Eduardo Guimarães - Quado o Eu Se Diz
Eduardo Guimarães - Quado o Eu Se Diz
Eduardo Guimarães - Quado o Eu Se Diz
Eduardo Guimarães*
Uma análise desta prática está em “Dois Modos de Não Dizer Eu”, apresentado no
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Léo Spitzer nasceu em Viena em 1887 e faleceu em 1960 nos Estados Unidos onde
trabalhava na Johns Hopkins University. A obra aqui citada é de 1948, teve uma edição em
espanhol em 1955, pelo Gredos. Utilizo a edição de 1974.
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Michel Rifaterre nasceu em 20 de novembro de 1924, em Bourganeuf na França e faleceu
em 2006 em Nova Iorque, onde trabalhou na Columbia University. Utilizo aqui a tradução
para o português de 1989.
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4 Esta questão foi tratada por Guimarães (2008). Sobre os modos como o texto sempre esteve
presente nas minhas preocupações, ver Guimarães (1987, 1995, 1998 e 2006).
5 “Quando a terra se transforma em um cárcere úmido,/De onde a Esperança, como
um morcego,/Parte batendo nos muros com a asa tímida/E batendo a cabeça nos tetos
apodrecidos.”
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7 Fundamentalmente me afasto do aspecto por ele caracterizado como indutivo. O que não
me coloca, no entanto, no domínio dos estudos formais dedutivos.
8 Para mim um enunciado é uma sequência linguística que tem como características ter
consistência interna e ao mesmo tempo independência relativa. Sobre isso, ver, por
exemplo, Guimarães (2006a, p. 121-123)
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9 Seria interessante lembrar aqui as análises que encontramos em Zancarini e outros (2008),
ao trabalharem com o que os autores chamam “filologia política”. Neste caso o interesse é
trabalhar com a constituição dos sentidos de palavras em textos políticos do século XVI.
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2. UM TEXTO DE PUBLICIDADE
Como dissemos no início, vamos analisar aqui um texto distribuído
pela Rede Chevrolet. Trata-se do texto “Feirão Chevrolet Show”, recolhido
como publicidade de rua, entregue a motoristas nos cruzamentos da cidade
de Campinas. O texto é o que está no anexo final do artigo (Tf é a frente do
folheto recolhido e Tv o verso).
Para a análise, no movimento do recorte à unidade do texto e desta
para outro recorte, vamos começar por um recorte aparentemente
secundário: o procedimento de redundância na apresentação dos objetos.
Vamos em seguida para a análise do sentido do nome próprio da empresa
envolvida (considerando suas caracterizações e a determinação semântica);
consideraremos, num outro movimento, a cena enunciativa (Guimarães,
2002: 23-26) específica do slogan com a logomarca da empresa; passaremos
pelos procedimentos de enumeração, fundamentais no modo de organização
deste texto; e observaremos a seguir a questão das línguas do texto.
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17 Ver no anexo como o slogan aparece no texto. O sinal =++= representa, nesta transcrição,
a logomarca chevrolet.
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CONCLUSÃO
O dispositivo de análise aqui adotado, por se basear em relações
linguísticas transversais (não segmentais, nem formais), pela consideração
da integração, tal com a definimos, permitiu um percurso pelos recortes
do texto, que levou a aspectos bastante interessantes. O primeiro recorte
trouxe a questão da redundância como argumentação e ao mesmo tempo
a questão de um texto dentro de si mesmo, como “resumo” do todo. Isto se
articula com todo tipo de reiteração que foi encontrada nos demais recortes:
reescrituração por repetição do nome, enumeração em cada uma das tiras,
palavras em inglês nas articulações descritivas nos enunciados, etc.
A redundância, pode-se ver, se faz claramente projetada em todo texto
e, no caso do nome Chevrolet, observa-se um cruzamento significativo da
reescrituração por repetição (do nome, do slogan, etc) e da articulação
apositiva em que Chevrolet caracteriza linha, rede, feirão, o que produz,
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Tf
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