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PM-SP

Soldado PM de 2ª Classe

Será composta por uma redação, na qual se espera que o candidato produza uma dissertação em
prosa na norma-padrão da língua portuguesa, a partir da leitura de textos auxiliares, que servem como
um referencial para ampliar os argumentos produzidos pelo próprio candidato. Ele deverá demonstrar
domínio dos mecanismos de coesão e coerência textual, considerando a importância de apresentar um
texto bem articulado. ................................................................................................................................ 1

Modelo Redação Prova Anterior de 2017 .......................................................................................... 17

Candidatos ao Concurso Público,

O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail [email protected] para dúvidas

relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom

desempenho na prova.

As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar

em contato, informe:

- Apostila (concurso e cargo);

- Disciplina (matéria);

- Número da página onde se encontra a dúvida; e

- Qual a dúvida.

Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O

professor terá até cinco dias úteis para respondê-la.

Bons estudos!

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Será composta por uma redação, na qual se espera que o candidato
produza uma dissertação em prosa na norma-padrão da língua
portuguesa, a partir da leitura de textos auxiliares, que servem como
um referencial para ampliar os argumentos produzidos pelo próprio
candidato. Ele deverá demonstrar domínio dos mecanismos de
coesão e coerência textual, considerando a importância de
apresentar um texto bem articulado.

Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br

Para escrever um texto, necessitamos de técnicas que implicam no domínio de capacidades


linguísticas. Temos dois momentos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer) e o de expressá-
los por escrito (o escrever propriamente dito). Fazer um texto, seja ele de que tipo for, não significa apenas
escrever de forma correta, mas sim, organizar ideias sobre determinado assunto.
E para expressarmos por escrito, existem alguns modelos de expressão escrita: Descrição –
Narração – Dissertação.
Dissertação
Expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
É um tipo de texto argumentativo.
Defesa de um argumento:
a) Apresentação de uma tese que será defendida,
b) Desenvolvimento ou argumentação,
c) Fechamento;
Predomínio da linguagem objetiva;
Prevalece a denotação.

Dissertação

A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação de uma determinada ideia. É, sobretudo,


analisar algum tema. Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, clareza, coerência,
objetividade na exposição, um planejamento de trabalho e uma habilidade de expressão.
É em função da capacidade crítica que se questionam pontos da realidade social, histórica e
psicológica do mundo e dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação no seu significado diz
respeito a um tipo de texto em que a exposição de uma ideia, através de argumentos, é feita com a
finalidade de desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou artístico.

Exemplo:
Há três métodos pelos quais pode um homem chegar a ser primeiro-ministro. O primeiro é saber, com
prudência, como servir-se de uma pessoa, de uma filha ou de uma irmã; o segundo, como trair ou solapar
os predecessores; e o terceiro, como clamar, com zelo furioso, contra a corrupção da corte. Mas um
príncipe discreto prefere nomear os que se valem do último desses métodos, pois os tais fanáticos sempre
se revelam os mais obsequiosos e subservientes à vontade e às paixões do amo. Tendo à sua disposição
todos os cargos, conservam-se no poder esses ministros subordinando a maioria do senado, ou grande
conselho, e, afinal, por via de um expediente chamado anistia (cuja natureza lhe expliquei), garantem-se
contra futuras prestações de contas e retiram-se da vida pública carregados com os despojos da nação.

Jonathan Swift. Viagens de Gulliver.


São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235.

Esse texto explica os três métodos pelos quais um homem chega a ser primeiro-ministro, aconselha o
príncipe discreto a escolhê-lo entre os que clamam contra a corrupção na corte e justifica esse conselho.

Observe-se que:

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- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade com conceitos abstratos e genéricos (não se
fala de um homem particular e do que faz para chegar a ser primeiro-ministro, mas do homem em geral
e de todos os métodos para atingir o poder);
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a mudança de atitude dos que clamam contra a
corrupção da corte no momento em que se tornam primeiros-ministros);
- a progressão temporal dos enunciados não tem importância, pois o que importa é a relação de
implicação (clamar contra a corrupção da corte implica ser corrupto depois da nomeação para
primeiro-ministro).

Características:

- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é temático;


- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação;
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de anterioridade e de posterioridade dos enunciados
não têm maior importância - o que importa são suas relações lógicas: analogia, pertinência, causalidade,
coexistência, correspondência, implicação, etc.
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de redação. Já a estrutura, o conteúdo e a
estilística possuem características próprias a cada tipo de texto.

Dissertação Expositiva e Argumentativa:

A dissertação expositiva é voltada para aqueles fatos que estão sendo focados e discutidos pela
grande mídia. É um tipo de acontecimento inquestionável, mesmo porque todos os detalhes já foram
expostos na televisão, rádio e novas mídias.
Já o texto dissertativo argumentativo vai fazer uma reflexão maior sobre os temas. Os pontos de vista
devem ser declarados em terceira pessoa, há interações entre os fatos que se aborda. Tais fatos precisam
ser esclarecidos para que o leitor se sinta convencido por tal escrita. Quem escreve uma dissertação
argumentativa deve saber persuadir a partir de sua crítica de determinado assunto. A linguagem jamais
poderá deixar de ser objetiva, com fatos reais, evidências e concretudes.

São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento / Conclusão.

Introdução: em que se apresenta o assunto; se apresenta a ideia principal, sem, no entanto, antecipar
seu desenvolvimento. Tipos:

- Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos. Ex: “Cada criatura humana traz duas
almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...”
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um fato presente. Ex: “A crise econômica que
teve início no começo dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que a década colecionou,
agravou vários dos históricos problemas sociais do país. Entre eles, a violência, principalmente a urbana,
cuja escalada tem sido facilmente identificada pela população brasileira.”
- Proposição: o autor explicita seus objetivos.
- Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma coisa apresentada no texto. Ex: Você quer
estar “na sua”? Quer se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano! Faça parte desse
time de vencedores desde a escolha desse momento!
- Contestação: contestar uma ideia ou uma situação. Ex: “É importante que o cidadão saiba que portar
arma de fogo não é a solução no combate à insegurança.”
- Características: caracterização de espaços ou aspectos.
- Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex: “Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios
brasileiros com televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de aparelhos receptores
instalados do mundo). Ao todo, existem no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar programas) e
2.624 repetidoras (que apenas retransmitem sinais recebidos). (...)”
- Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
- Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do texto. Ex: “A principal característica do
déspota encontra-se no fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras que definem a
vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder, escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre
exclusivamente de sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.”
- Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que compõem o texto.

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- Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se faz a pergunta de praxe: afinal de contas, todo
esse entusiasmo pelo futebol não é uma prova de alienação?”
- Suspense: alguma informação que faça aumentar a curiosidade do leitor.
- Comparação: social e geográfica.
- Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à distância, velocidade, comunicação, linha de
montagem, triunfo das massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades que marcaram esses
100 últimos anos, aparece a verdadeira doença do século...”
- Narração: narrar um fato.

Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial, de forma organizada e progressiva. É a parte


maior e mais importante do texto. Podem ser desenvolvidos de várias formas:

- Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com este tipo de abordagem.
- Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a ideia principal ao máximo, esclarecendo o
conceito ou a definição.
- Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações distintas.
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos favoráveis e desfavoráveis.
- Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou descrever uma cena.
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos.
- Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para prováveis resultados.
- Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve apresentar questionamento e reflexão.
- Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos, valores, juízos.
- Causa e Consequência: estruturar o texto através dos porquês de uma determinada situação.
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
- Exemplificação: dar exemplos.

Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fechamento integrado de tudo que se argumentou.
Para ela convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas.

- Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese.


- Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um pensamento ou faz uma proposta, incentivando
a reflexão de quem lê.

Exemplo:

Direito de Trabalho

Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um novo modelo econômico: o capitalismo, que até
o século XX agia por meio da inclusão de trabalhadores e hoje passou a agir por meio da exclusão. (A)
A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo o trabalho automático, devido à evolução
tecnológica e a necessidade de qualificação cada vez maior, o que provoca o desemprego. Outro fator
que também leva ao desemprego de um sem número de trabalhadores é a contenção de despesas, de
gastos. (B)
Segundo a Constituição, “preocupada” com essa crise social que provém dessa automatização e
qualificação, obriga que seja feita uma lei, em que será dada absoluta garantia aos trabalhadores, de que,
mesmo que as empresas sejam automatizadas, não perderão eles seu mercado de trabalho. (C)
Não é uma utopia?!
Um exemplo vivo são os boias-frias que trabalham na colheita da cana de açúcar que devido ao avanço
tecnológico e a lei do governador Geraldo Alkmin, defendendo o meio ambiente, proibindo a queima da
cana de açúcar para a colheita e substituindo-os então pelas máquinas, desemprega milhares deles. (D)
Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão cursos de cabelereiro, marcenaria, eletricista, para
não perderem o mercado de trabalho, aumentando, com isso, a classe de trabalhos informais.
Como ficam então aqueles trabalhadores que passaram à vida estudando, se especializando, para se
diferenciarem e ainda estão desempregados? como vimos no último concurso da prefeitura do Rio de
Janeiro para “gari”, havia até advogado na fila de inscrição. (E)
Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos têm o direito de trabalho, cabe aos governantes
desse país, que almeja um futuro brilhante, deter, com urgência esse processo de desníveis gritantes e
criar soluções eficazes para combater a crise generalizada (F), pois a uma nação doente, miserável e
desigual, não compete a tão sonhada modernidade. (G)

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1º Parágrafo – Introdução

A. Tema: Desemprego no Brasil.


Contextualização: decorrência de um processo histórico problemático.

2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento

B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que remetem a uma análise do tema em questão.
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da realidade.
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de quem propõe soluções.
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.

7º Parágrafo: Conclusão
F. Uma possível solução é apresentada.
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com modernidade.

É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar sobre o que não se conhece. A leitura de
bons textos é um dos recursos que permite uma segurança maior no momento de dissertar sobre algum
assunto. Debater e pesquisar são atitudes que favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvimento
de um texto dissertativo.

Ainda temos:

Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o assunto que vai ser abordado.
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo discutido.
Argumentação: é um conjunto de procedimentos linguísticos com os quais a pessoa que escreve
sustenta suas opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer argumentos, ou seja, razões
a favor ou contra uma determinada tese.

Estes assuntos serão vistos com mais afinco posteriormente.

Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são:

- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de pleno domínio do assunto e habilidade
de argumentação;
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema;
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
- impõem-se sempre o raciocínio lógico;
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na
demonstração do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original, nobre, correta
gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa).

O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar: uma frase contendo a ideia principal (frase
nuclear) e uma ou mais frases que explicitem tal ideia.
Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada (ideia central) porque oculta os problemas
sociais realmente graves. (ideia secundária)”.
Vejamos:
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida urgentemente.

Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser combatida urgentemente, pois a alta


concentração de elementos tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo daquelas que
sofrem de problemas respiratórios:

- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado muita gente ao vício.


- A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação criados pelo homem.
- A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades e hoje parece claro que esse problema
não pode ser resolvido apenas pela polícia.
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise atualmente.
- O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a sociedade brasileira.

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O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:

Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série de coisas, uma a uma. Presta-se bem à
indicação de características, funções, processos, situações, sempre oferecendo o complemento
necessário à afirmação estabelecida na frase nuclear. Pode-se enumerar, seguindo-se os critérios de
importância, preferência, classificação ou aleatoriamente.
Exemplo:

1- O adolescente moderno está se tornando obeso por várias causas: alimentação inadequada, falta
de exercícios sistemáticos e demasiada permanência diante de computadores e aparelhos de Televisão.

2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o número de emissoras que dedicam parte
da sua programação à veiculação de programas religiosos de crenças variadas.

3-
- A Santa Missa em seu lar.
- Terço Bizantino.
- Despertar da Fé.
- Palavra de Vida.
- Igreja da Graça no Lar.

4-
- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo brasileiro diante de tantos
desmatamentos, desequilíbrios sociológicos e poluição.
- Existem várias razões que levam um homem a enveredar pelos caminhos do crime.
- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo, porque pode trazer muitas consequências
indesejáveis.
- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua sobrevivência no mundo atual e vários são os tipos
de lazer.
- O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em várias categorias.

Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através da comparação, que confronta ideias,
fatos, fenômenos e apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança.
Exemplo:

“A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a velhice, pelo contrário, é dominada por um
vago e persistente sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a felicidade é uma
ilusão, que só o sofrimento é real”.
(Arthur Schopenhauer)

Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes, encontra no seu desenvolvimento um


segmento causal (fato motivador) e, em outras situações, um segmento indicando consequências (fatos
decorrentes).
Exemplos:

- O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanidade que abriga em si, porque os seus olhos
teimam apenas em ver as coisas imediatistas e lucrativas que o rodeiam.

- O espírito competitivo foi excessivamente exercido entre nós, de modo que hoje somos obrigados a
viver numa sociedade fria e inamistosa.

Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam temporal e espacialmente a evolução de


ideias, processos.
Exemplos:

Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma lenta evolução. Primeiro, o homem aprendeu
a grunhir. Depois deu um significado a cada grunhido. Muito depois, inventou a escrita e só muitos séculos
mais tarde é que passou à comunicação de massa.

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Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas úmidos, os solos são profundos. Existe nessas
regiões uma forte decomposição de rochas, isto é, uma forte transformação da rocha em terra pela
umidade e calor. Nas regiões temperadas e ainda nas mais frias, a camada do solo é pouco profunda.
(Melhem Adas)

Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se conceituar, exemplificar e aclarar as ideias para
torná-las mais compreensíveis.

Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do coração para irrigar os tecidos. Exceto
no cordão umbilical e na ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém sangue vermelho-
vivo, recém-oxigenado. Na artéria pulmonar, porém, corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado,
que o coração remete para os pulmões para receber oxigênio e liberar gás carbônico”.

Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve delimitar-se o tema que será desenvolvido
e que poderá ser enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a questão indígena, ela
poderá ser desenvolvida a partir das seguintes ideias:

- A violência contra os povos indígenas é uma constante na história do Brasil.


- O surgimento de várias entidades de defesa das populações indígenas.
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio brasileiro.
- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.

Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve fazer a estruturação do texto.

A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:

Introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida (geralmente um ou dois parágrafos). É a
abertura do texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois itens básicos: os
objetivos do texto e o plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de
análise e a hipótese ou a tese a ser defendida.

Desenvolvimento: exposição de elementos que vão fundamentar a ideia principal que pode vir
especificada através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da causa e da consequência, das
definições, dos dados estatísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No
desenvolvimento são usados tantos parágrafos quantos forem necessários para a completa exposição da
ideia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco maneiras expostas acima.

Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve aparecer de forma muito mais
convincente, uma vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação (um parágrafo).
Deve, pois, conter de forma sintética, o objetivo proposto na instrução, a confirmação da hipótese ou da
tese, acrescida da argumentação básica empregada no desenvolvimento.

Argumentação

O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informação a alguém. Quem comunica pretende
criar uma imagem positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, ou culto),
quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele propõe.

Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo texto contém um componente
argumentativo. A argumentação é o conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo tipo de texto e visa a promover
adesão às teses e aos pontos de vista defendidos.

As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas uma prova de verdade ou uma razão
indiscutível para comprovar a veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse acima,
é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar
como verdadeiro o que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da retórica, arte de
persuadir as pessoas mediante o uso de recursos de linguagem.

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Para compreender claramente o que é um argumento, é bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo
grego do século lV a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de
escolher entre duas ou mais coisas”.

Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma desvantajosa, como a saúde e a doença,
não precisamos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas coisas
igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é
mais desejável. O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que torna uma coisa mais
desejável que outra. Isso significa que ele atua no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o
interlocutor crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais possível que a outra, mais
desejável que a outra, é preferível à outra.

O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de um fato, mas levar o ouvinte a admitir
como verdadeiro o que o enunciador está propondo.

Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. O primeiro opera no domínio do


necessário, ou seja, pretende demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das premissas
propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões
não dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadeamento de premissas
e conclusões.

Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:

A é igual a B.
A é igual a C.
Então: C é igual a B.

Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, que C é igual a B.

Outro exemplo:

Todo ruminante é um mamífero.


A vaca é um ruminante.
Logo, a vaca é um mamífero.

Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão também será verdadeira.


No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele, a conclusão não é necessária, não é
obrigatória. Por isso, deve-se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plausível. Se
o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais confiável do que os concorrentes porque existe
desde a chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um banco com quase
dois séculos de existência é sólido e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre a
solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentativo na afirmação da
confiabilidade de um banco. Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja mais
confiável do que outro fundado há dois ou três anos.

Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase impossível, tantas são as formas de que
nos valemos para fazer as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante entender bem
como eles funcionam.

Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso acrescentar mais uma: o convencimento
do interlocutor, o auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto mais os
argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode
convencer um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomina. Será mais
fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem
com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos, essa associação
certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O
poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalorizado numa dada
cultura.

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Tipos de Argumento

Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese
do enunciador é um argumento. Exemplo:

Argumento de Autoridade

É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas pelo auditório como autoridades em


certo domínio do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recurso produz
dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor do texto a respeito do assunto de que está
tratando; dá ao texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto um amontoado
de citações. A citação precisa ser pertinente e verdadeira. Exemplo:

“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”

Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para ele, uma coisa vem antes da outra: sem
imaginação, não há conhecimento. Nunca o inverso.

Alex José Periscinoto.


In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2

A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais importante do que o conhecimento. Para levar
o auditório a aderir a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se um físico de
renome mundial disse isso, então as pessoas devem acreditar que é verdade.

Argumento de Quantidade

É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior número de pessoas, o que existe em maior
número, o que tem maior duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento desse tipo de
argumento é que mais = melhor. A publicidade faz largo uso do argumento de quantidade.

Argumento do Consenso

É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se em afirmações que, numa determinada


época, são aceitas como verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o objetivo do
texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de que o consenso, mesmo que equivocado,
corresponde ao indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não desfruta dele. Em
nossa época, são consensuais, por exemplo, as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido
e de que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao confiar no consenso, porém,
corre-se o risco de passar dos argumentos válidos para os lugares-comuns, os preconceitos e as frases
carentes de qualquer base científica.

Argumento de Existência

É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar aquilo que comprovadamente existe
do que aquilo que é apenas provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o argumento
de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”.
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais (fotos, estatísticas, depoimentos, gra-
vações, etc.) ou provas concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante a invasão
do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exército americano era muito mais poderoso do que o
iraquiano. Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser vista como propa-
gandística. No entanto, quando documentada pela comparação do número de canhões, de carros de
combate, de navios, etc., ganhava credibilidade.

Argumento quase lógico

É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa e efeito, analogia, implicação, iden-
tidade, etc. Esses raciocínios são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógicos,
eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os elementos, mas sim instituir relações

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prováveis, possíveis, plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “então A é
igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo
meu é meu amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente aceito do que um texto incoerente. Vários
são os defeitos que concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do tema proposto,
cair em contradição, tirar conclusões que não se fundamentam nos dados apresentados, ilustrar -
afirmações gerais com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações indevidas.

Argumento do Atributo

É aquele que considera melhor o que tem proriedades típicas daquilo que é mais valorizado
socialmente, por exemplo, o mais raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o que
é mais grosseiro, etc.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, celebridades recomendando prédios
residenciais, produtos de beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor tende
a associar o produto anunciado com atributos da celebridade.
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da competência linguística. A utilização da
variante culta e formal da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística socialmente mais
valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se
diz que o modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde de uma personalidade pública. Ele
poderia fazê-lo das duas maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais adequada
para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa estranheza e não criaria uma imagem de
competência do médico:

- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em conta o caráter invasivo de alguns


exames, a equipe médica houve por bem determinar o internamento do governador pelo período de três
dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque alguns deles são barras-pesadas, a gente
botou o governador no hospital por três dias.

Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumentativa, porque ninguém fala para não ser
levado a sério, para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação deseja-se
influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação
argumentativa.
A orientação argumentativa é certa direção que o falante traça para seu texto. Por exemplo, um
jornalista, ao falar de um homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo ou, ao
contrário, de mostrar sua grandeza.
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto dando destaque a uns fatos e não a outros,
omitindo certos episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não outra. Veja:

“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras trocavam abraços afetuosos.”

O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras e sogras não se toleram. Não fosse
assim, não teria escolhido esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, que
serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tratamos de alguns tipos de argumentação,
vamos citar outros:
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão amplo, que serve de argumento para um
ponto de vista e seu contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser usada
pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade,
democracia) ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, injustiça,
corrupção).
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por um único contra-exemplo. Quando se
diz “Todos os políticos são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir o
argumento.
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do contexto adequado, sem o significado
apropriado, vulgarizando-as e atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite que outras crescam”, em que o termo

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imperialismo é descabido, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir outros à
sua dependência política e econômica”.

A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação concreta do texto, que leva em conta
os componentes envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o assunto,
etc).
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com manifestações de sinceridade do autor
(como eu, que não costumo mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas (como
estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de
prometer, em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve construir um
texto que revele isso. Em outros termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação.
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer verdadeiro aquilo que se diz num texto
e, com isso, levar a pessoa a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um ponto de vista, acompanhado de certa
fundamentação, que inclui a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Argumentar é
o processo pelo qual se estabelecem relações para chegar à conclusão, com base em premissas.
Persuadir é um processo de convencimento, por meio da argumentação, no qual se procura convencer
os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu comportamento.
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão válida, expõem-se com clareza os
fundamentos de uma ideia ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos
subliminares, chantagens sentimentais, com o emprego de "apelações", como a inflexão de voz, a mímica
e até o choro.
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, expositiva e argumentativa. Esta exige
argumentação, razões a favor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta dados
sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos dados levantados, a maneira de expô-los no
texto já revelam uma "tomada de posição", a adoção de um ponto de vista na dissertação, ainda que sem
a apresentação explícita de argumentos. Desse ponto de vista, a dissertação pode ser definida como
discussão, debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a possibilidade de
discordar ou concordar parcialmente. A liberdade de questionar é fundamental, mas não é suficiente para
organizar um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fundamentos, os motivos, os
porquês da defesa de um ponto de vista.
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argumentativa. A argumentação está
presente em qualquer tipo de discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, é necessária a capacidade de conhecer
outros pontos de vista e seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes, a análise de
argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom
exercício para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvolver as seguintes
habilidades:
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor
que adote a posição totalmente contrária;

- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os argumentos que essa pessoa


imaginária possivelmente apresentaria contra a argumentação proposta;

- refutação: argumentos e razões contra a argumentação oposta.

A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, argumentar consiste em estabelecer relações


para tirar conclusões válidas, como se procede no método dialético. O método dialético não envolve
apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. Trata-se de um método de investigação da
realidade pelo estudo de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em questão e da
mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o método de raciocínio silogístico, baseado
na dedução, que parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mesma coisa, e
pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado
em partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio de deduções, a
conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em
partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos e determinar o lugar
de cada um no conjunto da dedução.

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A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a argumentação dos trabalhos
acadêmicos. Descartes propôs quatro regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca da verdade:

- evidência;
- divisão ou análise;
- ordem ou dedução;
- enumeração.

A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão e a incompreensão. Qualquer erro na
enumeração pode quebrar o encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
A forma de argumentação mais empregada na redação acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado
nas regras cartesianas, que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a conclusão. As
três proposições são encadeadas de tal forma, que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da
menor. A premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não caracteriza a
universalidade.
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silogística), que parte do geral para o
particular, e a indução, que vai do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em uma conexão descendente (do geral
para o particular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de verdades
universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso do
raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo:

Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)


Fulano é homem (premissa menor = particular)
Logo, Fulano é mortal (conclusão)

A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-se em uma conexão ascendente, do


particular para o geral. Nesse caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de
fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O percurso do raciocínio se faz do
efeito para a causa. Exemplo:

O calor dilata o ferro (particular)


O calor dilata o bronze (particular)
O calor dilata o cobre (particular)
O ferro, o bronze, o cobre são metais
Logo, o calor dilata metais (geral, universal)

Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido e verdadeiro; a conclusão será verdadeira
se as duas premissas também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, pode-se partir
de premissas verdadeiras para chegar a uma conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma
definição inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são algumas causas
do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o
sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de argumentação de
paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo:

- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?


- Lógico, concordo.
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
- Claro que não!
- Então você possui um brilhante de 40 quilates...

Exemplos de sofismas:

Dedução
Todo professor tem um diploma (geral, universal)
Fulano tem um diploma (particular)
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)

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Indução
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral – conclusão falsa)

Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode ser falsa. Nem todas as pessoas
que têm diploma são professores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete-se
erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A "simples inspeção" é a ausência de
análise ou análise superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos
sentimentos não ditados pela razão.
Existem, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamentais, que contribuem para a descoberta
ou comprovação da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem outros
métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os processos de dedução e indução à natureza
de uma realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio demonstrativo,
comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos
sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a pesquisa.

Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; a análise parte do todo para as
partes, a síntese, das partes para o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma
depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a síntese recompõe o todo pela
reunião das partes. Sabe-se, porém, que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu o relógio, pois fez apenas um
amontoado de partes. Só reconstruiria todo se as partes estivessem organizadas, devidamente
combinadas, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o relógio estaria
reconstruído.
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por meio da integração das partes, reunidas
e relacionadas num conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, que é a
decomposição. A análise, no entanto, exige uma decomposição organizada, é preciso saber como dividir
o todo em partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim relacionadas:

Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.


Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.

A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias a respeito do tema proposto, de seu
desdobramento e da criação de abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha dos
elementos que farão parte do texto.
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou informal. A análise formal pode ser
científica ou experimental; é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e experimentais. A
análise informal é racional ou total, consiste em “discernir” por vários atos distintos da atenção os
elementos constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece as necessárias relações de
dependência e hierarquia entre as partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos: análise é decomposição e classificação
é hierarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos por suas diferenças e semelhanças;
fora das ciências naturais, a classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou menos
arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são empregados de modo mais ou menos
convencional. A classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas características comuns e diferenciadoras. A
classificação dos variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal,
pintassilgo, queijo, relógio, sabiá, torradeira.

Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.


Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.

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Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabética e pelas afinidades comuns entre
eles. Estabelecer critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é uma
habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja
crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro o menos
importante e, no final, o impacto do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na classificação.
A elaboração do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do
plano devem obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302-304.)
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na introdução, os termos e conceitos sejam
definidos, pois, para expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racionalmente
as posições assumidas e os argumentos que as justificam. É muito importante deixar claro o campo da
discussão e a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos de vista sobre
ele.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da linguagem e consiste na enumeração das
qualidades próprias de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a espécie
a que pertence, demonstra: a característica que o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie.
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição é um dos mais importantes, sobretudo
no âmbito das ciências. A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às palavras seu
sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou metafórica emprega palavras de sentido figurado.
Segundo a lógica tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
- o termo a ser definido;
- o gênero ou espécie;
- a diferença específica.

O que distingue o termo definido de outros elementos da mesma espécie. Exemplo:

Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:

Elemento espécie diferença


a ser definido específica

É muito comum formular definições de maneira defeituosa, por exemplo: Análise é quando a gente
decompõe o todo em partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é advérbio de
tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é forma coloquial não adequada à redação
acadêmica. Tão importante é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, p.306), para
determinar os "requisitos da definição denotativa”. Para ser exata, a definição deve apresentar os
seguintes requisitos:
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em que está incluído: “mesa é um móvel”
(classe em que ‘mesa’ está realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta ou
instalação”;
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os exemplos específicos da coisa definida,
e suficientemente restritos para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, definição, quando se diz que o “triângulo
não é um prisma”;
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui definição exata, porque a recíproca, “Todo
ser vivo é um homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, ou o que se pretenda como tal, é muito
longa (séries de períodos ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expandida;
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo
(o gênero) + adjuntos (as diferenças).

As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de paráfrases definitórias, ou seja, uma
operação metalinguística que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a palavra e
seus significados.
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sempre é fundamental procurar um porquê,
uma razão verdadeira e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada com
argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do mundo não tem valor, se não estiver
acompanhado de uma fundamentação coerente e adequada.

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Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clássica, que foram abordados
anteriormente, auxiliam o julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode
reconhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes, as premissas e as conclusões
organizam-se de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
reconhecer os elementos que constituem um argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer,
verificar se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está expresso
corretamente; se há coerência e adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso é que
se aprendem os processos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que raciocinar é
relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e a conclusão.

Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos argumentativos mais empregados


para comprovar uma afirmação: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.

Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio de exemplos, hierarquizar afirmações.
São expressões comuns nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompanhados de expressões: considerando
os dados; conforme os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez
que, visto que, por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de.

Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar ou esclarecer os pontos de vista


apresentados. Pode-se alcançar esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação. Na
explicitação por definição, empregam-se expressões como: quer dizer, denomina-se, chama-se, na
verdade, isto é, haja vista, ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, segundo,
na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no entender de, no pensamento de. A explicitação
se faz também pela interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, assim, desse
ponto de vista.

Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de elementos que comprovam uma
opinião, tais como a enumeração de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, depois, ainda, em seguida, então,
presentemente, antigamente, depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de espaço, empregam-se as seguintes
expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no interior,
nas grandes cidades, no sul, no leste...

Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de se estabelecer a comparação, com a


finalidade de comprovar uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma forma,
tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para estabelecer contraste, empregam-se as
expressões: mais que, menos que, melhor que, pior que.

Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar o poder de persuasão de um texto
dissertativo encontram-se:

Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade reconhecida em certa área do


conhecimento dá apoio a uma afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a
credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no corpo de um texto constituem
argumentos de autoridade. Ao fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na linha
de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo
de argumento tem mais caráter confirmatório que comprobatório.

Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam explicação ou comprovação, pois seu


conteúdo é aceito como válido por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse
caso, incluem-se:
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, mortal, aspira à imortalidade);
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postulados e axiomas);
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem
razões que a própria razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se discute);
diz respeito à fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que parece absurdo).

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Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de um fato ou afirmação pode ser
comprovada por meio de dados concretos, estatísticos ou documentais.

Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se realiza por meio de argumentos


racionais, baseados na lógica: causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.

Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, julgamento, pronunciamentos,


apreciações que expressam opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, e
só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que expresse uma opinião pessoal só terá
validade se fundamentada na evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade dos
argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-argumentação ou refutação. São vários os
processos de contra-argumentação:

Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstrando o absurdo da consequência.


Exemplo clássico é a contra-argumentação do cordeiro, na conhecida fábula "O lobo e o cordeiro";

Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses para eliminá-las, apresentando-se,
então, aquela que se julga verdadeira;

Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opinião pessoal subjetiva do enunciador,


restringindo-se a universalidade da afirmação;

Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consiste em refutar um argumento


empregando os testemunhos de autoridade que contrariam a afirmação apresentada;

Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em desautorizar dados reais, demonstrando


que o enunciador baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes. Por
exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados estatísticos, que "o controle demográfico
produz o desenvolvimento", afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois se baseia em uma relação
de causa-efeito difícil de ser comprovada. Para contra-argumentar, propõe-se uma relação inversa: "o
desenvolvimento é que gera o controle demográfico".

Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para desenvolver um tema, que podem ser
analisadas e adaptadas ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em seguida,
sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a elaboração de um Plano de Redação.

Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução tecnológica

- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder a interrogação (assumir um ponto de


vista); dar o porquê da resposta, justificar, criando um argumento básico;
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e construir uma contra-argumentação;
pensar a forma de refutação que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la (rever tipos
de argumentação);
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias que estejam direta ou indiretamente
ligadas ao tema (as ideias podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequência);
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o argumento básico;
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que poderão ser aproveitadas no texto;
essas ideias transformam-se em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argumento
básico;
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma sequência na apresentação das ideias
selecionadas, obedecendo às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou menos a
seguinte:

Introdução

- função social da ciência e da tecnologia;


- definições de ciência e tecnologia;
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.

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Desenvolvimento

- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvolvimento tecnológico;


- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as condições de vida no mundo atual;
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologicamente desenvolvida e a dependência
tecnológica dos países subdesenvolvidos;
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do passado; apontar semelhanças e
diferenças;
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros urbanos;
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar mais a sociedade.

Conclusão

- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequências maléficas;


- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos apresentados.

Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de redação: é um dos possíveis.

Questão

1. (PC-PA – Escrivão de Polícia Civil – FUNCAB/2016)


Texto para responder à questão.

Dificilmente, em uma ciência-arte como a Psicologia-Psiquiatria, há algo que se possa asseverar com
100% de certeza. Isso porque há áreas bastante interpretativas, sujeitas a leituras diversas, a depender
do observador e do observado. Porém, existe um fato na Psicologia-Psiquiatria forense que é 100% de
certeza e não está sujeito a interpretação ou a dissimulação por parte de quem está a ser examinado. E
revela, objetivamente, dados do psiquismo da pessoa ou, em outras palavras, mostra características
comportamentais indissimuláveis, claras e objetivas. O que pode ser tão exato, em matéria de Psicologia-
Psiquiatria, que não admite variáveis? Resposta: todos os crimes, sem exceção, são como fotografias
exatas e em cores do comportamento do indivíduo. E como o psiquismo é responsável pelo modo de agir,
por conseguinte, tem os em todos os crimes, obrigatoriamente e sempre, elementos objetivos da mente
de quem os praticou.
Por exemplo, o delito foi cometido com multiplicidade de golpes, com ferocidade na execução, não
houve ocultação de cadáver, não se verifica cúmplice, premeditação etc. Registre-se que esses dados já
aconteceram. Portanto, são insimuláveis, 100% objetivos. Basta juntar essas características
comportamentais que teremos algo do psiquismo de quem o praticou. Nesse caso específico, infere-se
que a pessoa é explosiva, impulsiva e sem freios, provável portadora de algum transtorno ligado à
disritmia psicocerebral, algum estreitamento de consciência, no qual o sentimento invadiu o pensamento
e determinou a conduta.
Em outro exemplo, temos homicídio praticado com um só golpe, premeditado, com ocultação de
cadáver, concurso de cúmplice etc. Nesse caso, os dados apontam para o lado do criminoso comum, que
entendia o que fazia.
Claro que não é possível, apenas pela morfologia do crime, saber-se tudo do diagnóstico do criminoso.
Mas, por outro lado, é na maneira como o delito foi praticado que se encontram características 100%
seguras da mente de quem o praticou, a evidenciar fatos, tal qual a imagem fotográfica revela-nos
exatamente algo, seja muito ou pouco, do momento em que foi registrada. Em suma, a forma como as
coisas foram feitas revela muito da pessoa que as fez.
PALOMBA, Guido Arturo. Rev. Psique: n° 100 (ed. comemorativa), p. 82.

Na argumentação desenvolvida, a expressão “Claro que...” (§4) tem como fim introduzir:

a) ponto de vista alternativo ementado para a mesma conclusão do texto.


b) argumento em favor da tese que está sendo defendida.
c) conclusão relativa a argumentos apresentados anteriormente.
d) concessão a ponto de vista divergente da tese defendida.
e) justificativa ou explicação de ponto de vista anterior.

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Resposta

1. (D)
Uma forma de encontrar a resposta correta é substituindo o termo "claro que" pela conjunção
concessiva "embora", fazendo as devidas alterações a fim de manter a concordância.
O trecho reescrito fica assim: "Embora não seja possível, apenas pela morfologia do crime, saber-se
tudo do diagnóstico..."
Como não houve alteração no sentido, podemos concluir que a expressão "claro que", neste contexto,
transmite a ideia de concessão.

Modelo Redação Prova Anterior de 2017

REDAÇÃO

Leia os textos.
Texto 1
Todos os meses, Patrícia Bittencourt realiza em sua casa, em Mairiporã (SP), um evento chamado
Brunch* Cantareira. Inicialmente voltado a amigos, o empreendimento ganhou fama e adeptos – há 80
pessoas na fila de espera para as próximas edições. Mas a maior atenção que o local atraiu, no entanto,
foi por outro motivo: a política de não permitir a entrada de menores de 14 anos.
A proprietária diz que sua casa é um lugar perigoso para crianças, por ter escadas sem corrimão e
parapeito sem proteção e afirma que não pretende reformar o local para fazer a adaptação. “Eu informo
a todos que o local não é adequado para crianças”, diz a dona do estabelecimento, o que é confirmado
pelos clientes que frequentam o lugar. E complementa que, por ser sua residência e conhecer “perigos”
existentes ali, é ela “quem determina as regras e limitações e não os pais, pois, se algo acontece com
alguma criança ao frequentar o local, é também sua responsabilidade”. Além disso, a proposta do brunch,
segundo ela, é ser um ambiente tranquilo e descontraído para bate-papo. “Eu não tenho área de diversão,
então as crianças ficam entediadas.”
*Brunch: refeição matinal que serve, ao mesmo tempo, como café da manhã e almoço.

(Tatiana Dias, “Como um brunch levantou um intenso debate sobre a aceitação de crianças em restaurantes”.
https://www.nexojornal.com.br. 26.11.2016. Adaptado)

Texto 2

Limitar o acesso de crianças a locais como restaurantes e pousadas pode trazer sossego aos atuais
frequentadores, mas também criar muita polêmica e afugentar potenciais novos clientes.
Em outubro de 2016, o Brunch Cantareira virou alvo de críticas após vir à tona uma publicação feita
em uma rede social 2 anos antes. O post informava que não era permitida no local a presença de crianças
menores de 14 anos, por questões de segurança. Algumas pessoas acusaram o estabelecimento de
preconceito e de excluir as crianças e, consequentemente, os pais.
Mas de acordo com o Procon-SP, não há problema em restringir o acesso de crianças, desde que isso
seja informado previamente e de forma clara.
Já o advogado e professor de Direito Civil Gustavo Milaré Almeida explica que não há uma lei
específica que proíba o estabelecimento de fazer isso e que, embora o Estatuto da Criança e do
Adolescente determine que não deve haver discriminação, neste caso, opina ele, trata-se apenas de uma
restrição. Esse tipo de restrição não é tão comum no Brasil, mas já é aceito em outros países, como EUA,
Austrália e França, segundo Almeida. “No Brasil, por uma questão cultural, não há esse costume de não
levar crianças e, por isso, a restrição é tão criticada.”
(Thâmara Kaoru, “Restaurante pode proibir crianças? Entenda as regras para clientes e dono”. http://economia.uol.com.br. 10.11.2016. Adaptado)

Texto 3

Sobre a polêmica a respeito da proibição de crianças em restaurantes, Renata Bermudez, consultora


de disciplina positiva na consultoria familiar Sosseguinho, destaca a incapacidade de muitas pessoas de
terem “um pouco de empatia com uma criança”, o que se torna evidente toda vez que pais chegam em
diferentes locais acompanhados de seus filhos pequenos e recebem olhares preocupados das pessoas
presentes. O ideal, conforme ela, seria que as pessoas respeitassem as crianças como parte da

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sociedade e buscassem compreender que, para que elas aprendam a se comportar em determinados
ambientes, elas precisam estar presentes neles.
Para a criadora do site Maternidade Simples, Melina Pockrandt, proibir a presença de crianças em
determinados locais não vai resolver a tensão entre as pessoas e ainda pode abrir espaço para outras
restrições. “Uma criança autista, por exemplo, pode ter uma crise e fazer um escândalo em qualquer
ambiente, inclusive em lugares para crianças”, diz. Outros frequentadores que se incomodassem com a
criança teriam como justificar a restrição dela ao local.
(Vivian Faria, “Crianças em restaurantes: mães comentam a polêmica sobre proibição”. http://www.gazetadopovo.com.br. 31.10.2016. Adaptado)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação sobre
o tema:

A proibição de crianças em restaurantes é uma medida discriminatória?

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