Argumentação Do Circo - Espetáculo Varekai - Cirque Du Soleil
Argumentação Do Circo - Espetáculo Varekai - Cirque Du Soleil
Argumentação Do Circo - Espetáculo Varekai - Cirque Du Soleil
RESUMO:
ABSTRACT:
Cet article veut discutir l'argumentation du cirque, focalisant l'étude dans le release du
spectacle Varekai présenté par le Cirque du Soleil. Il essaie apporter indications sur l'auditoire
dans laquelle le spectacle Varekai se dirige et discuter les techniques argumentatives utilisées
au release, à partir de presupos teorique developé par Perelman et Tyteca (2005). D’abord,
l’article décrit l'histoire du cirque, et montre son évolution dés le Cirque Moderne jusqu’au
Cirque Contemporain, et le classement des cirques, comme petit, moyen et grand dimensions,
il détache que le Cirque du Soleil est un cirque de grand dimensions . Il discute de l'auditoire
du spectacle Varekai et finalement, aborde les techniques argumentatives que se présentent
dans le release.
Introdução
Este artigo tem por finalidade discutir sobre a argumentação do circo, direcionando-se,
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Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens da Universidade do Estado da Bahia –
UNEB, Departamento de Ciências Humanas. Autora
Professora Doutora. Titular da Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Atua no Programa de Pós-
Graduação em Estudo de Linguagens. Co-autora
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O circo, como se conhece hoje, tem suas origens ainda no século XVIII com o
surgimento Circo Moderno. A criação do Circo Moderno é atribuída a Philip Astley, um inglês
que, valendo-se das proezas de exímios cavaleiros, dispensados ou reformados das forças
armadas da Inglaterra, organizava espetáculos.
Vale salientar, porém, que o termo “circo” para designar essa tipologia de espetáculo
só foi usado, pela primeira vez, por volta de 1780, quando um artista chamado Charles
Hughes, que fazia parte da companhia de Astley, abriu um estabelecimento ao qual deu o
nome de Royal Circus.
apresentações. Até este momento, a estrutura circular de lona como se vê atualmente ainda
não existia.
Com as constantes mudanças vivenciadas pelo circo ao longo de sua história, o seu
espetáculo foi deixando de ser realizado apenas em espaços fixos para acontecer também de
maneira itinerante. Essa nova maneira de o circo apresentar os espetáculos foi corroborada
por John Bill Ricketts, um artista americano que teve a idéia de construir um circo de lona,
estrutura caracterizada pela facilidade de montagem e transporte. E assim surge o “circo
americano”, circo que apresenta as características estruturais prevalecentes até os dias atuais.
do Cirque du Soleil, desde a sua fundação, mais de cem milhões de pessoas já assistiram a
seus espetáculos, sendo previstas cerca de quinze milhões de pessoas para essa temporada.
Vale destacar, porém, que é principalmente no momento do espetáculo que o circo faz
suscitar as mais diversas emoções e sentidos, e o público tem a possibilidade de vivenciar esse
universo mágico; nesse contexto, como apontado por Bolognesi (2002, p.5),
[...] o fogo não queima; no trapézio, o homem voa; o aramista vence distâncias
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Perelman e Tyteca (2005) apontam que a argumentação visa obter a adesão daqueles
aos quais se dirige e indicam que é fundamental que essa seja elaborada inteiramente em
função do auditório. Ao definir o auditório como sendo “o conjunto daqueles que o orador
quer influenciar com a sua argumentação” (p.22), os autores destacam a existência de três
tipos distintos, como demonstrado por Monteiro (2011, p.95)
Neles compreendem aqueles que apelam para as estruturas lógicas – contradição, identidade
parcial ou total, transitividade e os que apelam para estruturas matemáticas – que estabelecem
a relação da parte com o todo, do maior com o menor, relação de frequência. Destes,
discorrer-se-á apenas sobre o que se refere às estruturas lógicas, no que toca à identidade.
Numa definição, para evitar que a identificação venha sugerir termos como
equivalentes Perelman e Tyteca (2005) apontam para a necessidade de se fazer a distinção
deles e, nessa perspectiva, recorrendo à classificação indicada por Arne Naess, destacam
quatro tipos distintos de definições: as definições normativas, que tem como escopo indicar a
forma que se quer que uma palavra seja usada; as definições descritivas que indicam o sentido
que uma palavra terá em determinado contexto em determinado momento; as definições de
condensação que indicam os elementos essenciais de uma definição descritiva; e as definições
complexas que combinam de forma variável elementos pertencentes aos três tipos de
definições já comentadas.
Ao indicar que o caráter argumentativo das definições fica mais evidente quando um
mesmo termo apresenta definições variadas, Perelman e Tyteca (2005, p.241) comentam que
essas definições tanto podem ser elementos sucessivos de uma definição descritiva, como
definições descritivas opostas e incompletas, definições normativas ou de condensação que
são incompatíveis. Alem disso, destacam que o caráter argumentativo das definições conflui
dois aspectos intimamente ligados, indicando que as definições podem ser justificadas e
valorizadas, sendo essas justificações e valorações também uma forma de argumentar. A
respeito da justificação, os autores relatam a existência da possibilidade de utilizar diversos
meios para fundamentar a escolha, entre os quais citam o recurso à etimologia e o recurso à
substituição da definição pelas consequências por uma definição pelas condições, ou ao
contrário.
Ademais das definições apontadas por Perelman e Tyteca (2005) é interessante mostrar
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também as classificações destacadas por Abreu (2001), quais: definição lógica, através da
qual se define claramente o objeto; definições expressivas, que contrariamente à definição
lógica, não possui compromisso com a fidelidade descritiva, mas depende de um ponto de
vista; definições normativas, que indicam o sentido dado a uma palavra em um discurso e
dependem de um acordo com o auditório; definições etimológicas, que se baseiam na origem
das palavras.
Ao analisar a classificação dos autores, é possível perceber alguns pontos que podem
ser comentados. No que toca as definições normativas, por exemplo, enquanto Perelman e
Tyteca (2005) apontam como sendo aquela que indica a forma que se quer que uma palavra
seja usada, Abreu (2001) as conceitua como sendo aquelas que indicam o sentido que se quer
dar a uma palavra. É interessante mencionar aqui que a compreensão encontrada em Abreu do
que seja a definição normativa se distancia daquela oferecida por Perelman e Tyteca, mas, em
contrapartida, encontra similaridade com uma outra, a definição descritiva, que os autores
indicam como sendo aquela que indica o sentido de uma palavra em determinado contexto,
em determinado momento.
Outro aspecto que pode ser comentado diz respeito ao uso da etimologia, a qual,
diferentemente de Perelman e Tyteca (2005), que a apresentam como sendo um meio de
justificar o uso de uma definição dada, Abreu (2001) a aponta como sendo um tipo de
definição.
A respeito do texto do release objeto de análise pode-se afirmar, com base no discurso
exposto, que o Cirque du Soleil, remetendo a um lugar mítico-fictício para indicar o que seja
o Varekai, faz, inicialmente, a definição do temo como sendo um “lugar onde tudo é
possível”. Essa definição, amparando-se no que Perelman e Tyteca (2005) sinalizam como
identificação, utiliza o procedimento da definição completa do tipo descritiva.
Ao observar a tradução desta palavra, é possível pensar que a mesma faça referência
à sua definição etimológica, mas antes de fazer tal asserção é válido considerar que a palavra
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Varekai é originária da língua falada pelos ciganos, os quais têm por tradição a transmissão
oral de seus saberes, o que inclui o idioma. Assim, por se configurar em um idioma ágrafo,
mesmo que sua definição pareça indicar o significado etimológico da palavra Varekai no
idioma romani, só é possível afirmar que o Cirque du Soleil fez uma tradução do termo.
Conclusão
Referências
ABREU, Antônio Suarez. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. Cotia: Ateliê,
2006.