenças da infância, da velhice, e especialmente doenças
contraídas durante viagens); (4) diagnósticos e prognósticos; (5) febre e suas
classificações; (6) tratamentos (o volume da enciclopédia mais pesquisado
pelos médicos do período); (7) doenças infecciosas; (8) doenças da pele; (9)
toxicologia e (10) farmacologia. O presente manuscrito, criado no século XII,
contém ilustrações e iluminuras impressionantes, e é uma das cópias mais
antigas existentes do Zakhīrah. Ela está preservada nas coleções de
manuscritos da Biblioteca Nacional e Arquivos da República Islâmica do Irã" [2].
Na Europa no século IX, o estudo do corpo humano voltou a interessar os
sábios, graças à escola de médica de Salerno, na Itália, e à obra de
Constantino, o Africano, que traduziu do árabe para o latim numerosos textos
médicos gregos. Logo depois, Guglielmo de Saliceto, Rolando de Parma e
outros médicos medievais enfatizaram a afirmação de Galeno segundo a qual o
conhecimento anatômico era importante para o exercício da cirurgia: “Pela
ignorância da anatomia, pode-se ser tímido demais em operações seguras ou
temerário e audaz em operações difíceis e incertas”.
O edito de Frederico II, obrigando a escola de Nápoles a introduzir em seu
currículo o treinamento prático de anatomia (1240), foi decisivo para o
desenvolvimento dessa ciência. Cerca de meio século mais tarde, Mondino de
Liuzzi executava em Bolonha as primeiras dissecações didáticas de cadáveres,
publicando em 1316 um manual sobre autópsia.
O clima geral do Renascimento favoreceu o progresso dos estudos
anatômicos. A descoberta de textos gregos sobre o assunto, e a influência dos
pensadores humanistas, levou a Igreja a ser mais condescendente com a
dissecação de cadáveres. Artistas como Michelangelo, Leonardo da
Vinci e Rafael mostraram grande interesse sobre a estrutura do corpo humano.
Leonardo dissecou, talvez, meia dúzia de cadáveres. O maior anatomista da
época foi o médico flamengo André Vesalius, cujo nome real era Andreas
Vesaliusum dos maiores contestadores da obscurantista tradição de Galeno.
Dissecou cadáveres durante anos, em Pádua, e descreveu detalhadamente
suas descobertas. Seu “De Humani Corporis Fabrica”, publicado
em Basileia em 1543, foi o primeiro texto anatômico baseado na observação
direta do corpo humano e não no livro de Galeno. Este método de pesquisa lhe
dava muita autoridade e, não obstante as duras polêmicas que precisou
enfrentar, seus ensinamentos suscitaram a atenção de médicos, artistas e
estudiosos. Entretanto, provavelmente as técnicas de dissecação e
preservação das pecas anatômicas da época não permitiam um processo mais
detalhado, incorrendo Vesalius em alguns erros, talvez pela necessidade de
dissecções mais rápidas. Entre seus discípulos, continuadores de sua obra,
estão Gabriele Fallopio, célebre por seus estudos sobre órgãos
genitais, tímpanos e músculos dos olhos, e Fabrizio d’Acquapendente, que fez
construir o Teatro Anatômico, em Pádua (onde lecionou cinquenta anos). A
D’Acquapendente se deve, ainda, a exata descrição das válvulas das veias.
A partir de então, o desenvolvimento da anatomia acelerou-se. Berengario da
Carpi estudou o apêndice e o timo, e Bartolomeu Eustáquio os canais
auditivos. A nova anatomia do Renascimento exigiu a revisão da ciência. O
inglês William Harvey, educado em Pádua, combinou a tradição anatômica
italiana com a ciência experimental que nascia na Inglaterra. Seu livro a
respeito, publicado em 1628, trata de anatomia e fisiologia. Ao lado de
problemas de dissecação e descrição de órgãos isolados, estuda a mecânica
da circulação do sangue, comparando o corpo humano a uma máquina
hidráulica. O aperfeiçoamento do microscópio (por Leeuwenhoek)
ajudou Marcello Malpighi a provar a teoria de Harvey, sobre a circulação do
sangue, e também a descobrir a estrutura mais íntima de muitos órgãos.
Introduzia-se, assim, o estudo microscópico da anatomia. Gabriele Aselli punha
em evidência os vasos linfáticos; Bernardino Genga falava, então, em
“anatomia cirúrgica”.
Nos séculos XVIII e XIX, o estudo cada vez mais pormenorizado das técnicas
operatórias levou à subdivisão da anatomia, dando-se muita importância à
anatomia topográfica. O estudo anatômico-clínico do cadáver, como meio mais
seguro de estudar as alterações provocadas pela doença, foi introduzido por
Giovan Battista Morgani. Surgia a anatomia patológica, que permitiu grandes
descobertas no campo da patologia celular, por Rudolf Virchow, e dos agentes
responsáveis por doenças infecciosas, por Pasteur e Koch.
Recentemente, a anatomia tornou-se submicroscópica. A fisiologia,
a bioquímica, a microscopia eletrônica e positrônica, as técnicas de difração
com raios X, aplicadas ao estudo das células, estão descrevendo suas
estruturas íntimas em nível molecular.
Hoje em dia há a possibilidade de estudar anatomia mesmo em pessoas vivas,
através de técnicas de imagem como a radiografia, a endoscopia,
a angiografia, a tomografia axial computadorizada, a tomografia por emissão de
positrões, a imagem de ressonância magnética nuclear, a ecografia,
a termografia e outras.

1. ↑ «O tesouro de Khvarazm'Shah».  www.wdl.org. 1100. Consultado em 3 de novembro de


2019
2. ↑ «O tesouro de Khvarazm'Shah».  www.wdl.org. 1100. Consultado em 3 de novembro de
2019

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