2872-Article Text-4918-1-10-20100817
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HENRIQUE SIMONSEN*
1. Introdução.
Salário
Real
pico
média
tempo
1 Este fato foi tarrbérnrelatado pelo Sirronsen ao professor Rubens Penha Cysne, seu co-autor
i [Sirronsen e Cysne (1989)].
no livro de macroeconoma
2 Veja, por exemplo, Fteyre (1968), Jaguaribe (1974), Prado (1997), e Torres (1982).
3 Quando a EPGE iniciou seu curso de doutorado em 1974, a Congregação da Escola, sem
sua participação, decidiu outorgar o prirreiro título de Doutor ao Simmse n, com base no livro
Inflação: Gradualisrro X 1J:atarrento de Choque, corro sua tese de doutorado. Esta exceção do
regirre nto da Escola só foi usada até hoje neste caso.
7r, = O<7r'_1 + fJ (�
Y'-1
-
1 - 1)) + 0<,
onde 7r é a taxa de inflação, y é o nível de demanda, O< é o choque de
oferta, e 0<, fJ e 1) são parâmetros; O< é o coeficiente de realimentação
(ou de inércia), fJ mede o impacto da componente de demanda na
taxa inflação, e 1) é a taxa de crescimento do produto potencial da
econOInla.
Um modelo similar a este foi desenvolvido nos Estados Unidos
por Gordon [(1982), (1997)] no final da década dos 70 e início da
década dos 80, que ele batizou de modelo do triângulo, e que Gor
don afirma ser um modelo tipicamente keynesiano. Na verdade em
qualquer sistema dinâmico, cada variável endógena do modelo pode
ser escrita como função de sua própria história passada, e de de
fasagens distribuídas das variáveis exógenas do modelo [ver a este
respeito Barbosa (1983), p.153-160].
No caso do modelo de realimentação, Simonsen não deduziu
sua equação a partir de um arcabouço teórico que identificasse sua
origem, dando margem a diferentes interpretações. Lopes (1979), por
exemplo, interpretou-o como sendo um modelo neo-estruturalista;
Barbosa (1979) mostrou que o modelo de realimentação era um caso
particular do modelo de Friedman (1971), e que seria desprovido
de sentido chamar Friedman de neo-estruturalista. O argumento
de Lopes baseava-se no fato de que o modelo de realimentação ad
mite uma relação de trocas entre inflação e crescimento do produto
real, quando o coeficiente de realimentação é menor do que um. Bar
bosa mostrou que o modelo de realimentação é compatível com qual
quer nível de capacidade ociosa da economia, porque a variável de
demanda é medida pela diferença entre a taxa de crescimento do
produto real e a taxa de crescimento do produto potencial; se o
coeficiente de realimentação for igual a um, o produto real estará
crescendo a uma taxa igual à do produto potencial, mas o nível de
capacidade ociosa é indeterminado.
O modelo de realimentação mostra claramente que a inércia é
o mecanismo de propagação da inflação, mas não é sua causa. Os
choques de oferta são, pela sua própria natureza, acidentais e não sis
temáticos. A origem do processo está na componente de demanda.
Todavia, não se pode ignorar a inércia num programa de estabi
lização, sob pena de aumentar-se desnecessariamente os custos soci
ais de um programa de estabilização. A experiência do período inicial
do PAEG antes da lei salarial, que obrigou o reajuste dos salários
pela média, convenceu o Simonsen da necessidade da política de
rendas. Os críticos da época não entenderam os fundamentos que
justificavam a política implementada. Algumas análises posteriores
4 Este artigo, com um título ligeiran:ente diferente, foi publicado também num livro organi
zado por Kennet h J. Arrow [Sirmnsen (1988)]. Sirmnsen desejava ampliar o número de leitores
de seu artigo, pois estava interessado em difundir suas idéias.
1 m
log Px = k+ log R + log P
m+l m+l
--
Re nda
(R)
R, .....................,.------
tempo
5. Conclusão.
Referências
Delfim Netto, A.; A.C. Pastore; P. Cipolare & E.P. Carvalho 1965.
"Alguns aspectos da inflação brasileira." São Paulo: ANPES.
Freyre, G. 1968. "Como e porque sou e não sou sociólogo." Brasília:
Editora Universidade de Brasília.
Friedman, M. 1971. "A theoretical framework for monetary analy
sis." Nova York: National Bureau of Economic Research.
Furtado, C. 1972. "Formação econômica do Brasil." 11ª edição, São
Paulo: Companhia Editora Nacional.
Gordon, RJ. 1982. "Price inertia and policy ineffectiveness in the
United States, 1890-1980." Journal of Political Economy 90:
1087-1117.
Gordon RJ. 1997. "The time-varying NAIRU and its implications
for economic policy." Journal of Economic Perspectives 11:
11-32.
Jaguaribe, R. 1974. "Brasil: Crise e alternativas." Rio de Janeiro:
Zahar Editores.