Uma Viagem Pelo Cérebro
Uma Viagem Pelo Cérebro
Uma Viagem Pelo Cérebro
T442v
Tieppo, Carla
Uma viagem pelo cérebro : a via rápida para entender a
neurocência / Carla Tieppo. -– São Paulo, SP : Conectomus, 2019.
252 p.
ISBN: 978-65-80549-00-9
19-0951
Prelúdio .......................................................................xv
Uma viagem ao cérebro: por que essa jornada
vale a pena? ...................................................................1
Capítulo I
O ponto de partida: a descoberta do cérebro e a
escalada da neurociência ............................................3
O cérebro fora do roteiro.............................................. 4
Coração versus cérebro na escalada da mente ............5
A descoberta (e a encoberta) do sistema nervoso ...... 9
Novo mapa do universo e do corpo ............................12
A encruzilhada mente e cérebro ................................14
Onde é que fica o quê? ................................................ 15
A mente ganha espaço................................................18
Neurônio à vista ..........................................................18
Caminhos inesperados da ciência ............................. 20
Mapeando o cérebro dos vivos ...................................21
Lobotomia: retirando do mapa uma parte do
cérebro ........................................................................23
Para falar sobre neurociência .....................................25
A revolução neurocientífica ........................................27
Capítulo II
Primeira Parada: o Sistema Nervoso........................33
Evolução do sistema nervoso......................................36
Como se forma o sistema nervoso humano ............. 40
A “malha rodoviária” do sistema nervoso ................. 44
O mapa da mina: localizando o sistema nervoso ..... 48
As partes do Sistema Nervoso Central ...................... 50
As Meninges e os Ventrículos .....................................55
Capítulo IV
O mapa da viagem: compreendendo os níveis de
processamento neural .............................................. 89
Processamentos na medula ...................................... 92
Processamentos no tronco encefálico .......................95
Processamentos no diencéfalo................................. 101
Processamento cerebelar .........................................106
Processamentos no córtex e núcleos da base ..........108
Capítulo V
A rota da sensibilidade: o sistema sensorial e a
interação com o ambiente ........................................111
Sensação e ação ..........................................................113
Os receptores sensoriais ............................................115
Somestesia (e mais do que 5 sentidos) .................... 116
Testando a sensibilidade .......................................... 119
Sensibilidade epicrítica e protopática .....................120
Propriocepção: o mapa do corpo..............................122
As vias da informação sensorial ............................... 123
O caminho da informação protopática e epicrítica ..126
Os sentidos especiais ................................................129
A gustação .................................................................129
Olfato ........................................................................130
Audição .......................................................................131
Equilíbrio ....................................................................131
Capítulo VI
Partiu para a ação: o sistema motor e sua relação
com o comportamento ............................................ 137
Músculos em movimento ......................................... 139
A intenção e a consciência ........................................149
Tipos de movimento ................................................. 152
Organização hierárquica do sistema motor ............ 153
Processamento sensorial e resposta motora .......... 155
As “autoestradas” motoras........................................ 157
Cerebelo e núcleos da base ....................................... 161
Capítulo VII
A emoção é o destino: o funcionamento
do sistema límbico ...................................................167
Emoção e sentimento ...............................................168
Adaptação ao ambiente............................................169
Processamentos automáticos ...................................171
O circuito das emoções ............................................. 175
O sistema límbico...................................................... 176
A influência da emoção ............................................ 179
Capítulo VIII
Roteiro vip: o córtex cerebral humano e suas
funções exclusivas ....................................................185
O que nos diferencia? ................................................ 187
O cérebro humano ....................................................192
Uma visita aos dois hemisférios ...............................198
A comunicação entre hemisférios ............................201
O hemisfério do novo e o hemisfério
do conhecido ............................................................ 203
Capítulo X
Pontos altos da jornada: para não esquecer ......... 227
Denise De Micheli
Outono, 2019
neurociência
própria identidade.
Pensar sobre o cérebro e suas potencialidades é uma gran-
de viagem. Fica até difícil acreditar que essa massa mole e 1
Viagem pelo cérebro: a via rápida para entender
O PONTO DE PARTIDA
A descoberta do cérebro e a
escalada da neurociência
neurociência
olhos piscarem, nossos braços se moverem, organizando pen-
samentos, provocando emoções, possibilitando registrar e
evocar memórias, produzindo dor, raiva, medo, amor... Enfim, 3
Viagem pelo cérebro: a via rápida para entender
Mas nem sempre Pelo contrário. Houve um longo e tortuoso caminho para
o cérebro foi visto chegarmos até aqui. Essa visão, aliás, é bem recente. E tam-
dessa maneira bém ainda provisória. Imagine que estamos no meio de uma
escalada, avançamos muito no entendimento do cérebro e
estamos em um ponto da montanha que considerávamos
completamente inacessível há apenas algumas décadas. Con-
seguimos entender com clareza muitos dos processos que
antes eram completamente ignorados e temos uma visão
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Coração versus cérebro Na Grécia Antiga, até o século V a.C., a ideia era de que a mente
na escalada da mente humana estava dividida em diferentes partes do corpo, como
revela a tradição oral preservada pelos poemas de Homero.
Mas depois do século V a.C., no entanto, o pensamento grego
se dividiu em duas correntes, que percorreram caminhos dis-
tintos na escalada para desvendar a mente humana. Uma que
colocou a mente no coração e a outra que a alocou no cérebro.
E aí sim temos o ponto de partida para a neurociência, que
obviamente ainda não tinha esse nome.
A primeira corrente acreditava que a mente estava lo-
calizada no coração e que o cérebro era somente um órgão
responsável pelo resfriamento do sangue. Basicamente um
refrigerador. O cérebro, portanto, tinha um papel pra lá de
coadjuvante nessa história, bem longe de ter o papel principal
e ser visto como algo realmente importante no funciona-
mento do corpo humano. O maior defensor dessa linha dos
chamados cardiocentristas, que colocavam o coração como
o centro das mais elevadas funções humanas, foi Aristóteles,
o filósofo do empirismo.
Aristóteles era adepto da investigação, da mão na massa,
era bastante pragmático e queria ver o processo acontecer
para então poder explicar os fatos. Era um observador da
Sentimentos
Inteligência
Percepção
22. Individualidade
23. Forma
24. Tamanho
25. Peso e estabilidade
26. Cor
27. Localidade
28. Ordem
29. Número
30. Eventualidade
31. Tempo
32. Afinação
Frenologia: teoria 33. Língua
localizacionista Reflexão
equivocada de Franz 34. Comparação
Gall que apalpava o 35. Causalidade
crânio para descobrir
personalidade.
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Mapeando o Com o desenvolvimento da neurociência, avançam as cirurgias
cérebro dos vivos no cérebro e o mapeamento de regiões dele não mais em ca-
dáveres, mas em indivíduos vivos, especialmente os epiléticos,
que eram uma grande preocupação do momento. Nessa época
não havia medicação antiepilética e a qualidade de vida dos pa-
cientes acometidos pelo transtorno era bem ruim e dramática.
Foi então que, em 1909, Harvey Cushing, tentando beneficiar
pacientes epiléticos, montou um eletroencefalógrafo – um
aparelho que continha eletrodos para serem colocados no
escalpo (pele por cima da cabeça) e que conseguia detectar
a atividade elétrica do cérebro. Como a epilepsia é uma ativi-
dade muito exuberante e errática, era possível perceber em
que região ela tinha começado e então se abria o cérebro e
retirava-se essa parte como forma de profilaxia aos ataques
epiléticos. A retirada de partes do cérebro teve muitos sucessos,
em termos diminuição ou extinção das convulsões, mas os res-
ponsáveis também começaram a perceber os efeitos colaterais
dela: perda do movimento de um braço, mão ou pé, perda de
consciência... E, assim, iniciaram o mapeamento do cérebro,
descobrindo as funções de cada região.
Logo perceberam que poderiam fazer esse mapeamento
em plano cirúrgico, ou seja, durante uma cirurgia, já que o
Para falar sobre Com o avanço das pesquisas sobre o sistema nervoso, percebe-
neurociência -se a complexidade do tema e a dificuldade em estudá-lo. Fica
evidente, portanto, a necessidade de se transcender questões
biológicas e congregar áreas bastante distintas como a psico-
logia, as ciências sociais, econômicas, da informação, envol-
vendo de eletroquímica à filosofia, de processos intracelulares
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