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Juliana Tamie Yamada, Sarah Nayumi Nishihira, Márcia Torturela

Aplicação da Medida de Independência Funcional na


prática do autocuidado em uma unidade de internação
geriátrica
Juliana Tamie Yamada*; Sarah Nayumi Nishihira**; Márcia Torturela***

Resumo
Descrever o perfil de idosos internados ma e abaixo da cintura), houve redução
em uma unidade de internação geriátrica da pontuação com significância estatística
de acordo com a sua funcionalidade e sua na maioria dos itens durante o período de
dependência no autocuidado e avaliar sua internação. Houve uma tendência à piora
evolução quanto a esses aspectos durante na funcionalidade do idoso com relação
o período de internação. Os dados socio- ao autocuidado durante o período de in-
demográficos e clínicos foram coletados ternação hospitalar. Portanto, a assistência
por meio do histórico de enfermagem. O de enfermagem deve criar condições que
instrumento utilizado para realizar a ava- possibilitem ao idoso manter e implemen-
liação da funcionalidade foi a Medida de tar o autocuidado, para que adquira inde-
Independência Funcional (MIF). A amostra pendência e conviva da melhor maneira
foi composta por 31 idosos de idade su- possível com suas limitações, facilitando,
perior ou igual a sessenta anos, que foram dessa forma, sua reintrodução na socieda-
avaliados semanalmente quanto à sua fun- de e na família.
cionalidade para o autocuidado, desde a
sua admissão até o momento de sua alta. Palavras-chave: Saúde do idoso. Autocui-
Na avaliação da MIF autocuidado total dado. Funcionalidade.
houve uma redução da pontuação entre
a primeira (16,6) e terceira (14,3) sema-
na, porém sem significância estatística
(p = 0,239). Analisando os itens da MIF
separadamente (alimentação, higiene, ba-
nho, uso do vaso sanitário e vestir-se aci-

*
Aprimoranda de Enfermagem em Geriatria e Gerontologia do Hospital do Servidor Público. Endereço para
correspondência: Rua Jardim de Repouso, 881, CEP 07261-000, Guarulhos - SP. E-mail: juzinhayamada@
hotmail.com.
**
Fonoaudióloga especializada em Gerontologia pela Escola Paulista de Medicina; supervisora da pós-graduação
em Gerontologia, da disciplina de Geriatria e Gerontologia da Universidade Federal de São Paulo.
***
Enfermeira supervisora de Enfermagem em Geriatria e Gerontologia do Hospital do Servidor Público Es-
tadual; coordenadora e supervisora do curso de Extensão em Gerontologia do Hospital do Servidor Público
Estadual. Local da Pesquisa: Hospital do Servidor Público Estadual. E-mail: [email protected]
Recebido em maio de 2009 – Aceito em maio de 2009.
doi:10.5335/rbceh.2009.024

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Aplicação da Medida de Independência Funcional na prática do auto cuidado em uma unidade de...

Introdução to de sua saúde e ênfase na capacidade


funcional.
O processo do envelhecimento e sua Visto que a maior parte desta popu-
consequência natural, a velhice, é uma lação é acometida por doenças crônico-
das preocupações da humanidade desde degenerativas, somada à decorrência
o início da civilização. Estima-se que no de pluripatogenia (evidência de mais de
ano de 2025 o Brasil venha a se tornar uma doença concomitante), podem ser
a sexta maior população de idosos no consideradas responsáveis pela necessi-
mundo, com um percentual equivalente dade de maior permanência hospitalar e
a 15% de indivíduos maiores de sessen- pela progressiva perda de autonomia dos
ta anos em relação aos demais. (IBGE, idosos. (SALES; SANTOS, 2007).
2000). Ainda é grande a desinformação As doenças diagnosticadas num
sobre a saúde do idoso e as particula- indivíduo idoso geralmente não admi-
ridades e desafios do envelhecimento tem cura e, se não forem devidamente
populacional. tratadas e acompanhadas ao longo dos
Segundo Freitas et al. (2006), poucos anos, tendem a apresentar complicações
problemas têm merecido tanta atenção e sequelas que comprometem a inde-
e preocupação do homem como o enve- pendência e a autonomia do paciente. A
lhecimento e a incapacidade funcional saúde não é mais medida pela presença
associada a esse processo. Ramos e ou não de doenças, e sim pelo grau de
Neto (2005) referem que, diante do en- capacidade funcional. (RAMOS, 2003).
velhecimento da população idosa, há a Para Orem (1980), o autocuidado é
necessidade de estruturação de serviços a prática de atividades que o indivíduo
e programas de saúde que possam res- inicia e executa em seu próprio benefício
ponder às demandas emergentes do novo na manutenção da vida, da saúde e do
perfil epidemiológico do país. De forma bem-estar. Tem como propósito as ações
geral, percebe-se um aumento no número que, seguindo um modelo, contribuem
de internações hospitalares entre os ido- de maneira específica para a integri-
sos, relacionado tanto com a senescência dade das funções e o desenvolvimento
quanto com a senilidade. humano.
A avaliação de idosos centrada na en- Quando um paciente apresenta
fermagem, segundo Lueckenotte (2002), déficit no autocuidado, a enfermagem
deve ser fundamentada nos conheci- mostra o quanto é necessário. Após o
mentos gerontológicos. Independente- enfermeiro identificar esse déficit, esta-
mente da estrutura ou do instrumento belece o plano de ação junto ao paciente,
utilizado, o profissional de enfermagem delegando a sua responsabilidade, a do
deve coletar os dados enquanto observa paciente e de outros profissionais para
os seguintes princípios: utilização de que a demanda terapêutica do autocui-
uma abordagem individual centrada dado seja atendida. (OREM, 1980).
na pessoa, consideração ao cliente como O envelhecimento populacional é
participante no controle e no tratamen- uma realidade e requer atendimento
especializado. Como a incidência de in-

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ternações hospitalares em enfermarias Trata-se de um instrumento de ava-


geriátricas é alta, resolvemos averiguar liação da incapacidade de pacientes com
a funcionalidade de acordo com a sua restrições funcionais de origem variada,
dependência no autocuidado durante a tendo sido desenvolvido na América do
internação. Julgamos que desse modo Norte na década de 1980. Seu objetivo
seria possível a definição de estraté- primordial é avaliar de forma quanti-
gias e um caminho que vise à melhoria tativa a carga de cuidados demandada
contínua da qualidade da assistência por uma pessoa para a realização de
prestada. uma série de tarefas motoras e cogniti-
vas de vida diária. Entre as atividades
Metodologia avaliadas estão o autocuidado, controle
esfincteriano, transferências, locomoção,
Trata-se de um estudo quantitativo comunicação e cognição social. Cada uma
e descritivo realizado na enfermaria ge- dessas atividades recebe uma pontuação
riátrica do Hospital do Servidor Público de de 1 (dependência total) a 7 (indepen-
Estadual Francisco Morato de Oliveira, dência completa), com total que varia de
com 31 indivíduos de idade superior ou 18 a 126 pontos.
igual a sessenta anos, que foram ava- Para este estudo foram utilizadas
liados semanalmente quanto à sua fun- apenas as atividades para o autocuidado
cionalidade para o autocuidado, desde a alimentação (AL), higiene (H), banho (B),
sua admissão até o momento de sua alta. vestir-se acima da cintura (PC), vestir-
Todos os indivíduos ou seus responsáveis se abaixo da cintura (PD) e uso do vaso
assinaram o termo de consentimento sanitário (BANH), obtendo-se uma pon-
livre e esclarecido. Foram excluídos da tuação que variou de 6 a 42 pontos.
amostra os pacientes com menos de sete Este trabalho foi aprovado pelo
dias de internação. Comitê de Ética em pesquisa do Insti-
Os dados sociodemográficos e clí- tuto de Assistência Médica do Servidor
nicos foram coletados por meio do Público Estadual (IAMSPE) sob o n.
histórico de enfermagem, onde cons- 121/08. Os dados obtidos foram tabula-
tam dados de identificação, hipóteses dos e analisados estatisticamente pelo
diagnósticas, além de dados específicos programa SPSS versão 14.0. Foi con-
da enfermagem, o qual foi aplicado no siderado estatisticamente significante
ato da internação pela avaliadora. O valor de p menor que 0,05 e utilizada
instrumento utilizado para realizar a análise de variância (Anova) com medi-
avaliação da funcionalidade foi a Medida das repetidas.
de Independência Funcional (MIF), vali-
dado no Brasil por Riberto et al. (2004). Análise e discussão dos dados
Sua aplicação foi feita com o paciente
e/ou seu cuidador/responsável; quando Foram avaliados 31 idosos com ida-
isso não era possível, foi preenchido de de superior ou igual a sessenta anos.
acordo com a observação realizada pela Verificou-se que a maioria dos pacientes
pesquisadora.

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internados tinha idade acima de oitenta aumento lento, mas gradual, interrom-
anos (66,1%), caracterizando uma popu- pido por uma votabilidade no índice de
lação da quarta idade. Segundo Moraes e mortalidade por epidemias e pandemias
Costa (2007), a expectativa de vida vem de doenças infecciosas, fome e guerras.
aumentando e cada vez mais encontra- Essa votabilidade foi drasticamente
mos pessoas com idade superior a oitenta reduzida na metade do século XIX, à
anos. A maioria da população analisada medida que essas doenças infecciosas
é do sexo feminino (90%). Todos os pa- foram sendo combatidas eficazmente e
cientes tinham ao menos uma doença houve melhoria das condições de vida,
crônica, como diabete melitus, doença como também de políticas de saúde.
pulmonar obstrutiva crônica, acidente Cientistas afirmam que o que comanda
vascular cerebral, demências, cardio- o envelhecimento é o ambiente e o estilo
patias, hipertensão arterial sistêmica, de vida, sendo a genética de menor in-
broncopneumonia e insuficiência renal fluência dentre esses. Ainda que existam
crônica. Dentre as comorbidades encon- genes que estão envolvidos no processo
tradas as principais foram hipertensão de envelhecimento, é o ambiente o fator
(90,3%) e cardiopatias (54,8%), como determinante da longevidade.
mostra a Figura 1. A média do tempo de
internação do estudo foi de 14 dias, com
ampla variação (7 a 56 dias).

Figura 2 - Distribuição da faixa etária.

Com relação ao sexo Parahyba,


Figura 1 - Comorbidades encontradas. Veras e Melzer (2005) explicam que as
mulheres não desenvolvem incapacida-
A faixa etária mais frequente en- des funcionais com maior frequência do
contrada neste trabalho, entre 80-90 que os homens, mas sobrevivem mais
anos, como mostra a Figura 2, condiz tempo do que eles com suas limitações.
com dados da literatura, já que muitos Motta (1999) explica essa diferenciação
estudiosos da área relatam o crescimento das maneiras de viver a velhice por
da expectativa de vida. Conforme Bee critérios combinados de gênero e classe
(1997), a tendência na expectativa de social: mulheres de classe baixa e média
vida dos seres humanos durante o último tendem a se afirmar pela atividade e pela
milênio tem sido caracterizada por um participação em espaços de lazer e con-

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vivência, os quais usam como símbolos


de liberdade, muitas vezes até ultrapas-
sando os limites das convenções sociais;
por sua vez, as mulheres de classe média
tendem a ir para as universidades, que
lhes oferecem a oportunidade de se atua-
lizarem e de aprenderem sobre o mundo
e sobre si próprias, num contexto a que
sempre sonharam pertencer.
Em contrapartida, os homens de
classe média e baixa tendem a se congre-
gar mais em federações e confederações
de pensionistas e aposentados para lutar
por seus direitos. A feminização da velhi-
ce também é indicada pelo crescimento
relativo da taxa de mulheres idosas que
são chefes de família e que fazem parte
da população economicamente ativa. Figura 3 - Distribuição de raça.
Zaslavsky e Gus (2002) relatam que,
atualmente, o que preocupa no idoso é a Durante o processo de internação
sua saúde global, tornando as comorbi- hospitalar foi observado que todos pos-
dades importantes, e as estatísticas mos- suíam algum tipo de alteração visual e
tram que a maior causa de mortalidade algum déficit auditivo, o que traz prejuí-
e morbidade é a doença cardiovascular. zos também para uma boa capacidade
A doença coronariana é a causa de 70 a funcional do idoso.
80% de mortes tanto em homens como Foi observado que a funcionalidade
em mulheres e a insuficiência cardíaca dos indivíduos internados na enfermaria
congestiva, mais comum de internação geriátrica já era, de certa forma, preju-
hospitalar, de morbidade e mortalidade dicada em razão das suas comorbidades
na população idosa. Em virtude desses e que no decorrer da internação houve
dados, fica evidente que cuidados com uma tendência a piorar, o que pode ser
as comorbidades e um programa dire- justificado pela própria internação, vis-
cionado à prevenção primária no idoso to que aumentam os riscos à exposição
permitirão que no futuro as doenças ambiental, com o consequente risco de
degenerativas e, fundamentalmente, infecção hospitalar.
as cardiovasculares possam ser bem Para análise estatística da MIF
atenuadas. foram estudados apenas pacientes
A Figura 3 mostra a distribuição até a terceira semana de internação
de raça, mas não foram encontrados (n = 14), em virtude da redução do nú-
estudos que possam justificar tal pre- mero de pacientes após este período. Foi
dominância. determinada a média dos valores da MIF

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total do autocuidado e de cada item que Tabela 1 - Médias e desvios-padrão. MIF - AL


o compõe durante as três primeiras se- (Alimentação).
manas e estudada sua variação. Na ava- Estatísticas AL1 AL2 AL3
liação funcional, percebeu-se que na MIF Média 4,07 3,57 3,36
total do autocuidado houve tendência à Desvio-padrão 1,82 1,99 1,91
redução da pontuação, porém sem signi- N 14 14 14
ficância estatística (p = 0,239). Quando Anova. p < 0,0001*
realizadas comparações múltiplas de
mínimos quadrados, também não foram Tabela 2 - Valores de p.
encontradas relações significantes. Para Inicial 2
melhor visualizar as diferenças entre os 2 0,0537
momentos apresentam-se na Figura 4 os 3 < 0,0001* 0,0003*
intervalos de confiança para a média dos Inicial = 1 semana < 2 semanas
valores para autocuidado.
Para melhor visualizar as diferenças
acima apresentam-se na Figura 5 os
intervalos de confiança para a média do
item alimentação.

Figura 4 - Intervalo de confiança para a média


dos valores para autocuidado.

Na análise da MIF no autocuidado


avaliado separada e semanalmente no Figura 5 - Intervalo de confiança para a média
item alimentação, verifica-se que houve do item alimentação.
uma redução na pontuação (Tab. 1) com
significância estatística entre os mo- No item higiene houve redução da
mentos. Quando aplicadas comparações pontuação (Tab. 3) com diferença signifi-
múltiplas de mínimos quadrados, tem- cante entre os momentos. Nas compara-
se a Tabela 2, que fornece os valores de ções múltiplas de mínimos quadrados a
(p) para as comparações 2 a 2 entre os Tabela 4 fornece os valores de (p) para as
momentos. comparações 2 a 2 entre os momentos.

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Tabela 3 - Médias e desvios-padrão MIF - H Tabela 5 - Valores de p.


(Higiene). Inicial 2
Estatísticas H1 H2 H3 2 0,162
Média 3,57 3,21 3,07 3 0,047* 0,546
Desvio-padrão 2,17 2,16 1,90 Anova. p = 0,124.
N 14 14 14
Anova. p < 0,0001*. Para melhor visualizar as diferenças
acima apresentam-se na Figura 7 os
Tabela 4 - Valores de p. intervalos de confiança para a média do
Inicial 2 item banho.
2 0,0654
3 < 0,0001* 0,003*
Inicial = 1 semana < 2 semanas.

Para melhor visualizar as diferen-


ças acima apresentamos na Figura 6 os
intervalos de confiança para a média do
item higiene.

Figura 7 - Intervalo de confiança para a média


do item banho.

No item vestir-se acima da cintura


(PC) houve redução da pontuação com
significância estatística (Tab. 6). Para
comparações múltiplas de mínimos qua-
drados a Tabela 7 apresenta os valores
de (p) para as comparações 2 a 2 entre
Figura 6 - Intervalo de confiança para a média os momentos.
do item higiene.
Tabela 6 - Médias e desvios-padrão MIF - PC
(Vestir-se acima da cintura).
No item banho houve redução da
pontuação, porém sem diferença signi- Estatísticas PC1 PC2 PC3
ficante entre os momentos (p = 0,124). Média 2,29 2,14 1,93
Mesmo não significante ao aplicar Desvio-padrão 1,73 1,66 1,49
comparações múltiplas de mínimos qua- N 14 14 14
Anova. p = 0,0006*.
drados, a Tabela 5 fornece os valores de
(p) para as comparações 2 a 2 entre os
momentos.

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Tabela 7 - Valores de p. Tabela 9 - Valores de p.


Inicial 2 Inicial 2
2 0,0326* 2 0,263
3 0,0001* 0,059 3 0,0009* 0,021*
Inicial > 1 semana = 2 semanas. Inicial = 1 semana > 2 semanas.

Para melhor visualizar as diferen- Para melhor visualizar as diferenças


ças acima apresentam-se na Figura 8 acima apresentam-se na Figura 9 os
intervalos de confiança para a média do
os intervalos de confiança para a média
item vestir-se abaixo da cintura.
vestir-se acima da cintura.

Figura 9 - Intervalo de confiança para a média


do item vestir-se abaixo da cintura
Figura 8 - Intervalo de confiança para a média
vestir-se acima da cintura.
No item uso do vaso sanitário houve
redução da pontuação com diferença sig-
No item vestir-se abaixo da cintura nificante entre os momentos (Tab. 10).
(PD) houve redução da pontuação com Ao analisar comparações múltiplas de
diferença significante entre os momen- mínimos quadrados, a Tabela 11 fornece
tos (Tab. 8). Aplicando comparações os valores de (p) para as comparações 2
múltiplas de mínimos quadrados, tem- a 2 entre os momentos.
se a Tabela 9, que fornece os valores de
Tabela 10 - Médias e desvios-padrão MIF -
(p) para as comparações 2 a 2 entre os BANH (Uso do vaso sanitário).
momentos.
Estatísticas BANH1 BANH2
Média 2,07 2,14 1,57
Tabela 8 - Médias e desvios-padrão MIF - PD
(Vestir-se abaixo da cintura). Desvio-padrão 1,69 1,88 1,45
N 14 14 14
Estatísticas PD1 PD2 PD3 Anova. p = 0,0007*.
Média 2,00 2,14 1,93
Desvio-padrão 1,57 1,66 1,49 Tabela 11 - Valores de p.
N 14 14 14 Inicial 2
Anova. p = 0,003*. 2 0,229
3 0,0002* 0,008*
Inicial = 1 semana > 2 semanas.

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Juliana Tamie Yamada, Sarah Nayumi Nishihira, Márcia Torturela

Para melhor visualizar as diferenças tem como princípio de seu trabalho o


acima apresentam-se na Figura 10 os cuidar, a manutenção e melhoria da
intervalos de confiança para a média do funcionalidade, prevenção e promoção
item uso do vaso sanitário. da saúde, recuperação e reabilitação de
idosos que venham a ter comprometida
sua capacidade funcional. Ainda, segun-
do Santos (2000), o melhor local para se
desenvolver o cuidado a um ser humano
idoso é a sua casa, junto a sua família e
na sua comunidade. A hospitalização e
institucionalização do idoso devem ser
evitadas o máximo possível.

Conclusão
Figura 10 - Intervalo de confiança para a mé- Observou-se que houve uma tendên-
dia do item uso do vaso sanitário cia na piora da funcionalidade do idoso
com relação a autocuidados numa enfer-
Discussão maria geriátrica durante o período de
internação. A assistência de enfermagem
Observou-se que os idosos internados deve criar condições que possibilitem ao
apresentaram tendência a um declínio idoso manter e implementar o autocuida-
de sua capacidade funcional, o que traz do, levando em consideração a individua-
dificuldades para intervenções junto a lidade de cada um, para que adquiram
estes indivíduos, havendo necessidade de independência e convivam da melhor
avaliação da assistência prestada a eles maneira possível com suas limitações,
pelos serviços de saúde pública. facilitando dessa forma sua reintrodução
Ao observar e considerar todas as na sociedade e na família.
limitações dos idosos, a MIF pode ser
considerada como um marcador de saúde Application of Functional Independence
de grande serventia, uma vez que as fun-
ções humanas básicas são determinantes Measure in the practice of self care in a
para a habilidade do autocuidar. A ava- geriatric ward
liação de cada função mostra se o idoso
tem capacidade para ser independente Abstract
para o autocuidado ou se necessita de To describe the profile of older people ad-
ajuda. Dessa forma, o trabalho demons- mitted to a hospital geriatric unit in accor-
tra que a prática geriátrica deve ser in- dance with its function and its dependence
terdisciplinar, na qual cada profissional on self care and assess their progress on
tem papel fundamental para a melhora these aspects during the hospitalization.
do estado funcional do idoso. The socio-demographic data and clinical
De forma especial, uma maior esti- trials were collected through the history of
mulação ao idoso por parte da equipe de nursing. The instrument used to perform the
assessment of functionality was the Func-
enfermagem deve ser realizada, a qual
tional Independence Measure (FIM). The

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Aplicação da Medida de Independência Funcional na prática do auto cuidado em uma unidade de...

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