Fichamento Psicologia Humanista A Historia de Um Dilema

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Jeane Oliveira Dalla Stella

FICHAMENTO
PSICOLOGIA HUMANISTA: A HISTÓRIA DE UM DILEMA
EPISTEMOLÓGICO
PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE III

Curitiba, setembro de 2021


Jeane Oliveira Dalla Stella

FICHAMENTO
PSICOLOGIA HUMANISTA: A HISTÓRIA DE UM DILEMA
EPISTEMOLÓGICO
PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE III

Trabalho apresentado à disciplina de Psicologia


da Personalidade III do 6° período do curso de
Psicologia. Sob orientação do professor e
psicólogo:

Dr. Luiz Fernando Duran Iório (CRP)

Curitiba, setembro de 2021


No artigo Psicologia Humanista a história de um dilema, Castañon (2007)
explana o surgimento da Psicologia Humanista como uma alternativa as abordagens
behavioristas e psicanalíticas. O movimento resultante no estabelecimento da
Psicologia Humanista deu início no pós guerra, os líderes desse movimento
levantaram críticas a respeito do método científico defendido pelo behaviorismo e
contra o homem terapêutico abordado pela Psicanálise.

As críticas ao behaviorismo caracterizavam-se contra o uso do método


científico baseado no que foi aplicado aos animais, pois o ser humano não é um rato
branco maior, dessa forma seriam excluídos as experiencias puramente humanas,
os temas escolhidos para estudos deveriam ser escolhidos por relevância e não de
acordo com métodos experimentais, trouxeram a tona a concepção mecanicista que
o behaviorismo enxergava o indivíduo tal qual um conjunto de comportamentos, em
contrapartida a psicologia humanista observa o homem como indivisível, único e
uma Gestalt (CASTAÑON,2007).

A Psicologia Humanista também trouxe críticas em relação a psicanálise, a


via como determinista, reducionista e dogmática, tendo a visão de Freud como
pessimista em que apenas o lado negro do homem é observado, Maslow um dos
personagens mais representativos desse movimento afirma que dentro da
psicanálise Freud estudou apenas neuróticos e psicóticos o que resultaria em uma
psicologia mutilada e frustrada. A psicologia deve dedicar se ao estudo das
qualidades e características positivas do indivíduo, como alegria, altruísmo, a fruição
a satisfação e se concentrar em estudar o homem sadio e não a psicopatologia.
Esse movimento foi influenciado pelas obras de Kurt Goldstein da Psicologia Gestalt
que eram baseadas em pesquisas de capacidade de reorganização do cérebro após
lesões de soldados em combate, nelas ele introduz conceitos que seriam
desenvolvidos por psicólogos humanistas como autoatualização e tendência ao
crescimento e visão holista do organismo humano ou seja, o homem visto em sua
totalidade. O artigo traz a grande resistência em definir um fundador da Psicologia
Humanista, e reconhece, contudo, que Abraham Maslow foi um dos principais
atores no surgimento da terceira força, apesar de ser marginalizado e não
reconhecido dentro da academia devido aos seus métodos de pesquisas não
convencionais (CASTAÑON,2007).
Castañon (2007) aborda a relação do surgimento da Psicologia Humanista
com o Existencialismo, Rollo May por exemplo, traz consigo ideias pertencentes a
Sören Kierkegaard e Martin Heidegger, porém Maslow atribui críticas aos traços
anticientíficos e antibiológicos contidos no Existencialismo e principalmente a Sartre
e sua afirmação “a essência precede a essência “ já que os psicólogos humanistas
que existe uma essência humana comum à toda espécie humana alicerçada em
uma base biológica.

O autor traz no artigo o dilema da Psicologia Humanista, pelo problema do


seu posicionamento como ciência, sendo que o princípio da regularidade do objeto
ou de suas características é fundamental para a ciência moderna, os humanistas
defendem que o verdadeiro sentido da experiência humana deve ser objeto de
estudo da Psicologia, que o significado de estar vivo como ser humano e vivências
muitas experiencias que lhe são possíveis deve ser o objetivo final da Psicologia
Humanista. Contudo o objeto de estudo é ilimitado e inquantificável, mas os
humanistas argumentam que tanto o behaviorismo quanto a psicanálise tem pouco
significado para o indivíduo que deve ser visto e entendimento pela sua relevância e
não por métodos tradicionais impostos por tais abordagens, dessa forma temas de
pesquisas da psicologia humanista seriam amor, ódio, medo, angustia, felicidade,
esperança, empatia, sentido da vida, valores morais e etc contudo esses temas de
pesquisa não são encontrados nas abordagens tradicionais pois não são passíveis
de definição operacional, quantificação precisa e manipulação no laboratório, dessa
forma o objeto de estudo da Psicologia Humanista sendo os processos e
experiencias humanas apresenta dificuldades de estudo (CASTAÑON,2007).

Algo que permeia o dilema do estudo da Psicologia Humanista se refere a


complexidade do objeto de estudo, partindo do pressuposto que é necessário um
vasto conhecimento de química para entender os neurotransmissores, que resulta
no entendimento do funcionamento neural e por último o comportamento humano, a
complexidade de uma ciência se dá através do número de variáveis que atuam na
determinação de alguma consequência sobre esse objeto, e na perspectiva ela se
torna mais complexa visto que o ser humano é livre proativo e passa por inúmeras
experiencias o que conduz a impossibilidade de investigação cientifica
(CASTAÑON,2007).
A partir dessa dificuldade, os humanistas optaram por descartar o método
experimental, o autor menciona a utilização da fenomenologia dentro da Psicologia
Humanista contudo a apropriação utilizada de uma maneira confusa e superficial
afirma Wertz (1998), porém essa declaração sugere mais um dilema já que Maslow
oi Rychlak defendem o método experimental para testar as hipóteses por excelência
da psicologia, o autor reitera o questionamento que diz:

“O dilema é: deve a Psicologia Humanista alterar o significado do


termo ciência para adequar o seu objeto a ele, ou limitar o escopo de suas
investigações para adequá-las a ciência moderna?”

O questionamento é respondido relembrando a crítica da Psicologia Humanista ao


Behaviorismo por Amadeo Giorgi, e para ele o psicológico deve ser entendido em
sua relação com o objetivo, não com especificações objetivas, pois é irredutível,
contudo, ele não dá explicações epistemológicas e metodológicas de como isso é
realizado (CASTAÑON,2007).

O autor explana os tipos de pesquisa dentro da Psicologia Humanista:


nomotética que se refere a obtenção de teorias e hipóteses na sua aplicação e
ideográfica na proposição ontológica assume a autonomia relativo do objeto da
Psicologia, o ser humano frente aos condicionantes que lhe são impostos. Essas
pesquisas buscam a compreensão do significado da experiencia humana e não
apenas a busca de teorias e aplicações de hipóteses de maneira generalizada, de
maneira que a nomotética visa as causas do comportamento e a idiográfica busca
compreender os motivos dessa expressão. A influência de Dilthey, presente mesmo
nos principais formuladores do movimento, como Maslow e Rychlak, contrasta com
a determinação destes em se proclamarem aderidos à ciência moderna.
A primeira é que todos, mesmo o método experimental, orientam seus esforços no
sentido de uma abordagem compreensiva para a pesquisa psicológica, focalizando-
a na experiência humana plena de significado, muitos psicólogos humanistas que
utilizam estes métodos citados pretendem ter desenvolvido abordagens capazes de
compreender a vida psicológica plena de sentido e significado tal como ela se
apresenta nos contextos do mundo real, o problema é que não é necessário muitos
argumentos para concluir que o método fenomenológico, rigorosamente
falando, não tem qualquer identidade de objetivos com o método científico
moderno, muito menos o hermenêutico, que é utilizado como um método de
interpretação de discursos, já o método clínico, só se integra à pesquisa científica
nomotética quando seus resultados são abordados como estudo de casos, onde se
buscam padrões gerais nos dados que possam instruir pesquisas experimentais ou
auxiliando na criação de hipóteses a serem testadas (CASTAÑON,2007).

James Barrell era na década de oitenta uma das maiores autoridades em


método experimental aplicado à Psicologia Humanista, já havia supostamente o
aplicado, em conjunto com uma série de colaboradores, no estudo de diversos
problemas humanos tais como stress, dor, ciúmes, percepção
temporal, ansiedade, motivação e emoções humanas. Barrell & Price afirmam que o
objetivo do método experimental é a clareza das conclusões, e embora comece com
a experiência direta, conclui com uma compreensão dos fatores que formam a
estrutura de uma determinada experiência, a ênfase dessa abordagem humanista
sobre o método experimental seria sobre a autoconsciência (CASTAÑON,2007).

O objetivo pesquisa experimental é clarificar a estrutura essencial de um


determinado sentimento, para que se descubra como a pessoa cria essa
experiência sem ter consciência desse processo. Uma vez que se entenda como
esse tipo de sentimento é criado, o espectro de escolhas conscientes da pessoa na
vida é expandido, aumentando sua liberdade relativa a tais experiências. Como
afirma Barrell, a abordagem experimental em Psicologia Humanista aponta para a
importância do retorno às nossas próprias experiências diretas e sentidos
vividos. Não é preciso diante destas observações de Barrell continuar com uma
descrição desta estranha utilização do que ele chama de método experimental
(CASTAÑON,2007).

Assim, como afirma Rychlak em seu clássico artigo Psychological Science As


a Humanist Views It, o humanismo é uma descrição teórica do comportamento em
termos de causas formais e causas finais, mais do que em termos de causas
materiais e causas eficientes, como no Behaviorismo e na Psicologia
Fisiológica. Quanto ao Cognitivismo, acredita Rychlak que seu grande mérito foi ter
reintroduzido o campo das causas formais na explicação psicológica científica, mas
que ele falharia como humanismo por não aceitar, da mesma forma como toda a
Psicologia de matriz lockeana não o faz, as causas finais como legítimas fontes de
explicação científica (CASTAÑON,2007).

 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTAÑON, G. A., Psicologia Humanista: a história de um dilema


epistemológico. Memorandum, 12, 105-124. Universidade Estácio de Sá.
Petrópolis. Disponível em:
http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a12/castanon01.pdf

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