Em Que Consiste o Triunfo Do Crente

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EM QUE CONSISTE O TRIUNFO DO CRISTÃO (ESPECIALMENTE DO PREGADOR

CRISTÃO)
2Coríntios 2.12-16

1. Estamos diante de uma passagem conhecida da segunda carta aos Coríntios, talvez
uma das mais conhecidas, porém, menos compreendidas passagens, no meu
entendimento.
2. Ela fala sobre ser conduzido sempre em triunfo, sem dúvida, uma descrição
impressionante da vida de um crente.
3. De fato, isso não é grande novidade, pois outras passagens do Antigo e do Novo
Testamento tocam nesse tema da vitória do crente, do viver vitorioso.
4. Basta lembrar dos Salmos de Davi, com todas as suas proclamações de vitória:
"Bendito seja o SENHOR, rocha minha, que me adestra as mãos para a batalha e
os dedos, para a guerra” (Sl 144.1). "Em Deus faremos proezas, porque ele
mesmo calca aos pés os nossos adversários. (Sl 60.12)
5. Em Romanos 8, Paulo diz que nós somos "Em todas estas coisas, porém, somos
mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (Rm 8.37). João em
Apocalipse: "Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o
Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e
fiéis que se acham com ele” (Ap 17.14).
6. Porém, quando olhamos para a realidade da vida desses mesmos homens que
escreveram essas passagens, não os vemos tão triunfantes assim. Basta lembrar da
lista de horrores de Paulo em 2Coríntios 11.23ss, ou do sofrimento de João na ilha de
Patmos.
7. Eu creio que essa passagem nos ajuda a entender melhor esse assunto.
8. Paulo estava descrevendo algumas experiências dele aos coríntios, na conturbada
relação que ele tinha com eles. É interessante que Paulo não tenha desistido dos
coríntios, apesar de tanta confusão, tantas acusações que ele recebeu da parte deles.
9. Ele está falando de um possível “segundo encontro com os Coríntios” ( 1.15 com esta
confiança, resolvi ir, primeiro, encontrar-me convosco, para que tivésseis um
segundo benefício). Mas estava evitando isso: (1.23 Eu, porém, por minha vida,
tomo a Deus por testemunha de que, para vos poupar, não tornei ainda a
Corinto). A decisão de Paulo foi: "2:1 Isto deliberei por mim mesmo: não voltar a
encontrar-me convosco em tristeza”. Paulo abre o coração para eles (2.4 Porque,
no meio de muitos sofrimentos e angústias de coração, vos escrevi, com muitas
lágrimas, não para que ficásseis entristecidos, mas para que conhecêsseis o
amor que vos consagro em grande medida).
10. Então, ele cita um evento do passado, um dos momentos mais difíceis da trajetória de
Paulo: (2.12 Ora, quando cheguei a Trôade para pregar o evangelho de Cristo, e
uma porta se me abriu no Senhor, não tive, contudo, tranqüilidade no meu
espírito, porque não encontrei o meu irmão Tito; por isso, despedindo-me deles,
parti para a Macedônia).
11. Ler uma carta é algo extraordinário, pois precisamos nos colocar no lugar dos leitores,
afinal, eles tinham informações privilegiadas.
12. O livro de Atos relata esse momento (At 19-20). Paulo chegou em Éfeso, e enfrentou
uma grande confusão lá. Demétrio e os artífices da cidade ficaram furiosos, porque
viram na chegada de Paulo a possibilidade de perderem dinheiro, pois ele pregava
contra a idolatria, e a cidade era a sede do grande templo de Diana. Paulo quase foi
linchado. Mais tarde ele escreveu aos mesmos coríntios que aquilo foi uma
experiência semelhante a “lutar com feras” (1Co 15:32 Se, como homem, lutei em
Éfeso com feras, que me aproveita isso? Se os mortos não ressuscitam,
comamos e bebamos, que amanhã morreremos).
13. O fato é que Paulo teve que deixar Éfeso, então foi para Trôade, onde uma porta se
abriu para ele. Mas, ele estava aparentemente muito preocupado com os coríntios
naquele momento, pois já havia escrito a primeira carta, e sabia que não havia sido
bem recebida. Ele espera que Tito venha lhe trazer uma resposta, mas o irmão não
vem, então, Paulo abandona o trabalho missionário incipiente, vai para a Macedônia, e
depois finalmente vai para a Grécia.
14. Por que Paulo contou essas coisas? Primeiramente, talvez, porque as notícias dos
fracassos dele em Éfeso e em Trôade deviam ter chegado aos ouvidos dos coríntios.
Talvez, Paulo quisesse dizer a eles os motivos. E, um deles, era exatamente o amor
que ele tinha pelos coríntios, e toda a inquietação que sentiu, quando não recebeu
notícias deles.
15. Após relatar esses eventos, ele faz a declaração: "Graças, porém, a Deus, que, em
Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo
lugar a fragrância do seu conhecimento”.
16. Aos olhos dos coríntios, não parecia que Paulo estava sendo bem sucedido em seu
ministério, pois ao enfrentar tantos percalços, tantas lutas, e até mesmo retrocessos,
não parecia muito triunfante.
17. Chegamos à primeira grande verdade sobre o triunfo do cristão, especialmente dos
pregadores:

I. NÃO É ISENTO DE LUTAS, DE DERROTAS, E DE RETROCESSOS.

1. Essa é a primeira grande verdade dessa majestosa passagem. Todos os percalços


enfrentados por Paulo em Éfeso, em Trôade.
2. A difícil relação com os coríntios. Eles ficaram muito magoados com Paulo, por causa
da carta anterior, em que ele os acusou de tolerarem pecadores no meio deles, de
fazerem do culto uma baderna.
3. Houve mágoa dos dois lados. Paulo fala da grande tristeza que ainda sentia, e que o
impedia de ir visitá-los.
4. Um pastor não pode medir o sucesso do seu ministério pela “popularidade”, pelos
tapinhas nas costas, pelos elogios. Um crente não pode medir seu triunfo na vida
cristã pelas conquistas, pelo número de amigos no facebook, pelas curtidas recebidas.

II. CONSISTE EM SER CONDUZIDO POR DEUS NO TRIÚNFO DE CRISTO

1. Veja antes de tudo essa expressão “em Cristo”. Nele, somos mais do que vencedores.
2. Lembremos, porém, que o triunfo de Cristo não foi isento de sofrimento, ao contrário,
foi um triunfo “por causa” do sofrimento.
3. Paulo está usando um termo aqui “triunfo” que se aplica à vitória dos grandes generais
romanos. Porém, o nosso general para se tornar muito mais vitorioso do que qualquer
um daqueles generais, antes, teve que se fazer um homem, um servo, um crucificado.
4. Cristo triunfou carregando uma cruz. O caminho do triunfo do crente também significa
“tomar uma cruz” e segui-lo. Tomar a cruz significa se anular, deixar o mestre nos
levar.

III. CONSISTE EM SEGUIR A CRISTO COMO CONQUISTADOS POR ELE.


1. Porém, há algo ainda mais profundo nessa declaração de Paulo, que nós precisamos
investigar, se quisermos entender em que consiste esse triunfo do cristão.
2. Paulo está descrevendo a vitória de Cristo como um desfile triunfal. A imagem é a do
general romano, adentrando as portas de Roma, para agradecer aos deuses pelo
triunfo e ser homenageado pelos cidadãos.
3. A ideia é que Cristo derrotou seus inimigos na cruz, então, na ressurreição começou
seu “desfile triunfal”. Ele se estende até sua subida ao céu, que é o momento quando
ele capacita sua igreja a ir a todas as nações para anunciar o Evangelho.
4. Em apenas outro lugar no Novo Testamento, Paulo usa o mesmo termo: (Cl 2.15 "e,
despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao
desprezo, triunfando deles na cruz”).
5. Então, Cristo é esse general que derrotou e despojou seus inimigos, e agora, os
conduz “cativos” no grande desfile triunfal.
6. Porém, Paulo está se vendo como um “cativo” também? Seguindo Cristo nesse
desfile?
7. Sim. O senhorio que Cristo exerce sobre os inimigos, ele também exerce sobre nós. A
mesma autoridade que faz com que eles esmague seus inimigos, faz com que ele
“reine sobre nós”.
8. Mas há uma diferença fundamental. Por um lado, os cativos malignos seguem-no de
má vontade, enquanto nós o seguimos alegremente.

IV. CONSISTE EM GLORIFICAR A DEUS, COM AROMA DE VIDA OU DE MORTE


9. Nós (pregadores) somos o bom perfume de Cristo subindo até Deus, mas também
refletindo ao nosso redor, tanto nos que estão sendo salvos, quanto nos que estão
sendo condenados.
10. Então, agora a figura do desfile triunfal de Cristo se completou. Nele não estão apenas
demônios submetidos ao poder dele, nem crentes feitos cativos por seu amor, mas
também todos os ímpios que rejeitam a mensagem do Evangelho.
11. Esse nosso triunfo portanto, que é a vida de anunciar o Evangelho, é esse perfume,
que de um jeito ou de outro, glorifica a Deus, pois é “para Deus”. Ele glorifica a Deus
no ato de salvar os crentes (aroma para vida), quando de condenar os perversos
(aroma para morte).

12. CONCLUSÃO
1. Então, os coríntios podiam olhar para a vida de Paulo, e não mais pensar nele como
um derrotado, um fracassado, por causa dos eventos em Éfeso, em Trôade.
2. Podiam se ver eles mesmos como alvo do bom perfume da vida de Paulo, mas tinham
que verificar se era um aroma para vida ou para morte.

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