Texto Carta Aos Gálatas 1

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Texto Carta aos Gálatas 1.

1-5

Introdução

No decorrer dos cerca de trinta anos que se passaram entre a sua


conversão perto de Damasco e a sua prisão cm Roma, o apóstolo Paulo
viajou muito pelo Império como embaixador de Jesus Cristo. Em suas Ires
famosas viagens missionárias ele pregou o evangelho e plantou igrejas
nas províncias da Galácia, Ásia, Macedônia (norte da Grécia) e Acaia
(sul da Grécia). Além disso, suas visitas eram seguidas de cartas, com as
quais ele ajudava a supervisionar as igrejas que fundara. Uma dessas
cartas, que muitos crêem ser a primeira escrita por ele (cerca de 48 ou 49
d.C.), é a Epístola aos Gálatas. Ela foi dirigida às igrejas da Galácia
(versículo 2).

O Evangelho de Paulo (vs. 3, 4)

Graça a vós outros e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus
Cristo... Não são termos formais e sem sentido. “Graça” e “ paz” , embora
sejam palavras comuns, estão impregnadas de conteúdo teológico. Na
verdade, elas resumem o evangelho da salvação pregado por Paulo. A
natureza da salvação é paz, ou reconciliação: paz com Deus, paz com
os homens, paz interior. A fonte da salvação é a graça, o favor livre de
Deus, independente de qualquer mérito ou obras humanas, sua
benevolência para com os que não merecem. E esta graça e paz flui
tanto do Pai quanto do Filho. Paulo passa imediatamente ao grande
evento histórico no qual a graça de Deus foi exibida e do qual deriva a
Sua paz, isto é, a morte de Jesus Cristo na cruz: o qual se entregou a si
mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo
perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai (versículo 4). Embora
Paulo tenha declarado antes que Deus Pai ressuscitou Cristo dos mortos
(versícuio 1), agora ele escreve que é através da sua entrega para morrer
na cruz que Jesus nos salva. Consideremos o rico ensinamento que temos
aqui acerca da morte de Cristo.
Três estágios da ação divina para a salvação do homem.

a. O Primeiro estágio Cristo morreu pelos nossos pecados v. 4a

O caráter de sua morte é indicado pela expressão o qual se entregou a


si mesmo pelos nossos pecados. A morte de Jesus Cristo não foi
primordialmente uma demonstração de amor, nem um exemplo de
heroísmo, mas, sim, um sacrifício pelo pecado. Na verdade, o uso da
preposição peri na frase “ pelos nossos pecados” em alguns dos melhores
manuscritos pode ser um eco da expressão do Antigo Testamento para
a oferta pelo pecado. O Novo Testamento nos ensina que a morte de
Cristo foi uma oferta pelo pecado, o único sacrifício através do qual os
nossos pecados poderiam ser perdoados e esquecidos. Esta grande
verdade não é explicada nesta passagem, porém mais adiante na
Epístola (3:13) somos informados de que Cristo realmente se tornou “
maldição em nosso lugar” . Ele tomou sobre a sua justa pessoa a
maldição ou o juízo que nossos pecados mereciam. Martinho Lutero
comenta que “ estas palavras são verdadeiros trovões do céu contra todo
tipo de justiça” , isto é, contra toda forma de justiça própria. Uma vez
sabendo que Cristo “ se entregou a si mesmo pelos nossos pecados” ,
entendemos que somos pecadores, incapazes de nos salvar, e deixamos
de confiar em nós mesmos e em nossa justiça.

b. O Segundo estágio - Cristo morreu para nos libertar deste mundo 4b

Se a natureza da morte de Cristo na cruz foi “ pelos nossos pecados” , seu


objetivo foi “ nos libertar deste mundo perverso” (versículo 4). O Bispo J.
B. Lightfoot escreve que o verbo (“ libertar” ) “ dá a tônica da epístola” .
“ O evangelho é uma libertação” , acrescenta ele, “ uma emancipação
de um estado de servidão” . O Cristianismo é, de fato, uma religião de
libertação. O verbo grego neste versículo é enfático (exaireõ, na voz
média). É usado em Atos referindo-se à libertação dos israelitas da
escravidão egípcia (7:34), à libertação de Pedro da prisão e da mão do
rei Herodes (12:11), e à libertação de Paulo da multidão enfurecida que
estava para linchá-lo (23:27). Este versículo em Gálatas é a única
passagem em que o termo é usado metaforicamente como salvação.
Cristo morreu para nos libertar. Do que ele nos liberta através da sua
morte? Não exatamente deste mundo perverso” , como diz a nossa
tradução (ERAB), pois o propósito de Deus não é nos tirar do mundo;
temos de permanecer nele como “ a luz do mundo” e “ o sal da terra” .
Mas Cristo morreu para nos libertar “ deste mundo mau” (BLH), ou, como
talvez deveria ser traduzido, “desta presente dispensação do maligno” ,
uma vez que este (o diabo) é o seu senhor. Deixe-me explicar. A Bíblia
divide a história cm duas dispensações: “esta dispensação” e “ a
dispensação futura. Além disso, ela nos diz que “ a dispensação futura”
já chegou, porque Cristo a inaugurou, embora a atua! dispensação
ainda não tenha chegado ao fim. As duas dispensações, portanto,
acontecem paralelamente. Elas se sobrepõem. Conversão cristã significa
libertação da antiga dispensação e transferência para a nova
dispensação, ‘‘a dispensaçâo futura” . E a vida cristã consiste em viver
nesta dispensação a vida da dispensação futura. O propósito da morte
de Cristo não foi, portanto, apenas nos dar o perdão, mas, depois do
perdão, proporcionar-nos uma nova vida, a vida da dispensação futura.
Cristo se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar
desta presente dispensação maligna.

c. O Terceiro estágio Cristo morreu de acordo com a vontade de Deus


v.4c

Tendo considerado a natureza e o objetivo da morte de Cristo,


analisemos agora sua fonte ou origem. Ela aconteceu segundo a
vontade de nosso Deus e Pai. Tanto o nosso resgate desta dispensação
maligna quanto os meios pelos quais ele foi efetuado estão de acordo
com a vontade de Deus. Certamente não são segundo a nossa vontade,
como se tivéssemos alcançado nossa própria libertação. Também não
são apenas segundo a vontade de Cristo, como se o Pai relutasse em
agir. Na cruz, a vontade do Pai e a vontade do Filho estavam em perfeita
harmonia. Jamais devemos supor que o Filho se ofereceu para fazer
alguma coisa contra a vontade do Pai, ou que o Pai exigiu do Filho
alguma coisa contra a própria vontade deste. Paulo escreve que o Filho
“ sacrificou-se” (versículo 4a) e que esse auto-sacrifício foi “ segundo a
vontade de nosso Deus e Pai” (versículo 4b). Resumindo, este versículo
nos ensina que a natureza da morte de Cristo é um sacrifício pelo
pecado, que o seu objetivo é a nossa libertação desta atual dispensação
maligna, e que a sua origem é a vontade cheia de graça do Pai e do
Filho.

Conclusão

O que de fato o apóstolo faz. nestes versículos introdutórios da Epístola é


traçar três estágios da ação divina para a salvação do homem. O
primeiro estágio é a morte de Cristo pelos nossos pecados, a fim de nos
libertar desta presente dispensação maligna. O segundo estágio é a
designação de Paulo como apóstolo para dar testemunho de Cristo, que
morreu e ressuscitou. O terceiro estágio é o dom dc graça e paz que foi
dado a nós, os que cremos, dom esse que Cristo obteve e do qual Paulo
dava testemunho.

Em cada um desses três estágios, o Pai e o Filho agiram ou continuam


agindo juntos. A morte de Jesus pelo pecado foi um ato de auto-
sacrifício e segundo a vontade de Deus Pai. A autoridade apostólica de
Paulo foi “por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os
mortos”. E a graça e a paz que desfrutamos como resultado também são
“de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”. Que coisa maravilhosa! Eis
o nosso Deus, o Deus vivo, o Pai e o Filho, operando em graça para a
nossa salvação. Primeiro, ele o fez na história, na cruz?,. Depois, ele o
anunciou nas Escrituras através dos seus apóstolos escolhidos. E, hoje, ele
o concede na experiência dos crentes. Cada estágio é indispensável.
Não poderia haver experiência cristã hoje sem a obra única de Cristo na
cruz, especialmente testemunhada pelos apóstolos. O Cristianismo é uma
religião tanto histórica como experimental. Na verdade, uma de suas
principais glórias é esse casamento entre a história e a experiência, entre
o passado e o presente. Jamais devemos tentar divorciá-los.

Não podemos ignorar a obra de Cristo nem o testemunho dos apóstolos


de Cristo, se quisermos desfrutar hoje a graça e a paz. Não é de estranhar
que Paulo conclua o seu primeiro parágrafo com uma doxologia: a quem
seja a glória (a glória que lhe é devida, a glória que lhe pertence) pelos
séculos dos séculos. Amém

Ore Agradeça a Deus ...

• ... por designar apóstolos para pregar e defender o evangelho.

• ... pelo compromisso de Paulo com a verdade do evangelho e por sua


paixão por ela.

• ... pelo evangelho.

Agradeça a Deus por resgatar seu povo dos pecados cometidos, o que
foi possível por meio da morte de seu Filho e por ressuscitá-lo dentre os
mortos para provar que o perdão está disponível.

Peça a Deus ...

• que aprofunde seu amor e paixão pelo evangelho.

• que o ajude a reconhecer evangelhos falsos e evangelhos do avesso;


e que lhe dê a sabedoria de saber como reagir.

• oportunidades para compartilhar o evangelho verdadeiro com outras


pessoas esta semana.

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