01 Lingua Portuguesa
01 Lingua Portuguesa
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Técnico Judiciário
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1467269 E-book gerado especialmente para LUIZ MIRANDA DA SILVA FILHO
Compreensão e interpretação de textos, com razoável grau de complexidade
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: [email protected]
Quando Lula disse a Collor no primeiro debate do segundo turno das eleições presidenciais de 1989:
“Eu sabia que você era collorido por fora, mas caiado por dentro.”
Os brasileiros colocaram essa frase no âmbito dos “discursos da campanha presidencial” e
entenderam não “Você tem cores fora, mas é revestido de cal por dentro”, mas “Você apresenta um
discurso moderno e de centro-esquerda, mas é um reacionário”.
Observe que há duas operações diferentes no entendimento do texto. A primeira é a apreensão, que
é a captação das relações que cada parte mantém com as outras no interior do texto. No entanto, ela não
é suficiente para entender o sentido integral. Uma pessoa que conhecesse todas as palavras da frase
acima, mas não conhecesse o universo dos discursos da campanha presidencial, não entenderia o
significado da frase. Por isso, é preciso colocar o texto dentro do universo discursivo a que ele pertence
e no interior do qual ganha sentido. Alguns teóricos chamam “conhecimento de mundo” ao universo
discursivo. Na frase acima, collorido e caiado não pertencem ao universo da pintura, mas da vida política:
a primeira palavra refere-se a Collor e ao modo como ele se apresentava, um político moderno e inovador;
a segunda diz respeito a Ronaldo Caiado, político conservador que o apoiava. A essa operação
chamamos compreensão.
Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura: informativa e de reconhecimento.
A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se
informações e se preparando para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife palavras-chave,
passagens importantes; tente ligar uma palavra à ideia central de cada parágrafo.
A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e opções de respostas. Marque palavras
como não, exceto, respectivamente, etc., pois fazem diferença na escolha adequada.
Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter ideia
do sentido global proposto pelo autor.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e organizadas, através dos parágrafos
que é composto pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto.
A alusão histórica serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques.
Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da margem
esquerda.
Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a ideia central extraída de maneira
clara e resumida.
Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asseguramos um caminho que nos levará à
compreensão do texto.
Produzir um texto é semelhante à arte de produzir um tecido. O fio deve ser trabalhado com muito
cuidado para que o trabalho não se perca. O mesmo acontece com o texto. O ato de escrever toma de
empréstimo uma série de palavras e expressões amarrando, conectando uma palavra uma oração, uma
ideia à outra. O texto precisa ser coeso e coerente.
Coesão
É a amarração entre as várias partes do texto. Os principais elementos de coesão são os conectivos,
vocábulos gramaticais, que estabelecem conexão entre palavras ou partes de uma frase. O texto deve
ser organizado por nexos adequados, com sequência de ideias encadeadas logicamente, evitando frases
e períodos desconexos. Para perceber a falta de coesão, a melhor atitude é ler atentamente o seu texto,
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procurando estabelecer as possíveis relações entre palavras que formam a oração e as orações que
formam o período e, finalmente, entre os vários períodos que formam o texto. Um texto bem trabalhado
sintática e semanticamente resultam num texto coeso.
Coerência
A coerência está diretamente ligada à possibilidade de estabelecer um sentido para o texto, ou seja,
ela é que faz com que o texto tenha sentido para quem lê. Na avaliação da coerência será levado em
conta o tipo de texto. Em um texto dissertativo, será avaliada a capacidade de relacionar os argumentos
e de organizá-los de forma a extrair deles conclusões apropriadas; num texto narrativo, será avaliada sua
capacidade de construir personagens e de relacionar ações e motivações.
Tipos de Composição
Comumente afirma-se que certas ocorrências de discurso têm sentido próprio e sentido figurado.
Geralmente os exemplos de tais ocorrências são metáforas. Assim, em “Maria é uma flor” diz-se que “flor”
tem um sentido próprio e um sentido figurado. O sentido próprio é o mesmo do enunciado: “parte do
vegetal que gera a semente”. O sentido figurado é o mesmo de “Maria, mulher bela, etc.” O sentido
próprio, na acepção tradicional não é próprio ao contexto, mas ao termo.
O sentido tradicionalmente dito próprio sempre corresponde ao que definimos aqui como sentido
imediato do enunciado. Além disso, alguns autores o julgam como sendo o sentido preferencial, o que
comumente ocorre.
O sentido dito figurado é o do enunciado que substitui a metáfora, e que em leitura imediata leva à
mesma mensagem que se obtém pela decifração da metáfora.
O conceito de sentido próprio nasce do mito da existência da leitura ingênua, que ocorre
esporadicamente, é verdade, mas nunca mais que esporadicamente.
Não há muito que criticar na adoção dos conceitos de sentido próprio e sentido figurado, pois ela abre
um caminho de abordagem do fenômeno da metáfora. O que é passível de crítica é a atribuição de status
diferenciado para cada uma das categorias. Tradicionalmente o sentido próprio carrega uma conotação
de sentido “natural”, sentido “primeiro”.
Invertendo a perspectiva, com os mesmos argumentos, poderíamos afirmar que “natural”, “primeiro” é
o sentido figurado, afinal, é o sentido figurado que possibilita a correta interpretação do enunciado e não
o sentido próprio. Se o sentido figurado é o “verdadeiro” para o enunciado, por que não chamá-lo de
“natural”, “primeiro”?
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Pela lógica da Retórica tradicional, essa inversão de perspectiva não é possível, pois o sentido figurado
está impregnado de uma conotação desfavorável. O sentido figurado é visto como anormal e o sentido
próprio, não. Ele carrega uma conotação positiva, logo, é natural, primeiro.
A Retórica tradicional é impregnada de moralismo e estetização e até a geração de categorias se
ressente disso. Essa tendência para atribuir status às categorias é uma constante do pensamento antigo,
cuja índole era hierarquizante, sempre buscando uma estrutura piramidal para o conhecimento, o que se
estende até hoje em algumas teorias modernas.
Ainda hoje, apesar da imparcialidade típica e necessária ao conhecimento científico, vemos
conotações de valor sendo atribuídas a categorias retóricas a partir de considerações totalmente externas
a ela. Um exemplo: o retórico que tenha para si a convicção de que a qualidade de qualquer discurso se
fundamenta na sua novidade, originalidade, imprevisibilidade, tenderá a descrever os recursos retóricos
como “desvios da normalidade”, pois o que lhe interessa é pôr esses recursos retóricos a serviço de sua
concepção estética.
Sentido Imediato
Sentido imediato é o que resulta de uma leitura imediata que, com certa reserva, poderia ser chamada
de leitura ingênua ou leitura de máquina de ler.
Uma leitura imediata é aquela em que se supõe a existência de uma série de premissas que restringem
a decodificação tais como:
- As frases seguem modelos completos de oração da língua.
- O discurso é lógico.
- Se a forma usada no discurso é a mesma usada para estabelecer identidades lógicas ou atribuições,
então, tem-se, respectivamente, identidade lógica e atribuição.
- Os significados são os encontrados no dicionário.
- Existe concordância entre termos sintáticos.
- Abstrai-se a conotação.
- Supõe-se que não há anomalias linguísticas.
- Abstrai-se o gestual, o entoativo e editorial enquanto modificadores do código linguístico.
- Supõe-se pertinência ao contexto.
- Abstrai-se iconias.
- Abstrai-se alegorias, ironias, paráfrases, trocadilhos, etc.
- Não se concebe a existência de locuções e frases feitas.
- Supõe-se que o uso do discurso é comunicativo. Abstrai-se o uso expressivo, cerimonial.
Sentido Preferencial
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teve origem em processos metafóricos, alegóricos, metonímicos. Mas esta regra não é geral. Vejamos o
seguinte exemplo: “Um caminhão de cimento”. O sentido preferencial para a frase dada é o mesmo de
“caminhão carregado com cimento” e não o de “caminhão construído com cimento”. Neste caso o sentido
preferencial é o metonímico, o que contrapõe a tese que diz que o sentido “figurado” não é o “primeiro
significado da palavra”. Também é comum o sentido mais usado se impor sobre o menos usado.
Para certos termos é difícil estabelecer o sentido preferencial. Um exemplo: Qual o sentido
preferencial de manga? O de fruto ou de uma parte da roupa?
Interpretação
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, de qualquer idade, e para qualquer
finalidade de compreender o que se pede em textos, e também dos enunciados. Qual a importância de
entender um texto?
Quando se fala em texto, pensamos naqueles longos, com introdução, desenvolvimento e conclusão,
onde depois temos que responder uma ou várias questões sobre ele. Na verdade, texto pode ser a
questão em si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E como é possível cometer um erro
numa simples leitura de enunciado? Mais fácil de acontecer do que se imagina. Se na hora da leitura,
deixamos de prestar atenção numa só palavra, como uma “não”, já muda a interpretação. Veja a
diferença:
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, vai marcar a primeira opção que
encontrar correta. Pode parecer exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece mais
do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo curto e muitas questões. Partindo desse
princípio, se podemos errar num simples enunciado, que é um texto curto, imagine os erros que podemos
cometer ao ler um texto maior, sem prestar devida atenção aos detalhes. É por isso que é preciso
melhorar a capacidade de leitura e compreensão.
A literatura é a arte de recriar através da língua escrita. Sendo assim, temos vários tipos de gêneros
textuais, formas de escrita. Mas a grande dificuldade encontrada pelas pessoas é a interpretação de
textos. Muitos dizem que não sabem interpretar, ou que é muito difícil. Se você tem pouca leitura,
consequentemente terá pouca argumentação, pouca visão, pouco ponto de vista e um grande medo de
interpretar. A interpretação é o alargamento dos horizontes. E esse alargamento acontece justamente
quando há leitura. Somos fragmentos de nossos escritos, de nossos pensamentos, de nossas histórias,
muitas vezes contadas por outros. Quantas vezes você não leu algo e pensou: “Nossa, ele disse tudo
que eu penso”. Com certeza, várias vezes. Temos aí a identificação de nossos pensamentos com os
pensamentos dos autores, mas para que aconteça, pelo menos não tenha preguiça de pensar, refletir,
formar ideias e escrever quando puder e quiser.
Tornar-se, portanto, alguém que escreve e que lê em nosso país é uma tarefa árdua, mas acredite,
valerá a pena para sua vida futura. Mesmo que você diga que interpretar é difícil, você exercita isso a
todo o momento. Exercita através de sua leitura de mundo. A todo e qualquer tempo, em nossas vidas,
interpretamos, argumentamos, expomos nossos pontos de vista. Mas, basta o(a) professor(a) dizer
“Vamos agora interpretar esse texto” para que as pessoas se calem. Ninguém sabe o que calado quer,
pois ao se calar você perde oportunidades valiosas de interagir e crescer no conhecimento. Perca o medo
de expor suas ideias. Faça isso como um exercício diário e verá que antes que pense, o medo terá ido
embora.
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo
capaz de produzir interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar).
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há certa informação que
a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a
ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as
frases é tão grande, que se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente,
poderá ter um significado diferente daquele inicial.
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Intertexto - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores através
de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
Exemplo
Faz-se necessário:
- Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática.
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico. Na semântica (significado
das palavras) incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e antonímia,
polissemia, figuras de linguagem, entre outros.
- Capacidade de observação e de síntese.
- Capacidade de raciocínio.
Interpretar X Compreender
Erros de Interpretação
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes
são:
- Extrapolação (viagem). Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no
texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
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- Redução. É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um
texto é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema
desenvolvido.
- Contradição. Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar
conclusões equivocadas e, consequentemente, errando a questão.
Observação: Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas
numa prova de concurso o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada mais.
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relaciona palavras, orações, frases e/ou
parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, uma
conjunção (nexos), ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o
que já foi dito. São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome
relativo e do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu antecedente.
Não se pode esquecer também de que os pronomes relativos têm, cada um, um valor semântico, por isso
a necessidade de adequação ao antecedente. Os pronomes relativos são muito importantes na
interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sendo, deve-se levar em
consideração que existe um pronome relativo adequado a cada circunstância.
1. Leia bastante. Textos de diversas áreas, assuntos distintos nos trazem diferentes formas de
pensar.
2. Pratique com exercícios de interpretação. Questões simples, mas que nos ajuda a ter certeza
que estamos prestando atenção na leitura.
3. Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos conta, já está no final da página, e
nem lembramos o que lemos no meio dela. Talvez seja hora de descansar um pouco, ou voltar a leitura
num ponto que estávamos prestando atenção, e reler.
4. Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto. Qualquer informação, mínima que seja,
nos ajuda a compreender melhor o assunto do texto.
5. Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a ideia central do texto, e assim, levantar
hipóteses e saber sobre o que se fala.
6. Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais detalhada. Assim, você economiza
tempo se no meio da leitura identificar uma possível resposta.
7. Preste atenção nas informações não-verbais. Tudo que vem junto com o texto, é para ser
usado ao seu favor. Por isso, imagens, gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar nossa leitura.
8. Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procure a melhor forma para você, pois
cada um tem seu jeito de resumir e pontuar melhor os assuntos de um texto.
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar palavras novas, e procurar seu significado
para aumentar seu vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma distração,
mas também um aprendizado.
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compreensão do texto e ajudar a aprovação,
ela também estimula nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nosso foco, cria
perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de
memória. Então, foco na leitura, que tudo fica mais fácil!
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e organizadas, através dos
parágrafos, composto pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto.
Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas:
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- Declaração inicial;
- Definição;
- Divisão;
- Alusão histórica.
Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques.
Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da margem
esquerda. Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a ideia central extraída
de maneira clara e resumida. Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asseguramos um
caminho que nos levará à compreensão do texto.
Os Tipos de Texto
Cada um desses textos possui características próprias de construção, que pode ser estudado mais
profundamente na tipologia textual.
É comum encontrarmos queixas de que não sabem interpretar textos. Muitos têm aversão a exercícios
nessa categoria. Acham monótono, sem graça, e outras vezes dizem: cada um tem o seu próprio
entendimento do texto ou cada um interpreta a sua maneira. No texto literário, essa ideia tem algum
fundamento, tendo em vista a linguagem conotativa, os símbolos criados, mas em texto não literário isso
é um equívoco. Diante desse problema, seguem algumas dicas para você analisar, compreender e
interpretar com mais proficiência.
- Crie o hábito da leitura e o gosto por ela. Quando nós passamos a gostar de algo, compreendemos
melhor seu funcionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares a nós mesmos. Não se deixe
levar pela falsa impressão de que ler não faz diferença. Leia tudo que tenha vontade, com o tempo você
se tornará mais seleto e perceberá que algumas leituras foram superficiais e, às vezes, até ridículas.
Porém elas foram o ponto de partida e o estímulo para se chegar a uma leitura mais refinada. Existe
tempo para cada momento de nossas vidas.
- Seja curioso, investigue as palavras que circulam em seu meio.
- Aumente seu vocabulário e sua cultura. Além da leitura, um bom exercício para ampliar o léxico é
fazer palavras cruzadas.
- Faça exercícios de sinônimos e antônimos.
- Leia verdadeiramente.
- Leia algumas vezes o texto, pois a primeira impressão pode ser falsa. É preciso paciência para ler
outras vezes. Antes de responder as questões, retorne ao texto para sanar as dúvidas.
- Atenção ao que se pede. Às vezes a interpretação está voltada a uma linha do texto e por isso você
deve voltar ao parágrafo para localizar o que se afirma. Outras vezes, a questão está voltada à ideia geral
do texto.
- Fique atento a leituras de texto de todas as áreas do conhecimento, porque algumas perguntas
extrapolam ao que está escrito. Veja um exemplo disso:
Texto:
Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos
latifúndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos colaboradores da
indústria extrativa, na caça, na pesca, em determinados ofícios mecânicos e na criação do gado.
Dificilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos
canaviais. Sua tendência espontânea era para as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer-
se sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos.
(Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes)
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(B) os negros.
(C) os índios.
(D) tanto os índios quanto aos negros.
(E) a miscigenação de portugueses e índios.
(Aquino, Renato. Interpretação de textos, 2ª edição. Rio de Janeiro: Impetus, 2003.)
Resposta “C”. Apesar do autor não ter citado o nome dos índios, é possível concluir pelas
características apresentadas no texto. Essa resposta exige conhecimento que extrapola o texto.
- Tome cuidado com as vírgulas. Veja por exemplo a diferença de sentido nas frases a seguir:
(1) Só, o Diego da M110 fez o trabalho de artes.
(2) Só o Diego da M110 fez o trabalho de artes.
(3) Os alunos dedicados passaram no vestibular.
(4) Os alunos, dedicados, passaram no vestibular.
(5) Marcão, canta Garçom, de Reginaldo Rossi.
(6) Marcão canta Garçom, de Reginaldo Rossi.
Explicações:
(1) Diego fez sozinho o trabalho de artes.
(2) Apenas o Diego fez o trabalho de artes.
(3) Havia, nesse caso, alunos dedicados e não dedicados e passaram no vestibular somente os que
se dedicaram, restringindo o grupo de alunos.
(4) Nesse outro caso, todos os alunos eram dedicados.
(5) Marcão é chamado para cantar.
(6) Marcão pratica a ação de cantar.
“Sempre fez parte do desafio do magistério administrar adolescentes com hormônios em ebulição e
com o desejo natural da idade de desafiar as regras. A diferença é que, hoje, em muitos casos, a relação
comercial entre a escola e os pais se sobrepõe à autoridade do professor”.
Desafiar as regras é uma atitude própria do adolescente das escolas privadas. E esse é o grande
desafio do professor moderno.
Explicações:
- Certos alunos = qualquer aluno.
- Alunos certos = aluno correto.
- Alunos determinados = alunos decididos.
- Determinados alunos = qualquer aluno.
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Questões
Para ficar caracterizada a ideia de passado distante, a expressão “há mais de três anos” deve ser
reescrita: “há mais de três anos atrás”.
( ) Certo ( ) Errado
Crônica
Como o povo brasileiro é descuidado a respeito de alimentação! É o que exclamo depois de ler as
recomendações de um nutricionista americano, o dr. Maynard. Diz este: “A apatia, ou indiferença, é uma
das causas principais das dietas inadequadas.” Certo, certíssimo. Ainda ontem, vi toda uma família
nordestina estendida em uma calçada do centro da cidade, ali bem pertinho do restaurante Vendôme,
mas apática, sem a menor vontade de entrar e comer bem. Ensina ainda o especialista: “Embora haja
alimentos em quantidade suficiente, as estatísticas continuam a demonstrar que muitas pessoas não
compreendem e não sabem selecionar os alimentos”. É isso mesmo: quem der uma volta na feira ou no
supermercado vê que a maioria dos brasileiros compra, por exemplo, arroz, que é um alimento pobre,
deixando de lado uma série de alimentos ricos. Quando o nosso povo irá tomar juízo? Doutrina ainda o
nutricionista americano: “Uma boa dieta pode ser obtida de elementos tirados de cada um dos seguintes
grupos de alimentos: o leite constitui o primeiro grupo, incluindo-se nele o queijo e o sorvete”. Embora
modestamente, sempre pensei também assim. No entanto, ali na praia do Pinto é evidente que as
crianças estão desnutridas, pálidas, magras, roídas de verminoses. Por quê? Porque seus pais não
sabem selecionar o leite e o queijo entre os principais alimentos. A solução lógica seria dar-lhes sorvete,
todas as crianças do mundo gostam de sorvete. Engano: nem todas. Nas proximidades do Bob´s e do
Morais há sempre bandos de meninos favelados que ficam só olhando os adultos que descem dos carros
e devoram sorvetes enormes. Crianças apáticas, indiferentes. Citando ainda o ilustre médico: “A carne
constitui o segundo grupo, recomendando-se dois ou mais pratos diários de bife, vitela, carneiro, galinha,
peixe ou ovos”. Santo Maynard! Santos jornais brasileiros que divulgam as suas palavras redentoras! E
dizer que o nosso povo faz ouvidos de mercador a seus ensinamentos, e continua a comer pouco, comer
mal, às vezes até a não comer nada. Não sou mentiroso e posso dizer que já vi inúmeras vezes, aqui no
Rio, gente que prefere vasculhar uma lata de lixo a entrar em um restaurante e pedir um filé à
Chateaubriand. O dr. Maynard decerto ficaria muito aborrecido se visse um ser humano escolher tão mal
seus alimentos. Mas nós sabemos que é por causa dessas e outras que o Brasil não vai pra frente.
CAMPOS, Paulo Mendes. De um caderno cinzento. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 40-42.
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(C) caracterizar a composição de ambientes e de seres vivos
(D) oferecer instruções para o destinatário praticar uma ação
A Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Crimes Cibernéticos da Câmara dos Deputados divulgou
seu relatório final. Nele, apresenta proposta de diversos projetos de lei com a justificativa de combater
delitos na rede. Mas o conteúdo dessas proposições é explosivo e pode mudar a Internet como a
conhecemos hoje no Brasil, criando um ambiente de censura na web, ampliando a repressão ao acesso
a filmes, séries e outros conteúdos não oficiais, retirando direitos dos internautas e transformando redes
sociais e outros aplicativos em máquinas de vigilância.
Não é de hoje que o discurso da segurança na Internet é usado para tentar atacar o caráter livre, plural
e diverso da Internet. Como há dificuldades de se apurar crimes na rede, as soluções buscam criminalizar
o máximo possível e transformar a navegação em algo controlado, violando o princípio da presunção da
inocência previsto na Constituição Federal. No caso dos crimes contra a honra, a solução adotada pode
ter um impacto trágico para o debate democrático nas redes sociais – atualmente tão importante quanto
aquele realizado nas ruas e outros locais da vida off line. Além disso, as propostas mutilam o Marco Civil
da Internet, lei aprovada depois de amplo debate na sociedade e que é referência internacional.
(*BLOG DO SAKAMOTO, L. 04/04/2016)
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Tal fato contraria a ótica do início do século 20, como observa o sociólogo Max Weber no livro A ética
protestante e o espírito do capitalismo, onde eram as leis suntuárias que mostravam ao ser humano o
que deveria ser consumido e o que era preciso fazer para ser feliz. Isso mostra como a sociedade
moderna, por influência ou não da publicidade comercial, pode se organizar diante da felicidade. Nisto
não parece haver implícita ideia religiosa que prometa o paraíso na vida eterna. Pelo contrário, como
evidencia o pai da psicanálise, Sigmund Freud, talvez a felicidade consista em poder do narcisismo.
Nesse contexto, podemos deduzir que o discurso publicitário leva muitas vezes o indivíduo a acreditar
naquilo que é dito e a lutarem e buscarem todo o prazer proporcionado pelo consumo daquilo que é
anunciado. O significado das mercadorias associadas como valor de uso, passa a ser disseminado como
dizendo respeito a características que representam o ideal de felicidade da sociedade, por exemplo. Para
a publicitária e mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Lívia Valença
da Silva, “esta felicidade abrange uma realização pessoal e profissional que envolve boa aparência e
desenvoltura, aprovação social, conforto e bem-estar, estabilidade econômica, status, sucesso no amor
e no mercado de trabalho, entre tantos outros elementos”.
Bens descartáveis
Seguindo essa linha de raciocínio, o psicanalista Jurandir Freire Costa, na obra A ética e o espelho da
cultura, enfatiza que o homem tem muitas vezes a tendência de acompanhar as metamorfoses sociais, e
com todas as mudanças no cotidiano, acaba moldando-se as mesmas, sem muitas vezes se
questionarem. Mas, segundo o psicanalista, quando o sujeito se apercebe num emaranhado de
atribuições disseminados pela publicidade que nem sempre foram pensadas e analisadas, é que chegam
os conflitos e desamparos, porque perdem muitas vezes a noção de singularidade para serem mais um
na multidão.
Com efeito, o sociólogo Jean Baudrillard frisa que na cultura do consumo, na qual o homem
contemporâneo se encontra inserido: “Como a ‘criança-lobo’ se torna lobo à força de com ele viver,
também nós, pouco a pouco nos tornamos funcionais. Vivemos o tempo dos objetos; quero dizer que
existimos segundo seu ritmo e em conformidade com sua sucessão permanente” (trecho extraído do
livro A sociedade do consumo).
Por conseguinte, e com todas as mudanças ocorridas no contexto social vigente, bem como a
produção de bens materiais em larga escala, muitas vezes se sofre a influência dos bens produzidos.
Contudo, esses bens propagandeados afiguram-se cada vez mais descartáveis, pois já não se tem mais
quem herde o sentido moral e emocional que eles no início do século 20 materializavam. Isso fez o
jornalista Arnaldo Jabor carecer que “o futuro virou uma promessa de aperfeiçoamento de produtos com
uma velocidade que fez do presente um arcaísmo em processo, uma espécie de passado ao vivo em
decomposição”.
A história e as escolhas
Prazer, em se tratando da situação agradável de quando se ouve uma boa música ou se faz sexo. Já
o engajamento é a profundidade de envolvimento da pessoa com sua vida. Finalmente o significado,
como a sensação de que a vida faz parte de algo maior. Salienta também em suas pesquisas, que um
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dos maiores erros das sociedades contemporâneas é concentrar a busca da felicidade em apenas um
dos três pilares, esquecendo os outros. Sendo que as pessoas escolhem justo o mais fraco deles; o
prazer. Enfatiza que o engajamento e o significado são elos indispensáveis na vida do ser humano frente
à felicidade.
Fonte: http://observatoriodaimprensa.com.br/feitos-desfeitas/_ed700_como_a_sociedade_moderna_se_organiza_diante_da_felicidade/
Felicidade
Marcelo Jeneci
Lembrará os dias
que você deixou passar sem ver a luz
Se chorar, chorar é vão
porque os dias vão pra nunca mais
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SINGER. O bem-sucedido. O fracassado. Disponível
em:<https://www.google.com.br/search?q=imagem+de+carro+como+símbolo+de+felicidade&esp>. Acesso em: 1° mar. 2016
Diante do palácio de Édipo. Um grupo de crianças está ajoelhado nos degraus da entrada. Cada um
tem na mão um ramo de oliveira. De pé, no meio delas, está o sacerdote de Zeus.
(Edipo-Rei, Sófocles, RS: L&PM, 2013)
O texto é a parte introdutória de uma das maiores peças trágicas do teatro grego e exemplifica o modo
descritivo de organização discursiva. O elemento abaixo que NÃO está presente nessa descrição é:
(A) a localização da cena descrita.
(B) a identificação dos personagens presentes.
(C) a distribuição espacial dos personagens.
(D) o processo descritivo das partes para o todo.
(E) a descrição de base visual.
Brasil escola
Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão da segregação urbana, fruto da
concentração de renda no espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à promoção
de políticas de controle ao crescimento desordenado das cidades. A especulação imobiliária favorece o
encarecimento dos locais mais próximos dos grandes centros, tornando-os inacessíveis à grande massa
populacional. Além disso, à medida que as cidades crescem, áreas que antes eram baratas e de fácil
acesso tornam-se mais caras, o que contribui para que a grande maioria da população pobre busque por
moradias em regiões ainda mais distantes.
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Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais de residência com os centros comerciais
e os locais onde trabalham, uma vez que a esmagadora maioria dos habitantes que sofrem com esse
processo são trabalhadores com baixos salários. Incluem-se a isso as precárias condições de transporte
público e a péssima infraestrutura dessas zonas segregadas, que às vezes não contam com saneamento
básico ou asfalto e apresentam elevados índices de violência.
A especulação imobiliária também acentua um problema cada vez maior no espaço das grandes,
médias e até pequenas cidades: a questão dos lotes vagos. Esse problema acontece por dois principais
motivos: 1) falta de poder aquisitivo da população que possui terrenos, mas que não possui condições de
construir neles e 2) a espera pela valorização dos lotes para que esses se tornem mais caros para uma
venda posterior. Esses lotes vagos geralmente apresentam problemas como o acúmulo de lixo, mato alto,
e acabam tornando-se focos de doenças, como a dengue.
PENA, Rodolfo F. Alves. “Problemas socioambientais urbanos”; Brasil Escola. Disponível em http://brasilescola.uol.com.br/brasil/problemas-ambientais-sociais-
decorrentes-urbanização.htm. Acesso em 14 de abril de 2016.
O avanço da tecnologia afetou as bases de boa parte das profissões. As vítimas se contam às dezenas
e incluem músicos, jornalistas, carteiros etc. Um ofício relativamente poupado até aqui é o de médico. Até
aqui. A crer no médico e "geek" Eric Topol, autor de "The Patient Will See You Now" (o paciente vai vê-lo
agora), está no forno uma revolução da qual os médicos não escaparão, mas que terá impactos positivos
para os pacientes.
Para Topol, o futuro está nos smartphones. O autor nos coloca a par de incríveis tecnologias, já
disponíveis ou muito próximas disso, que terão grande impacto sobre a medicina. Já é possível, por
exemplo, fotografar pintas suspeitas e enviar as imagens a um algoritmo que as analisa e diz com mais
precisão do que um dermatologista se a mancha é inofensiva ou se pode ser um câncer, o que exige
medidas adicionais.
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Está para chegar ao mercado um apetrecho que transforma o celular num verdadeiro laboratório de
análises clínicas, realizando mais de 50 exames a uma fração do custo atual. Também é possível,
adquirindo lentes que custam centavos, transformar o smartphone num supermicroscópio que permite
fazer diagnósticos ainda mais sofisticados.
Tudo isso aliado à democratização do conhecimento, diz Topol, fará com que as pessoas administrem
mais sua própria saúde, recorrendo ao médico em menor número de ocasiões e de preferência por via
eletrônica. É o momento, assegura o autor, de ampliar a autonomia do paciente e abandonar o
paternalismo que desde Hipócrates assombra a medicina.
Concordando com as linhas gerais do pensamento de Topol, mas acho que, como todo entusiasta da
tecnologia, ele provavelmente exagera. Acho improvável, por exemplo, que os hospitais caminhem para
uma rápida extinção. Dando algum desconto para as previsões, "The Patient..." é uma excelente leitura
para os interessados nas transformações da medicina.
Folha de São Paulo online – Coluna Hélio Schwartsman – 17/01/2016.
Respostas
01. Errado
O verbo haver já contém a ideia de passado. A adição do termo "atrás" caracteriza pleonasmo.
02. (C)
Dentro da crônica existe o " o Eu" introduzido pelo Autor Paulo Mendes
Diferença:
1-"o Eu" se mostra ingênuo (Aquele que é inocente, sincero, simples.) e alienado (1-Cedido a
outro dono, ou o que enlouqueceu, 2-vendido.)
Um exemplo é quando ele diz: "É o que exclamo depois de ler as recomendações de um nutricionista
americano, o dr. Maynard"
2- O autor não se mostra ingênuo e nem alienado, uma vez que, ele mesmo é quem escreve a Crônica.
03. (B)
São características de textos:
a) encadear fatos que envolvem personagens - NARRATIVO
b) tentar convencer o leitor da validade de uma ideia - DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO
c) caracterizar a composição de ambientes e de seres vivos - DESCRITIVO
d) oferecer instruções para o destinatário praticar uma ação - INJUNÇÃO/ INSTRUCIONAL
04. (D)
A palavra doutrina possui mais de um significado, assim como muitos vocábulos. Por isso, é
necessário, em um texto, contextualizar para inferir seu significado. Dessa maneira, eliminam-se as
demais alternativas. Doutrina = conjunto coerente de ideias fundamentais a serem transmitidas,
ensinadas.
05. (C)
06. (C)
07. (D)
"a) a localização da cena descrita."
"Diante do palácio de Édipo; nos degraus da entrada."
"b) a identificação dos personagens presentes."
"Um grupo de crianças; De pé, no meio delas, está o sacerdote de Zeus."
c) a distribuição espacial dos personagens.
"Um grupo de crianças está ajoelhado nos degraus da entrada. De pé, no meio delas,"
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d) o processo descritivo das partes para o todo.
Nesse item, resposta da questão, o que acontece é justamente o contrário, do todo para as parte,
senão, vejamos:
"Diante do palácio de Édipo. Um grupo de crianças está ajoelhado nos degraus da entrada. Cada um
tem na mão um ramo de oliveira. De pé, no meio delas, está o sacerdote de Zeus."
Palácio de Édipo (todo) > degraus da escada > ramo de oliveira na mão das crianças
e) a descrição de base visual.
O texto nos passa uma descrição a qual se torna possível visualizar "mentalmente" a situação descrita.
08. (B)
FGV costuma usar paralelismo entre as alternativas e a geralmente a alternativa que sobra é o
gabarito. Não são todas as questões que possuem paralelismo.
a) uma introdução definidora dos problemas sociais urbanos e um desenvolvimento
com destaque de alguns problemas; >>> d) uma referência imediata a um dos problemas sociais
urbanos, sua explicitação, seguida da citação de um segundo problema;
c) uma apresentação de caráter histórico seguida da explicitação de alguns problemas ligados às
grandes cidades; >>> e) um destaque de um dos problemas urbanos, seguido de sua explicação
histórica, motivo de crítica às atuais autoridades.
Sobrou a letra B.
b) uma abordagem direta dos problemas com seleção e explicação de um deles, visto como o mais
importante;
"Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão da segregação urbana, fruto
da concentração de renda no espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à promoção
de políticas de controle ao crescimento desordenado das cidades.
09. (C)
A charge demonstra a falta de segurança no RJ, pois o único elemento de segurança pública
simbolizado na figura, à medida que novos jogos olímpicos vão surgindo, menos atenção ele dispensa a
essa questão, já que na última (2016) ele está embaixo do guarda sol, pedindo "refri".
10. (B)
As alternativas A, C, D, E não encontram respaldo no texto.
A assertiva B é praticamente uma reescritura do seguinte período:
Está no forno uma revolução da qual os médicos não escaparão, mas que terá impactos
positivos para os pacientes.
Gêneros Textuais
O gênero textual é a forma como a língua é empregada nos textos em suas diversas situações de
comunicação, de acordo com o seu uso temos gêneros textuais diferentes. É importante lembrar que um
texto não precisa ter apenas um gênero textual, porém há apenas um que se sobressai.
Os textos, tanto orais quanto escritos, que têm o objetivo de estabelecer algum tipo de comunicação,
possuem algumas características básicas que fazem com que possamos saber em qual gênero textual o
texto se encaixa. Algumas dessas características são: o tipo de assunto abordado, quem está falando,
para quem está falando, qual a finalidade do texto, qual o tipo do texto (narrativo, argumentativo,
instrucional, etc.).
Distinguindo
É essencial saber distinguir o que é gênero textual, gênero literário e tipo textual. Cada uma dessas
classificações é referente aos textos, porém é preciso ter atenção, cada uma possui um significado
totalmente diferente da outra. Veja uma breve descrição do que é um gênero literário e um tipo textual:
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Gênero Literário – nestes os textos abordados são apenas os literários, diferente do gênero textual,
que abrange todo tipo de texto. O gênero literário é classificado de acordo com a sua forma, podendo ser
do gênero líricos, dramático, épico, narrativo e etc.
Tipo textual – este é a forma como o texto se apresenta, podendo ser classificado como narrativo,
argumentativo, dissertativo, descritivo, informativo ou injuntivo. Cada uma dessas classificações varia de
acordo como o texto se apresenta e com a finalidade para o qual foi escrito.
Os gêneros textuais são infinitos e cada um deles possui o seu próprio estilo de escrita e de estrutura.
Desta forma fica mais fácil compreender as diferenças entre cada um deles e poder classifica-los de
acordo com suas características.
Diário – é escrito em linguagem informal, sempre consta a data e não há um destinatário específico,
geralmente, é para a própria pessoa que está escrevendo, é um relato dos acontecimentos do dia. O
objetivo desse tipo de texto é guardar as lembranças e em alguns momentos desabafar. Veja um exemplo:
Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que não é de espantar; afinal, era meu aniversário.
Mas não me deixam levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha curiosidade até quinze para
as sete. Quando não dava mais para esperar, fui até a sala de jantar, onde Moortje (a gata) me deu as
boas-vindas, esfregando-se em minhas pernas.”
Trecho retirado do livro “Diário de Anne Frank”.
Carta – esta, dependendo do destinatário pode ser informal, quando é destinada a algum amigo ou
pessoa com quem se tem intimidade. E formal quando destinada a alguém mais culto ou que não se
tenha intimidade. Dependendo do objetivo da carta a mesma terá diferentes estilos de escrita, podendo
ser dissertativa, narrativa ou descritiva. As cartas se iniciam com a data, em seguida vem a saudação, o
corpo da carta e para finalizar a despedida.
Propaganda – este gênero geralmente aparece na forma oral, diferente da maioria dos outros gêneros.
Suas principais características são a linguagem argumentativa e expositiva, pois a intenção da
propaganda é fazer com que o destinatário se interesse pelo produto da propaganda. O texto pode conter
algum tipo de descrição e sempre é claro e objetivo.
Notícia – este é um dos tipos de texto que é mais fácil de identificar. Sua linguagem é narrativa e
descritiva e o objetivo desse texto é informar algo que aconteceu.
Gêneros literários
Gênero Narrativo:
Épico (ou Epopeia): os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de um povo ou de
uma nação, envolvem aventuras, guerras, viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um
tom de exaltação, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos são Os Lusíadas, de
Luís de Camões, e Odisseia, de Homero.
1
http://www.portuguesxconcursos.com.br/p/tipologia-textual-tipos-generos.html
http://www.estudopratico.com.br/generos-textuais/
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Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidos e de caráter
mais verossímil. Também conta as façanhas de um herói, mas principalmente uma história de amor vivida
por ele e uma mulher, muitas vezes, “proibida” para ele. Apesar dos obstáculos que o separam, o casal
vive sua paixão proibida, física, adúltera, pecaminosa e, por isso, costuma ser punido no final. É o tipo de
narrativa mais comum na Idade Média. Ex: Tristão e Isolda.
Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevidade
do conto. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienista, de Machado de Assis, e
A Metamorfose, de Kafka.
Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras,
anedotas e até folclores. Inicialmente, fazia parte da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo
de forma escrita com a publicação de Decamerão. Diversos tipos do gênero textual conto surgiram na
tipologia textual narrativa: conto de fadas, que envolve personagens do mundo da fantasia; contos de
aventura, que envolvem personagens em um contexto mais próximo da realidade; contos folclóricos
(conto popular); contos de terror ou assombração, que se desenrolam em um contexto sombrio e
objetivam causar medo no expectador; contos de mistério, que envolvem o suspense e a solução de um
mistério.
Fábula: é um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As personagens principais são
não humanos e a finalidade é transmitir alguma lição de moral.
Crônica: é uma narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com linguagem coloquial. Pode ter
um tom humorístico ou um toque de crítica indireta, especialmente, quando aparece em seção ou artigo
de jornal, revistas e programas da TV...
Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e
reflexões morais e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico,
filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em formalidades como
documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância,
de John Locke.
Gênero Dramático:
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador
contando a história. Ela “acontece” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os papéis
das personagens nas cenas.
Farsa: A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de processos como o absurdo, as
incongruências, os equívocos, a caricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o
engano.
Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua
origem grega está ligada às festas populares.
Poesia de cordel: texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural
nordestinos, fatos diversos da sociedade e da realidade vivida por este povo.
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Gênero Lírico:
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema e que nem sempre corresponde à
do autor) exprime suas emoções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente os
pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da função emotiva da linguagem.
Elegia: é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto
máximo do texto. O emissor expressa tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema
melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e Yufa, de William Shakespeare.
Epitalâmia: é um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e
cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.
Ode (ou hino): é o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à pátria (e aos seus símbolos),
às divindades, à mulher amada, ou a alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com
acompanhamento musical;
Idílio (ou écloga): é o poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à natureza,
às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o poema bucólico, ou seja, que expressa o desejo de
desfrutar de tais belezas e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais a paisagem,
espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com diálogos (muito rara);
Sátira: é o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém ou a algo, em tom sério ou irônico.
Acróstico: (akros = extremidade; stikos = linha), composição lírica na qual as letras iniciais de cada
verso formam uma palavra ou frase;
Balada: uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas de amigo (elegias) com ritmo
característico e refrão vocal que se destinam à dança;
Gazal (ou Gazel): poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio;
Haicai: expressão japonesa que significa “versos cômicos” (=sátira). E o poema japonês formado de
três versos que somam 17 sílabas assim distribuídas: 1° verso= 5 sílabas; 2° verso = 7 sílabas; 3° verso
5 sílabas;
Soneto: é um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos, com rima
geralmente em a-ba-b a-b-b-a c-d-c d-c-d.
Vilancete: são as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escárnio e de maldizer); satíricas,
portanto.
Questões
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a) uma poesia, pois faz uso das funções enfática e expressiva da linguagem para homenagear as
mães em virtude da passagem do Dia das Mães.
b) um anúncio publicitário, caracterizado pelo uso da função conativa da linguagem. Tem como
finalidade seduzir o leitor para convencê-lo a comprar um determinado produto.
c) uma reportagem, caracterizada por ser publicada em periódico, ter a função básica de aprofundar
as informações acerca de um tema relevante, apresentar ao leitor fatos e considerações e utilizar uma
linguagem referencial, preferencialmente objetiva.
d) uma notícia, uma vez que se caracteriza por ser publicada em jornal, relatar um fato recente,
explicitando os envolvidos e as circunstâncias em que se deu um fato, e por ser de relevância social para
um grande público, apontando causas e consequências.
e) um editorial, caracterizado por emitir a posição de um jornal ou revista acerca de um produto, embora
sem indicação de autoria, utilizando uma linguagem subjetiva e expressiva.
O artigo objetiva contribuir para as análises referentes ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego (PRONATEC) proposto pelo MEC em 2011 e pertencente à Política de Educação
Profissional Técnica de nível médio. (I) Problematiza um dos pressupostos do Programa: o de que a
qualificação pretendida implica na melhoria da qualidade do Ensino Médio Público. (II) Apresenta, como
bases de análise, o contexto do Decreto nº 5154/04, a atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Profissional e as do Ensino Médio e referencial teórico baseado nos conceitos de Estado
ampliado e de capitalismo dependente. (III) O PRONATEC ao priorizar a qualificação profissional
concomitante ao Ensino Médio Público, mediante parcerias público/privado fragmenta os insuficientes
recursos públicos, e promove a descontinuidade em relação à concepção progressista de integração entre
Ensino Médio e Educação Profissional. (IV) Paraliza o processo de travessia para a escola unitária e não
enfrenta a problemática complexa da qualidade na escola pública.
(Fragmento adaptado) Disponível em:<www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/view/1713/141>. Acesso em: 02 maio2016.
O fragmento em questão é o resumo de um artigo científico. Considerando que, nesse gênero, o uso
da língua padrão é necessário, verifica-se que, nos trechos em destaque no próprio texto, houve
observância desse uso no trecho:
a) IV.
b) III.
c) II.
d) I.
As diferenças que podem ser observadas entre os textos dizem respeito à sua situação de produção
e de circulação, inclusive a finalidade a que se destinam. São os chamados gêneros de texto. Por
exemplo: se o locutor quer instruir seu interlocutor, ele indica passo a passo o que deve ser feito para a
obtenção de um bom resultado, como ocorre numa receita de bolo. Se quer persuadir alguém a consumir
um produto, ele argumenta, como faz em um anúncio de chocolate. Se quer contar fatos reais, ele pode
escrever uma notícia. Se quer contar uma história ficcional, ele pode produzir um conto. Se quer transmitir
conhecimentos, ele deve construir um texto em que exponha com clareza os saberes relacionados ao
objeto em foco.
Ou seja, quando interagimos com outras pessoas por meio da linguagem, seja ela oral ou escrita,
produzimos certos textos que, com poucas variações, se repetem no tipo de conteúdo, no tipo de
linguagem e de estrutura. Esses textos constituem os chamados ‘gêneros textuais’ e foram historicamente
criados pelas pessoas a fim de atender a determinadas necessidades de interação social. De acordo com
o momento histórico, pode nascer um gênero novo, podem desaparecer gêneros de pouco uso ou, ainda,
um gênero pode sofrer mudanças.
Numa situação de interação verbal, a escolha do gênero textual é feita de acordo com os diferentes
elementos que fazem o contexto, tais como: quem está falando ou escrevendo; para quem; com que
finalidade; em que momento histórico etc. Os gêneros estão ligados a esferas de circulação da linguagem.
Assim, por exemplo, na esfera jornalística, são comuns gêneros como notícias, reportagens, editoriais,
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entrevistas; na esfera da divulgação científica, são comuns gêneros como verbete de dicionário ou de
enciclopédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência etc.
Desse modo, os gêneros de texto que circulam na sociedade têm uma grande vinculação com o
momento histórico-cultural de cada contexto.
(William Cereja; Thereza Cochar; Ciley Cleto. Interpretação de textos. São Paulo: Editora Atual, 2009, p. 29. Adaptado)
Interprete o seguinte trecho do Texto 1: “Esses textos constituem os chamados gêneros textuais e
foram historicamente criados pelas pessoas”. Assinale a alternativa em que o sentido global desse trecho
está mantido.
a) Esses textos constituem os chamados gêneros textuais uma vez que foram historicamente criados
pelas pessoas.
b) Esses textos constituem os chamados gêneros textuais, como foram historicamente criados pelas
pessoas.
c) Esses textos constituem os chamados gêneros textuais conforme foram historicamente criados
pelas pessoas.
d) Esses textos não só constituem os chamados gêneros textuais, mas também foram historicamente
criados pelas pessoas.
e) Esses textos constituem os chamados gêneros textuais, porém foram historicamente criados pelas
pessoas.
Respostas
1. (B)
A função conativa é o mesmo que apelativa; centrada no receptor, no destinatário. Exemplo:
Propagandas.
2. (C)
A questão pede o uso da norma padrão da língua, os erros dos trechos são:
I) O verbo implicar no sentido de "acarretar", "ocasionar" é transitivo DIRETO.
http://portugues.uol.com.br/gramatica/verbo-implicar.html
II) Correta -> letra c
III) Uso da vírgula errado, a primeira vírgula está separando sujeito do verbo.
IV) Escreve-se paraliSa e não paraliZa
3. (D)
Qual o sentido global que apresenta o texto? De adição, note ali a conjunção aditiva "e". Para que
mantenhamos o trecho com seu sentido global, temos que substituir a conjunção aditiva por outra
conjunção aditiva.
a) Errada; Esses textos constituem os chamados gêneros textuais uma vez que foram historicamente
criados pelas pessoas.
Aqui temos uma conjunção CAUSAL.
b) Errada; Esses textos constituem os chamados gêneros textuais, como foram historicamente criados
pelas pessoas.
Conjunção COMPARARTIVA.
c) Errada. Esses textos constituem os chamados gêneros textuais conforme foram historicamente
criados pelas pessoas.
Conjunção CONFORMATIVA
d) Gabarito. Esses textos não só constituem os chamados gêneros textuais, mas também foram
historicamente criados pelas pessoas.
GABARITO. Não só... Mas também - Conjunção aditiva
e) Errada. Esses textos constituem os chamados gêneros textuais, porém foram historicamente
criados pelas pessoas.
Conjunção ADVERSATIVA
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Localização de informações explícitas no texto. Inferência de sentido de
palavras e/ou expressões; Inferência de informações implícitas no texto e das
relações de causa e consequência entre as partes de um texto
Texto:
“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses craques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro
Rocha e Pelé), mas ainda tem um longo caminho a trilhar (...).”
Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15.
Todos os textos transmitem explicitamente certas informações, enquanto deixam outras implícitas. Por
exemplo, o texto acima não explicita que existe a possibilidade de Neto se equiparar aos quatro
futebolistas, mas a inclusão do advérbio “ainda” estabelece esse implícito. Não diz também com
explicitude que há oposição entre Neto e os outros jogadores, sob o ponto de vista de contar com tempo
para evoluir. A escolha do conector “mas”, entre a segunda e a primeira oração, só é possível levando
em conta esse dado implícito. Como se vê, há mais significados num texto do que aqueles que aparecem
explícitos na sua superfície. Leitura proficiente é aquela capaz de depreender tanto um tipo de significado
quanto o outro, o que, em outras palavras, significa ler nas entrelinhas. Sem essa habilidade, o leitor
passará por cima de significados importantes ou, o que é bem pior, concordará com ideias e pontos de
vista que rejeitaria se os percebesse.
Os significados implícitos costumam ser classificados em duas categorias: os pressupostos e os
subentendidos.
Pressupostos: são ideias implícitas que estão implicadas logicamente no sentido de certas palavras
ou expressões explicitadas na superfície da frase. Exemplo:
A informação explícita é que hoje André é um antitabagista convicto. Do sentido do verbo tornar-se,
que significa "vir a ser", decorre logicamente que antes André não era antitabagista convicto. Essa
informação está pressuposta. Ninguém se torna algo que já era antes. Seria muito estranho dizer que a
palmeira tornou-se um vegetal.
A informação explícita é que o enunciador não tem conhecimento do continente europeu. O advérbio
“ainda” deixa pressuposta a possibilidade de ele um dia conhecê-la.
As informações explícitas podem ser questionadas pelo receptor, que pode ou não concordar com
elas. Os pressupostos, porém, devem ser verdadeiros ou, pelo menos, admitidos como tais, porque esta
é uma condição para garantir a continuidade do diálogo e também para fornecer fundamento às
afirmações explícitas. Isso significa que, se o pressuposto é falso, a informação explícita não tem
cabimento. Assim, por exemplo, se Maria não falta nunca a aula nenhuma, não tem o menor sentido dizer
“Até Maria compareceu à aula de hoje”. “Até” estabelece o pressuposto da inclusão de um elemento
inesperado.
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Na leitura, é muito importante detectar os pressupostos, pois eles são um recurso argumentativo que
visa a levar o receptor a aceitar a orientação argumentativa do emissor. Ao introduzir uma ideia sob a
forma de pressuposto, o enunciador pretende transformar seu interlocutor em cúmplice, pois a ideia
implícita não é posta em discussão, e todos os argumentos explícitos só contribuem para confirmá-la. O
pressusposto aprisiona o receptor no sistema de pensamento montado pelo enunciador.
A demonstração disso pode ser feita com as “verdades incontestáveis” que estão na base de muitos
discursos políticos, como o que segue:
“Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será resolvido o problema da seca no Nordeste.”
O enunciador estabelece o pressuposto de que é certa a mudança do curso do São Francisco e, por
consequência, a solução do problema da seca no Nordeste. O diálogo não teria continuidade se um
interlocutor não admitisse ou colocasse sob suspeita essa certeza. Em outros termos, haveria quebra da
continuidade do diálogo se alguém interviesse com uma pergunta deste tipo:
A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emissor permite levar adiante o debate; sua negação
compromete o diálogo, uma vez que destrói a base sobre a qual se constrói a argumentação, e daí
nenhum argumento tem mais importância ou razão de ser. Com pressupostos distintos, o diálogo não é
possível ou não tem sentido.
A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, pode ser embaraçosa ou não, dependendo do que
está pressuposto em cada situação. Para alguém que não faz segredo sobre a mudança de emprego,
não causa o menor embaraço uma pergunta como esta:
O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se ela se dirigisse a uma pessoa que conseguiu um
segundo emprego e quer manter sigilo até decidir se abandona o anterior. O adjetivo “novo” estabelece
o pressuposto de que o interrogado tem um emprego diferente do anterior.
Marcadores de Pressupostos
- Certos verbos
- Certos advérbios
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- Orações adjetivas
Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só se preocupam com seu bem-estar e, por
isso, jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam com a coletividade.
Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se preocupam com seu bem-estar e, por
isso, jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc.
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se importam com a coletividade.
Subentendidos: são insinuações contidas em uma frase ou um grupo de frases. Suponhamos que
uma pessoa estivesse em visita à casa de outra num dia de frio glacial e que uma janela, por onde
entravam rajadas de vento, estivesse aberta. Se o visitante dissesse “Que frio terrível”, poderia estar
insinuando que a janela deveria ser fechada.
Há uma diferença capital entre o pressuposto e o subentendido. O primeiro é uma informação es-
tabelecida como indiscutível tanto para o emissor quanto para o receptor, uma vez que decorre ne-
cessariamente do sentido de algum elemento linguístico colocado na frase. Ele pode ser negado, mas o
emissor coloca-o implicitamente para que não o seja. Já o subentendido é de responsabilidade do
receptor. O emissor pode esconder-se atrás do sentido literal das palavras e negar que tenha dito o que
o receptor depreendeu de suas palavras. Assim, no exemplo dado acima, se o dono da casa disser que
é muito pouco higiênico fechar todas as janelas, o visitante pode dizer que também acha e que apenas
constatou a intensidade do frio.
O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor proteger-se, para transmitir a informação que
deseja dar a conhecer sem se comprometer. Imaginemos, por exemplo, que um funcionário
recém-promovido numa empresa ouvisse de um colega o seguinte:
“Competência e mérito continuam não valendo nada como critério de promoção nesta empresa...”
Questões
02. (ITA) Assinale a interpretação sugerida pelo seguinte trecho publicitário: Fotografe os bons
momentos agora, porque depois vem o casamento.
(A) O casamento não merece fotografias.
(B) A felicidade após o casamento dispensa fotografias.
(C) Os compromissos assumidos no casamento limitam os momentos dignos de fotografia.
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(D) O casamento é uma segunda etapa da vida que também deve ser registrada.
(E) O casamento é uma cerimônia que exige fotografias exclusivas.
03. (FUVEST) Antônio. Assim se chamava meu pai, vindo de Piracicaba, cidade do interior de São
Paulo. (...) Foi saco de pancada quando pequeno, pois meu avô paterno levava ao exagero a filosofia do
"quem dá o pão dá o ensino". No entanto nunca se referiu de maneira rancorosa a esses castigos, nem
achou necessário desforrar-se em mim do tanto que havia apanhado. Quando as coisas não lhe
agradavam, preferia gargalhar num jeito muito seu, que lembrava bola de pingue-pongue descendo
lentamente uma escada. Duas vezes apenas botou de lado esse tipo de reação.
(Mário Lago, Na rolança do tempo)
O autor estabelece uma comparação entre
(A) seu pai e seu avô, distinguindo o modo pelo qual cada um extravasava a euforia.
(B) seu pai e seu avô, buscando neles traços comuns de temperamento e de personalidade.
(C) a gargalhada de seu pai e a queda da bola de pingue-pongue, com base nos estímulos visuais
provocadas por ambas.
(D) a gargalhada de seu pai e a queda da bola de pingue-pongue, com base no mesmo efeito cômico
que ambas provocam.
(E) a gargalhada de seu pai e a queda da bola de pingue-pongue, com base em impressões de ritmo
e de andamento.
04. (FUVEST) A característica da relação do adulto com o velho é a falta de reciprocidade que se pode
traduzir numa tolerância sem o calor da sinceridade. Não se discute com o velho, não se confrontam
opiniões com as dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que só se permite aos amigos: a
alteridade, a contradição, o afrontamento e mesmo o conflito. Quantas relações humanas são pobres e
banais porque deixamos que o outro de expresse de modo repetitivo e porque nos desviamos das áreas
de atrito, dos pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a dor! Se
a tolerância com os velhos é entendida assim, como uma abdicação ao diálogo, melhor seria dar-lhe o
nome de banimento ou discriminação.
(Ecléa Bosi, Memória e Sociedade - Lembranças de Velhos)
Respostas
01. Alternativa (E) É notável no fragmento uma gradação, que indica o estado de êxtase provocado
pelo sentimento amoroso. Na sequência ocorre uma progressão que vai do menos leve (referindo-se ao
pisar dos cavalos) ao mais leve: de início é macio, depois tão macio, que parecia estarem calçados de
sapatilhas. A gradação termina com a leveza máxima: de tão macio que pisavam, parecia até que a rigor
não pisavam. Ou seja, parecia “que faziam cafuné com as patas delicadas”. A ideia, portanto, é de reforço.
02. Alternativa (C) O trecho “porque depois vem o casamento” traz um argumento a favor da urgência
de fotografar os bons momentos de hoje: é preciso fotografá-los agora, porque depois do casamento não
haverá tantos momentos dignos de serem fotografados. Isto quer dizer que o casamento diminui a
possibilidade de viver bons momentos.
03. Alternativa (E) A gargalhada do pai era produzida num ritmo descompassado, de intensidade
decrescente, como uma bola de pingue-pongue rolando escada abaixo.
04. Alternativa (A) O texto põe em relevo a principal característica da relação do adulto com o velho:
a falta de reciprocidade que funciona como uma tolerância sem sinceridade, isto é, a tolerância não como
uma aceitação efetiva das diferenças, mas como uma atitude de evasão, descaso, fuga ao desconforto
do atrito. Nesse sentido, a alternativa (A) é a única que recupera a ideia central do texto, pois a
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consequência direta dessa característica, que se poderia traduzir por desconsideração, é a negação do
desenvolvimento da alteridade, da contradição, do afrontamento e do conflito, ingredientes típicos de uma
relação não-discriminatória.
Inferências
Com o advento das novas tecnologias a leitura e interpretação de textos ganham novos significados e
dimensões. Se antes liam-se somente textos literários, hoje é possível encontrar uma imensa gama de
diferentes tipos de textos. Assim, o exercício da leitura demanda cada vez mais o levantamento de
hipóteses, comparações, associações e inferências.
De acordo com o dicionário Houaiss o termo “inferir” significa: concluir pelo raciocínio, a partir de fatos,
indícios; deduzir. No contexto de interpretação de textos, a inferência enquadra-se na ação de analisar
as informações implícitas e explícitas com o intuito de alcançar conclusões.
Na imagem há uma combinação de linguagem verbal e não verbal, juntas elas fornecem o insumo
necessário para o bom entendimento e compreensão da temática.
Em uma leitura superficial, uma leitura sem inferências, o leitor poderia cair no erro de não perceber a
intenção real do autor, a denúncia sobre a violência. Portanto, para realizar uma boa interpretação é
necessário atentar-se aos detalhes e fazer certos questionamentos como:
A partir de questionamentos como os citados acima é possível adentrar no contexto social, Rio de
Janeiro violento, que instaura críticas e denúncias a determinada realidade.
Portanto, ao inferir, o leitor é capaz de constatar os detalhes ocultos que transformam a leitura simples
em uma leitura reflexiva.
Questões
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relacionar conhecimentos, experiências e ações em um movimento interativo e negociado. Concebendo
a compreensão como processo, a leitura realiza-se a partir de diferentes horizontes. Nesse sentido, é
correto afirmar que o processo inferencial está:
O ato de “exercitar inferências sobre o texto” pressupõe desenvolver atividades pedagógicas que
permitam ao leitor-aluno:
a) destacar o que é do seu interesse no texto.
b) localizar informações explícitas no texto.
c) apreender informações implícitas no texto.
d) produzir novo texto com base no texto lido.
e) ler em voz alta o texto de leitura.
A armadilha da aceitação
Existe um lugar quentinho e cômodo chamado aceitação. Olhando de longe, parece agradável. Mais
do que isso, é absolutamente tentador: os que ali repousam parecem confortáveis, acolhidos, até mesmo
com um senso de poder, como se estivessem tirando um cochilo plácido debaixo das asas de um dragão.
“Elas estão por cima", é o que se pensa de quem encontrou seu espacinho sob a aba da aceitação.
Porém, é preciso batalhar para ter um espaço ali. Esse dragão não aceita qualquer um; e sua aceitação,
como tudo nesta vida, tem um preço.
Para ser aceita, em primeiro lugar, você não pode querer destruir esse dragão. Óbvio. Você não pode
atacá-lo, você não pode ridicularizá-lo, você não pode falar para outras pessoas o quanto seus dentes
são perigosos, você não pode sequer fazer perguntas constrangedoras a ele.
Faça qualquer uma dessas coisas e você estará para sempre riscada da lista VIP da aceitação. Ou,
talvez, se você se humilhar o suficiente, ele consiga se esquecer de tudo o que você fez e reconsidere o
seu pedido por aceitação.
A melhor coisa que você pode fazer para conseguir aceitação é atacar as pessoas que querem destruir
o generoso distribuidor deste privilégio. Uma boa forma de fazer isso é ridicularizando-as, e pode ser bem
divertido fingir que esse dragão sequer existe, embora ele seja algo tão monstruosamente gigante que é
quase como se sua existência estivesse sendo esfregada em nossas caras.
Reforçar o discurso desse dragão, ainda que você não saiba muito bem do que está falando, é o passo
mais importante que você pode dar em direção à tão esperada aceitação.
Reproduzir esse discurso é bem simples: basta que a mensagem principal seja deixar tudo como está
- e há várias formas de se dizer isso, das mais rudimentares e manjadas às mais elaboradas e inovadoras.
Não dá pra reclamar de falta de opção.
Pode ter certeza que o dragão da aceitação dará cambalhotas de felicidade. Nada o agrada mais do
que ver gente impedindo que as coisas mudem.
Uma vez aceita, você estará cercada de outras pessoas tão legais quanto você, todas acolhidas nesse
lugar quentinho chamado aceitação. Ali, você irá acomodar a sua visão de mundo, como quem coloca
óculos escuros para relaxar a vista, e irá assistir numa boa às pessoas se dando mal lá fora.
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É claro que elas só estão se dando tão mal por causa do tal dragão; mas se você não pode derrotá-lo,
una-se a ele, não é o que dizem?
O que ninguém diz quando você tenta a todo custo ser aceita é que nem isso torna você imune. Ser
aceita não é garantia nenhuma de ser poupada.
Você pode tentar agradar ao dragão, você pode caprichar na reprodução e perpetuação do discurso
que o mantém acocorado sobre este mundo, você pode até se estirar no chão para se fazer de tapete de
boas-vindas, mas nada disso irá adiantar, especialmente porque esse discurso só foi feito para destruir
você.
E aí é que a aceitação se revela como uma armadilha. Tudo o que você faz para ser aceita por aquilo
que es- maga as outras sem dó só serve para deixar você mais perto da boca cheia de dentes que ainda
vai te mastigar e te cuspir para fora. Pode demorar, mas vai. Porque só tem uma coisa que esse dragão
realmente aceita: dominar e oprimir.
Então, se ele sorrir para você, não se engane: ele não está te aceitando. Está apenas mostrando os
dentes que vai usar para fazer você em pedaços depois.
VALEK, Aline. Disponível em: < http://www.cartacapital.com.br/blogs/escrito- rio-feminista/a-
armadilha-da-aceitacao-4820.html >. Acesso: 13 fev. 2015. (Adaptado).
No texto, o uso das palavras “aceita” e “riscada”, no feminino, conduz à inferência de que:
a) a forma nominal dessas palavras se restringe à flexão no feminino
b) essas palavras concordam em gênero com palavras a que se referem.
c) os interlocutores imediatos do texto são do sexo feminino.
d) tais palavras concordam com o sexo da escritora do texto.
De alguns segmentos do texto o leitor pode fazer uma série de inferências. A inferência inadequada
do segmento “O precário equilíbrio rompeu-se de uma vez com o agravamento da guerra civil na Síria" é:
[...] a alegria
Seu sintoma mais bonito é nos jogar para fora,
de encontro ao mundo e a nós mesmos
IVAN MARTINS
A alegria vem de dentro ou de fora de nós?
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A pergunta me ocorre no meio de um bloco de carnaval, enquanto berro os versos imortais de Roberto
Carlos, cantados em ritmo de samba: “Eu quero que você me aqueça neste inverno, e que tudo mais vá
pro inferno”.
Estou contente, claro. Ao meu redor há um grupo de amigos e uma multidão ruidosa e colorida. Ainda
assim, a resposta sobre a alegria me ilude. Meu coração sorri em resposta a essa festa ou acha nela
apenas um eco do seu próprio e inesperado contentamento?
Embora simples, a pergunta não é trivial. Se sou capaz de achar em mim a alegria, a vida será uma.
Se ela precisa ser buscada fora, permanentemente, será outra, provavelmente pior.
Penso no amor, fonte permanente de júbilo e apreensão.
Quando ele nos é subtraído, instala-se em nós uma tristeza sem tamanho e sem fim, que tem o rosto
de quem nos deixou. Ela vem de fora, nos é imposta pelas circunstâncias, mas torna-se parte de nós. Um
luto encarnado. Um milhão de carnavais seriam incapaz de iluminar a escuridão dessa noite se não
houvesse, dentro de nós, alguma fonte própria de alegria. Nem estaríamos na rua, se não fosse por ela.
Nem nos animaríamos a ver de perto a multidão. Ficaríamos em casa, esmagados por nossa tristeza,
remoendo os detalhes do que não mais existe. Ao longe, ouviríamos a batucada, e ela nos pareceria
remota e alheia.
Nossa alegria existe, entretanto. Por isso somos capazes de cantar e dançar quando o destino nos
atinge.
Nossa alegria se manifesta como força e teimosia: ela nos põe de pé quando nem sairíamos da cama.
Ela se expõe como esperança: acreditamos que o mundo nos trará algo melhor esta manhã; quem sabe
esta noite; domingo, talvez. Ela nos torna sensível à beleza da mulher estranha, ao sorriso feliz do amigo,
à conversa simpática de um vizinho, aos problemas do colega de trabalho. Nossa alegria cria interesse
pelo mundo e nos faz perceber que ele também se interessa por nós.
Por mínima que seja, essa fonte de luz e energia é suficiente para dar a largada e começar do zero.
Um dia depois do outro. Todos os dias em que seja necessário.
Quando se está por baixo, muito caído, não é fácil achar o interruptor da nossa alegria. A gente tem a
sensação de que alegria se extinguiu e com ela o nosso desejo de transar e de viver, que costumam ser
a mesma coisa. Mas a alegria está lá - feita de boas memórias, do amor que nos deram, do carinho que
a gente deu aos outros. Existe como presença abstrata, mas calorosa, que nos dirige aos outros, que nos
faz olhar para fora. É isso a alegria: algo de dentro que nos leva ao mundo e nos permite o gozo e a
reconhecimento de nós mesmos, no rosto do outro. Empatia e simpatia. Amor.
Se a alegria vem de dentro ou de fora? De dentro, claro. Mas seu sintoma mais bonito é nos jogar para
fora, de encontro à música e à dança do mundo, ao encontro de nós mesmos.
Adaptado de http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/noticia/2015/02/dentro-de-nos-balegriab.html
Respostas
01. Resposta A
Questão parece difícil pois a redação não é muito boa. Perguntando da seguinte forma fica mais fácil
de entender: "É possível fazer uma conclusão ou uma dedução do texto a partir de”...viu, ficou mais fácil
achar a resposta.
Torna-se óbvio que só podemos deduzir um texto quando lemos o máximo de seu argumento.
02. Resposta C
Inferir significa adivinhar, levantar hipóteses sobre determinado assunto. É isso que o aluno fará com
o texto.
03. Resposta C
Interlocutor, significa cada uma das pessoas que participam de uma conversa, de um diálogo. E estas
palavras estão no feminino.
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04. Resposta D
GUERRA CIVIL subentende CONFLITOS INTERNOS, logo, pode-se inferir que "a guerra civil na
Síria NÃO envolvia outros países vizinhos". A alternativa "D" não apresenta este entendimento.
A inferência inadequada é dizer que "a guerra civil na Síria envolvia outros países vizinhos".
05. Resposta D
Se a alegria vem de dentro ou de fora? De dentro, claro.
Qual é a diferença entre um fato e uma opinião? O fato é aquilo que aconteceu, enquanto que a
opinião é o que alguém pensa que ocorreu, uma interpretação dos fatos. Digamos: houve um roubo na
portaria da empresa e alguém vai investigá-lo. Se essa pessoa for absolutamente honesta, faz um
relatório claro relatando os fatos com absoluta fidelidade e após esse relato objetivo, apresenta sua
opinião sobre os acontecimentos. É usualmente desejável que ela dê sua opinião porque, se foi escalada
para investigar o crime é porque tem qualificação para isso; além disso, o próprio fato de ela ter
investigado já lhe dá autoridade para opinar.
É importante considerar:
- Fatos usualmente podem ser submetidos à prova: por números, documentos, registros;
- Muitas pessoas confundem fatos e opiniões, e quando isso ocorre temos de ter cuidado com as
informações que vêm delas;
- Igualmente temos de estar atentos às nossas próprias opiniões, pois elas podem ser tomadas
como fatos por outros;
- Nossas decisões devem ser baseadas em fatos, mas podem levar em conta as opiniões de gente
qualificada sobre tais fatos.
Exemplo:
Um mestre que conhecia o caminho para a sabedoria foi visitado por um grupo de buscadores.
Encontraram-no num pátio, cercado de discípulos, em meio ao que parecia ser uma festa.
Alguns buscadores disseram:
– Que ofensivo, esta não é a forma de se comportar, qualquer que seja o pretexto.
Outros disseram:
– Isto nos parece excelente, gostamos desta sessão de ensinamento e desejamos participar dela.
E outros disseram:
– Estamos meio perplexos e queremos saber mais sobre este enigma.
Os demais buscadores comentaram entre si:
– Pode haver alguma sabedoria nisto, mas não sabemos se devemos perguntar ou não.
O mestre afastou todos.
Todas estas pessoas, em conversas ou por escrito, difundiram suas opiniões sobre o ocorrido.
Mesmo aqueles que não falaram por experiência direta foram afetados por ele, e suas palavras e obras
refletiram sua opinião a respeito.
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Algum tempo depois, determinados membros do grupo de buscadores passaram novamente por ali
e foram ver o mestre. Parados à sua porta, observaram que, no pátio, ele e seus discípulos estavam
agora sentados com decoro, em profunda contemplação.
– Assim está melhor — disseram alguns dos visitantes. — É evidente que alguma coisa aprenderam
com os nossos protestos.
– Isto é excelente — falaram outros — porque, na última vez, sem sombra de dúvida ele só nos
estava colocando à prova.
– Isto é demasiado sombrio — outros disseram. — Podíamos ter encontrado caras sérias em
qualquer lugar.
E houve outras opiniões, faladas e pensadas. O sábio, quando terminou o tempo de reflexão,
dispensou todos estes visitantes.
Muito tempo depois, um pequeno número deles voltou para pedir sua interpretação do que haviam
experimentado. Apresentaram-se diante da porta e olharam para dentro do pátio. O mestre estava
sentado, sozinho, nem em divertimento, nem em meditação. Em parte alguma se via qualquer dos seus
anteriores discípulos.
– Agora podem escutar a história completa — disse-lhes. — Pude despedir meus discípulos, já que
a tarefa foi realizada. Quando vieram pela primeira vez, a aula tinha estado demasiadamente séria. Eu
estava aplicando o corretivo. Na segunda vez em que vieram, haviam estado demasiado alegres. Eu
estava aplicando o corretivo. Quando um homem está trabalhando, nem sempre se explica diante de
visitantes eventuais, por muito interessado que eles acreditem estar. Quando uma ação está em
andamento, o que conta é a correta realização dessa ação. Nestas circunstâncias, a avaliação externa
torna-se um assunto secundário.
- Verbal: aquela que faz uso das palavras para comunicar algo.
As figuras acima nos comunicam sua mensagem através da linguagem verbal (usa palavras para
transmitir a informação).
- Não Verbal: aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as palavras. Dentre
elas estão: a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a linguagem corporal, uma figura, a
expressão facial, um gesto, etc.
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Essas figuras fazem uso apenas de imagens para comunicar o que representam.
A Língua é um instrumento de comunicação, sendo composta por regras gramaticais que possibilitam
que determinado grupo de falantes consiga produzir enunciados que lhes permitam comunicar-se e
compreender-se. Por exemplo: falantes da língua portuguesa.
A língua possui um caráter social: pertence a todo um conjunto de pessoas, as quais podem agir sobre
ela. Cada membro da comunidade pode optar por esta ou aquela forma de expressão. Por outro lado,
não é possível criar uma língua particular e exigir que outros falantes a compreendam. Dessa forma, cada
indivíduo pode usar de maneira particular a língua comunitária, originando a fala. A fala está sempre
condicionada pelas regras socialmente estabelecidas da língua, mas é suficientemente ampla para
permitir um exercício criativo da comunicação. Um indivíduo pode pronunciar um enunciado da seguinte
maneira:
Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois meios de comunicação distintos. A escrita
representa um estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais espontânea, abrange a
comunicação linguística em toda sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas
vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas a representação da língua
falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o jogo fisionômico,
as mímicas e o tom de voz do falante. No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, mas
existem usos diferentes da língua devido a diversos fatores.
Dentre eles, destacam-se:
- Fatores Regionais: é possível notar a diferença do português falado por um habitante da região
nordeste e outro da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma região, também há variações no uso
da língua. No estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua utilizada por um
cidadão que vive na capital e aquela utilizada por um cidadão do interior do estado.
- Fatores Culturais: o grau de escolarização e a formação cultural de um indivíduo também são fatores
que colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de uma
maneira diferente da pessoa que não teve acesso à escola.
- Fatores Contextuais: nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que nos encontramos:
quando conversamos com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se estivéssemos
discursando em uma solenidade de formatura.
- Fatores Profissionais: o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas de
língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas formas têm uso
praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, químicos, profissionais da área de direito e
da informática, biólogos, médicos, linguistas e outros especialistas.
- Fatores Naturais: o uso da língua pelos falantes sofre influência de fatores naturais, como idade e
sexo. Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí falar-se em linguagem
infantil e linguagem adulta.
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Fala
É a utilização oral da língua pelo indivíduo. É um ato individual, pois cada indivíduo, para a
manifestação da fala, pode escolher os elementos da língua que lhe convém, conforme seu gosto e sua
necessidade, de acordo com a situação, o contexto, sua personalidade, o ambiente sociocultural em que
vive, etc. Desse modo, dentro da unidade da língua, há uma grande diversificação nos mais variados
níveis da fala. Cada indivíduo, além de conhecer o que fala, conhece também o que os outros falam; é
por isso que somos capazes de dialogar com pessoas dos mais variados graus de cultura, embora nem
sempre a linguagem delas seja exatamente como a nossa.
Devido ao caráter individual da fala, é possível observar alguns níveis:
- Nível Coloquial-Popular: é a fala que a maioria das pessoas utiliza no seu dia a dia, principalmente
em situações informais. Esse nível da fala é mais espontâneo, ao utilizá-lo, não nos preocupamos em
saber se falamos de acordo ou não com as regras formais estabelecidas pela língua.
- Nível Formal-Culto: é o nível da fala normalmente utilizado pelas pessoas em situações formais.
Caracteriza-se por um cuidado maior com o vocabulário e pela obediência às regras gramaticais
estabelecidas pela língua.
Signo
Existem diversas formas de discursos e textos, para cada um deles há características específicas e
diferentes formas de interpretação. Os textos imagéticos, construídos por imagens e algumas vezes por
imagens e palavras, ganharam grande destaque nas últimas décadas e têm sido cada vez mais utilizados.
A simbologia é uma forma de comunicação não verbal que consegue, por meio de símbolos gráficos
populares, transmitir mensagens e exprimir ideias e conceitos em uma linguagem figurativa ou abstrata.
A capacidade de reconhecimento e interpretação das imagens/símbolos é determinada pelo
conhecimento de cada pessoa.
Três exemplos de símbolos cotidianamente utilizados são: logotipos, ícones e sinalizações. Segue
alguns exemplos:
ÍCONES
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LOGOTIPOS
SINALIZAÇÃO
Questões
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O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976 e recebeu diversos prêmios por suas
ilustrações. Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte para
A linguagem não verbal pode produzir efeitos interessantes, dispensando assim o uso da palavra.
Cartum de Caulos, disponível em www.caulos.com
O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em oposição às outras e representa a
a) opressão das minorias sociais.
b) carência de recursos tecnológicos.
c) falta de liberdade de expressão.
d) defesa da qualificação profissional.
e) reação ao controle do pensamento coletivo.
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03.
Ao aliar linguagem verbal e não verbal, o cartunista constrói um interessante texto com elementos da
intertextualidade
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d) linguagem verbal e não verbal são importantes, e o sucesso na comunicação depende delas, ou
seja, quando um interlocutor recebe e compreende uma mensagem adequadamente.
Respostas
01. (C)
A imagem tem como objetivo, através do uso da linguagem não verbal, provocar uma reflexão sobre a
realidade do trabalho infantil, que submete crianças pobres a uma dura rotina. Enquanto algumas crianças
trabalham, outras, mais protegidas, brincam.
02. (E)
No cartum, os homens são representados por bonecos de corda que andam para uma mesma direção,
uma metáfora que critica o comportamento subserviente adotado por muitas pessoas. Há apenas um
boneco que representa o pensamento contrário, que não é movido por corda e que caminha rumo à outra
direção: esse seria responsável pela escolha de seu próprio caminho, aquele que reage ao controle do
pensamento coletivo.
03. (B)
04. (C)
Ambas as linguagens, verbal e não verbal, são importantes para a construção de sentidos de uma
mensagem.
Uma das propriedades que distinguem um texto de um amontoado de frases é a relação existente
entre os elementos que os constituem. A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre palavras,
expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos gramaticais, que servem para estabelecer
vínculos entre os componentes do texto. Observe:
“O iraquiano leu sua declaração num bloquinho comum de anotações, que segurava na mão.”
Nesse período, o pronome relativo “que” estabelece conexão entre as duas orações. O iraquiano leu
sua declaração num bloquinho comum de anotações e segurava na mão, retomando na segunda um dos
termos da primeira: bloquinho. O pronome relativo é um elemento coesivo, e a conexão entre as duas
orações, um fenômeno de coesão. Leia o texto que segue:
Arroz-doce da infância
Ingredientes
1 litro de leite desnatado
150g de arroz cru lavado
1 pitada de sal
4 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sobremesa) de canela em pó
Preparo
Em uma panela ferva o leite, acrescente o arroz, a pitada de sal e mexa sem parar até cozinhar o
arroz. Adicione o açúcar e deixe no fogo por mais 2 ou 3 minutos. Despeje em um recipiente, polvilhe a
canela. Sirva.
Cozinha Clássica Baixo Colesterol, nº4. São Paulo, InCor, agosto de 1999, p. 42.
Toda receita culinária tem duas partes: lista dos ingredientes e modo de preparar. As informações
apresentadas na primeira são retomadas na segunda. Nesta, os nomes mencionados pela primeira vez
na lista de ingredientes vêm precedidos de artigo definido, o qual exerce, entre outras funções, a de
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indicar que o termo determinado por ele se refere ao mesmo ser a que uma palavra idêntica já fizera
menção.
No nosso texto, por exemplo, quando se diz que se adiciona o açúcar, o artigo citado na primeira parte.
Se dissesse apenas adicione açúcar, deveria adicionar, pois se trataria de outro açúcar, diverso daquele
citado no rol dos ingredientes.
Há dois tipos principais de mecanismos de coesão: retomada ou antecipação de palavras, expressões
ou frases e encadeamento de segmentos.
“No mercado de trabalho brasileiro, ainda hoje não há total igualdade entre homens e mulheres: estas
ainda ganham menos do que aqueles em cargos equivalentes.”
Nesse período, o pronome demonstrativo “estas” retoma o termo mulheres, enquanto “aqueles”
recupera a palavra homens.
Os termos que servem para retomar outros são denominados anafóricos; os que servem para anunciar,
para antecipar outros são chamados catafóricos. No exemplo a seguir, desta antecipa abandonar a
faculdade no último ano:
“Ele era muito diferente de seu mestre, a quem sucedera na cátedra de Sociologia na Universidade de
São Paulo.”
“As pessoas simplificam Machado de Assis; elas o veem como um descrente do amor e da amizade.”
O pronome pessoal “elas” recupera o substantivo pessoas; o pronome pessoal “o” retoma o nome
Machado de Assis.
“Os dois homens caminhavam pela calçada, ambos trajando roupa escura.”
“O governador vai pessoalmente inaugurar a creche dos funcionários do palácio, e o fará para
demonstrar seu apreço aos servidores.”
A forma verbal “fará” retoma a perífrase verbal vai inaugurar e seu complemento.
- Em princípio, o termo a que “o” anafórico se refere deve estar presente no texto, senão a coesão fica
comprometida, como neste exemplo:
A rigor, não se pode dizer que o pronome “la” seja um anafórico, pois não está retomando nenhuma
das palavras citadas antes. Exatamente por isso, o sentido da frase fica totalmente prejudicado: não há
possibilidade de se depreender o sentido desse pronome.
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Pode ocorrer, no entanto, que o anafórico não se refira a nenhuma palavra citada anteriormente no
interior do texto, mas que possa ser inferida por certos pressupostos típicos da cultura em que se inscreve
o texto. É o caso de um exemplo como este:
“O casamento teria sido às 20 horas. O noivo já estava desesperado, porque eram 21 horas e ela não
havia comparecido.”
Por dados do contexto cultural, sabe-se que o pronome “ela” é um anafórico que só pode estar-se
referindo à palavra noiva. Num casamento, estando presente o noivo, o desespero só pode ser pelo atraso
da noiva (representada por “ela” no exemplo citado).
- O artigo indefinido serve geralmente para introduzir informações novas ao texto. Quando elas forem
retomadas, deverão ser precedidas do artigo definido, pois este é que tem a função de indicar que o termo
por ele determinado é idêntico, em termos de valor referencial, a um termo já mencionado.
- Quando, em dado contexto, o anafórico pode referir-se a dois termos distintos, há uma ruptura de
coesão, porque ocorre uma ambiguidade insolúvel. É preciso que o texto seja escrito de tal forma que o
leitor possa determinar exatamente qual é a palavra retomada pelo anafórico.
“Durante o ensaio, o ator principal brigou com o diretor por causa da sua arrogância.”
O anafórico “sua” pode estar-se referindo tanto à palavra ator quanto a diretor.
“André brigou com o ex-namorado de uma amiga, que trabalha na mesma firma.”
Não se sabe se o anafórico “que” está se referindo ao termo amiga ou a ex-namorado. Permutando o
anafórico “que” por “o qual” ou “a qual”, essa ambiguidade seria desfeita.
Uma palavra pode ser retomada, que por uma repetição, quer por uma substituição por sinônimo,
hiperônimo, hipônimo ou antonomásia.
Sinônimo é o nome que se dá a uma palavra que possui o mesmo sentido que outra, ou sentido
bastante aproximado: injúria e afronta, alegre e contente.
Hiperônimo é um termo que mantém com outro uma relação do tipo contém/está contido;
Hipônimo é uma palavra que mantém com outra uma relação do tipo está contido/contém. O
significado do termo rosa está contido no de flor e o de flor contém o de rosa, pois toda rosa é uma flor,
mas nem toda flor é uma rosa. Flor é, pois, hiperônimo de rosa, e esta palavra é hipônimo daquela.
Antonomásia é a substituição de um nome próprio por um nome comum ou de um comum por um
próprio. Ela ocorre, principalmente, quando uma pessoa célebre é designada por uma característica
notória ou quando o nome próprio de uma personagem famosa é usado para designar outras pessoas
que possuam a mesma característica que a distingue:
“O herói de dois mundos (=Garibaldi) foi lembrado numa recente minissérie de tevê.”
Referência ao fato notório de Giuseppe Garibaldi haver lutado pela liberdade na Europa e na América.
“Um presidente da República tem uma agenda de trabalho extremamente carregada. Deve receber
ministros, embaixadores, visitantes estrangeiros, parlamentares; precisa a todo o momento tomar graves
decisões que afetam a vida de muitas pessoas; necessita acompanhar tudo o que acontece no Brasil e
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no mundo. Um presidente deve começar a trabalhar ao raiar do dia e terminar sua jornada altas horas da
noite.”
A repetição do termo presidente estabelece a coesão entre o último período e o que vem antes dele.
Os dois períodos estão relacionados pelo hiperônimo astros, que recupera os hipônimos estrelas,
planetas, satélites.
“Eles (os alquimistas) acreditavam que o organismo do homem era regido por humores (fluidos
orgânicos) que percorriam, ou apenas existiam, em maior ou menor intensidade em nosso corpo. Eram
quatro os humores: o sangue, a fleuma (secreção pulmonar), a bile amarela e a bile negra. E eram
também estes quatro fluidos ligados aos quatro elementos fundamentais: ao Ar (seco), à Água (úmido),
ao Fogo (quente) e à Terra (frio), respectivamente.”
Ziraldo. In: Revista Vozes, nº3, abril de 1970, p.18.
Nesse texto, a ligação entre o segundo e o primeiro períodos se faz pela repetição da palavra humores;
entre o terceiro e o segundo se faz pela utilização do sinônimo fluidos.
É preciso manejar com muito cuidado a repetição de palavras, pois, se ela não for usada para criar um
efeito de sentido de intensificação, constituirá uma falha de estilo. No trecho transcrito a seguir, por
exemplo, fica claro o uso da repetição da palavra vice e outras parecidas (vicissitudes, vicejam, viciem),
com a evidente intenção de ridicularizar a condição secundária que um provável flamenguista atribui ao
Vasco e ao seu Vice-presidente:
“Recebi por esses dias um e-mail com uma série de piadas sobre o pouco simpático Eurico Miranda.
Faltam-me provas, mas tudo leva a crer que o remetente seja um flamenguista.”
Segundo o texto, Eurico nasceu para ser vice: é vice-presidente do clube, vice-campeão carioca e bi-
vice-campeão mundial. E isso sem falar do vice no Carioca de futsal, no Carioca de basquete, no
Brasileiro de basquete e na Taça Guanabara. São vicissitudes que vicejam. Espero que não viciem.
José Roberto Torero. In: Folha de S. Paulo, 08/03/2000, p. 4-7.
A elipse é o apagamento de um segmento de frase que pode ser facilmente recuperado pelo contexto.
Também constitui um expediente de coesão, pois é o apagamento de um termo que seria repetido, e o
preenchimento do vazio deixado pelo termo apagado (=elíptico) exige, necessariamente, que se faça
correlação com outros termos presentes no contexto, ou referidos na situação em que se desenrola a
fala.
Vejamos estes versos do poema “Círculo vicioso”, de Machado de Assis:
(...)
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
Nesse caso, o verbo dizer, que seria enunciado antes daquilo que disse a lua, isto é, antes das aspas,
fica subentendido, é omitido por ser facilmente presumível.
Qualquer segmento da frase pode sofrer elipse. Veja que, no exemplo abaixo, é o sujeito meu pai que
vem elidido (ou apagado) antes de sentiu e parou:
Pode ocorrer também elipse por antecipação. No exemplo que segue, aquela promoção é
complemento tanto de querer quanto de desejar, no entanto aparece apenas depois do segundo verbo:
“Ficou muito deprimido com o fato de ter sido preterido. Afinal, queria muito, desejava ardentemente
aquela promoção.”
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Quando se faz essa elipse por antecipação com verbos que têm regência diferente, a coesão é
rompida. Por exemplo, não se deve dizer “Conheço e gosto deste livro”, pois o verbo conhecer rege
complemento não introduzido por preposição, e a elipse retoma o complemento inteiro, portanto teríamos
uma preposição indevida: “Conheço (deste livro) e gosto deste livro”. Em “Implico e dispenso sem dó os
estranhos palpiteiros”, diferentemente, no complemento em elipse faltaria a preposição “com” exigida pelo
verbo implicar.
Nesses casos, para assegurar a coesão, o recomendável é colocar o complemento junto ao primeiro
verbo, respeitando sua regência, e retomá-lo após o segundo por um anafórico, acrescentando a
preposição devida (Conheço este livro e gosto dele) ou eliminando a indevida (Implico com estranhos
palpiteiros e os dispenso sem dó).
Há na língua uma série de palavras ou locuções que são responsáveis pela concatenação ou relação
entre segmentos do texto. Esses elementos denominam-se conectores ou operadores discursivos. Por
exemplo: visto que, até, ora, no entanto, contudo, ou seja.
Note-se que eles fazem mais do que ligar partes do texto: estabelecem entre elas relações semânticas
de diversos tipos, como contrariedade, causa, consequência, condição, conclusão, etc. Essas relações
exercem função argumentativa no texto, por isso os operadores discursivos não podem ser usados
indiscriminadamente.
Na frase “O time apresentou um bom futebol, mas não alcançou a vitória”, por exemplo, o conector
“mas” está adequadamente usado, pois ele liga dois segmentos com orientação argumentativa contrária.
Se fosse utilizado, nesse caso, o conector “portanto”, o resultado seria um paradoxo semântico, pois esse
operador discursivo liga dois segmentos com a mesma orientação argumentativa, sendo o segmento
introduzido por ele a conclusão do anterior.
- Gradação: há operadores que marcam uma gradação numa série de argumentos orientados para
uma mesma conclusão. Dividem-se eles, em dois subtipos: os que indicam o argumento mais forte de
uma série: até, mesmo, até mesmo, inclusive, e os que subentendem uma escala com argumentos mais
fortes: ao menos, pelo menos, no mínimo, no máximo, quando muito.
“Ele é um bom conferencista: tem uma voz bonita, é bem articulado, conhece bem o assunto de que
fala e é até sedutor.”
Toda a série de qualidades está orientada no sentido de comprovar que ele é bom conferencista;
dentro dessa série, ser sedutor é considerado o argumento mais forte.
“Ele é ambicioso e tem grande capacidade de trabalho. Chegará a ser pelo menos diretor da
empresa.”
Pelo menos introduz um argumento orientado no mesmo sentido de ser ambicioso e ter grande
capacidade de trabalho; por outro lado, subentende que há argumentos mais fortes para comprovar que
ele tem as qualidades requeridas dos que vão longe (por exemplo, ser presidente da empresa) e que se
está usando o menos forte; ao menos, pelo menos e no mínimo ligam argumentos de valor positivo.
“Se alguém pode tomar essa decisão é você. Você é o diretor da escola, é muito respeitado pelos
funcionários e também é muito querido pelos alunos.”
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Arrolam-se três argumentos em favor da tese que é o interlocutor quem pode tomar uma dada decisão.
O último deles é introduzido por “e também”, que indica um argumento final na mesma direção
argumentativa dos precedentes.
Esses operadores introduzem novos argumentos; não significam, em hipótese nenhuma, a repetição
do que já foi dito. Ou seja, só podem ser ligados com conectores de conjunção segmentos que
representam uma progressão discursiva. É possível dizer “Disfarçou as lágrimas que o assaltaram e
continuou seu discurso”, porque o segundo segmento indica um desenvolvimento da exposição. Não teria
cabimento usar operadores desse tipo para ligar dois segmentos como “Disfarçou as lágrimas que o
assaltaram e escondeu o choro que tomou conta dele”.
“Não agredi esse imbecil. Ao contrário, ajudei a separar a briga, para que ele não apanhasse.”
O argumento introduzido por ao contrário é diametralmente oposto àquele de que o falante teria
agredido alguém.
- Conclusão: existem operadores que marcam uma conclusão em relação ao que foi dito em dois ou
mais enunciados anteriores (geralmente, uma das afirmações de que decorre a conclusão fica implícita,
por manifestar uma voz geral, uma verdade universalmente aceita): logo, portanto, por conseguinte, pois
(o pois é conclusivo quando não encabeça a oração).
“Essa guerra é uma guerra de conquista, pois visa ao controle dos fluxos mundiais de petróleo. Por
conseguinte, não é moralmente defensável.”
Por conseguinte introduz uma conclusão em relação à afirmação exposta no primeiro período.
- Comparação: outros importantes operadores discursivos são os que estabelecem uma comparação
de igualdade, superioridade ou inferioridade entre dois elementos, com vistas a uma conclusão contrária
ou favorável a certa ideia: tanto... quanto, tão... como, mais... (do) que.
“Os problemas de fuga de presos serão tanto mais graves quanto maior for a corrupção entre os
agentes penitenciários.”
O comparativo de igualdade tem no texto uma função argumentativa: mostrar que o problema da fuga
de presos cresce à medida que aumenta a corrupção entre os agentes penitenciários; por isso, os
segmentos podem até ser permutáveis do ponto de vista sintático, mas não o são do ponto de vista
argumentativo, pois não há igualdade argumentativa proposta, “Tanto maior será a corrupção entre os
agentes penitenciários quanto mais grave for o problema da fuga de presos”.
Muitas vezes a permutação dos segmentos leva a conclusões opostas: Imagine-se, por exemplo, o
seguinte diálogo entre o diretor de um clube esportivo e o técnico de futebol:
“__Precisamos promover atletas das divisões de base para reforçar nosso time.
__Qualquer atleta das divisões de base é tão bom quanto os do time principal.”
Nesse caso, o argumento do técnico é a favor da promoção, pois ele declara que qualquer atleta das
divisões de base tem, pelo menos, o mesmo nível dos do time principal, o que significa que estes não
primam exatamente pela excelência em relação aos outros.
Suponhamos, agora, que o técnico tivesse invertido os segmentos na sua fala:
“__Qualquer atleta do time principal é tão bom quanto os das divisões de base.”
Nesse caso, seu argumento seria contra a necessidade da promoção, pois ele estaria declarando que
os atletas do time principal são tão bons quanto os das divisões de base.
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“Já que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem autorização da ONU, devem arcar sozinhos com
os custos da guerra.”
Já que inicia um argumento que dá uma justificativa para a tese de que os Estados Unidos devam
arcar sozinhos com o custo da guerra contra o Iraque.
- Contrajunção: os operadores discursivos que assinalam uma relação de contrajunção, isto é, que
ligam enunciados com orientação argumentativa contrária, são as conjunções adversativas (mas,
contudo, todavia, no entanto, entretanto, porém) e as concessivas (embora, apesar de, apesar de que,
conquanto, ainda que, posto que, se bem que).
Qual é a diferença entre as adversativas e as concessivas, se tanto umas como outras ligam
enunciados com orientação argumentativa contrária?
Nas adversativas, prevalece a orientação do segmento introduzido pela conjunção.
“O atleta pode cair por causa do impacto, mas se levanta mais decidido a vencer.”
Nesse caso, a primeira oração conduz a uma conclusão negativa sobre um processo ocorrido com o
atleta, enquanto a começada pela conjunção “mas” leva a uma conclusão positiva. Essa segunda
orientação é a mais forte.
Compare-se, por exemplo, “Ela é simpática, mas não é bonita” com “Ela não é bonita, mas é simpática”.
No primeiro caso, o que se quer dizer é que a simpatia é suplantada pela falta de beleza; no segundo,
que a falta de beleza perde relevância diante da simpatia. Quando se usam as conjunções adversativas,
introduz-se um argumento com vistas à determinada conclusão, para, em seguida, apresentar um
argumento decisivo para uma conclusão contrária.
Com as conjunções concessivas, a orientação argumentativa que predomina é a do segmento não
introduzido pela conjunção.
“Embora haja conexão entre saber escrever e saber gramática, trata-se de capacidades diferentes.”
A oração iniciada por “embora” apresenta uma orientação argumentativa no sentido de que saber
escrever e saber gramática são duas coisas interligadas; a oração principal conduz à direção
argumentativa contrária.
Quando se utilizam conjunções concessivas, a estratégia argumentativa é a de introduzir no texto um
argumento que, embora tido como verdadeiro, será anulado por outro mais forte com orientação contrária.
A diferença entre as adversativas e as concessivas, portanto, é de estratégia argumentativa. Compare
os seguintes períodos:
“Por mais que o exército tivesse planejado a operação (argumento mais fraco), a realidade mostrou-
se mais complexa (argumento mais forte).”
“O exército planejou minuciosamente a operação (argumento mais fraco), mas a realidade mostrou-
se mais complexa (argumento mais forte).”
“Ele está num período muito bom da vida: começou a namorar a mulher de seus sonhos, foi promovido
na empresa, recebeu um prêmio que ambicionava havia muito tempo e, além disso, ganhou uma bolada
na loteria.”
O operador discursivo introduz o que se considera a prova mais forte de que “Ele está num período
muito bom da vida”; no entanto, essa prova é apresentada como se fosse apenas mais uma.
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O conector introduz uma amplificação do que foi dito antes.
“Ele é um técnico retranqueiro, como aliás o são todos os que atualmente militam no nosso futebol.
O conector introduz uma generalização ao que foi afirmado: não “ele”, mas todos os técnicos do nosso
futebol são retranqueiros.
“A violência não é um fenômeno que está disseminado apenas entre as camadas mais pobres da
população. Por exemplo, é crescente o número de jovens da classe média que estão envolvidos em toda
sorte de delitos, dos menos aos mais graves.”
Por exemplo assinala que o que vem a seguir especifica, exemplifica a afirmação de que a violência
não é um fenômeno adstrito aos membros das “camadas mais pobres da população”.
- Retificação ou Correção: há ainda os que indicam uma retificação, uma correção do que foi afirmado
antes: ou melhor, de fato, pelo contrário, ao contrário, isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras.
Exemplo:
“Vou-me casar neste final de semana. Ou melhor, vou passar a viver junto com minha namorada.”
“A última tentativa de proibir a propaganda de cigarros nas corridas de Fórmula 1 não vingou. De fato,
os interesses dos fabricantes mais uma vez prevaleceram sobre os da saúde.”
“Quando a atual oposição estava no comando do país, não fez o que exige hoje que o governo faça.
Ao contrário, suas políticas iam na direção contrária do que prega atualmente.
- Explicação: há operadores que desencadeiam uma explicação, uma confirmação, uma ilustração do
que foi afirmado antes: assim, desse modo, dessa maneira.
“O exército inimigo não desejava a paz. Assim, enquanto se processavam as negociações, atacou de
surpresa.”
É a coesão que se estabelece com base na sequência dos enunciados, marcada ou não com
sequenciadores. Examinemos os principais sequenciadores.
“Uma semana antes de ser internado gravemente doente, ele esteve conosco. Estava alegre e cheio
de planos para o futuro.”
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- Sequenciadores Espaciais: são os indicadores de posição relativa no espaço: à esquerda, à direita,
junto de, etc. (são usados principalmente nas descrições).
“A um lado, duas estatuetas de bronze dourado, representando o amor e a castidade, sustentam uma
cúpula oval de forma ligeira, donde se desdobram até o pavimento bambolins de cassa finíssima. (...) Do
outro lado, há uma lareira, não de fogo, que o dispensa nosso ameno clima fluminense, ainda na maior
força do inverno.”
José de Alencar. Senhora. São Paulo, FTD, 1992, p. 77.
- Sequenciadores de Ordem: são os que assinalam a ordem dos assuntos numa exposição:
primeiramente, em segunda, a seguir, finalmente, etc.
“Para mostrar os horrores da guerra, falarei, inicialmente, das agruras por que passam as populações
civis; em seguida, discorrerei sobre a vida dos soldados na frente de batalha; finalmente, exporei suas
consequências para a economia mundial e, portanto, para a vida cotidiana de todos os habitantes do
planeta.”
“Joaquim viveu sempre cercado do carinho de muitas pessoas. A propósito, era um homem que sabia
agradar às mulheres.”
“A reforma política é indispensável. Sem a existência da fidelidade partidária, cada parlamentar vota
segundo seus interesses e não de acordo com um programa partidário. Assim, não há bases
governamentais sólidas.”
Esse texto contém três períodos. O segundo indica a causa de a reforma política ser indispensável.
Portanto o ponto-final do primeiro período está no lugar de um porque.
“As empresas que anunciaram que apoiariam a campanha de combate à fome que foi lançada pelo
governo federal.”
Observe-se que falta o predicado da primeira oração. Quem escreveu o período começou a encadear
orações subordinadas e “esqueceu-se” de terminar a principal.
Quebras de coesão desse tipo são mais comuns em períodos longos. No entanto, mesmo quando se
elaboram períodos curtos é preciso cuidar para que sejam sintaticamente completos e para que suas
partes estejam bem conectadas entre si.
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Para que um conjunto de frases constitua um texto, não basta que elas estejam coesas: se não tiverem
unidade de sentido, mesmo que aparentemente organizadas, elas não passarão de um amontoado
injustificado. Exemplo:
“Vivo há muitos anos em São Paulo. A cidade tem excelentes restaurantes. Ela tem bairros muito
pobres. Também o Rio de Janeiro tem favelas.”
Todas as frases são coesas. O hiperônimo cidade retoma o substantivo São Paulo, estabelecendo
uma relação entre o segundo e o primeiro períodos. O pronome “ela” recupera a palavra cidade,
vinculando o terceiro ao segundo período. O operador também realiza uma conjunção argumentativa,
relacionando o quarto período ao terceiro. No entanto, esse conjunto não é um texto, pois não apresenta
unidade de sentido, isto é, não tem coerência. A coesão, portanto, é condição necessária, mas não
suficiente, para produzir um texto.
Questões
O quarto quadrinho do texto apresenta o conectivo mas, que normalmente opõe duas ideias contrárias.
Esse recurso linguístico como fator de textualidade realiza uma
a) coesão referencial.
b) coerência argumentativa.
c) coesão sequencial.
d) coerência narrativa.
e) contiguidade.
a) conectividade.
b) intencionalidade.
c) aceitabilidade.
d) intertextualidade.
e) informatividade.
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3. (TRE-PI – Analista Judiciário – Taquigrafia – CESPE/2016)
Passados 400 anos da sua morte, por que William Shakespeare continua atual? É essa a pergunta
que embala o concurso cultural Shakespeare Hoje, promovido pelo British Council e parte da
programação “Shakespeare Lives”, que vem celebrando por meio de uma série de eventos, que se
estenderão ao longo do ano, os quatro séculos da morte do dramaturgo inglês.
Destinado a professores e alunos de escolas públicas e particulares de todo o Brasil, o concurso pede
para que os participantes produzam um vídeo que mostre a importância e atualidade da obra
shakespeariana.
As produções devem ter, no máximo, quatro minutos e podem ser feitas em grupos de até cinco alunos
que estejam cursando o Ensino Fundamental II ou Médio e com a coordenação de um professor.
O material deve abordar textos e personagens de Shakespeare e pode conter excertos de peças,
adaptações ou conteúdos autorais que sejam inspirados pela obra do autor.
Os melhores vídeos serão premiados com uma viagem para o Reino Unido e vales-presentes no valor
de 1 mil reais. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas até o dia 28 de outubro.
(Disponível www.cartaeducacao.com.br/agenda/concurso-marca-400-anos-da-morte-de-shakespeare, em 06/05/2016)
Assinale a alternativa INCORRETA no que se refere à coesão e/ou à coerência do texto lido.
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5. (Pref. De Natal-RN – Psicólogo – IDECAN/2016)
O grego Aris Messinis é fotógrafo da agência AFP em Atenas. Cobriu guerras e os protestos da
Primavera Árabe. Nos últimos meses, tem se dedicado a registrar a onda de refugiados na Europa. Ele
conta em um blog da AFP, ilustrado com muitas fotos, como tem sido o trabalho na ilha de Lesbos, na
Grécia, onde milhares de refugiados pisam pela primeira vez em território europeu. Mais de 700.000
refugiados e imigrantes clandestinos já desembarcaram no litoral grego este ano. As autoridades locais
estão sendo acusadas de não dar apoio suficiente aos que chegam pelo mar, e há até a ameaça de
suspender o país do Acordo Schengen, que permite a livre circulação de pessoas entre os Estados-
membros.
Messinis diz que o mais chocante do seu trabalho é retratar, em território pacífico, pessoas que trazem
no rosto o sofrimento da guerra. “Só de saber que você não está em uma zona de guerra torna isso ainda
mais emocional. E muito mais doloroso”, diz Messinis. Numa guerra, o fotógrafo também corre perigo,
então, de certa forma, está em pé de igualdade com as pessoas que protagonizam as cenas que ele
documenta. Em Lesbos, não é assim. Ele está em absoluta segurança. As pessoas que chegam estão
lutando por suas vidas. Não são poucas as que morrem de hipotermia mesmo depois de pisar em terra
firme, por falta de atendimento médico.
Exatamente por causa dessa assimetria entre o fotojornalista e os protagonistas de suas fotos, muitas
vezes Messinis deixa a câmera de lado e põe-se a ajudá-los. Ele se impressiona e se preocupa muito
com os bebês que chegam nos botes. Obviamente, são os mais vulneráveis aos perigos da
travessia. Messinis fotografou os cadáveres de alguns deles nas pedras à beira-mar.
O fotógrafo grego diz que a experiência de ver o sofrimento das crianças refugiadas deixou-o mais
rígido com as próprias filhas. As maiores têm 9 e sete anos. A menor, 7 meses. Quando vê o que acontece
com as crianças que chegam nos botes, Messinis pensa em como suas filhas têm sorte de estarem vivas,
de terem onde morar e de viverem num país em paz. Elas não têm do que reclamar.
(Por: Diogo Schelp 04/12/2015. Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/a-boa-e-velha-reportagem/conheca-aris-que-se-divide-entresocorrer-e-fotografar-
naufragos/.)
Na construção do texto, a coerência e a coesão são de fundamental importância para que sua
compreensão não seja comprometida. Alguns elementos são empregados de forma efetiva e explícita
com tal propósito. Nos trechos a seguir foram destacados alguns elementos cuja função anafórica
contribui para a coesão textual, com EXCEÇÃO de:
a) “[...] pessoas que trazem no rosto o sofrimento da guerra.” (2º§)
b) “Ele conta em um blog da AFP, ilustrado com muitas fotos [...]” (1º§)
c) “O fotógrafo grego diz que a experiência de ver o sofrimento [...]” (4º§)
d) “[...] onde milhares de refugiados pisam pela primeira vez em território europeu.” (1º§)
1 Permita-me que lhes confesse que o Brasil é a minha morada. O meu teto quente, a minha sopa
fumegante. É casa da minha carne e do meu espírito. O alojamento provisório dos meus mortos. A caixa
mágica e inexplicável onde se abrigam e se consomem os dias essenciais da minha vida.
2 É a terra onde nascem as bananas da minha infância e as palavras do meu sempre precário
vocabulário. Neste país conheci emoções revestidas de opulenta carnalidade que nem sempre
transportavam no pescoço o sinete da advertência, justificativa lógica para sua existência.
3 Sem dúvida, o Brasil é o paraíso essencial da minha memória. O que a vida ali fez brotar com
abundância, excedeu ao que eu sabia. Pois cada lembrança brasileira corresponde à memória do mundo,
onde esteja o universo resguardado. Portanto, ao apresentar-me aqui como brasileira, automaticamente
sou romana, sou egípcia, sou hebraica. Sou todas as civilizações que aportaram neste acampamento
brasileiro.
4 Nesta terra, onde plantando-se nascem a traição, a sordidez, a banalidade, também afloram a
alegria, a ingenuidade, a esperança, a generosidade, atributos alimentados pelo feijão bem temperado, o
arroz soltinho, o bolo de milho, o bife acebolado, e tantos outros anjos feitos com gema de ovo, que deita
raízes no mundo árabe, no mundo luso.
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5 Deste país surgiram inesgotáveis sagas, narradores astutos, alegres mentirosos. Seres anônimos,
heróis de si mesmos, poetas dos sonhos e do sarcasmo, senhores de máscaras venezianas, africanas,
ora carnavalescas, ora mortuárias. Criaturas que, afinadas com a torpeza e as inquietudes do seu tempo,
acomodam-se esplêndidas à sombra da mangueira só pelo prazer de dedilhar as cordas da guitarra e do
coração.
6 Neste litoral, que foi berço de heróis, de marinheiros, onde os saveiros da imaginação cruzavam as
águas dos mares bravios em busca de peixes, de sereias e da proteção de Iemanjá, ali se instalaram
civilizações feitas das sobras de outras tantas culturas. Cada qual fincando hábitos, expressões, loucas
demências nos nossos peitos.
7 Este Brasil que critico, examino, amo, do qual nasceu Machado de Assis, cujo determinismo falhou
ao não prever a própria grandeza. Mas como poderia este mulato, este negro, este branco, esta alma
miscigenada, sempre pessimista e feroz, acatar uma existência que contrariava regras, previsões,
fatalidades? Como pôde ele, gênio das Américas, abraçar o Brasil, ser sua face, soçobrar com ele e
revivê-lo ao mesmo tempo?
8 Fomos portugueses, espanhóis e holandeses, até sermos brasileiros. Uma grei de etnias ávidas e
belas, atraída pelas aventuras terrestres e marítimas. Inventora, cada qual, de uma nação foragida da
realidade mesquinha, uma espécie de ficção compatível com uma fábula que nos habilite a frequentar
com desenvoltura o teatro da história.
(PIÑON, Nélida. Aprendiz de Homero. Rio de Janeiro: Editora Record, 2008, p. 241-243, fragmento.)
A leitura correta do texto indica que o elemento de coesão textual destacado em cada fragmento abaixo
está ERRONEAMENTE informado na opção:
a) “justificativa lógica para SUA existência.” (2º §) / “emoções revestidas de opulenta carnalidade”.
b) “O que a vida ALI fez brotar com abundância, excedeu ao que eu sabia.” (3º §) / “o Brasil é o paraíso
essencial da minha memória.”
c) “Criaturas que, afinadas com a torpeza e as inquietudes do SEU tempo, acomodam-se esplêndidas
à sombra da mangueira”. (5º §) / “Criaturas”.
d) “CUJO determinismo falhou ao não prever a própria grandeza.” (7º §) / “Este Brasil”.
e) “Como pôde ele, gênio das Américas, abraçar o Brasil, ser sua face, soçobrar com ele e revivê-LO
ao mesmo tempo?” (7º §) / “o Brasil”.
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grafismos para dar cor e som às gargalhadas. Mas com a linguagem informal cada vez mais recorrente
em chats e e-mails, o que se viu foi uma explosão de risos por escrito nos ambientes virtuais. A ponto de
o dicionário britânico Oxford incluir algumas dessas siglas em seu léxico. [...]
Revista Língua Portuguesa n. 68. Mural – Curiosidades da linguagem. SP: Segmento, 2011, p. 61 (fragmento).
Assinale a opção que indica a frase em que a identificação do referente foi feita adequadamente.
a) “Hipótese é uma coisa que não é, mas a gente faz de conta que é, para ver como seria se ela fosse”.
/ coisa
b) “A última função da razão é reconhecer que há uma infinidade de coisas que a ultrapassam”. /
infinidade
c) “Uma pessoa inteligente resolve um problema, um sábio o previne”. / uma pessoa inteligente
d) “Fatos são o ar dos cientistas. Sem eles o cientista nunca poderia voar”. / o ar
e) “Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los”.
/ problemas
Respostas
1. (C)
Coesão Sequencial é aquela que se estabelece por meio de conectivos, cuja função é,
basicamente, ligar as frases e estabelecer uma relação de sentido entre elas.
2. (A)
A coerência ou conectividade conceitual é a relação que se estabelece entre as partes de um
texto, criando uma unidade de sentido.
A coesão, ou conectividade sequencial, é a ligação, o nexo que se estabelece entre as partes de
um texto, mesmo que não seja aparente.
3. (A)
A Senhora no quadrinho dá continuidade a "Tudo é apenas informação", e não responde "O que é a
'vida'?"
4. (B)
A) CORRETA: todos esses nomes se referem aos vídeos produzidos por professores e alunos de
escolas públicas e particulares sobre William Shakespeare (ver o 2° parágrafo).
B) ERRADA: “[...] por que William Shakespeare continua atual? É essa a pergunta que embala o
concurso cultural Shakespeare Hoje [...]” . “Essa” estabelece referência anafórica com a pergunta
destacada.
C) CORRETA.
D) CORRETA: “Passados 400 anos da sua morte, por que William Shakespeare continua atual? [...]”
(referência catafórica); “[...] por que William Shakespeare continua atual? É essa a pergunta que embala
o concurso cultural Shakespeare Hoje [...]” (referência anafórica).
E) CORRETA.
5. (C)
Pronomes relativos - são anafóricos;
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Conjunções - termos que ligam orações ou palavras do mesmo gênero - Jamais farão papel de
termos anafóricos.
6. (D)
Expressão referencial: cujo
Referente: Machado de Assis
Processo de Articulação: anáfora
7. (E)
a) “Um diplomata é um sujeito que pensa duas vezes antes de não dizer nada”. (ERRADO) o "QUE"
é Pronome Relativo (o qual) e refere-se a "sujeito".
b) “A minha vontade é forte, mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca”. (ERRADO) o LHE faz
referência a "a minha vontade", sendo objeto indireto.
c) “Não existe assunto desinteressante, o que existe são pessoas desinteressadas”. (ERRADO) o
"que" não faz referência a nenhum termo da oração anterior.
d) “A dúvida é uma margarida que jamais termina de se despetalar”. (ERRADO) Assim como na letra
A, o "QUE" é Pronome Relativo (a qual), referindo-se a "margarida"
e) “Se você pensa que não tem falhas, isso já é uma”. (CERTO) o ISSO faz referência a oração
anterior. ISSO é uma falha...isso o que? você pensar que não tem falhas.
8. (E)
Sinto que o único consolo é o mesmo que se sente.
Na mesma situação refere-se a barco em perigo.
9. (D)
Restringia-se refere-se ao "registro verbal de risadas" (você faz a pergunta: o que restringia-se?
resposta: o registro verbal de risadas.) e se valiam refere-se à "histórias em quadrinhos" (você faz a
pergunta: o que se valiam? resposta: histórias em quadrinhos.)
10. (E)
-> Referente: objeto de discurso que é ativado, mencionado ou reativado pela expressão referencial.
Toda expressão referencial vai ter obrigatoriamente um referente.
-> Expressão Referencial: expressão que faz referência a um termo, com o objetivo de não repetir
palavras no texto. Não é obrigatório ser um pronome mas é a forma mais comum que aparece.
Cada item apresenta uma palavra ou expressão após a respectiva frase como sendo o referente a
que o pronome se refere, devemos julgar então se esse referente apontado no fim da frase foi indicado
corretamente pela alternativa.
a) Expressão referencial: ela
Referente: hipótese
Processo de Articulação: anáfora
b) Expressão referencial: a
Referente: razão
Processo de Articulação: anáfora
c) Expressão referencial: o
Referente: problema
Processo de Articulação: anáfora
d) Expressão referencial: eles
Referente: fatos
Processo de Articulação: anáfora
e) GABARITO
Expressão referencial: los
Referente: problemas
Processo de Articulação: anáfora
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Reconhecimento das relações entre partes de um texto, identificando repetições
ou substituições que contribuem para sua continuidade
Infância
O camisolão
O jarro
O passarinho
O oceano
A vista na casa que a gente sentava no sofá
Adolescência
Aquele amor
Nem me fale
Maturidade
Velhice
Talvez o que mais chame a atenção nesse poema, ao menos à primeira vista, seja a ausência de
elementos de coesão, quer retomando o que foi dito antes, quer encadeando segmentos textuais. No
entanto, percebemos nele um sentido unitário, sobretudo se soubermos que o seu título é “As quatro
gares”, ou seja, as quatro estações.
Com essa informação, podemos imaginar que se trata de flashes de cada uma das quatro grandes
fases da vida: a infância, a adolescência, a maturidade e a velhice. A primeira é caracterizada pelas
descobertas (o oceano), por ações (o jarro, que certamente a criança quebrara; o passarinho que ela
caçara) e por experiências marcantes (a visita que se percebia na sala apropriada e o camisolão que se
usava para dormir); a segunda é caracterizada por amores perdidos, de que não se quer mais falar; a
terceira, pela formalidade e pela responsabilidade indicadas pela participação formal do nascimento da
filha; a última, pela condescendência para com a traquinagem do neto (a quem cabe a vez de assumir a
ação). A primeira parte é uma sucessão de palavras; a segunda, uma frase em que falta um nexo sintático;
a terceira, a participação do nascimento de uma filha; e a quarta, uma oração completa, porém
aparentemente desgarrada das demais.
Como se explica que sejamos capazes de entender esse poema em seus múltiplos sentidos, apesar
da falta de marcadores de coesão entre as partes?
A explicação está no fato de que ele tem uma qualidade indispensável para a existência de um texto:
a coerência.
Que é a unidade de sentido resultante da relação que se estabelece entre as partes do texto. Uma
ideia ajuda a compreender a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma das partes
ganha sentido. No poema acima, os subtítulos “Infância”, “Adolescência”, “Maturidade” e “Velhice”
garantem essa unidade. Colocar a participação formal do nascimento da filha, por exemplo, sob o título
“Maturidade” dá a conotação da responsabilidade habitualmente associada ao indivíduo adulto e cria um
sentido unitário.
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Esse texto, como outros do mesmo tipo, comprova que um conjunto de enunciados pode formar um
todo coerente mesmo sem a presença de elementos coesivos, isto é, mesmo sem a presença explícita
de marcadores de relação entre as diferentes unidades linguísticas. Em outros termos, a coesão funciona
apenas como um mecanismo auxiliar na produção da unidade de sentido, pois esta depende, na verdade,
das relações subjacentes ao texto, da não-contradição entre as partes, da continuidade semântica, em
síntese, da coerência.
A coerência é um fator de interpretabilidade do texto, pois possibilita que todas as suas partes sejam
englobadas num único significado que explique cada uma delas. Quando esse sentido não pode ser
alcançado por faltar relação de sentido entre as partes, lemos um texto incoerente, como este:
A todo ser humano foi dado o direito de opção entre a mediocridade de uma vida que se acomoda e a
grandeza de uma vida voltada para o aprimoramento intelectual.
A adolescência é uma fase tão difícil que todos enfrentam. De repente vejo que não sou mais uma
“criancinha” dependente do “papai”. Chegou a hora de me decidir! Tenho que escolher uma profissão
para me realizar e ser independente financeiramente.
No país em que vivemos, que predomina o capitalismo, o mais rico sempre é quem vence!
Apud: J. A. Durigan, M. B. M. Abaurre e Y. F. Vieira (orgs).
A magia da mudança. Campinas, Unicamp, 1987, p. 53.
Nesses parágrafos, vemos três temas (direito de opção; adolescência e escolha profissional; relações
sociais sob o capitalismo) que mantêm relações muito tênues entre si. Esse fato, prejudicando a
continuidade semântica entre as partes, impede a apreensão do todo e, portanto, configura um texto
incoerente.
Há no texto, vários tipos de relação entre as partes que o compõem, e, por isso, costuma-se falar em
vários níveis de coerência.
Coerência Narrativa
A coerência narrativa consiste no respeito às implicações lógicas entre as partes do relato. Por
exemplo, para que um sujeito realize uma ação, é preciso que ele tenha competência para tanto, ou seja,
que saiba e possa efetuá-la. Constitui, então, incoerência narrativa o seguinte exemplo: o narrador conta
que foi a uma festa onde todos fumavam e, por isso, a espessa fumaça impedia que se visse qualquer
coisa; de repente, sem mencionar nenhuma mudança dessa situação, ele diz que se encostou a uma
coluna e passou a observar as pessoas, que eram ruivas, loiras, morenas. Se o narrador diz que não
podia enxergar nada, é incoerente dizer que via as pessoas com tanta nitidez. Em outros termos, se nega
a competência para a realização de um desempenho qualquer, esse desempenho não pode ocorrer. Isso
por respeito às leis da coerência narrativa. Observe outro exemplo:
“Pior fez o quarto-zagueiro Edinho Baiano, do Paraná Clube, entrevistado por um repórter da Rádio
Cidade. O Paraná tinha tomado um balaio de gols do Guarani de Campinas, alguns dias antes. O repórter
queria saber o que tinha acontecido. Edinho não teve dúvida sobre os motivos:
__ Como a gente já esperava, fomos surpreendidos pelo ataque do Guarani.”
Ernâni Buchman. In: Folha de Londrina.
A surpresa implica o inesperado. Não se pode ser surpreendido com o que já se esperava que
acontecesse.
Coerência Argumentativa
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Portanto o candidato é um marajá.
Segundo uma lei da lógica formal, não se pode concluir nada com certeza baseado em duas premissas
particulares. Dizer que muitos servidores públicos são marajás não permite concluir que qualquer um
seja.
A falta de relação entre o que se diz e o que foi dito anteriormente também constitui incoerência. É o
que se vê neste diálogo:
“__ Vereador, o senhor é a favor ou contra o pagamento de pedágio para circular no centro da cidade?
__ É preciso melhorar a vida dos habitantes das grandes cidades. A degradação urbana atinge a todos
nós e, por conseguinte, é necessário reabilitar as áreas que contam com abundante oferta de serviços
públicos.”
Coerência Figurativa
A coerência figurativa refere-se à compatibilidade das figuras que manifestam determinado tema. Para
que o leitor possa perceber o tema que está sendo veiculado por uma série de figuras encadeadas, estas
precisam ser compatíveis umas com as outras. Seria estranho (para dizer o mínimo) que alguém, ao
descrever um jantar oferecido no palácio do Itamarati a um governador estrangeiro, depois de falar de
baixela de prata, porcelana finíssima, flores, candelabros, toalhas de renda, incluísse no percurso
figurativo guardanapos de papel.
Coerência Temporal
Por coerência temporal entende-se aquela que concerne à sucessão dos eventos e à compatibilidade
dos enunciados do ponto de vista de sua localização no tempo. Não se poderia, por exemplo, dizer: “O
assassino foi executado na câmara de gás e, depois, condenado à morte”.
Coerência Espacial
A coerência espacial diz respeito à compatibilidade dos enunciados do ponto de vista da localização
no espaço. Seria incoerente, por exemplo, o seguinte texto: “O filme ‘A Marvada Carne’ mostra a mudança
sofrida por um homem que vivia lá no interior e encanta-se com a agitação e a diversidade da vida na
capital, pois aqui já não suportava mais a mesmice e o tédio”. Dizendo lá no interior, o enunciador dá a
entender que seu pronunciamento está sendo feito de algum lugar distante do interior; portanto ele não
poderia usar o advérbio “aqui” para localizar “a mesmice” e “o tédio” que caracterizavam a vida interiorana
da personagem. Em síntese, não é coerente usar “lá” e “aqui” para indicar o mesmo lugar.
A coerência do nível de linguagem utilizado é aquela que concerne à compatibilidade do léxico e das
estruturas morfossintáticas com a variante escolhida numa dada situação de comunicação. Ocorre
incoerência relacionada ao nível de linguagem quando, por exemplo, o enunciador utiliza um termo chulo
ou pertencente à linguagem informal num texto caracterizado pela norma culta formal. Tanto sabemos
que isso não é permitido que, quando o fazemos, acrescentamos uma ressalva: com perdão da palavra,
se me permitem dizer. Observe um exemplo de incoerência nesse nível:
“Tendo recebido a notificação para pagamento da chamada taxa do lixo, ouso dirigir-me a V. Exª,
senhora prefeita, para expor-lhe minha inconformidade diante dessa medida, porque o IPTU foi
aumentado, no governo anterior, de 0,6% para 1% do valor venal do imóvel exatamente para cobrir as
despesas da municipalidade com os gastos de coleta e destinação dos resíduos sólidos produzidos pelos
moradores de nossa cidade. Francamente, achei uma sacanagem esta armação da Prefeitura: jogar mais
um gasto nas costas da gente.”
Como se vê, o léxico usado no último período do texto destoa completamente do utilizado no período
anterior.
Ninguém há de negar a incoerência de um texto como este: Saltou para a rua, abriu a janela do 5º
andar e deixou um bilhete no parapeito explicando a razão de seu suicídio, em que há evidente violação
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da lei sucessivamente dos eventos. Entretanto talvez nem todo mundo concorde que seja incoerente
incluir guardanapos de papel no jantar do Itamarati descrito no item sobre coerência figurativa, alguém
poderia objetivar que é preconceito considerá-los inadequados. Então, justifica-se perguntar: o que, afinal,
determina se um texto é ou não coerente?
A natureza da coerência está relacionada a dois conceitos básicos de verdade: adequação à realidade
e conformidade lógica entre os enunciados.
Vimos que temos diferentes níveis de coerência: narrativa, argumentativa, figurativa, etc. Em cada
nível, temos duas espécies diversas de coerência:
- extratextual: aquela que diz respeito à adequação entre o texto e uma “realidade” exterior a ele.
- intratextual: aquela que diz respeito à compatibilidade, à adequação, à não-contradição entre os
enunciados do texto.
Fatores de Coerência
- O contexto: para uma dada unidade linguística, funciona como contexto a unidade linguística maior
que ela: a sílaba é contexto para o fonema; a palavra, para a sílaba; a oração, para a palavra; o período,
para a oração; o texto, para o período, e assim por diante.
“Um chopps, dois pastel, o polpettone do Jardim de Napoli, cruzar a Ipiranga com a Avenida São João,
o “Parmera”, o “Curíntia”, todo mundo estar usando cinto de segurança.”
À primeira vista, parece não haver nenhuma coerência na enumeração desses elementos. Quando
ficamos sabendo, no entanto, que eles fazem parte de um texto intitulado “100 motivos para gostar de
São Paulo”, o que aparentemente era caótico torna-se coerente:
1. Um chopps
2. E dois pastel
(...)
5. O polpettone do Jardim de Napoli
(...)
30. Cruzar a Ipiranga com a av. São João
(...)
43. O “Parmera”
(...)
45. O “Curíntia”
(...)
59. Todo mundo estar usando cinto de segurança
(...)
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O texto apresenta os traços culturais da cidade, e todos convergem para um único significado: a
celebração da capital do estado de São Paulo no seu aniversário. Os dois primeiros itens de nosso
exemplo referem-se a marcas linguísticas do falar paulistano; o terceiro, a um prato que tornou conhecido
o restaurante chamado Jardim de Napoli; o quarto, a um verso da música “Sampa”, de Caetano Veloso;
o sexto e o sétimo, à maneira como os dois times mais populares da cidade são denominados na variante
linguística popular; o último à obediência a uma lei que na época ainda não vigorava no resto do país.
- A situação de comunicação:
__A telefônica.
__Era hoje?
Esse diálogo não seria compreendido fora da situação de interlocução, porque deixa implícitos certos
enunciados que, dentro dela, são perfeitamente compreendidos:
- O conhecimento de mundo:
31 de março / 1º de abril
Dúvida Revolucionária
Aparentemente, falta coerência temporal a esse poema: o que significa “ontem foi hoje” ou “hoje é que
foi ontem?”. No entanto, as duas datas colocadas no início do poema e o título remetem a um episódio
da História do Brasil, o golpe militar de 1964, chamado Revolução de 1964. Esse fato deve fazer parte de
nosso conhecimento de mundo, assim como o detalhe de que ele ocorreu no dia 1º de abril, mas sua
comemoração foi mudada para 31 de março, para evitar relações entre o evento e o “dia da mentira”.
- As regras do gênero:
“O homem olhou através das paredes e viu onde os bandidos escondiam a vítima que havia sido
sequestrada.”
Essa frase é incoerente no discurso cotidiano, mas é completamente coerente no mundo criado pelas
histórias de super-heróis, em que o Super-Homem, por exemplo, tem força praticamente ilimitada; pode
voar no espaço a uma velocidade igual à da luz; quando ultrapassa essa velocidade, vence a barreira do
tempo e pode transferir-se para outras épocas; seus olhos de raios X permitem-lhe ver através de
qualquer corpo, a distâncias infinitas, etc.
Nosso conhecimento de mundo não é restrito ao que efetivamente existe, ao que se pode ver, tocar,
etc.: ele inclui também os mundos criados pela linguagem nos diferentes gêneros de texto, ficção
científica, contos maravilhosos, mitos, discurso religioso, etc., regidos por outras lógicas. Assim, o que é
incoerente num determinado gênero não o é, necessariamente, em outro.
“As verdes ideias incolores dormem, mas poderão explodir a qualquer momento.”
Tomando em seu sentido literal, esse texto é absurdo, pois, nessa acepção, o termo ideias não pode
ser qualificado por adjetivos de cor; não se podem atribuir ao mesmo ser, ao mesmo tempo, as qualidades
verde e incolor; o verbo dormir deve ter como sujeito um substantivo animado. No entanto, se
entendermos ideias verdes em sentido não literal, como concepções ambientalistas, o período pode ser
lido da seguinte maneira: “As ideias ambientalistas sem atrativo estão latentes, mas poderão manifestar-
se a qualquer momento.”
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- O intertexto:
Muitos textos retomam outros, constroem-se com base em outros e, por isso, só ganham coerência
nessa relação com o texto sobre o qual foram construídos, ou seja, na relação de intertextualidade. É o
caso desse poema. Para compreendê-lo, é preciso saber que Alberto Caeiro é um dos heterônimos do
poeta Fernando Pessoa; que heterônimo não é pseudônimo, mas uma individualidade lírica distinta da do
autor (o ortônimo); que para Caeiro o real é a exterioridade e não devemos acrescentar-lhe impressões
subjetivas; que sua posição é antimetafísica; que não devemos interpretar a realidade pela inteligência,
pois essa interpretação conduz a simples conceitos vazios, em síntese, é preciso ter lido textos de Caeiro.
Por outro lado, é preciso saber que o ortônimo (Fernando Pessoa ele mesmo) exprime suas emoções,
falando da solidão interior, do tédio, etc.
Incoerência Proposital
Existem textos em que há uma quebra proposital da coerência, com vistas a produzir determinado
efeito de sentido, assim como existem outros que fazem da não coerência o próprio princípio constitutivo
da produção de sentido. Poderia alguém perguntar, então, se realmente existe texto incoerente. Sem
dúvida existe: é aquele em que a incoerência é produzida involuntariamente, por inabilidade, descuido ou
ignorância do enunciador, e não usada funcionalmente para construir certo sentido.
Quando se trata de incoerência proposital, o enunciador dissemina pistas no texto, para que o leitor
perceba que ela faz parte de um programa intencionalmente direcionado para veicular determinado tema.
Se, por exemplo, num texto que mostra uma festa muito luxuosa, aparecem figuras como pessoas
comendo de boca aberta, falando em voz muito alta e em linguagem chula, ostentando suas últimas
aquisições, o enunciador certamente não está querendo manifestar o tema do luxo, do requinte, mas o
da vulgaridade dos novos-ricos. Para ficar no exemplo da festa: em filmes como “Quero ser grande” (Big,
dirigido por Penny Marshall em 1988, com Tom Hanks) e “Um convidado bem trapalhão” (The party, Blake
Edwards, 1968, com Peter Sellers), há cenas em que os respectivos protagonistas exibem
comportamento incompatível com a ocasião, mas não há incoerência nisso, pois todo o enredo converge
para que o espectador se solidarize com eles, por sua ingenuidade e falta de traquejo social. Mas, se
aparece num texto uma figura incoerente uma única vez, o leitor não pode ter certeza de que se trata de
uma quebra de coerência proposital, com vistas a criar determinado efeito de sentido, vai pensar que se
trata de contradição devida a inabilidade, descuido ou ignorância do enunciador.
Dissemos também que há outros textos que fazem da inversão da realidade seu princípio constitutivo;
da incoerência, um fator de coerência. São exemplos as obras de Lewis Carrol “Alice no país das
maravilhas” e “Através do espelho”, que pretendem apresentar paradoxos de sentido, subverter o
princípio da realidade, mostrar as aporias da lógica, confrontar a lógica do senso comum com outras.
Reproduzimos um poema de Manuel Bandeira que contém mais de um exemplo do que foi
abordado:
Teresa
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Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face
[das águas.
Poesias completas e prosa. Rio de Janeiro,
Aguilar, 1986, p. 214.
Para percebermos a coerência desse texto, é preciso, no mínimo, que nosso conhecimento de mundo
inclua o poema:
O Adeus de Teresa
Castro Alves
Para identificarmos a relação de intertextualidade entre eles; que tenhamos noção da crítica do
Modernismo às escolas literárias precedentes, no caso, ao Romantismo, em que nenhuma musa seria
tratada com tanta cerimônia e muito menos teria “cara”; que façamos uma leitura não literal; que
percebamos sua lógica interna, criada pela disseminação proposital de elementos que pareceriam
absurdos em outro contexto.
Questões
Várias vezes, no decorrer do último século, previu-se a morte dos livros e do hábito de ler. O avanço
do cinema, da televisão, dos videogames, da internet, tudo isso iria tornar a leitura obsoleta. No Brasil da
virada do século XX para o século XXI, o vaticínio até parecia razoável: o sistema de ensino em franco
declínio e sua tradição de fracasso na missão de formar leitores, o pouco apreço dado à instrução como
valor social fundamental e até dados muito práticos, como a falta e a pobreza de bibliotecas públicas e o
alto preço dos exemplares impressos aqui, conspiravam (conspiram, ainda) para que o contingente de
brasileiros dados aos livros minguasse de maneira irremediável. Contra todas as perspectivas, porém,
vem surgindo uma nova e robusta geração de leitores no país, movida – entre outras iniciativas – por
sucessos televisivos, como as séries Harry Potter e Crepúsculo.
Também para os cidadãos mais maduros abriram-se largas portas de entrada à leitura. A autoajuda (e
os romances com fortes tintas de autoajuda) é uma delas; os volumes que às vezes caem nas graças do
público, como A menina que roubava livros, ou os autores que têm o dom de fisgar o público com suas
histórias, são outra. E os títulos dedicados a recuperar a história do Brasil, como 1808, 1822, ou Guia
politicamente incorreto da História do Brasil, são uma terceira, e muito acolhedora, dessas portas.
É mais fácil tornar a leitura um hábito, claro, quando ela se inicia na infância. Mas qualquer idade é
boa, é favorável para adquirir esse gosto. Basta sentir aquela comichão do prazer, da curiosidade – e
então fazer um esforço para não se acomodar a uma zona de conforto, mas seguir adiante e evoluir na
leitura.
Bruno Meier. In: Graça Sette et al. Literatura – trilhas e tramas. Excerto adaptado.
Em coerência com as ideias globais expressas no Texto 1, um título adequado a ele poderia ser:
a) A leitura: o impasse do descaso concedido à instrução transmitida na escola.
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b) A leitura: sinais evidentes de que surge uma nova onda de leitores.
c) A leitura: o dom de se deixar cativar pela graça de histórias e romances.
d) A leitura: o franco declínio do sistema de ensino brasileiro.
e) A leitura: o acesso dos cidadãos mais maduros às suas influências.
Alunos da Universidade Princeton querem tirar o nome de Woodrow Wilson de uma das mais
importantes faculdades da instituição, a Woodrow Wilson School of Public and International Affairs. O
motivo, é claro, é o racismo.
Thomas Woodrow Wilson (1856‐1924) ocupou a Presidência dos EUA por dois mandatos (1913‐1921).
Era membro do Partido Democrata, levou o Nobel da Paz em 1919 e foi reitor da própria universidade.
Mas Wilson era inapelavelmente racista. Achava que negros não deveriam ser considerados cidadãos
plenos e tinha simpatias pela Ku Klux Klan. Merece ter seu nome cassado?
A resposta é, obviamente, “tanto faz". Um nome é só um nome e, para quem já morreu, homenagens
não costumam mesmo fazer muita diferença. De resto, discussões sobre racismo são bem‐vindas.
Receio, porém, que a demanda dos alunos caminhe perigosamente perto do anacronismo.
Sim, Wilson era racista, mas não podemos esquecer que a época também o era. O 28º presidente dos
EUA não está sozinho.
“Não sou nem nunca fui favorável a promover a igualdade social e política das raças branca e negra...
há uma diferença física entre as raças que, acredito, sempre as impedirá de viver juntas como iguais em
termos sociais e políticos. E eu, como qualquer outro homem, sou a favor de que os brancos mantenham
a posição de superioridade." Essa frase, que soa particularmente odiosa a nossos ouvidos modernos, é
de Abraham Lincoln, que, não obstante, continua sendo considerado um campeão dos direitos civis.
O problema são os americanos; eles são atavicamente racistas, dirá o observador anti-imperialista.
Talvez não. “O negro é indolente e sonhador, e gasta seu dinheiro com frivolidades e bebida". Essa pérola
é de Che Guevara. Alguns dizem que, depois, mudou de opinião. Quem não for prisioneiro de seu próprio
tempo que atire a primeira pedra.
(SCHWARTSMAN, Hélio. Folha de S. Paulo, 13 de dezembro de 2015.)
Para que haja manutenção da coerência, consistência e sentidos textuais; assinale a reescrita correta
a seguir.
a) “O motivo, é claro, é o racismo.” (1º§) / O motivo é claro: o racismo.
b) “Um nome é só um nome, ...” (3º§) / Um nome é, obviamente, só o nome.
c) “A resposta é, obviamente, ‘tanto faz’” (3º§) / A resposta, é claro, “tanto faz”.
d) “Alguns dizem que, depois, mudou de opinião.” (5º§) / A partir daí mudou de opinião.
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Assinale a alternativa que, em conformidade com as regras de pontuação e de ortografia vigentes,
reproduz com coerência a relação de sentido estabelecida entre os períodos “Não se cale. Você pode
salvar uma vida”.
a) Você pode garantir a salvação de uma vida, portanto não se cale.
b) Não haja de forma omissa: você pode salvar uma vida.
c) Não se cale, por que você pode salvar uma vida.
d) Você pode salvar uma vida, por isso não fique hexitoso: denuncie.
e) Não se cale: porque assim, você salvará uma vida.
A maioria das pessoas pensa que vai se aposentar cedo e desfrutar da vida, mas um estudo sugere
que estamos fadados a nos aposentar cada vez mais tarde se quisermos manter um padrão de vida
razoável.
Em 2009, pesquisadores publicaram um estudo na revista Lancet e afirmaram que metade das
pessoas nascidas após o ano 2000 vai viver mais de 100 anos e três quartos vão comemorar seus 75
anos.
Até 2007 acreditávamos que a expectativa de vida das pessoas não passaria de 85 anos. Foi quando
os japoneses ultrapassaram a expectativa para 86 anos. Na verdade, a expectativa de vida nos países
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desenvolvidos sobe linearmente desde 1840, indicando que ainda não atingimos um limite para o tempo
de vida máximo para um ser humano.
No início do século XX, as melhorias no controle das doenças infecciosas promoveram um aumento
na sobrevida dos humanos, principalmente das crianças. E, depois da Segunda Guerra Mundial, os
avanços da medicina no tratamento das enfermidades cardiovasculares e do câncer promoveram um
ganho para os adultos. Em 1950, a chance de alguém sobreviver dos 80 aos 90 anos era de 10%;
atualmente excede os 50%.
O que agora vai promover uma sobrevida mais longa e com mais qualidade será a mudança de hábitos.
A Dinamarca era em 1950 um dos países com a mais longa expectativa de vida. Porém, em 1980 havia
despencado para a 20a posição, devido ao tabagismo.
O controle da ingestão de sal e açúcar, e a redução dos vícios como cigarro e álcool, além de atividade
física, vão determinar uma nova onda do aumento de expectativa de vida. A própria qualidade de vida,
medida por anos de saúde plena, deve mudar para melhor nas próximas décadas.
O próximo problema a ser enfrentado é a falta de dinheiro para as últimas décadas de vida: estamos
nos aposentando muito cedo e o que juntamos não será o suficiente. Precisamos guardar 10% do salário
anual e nos aposentar aos 80 anos para que a independência econômica acompanhe a independência
física na aposentadoria.
Os pesquisadores propõem que a idade de aposentadoria seja alongada e que os sexagenários
mudem seu raciocínio: em vez de pensar na aposentadoria, que passem a mirar uma promoção.
... estamos fadados a nos aposentar cada vez mais tarde se quisermos manter um padrão de vida
razoável. (1o parágrafo)
Sem prejuízo da correção e da coerência, o segmento sublinhado acima pode ser substituído por
a) caso queiramos
b) na hipótese de quisemos
c) como queríamos
d) pelo fato de querermos
e) apesar de querermos
Respostas
1. (A)
b) Andando pela calçada, o ônibus derrapou e pegou o funcionário quando entrava na livraria.
R:O ônibus derrapou e pegou o funcionário que estava andando na calçada no momento em que
entrava na livraria.
c) Embarcou para São Paulo Maria Helena Arruda, onde ficará hospedada no luxuoso hotel Maksoud
Plaza.
R: Maria Helena Arruda embarcou para São Paulo, onde ficará hospedada no luxuoso hotel Masound
Plaza.
d) Desde os quatro anos minha mãe me ensinava a ler e escrever.
R: Minha mãe me ensinava a ler e escrever desde que eu tinha quatro anos.
2. (B)
b) A leitura: sinais evidentes de que surge uma nova onda de leitores.
Porque engloba o público em geral - a robusta geração de leitores (crianças, adolescentes e adultos).
Linha 6.
a) A leitura: o impasse do descaso concedido à instrução transmitida na escola. Completamente
errada! A escola costuma incentivar o hábito da leitura ao aluno. Não é à toa que alguns colégios
distribuem livros gratuitos para os estudantes. E ainda algumas dão voucher de descontos em livrarias e
etc.
c) A leitura: o dom de se deixar cativar pela graça de histórias e romances. Errada! a leitura não é um
dom e sim um hábito! Linha 11
d) A leitura: o franco declínio do sistema de ensino brasileiro. Errada. O sistema de ensino pode está
em franco declínio, mas não é por causa da leitura. Há outros fatores que contribuem para a má
qualidade de ensino aos alunos como: AHAHA Deixa pra lá! senão irei comentar sobre política e não vai
dar certo!
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e) A leitura: o acesso dos cidadãos mais maduros às suas influências. Errada. Então quer dizer que
só os cidadãos maduros podem ter acesso à leitura? E quanto as crianças e aos adolescentes? Eles não
podem ter acesso?
3. (A)
A questão é ardilosa, mas a única proposição que não apresenta inclusão de novas ideias em sua
reconstrução é a primeira.
Em resposta a recurso, a Banca Examinadora argumentou: "Em 'O motivo, é claro, é o racismo.' (1º§)
a expressão separada por vírgulas 'é claro' não constitui vocativo. Vocativo é um termo acessório da
oração que serve para pôr em evidência o ser a quem nos dirigimos, sem manter relação sintática com
outro como em 'Amigos, peçam alegria a Deus.' (Amigos = vocativo), não é o que ocorre em 'é claro'. A
alternativa 'C) 'A resposta é, obviamente, ‘tanto faz'' (3º§) / A resposta, é claro, 'tanto faz'.' não pode ser
considerada correta, pois, no texto original, a expressão “tanto faz” é a resposta; já na reescrita sugerida,
não se sabe qual é a resposta, fica uma lacuna através da expressão 'tanto faz', ou seja, existe a
afirmação de que a resposta pode ser qualquer uma".
Por fim, a alternativa B apresenta duas alterações de sentido: a inclusão do advérbio obviamente,
adicionando informação ao texto, e a troca do artigo indefinido por artigo definido, alterando o sentido do
substantivo nome.
4. (A)
A reescrita mais coerente e de acordo com as normas de pontuação e ortografia vigentes é a que
consta na alternativa A.
Nas demais, ocorrem os seguintes erros;
B – o verbo agir no modo imperativo afirmativo é aja e não “haja”.
C – em lugar de “por que” deveria ter sido empregado porque, uma vez que se trata de uma oração
explicativa.
D – “hexitoso” está com grafia incorreta, o correto seria hesitoso.
E – o uso do dois pontos depois de “cale” está errado e deveria ser suprimido. Deveria também haver
uma vírgula antes de “assim” ou ser suprimida a que vem logo após esse vocábulo.
5. (E)
Há interjeições denominadas de "imitativas ou onomatopaicas". São aquelas que exprimem os sons
das coisas, dos objetos - zás!!, chape!, bum!
6. (A)
a) CERTO. Caso (condicional) queiramos
b) ERRADO. Na hipótese (condicional) de quisermos
c) ERRADO. Como (conformativa) queríamos
d) ERRADO. Pelo fato (causal) de querermos
e) ERRADO. Apesar de (adversativa) querermos
A ironia é um instrumento de literatura ou de retórica que consiste em dizer o contrário daquilo que se
pensa, deixando entender uma distância intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente
pensamos. Na Literatura, a ironia é a arte de gozar com alguém ou de alguma coisa, com vista a obter
uma reação do leitor, ouvinte ou interlocutor.
Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o objetivo de denunciar, de criticar ou de censurar
algo. Para tal, o locutor descreve a realidade com termos aparentemente valorizantes, mas com a
finalidade de desvalorizar. A ironia convida o leitor ou o ouvinte, a ser ativo durante a leitura, para refletir
sobre o tema e escolher uma determinada posição.
A maior parte das teorias de retórica distingue três tipos de ironia: oral, dramática e de situação.
- A ironia oral é a disparidade entre a expressão e a intenção: quando um locutor diz uma coisa, mas
pretende expressar outra, ou então quando um significado literal é contrário para atingir o efeito desejado.
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- A ironia dramática (ou sátira) é a disparidade entre a expressão e a compreensão/cognição: quando
uma palavra ou uma ação põe uma questão em jogo e a plateia entende o significado da situação, mas
a personagem não.
Exemplo:
__Você está intolerante hoje.
__Não diga, meu amor!
É também um estilo de linguagem caracterizado por subverter o símbolo que, a princípio, representa.
A ironia utiliza-se como uma forma de linguagem pré-estabelecida para, a partir e de dentro dela, contestá-
la. Foi utilizada por Sócrates, na Grécia Antiga, como ferramenta para fazer os seus interlocutures
entrarem em contradição, no seu método socrático.
“Uma moça nossa vizinha dedilhava admiravelmente mal ao piano alguns estudos de Litz”.
- antífrase: quando engrandece ideias funestas, erradas, fora de propósito e quando se faz uso
carinhoso de termos ofensivos.
“Moça linda bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor!” (Mário de Andrade)
“A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças”. (Monteiro Lobato)
“Quem foi o inteligente que usou o computador e apagou tudo o que estava gravado?”
“Essa cômoda está tão limpinha que dá para escrever com o dedo.”
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As duas frases só podem ser compreendidas ironicamente se a entonação da voz se der nas palavras
“forma” e “belo”. Entretanto, isso não seria necessário se inseríssemos essas afirmações nos seguintes
contextos:
Portanto, definimos como ironia a figura de linguagem que afirma o contrário do que se quer dizer.
São avaliadas diversas situações onde a ironia se apresenta nas suas mais variadas formas, buscando
apontar as melhores direções para o uso da mesma e quando se deve evitar a utilização dela. Os
resultados obtidos nessa avaliação não são de caráter totalmente conclusivo, sua função real é
apresentar um panorama sobre a adequação do uso desta figura semântica. É necessário também
ressaltar que como base para essa análise foi utilizado apenas material teórico, ou seja, sem nenhuma
experiência prática. Por fim busca-se mostrar que a ironia é uma “arma” que se utilizada de uma maneira
inteligente possui um grande valor. Jornalismo, Literatura, Política e até mesmo em cenas cotidianas
como conversas entre amigos ou no trabalho a ironia se faz presente muitas vezes.
Definir essa figura semântica nos leva a percorrer diversos caminhos, pois se trata de algo com
múltiplas faces e consequentemente com várias teorias e linhas de pensamentos.
Além da velha definição de ironia que é dizer uma coisa e dar a entender o contrário pode-se também
a definir de outras maneiras como, por exemplo, a busca por dizer algo que venha a instigar uma série
de interpretações subversivas sobre o que foi dito.
Ter domínio do bom senso e alguma noção sobre ética é importante para ser irônico sem ser ofensivo,
para ser “escrachado” e mesmo assim ser inteligente, para usar essa ferramenta como algo enriquecedor
no contexto determinado.
O fato de ser irônico gera muitas controvérsias, certo descontentamento, normalmente ligado a
dificuldade de entendimento dessa figura linguística, o que nos remete a outras questões como raciocínio
lógico, senso de humor e mente aberta.
A ironia realmente está quase que totalmente interligada com o humor, dentre as várias formas do
mesmo, até pode-se dizer que é preciso certo refinamento de humor para entender grande parte das
questões onde se emprega elementos irônicos.
Outra questão importante a ser ressaltada é o fato do domínio de contexto/situação para que possa
haver uma melhor compreensão da ideia que se está tentando passar ao se expressar ironicamente,
havendo isso ocorre uma facilitação maior que vai possibilitar uma melhor interação entre todas as partes.
A ironia é definida por muitos teóricos como a figura de linguagem mais interessante que existe, tanto
pelo seu caráter ousado e desafiador, mas também pela grande possibilidade de enriquecimento da fala
e escrita. Seu uso feito de forma adequada possui uma tendência muito forte de ser o diferencial do
trabalho ou situação, sempre tendo em vista todas essas questões contextuais e as consequências de
empregar corretamente esse elemento linguístico. Por se tratar de um elemento linguístico com uma
enorme possibilidade de uso nas mais variadas formas, compreender um pouco das questões do
surgimento da ironia e das relações desta com as situações onde é empregada, se torna fundamental,
não só para uma melhor compreensão, mas também para uma melhor utilização que, assim, terá uma
maior tendência de ser melhor absorvida pela outra(s) parte(s) do diálogo.
A ironia pode ser considerada o elemento de linguagem mais provocador que existe. Seu uso na
maioria das vezes visa mesmo fazer uso dessas provocações geradas por essa figura linguística. Por
isso mesmo é necessário muito cuidado ao ser irônico, pois a compreensão por parte de todos depende
primeiramente da forma com que a ironia é passada. A observação bem feita do contexto/situação onde
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está ocorrendo a atividade é mais do que importante, é fundamental, caso contrário o tiro pode sair pela
culatra, a arma poderosa pode ter efeito contrário e colocar por água abaixo uma série de questões
relevantes. Então, ter um domínio mesmo que mínimo desses fatos pode ser suficiente para uma
utilização “correta” e sem maiores perigos. Bom senso também é algo totalmente relevante dentro dessas
questões.
Provocante, ousada, pra muitos até irritante. Esses são alguns dos muitos adjetivos que são dados a
ironia, sendo que essa é realmente algo muito complicado de se obter uma definição final, não só pela
sua amplitude, mas também pela sua versatilidade.
Questões
1º.§ Existe uma contradição inerente ao uso de mídias digitais. Essa afirmação comprova-se,
principalmente, quando a ligamos ao smartphones. Ninguém usaria o celular por tanto tempo se não
acreditasse de verdade nos benefícios dele. Poupar tempo, ser mais produtivo e ter acesso à informação
em qualquer lugar são alguns dos aspectos positivos citados, geralmente.
2º. § Ao mesmo tempo, é cada vez mais comum ouvir relatos, quando estes são sinceros, de donos
de smartphones que se sentem frustrados com o tempo empreendido nas redes sociais ou em outros
aplicativos inúteis. Na tentativa de 4 controlar sua rotina (e imagem), o indivíduo, em sua
contemporaneidade, é cada vez mais vulnerável.
3º. § Desde 2007, com o lançamento do primeiro aparelho celular com um sistema operacional próprio
totalmente touch-screen (o primeiro iPhone da Apple), os hábitos mudaram. E mudam-se os hábitos,
sabe-se, mudam-se as pessoas.
4º. § A psicóloga e socióloga do MIT (Massachusetts Institute of Technology), Sherry Turkle, analisou
a possibilidade de um novo tipo de comunicação estar surgindo com as novas tecnologias.
5º. § As amizades nesse cenário, por exemplo, mudaram. Hoje “a arte da amizade”, diz Turkle, virou
a arte de saber dividir a atenção de alguém constantemente – com o smartphone, por exemplo. Quem
nunca passou por uma situação parecida, de encontrar-se falando consigo mesmo, que atire a primeira
pedra.
6º. § É a possibilidade de repensar um ato que faz com que, normalmente, um indivíduo não repita um
erro. Para alcançar esse tipo de reflexão, porém, é preciso estar sozinho. Não é uma regra, mas é sozinho
que o sujeito consegue ponderar sua existência individual e, respectivamente, perceber a independência
daqueles que o cercam. As relações através das redes sociais impossibilitam, de certa forma, que tudo
isso aconteça.
7º. § O termo fight over text – que significa mais ou menos “briga por mensagem de texto” – é
extremamente ilustrativo para pensar esse aspecto. Um exemplo usado por Turkle: Adam teve uma
discussão séria com sua namorada. Ou melhor, teve uma fight over text. Em uma situação onde ele seria
tomado por um surto de pânico, Adam resolve mandar – e esse é o exemplo que a autora dá – uma foto
de seu próprio pé (risos?) para a namorada. Isso alivia a situação e tudo acaba bem.
8º. § Essa possibilidade de esconder vulnerabilidades explica, de certa forma, o crescimento de
aplicativos como o Snapchat (e suas mensagens “fantasmas”) e o Instagram. Nessas redes sociais, o
Adam de Turkle é sempre o Adam que quer ser. Não é por um acaso que o Facetime, aplicativo da Apple
onde os envolvidos conversam por vídeo, não deu tão certo quanto o esperado. 5
9º. § As mídias digitais e as redes sociais estão movimentando uma quantidade cada vez maior de
pesquisas em torno de suas problemáticas. Termos como Fomo (Fear Of Missing Out – algo equivalente
a “medo de perder algo”) estão tentando explicar o que está por trás do desenvolvimento de aplicativos e
dispositivos.
10º. § Em Stanford, por exemplo, foi criado o Persuasive Technology Lab (Laboratório de Tecnologia
da Persuasão). São estudados nesse centro, por exemplo, os mecanismos que causam essa espécie de
“dependência” por parte do usuário das redes sociais. Os resultados desses estudos acabam gerando
mais aplicativos de persistent routine (rotina persistente, quase um pleonasmo) ou behavioral loop
(comportamento repetitivo), que integram-se à nossa rotina e, na maioria dos casos, não são produtivos
– e sim, distrativos.
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11º. § O Instagram talvez venha a ser o melhor exemplo, definido como um produto habit-forming (ou
criador de hábito). É comum conhecer pessoas que, ao acordar, assumem abrir o aplicativo antes mesmo
de sair da cama. Isso se torna, em curto e médio prazo, o equivalente a despertar toda manhã e puxar a
alavanca de uma máquina de apostas em um cassino.
12º. § Essa incapacidade de controlar os próprios hábitos implica geralmente na falta de capacidade
de controlar as próprias emoções. E são esses indivíduos que tentam, com o uso das redes sociais,
apropriar-se de uma imagem idealizada e controlar (ou contrariar) os atos do próximo.
13º. § Existem maneiras de tentar mudar isso. Deixar o smartphone longe da mesa enquanto faz uma
refeição ou sair de casa sem o celular no bolso, por exemplo. Mas a melhor e mais valiosa dica é de
Sherry Turkle: leia (ou releia) Walden, de Henry David Thoreau.
http://observatoriodaimprensa.com.br/e-noticias/o-grande-paradoxo-das-redes-sociaisvirtuais/ [adaptado]
a) Hoje “a arte da amizade”, diz Turkle, virou a arte de saber dividir a atenção de alguém
constantemente – com o smartphone, por exemplo.
b) O termo fight over text – que significa mais ou menos “briga por mensagem de texto” – é
extremamente ilustrativo para pensar esse aspecto.
c) São estudados nesse centro, por exemplo, os mecanismos que causam essa espécie de
“dependência” por parte do usuário das redes sociais.
d) Termos como Fomo (Fear Of Missing Out – algo equivalente a “medo de perder algo”) estão
tentando explicar o que está por trás do desenvolvimento de aplicativos e dispositivos.
Sim, no começo era o pé. Se está provado, por descobertas arqueológicas, que há sete mil anos estes
brasis já eram habitados, pensai nestas legiões e legiões de pés que palmilharam nosso território.
E pensai nestes passos, primeiro sem destinos, machados de pedra abrindo as iniciais picadas na
floresta. E nos pés dos que subiam às rochas distantes, já feitos pedra também, e nos que se enfeitaram
de penas e receberam as primeiras botas dos conquistadores e as primeiras sandálias dos pregadores;
pés barrentos, nus, ou enrolados de panos dos caminheiros, pés sobre-humanos dos bandeirantes que
alargaram um império, quase sempre arrastando passos e mais passos em chãos desconhecidos, dos
marinheiros dos barcos primitivos e dos que subiram aos mastros das grandes naus.
Depois o Brasil se fez sedentário numa parte de seu povo. Houve os pés descalços que carregaram
os pés calçados, pelas estradas. A moleza das sinhazinhas de pequeninos pés redondos, quase
dispensáveis pela falta de exercício. E depois das cadeirinhas, das carruagens, das redes carregadas por
escravos, as primeiras grandes estradas já com postos de montaria organizados, o pedágio de vinténs
estabelecido já no século XVIII.
Mas além da abertura dos portos, depois da primeira etapa da industrialização, com os navios a vapor,
as estradas de ferro, o pé de sete milênios da terra do Brasil ainda faz seu caminho.
“...o pedágio de vinténs estabelecido já no século XVIII"; o termo “já" é o que se denomina modalizador,
ou seja, através dele o autor do texto manifesta uma opinião sobre o assunto abordado.
Nesse caso, falando do pedágio, a autora do texto 2 nos diz que o considera:
a) uma medida tomada fora de época, pois não havia estradas dignas desse nome;
b) um instrumento injusto de cobrança;
c) um processo demonstrativo de progresso e organização;
d) uma cobrança enriquecedora da elite dominante;
e) uma ironia, diante do atraso do país nos transportes.
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03. (Pref. De Itaquitinga/PE – Psicólogo – IDHTEC/2016)
O texto:
a) Revela humor e crítica social ao quebrar padrões preestabelecidos sobre o matrimônio.
b) Mostra uma quebra de expectativa entre o início do texto e o que vem entre parênteses. Também
há ironia, já que o tuiteiro declara o contrário do que inicialmente deixou transparecer.
c) Tem a proposta de ironizar os valores cultivados pela sociedade e faz isso estabelecendo uma
relação intrínseca entre posturas contrárias de acordo com o ambiente em que o autor está.
d) Abusa dos recursos expressivos mais comuns, incluindo o emprego de letras minúsculas para
infantilizar a mensagem contida ao declarar-se incapaz de cozinhar bem.
e) Faz emprego do jogo fonético para confundir o leitor do twitter que só ao final da leitura é capaz de
encontrar relações de sentido e referências fora da realidade virtual.
Respostas
01. Resposta A
02. Resposta C
É uma questão de compreensão de texto, pois a resposta está inserida no texto ("as primeiras grandes
estradas já com postos de montaria organizados, o pedágio de vinténs estabelecido já no século XVIII.").
Muito cuidado com esta questão, porque a banca colocou várias alternativas (B, D e E) que destacam os
contextos econômico, político e estrutural atuais do Brasil, causadores de muitas revoltas e opiniões
polêmicas em todos nós. Isso pode nos levar a raciocinar e interpretar de forma subjetiva sobre a questão
e errar.
Sendo um texto feito pelo Ministério do Transporte, óbvio que a intenção é mostrar o pedágio do ponto-
de-vista do Estado, ou seja, como sendo algo voltado ao progresso e à organização.
03. Resposta B
Pontuação
Para a elaboração de um texto escrito deve-se considerar o uso adequado dos sinais gráficos como:
espaços, pontos, vírgula, ponto e vírgula, dois pontos, travessão, parênteses, reticências, aspas e etc.
Tais sinais têm papéis variados no texto escrito e, se utilizados corretamente, facilitam a compreensão
e entendimento do texto.
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Vírgula
A vírgula2 pouco ou nada tem a ver com prosódia, mas tem muito a ver com sintaxe. Algumas pessoas
colocam vírgulas por causa de pausas feitas na fala. A vírgula, na escrita, não necessariamente é uma
pausa na fala, tampouco é usada para pausar quando se lê um trecho virgulado.
Assim, vale dizer que o importante é, primeiro, saber em que situações gerais não se usa a
vírgula.
Cuidado!!!
Em orações substantivas com função de sujeito iniciadas por quem, a vírgula entre tal oração e o
verbo da principal é facultativa, segundo Luiz A. Sacconi: “Quem lê sabe mais.” ou “Quem lê, sabe mais.”.
Os demais gramáticos nada falam sobre isso, logo deduzimos que não pode haver vírgula entre sujeito e
verbo.
Aplicação da Vírgula
1° Inversão de Termos
Exemplo: Ontem, à medida que eles corrigiam as questões, eu me preocupava com o resultado da
prova.
2° Intercalações de Termos
Exemplo: A distância, que tudo apaga, há de me fazer esquecê-lo.
4° Enumerações
- sem gradação: Coleciono livros, revistas, jornais, discos.3
- com gradação: Não compreendo o ciúme, a saudade, a dor da despedida.
5° Vocativos, Apostos
- vocativos: Queridos ouvintes, nossa programação passará por pequenas mudanças.
- apostos: É aqui, nesta querida escola, que nos encontramos.
6° Omissões de Termos
- elipse: A praça deserta, ninguém àquela hora na rua. (Omitiu-se o verbo “estava” após o vocábulo
“ninguém”, ou seja, ocorreu elipse do verbo estava)
- zeugma: Na classe, alguns alunos são interessados; outros, (são) relapsos. (Supressão do verbo
“são” antes do vocábulo “relapsos”)
7° Termos Repetidos
Exemplo: Nada, nada há de me derrotar.
2
SCHOCAIR. Nelson M. Gramática do Português Instrumental. 2ª. ed Niteroi: Impetus, 2007
3
SCHOCAIR, Nelson M. Gramática Moderna da Língua Portuguesa: Teoria e prática. 6ª ed. Rio de janeiro, 2012, p.488.
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Dois Pontos
- Antes de enumerações.
Exemplo: Compre três frutas hoje: maçã, uva e laranja.
- Iniciando citações.
Exemplo: “Segundo o folclórico Vicente Mateus: ‘Quem está na chuva é para se queimar’”4.
Ponto e Vírgula
Os dois rapazes estavam desesperados por dinheiro; Ernesto não tinha dinheiro nem crédito. (pausa
longa)
Sonhava em comprar todos os sapatos da loja; comprei, porém, apenas um par. (separação da oração
adversativa na qual a conjunção - porém - aparece no meio da oração)
Enumeração com explicitação - Comprei alguns livros: de matemática, para estudar para o concurso;
um romance, para me distrair nas horas vagas; e um dicionário, para enriquecer meu vocabulário.
Enumeração com ponto e vírgula, mas sem vírgula, para marcar distribuição - Comprei os
produtos no supermercado: farinha para um bolo; tomates para o molho; e pão para o café da manhã.
Parênteses
- Isolar datas.
Exemplo: Refiro-me aos soldados da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
- Isolar siglas.
Exemplo: A taxa de desemprego subiu para 5,3% da população economicamente ativa (PEA)...
Reticências
4
Retirado de: SCHOCAIR, Nelson Maia. Gramática Moderna da Língua Portuguesa: Teoria e prática. 6ª ed. Rio de janeiro, 2012, p.488.
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Exemplo: Não consegui falar com a Laura.... Quem sabe se eu ligar mais tarde...
Travessão
Usos do Travessão
Ponto de Exclamação
O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer frase com entonação exclamativa,
indicando altissonância, exaltação de espírito.
- Após vocativos.
Exemplo: Vem, Fabiano!
- Após imperativos.
Exemplo: Corram!
- Após interjeição.
Exemplos: Ai! / Ufa!
Aspas
As aspas são usadas comumente em citações, mas também há outras funções bem interessantes.
Atualmente o negrito e o itálico vêm substituindo frequentemente o uso das aspas. Resumindo, elas são
empregadas:
- Isolam termos distantes da norma culta, como gírias, neologismos, arcaísmos, expressões
populares entre outros.
Exemplo: Eles tocaram “flashback”, “tipo assim” anos 70 e 80. Foi um verdadeiro “show”.
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- Isolam estrangeirismos.
Exemplo: Os restaurantes “fast food” têm reinado na cidade.
Ponto
Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o fim de uma frase declarativa de um período simples
ou composto. Pode substituir a vírgula quando o autor quer realçar, enfatizar o que vem após (evita-se
isso em linguagem formal).
– Posso ouvir o vento assoprar com força. Derrubando tudo!
O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas: fev. = fevereiro, hab.= habitante, rod. =
rodovia, etc. = etecetera.
O ponto do etc. termina o período, logo não pode haver outro ponto: “..., feijão, arroz, etc..”. Absurdo
também é usar etc. seguido de reticências: “... feijão, arroz, etc....”.
Chama-se ponto parágrafo aquele que encerra um período e a ele se segue outro período em linha
diferente. Esse último ponto agora (antes do Esse) é chamado de ponto continuativo, pois a ele se segue
outro período no mesmo parágrafo. Ponto final é este que virá agora.
Obs.: Estilisticamente, podemos usar o ponto para, em períodos curtos, empregar dinamicidade,
velocidade à leitura do texto: “Era um garoto pobre. Mas tinha vontade de crescer na vida. Estudou. Subiu.
Foi subindo mais. Hoje é juiz do Supremo.”. Usa-se muito em narrações em geral.
Ponto de Interrogação
O ponto de interrogação marca uma entoação ascendente (elevação da voz) com tom questionador.
Usa-se neste caso:
Parágrafo
Constitui cada uma das secções de frases de um escritor; começa por letra maiúscula, um pouco além
do ponto em que começam as outras linhas.
Colchetes
Asterisco
Barra
Hífen
Usado para ligar elementos de palavras compostas e para unir pronomes átonos a verbos. Exemplo:
guarda-roupa
Questões
01. (IF-TO – Auditor – IFTO/2016) Marque a alternativa em que a ausência de vírgula não altera o
sentido do enunciado.
(A) O professor espera um, sim.
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(B) Recebo, obrigada.
(C) Não, vá ao estacionamento do campus.
(D) Não, quero abandonar minhas funções no trabalho.
(E) Hoje, podem ser adquiridas as impressoras licitadas.
02. (MPE-GO – Secretário Auxiliar – MPE-GO/2016) Assinale a alternativa correta quanto ao uso da
pontuação.
(A) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma extensão de nossa personalidade.
(B) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, são as principais causas da ira de trânsito.
(C) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os níveis de estresse em alguns motoristas.
(D) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque você está junto; com os outros motoristas
cujos comportamentos, são desconhecidos.
(E) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circunstâncias, ceder à frustração para que a
raiva seja aliviada.
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I. Sem prejuízo para a correção, o sinal de dois-pontos pode ser substituído por “visto que”, precedido
de vírgula, em: O próximo problema a ser enfrentado é a falta de dinheiro para as últimas décadas de
vida: estamos nos aposentando muito cedo e o que juntamos não será o suficiente. (7o parágrafo)
II. No segmento A própria qualidade de vida, medida por anos de saúde plena, deve mudar para
melhor..., as vírgulas podem ser corretamente substituídas por travessões. (6o parágrafo)
III. Haverá prejuízo para a correção caso uma vírgula seja colocada imediatamente após “alongada”
no segmento: Os pesquisadores propõem que a idade de aposentadoria seja alongada e que os
sexagenários mudem seu raciocínio... (último parágrafo)
Acho essa coisa da idade fascinante: tem a ver com o modo como lidamos com a vida. Se a gente a
considera uma ladeira que desce a partir da primeira ruga, ou do começo de barriguinha, então viver é de
certa forma uma desgraceira que acaba na morte. Desse ponto de vista, a vida passa a ser uma doença
crônica de prognóstico sombrio. Nessa festa sem graça, quem fica animado? Quem não se amargura?
[...]
Pois se minhas avós eram damas idosas aos 50 anos, sempre de livro na mão lendo na poltrona junto
à janela, com vestidos discretíssimos, pretos de florzinha branca (ou, em horas mais festivas, minúsculas
flores ou bolinhas coloridas), hoje aos 70 estamos fazendo projetos, viajando (pode ser simplesmente à
cidade vizinha para visitar uma amiga), indo ao teatro e ao cinema, indo a restaurante (pode ser o de
quilo, ali na esquina), eventualmente namorando ou casando de novo. Ou dando risada à toa com os
netos, e fazendo uma excursão com os filhos. Tudo isso sem esquecer a universidade, ou aprender a ler,
ou visitar pela primeira vez uma galeria de arte, ou comer sorvete na calçada batendo papo com alguma
nova amiga.
[...]
Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto de nós, dos outros e da vida, críticos o tempo
todo, vendo só o lado mais feio do mundo. Das pessoas. Da própria família. Dos amigos. Se formos os
eternos acusadores, acabaremos com um gosto amargo na boca: o amargor de nossas próprias palavras
e sentimentos. Se não soubermos rir, se tivermos desaprendido como dar uma boa risada, ficaremos com
a cara hirta das máscaras das cirurgias exageradas, dos remendos e intervenções para manter ou
recuperar a “beleza”. A alma tem suas dores, e para se curar necessita de projetos e afetos. Precisa
acreditar em alguma coisa.
(LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16)
As aspas empregadas em “dos remendos e intervenções para manter ou recuperar a “beleza” ” (3º§)
permitem a leitura de uma crítica à ideia de que:
(A) cada idade tem sua beleza própria
(B) a beleza só está associada à juventude
(C) a beleza interior deve valer mais do que a exterior
(D) o conceito de beleza é subjetivo, bastante relativo
(E) trabalhando a mente, o corpo fica belo
06. (TCM-RJ – Técnico de Controle Externo – IBFC/2016) Assinale a alternativa cuja frase está
corretamente pontuada.
(A) O bolo que estava sobre a mesa, sumiu.
(B) Ele, apressadamente se retirou, quando ouviu um barulho estranho.
(C) Confessou-lhe tudo; ciúme, ódio, inveja.
(D) Paulo pretende cursar Medicina; Márcia, Odontologia.
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07. (MPE-GO – Secretário Auxiliar – MPE-GO/2016) O período abaixo foi escrito por Machado de
Assis em seu Conto de Escola. A alternativa que apresenta a pontuação de acordo com a norma culta é:
(A) Compreende-se que o ponto da lição era difícil e que o Raimundo, não o tendo aprendido, recorria
a um meio que lhe pareceu útil: para escapar ao castigo do pai.
(B) Compreende-se que o ponto da lição era difícil, e que o Raimundo, não o tendo aprendido, recorria
a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai.
(C) Compreende-se que o ponto da lição era difícil e que o Raimundo não o tendo aprendido, recorria
a um meio que lhe pareceu útil: para escapar ao castigo do pai.
(D) Compreende-se que o ponto da lição era difícil e que, o Raimundo, não o tendo aprendido, recorria;
a um meio que, lhe pareceu útil, para escapar ao castigo do pai.
(E) Compreende-se que: o ponto da lição era difícil e que o Raimundo, não o tendo aprendido, recorria;
a um meio que lhe pareceu útil: para escapar ao castigo do pai.
— O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo.
— O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não
faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."
— Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio
da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.
— O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem.
— Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos,
e estes os veem como simples pessoas humanas.
— O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver
— O bobo parece nunca ter tido vez. No entanto, muitas vezes o bobo é um Dostoievski.
— Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido
para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente
sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo
sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era a de que o aparelho estava
tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro.
— Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar
tranquilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado.
— O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo nem nota que venceu.
— Aviso: não confundir bobos com burros.
— Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. E uma das tristezas que o
bobo não prevê. César terminou dizendo a frase célebre: “Até tu, Brutus?"
— Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
— Os bobos, com suas palhaçadas, devem estar todos no céu.
_ Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
— O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos
— Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é dificilão, é difícil. Por isso é que os espertos
não conseguem passar por bobos.
— Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham vida.
— Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que
saibam que eles sabem.
— Piá lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo,
com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita o ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
— Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas.
— E quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo provoca. E que só o bobo é capaz de
excesso de amor. E só o amor faz o bobo.
(Clarice Lispector. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.)
“O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos.” A assertiva que
apresenta análise correta em relação ao parágrafo transcrito é:
(A) Há três adjetivos em função predicativa.
(B) Fazer foi usado como verbo impessoal.
(C) O verbo haver está na terceira pessoa do singular porque é impessoal.
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(D) A forma verbal fazem concorda com o pronome relativo que.
(E) A oração que se fazem passar por bobos deveria estar precedida de vírgula porque explica o termo
espertos.
Um levantamento do Ministério Público de São Paulo traz um dado revelador: dois terços dos jovens
infratores da capital paulista fazem parte de famílias que não têm um pai dentro de casa. Além de não
viverem com o pai, 42% não têm contato algum com ele e 37% têm parentes com antecedentes criminais.
Ajudam a engrossar essas estatísticas os garotos Waldik Gabriel, de 11 anos, morto em Cidade
Tiradentes, Zona Leste de São Paulo, depois de fugir da Guarda Civil Metropolitana, e Italo, de 10 anos,
envolvido em três ocorrências de roubo só em 2016, morto pela Polícia Militar no início de junho, depois
de furtar um carro na Zona Sul da cidade. O pai de Waldik é caminhoneiro e não vivia com a mãe. O de
Italo está preso por tráfico. A mãe já cumpriu pena por furto e roubo.
É certo que um pai presente e próximo ao filho faz diferença. Mas, mais que a figura masculina
propriamente dita, faz falta uma família estruturada, independentemente da configuração, que dê atenção,
carinho, apoio, noções de continência e limite, elementos que protegem os jovens em fase de
desenvolvimento.
A mãe e a avó, nessa família brasileira que cresce cada vez mais matriarcal, desdobram-se para tentar
cumprir esses requisitos e preencher as lacunas, mas são “atropeladas” pela rotina dura. Muitas vezes,
não têm tempo, energia, dinheiro e voz para lidar com esses garotos e garotas que crescem na rua, longe
da escola, em bairros sem equipamentos de esporte e cultura, próximos de amigos e parentes que podem
estar envolvidos com o crime.
A criança precisa ter muita autoestima e persistência para buscar nesse horizonte nebuloso um projeto
de vida. Sem apoio emocional, sem uma escola que estimule seu potencial, sem ter o que fazer com seu
tempo livre, sem enxergar uma luz no fim do túnel, ela fica muito mais perto da droga, do tráfico, do delito,
da violência e da gestação na adolescência. É nessa mesma família, sem pai à vista, de baixa renda,
longe da sala de aula, nas periferias, que pipocam os quase 15% das jovens que são mães na
adolescência, taxa alarmante que resiste a baixar nas regiões mais carentes.
E o que acontece com essa menina que engravida porque enxerga na maternidade um papel social,
uma forma de justificar sua existência no mundo? Iludidas com a perspectiva de estabilizar um
relacionamento (a família estruturada que não têm?), elas ficam, usualmente, sozinhas, ainda mais
distantes da escola e de seu projeto de vida. O pai da criança some no mundo, e são elas que arcam com
o ônus do filho, sobrecarregando um lar que já vivia no limite. Segue-se um ciclo que parece não ter fim.
Sem políticas públicas que foquem nessa família mais vulnerável, no apoio emocional e social para
esses jovens, em uma escola mais atraente, em projetos de vida, em alternativas de lazer, a realidade
diária na vida desses jovens continuará a ser a gravidez na adolescência, a violência e a criminalidade.
BOUER, Jairo. A importância da família estruturada. 11 jul. 2016. Época. Disponível em: Acesso em: 19 jul. 2016 (Adapt.)
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Hoje, é possível arregimentar dezenas, ou centenas, ou milhares de "seguidores" que rapidamente
espalham a mensagem por dezenas, ou centenas, ou milhares de novos "seguidores". Quanto mais
radical a mensagem, maior será o sucesso cibernauta.
Mas a internet não é apenas um paraíso para os politicamente motivados (e despreparados). Ela tende
a radicalizar qualquer opinião sobre qualquer assunto.
A ideia de que as redes sociais são uma espécie de "ágora moderna", onde existem discussões mais
flexíveis e pluralistas, não passa de uma fantasia. A internet não cria debate. Ela cria trincheiras entre
exércitos inimigos.
(Adaptado de: COUTINHO, João Pereira. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2016/08/1801611)
Respostas
01. (E)
a) O professor espera um, sim. O PROF. ESTA ESPERANDO UM ALGO, QUANDO TIRO A VIRGULA
ELE FICA ''ESPERANDO UM SIM''.
b) Recebo, obrigada. A PESSOA RECEBE E DIZ OBRIGADO, QUANDO TIRO A VIRGULA ELE
PASSA A RECEBER É UM OBRIGADO.
c) Não, vá ao estacionamento do campus. ''VÁ AO ESTACIONAMENTO'', QUANDO TIRO A VIRGULA
PASSA A ''NÃO VÁ AO ESTACIONAME...''
d) Não, quero abandonar minha funções no trabalho. EU QUERO ABANDONAR, QUANDO TIRO A
VIRGULA FICA NEGADO ''NÃO QUERO...''
Todas mudaram de sentido, menos a última.
02. (E)
Conferindo as demais:
a) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma extensão de nossa personalidade.
NÃO SE SEPARA SUJEITO DO PREDICADO POR VÍRGULA.
b) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, são as principais causas da ira de trânsito.
NÃO SE SEPARA SUJEITO DO PREDICADO POR VÍRGULA.
c) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os níveis de estresse em alguns motoristas.
NÃO SE SEPARA POR VÍRGULA VERBO DE SEU COMPLEMENTO (no caso 'ocasionar' sendo
VTD e acidentes OD)
d) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque você está junto; com os outros motoristas
cujos comportamentos, são desconhecidos.
** NÃO SE SEPARA POR VÍRGULA VERBO DE SEU COMPLEMENTO
e) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circunstâncias, ceder à frustração para
que a raiva seja aliviada. (Correta)
03. (E)
a) Humberto de Campos, jornalista, critico, contista, e memorialista nasceu, em Miritiba, hoje Humberto
de Campos no Maranhão, em 1886, e FALECEU, no Rio de Janeiro em 1934.
b) O escritor Humberto de Campos, em 1933, publicou o livro que veio à ser considerado, o mais
celebre de sua obra: Memórias, crônica DO COMEÇO de sua vida.
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c) Em 1912, Humberto de Campos, transferiu-se para o Rio de Janeiro, e entrou para O Imparcial, na
fase em que ali encontrava-se um grupo de exÍmios escritores.
d) De infância pobre e orfão de pai aos seis anos; Humberto de Campos, começou a trabalhar cedo
no comércio, como meio de subsistÊncia.
04. (A)
I. Correto. O próximo problema a ser enfrentado é a falta de dinheiro para as últimas décadas de
vida, visto que estamos nos aposentando muito cedo e o que juntamos não será o suficiente.
II. Correto. No segmento A própria qualidade de vida - medida por anos de saúde plena - deve
mudar para melhor...
III. NÃO Haverá prejuízo para a correção. Os pesquisadores (sujeito) propõem que a idade de
aposentadoria seja alongada, e que os sexagenários (sujeito) mudem seu raciocínio...
05. (B)
Esta é a ideia a qual a autora se mostra contrária, a de que não há beleza ou felicidade depois da
juventude.
06. (D)
a) A vírgula não pode separar o sujeito (o bolo...) do verbo (sumiu). Incorreta.
b) Há vírgula entre o sujeito (ele) e o verbo (retirou). Incorreta.
c) O ponto e vírgula está separando um aposto explicativo, quando na verdade deveria haver um sinal
de dois-pontos.
d) Essa é a vírgula que marca termo omitido (Zeugma).
Paulo pretende cursar Medicina; Márcia, Odontologia. (Pretende cursar)
07. (B)
A alternativa A tem dois pontos que não deveriam aparecer na oração.
08. (C)
a) Errada. Há apenas um adjetivo em função de predicativo do sujeito, que é o termo "simpático".
Repare que está qualificando o sujeito "Bobo" e se relacionam através de um verbo de ligação.
"O bobo (sujeito) é (verbo de ligação) sempre tão simpático (predicativo do sujeito)
b) Errada. O verbo não foi usado de forma impessoal pois é possível achar seu agente. Quem se faz
passar por bobos? Os espertos.
c) Gabarito. Sem comentários. Perfeita. Está no presente do indicativo na terceira pessoa do singular.
d) Errada. A forma verbal "fazem" concorda com "espertos".
e) Errada. A frase está perfeita, em ordem direta e não caberia vírgula nesse trecho.
09. (A)
O palavra "atropelar" foi colocada entre aspas para que o interlocutor conceitue de forma conotativa,
ou seja, um conceito diferente. Nesse caso, o termo "atropelar" foi usado no sentido de não conseguirem
por causa da rotina dura.
Exemplo: Levei um "bolo" no encontro com aquela mulher - Aqui o termo "bolo" não está no seu sentido
denotativo, está com conceito diferente, de que não cumpriram com o compromisso.
10. (B)
Item I = ERRADO.
Caso o ponto de interrogação for excluído, a frase (Será que a internet está a matar a democracia?)
perde o caráter de pergunta, de reflexão e passa a ser uma afirmação. A correção vai se prejudicar.
Item III = CERTO. Na última frase do parágrafo, o pronome “que” retoma "argumentos".
A finalidade do pronome relativo é evitar a repetição do termo antecedente na oração em que ocorre.
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Item IV = CERTO. No contexto, o verbo “desaguar” está empregado em sentido figurado.
Desaguar = Drenar, Enxugar, Lançar as águas em (falando do curso dos rios).
Ortografia
A palavra ortografia é formada pelos elementos gregos orto “correto” e grafia “escrita” sendo a escrita
correta das palavras da língua portuguesa, obedecendo a uma combinação de critérios etimológicos
(ligados à origem das palavras) e fonológicos (ligados aos fonemas representados).
Somente a intimidade com a palavra escrita, é que acaba trazendo a memorização da grafia correta.
Deve-se também criar o hábito de consultar constantemente um dicionário.
Alfabeto
O alfabeto passou a ser formado por 26 letras. As letras “k”, “w” e “y” não eram consideradas
integrantes do alfabeto (agora são). Essas letras são usadas em unidades de medida, nomes próprios,
palavras estrangeiras e outras palavras em geral. Exemplos: km, kg, watt, playground, William, Kafka,
kafkiano.
Vogais: a, e, i, o, u, y, w.
Consoantes: b, c, d, f, g, h, j, k, l, m, n, p, q, r, s, t, v, w, x, z.
Alfabeto: a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w, x, y, z.
Observações:
A letra “Y” possui o mesmo som que a letra “I”, portanto, ela é classificada como vogal.
A letra “K” possui o mesmo som que o “C” e o “QU” nas palavras, assim, é considerada consoante.
Exemplo: Kuait / Kiwi.
Já a letra “W” pode ser considerada vogal ou consoante, dependendo da palavra em questão, veja os
exemplos:
No nome próprio Wagner o “W” possui o som de “V”, logo, é classificado como consoante.
Já no vocábulo “web” o “W” possui o som de “U”, classificando-se, portanto, como vogal.
Emprego da letra H
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético; conservou-se apenas como símbolo,
por força da etimologia e da tradição escrita. Grafa-se, por exemplo, hoje, porque esta palavra vem do
latim hodie.
Emprega-se o H:
- Inicial, quando etimológico: hábito, hélice, herói, hérnia, hesitar, haurir, etc.
- Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh e nh: chave, boliche, telha, flecha, companhia, etc.
- Final e inicial, em certas interjeições: ah!, ih!, hem?, hum!, etc.
- Algumas palavras iniciadas com a letra H: hálito, harmonia, hangar, hábil, hemorragia, hemisfério,
heliporto, hematoma, hífen, hilaridade, hipocondria, hipótese, hipocrisia, homenagear, hera, húmus;
- Sem h, porém, os derivados baianos, baianinha, baião, baianada, etc.
Não se usa H:
- No início de alguns vocábulos em que o h, embora etimológico, foi eliminado por se tratar de palavras
que entraram na língua por via popular, como é o caso de erva, inverno, e Espanha, respectivamente do
latim, herba, hibernus e Hispania. Os derivados eruditos, entretanto, grafam-se com h: herbívoro,
herbicida, hispânico, hibernal, hibernar, etc.
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Emprego das letras E, I, O e U
Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i/, /o/ e /u/ nem sempre é nítida. É
principalmente desse fato que nascem as dúvidas quando se escrevem palavras como quase, intitular,
mágoa, bulir, etc., em que ocorrem aquelas vogais.
- A sílaba final de formas dos verbos terminados em –uar: continue, habitue, pontue, etc.
- A sílaba final de formas dos verbos terminados em –oar: abençoe, magoe, perdoe, etc.
- As palavras formadas com o prefixo ante– (antes, anterior): antebraço, antecipar, antedatar,
antediluviano, antevéspera, etc.
- Os seguintes vocábulos: Arrepiar, Cadeado, Candeeiro, Cemitério, Confete, Creolina, Cumeeira,
Desperdício, Destilar, Disenteria, Empecilho, Encarnar, Indígena, Irrequieto, Lacrimogêneo, Mexerico,
Mimeógrafo, Orquídea, Peru, Quase, Quepe, Senão, Sequer, Seriema, Seringa, Umedecer.
Emprega-se a letra I:
- Na sílaba final de formas dos verbos terminados em –air/–oer /–uir: cai, corrói, diminuir, influi, possui,
retribui, sai, etc.
- Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra): antiaéreo, Anticristo, antitetânico, antiestético, etc.
- Nos seguintes vocábulos: aborígine, açoriano, artifício, artimanha, camoniano, Casimiro, chefiar,
cimento, crânio, criar, criador, criação, crioulo, digladiar, displicente, erisipela, escárnio, feminino, Filipe,
frontispício, Ifigênia, inclinar, incinerar, inigualável, invólucro, lajiano, lampião, pátio, penicilina,
pontiagudo, privilégio, requisito, Sicília (ilha), silvícola, siri, terebintina, Tibiriçá, Virgílio.
Grafam-se com a letra O: abolir, banto, boate, bolacha, boletim, botequim, bússola, chover, cobiça,
concorrência, costume, engolir, goela, mágoa, mocambo, moela, moleque, mosquito, névoa, nódoa,
óbolo, ocorrência, rebotalho, Romênia, tribo.
Grafam-se com a letra U: bulir, burburinho, camundongo, chuviscar, cumbuca, cúpula, curtume,
cutucar, entupir, íngua, jabuti, jabuticaba, lóbulo, Manuel, mutuca, rebuliço, tábua, tabuada, tonitruante,
trégua, urtiga.
Parônimos: Registramos alguns parônimos que se diferenciam pela oposição das vogais /e/ e /i/, /o/
e /u/. Fixemos a grafia e o significado dos seguintes:
área = superfície
ária = melodia, cantiga
arrear = pôr arreios, enfeitar
arriar = abaixar, pôr no chão, cair
comprido = longo
cumprido = particípio de cumprir
comprimento = extensão
cumprimento = saudação, ato de cumprir
costear = navegar ou passar junto à costa
custear = pagar as custas, financiar
deferir = conceder, atender
diferir = ser diferente, divergir
delatar = denunciar
dilatar = distender, aumentar
descrição = ato de descrever
discrição = qualidade de quem é discreto
emergir = vir à tona
imergir = mergulhar
emigrar = sair do país
imigrar = entrar num país estranho
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emigrante = que ou quem emigra
imigrante = que ou quem imigra
eminente = elevado, ilustre
iminente = que ameaça acontecer
recrear = divertir
recriar = criar novamente
soar = emitir som, ecoar, repercutir
suar = expelir suor pelos poros, transpirar
sortir = abastecer
surtir = produzir (efeito ou resultado)
sortido = abastecido, bem provido, variado
surtido = produzido, causado
vadear = atravessar (rio) por onde dá pé, passar a vau
vadiar = viver na vadiagem, vagabundear, levar vida de vadio
Para representar o fonema /j/ existem duas letras; g e j. Grafa-se este ou aquele signo não de modo
arbitrário, mas de acordo com a origem da palavra. Exemplos: gesso (do grego gypsos), jeito (do latim
jactu) e jipe (do inglês jeep).
Escrevem-se com G:
Escrevem-se com J:
- Palavras derivadas de outras terminadas em –já: laranja (laranjeira), loja (lojista, lojeca), granja
(granjeiro, granjense), gorja (gorjeta, gorjeio), lisonja (lisonjear, lisonjeiro), sarja (sarjeta), cereja
(cerejeira).
- Todas as formas da conjugação dos verbos terminados em –jar ou –jear: arranjar (arranje), despejar
(despejei), gorjear (gorjeia), viajar (viajei, viajem) – (viagem é substantivo).
- Vocábulos cognatos ou derivados de outros que têm j: laje (lajedo), nojo (nojento), jeito (jeitoso,
enjeitar, projeção, rejeitar, sujeito, trajeto, trejeito).
- Palavras de origem ameríndia (principalmente tupi-guarani) ou africana: canjerê, canjica, jenipapo,
jequitibá, jerimum, jiboia, jiló, jirau, pajé, etc.
- As seguintes palavras: alfanje, alforje, berinjela, cafajeste, cerejeira, intrujice, jeca, jegue, Jeremias,
Jericó, Jerônimo, jérsei, jiu-jítsu, majestade, majestoso, manjedoura, manjericão, ojeriza, pegajento,
rijeza, sabujice, sujeira, traje, ultraje, varejista.
- Atenção: Moji, palavra de origem indígena, deve ser escrita com J. Por tradição algumas cidades de
São Paulo adotam a grafia com G, como as cidades de Mogi das Cruzes e Mogi-Mirim.
- C, Ç: acetinado, açafrão, almaço, anoitecer, censura, cimento, dança, dançar, contorção, exceção,
endereço, Iguaçu, maçarico, maçaroca, maço, maciço, miçanga, muçulmano, muçurana, paçoca, pança,
pinça, Suíça, suíço, vicissitude.
- S: ânsia, ansiar, ansioso, ansiedade, cansar, cansado, descansar, descanso, diversão, excursão,
farsa, ganso, hortênsia, pretensão, pretensioso, propensão, remorso, sebo, tenso, utensílio.
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- SS: acesso, acessório, acessível, assar, asseio, assinar, carrossel, cassino, concessão, discussão,
escassez, escasso, essencial, expressão, fracasso, impressão, massa, massagista, missão, necessário,
obsessão, opressão, pêssego, procissão, profissão, profissional, ressurreição, sessenta, sossegar,
sossego, submissão, sucessivo.
- SC, SÇ: acréscimo, adolescente, ascensão, consciência, consciente, crescer, cresço, descer, desço,
desça, disciplina, discípulo, discernir, fascinar, florescer, imprescindível, néscio, oscilar, piscina,
ressuscitar, seiscentos, suscetível, suscetibilidade, suscitar, víscera.
- X: aproximar, auxiliar, auxílio, máximo, próximo, proximidade, trouxe, trouxer, trouxeram, etc.
- XC: exceção, excedente, exceder, excelência, excelente, excelso, excêntrico, excepcional, excesso,
excessivo, exceto, excitar, etc.
Homônimos
- Adjetivos com os sufixos –oso, -osa: gostoso, gostosa, gracioso, graciosa, teimoso, teimosa, etc.
- Adjetivos pátrios com os sufixos –ês, -esa: português, portuguesa, inglês, inglesa, milanês, milanesa,
etc.
- Substantivos e adjetivos terminados em –ês, feminino –esa: burguês, burguesa, burgueses,
camponês, camponesa, camponeses, freguês, freguesa, fregueses, etc.
- Verbos derivados de palavras cujo radical termina em –s: analisar (de análise), apresar (de presa),
atrasar (de atrás), extasiar (de êxtase), extravasar (de vaso), alisar (de liso), etc.
- Formas dos verbos pôr e querer e de seus derivados: pus, pusemos, compôs, impuser, quis,
quiseram, etc.
- Os seguintes nomes próprios de pessoas: Avis, Baltasar, Brás, Eliseu, Garcês, Heloísa, Inês, Isabel,
Isaura, Luís, Luísa, Queirós, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás, Valdês.
- Os seguintes vocábulos e seus cognatos: aliás, anis, arnês, ás, ases, através, avisar, besouro,
colisão, convés, cortês, cortesia, defesa, despesa, empresa, esplêndido, espontâneo, evasiva, fase, frase,
freguesia, fusível, gás, Goiás, groselha, heresia, hesitar, manganês, mês, mesada, obséquio, obus,
paisagem, país, paraíso, pêsames, pesquisa, presa, presépio, presídio, querosene, raposa, represa,
requisito, rês, reses, retrós, revés, surpresa, tesoura, tesouro, três, usina, vasilha, vaselina, vigésimo,
visita.
Emprego da letra Z
- Os derivados em –zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita: cafezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha,
cãozito, avezita, etc.
- Os derivados de palavras cujo radical termina em –z: cruzeiro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar
(de vazio), etc.
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- Os verbos formados com o sufixo –izar e palavras cognatas: fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização,
etc.
- Substantivos abstratos em –eza, derivados de adjetivos e denotando qualidade física ou moral:
pobreza (de pobre), limpeza (de limpo), frieza (de frio), etc.
- As seguintes palavras: azar, azeite, azáfama, azedo, amizade, aprazível, baliza, buzinar, bazar,
chafariz, cicatriz, ojeriza, prezar, prezado, proeza, vazar, vizinho, xadrez.
- O sufixo –ês (latim –ense) forma adjetivos (às vezes substantivos) derivados de substantivos
concretos: montês (de monte), cortês (de corte), burguês (de burgo), montanhês (de montanha), francês
(de França), chinês (de China), etc.
- O sufixo –ez forma substantivos abstratos femininos derivados de adjetivos: aridez (de árido), acidez
(de ácido), rapidez (de rápido), estupidez (de estúpido), mudez (de mudo) avidez (de ávido) palidez (de
pálido) lucidez (de lúcido), etc.
Escreve-se –isar (com s) quando o radical dos nomes correspondentes termina em –s. Se o radical
não terminar em –s, grafa-se –izar (com z): avisar (aviso + ar), analisar (análise + ar), alisar (a + liso +
ar), bisar (bis + ar), catalisar (catálise + ar), improvisar (improviso + ar), paralisar (paralisia + ar), pesquisar
(pesquisa + ar), pisar, repisar (piso + ar), frisar (friso + ar), grisar (gris + ar), anarquizar (anarquia + izar),
civilizar (civil + izar), canalizar (canal + izar), amenizar (ameno + izar), colonizar (colono + izar), vulgarizar
(vulgar + izar), motorizar (motor + izar), escravizar (escravo + izar), cicatrizar (cicatriz + izar), deslizar
(deslize + izar), matizar (matiz + izar).
Emprego do X
- Não soa nos grupos internos –xce- e –xci-: exceção, exceder, excelente, excelso, excêntrico,
excessivo, excitar, inexcedível, etc.
- Grafam-se com x e não com s: expectativa, experiente, expiar, expirar, expoente, êxtase, extasiado,
extrair, fênix, texto, etc.
- Escreve-se x e não ch: Em geral, depois de ditongo: caixa, baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol,
seixo, etc. Excetuam-se caucho e os derivados cauchal, recauchutar e recauchutagem. Geralmente,
depois da sílaba inicial en-: enxada, enxame, enxamear, enxaguar, enxaqueca, enxergar, enxerto,
enxoval, enxugar, enxurrada, enxuto, etc. Excepcionalmente, grafam-se com ch: encharcar (de charco),
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encher e seus derivados (enchente, preencher), enchova, enchumaçar (de chumaço), enfim, toda vez
que se trata do prefixo en- + palavra iniciada por ch. Em vocábulos de origem indígena ou africana:
abacaxi, xavante, caxambu, caxinguelê, orixá, maxixe, etc. Nas seguintes palavras: bexiga, bruxa, coaxar,
faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, mexer, mexerico, puxar, rixa, oxalá, praxe, vexame, xarope, xaxim,
xícara, xale, xingar, xampu.
Emprego do dígrafo CH
Escreve-se com ch, entre outros os seguintes vocábulos: bucha, charque, charrua, chavena,
chimarrão, chuchu, cochilo, fachada, ficha, flecha, mecha, mochila, pechincha, tocha.
Homônimos
Bucho = estômago
Buxo = espécie de arbusto
Cocha = recipiente de madeira
Coxa = capenga, manco
Tacha = mancha, defeito; pequeno prego; prego de cabeça larga e chata, caldeira
Taxa = imposto, preço de serviço público, conta, tarifa
Chá = planta da família das teáceas; infusão de folhas do chá ou de outras plantas
Xá = título do soberano da Pérsia (atual Irã)
Cheque = ordem de pagamento
Xeque = no jogo de xadrez, lance em que o rei é atacado por uma peça adversária
Consoantes dobradas
CÊ - cedilha
É a letra C que se pôs cedilha. Indica que o Ç passa a ter som de /S/: almaço, ameaça, cobiça, doença,
eleição, exceção, força, frustração, geringonça, justiça, lição, miçanga, preguiça, raça.
Nos substantivos derivados dos verbos: ter e torcer e seus derivados: ater, atenção; abster, abstenção;
reter, retenção; torcer, torção; contorcer, contorção; distorcer, distorção.
O Ç só é usado antes de A, O, U.
- A primeira palavra de período ou citação. Diz um provérbio árabe: “A agulha veste os outros e vive
nua”. No início dos versos que não abrem período é facultativo o uso da letra maiúscula.
- Substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos, nomes sagrados, mitológicos,
astronômicos): José, Tiradentes, Brasil, Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã, Minerva, Via-
Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc.
- Nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas religiosas: Idade Média, Renascença,
Centenário da Independência do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc.
- Nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da República, etc.
- Nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Nação, Estado, Pátria, União, República, etc.
- Nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremiações, órgãos públicos, etc: Rua do
Ouvidor, Praça da Paz, Academia Brasileira de Letras, Banco do Brasil, Teatro Municipal, Colégio Santista,
etc.
- Nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, literárias e científicas, títulos de jornais e
revistas: Medicina, Arquitetura, Os Lusíadas, O Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro, Correio da
Manhã, Manchete, etc.
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- Expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente, Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor
Diretor, etc.
- Nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os povos do Oriente, o falar do Norte.
Mas: Corri o país de norte a sul. O Sol nasce a leste.
- Nomes comuns, quando personificados ou individuados: o Amor, o Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas),
etc.
- Nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes gentílicos, nomes próprios tornados comuns:
maia, bacanais, carnaval, ingleses, ave-maria, um havana, etc.
- Os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando empregados em sentido geral: São Pedro foi
o primeiro papa. Todos amam sua pátria.
- Nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o rio Amazonas, a baía de Guanabara, o
pico da Neblina, etc.
- Palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação direta: “Qual deles: o hortelão ou o
advogado?”; “Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mirra”.
- No interior dos títulos, as palavras átonas, como: o, a, com, de, em, sem, grafam-se com inicial
minúscula.
Algumas palavras ou expressões costumam apresentar dificuldades colocando em maus lençóis quem
pretende falar ou redigir português culto. Esta é uma oportunidade para você aperfeiçoar seu
desempenho. Preste atenção e tente incorporar tais palavras certas em situações apropriadas.
Atenção: Há muito tempo já indica passado. Não há necessidade de usar atrás, isto é um pleonasmo.
Acerca de: equivale a (a respeito de): Falávamos acerca de uma solução melhor.
Há cerca de: equivale a (faz tempo). Há cerca de dias resolvemos este caso.
Ao encontro de: equivale (estar a favor de): Sua atitude vai ao encontro da verdade.
De encontro a: equivale a (oposição, choque): Minhas opiniões vão de encontro às suas.
A fim de: locução prepositiva que indica (finalidade): Vou a fim de visitá-la.
Afim: é um adjetivo e equivale a (igual, semelhante): Somos almas afins.
Ao invés de: equivale (ao contrário de): Ao invés de falar começou a chorar (oposição).
Em vez de: equivale a (no lugar de): Em vez de acompanhar-me, ficou só.
A par: equivale a (bem informado, ciente): Estamos a par das boas notícias.
Ao par: indica relação (de igualdade ou equivalência entre valores financeiros – câmbio): O dólar e o
euro estão ao par.
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À toa: é uma locução adverbial de modo, equivale a (inutilmente, sem razão): Andava à toa pela rua.
À toa: é um adjetivo (refere-se a um substantivo), equivale a (inútil, desprezível). Foi uma atitude à toa
e precipitada. (até 01/01/2009 era grafada: à-toa)
Baixar: os preços quando não há objeto direto; os preços funcionam como sujeito: Baixaram os preços
(sujeito) nos supermercados. Vamos comemorar, pessoal!
Abaixar: os preços empregado com objeto direto: Os postos (sujeito) de combustível abaixaram os
preços (objeto direto) da gasolina.
Câmara: equivale ao local de trabalho onde se reúnem os vereadores, deputados: Ficaram todos
reunidos na Câmara Municipal.
Câmera: aparelho que fotografa, tira fotos: Comprei uma câmera japonesa.
Dia a dia: é um substantivo, equivale a cotidiano, diário, que faz ou acontece todo dia. Meu dia a dia é
cheio de surpresas. (até 01/01/2009, era grafado dia-a-dia)
Dia a dia: é uma expressão adverbial, equivale a diariamente. O álcool aumenta dia a dia. Pode isso?
Descriminar: equivale a (inocentar, absolver de crime). O réu foi descriminado; pra sorte dele.
Discriminar: equivale a (diferençar, distinguir, separar). Era impossível discriminar os caracteres do
documento. Cumpre discriminar os verdadeiros dos falsos valores. /Os negros ainda são discriminados.
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não, uma vez que quem entrega, entrega algo em algum lugar.
Porém, há aqueles que afirmam que este verbo indica sim movimento, pois quem entrega se desloca
de um lugar para outro.
Contudo, obedecendo às normas gramaticais, devemos usar “entrega em domicílio”, nos atentando ao
fato de que a finalidade é que vale: a entrega será feita no (em+o) domicílio de uma pessoa.
Estada: permanência de pessoa (tempo em algum lugar): A estada dela aqui foi gratificante.
Estadia: prazo concedido para carga e descarga de navios ou veículos: A estadia do carro foi
prolongada por mais algumas semanas.
Fosforescente: adjetivo derivado de fósforo; que brilha no escuro: Este material é fosforescente.
Fluorescente: adjetivo derivado de flúor, elemento químico, refere-se a um determinado tipo de
luminosidade: A luz branca do carro era fluorescente.
Levantar: é sinônimo de erguer: Ginês, meu estimado cunhado, levantou sozinho a tampa do poço.
Levantar-se: pôr de pé: Luís e Diego levantaram-se cedo e, dirigiram-se ao aeroporto.
Mal: advérbio de modo, equivale a erradamente, é oposto de bem: Dormi mal. (bem). Equivale a nocivo,
prejudicial, enfermidade; pode vir antecedido de artigo, adjetivo ou pronome: A comida fez mal para mim.
Seu mal é crer em tudo. Conjunção subordinativa temporal, equivale a assim que, logo que: Mal chegou
começou a chorar desesperadamente.
Mau: adjetivo, equivale a ruim, oposto de bom; plural=maus; feminino=má. Você é um mau exemplo
(bom). Substantivo: Os maus nunca vencem.
Mas: conjunção adversativa (ideia contrária), equivale a porém, contudo, entretanto: Telefonei-lhe mas
ela não atendeu.
Mais: pronome ou advérbio de intensidade, opõe-se a menos: Há mais flores perfumadas no campo.
Nem um: equivale a nem um sequer, nem um único; a palavra “um” expressa quantidade: Nem um filho
de Deus apareceu para ajudá-la.
Nenhum: pronome indefinido variável em gênero e número; vem antes de um substantivo, é oposto de
algum: Nenhum jornal divulgou o resultado do concurso.
Onde: indica o lugar em que se está; refere-se a verbos que exprimem estado, permanência: Onde fica
a farmácia mais próxima?
Aonde: ideia de movimento; equivale (para onde) somente com verbo de movimento desde que indique
deslocamento, ou seja, a+onde. Aonde vão com tanta pressa?
Por ora: equivale a “por este momento”, “por enquanto”: Por ora chega de trabalhar.
Por hora: locução equivale a “cada sessenta minutos”: Você deve cobrar por hora.
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Emprego do Porquê
Orações
Interrogativas Exemplo:
(pode ser substituído Por que devemos nos preocupar com o meio
por: por qual motivo, por ambiente?
Por Que qual razão)
Exemplo:
Equivalendo a “pelo Os motivos por que não respondeu são
qual” desconhecidos.
Exemplos:
Você ainda tem coragem de perguntar por quê?
Final de frases e
Por Quê Você não vai? Por quê?
seguidos de pontuação
Não sei por quê!
Exemplos:
Conjunção que indica A situação agravou-se porque ninguém reclamou.
explicação ou causa Ninguém mais o espera, porque ele sempre se
Porque atrasa.
Conjunção de
Finalidade – equivale a Exemplos:
“para que”, “a fim de Não julgues porque não te julguem.
que”.
Função de
substantivo – vem Exemplos:
acompanhado de artigo Não é fácil encontrar o porquê de toda confusão.
Porquê
ou pronome Dê-me um porquê de sua saída.
Senão: equivale a “caso contrário”, “a não ser”: Não fazia coisa nenhuma senão criticar.
Se não: equivale a “se por acaso não”, em orações adverbiais condicionais: Se não houver homens
honestos, o país não sairá desta situação crítica.
Tampouco: advérbio, equivale a “também não”: Não compareceu, tampouco apresentou qualquer
justificativa.
Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão pouco esta semana.
Questões
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( ) a queda do acento na conjugação da terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos
verbos crer, dar, ler, ter, vir e seus derivados.
O FUTURO NO PASSADO
1 Poucas previsões para o futuro feitas no passado se realizaram. O mundo se mudava do campo para
as cidades, e era natural que o futuro idealizado então fosse o da cidade perfeita. Mas o helicóptero não
substituiu o automóvel particular e só recentemente começou-se a experimentar carros que andam sobre
faixas magnéticas nas ruas, liberando seus ocupantes para a leitura, o sono ou o amor no banco de trás.
As cidades não se transformaram em laboratórios de convívio civilizado, como previam, e sim na maior
prova da impossibilidade da coexistência de desiguais.
2 A ciência trouxe avanços espetaculares nas lides de guerra, como os bombardeios com precisão
cirúrgica que não poupam civis, mas não trouxe a democratização da prosperidade antevista. Mágicas
novas como o cinema prometiam ultrapassar os limites da imaginação. Ultrapassaram, mas para o
território da banalidade espetaculosa. A TV foi prevista, e a energia nuclear intuída, mas a revolução da
informática não foi nem sonhada. As revoluções na medicina foram notáveis, certo, mas a prevenção do
câncer ainda não foi descoberta. Pensando bem, nem a do resfriado. A comida em pílulas não veio - se
bem que a nouvelle cuisine chegou perto. Até a colonização do espaço, como previam os roteiristas do
“Flash Gordon”, está atrasada. Mal chegamos a Marte, só para descobrir que é um imenso terreno baldio.
E os profetas da felicidade universal não contavam com uma coisa: o lixo produzido pela sua visão.
Nenhuma previsão incluía a poluição e o aquecimento global.
3 Mas assim como os videntes otimistas falharam, talvez o pessimismo de hoje divirta nossos bisnetos.
Eles certamente falarão da Aids, por exemplo, como nós hoje falamos da gripe espanhola. A ciência e a
técnica ainda nos surpreenderão. Estamos na pré-história da energia magnética e por fusão nuclear fria.
4 É verdade que cada salto da ciência corresponderá a um passo atrás, rumo ao irracional. Quanto
mais perto a ciência chegar das últimas revelações do Universo, mais as pessoas procurarão respostas
no misticismo e refúgio no tribal. E quanto mais a ciência avança por caminhos nunca antes sonhados,
mais leigo fica o leigo. A volta ao irracional é a birra do leigo.
(VERÍSSIMO. L. F. O Globo. 24/07/2016, p. 15.)
“e era natural que o futuro IDEALIZADO então fosse o da cidade perfeita.” (1º §) O vocábulo em
destaque no trecho acima grafa-se com a letra Z, em conformidade com a norma de emprego do sufixo–
izar.
Das opções abaixo, aquela em que um dos vocábulos está INCORRETAMENTE grafado por não se
enquadrar nessa norma é:
3. (Pref. De Biguaçu-SC – Professor III – Inglês/2016) De acordo com a Língua Portuguesa culta,
assinale a alternativa cujas palavras seguem as regras de ortografia:
a) Preciso contratar um eletrecista e um encanador para o final da tarde.
b) O trabalho voluntário continua sendo feito prazerosamente pelos alunos.
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c) Ainda não foram atendidas as reinvindicações dos professores em greve.
d) Na lista de compras, é preciso descriminar melhor os produtos em falta.
e) Passou bastante desapercebido o caso envolvendo um juiz federal.
Dificilmente, em uma ciência-arte como a Psicologia-Psiquiatria, há algo que se possa asseverar com
100% de certeza. Isso porque há áreas bastante interpretativas, sujeitas a leituras diversas, a depender
do observador e do observado. Porém, existe um fato na Psicologia-Psiquiatria forense que é 100% de
certeza e não está sujeito a interpretação ou a dissimulação por parte de quem está a ser examinado. E
revela, objetivamente, dados do psiquismo da pessoa ou, em outras palavras, mostra características
comportamentais indissimuláveis, claras e objetivas. O que pode ser tão exato, em matéria de Psicologia-
Psiquiatria, que não admite variáveis? Resposta: todos os crimes, sem exceção, são como fotografias
exatas e em cores do comportamento do indivíduo. E como o psiquismo é responsável pelo modo de agir,
por conseguinte, tem os em todos os crimes, obrigatoriamente e sempre, elementos objetivos da mente
de quem os praticou.
Por exemplo, o delito foi cometido com multiplicidade de golpes, com ferocidade na execução, não
houve ocultação de cadáver, não se verifica cúmplice, premeditação etc. Registre-se que esses dados já
aconteceram. Portanto, são insimuláveis, 100% objetivos. Basta juntar essas características
comportamentais que teremos algo do psiquismo de quem o praticou. Nesse caso específico, infere-se
que a pessoa é explosiva, impulsiva e sem freios, provável portadora de algum transtorno ligado à
disritmia psicocerebral, algum estreitamento de consciência, no qual o sentimento invadiu o pensamento
e determinou a conduta.
Em outro exemplo, temos homicídio praticado com um só golpe, premeditado, com ocultação de
cadáver, concurso de cúmplice etc. Nesse caso, os dados apontam para o lado do criminoso comum, que
entendia o que fazia.
Claro que não é possível, apenas pela morfologia do crime, saber-se tudo do diagnóstico do criminoso.
Mas, por outro lado, é na maneira como o delito foi praticado que se encontram características 100%
seguras da mente de quem o praticou, a evidenciar fatos, tal qual a imagem fotográfica revela-nos
exatamente algo, seja muito ou pouco, do momento em que foi registrada. Em suma, a forma como as
coisas foram feitas revela muito da pessoa que as fez.
PALOMBA, Guido Arturo. Rev. Psique: n° 100 (ed. comemorativa), p. 82.
Tal como ocorre com “interpretaÇÃO ” e “dissimulaÇÃO”, grafa-se com “ç” o sufixo de ambas as
palavras arroladas em:
a) apreenção do menor - sanção legal.
b) detenção do infrator ascenção ao posto.
c) presunção de culpa coerção penal.
d) interceção do juiz - contenção do distúrbio.
e) submição à lei indução ao crime.
Foi na minha última viagem ao Perú que entrei em uma baiúca muito agradável. Apesar de simples,
era bem frequentada. Isso podia ser constatado pelas assinaturas (ou simples rúbricas) dispostas em
quadros afixados nas paredes do estabelecimento, algumas delas de pessoas famosas. Insisti com o
garçom para também colocar a minha assinatura, registrando ali a minha presença. No final, o ônus foi
pesado: a conta veio muito salgada. Tudo seria perfeito se o tempo ali passado, por algum milagre, tivesse
sido gratuíto.
Assinale a alternativa que apresenta palavra em que a acentuação está CORRETA, de acordo com a
Reforma Ortográfica em vigor:
a) gratuíto
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b) Perú
c) ônus
d) rúbricas
e) baiúca
6. (CRQ 18ª Região-PI – Advogado – Quadrix/2016)
A palavra "gás" aparece corretamente acentuada no texto. Dentre as palavras abaixo, aquela cuja
regra de acentuação mais se aproxima daquela que justifica o acento em "gás" é:
a) ácido.
b) âmbito.
c) estágio.
d) público.
e) crê.
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a) Aparição e omissão.
b) Retenção e excessão.
c) Opreção e permissão.
d) Pretenção e impressão.
Respostas
1. (A)
Permanecem os acentos diferenciais pode/pôde; por/pôr; tem/têm; vem/vêm. Então o primeiro item
está certo e o segundo, errado. Creem, deem, leem, de fato, não são mais acentuados. Porém,
permanece o acento diferencial de terceira pessoa do plural em tem/têm; vem/vêm.
Assim, temos V, F, F.
2. (B)
A palavra grafada incorretamente é catalizar, pois seu radical possui a letra s: catálise, assim, o correto
seria catalisar.
Observação:
A grafia correta do vocábulo da alternativa (C) é catequizar, com z. A confusão acontece porque o
substantivo catequese é escrito com s, portanto, seria lógico que as palavras dele derivadas
preservassem o s. Seguindo esse raciocínio, muitos acabam errando na hora de escrever, pois fatores
etimológicos acabam sendo desconsiderados, visto que nem todos conhecem a história e a origem de
determinados termos.
Embora a palavra catequese seja escrita com s, o verbo catequizar não é derivado desse substantivo,
já que tem sua origem no latim catechizare e na palavra grega katekhízein. Sendo assim, todas as
palavras derivadas do verbo catequizar devem ser escritas com z, preservando sua etimologia. Observe
os exemplos:
Pedro é um ótimo catequizador.
A catequização das crianças é realizada no salão da paróquia.
A literatura catequizante tem no Padre José de Anchieta um de seus principais representantes.
A principal missão dos jesuítas era catequizar os nativos brasileiros.
3. (B)
a) eletricista
b) correta
c) Reivindicações
d) discriminar
e) despercebido
4. (C)
Palavras derivadas de verbos que possuem no radical “ced”, “met”, “cut”, “gred”, e “prim” (ceder-
cessão; prometer-promessa; agredir-agressão; imprimir-impressão; discutir-discussão) invento
5. (C)
Gra – tui – to - Paroxítona – Não acentua paroxítona em O.
Pe – ru - Oxítona – Não acentua oxítona terminada em U.
ô – nus – Paroxítona – Acentua paroxítona terminada em u, us, um, uns, on, ons.
Ru – bri – ca – Paroxítona – Não acentua paroxítona terminada em A.
Bai – u – ca – Não acentua hiato ( U ) em paroxítonas precedidas de ditongo.
6. (E)
A questão pede a mesma regra de acentuação da palavra "GÁS" - MONOSSÍLABO TÔNICO
a)Proparoxítona
b)Proparoxítona
c)Paroxítona
d)Proparoxítona
e)MONOSSÍLABO TÔNICO = CORRETA
7. (C)
A) pesquisa, gasolina, alicerce.
B) exótico, talvez, alazão.
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C) atrás, pretensão, atraso.
D) batizar, buzina, prazo.
E) valorizar, avestruz, Mastruz.
8. (B)
Os erros são:
I. intervém ou intervêm, autoinstrução
IV. macrossistema
9. (D)
Procrastinar: transferir para outro dia ou deixar para depois; adiar, delongar, postergar, protrair.
Idiossincrasia: característica comportamental peculiar a um grupo ou a uma pessoa.
Abduzir: afastar, desviar de um ponto, de um alvo, de uma referência; arredar. Tirar ou levar (algo ou
alguém) com violência; arrebatar, raptar.
10. (A)
a) Aparição e Omissão
b) Retenção e Exceção
c) Opressão e Permissão.
d) Pretensão e Impressão
Notações Léxicas
Para representar os fonemas (que são o menor elemento sonoro com a propriedade de distinguir os
significados), muitas vezes necessitamos recorrer a sinais gráficos denominados notações léxicas.
Outros exemplos: capitães, limão, mamão, bobão, chorão, devoções, põem, etc.
Observação: Se a sílaba onde figura o til for átona, acentua-se graficamente a sílaba predominante.
Por exemplo: Órfãos, acórdão.
- Indicar a supressão de uma vogal nos versos, por exigências métricas. Ocorre principalmente entre
poetas portugueses.
Exemplos:
minh'alma (minha alma)
d’água (da água)
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Abreviação
Moto – motocicleta
Micro – microcomputador
Fone – telefone
Foto – fotografia
Pneu – pneumático
Cine – cinema
Abreviatura5
Atualmente, com a globalização, o avanço nas comunicações e o uso da internet, tudo se tornou muito
rápido. Sentimos mais do que nunca a necessidade de acompanharmos o ritmo dos acontecimentos e de
realizarmos o maior número de tarefas possível no intervalo de tempo de que dispõem. A língua não
poderia ficar de fora desta dinâmica, já que é por meio dela que nos comunicamos, e é aí que entra uma
“saída” ainda não completamente aceita como norma, mas totalmente aderida: as abreviaturas.
Se você já entrou em algum chat ou mandou um e-mail apressado para um colega, enviou um torpedo
do celular ou deixou um bilhetinho para alguém na porta da geladeira com certeza já fez uso delas.
Vejamos algumas das mais utilizadas na atualidade, especialmente pelos mais jovens:
- Bjs (beijos)
- c/ (com)
- msg (mensagem)
- msm (mesmo)
- ñ (não)
- obg (obrigado)
- p/ (para)
- pq (porque)
- tb (também)
A maioria das pessoas, quando vão abreviar as palavras o fazem de qualquer maneira, mas os mais
cuidadosos devem se perguntar: como eu faço para abreviar esta palavra? Existe regra pra isso?
A resposta é simples. Existem algumas regras para abreviar as palavras, porém a maioria das
abreviaturas que ganham o gosto do público são aquelas que, mesmo sem seguir às regras preditas pela
gramática, são usuais, práticas. É o caso, por exemplo, do famoso “VC”, criado nos sites de bate-papo.
Esta abreviatura não é reconhecida pela gramática como norma, porém é reconhecida por quase todos
usuários da língua. Vejamos, pois, algumas regras para se fazer uma abreviatura da maneira correta
(prevista na gramática).
Regra Geral: primeira sílaba da palavra + a primeira letra da sílaba seguinte + ponto abreviativo.
Exemplos: adj. (adjetivo), num. (numeral).
Outras Regras:
- Nunca se deve cortar a palavra numa vogal, sempre na consoante. Caso a primeira letra da segunda
sílaba seja vogal, escreve-se até a consoante.
- Se a palavra tiver acento na primeira sílaba, ele é conservado.
núm. (número)
lóg. (lógica)
- Caso a segunda sílaba se inicie por duas consoantes, utiliza-se as duas na abreviatura.
5
Fontes: http://www.folhanet.com.br/portrasdasletras/; Gramática Normativa da Língua Portuguesa (Rocha Lima); ARAUJO, Ana Paula -
http://www.infoescola.com/portugues/abreviaturas/.
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Constr. (construção)
Secr. (secretário)
- O ponto abreviativo também serve como ponto final, sendo assim, se a abreviatura estiver no final da
frase, não há necessidade de se utilizar outro ponto. Ex: Comprei frutas, verduras, legumes, etc.
Prof.ª (professora)
Págs. (páginas)
Algumas palavras, mesmo não seguindo as regras descritas acima, são aceitas pela gramática
normativa, é o caso de:
Fica a Dica!
Mesmo sabendo que estas siglas são permitidas e reconhecidas pela gramática, ao escrever textos
oficiais, artigos, trabalhos, principalmente se sua prova tiver redação ou questões discursivas, não as
utilize abusivamente, pois acabará atrapalhando a clareza da comunicação. Em textos informais, no
entanto, não há nenhuma restrição, a abreviatura pode ser utilizada quando quisermos.
Sigla
A sigla é uma outra maneira de abreviarmos. Esta é também reconhecida por muitos gramáticos como
um processo de formação de palavras, pois a sigla acaba tomando um significado próprio. As siglas são
a junção das letras iniciais de um termo composto por mais de uma palavra:
Convencionou-se dizer que se a sigla tiver até três letras, ou se todas as letras forem pronunciadas
individualmente, todas ficam maiúsculas.
Se, porém, a sigla tiver a partir de quatro letras, e nem todas forem pronunciadas separadamente,
apenas a primeira letra será maiúsculas, e as seguintes minúsculas:
No dia a dia percebe-se muita confusão quanto aos símbolos, siglas e abreviaturas. As dúvidas
começam nas formas de representação das unidades de tempo, comprimento e massa:
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Como se escreve 4 horas?
É com “h” maiúsculo, minúsculo ou com “s” indicando plural?
Até 1960 o Brasil, aderindo à “Convenção do Metro”, adotou o Sistema Métrico Decimal. Nele as
unidades básicas de medida eram o metro, o litro e o quilograma. O desenvolvimento científico e
tecnológico exigiu medições cada vez mais precisas e diversificadas. Por essa razão, o Sistema Métrico
Decimal acabou sendo substituído pelo Sistema Internacional de Unidades - SI, adotado também no
Brasil a partir de 1962.
1 metro 1m 1 tonelada 1t
4 metros 4m 1 hora 1h
1 quilômetro 1 km 4 horas 4h
1 litro 1l 1 minuto 1 min
4 litros 4l 30 minutos 30 min
1quilolitro 1 kl 1 segundo 1s
As unidades do SI podem ser escritas por seus nomes ou representadas por meio de SÍMBOLOS, um
sinal convencional e invariável utilizado para facilitar e universalizar a escrita e a leitura das unidades do
SI.
Lembre-se de que os símbolos que representam as unidades do SI não são abreviaturas; por isso
mesmo não são seguidos de ponto, não têm plural nem podem ser grafados como expoentes.
Exemplo: se um jogo começa às dezenove horas e trinta minutos e você quer anotar isso de acordo
com as normas internacionais, deverá escrever 19h30min, sem ponto depois do min. Essa é a forma
oficial.
Na linguagem cotidiana é comum o uso de quilo em lugar de quilograma. Raramente ouvimos a forma
correta:
Quilo, que é representado pelo símbolo k, indica que determinada unidade de medida (metro, litro,
watt) está multiplicada por mil. Sendo assim, “quilo” é um prefixo, razão pela qual o símbolo “k” não pode
ser utilizado sozinho:
Portanto kg é o símbolo utilizado para representar quilograma. Atenção: use o prefixo quilo da maneira
correta, como nos exemplos:
quilômetro
quilograma
quilolitro6
Questões
01. O texto abaixo traz abreviações e siglas. Você já deve ter ouvido falar de várias delas, mas nem
sempre sabemos o que significam. Assinale a opção onde as abreviações correspondem ao seu
significado correto:
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Fonte http://cmais.com.br/aloescola/linguaportuguesa/problemasgerais/normaseconvencoes-simbolosesiglas.htm
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O Brasil não tem o melhor IDH do mundo. Na verdade, estamos muito distantes de uma boa qualidade
de vida que atinja a maior parte da população. Mas a questão é: o que é qualidade de vida? Uma pesquisa
do IBOPE demonstrou que o brasileiro se preocupa muito mais com seu carro ou com sua moto do que
com outros gastos. O DETRAN afirma que o número de carros está se tornando um problema para o
país. A PM que geralmente é acionada para ajudar em dias de congestionamento também concorda que
o número de carros no Brasil está se tornando crítico. Mesmo com gastos fixos e de valor elevado com
gasolina, IPVA e manutenção, os brasileiros dão prioridade para a compra de carro, muito mais do que
de casa própria, ou investimento em cultura ou em capacitação profissional, por exemplo. O MEC que o
diga! A educação sempre foi apontada como uma solução para aumentarmos nosso IDH, mas é difícil
competir com a obsessão dos brasileiros por carros. Hoje há até ONGs que propõem soluções alternativas
como andar de bicicleta ou ser caronista. Em algumas das principais capitais do país essas ações são
válidas, mas os adeptos ainda são muito poucos. O sonho do brasileiro ainda é ter um carro, mesmo que
não haja garagem para guardá-lo.
02. Agora veja, abaixo, o anúncio de um imóvel publicado no caderno Classificados do jornal
campineiro Correio Popular (14 de Junho de 2009), e marque a alternativa que á o significado errado da
abreviação:
DENGUE E VISTORIA
As equipes de combate ao Aedes aegypti já vistoriaram 18,6 milhões de imóveis em todo país. O
balanço é do segundo ciclo de campanha de caça ao mosquito, iniciado este mês. Mas nem todo mundo
atendeu ao chamado dos agentes de saúde: muitos imóveis visitados estavam fechados ou os moradores
não abriram suas portas. Até agora, a vistoria só aconteceu de fato em 33,4% do total de 67 milhões de
residências que deveriam ser monitoradas.
Nesse segundo ciclo de visitas, os agentes já visitaram 22,4 milhões de imóveis. Desses, 3,8 milhões
não foram vistoriados, de acordo com informações do Ministério da Saúde. A abrangência das visitas
também foi divulgada. Dos 5.570 municípios brasileiros, 4.438 já registraram as visitas no Sistema
Informatizado de Monitoramento da Presidência da República (SIM-PR), segundo o novo balanço,
concluído no dia 24. Os agentes de saúde encontraram focos de larvas de Aedes aegypti em 3,2% dos
locais visitados.
A sigla PR se refere à Presidência da República; a sigla abaixo que não está corretamente ligada a
um estado brasileiro é:
(A) MA – Maranhão.
(B) PE – Pernambuco.
(C) PA – Paraná.
(D) TO – Tocantins.
(E) MS – Mato Grosso do Sul.
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Respostas
01. (B)
(A) IDH – Índice de Desenvolvimento Humano / DETRAN – Departamento de Tráfego (Trânsito)
(C) IPVA – Imposto sobre a Privacidade (Propriedade) de Veículos Automotores / ONGs -
Organizações não Governamentais
(D) DETRAN – Departamento Estadual de Trânsito / MEC – Ministério da Educação e Cultura (Não
usa é cultura”)
02. (C)
Ste. = suíte
03. (C)
A sigla de Paraná é PR.
Dêixis
Dêiticos são elementos linguísticos que indicam o lugar (aqui) ou o tempo (agora) em que um
enunciado é produzido e também indicam os participantes de uma situação do enunciado (eu/tu).
Faculdade que tem a linguagem de designar mostrando ao invés de conceituar. (O pronome é o vocábulo
que se refere aos seres por dêixis em lugar de fazê-lo por simbolização, como os nomes).
São dêiticos: os pronomes pessoais que indicam os participantes; os advérbios de lugar, que são
marcadores de tempo (agora, hoje, amanhã, etc.); os demonstrativos (aqui, lá, este, esse, aquele, etc.).
Só podem ser entendidos se houver uma explicitação, mesmo dentro da situação de comunicação.
Por exemplo, um bilhete com a mensagem: Eu quero que você vá hoje ao meu escritório. O termo “hoje”
perde o sentido, se não houver um referencial da data em que o bilhete foi escrito. Também o pronome
“eu” deve estar, certamente, explícito no contexto, caso contrário, ninguém sabe a quem se refere. Por
isso, diz-se que o termo “dêixis” significa “apontar para”.
Exemplos:
O termo “assim” no primeiro exemplo foi empregado deiticamente para representar a situação em que
a “blusa” se encontrava. Certamente a blusa está em péssimo estado e a palavra “assim” aponta para
isso.
O advérbio interrogativo de modo “como” indaga sobre características da casa, que certamente numa
resposta apontaria para o predicativo do sujeito: minha casa é pequena e aconchegante.
Anáfora e Catáfora
A Anáfora, do grego anaphora, repetição, é o processo pelo qual um segmento do discurso (chamado
anafórico) remete a outro segmento (antecedente) presente no contexto e tem como função “lembrar”. É
o termo usado em um texto para relembrar ou retomar algo que já foi dito. Ao contrário da anáfora, a
Catáfora tem a função de anunciar o que vai ser dito. Esses termos são estudados em coesão textual.
Por exemplo, a gramática tradicional diz que o demonstrativo “este” é catafórico, porque deve referir-se a
algo que será apresentado; e “esse” é anafórico, porque se refere a algo que já foi anunciado no texto ou
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no contexto. Por exemplo: Essa história de usar nomes falsos para relatar fatos me aborrece. Por isso,
este meu relato vai com todos os nomes e sobrenomes.
Os elementos anafóricos remetem ao contexto linguístico, e não, como os dêiticos à realidade
extralinguística. Assim, o demonstrativo “este” pode ser empregado como dêitico: Este livro é bonito; e
como anafórico: Há um livro sobre a mesa; eu vi este livro.
Questões
O encontro
Maria da Piedade Lourenço era uma mulher miúda e nervosa, com uma cabeleira pardacenta,
malcuidada, erguida, como uma crista, no alto da cabeça. Ludo não conseguia distinguir-lhe os
pormenores do rosto. Todavia, deu pela crista. Parece uma galinha, pensou, e logo se arrepende por ter
pensado aquilo. Andara nervosíssima nos dias que antecederam a chegada da filha. Quando esta lhe
surgiu à frente, porém, veio-lhe uma grande calma. Mandou-a entrar. A sala estava agora pintada e
arranjada, soalho novo, portas novas, tudo isso às custas do vizinho, Arnaldo Cruz, que também fizera
questão de oferecer as mobílias. Comprara o apartamento a Ludo, concedendo-lhe o usufruto vitalício do
mesmo, e comprometendo-se a pagar os estudos de Sabalu até este concluir a universidade.
A mulher entrou. Sentou-se numa das cadeiras, tensa, agarrada à bolsa como a uma boia de salvação.
Sabalu foi buscar chá e biscoitos.
Não sei como a hei de chamar.
Pode chamar-me Ludovica, é o meu nome.
Um dia poderei chamá-la mãe?
Ludo apertou as mãos de encontro ao ventre. Podia ver, através das janelas, os ramos mais altos da
mulemba. Nenhuma brisa os inquietava.
Sei que não tenho desculpa, murmurou: Era muito nova, e estava assustada. Isso não justifica o que
fiz.
Maria da Piedade arrastou a cadeira para junto dela. Pousou a mão direita no seu joelho:
Não vim a Luanda para cobrar nada. Vim para a conhecer. Quero levá-la de volta para a nossa terra.
Ludo segurou-lhe a mão:
Filha, esta é a minha terra. Já não me resta outra.
Apontou para a mulemba:
Tenho visto crescer aquela árvore. Ela viu-me envelhecer a mim.
Conversamos muito.
A senhora há de ter família em Aveiro.
Família?!
Família, amigos, eu sei lá.
Ludo sorriu para Sabalu, que assistia a tudo, muito atento, enterrado num dos sofás:
A minha família é esse menino, a mulemba lá fora, o fantasma de um cão. Vejo cada vez pior. Um
oftalmologista, amigo do meu vizinho, esteve aqui em casa, a observar-me. Disse-me que nunca perderei
a vista por completo. Resta-me a visão periférica. Hei de sempre distinguir a luz, e a luz neste país é uma
festa. Em todo o caso, não pretendo mais: A luz, Sabalu a ler para mim, e a alegria de uma romã todos
os dias.
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AGUALUSA, José Eduardo. Teoria Geral do Esquecimento. Rio de Janeiro: Foz, 2012.
A frase “Ela viu-me envelhecer a mim.”, como efeito expressivo, é exemplo de:
a) hipérbole.
b) pleonasmo.
c) prosopopeia.
d) eufemismo.
e) anáfora.
Parada em um sinal de trânsito, uma cena capturou minha atenção e me fez pensar como, ao longo
da vida, a segregação da sociedade brasileira nos bestializa
01 Era a largada de duas escolas que estavam situadas uma do lado da outra, separadas por um
muro altíssimo de uma 02 delas. Da escola pública saíam crianças correndo, brincando e falando alto.
A maioria estava desacompanhada e dirigia-03 se ao ponto de ônibus da grande avenida, que terminaria
nas periferias. Era uma massa escura, especialmente quando 04 contrastada com a massa mais clara
que saía da escola particular do lado: crianças brancas, de mãos dadas com os 05 pais, babás ou
seguranças, caminhando duramente em direção à fila de caminhonetes. Lado a lado, os dois grupos não
06 se misturavam. Cada um sabia exatamente seu lugar. Desde muito pequenas, aquelas crianças
tinham literalmente 07 incorporado a segregação à brasileira, que se caracteriza pela mistura única
entre o sistema de apartheid racial e o de 08 castas de classes. Os corpos domesticados revelavam o
triste processo de socialização ao desprezo, que tende a só 09 piorar na vida adulta. [...]
PINHEIRO-MACHADO, Rosana. In http://www.cartacapital.com.br/sociedade/marginalzinho-a-socializacao-de-uma-elite-vazia-e-covarde- 3514.html (acesso
em 07/03/16).
Nos PCN, com relação à prática de produção de textos escritos, existem orientações acerca desse
conteúdo, entre as quais a “utilização de mecanismos discursivos e linguísticos de coerência e coesão
textuais, conforme o gênero e os propósitos do texto, desenvolvendo diferentes critérios: [...] de
propriedade dos recursos linguísticos (repetição, retomadas, anáforas, conectivos) na expressão da
relação entre constituintes do texto”. Quanto ao uso dos conectivos e a relação semântica existente entre
os enunciados, inexistindo conectivos explícitos, considerando a necessidade de o professor transmitir
tais conteúdos sem que o aluno precise memorizar um sem-número de conjunções, é exato afirmar que,
em “Lado a lado, os dois grupos não se misturavam. Cada um sabia exatamente seu lugar” (l. 06), um
aluno do nono ano deve ser conduzido a compreender que, entre esses dois períodos, se detecta a
relação semântica de:
a) conformidade.
b) condição.
c) tempo.
d) causa.
Respostas
01. Resposta E
Anáfora é uma figura de construção ou sintaxe, esta é gênero e altera de alguma forma a construção
regular da frase, da oração, do período, do verso; aquela é espécie e consiste na repetição de uma mesma
palavra, de um mesmo vocábulo no início de cada oração, de cada período ou de cada verso de uma
composição. O objetivo é conferir maior expressividade, elegância à construção textual.
“Se você gritasse,
Se você gemesse,
Se você tocasse...”
Outro exemplo:
“Ei-la aí a cólera santa! Eis a ira divina!
Quem, senão ela, há de expulsar do templo o renegado, o blasfemo, o profanador, o simoníaco?
Quem, senão ela, exterminar da ciência o apedeuta, o plagiário, o charlatão?
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Quem, senão ela, banir da sociedade o imoral, o corruptor, o libertino?
Quem, senão ela, varrer dos serviços do Estado o prevaricador, o concussionário e o ladrão público?
Quem, senão ela, precipitar do governo o negocismo, a prostituição política ou a tirania?
Quem, senão ela, arrancar a defesa da pátria à cobardia, à inconfidência, ou à traição?”
(Rui Barbosa)
02. Resposta B
A) hipérbole_ permite exprimir uma ideia de forma exagerada
Ex: Já disse um milhão de vezes a mesma coisa.
B) gabarito.
C) prosopopeia_ permite atribuir qualidades animadas a seres irracionais ou inanimados.
Ex: A sorte bate em sua porta.
D) eufemismo_ tem objetivo de suavizar expressões chocantes.
Ex: Ele faltou com a verdade. (Em vez de dizer "ele mentiu")
E) anáfora_ é a repetição das mesmas palavras com a finalidade de reforçar uma ideia.
Ex: nada de educação, nada de saúde, nada de emprego. Este país está à beira de um precipício.
03. Resposta D
Relação de Causa: Qual a causa dos dois grupos não se misturarem - porque cada um sabia
exatamente seu lugar.
Semântica
A semântica7 é o estudo do significado. Incide sobre a relação entre significantes, tais como palavras,
frases, sinais e símbolos, e o que eles representam, a sua denotação. A semântica linguística estuda o
significado usado por seres humanos para se expressar através da linguagem. Outras formas de
semântica incluem a semântica nas linguagens de programação, lógica formal, e semiótica.
Em sentido largo, pode-se entender semântica como um ramo dos estudos linguísticos que se ocupa
dos significados produzidos pelas diversas formas de uma língua. Dentro dessa definição ampla, pertence
ao domínio da semântica tanto a preocupação com determinar o significado dos elementos constituintes
das palavras (prefixo, radical, sufixo) como o das palavras no seu todo e ainda o de frases inteiras.
Linguagem
Tipos de Linguagem
Verbal: a Linguagem Verbal é aquela que faz uso das palavras para comunicar algo.
Não Verbal: é aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as palavras. Dentre
elas estão a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a linguagem corporal, uma figura, a
expressão facial, um gesto, etc.
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Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php
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Língua
A Língua é um instrumento de comunicação, sendo composta por regras gramaticais que possibilitam
que determinado grupo de falantes consiga produzir enunciados que lhes permitam comunicar-se e
compreender-se. Por exemplo:
A língua possui um caráter social: pertence a todo um conjunto de pessoas, as quais podem agir sobre
ela. Cada membro da comunidade pode optar por esta ou aquela forma de expressão. Por outro lado,
não é possível criar uma língua particular e exigir que outros falantes a compreendam. Dessa forma, cada
indivíduo pode usar de maneira particular a língua comunitária, originando a fala. A fala está sempre
condicionada pelas regras socialmente estabelecidas da língua, mas é suficientemente ampla para
permitir um exercício criativo da comunicação. Um indivíduo pode pronunciar um enunciado da seguinte
maneira:
Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois meios de comunicação distintos. A escrita
representa um estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais espontânea, abrange a
comunicação linguística em toda sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas
vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas a representação da língua
falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o jogo fisionômico,
as mímicas e o tom de voz do falante.
No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, mas existem usos diferentes da língua devido
a diversos fatores. Dentre eles, destacam-se:
Fatores regionais: é possível notar a diferença do português falado por um habitante da região
nordeste e outro da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma região, também há variações no uso
da língua. No estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua utilizada por um
cidadão que vive na capital e aquela utilizada por um cidadão do interior do estado.
Fatores culturais: o grau de escolarização e a formação cultural de um indivíduo também são fatores
que colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de uma
maneira diferente da pessoa que não teve acesso à escola.
Fatores contextuais: nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que nos encontramos:
quando conversamos com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se estivéssemos
discursando em uma solenidade de formatura.
Fatores profissionais: o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas de língua
chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas formas têm uso praticamente
restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, químicos, profissionais da área de direito e da informática,
biólogos, médicos, linguistas e outros especialistas.
Fatores naturais: o uso da língua pelos falantes sofre influência de fatores naturais, como idade e
sexo. Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí falar-se em linguagem
infantil e linguagem adulta.
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Fala
É a utilização oral da língua pelo indivíduo. É um ato individual, pois cada indivíduo, para a
manifestação da fala, pode escolher os elementos da língua que lhe convém, conforme seu gosto e sua
necessidade, de acordo com a situação, o contexto, sua personalidade, o ambiente sociocultural em que
vive, etc. Desse modo, dentro da unidade da língua, há uma grande diversificação nos mais
variados níveis da fala. Cada indivíduo, além de conhecer o que fala, conhece também o que os outros
falam; é por isso que somos capazes de dialogar com pessoas dos mais variados graus de cultura,
embora nem sempre a linguagem delas seja exatamente como a nossa.
Níveis da fala
Nível coloquial-popular: é a fala que a maioria das pessoas utiliza no seu dia a dia, principalmente
em situações informais. Esse nível da fala é mais espontâneo, ao utilizá-lo, não nos preocupamos em
saber se falamos de acordo ou não com as regras formais estabelecidas pela língua.
Nível formal-culto: é o nível da fala normalmente utilizado pelas pessoas em situações formais.
Caracteriza-se por um cuidado maior com o vocabulário e pela obediência às regras gramaticais
estabelecidas pela língua.
Signo
Signo = significado (é o conceito, a ideia transmitida pelo signo, a parte abstrata do signo) +
significante (é a imagem sonora, a forma, a parte concreta do signo, suas letras e seus fonemas)
O significado das palavras8 é estudado pela semântica, a parte da gramática que estuda não só o
sentido das palavras como as relações de sentido que as palavras estabelecem entre si: relações de
sinonímia, antonímia, paronímia, homonímia, ...
Compreender essas relações nos proporciona o alargamento do nosso universo semântico,
contribuindo para uma maior diversidade vocabular e maior adequação aos diversos contextos e
intenções comunicativas.
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https://www.normaculta.com.br/significacao-das-palavras/
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Sinônimos
Trata9 de palavras diferentes na forma, mas com sentidos iguais ou aproximados. Não se iluda: não
existe sinônimo perfeito. Tudo depende do contexto e da intenção do falante.
Vale lembrar também que muitas palavras são sinônimas, se levarmos em conta as variações
geográficas (aipim = macaxeira; mexerica = tangerina; pipa = papagaio; aipo = salsão...).
Exemplos de sinônimos:
- Brado, grito, clamor.
- Extinguir, apagar, abolir, suprimir.
- Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial.
Na maioria das vezes não tem diferença usar um sinônimo ou outro. Embora tenham sentido comum,
os sinônimos diferenciam-se, entretanto, uns dos outros, por matizes de significação e certas
propriedades que o escritor não pode desconhecer.
Com efeito, estes têm sentido mais amplo, aqueles, mais restrito (animal e quadrúpede); uns são
próprios da fala corrente, desataviada, vulgar, outros, ao invés, pertencem à esfera da linguagem culta,
literária, científica ou poética (orador e tribuno, oculista e oftalmologista, cinzento e cinéreo).
A contribuição Greco-latina é responsável pela existência, em nossa língua, de numerosos pares de
sinônimos.
Exemplos:
- Adversário e antagonista.
- Translúcido e diáfano.
- Semicírculo e hemiciclo.
- Contraveneno e antídoto.
- Moral e ética.
- Colóquio e diálogo.
- Transformação e metamorfose.
- Oposição e antítese.
O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinonímia, palavra que também designa o emprego
de sinônimos.
Antônimos
Trata de palavras, expressões ou frases diferentes na forma e com significações opostas, excludentes.
Normalmente ocorre por meio de palavras de radicais diferentes, com prefixo negativo ou com prefixos
de significação contrária.
Exemplos:
- Ordem e anarquia.
- Soberba e humildade.
- Louvar e censurar.
- Mal e bem.
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Pestana, Fernando. A gramática para concursos públicos / Fernando Pestana. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
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- pré-nupcial/pós-nupcial
Homônimos
Trata de palavras iguais na pronúncia e/ou na grafia, mas com significados diferentes. Exemplos:
- São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo).
- Aço (substantivo) e asso (verbo).
Só o contexto é que determina a significação dos homônimos. A homonímia pode ser causa de
ambiguidade, por isso é considerada uma deficiência dos idiomas.
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto fônico (som) e o gráfico (grafia). Daí serem
divididos em:
Parônimos
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- ratificar (confirmar) e retificar (tornar reto, corrigir),
- vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa) e vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).
Polissemia
Trata da pluralidade significativa de um mesmo vocábulo, que, a depender do contexto, terá uma
significação diversa. Em palavras mais simples: a palavra polissêmica é aquela que, dependendo do
contexto, muda de sentido (mas não muda de classe gramatical!).
Por exemplo, veja os sentidos de “peça”: “peça de automóvel”, “peça de teatro”, “peça de bronze”, “és
uma boa peça”, “uma peça de carne” etc. Só de curiosidade: a palavra ponto é a mais polissêmica da
nossa língua.
Exemplos:
- Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as plantas ou apagar incêndios; árvore frutífera;
grande curral de gado.
- Pena: pluma; peça de metal para escrever; punição; dó.
- Velar: cobrir com véu; ocultar; vigiar; cuidar; relativo ao véu do palato.
Podemos citar ainda, como exemplos de palavras polissêmicas, o verbo dar e os substantivos linha e
ponto, que têm dezenas de acepções.
Denotação e Conotação
A denotação trata do significado básico e objetivo de uma palavra; uma palavra com sentido
denotativo está no seu sentido literal, primário, real.
– Gosto de estudar à noite.
A conotação é o avesso, pois trata do sentido figurado, simbólico, não literal das palavras.
– Há dias que amanhecem noite.
Note que o verbo amanhecer também está no sentido figurado, porque dias não amanhecem. O ato
de amanhecer não depende de ser algum, pois amanhecer é um fenômeno natural.
Questões
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dispositivo móvel ou quando ficam sem conexão com a Internet. Essa informação, como toda nova droga,
ao embotar a razão e abrir os poros da sensibilidade, pode tanto ser um remédio quanto um veneno para
o espírito.
(Vinicius Romanini, Tudo azul no universo das redes. Revista USP, no 92. Adaptado)
As expressões destacadas nos trechos – meter o bedelho / estimar parâmetros / embotar a razão –
têm sinônimos adequados respectivamente em:
(A) procurar / gostar de / ilustrar
(B) imiscuir-se / avaliar / enfraquecer
(C) interferir / propor / embrutecer
(D) intrometer-se / prezar / esclarecer
(E) contrapor-se / consolidar / iluminar
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sentido diferente. Esse caso, mesmo som, grafias diferentes, denomina-se homônimo heterográfico.
Assinale a alternativa em que todas as palavras se encontram nesse caso.
Os rinocerontes-negros estão entre os bichos mais visados da África, pois sua espécie é uma das
preferidas pelo turismo de caça. Para tentar salvar alguns dos 4.500 espécimes que ainda restam na
natureza, duas ONG ambientais apelaram para uma solução extrema: transportar os rinocerontes de
helicóptero. A ação utilizou helicópteros militares para remover 19 espécimes – com 1,4 toneladas cada
um – de seu habitat original, na província de Cabo Oriental, no sudeste da África do Sul, e transferi-los
para a província de Lampopo, no norte do país, a 1.500 quilômetros de distância, onde viverão longe dos
caçadores. Como o trajeto tem áreas inacessíveis de carro, os rinocerontes tiveram de voar por 24
quilômetros. Sedados e de olhos vendados (para evitar sustos caso acordassem), os rinocerontes foram
içados pelos tornozelos e voaram entre 10 e 20 minutos. Parece meio brutal? Os responsáveis pela
operação dizem que, além de mais eficiente para levar os paquidermes a locais de difícil acesso, o
procedimento é mais gentil.
(BADÔ, F. A fuga dos rinocerontes. Superinteressante, nº 229, 2011.)
A palavra radical pode ser empregada com várias acepções, por isso denomina-se polissêmica.
Assinale o sentido dicionarizado que é mais adequado no contexto acima.
(A) Que existe intrinsecamente num indivíduo ou coisa.
(B) Brusco; violento; difícil.
(C) Que não é tradicional, comum ou usual.
(D) Que exige destreza, perícia ou coragem.
O gavião
Gente olhando para o céu: não é mais disco voador. Disco voador perdeu o cartaz com tanto satélite
beirando o sol e a lua. Olhamos todos para o céu em busca de algo mais sensacional e comovente – o
gavião malvado, que mata pombas.
O centro da cidade do Rio de Janeiro retorna assim à contemplação de um drama bem antigo, e há o
partido das pombas e o partido do gavião. Os pombistas ou pombeiros (qualquer palavra é melhor que
“columbófilo”) querem matar o gavião. Os amigos deste dizem que ele não é malvado tal; na verdade
come a sua pombinha com a mesma inocência com que a pomba come seu grão de milho.
Não tomarei partido; admiro a túrgida inocência das pombas e também o lance magnífico em que o
gavião se despenca sobre uma delas. Comer pombas é, como diria Saint-Exupéry, “a verdade do gavião”,
mas matar um gavião no ar com um belo tiro pode também ser a verdade do caçador.
Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente o gavião; ao homem, se não houver outro
bicho que o mate, pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro homem.
(Rubem Braga. Ai de ti, Copacabana, 1999. Adaptado)
O termo gavião, destacado em sua última ocorrência no texto – … pode lhe suceder que ele encontre
seu gavião em outro homem. –, é empregado com sentido
(A) próprio, equivalendo a inspiração.
(B) próprio, equivalendo a conquistador.
(C) figurado, equivalendo a ave de rapina.
(D) figurado, equivalendo a alimento.
(E) figurado, equivalendo a predador.
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08. (IPSMI – Procurador – VUNESP/2016)
Contratempos
Ele nunca entendeu o tédio, essa impressão de que existem mais horas do que coisas para se fazer
com elas. Sempre faltou tempo para tanta coisa: faltou minuto para tanta música, faltou dia para tanto sol,
faltou domingo para tanta praia, faltou noite para tanto filme, faltou ano para tanta vida.
Existem dois tipos de pessoa. As pessoas com mais coisa que tempo e as pessoas com mais tempo
que coisas para fazer com o tempo.
As pessoas com menos tempo que coisa são as que buzinam assim que o sinal fica verde, e ficam em
pé no avião esperando a porta se abrir, e empurram e atropelam as outras para entrar primeiro no vagão
do trem, e leem livros que enumeram os “livros que você tem que ler antes de morrer” ao invés de ler
diretamente os livros que você tem de ler antes de morrer.
Esse é o caso dele, que chega ao trabalho perguntando onde é a festa, e chega à festa querendo
saber onde é a próxima, e chega à próxima festa pedindo táxi para a outra, e chega à outra percebendo
que era melhor ter ficado na primeira, e quando chega a casa já está na hora de ir para o trabalho.
Ela sempre pertenceu ao segundo tipo de pessoa. Sempre teve tempo de sobra, por isso sempre leu
romances longos, e passou tardes longas vendo pela milésima vez a segunda temporada de “Grey’s
Anatomy” mas, por ter tempo demais, acabava sobrando tempo demais para se preocupar com uma
hérnia imaginária, ou para tentar fazer as pazes com pessoas que nem sabiam que estavam brigadas
com ela, ou escrever cartas longas dentro da cabeça para o ex-namorado, os pais, o país, ou culpar o sol
ou a chuva, ou comentar “e esse calor dos infernos?”, achando que a culpa é do mau tempo quando na
verdade a culpa é da sobra de tempo, porque se ela não tivesse tanto tempo não teria nem tempo para
falar do tempo.
Quando se conheceram, ele percebeu que não adiantava correr atrás do tempo porque o tempo
sempre vai correr mais rápido, e ela percebeu que às vezes é bom correr para pensar menos, e pensar
menos é uma maneira de ser feliz, e ambos perceberam que a felicidade é uma questão de tempo.
Questão de ter tempo o suficiente para ser feliz, mas não o bastante para perceber que essa felicidade
não faz o menor sentido.
(Gregório Duvivier. Folha de S. Paulo, 30.11.2015. Adaptado)
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(B) “Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender uma arma, nem um peito resfolegante...”
(C) “Era, com efeito, contraproducente compensação a tão luxuosos gastos de combates...”
(D) “...os arcabouços esmirrados e sujos...”
(E) “faces túmidas e mortas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante”
Respostas
01. (B)
Imiscuir: tomar parte em, dar opinião sobre (algo) que não lhe diz respeito; intrometer-se, interferir
Embotar: tirar ou perder o vigor; enfraquecer(-se).
02. (A)
Armistício é um acordo formal, segundo o qual, partes envolvidas em conflito armado concordam em
parar de lutar. Não necessariamente é o fim da guerra, uma vez que pode ser apenas um cessar-fogo
enquanto tenta-se realizar um tratado de paz.
03. (C)
a) Discriminação é um substantivo feminino que significa distinguir ou diferenciar.
b) Eminente é o que se destaca por sua qualidade ou importância; excelente, superior. Iminente é o
que está prestes a acontecer.
c) Correta
d) Bom senso é um conceito usado na argumentação que está estritamente ligado às noções de
sabedoria e de razoabilidade.
e) Estrato se refere a uma camada, uma faixa. Extrato se refere, principalmente, a alguma coisa que
foi retirada de outra, ou seja, extraída de outra.
04. (A)
a) CORRETA. Paronímia “é a relação que se estabelece entre duas ou mais palavras que possuem
significados diferentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita, isto é, os parônimos”.
Exemplos: Cavaleiro – cavalheiro
Absolver – absorver
Comprimento – cumprimento.
b) INCORRETA. Tais palavras são homófonas e homógrafas, ou seja, possuem grafia e pronúncia
iguais.
Outro exemplo é: Cura (verbo) e Cura (substantivo).
c) INCORRETA. Tais palavras são homófonas, ou seja, apesar de possuírem a mesma pronúncia,
são diferentes na escrita.
Outro exemplo é: cela (substantivo) e sela (verbo)
05. (A)
a) taxa, cesta, assento
TAXA/TACHA(verbo) - homônimo homófono
CESTA/SEXTA = homônimo homófono
ASSENTO/ACENTO = homônimo homófono
b) conserto, pleito, ótico
CONCERTO/CONSERTO = homônimo homófono
PLEITO/PREITO = parônimos (parecidas)
ÓTICO/OPTICO = Ótico: relativo aos ouvidos/Óptico: relativo aos olhos = parônimos
c) cheque, descrição, manga
CHEQUE/XEQUE = homônimos homófonos
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DESCRIÇÃO/DISCRIÇÃO=parônimos
MANGA (roupa)/MANGA(fruta) = homônimos perfeitos
d) serrar, ratificar, emergir
CERRAR/SERRAR = homônimos homófonos
RATIFICAR/RETIFICAR = parônimos
EMERGIR/IMERGIR = parônimos
06. (C)
Polissemia: “Trata da pluralidade significativa de um mesmo vocábulo, que, a depender do contexto,
terá uma significação diversa. Em palavras mais simples: a palavra polissêmica é aquela que,
dependendo do contexto, muda de sentido (mas não muda de classe gramatical!). “A Gramática para
concursos públicos, 2º edição, 2015, p. 81)
Os rinocerontes fugiram de helicóptero, concordam que é uma maneira incomum? Não é algo que se
ver diariamente, por isso a alternativa que se encaixa melhor no contexto é a letra "c".
07. (E)
"Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente o gavião; ao homem, se não houver
outro bicho que o mate, pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro homem."
O trecho indica que na ausência de um outro predador para o homem (alguém que lhe mate - ideia
substituída no texto pela associação com o gavião, em sentido figurado), pode acontecer de ser outro
homem o responsável por tal ato.
08. (D)
O contexto é determinante para que atribuamos este ou aquele sentido a uma palavra.
09. (E)
"face túmidas e mortas" dá o sentido figurado.
10. (D)
CONOTATIVO- SENTIDO FIGURADO
DENOTATIVO - sentido real (dicionário)
a) Estou morta de cansada.
b) Aquela mulher fala mal de todos na vizinhança! É uma cobra. FIGURADO
c) Todo cuidado é pouco. As paredes têm ouvidos. FIGURADO
d) Reclusa desde que seu cachorrinho morreu, Filomena finalmente saiu de casa ontem.
DENOTATIVO
e) Minha amiga é tão agitada! A bateria dela nunca acaba! FIGURADO
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