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MANOBRABILIDADE
RIO DE JANEIRO
2013
JOSELY VIEIRA DE SOUZA
Rio de Janeiro
2013
JOSELY VIEIRA DE SOUZA
_________________________
Assinatura do Orientador
NOTA FINAL:____________
DEDICATÓRIA
Agradeço as minhas amigas pelos momentos de descontração, pelo apoio nas horas mais
difíceis, aos mestres que passaram experiências e conhecimentos proporcionando uma
pesquisa mais selecionada, ao orientador Professor Rodrigues que ajudou a enriquecer meu
tema, a turma de 2011 por esses três anos de lutas e glórias para alcançar o nosso objetivo: a
formatura.
RESUMO
ABSTRACT
When studying the maneuverability of a vessel, the main scope is to analyze its ability to
maintain a steady heading, as well as to measure its turning ability. Indirectly, these two
assessments intent to evaluate the rudder efficiency. In order to develop a ship of high
performance it is imperative to satisfy three basic requirements that should be dealt with in a
single manner and oriented towards the ship's performance as a whole and its mission:
propulsion, seakeeping and maneuverability. The propeller has great importance when it
comes to maneuvering a ship. The mechanic efficiency of a propeller is measured through
mathematical formulae. There are various factors that concur to the propeller's efficiency such
as the blade angle of attack, or the angle between the resulting direction of the flow speed and
the blade rotation direction. Vessels should present high performance in propulsion, be able to
face adverse winds and waves and be comprised to deliver safety when navigating even when
in turbulent seas. It is basal to understand the causes underlying ships’ movement so as to
understand the ability that they have to execute certain maneuvers.
Figura 12 Leme T
Figura 24 Tabela
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................13
2 HÉLICE.......................................................................................................... ......................21
3.7 Navio com seguimento para vante e hélice dando atrás.......................... .........................35
3.8 Navio com seguimento para ré e hélice dando adiante ........................... .........................37
3.10.4 Navio com seguimento para vante e hélice dando atrás................... .........................42
3.10.5 Navio com seguimento para ré e hélice dando adiante ........................ .....................42
4.8.1 Vantagens.....................................................................................................................48
BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................51
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CAPÍTULO 1
LEME
A maioria das embarcações tem um único leme que se localiza bem junto à popa. Os
navios que navegam em lagos e rios podem ter dois lemes: um a vante e outro a ré. Alguns
rebocadores e embarcações de desembarque têm um leme por ante-a-vante e outro ante-a-ré
do hélice. Os lemes podem ser compensados ou não compensados e, quanto ao suporte,
podem ser apoiados e suspensos. Eles podem ser classificados quanto à posição da madre em
relação à porta e quanto à sustentação vertical.
A porta fica por ante-a-ré da madre. (Figura 1 – anexo). O leme ordinário é suportado
pelo cadaste, por meio das governaduras e, principalmente, pelo pino mais baixo.
1.1.5.1 Apoiado
São aqueles em que a madre é sustentada verticalmente, seja por uma base na parte
inferior do cadaste, seja por meio de governaduras (Figura 4 – anexo).
É leme especial que tem a seção transversal hidrodinâmica (em forma de uma gota
d'água) para melhor dirigir a passagem dos filetes líquidos (Figura 7 – anexo). A porta do
leme trabalha por ante-a-ré de uma peça fixa que lhe completa a forma hidrodinâmica e serve
de cadaste exterior do casco. Foi patenteado em mil novecentos e vinte e cinco pelo
engenheiro alemão Oertz.
1.2.2 Contraleme
Leme especial que consta de um arranjo do leme em que a metade de cima da porta é
ligeiramente torcida para um bordo e a metade de baixo para outro bordo.
O objetivo desta torção é o endireitamento da corrente espiral que é descarregada pelo
hélice; com isto se consegue melhorar o efeito da tração do propulsor e também se aumenta o
efeito do leme. O sistema foi patenteado em mil novecentos e vinte pela Star Contra-Propeller
(Figura 8 – anexo).
Outro tipo de leme especial. O leme kitchen tem sido aplicado com sucesso nas
embarcações pequenas (Figura 9 – anexo). Consiste em duas pás semicirculares, que se
movem em torno de um eixo vertical comum, por ação de duas madres concêntricas. Com
este leme governa-se, varia-se a velocidade e inverte-se o movimento da embarcação, sem
alterar o regime do motor. A variação da velocidade é determinada pelas aberturas das
lâminas; quando elas vão se fechando, vai aumentando a resistência oposta à corrente de
descarga do hélice. Quando se fecham completamente a embarcação passa a dar atrás. O
governo é feito carregando-se o leme para um ou para outro bordo, como nos lemes
ordinários.
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O objetivo dos flaps é gerar uma sustentação extra para os lemes. Eles ficam na
extremidade mais a ré e funcionam de modo a gerar uma força a mais para atuar na parte de ré
do leme (Figura 10 – anexo). Um dos modelos mais conhecidos é o Becker, que leva o nome
da firma fabricante.
O flap pode atingir um ângulo de setenta graus em relação à linha de centro do leme
quando este está a meio, sem que haja o risco de estolar, como aconteceria com um leme
convencional. A atuação do flap rende um maior acúmulo de água na extremidade mais a ré
do leme, gerando uma pressão maior naquela região, contribuindo para manobras mais
eficientes.
Combina o cilindro rotativo do leme com rotor e o uso de flaps (Figura 12 – anexo).
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Vistos de cima, os lemes têm o formato de um peixe, isto é, mais largos na parte de
vante e estreitando para ré, sendo côncavos no meio (Figura 13 – anexo). Todavia, nas partes
superior e inferior são colocadas placas na horizontal, de tal modo que, olhando os lemes por
trás, vemos o desenho do número um em algarismos romanos (Figura 14 – anexo).
As placas horizontais ajudam a conter e canalizar o escoamento em torno do leme,
evitando que ele se torne excessivamente turbulento.
Desse modo, os lemes podem atingir até setenta graus de deflexão sem estolar. Este
tipo de leme também é conhecido pelo nome de Leme Schilling Simples ou MonoVec
Schilling.
Nesse modo de operação, o leme cicloidal não atua como leme, propriamente; mas,
sim, como um propulsor cicloidal, pois gera uma descarga de direção e intensidade
controladas pelo operador (a atuação de propulsores cicloidais será estudada mais adiante).
Considere um navio em marcha a vante, leme a meio. Neste caso, o navio está
submetido a duas forças opostas:
a. a resistência oferecida pelo meio líquido; e
b. a força de propulsão a vante.
Se o navio está em movimento é porque a força de propulsão para avante é maior do
que a resistência oferecida pelo meio líquido. Como o casco é simétrico, a resistência à
propulsão é igual nos dois bordos, e o navio se movimenta em linha reta.
Estando o navio em movimento, quando se carrega o leme para um dos bordos, a água
passa a exercer uma forte pressão sobre o leme. A pressão pode ser decomposta em duas
componentes, uma paralela e outra perpendicular à porta. A primeira constitui uma resistência
de atrito semelhante à dos filetes líquidos na carena e de pouca importância (pressão de
atrito). A segunda, que é chamada de pressão normal, também é composta de outras duas:
a. uma componente transversal ao casco, empurrando a popa para o bordo contrário
àquele para onde foi o leme (isto produz guinada do navio, além de um abatimento
para esse bordo); e
b. uma componente longitudinal ao casco que constitui uma resistência à propulsão do
navio.
Portanto, quando se gira o leme para um bordo, com o navio dando adiante, a proa
guina para este bordo, a velocidade diminui, e há um ligeiro abatimento do navio para o bordo
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oposto. Com o navio dando a ré, o efeito do leme é o contrário ao do navio dando adiante.
Quando se gira o leme para um dos bordos, a pressão normal se exerce de ré para vante, sobre
a porta do leme, obrigando a popa guinar para o bordo em que girou o leme. Portanto, com o
navio dando atrás, a proa guina para o bordo contrário àqueles em que se pôs o leme.
Para a mesma velocidade, a ação evolutiva do leme, com a embarcação em marcha à
ré, é muito menor do que na marcha a vante. Os filetes líquidos, depois de contornarem o
costado, vão diretamente ao ângulo formado pelo leme e o cadaste, criando uma reação
favorável à evolução. Na marcha à ré, os filetes líquidos contornam a face externa do leme,
deixando na face interna uma zona de água mortas, com efeito semelhante ao que seria obtido
se o casco fosse fechado entre o leme nesta posição e o costado e, portanto, assimétrico em
relação ao plano diametral.
A pressão normal e a amplitude da guinada do navio dependem do ângulo do leme, da
velocidade dos filetes líquidos (que varia com a velocidade do navio), da área do leme e da
forma da popa. Contudo, a ação evolutiva do leme depende de sua forma, isto é, da relação
entre a altura e comprimento da porta. Teoricamente a pressão normal aumenta com o ângulo
do leme até quarenta e cinco graus, mas, na prática, verifica-se que isto não acontece. Quando
o leme atinge certo ângulo, os filetes líquidos, que corriam suavemente na sua superfície,
passam a borbulhar e a pressão normal torna-se irregular. Isto reduz o aumento da ação
evolutiva à proporção que o ângulo de borbulho cresce. Nos pequenos giros de leme, os lemes
altos e estreitos tem maior efeito de guinada do que lemes baixos e largos da mesma área.
Porém, os primeiros borbulham em ângulos moderados, o que limita o emprego de lemes
muito altos em relação à largura. Por outro lado, os lemes baixos e largos, que só borbulham
em ângulos maiores, geralmente atingem maior efeito evolutivo do que os lemes altos e
estreitos, antes de ocorrerem os borbulhos. Por isto e por causa do aumento da resistência à
propulsão, e também devido às limitações apresentadas pela forma da popa, o ângulo máximo
do leme é geralmente de trinta e cinco graus, raramente chegando a quarenta graus.
Nos navios de guerra, onde a forma da popa exige lemes baixos, eles tem o máximo
efeito num ângulo que varia entre trinta e trinta e cinco graus. Os navios mercantes, que não
precisam ter as mesmas qualidades evolutivas e cuja forma da popa permite colocar lemes
mais altos, tem o ângulo máximo de leme entre vinte e cinco e trinta graus. Entre os navios de
mesmo tamanho, os de menor velocidade devem ter maior área do leme, porque a pressão
normal varia com o quadrado da velocidade da embarcação. O efeito do leme também é
influenciado pela forma da popa, pois esta pode formar redemoinhos e águas mortas,
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reduzindo a pressão normal. É o caso dos batelões e certas embarcações de popa quadrada,
que tem lemes relativamente grandes.
A forma em V das seções do casco a ré, junto ao cadaste, aumenta a estabilidade de
rumo das embarcações. As embarcações com popa desta forma tem menor tendência a
cabecear em mar grosso, mas oferecem maior resistência à ação evolutiva do leme. Por isto é
que estas seções em V, na popa, desaparecem em certos tipos de navios, como os
contratorpedeiros, que tem a popa em balanço.
O centro de pressão do leme fica situado sempre abaixo do centro de gravidade do
navio, no início de uma guinada estabelece-se um momento de inclinação do navio (banda)
para dentro da curva de giro. Normalmente este ângulo de inclinação é pequeno; com a
continuação da guinada vai-se estabelecendo uma força centrífuga, aplicada no centro de
gravidade do casco, que não só anula a inclinação inicial do navio para dentro, como
estabelece uma inclinação para o bordo contrário. O ângulo máximo desta inclinação é
alcançado logo após o primeiro balanço do navio, de dentro para fora da curva, porque o
navio se inclina além da posição de equilíbrio estático, devido à sua inércia da massa. Se o
leme for trazido a meio nesse instante, é anulado o equilíbrio existente na curva de giro, e isto
pode resultar num ângulo perigoso de inclinação para fora. Em uma curva fechada, em alta
velocidade, um timoneiro não avisado pode tentar quebrar a guinada, com receio da
inclinação para fora, e sua ação resultará justamente no aumento desta inclinação. A única
manobra possível é reduzir a velocidade, sem alterar o leme, até que o navio comece a voltar à
posição normal. A força centrífuga varia com o quadrado da velocidade, e por isto pode-se
avaliar a influência que a redução da velocidade terá nesta manobra.
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CAPÍTULO 2
HÉLICE
2.2 Definições
É a superfície determinada por uma linha que gira em torno de um eixo, sobre o qual
se inclina, avançando ao longo dele sob velocidade constante.
2.2.2 Hélice
2.2.3 Pá do hélice
É uma peça em forma de pá. Tendo por superfície uma porção de superfície helicoidal.
É uma peça de forma geralmente troncônica, que sustenta as pás do hélice e se liga ao
eixo de rotação.
2.2.7 Face
2.2.8 Dorso
2.2.9 Ponta
2.3 Passo
É o avanço ao longo do eixo durante uma rotação, se, como um parafuso, o hélice,
trabalhasse numa porca. A face da pá pode ter o mesmo passo em cada ponto, ou o passo pode
variar de diferentes modos.
O hélice tem passo constante quando este é o mesmo em qualquer ponto da face da pá.
Se o passo aumenta de aresta de ataque para aresta de saída, é chamado passo aumentando
axialmente. Se diminui do bosso para a ponta das pás, é chamado passo diminuindo
radialmente. O passo pode variar axialmente e radialmente ao mesmo tempo. Neste caso, usa-
se nos cálculos o passo médio de uma pá.
O passo que se considera é o passo da face. O dorso tem um passo diferente em cada
ponto, devido aos métodos usuais de construção em que se coloca nessa superfície o metal
necessário para dar resistência à pá. Assim, na maioria dos cálculos de hélice, não se leva em
conta o passo do dorso.
Os hélices de passo variável, atualmente, são muito empregados.
O Passo é uma distância, enquanto o ângulo de passo, como o próprio nome já diz, é
um ângulo. O primeiro é medido em metros ou pés e o segundo é medido em graus. Para
medir o passo de um hélice, deveríamos pô-lo a girar e medir a distância percorrida para uma
rotação. Contudo, isso não seria possível, porque se o engatarmos em um eixo de navio, a
resistência que a água oferecerá ao casco para avançar interferirá no resultado.
A distância longitudinal percorrida para uma rotação dependerá da massa e das
dimensões do navio. Também dependerá da densidade do fluido – o ar, por exemplo, é muito
menos denso do que a água. Logicamente, a pressão das moléculas de ar sobre a pá não seria
a mesma que a pressão das moléculas de água sobre a pá.
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O valor do passo do hélice no ar, definido como distância longitudinal percorrida para
uma única volta, seria diferente do valor do passo do hélice na água. Logo, o passo do hélice
não pode ser medido de maneira isenta livre de interferências.
2.5 Avanço
Os hélices devem, de preferência, ser colocados a ré. Deve-se ter o hélice tão
submerso quanto o possível, a fim de diminuir a possibilidade de ele disparar, isto é, as pás
girarem fora d’água com o mar de vagas. Isto ocorre com o navio em deslocamento leve.
A folga entre o tope da pá e o casco do navio é de cerca de doze polegadas (30,5
centímetros) para navios de um só propulsor.
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Nos navios de dois ou quatro propulsores procura-se aumentar a folga para cerca de
trinta polegadas. Uma folga menor entre topes das pás e o casco resultará em vibrações na
popa.
É aconselhável que os topes dos propulsores não se projetem abaixo da linha de base,
nem para fora da boca da seção transversal, onde eles estão localizados. Nos navios mercantes
é geralmente possível isto. Nos cruzadores e nos contratorpedeiros nem sempre se consegue
tal coisa. Os hélices estão mais sujeitos a avarias em caso de encalhe e a pancadas no cais, e
tornam as docagens e atracações mais perigosas.
A distância dos hélices laterais ao plano diametral do navio não influi na eficiência,
mas um afastamento excessivo é ruim para o leme.
Nos navios de três hélices, os propulsores laterais ficam usualmente por ante-a-vante
do hélice central, para que este fique safo da ação daqueles. Nos navios de quatro hélices, os
dois propulsores externos ficam a vante e acima dos dois internos.
Este tipo de hélice facilita a manobra do navio, tornando-a bem mais rápida. Este
sistema incorpora uma tecnologia de resposta rápida com nível de ruídos e vibrações perto do
limite de zero. Pode ser utilizado em qualquer tipo de embarcação. Tem ao seu favor o fato de
serem extremamente robustos e preparados para operarem em condições adversas de mar com
baixo custo de manutenção.
O passo é controlado por um mecanismo hidráulico dentro do cubo e não tem
necessidade de caixas inversoras. O impulso é controlado pelo passo do hélice, fazendo com
que o navio possa navegar com sua velocidade mais eficiente.
Um hélice de passo fixo será um hélice com ângulo de passo fixo e um hélice de
passo controlável será um hélice com ângulo de passo controlável. A grande maioria das
embarcações possui hélices de passo fixo, isto é, hélices em que não se consegue mudar o
ângulo de passo, conforme a vontade do controlador. Há, no entanto, uma minoria para a qual
isso já é possível. Para se conseguir mudar o ângulo de passo é necessário haver um
mecanismo no interior do bosso do hélice, que consiga fazer girar as pás de maneira
sincronizada, modificando o ângulo de passo. As pás de um hélice de passo controlável
normalmente se ligam ao bosso por meio de grandes parafusos, pois podem ser retiradas para
darem acesso ao mecanismo de engrenagens no interior do bosso e permitirem manutenção.
Os hélices de passo fixo, uma vez que não existe a pretensão de modificar o ângulo de
passo, o hélice costuma ser fundido em uma peça única.
Hélice direito é aquele cujas faces de suas pás são vistas girando no sentido horário
quando a máquina está adiante (Figura 20 – anexo). Hélice esquerdo é aquele cujas faces de
suas pás são vistas girando no sentido anti-horário quando a máquina está adiante (Figura 20
– anexo). Um hélice gira em um sentido e o outro gira no sentido oposto.
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Para que ambos consigam descarregar para ré, é necessário que tenham ângulos de
passo diferentes. Portanto, o hélice é esquerdo ou direito, conforme o ângulo de passo que
apresenta quando a máquina está adiante e essa característica é irreversível.
Se for invertido o sentido da rotação, a descarga irá para vante, isto é, teremos
máquina atrás. Contudo, a definição de hélice esquerdo ou direito está atrelada à máquina
adiante. É o sentido do giro com máquina adiante que diz se o hélice é direito ou esquerdo,
para um observador olhando de ré para vante.
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CAPÍTULO 3
Será admitido que os navios de um hélice com o passo direito, o mais usado,
invertendo-se os resultados pode-se estudar a ação do hélice de passo esquerdo.
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Na marcha a vante a corrente de sucção não tem efeito no governo do navio, pois é
paralela ao eixo (Figura 21 – anexo).
A corrente de descarga é lançada sobre o leme, produzindo um esforço que tende a
levar a popa para um bordo, se ele está a meio, ou aumenta o efeito do leme, se ele tem
qualquer ângulo.
Estando o leme a meio, há dois efeitos opostos. As pás do hélice que estiverem no alto
movem-se de bombordo para boreste (hélice de passo direito), lançando a água sobre a face
esquerda do leme; as pás embaixo movem-se em sentido contrário, jogando a água sobre a
face direita do leme.
Em geral prepondera o efeito das pás de baixo, isto é, na marcha a vante, estando o
leme a meio, a popa tende a cair para bombordo, principalmente quando o navio está em
lastro (com pouca carga, o hélice aflora na superfície).
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A corrente de sucção não tem qualquer efeito no governo do navio se o leme estiver a
meio, pois corre paralelamente a ele (Figura 22 – anexo). Com o leme para um bordo, a
corrente de sucção, dirigindo-se de ré para vante sobre o leme, tem grande ação evolutiva,
aumentando o efeito dele.
A corrente de descarga, na marcha à ré, é dirigida contra a popa e, como ela
participa do movimento rotatório do hélice, o efeito das pás que estão no alto é fazer cair a
popa para bombordo, e o das pás embaixo é o contrário (Figura 23 – anexo).
Em geral a popa tem a forma muito cheia em cima e fina embaixo (popa em V),
preponderando o feito das pás mais altas, pois a água lançada pelas pás inferiores passa por
baixo da quilha. Portanto, na marcha à ré, com o leme a meio, a popa tende a cair para
bombordo. Este efeito é aumentado pela pressão lateral das pás.
Quando o navio está em movimento, arrasta consigo certa massa de água, em virtude
do atrito da carena na água, originando-se uma corrente chamada corrente da esteira.
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Ela depende da área de flutuação e, portanto, atinge seu máximo volume e velocidade
máxima na linha-d’água no navio, decrescendo até a quilha, onde é praticamente nula.
É muito difícil calcular o valor exato da velocidade desta água arrastada, mas alguns
autores avaliam em 1/10 da velocidade do navio.
Na marcha a vante a corrente da esteira origina-se na popa; ela reduz a velocidade dos
filetes líquidos resultantes do movimento do navio, diminuindo o efeito do leme.
Como é maior nas proximidades da linha-d’água do navio, ela aumenta a pressão
sobre as pás superiores do hélice. Por isso é que o efeito da pressão lateral das pás não é
sensível com o navio em movimento e o hélice bem mergulhado.
Uma tabela apresentará um resumo dos efeitos do propulsor no governo dos de um só
hélice (de passo direito) (Figura 24 – anexo).
A seguir será mostrada a ação conjunta do leme e do hélice no governo do navio, sem
levar em conta outras influências externas, como vento e corrente. Como estas considerações
têm caráter geral, é indispensável que sejam feitas experiências em cada navio, para
determinar a ação evolutiva nas diferentes situações.
São os quatro casos:
a. navio e hélice com marcha a vante;
b. navio e hélice com marcha à ré;
c. navio com seguimento para vante e hélice dando atrás; e
d. navio com seguimento para ré e hélice dando adiante.
Neste caso a ação do leme tem a maior importância e pode-se dizer que os efeitos do
propulsor não têm ação sensível no governo do navio, exceto em certas situações.
Partindo do repouso, com o leme a meio, ao dar o navio adiante, a proa tende a guinar
para bombordo, por causa da pressão lateral das pás.
33
A ação do leme é muito menor na marcha à ré do que na mancha a vante. Por isso,
torna-se mais importante a influência do hélice no governo do navio.
Como a corrente da esteira passa a se formar na proa, ela não exerce qualquer
influência no governo.
O navio fica submetido às seguintes ações:
a. ação do leme, que tende a levar a popa para o bordo em que foi carregado;
b. a corrente de sucção, que se soma ao efeito do leme;
c. a corrente de descarga, que vai sempre incidir sobre a carena, na popa, a boreste; e
34
d. a pressão lateral das pás, que tende a levar a popa para bombordo, na marcha à ré
(Figura 25 – anexo).
Convém lembrar que, na marcha à ré, o efeito do leme depende muito da velocidade
do navio, podendo-se distinguir duas situações bem distintas:
a. a ação do leme é quase nula quando o navio começa a dar atrás, partindo do repouso,
ou nas velocidades moderadas; e
b. a ação do leme só se faz sentir quando o navio tem muita velocidade para ré.
A popa vai lentamente para bombordo (e, portanto, a proa guina para boreste), no
início do movimento e com qualquer seguimento do navio para ré. Isto, porque a pressão
lateral das pás se soma ao efeito da corrente de descarga, que incide contra a carena a boreste.
A popa tende a ir para bombordo por influência da pressão lateral das pás e da
corrente de descarga, e para boreste pela ação da corrente de sucção, a esta se somando o
efeito do leme, quando o navio tem bom seguimento para ré. Geralmente predominam as duas
primeiras ações, isto é, a popa vai para bombordo (e a proa guina para boreste).
O efeito do leme aumenta com a velocidade do navio; porém, ainda que ele seja todo
carregado para boreste, a popa vai para bombordo, a não ser que seja grande a velocidade a
ré,ou que se pare repentinamente a máquina (para anular a corrente de descarga e a pressão
lateral).
A popa vai para bombordo, muito lentamente no início do movimento, por efeito da
pressão lateral das pás, da corrente de descarga na popa e da corrente de sucção sobre a face
posterior do leme. Quando o navio tem boa velocidade para ré, a ação do leme se soma a
essas forças, levando a popa mais rapidamente para bombordo.
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A proa guina lentamente para boreste, por efeito da pressão lateral das pás e da
corrente de descarga. Esta guinada não se inicia imediatamente, porque tendo o navio grande
velocidade para vante, a pressão lateral sofre a influência da corrente da esteira.
A proa tende a guinar para bombordo por ação do leme e para boreste por efeito da
pressão lateral das pás, da corrente de descarga a boreste na popa e da corrente de sucção na
face posterior do leme.
Sendo grande a velocidade do navio, predominará a ação do leme no início da
manobra. Mas esta preponderância terá pouca duração porque o navio perde seguimento
rapidamente e a proa guinará para boreste. Portanto, o navio segue para boreste do rumo
inicial antes de parar.
36
A proa tende a guinar para boreste, por ação do leme, da pressão lateral das pás e da
corrente de descarga, mas a corrente de sucção tem o efeito contrário. Com a perda de
velocidade do navio, diminui a ação do leme, ao mesmo tempo em que aumenta o efeito da
corrente de sucção. Portanto, a proa guina a princípio para boreste, mas a amplitude desta
guinada vai diminuindo e o navio se mantém a caminho, ou guina, em seguida, um pouco
para bombordo, antes de perder o seguimento para vante.
Observa-se que há preponderância dos efeitos do hélice sobre os do leme. Quanto
menor for a velocidade do navio na marcha a vante e maior a velocidade do hélice ao inverter
a marcha, estes efeitos se apresentarão em maior grau. É o caso, por exemplo, em que se
navega em cerração ou em águas reduzidas ou muito frequentadas, sem desenvolver grande
velocidade na marcha a vante, mas podendo dar atrás com a máxima força, em caso de
emergência.
No caso inverso, em que o navio estando a toda força adiante inverte a marcha com o
hélice a meia força, ele continuará obedecendo ao leme por algum tempo, isto é, se for posto o
leme a boreste, a proa guinará para boreste, apesar do efeito contrário do hélice. Como o
comportamento do navio está sujeito à diferença entre os efeitos do leme, devidos à
velocidade do navio para vante, e das correntes geradas pelo hélice em marcha a ré, pode
haver muitos casos em que as condições de equilíbrio entre tais efeitos sejam diferentes das
que expusemos. Assim sendo, devem ser feitas experiências em cada navio, para ver como ele
se comporta nesta manobra. Em qualquer caso, porém, deve-se ter em conta que um navio
dando adiante, invertendo a marcha a toda a força, só continua a obedecer ao leme por tempo
limitado.
A ocasião exata em que se carrega o leme tem muita importância neste caso. Pondo-se
o leme para qualquer bordo antes de inverter a marcha, a proa começará logo a guinar,
obedecendo ao leme, e a ação do hélice não mais poderá se sobrepor a ele, pois o navio
provavelmente já adquiriu grande velocidade angular para aquele bordo. Se, ao contrário, o
leme for carregado depois de inverter a marcha, o efeito do hélice será mais acentuado.
Em condições normais, é possível, portanto, fazer o navio guinar para o bordo
desejado durante a manobra de inverter rapidamente a marcha, eliminando-se assim o efeito
do hélice, que independe do movimento do navio: basta pôr o leme para esse bordo antes de
inverter a marcha.
37
Estando o hélice em marcha a vante, a corrente de sucção não tem efeito no governo
do navio. Este depende de três forças:
(1) a ação do leme, que tende a levar a popa para o bordo em que foi carregado;
(2) a pressão lateral das pás, que atua de modo a levar a popa para boreste; e
(3) a corrente de descarga, do hélice, que contraria a ação do leme.
A popa teoricamente vai para boreste por causa da pressão lateral do hélice, única
força que atua neste caso. Mas, na prática, é impossível generalizar, prevendo para onde
guinará o navio, porque a pressão lateral tem efeito reduzido.
A popa tende a ir para boreste por influência da pressão lateral das pás e da corrente de
descarga sobre a porta do leme e para bombordo pela ação do leme na marcha a ré. Em geral,
predominam as duas primeiras forças, a não ser que o navio tenha muito seguimento para ré,
quando o efeito do leme será maior. Portanto, comumente, a popa vai para boreste.
A popa tende a ir para boreste por ação do leme e da pressão lateral das pás e para
bombordo por efeito da corrente de descarga sobre a porta do leme. Com a máquina a toda
38
força adiante, a corrente de descarga do hélice provavelmente será maior que as outras duas e
a popa vai para bombordo. Se a máquina estiver adiante devagar, é possível que a popa se
mantenha a caminho, ou caia a boreste.
Na manobra dos navios de um hélice, o leme deve ser colocado de acordo com o que o
hélice está fazendo e não com o sentido do movimento do navio na água.
O espaço percorrido será menor se o leme for carregado para um dos bordos (de
preferência a boreste), do que se mantendo o leme a meio.
Assim, se quiser parar o navio o mais depressa possível, dá-se ‘’máquina atrás toda
força’’, e põe-se o leme ‘’todo a boreste’’. Logo que hélice comece a girar em sentido
contrário, inverte-se o leme para bombordo.
Contudo, como o navio guinará para boreste nesta manobra, é preciso verificar se há
espaço para isto, em caso de emergência. Admite-se que o navio guinará a noventa graus para
boreste, percorrendo cerca de quatro vezes seu comprimento até parar.
Pode-se compensar esta guinada pondo o leme para o bordo oposto; a ação do leme
será, então, aumentada pela corrente de sucção do hélice em movimento.
Estando o leme a meio e não havendo influência de mar e vento, o navio seguirá em
linha reta, percorrendo uma distância de três a seis vezes o seu comprimento, até parar e
adquirir seguimento para ré.
Uma boa indicação de que o navio está parado é que o remoinho causado pelos hélices
vai aproximadamente até meia-nau. Carregando-se o leme para um bordo, no momento, ou
depois de inverter a marcha dos hélices, a proa guinará para este bordo lentamente. Contudo,
a ação do leme diminui muito à medida que o navio perde o seguimento para vante, pois a
corrente de sucção do hélice se opõe ao leme.
Para aumentar a guinada, o leme deve ser carregado antes que as máquinas girem em
sentido inverso. Se o navio estiver dando atrás somente com uma das máquinas, a popa tende
a guinar para o bordo do hélice parado, por efeito da corrente de descarga, da pressão lateral e
do conjugado de rotação do hélice em movimento.
Se o leme for carregado para um bordo, antes da inversão da marcha dos hélices, a
popa será levada para esse bordo. Depois da inversão da marcha a corrente de descarga dos
hélices, agindo sobre a porta do leme, anulará o efeito dele.
Por isso, enquanto houver seguimento para ré, com hélices adiante, o leme não
governa e se torna prejudicial, sendo melhor que fique a meio. Nesse caso, pode-se governar o
navio alterando o regime de rotação de uma das máquinas. Se somente um dos hélices estiver
dando adiante e o outro parado, a popa tende a guinar para o bordo do hélice em movimento,
por causa da pressão lateral das pás e do conjugado de rotação deste.
43
CAPÍTULO 4
SISTEMAS PROPULSORES
Depois da segunda guerra mundial, os rebocadores de alto mar foram construídos com
um arranjo de propulsão similar aos de propulsão elétrica, porque tinha a vantagem de
permitir variações suaves, pequenas e precisas na rotação do eixo propulsor. O que é muito
importante no manejo de grandes navios e em situações de reboque e salvamento.
Na década de setenta começaram a surgir soluções para auxiliar as embarcações de
apoio marítimo no seu fim as junto às plataformas. Em meio a essas soluções veio o
posicionamento dinâmico onde um processador digital recebe informações de uma referência,
como o Sistema Global de Posicionamento ou outra referência na plataforma e ainda,
informações da agulha giroscópica e do anemômetro da embarcação.
Este sistema mantém a embarcação no ponto determinado pelo operador, acionando
hélices transversais e azimutais e usando como referência, informações do Sistema de
Posicionamento Global, além de um ponto fixo de referência e instrumentos de indicação de
movimento do navio. O Sistema DP começou a se desenvolver em meados da década de 70 e
se mostra de grande importância, devido à responsabilidade de manter em segurança as
embarcações durante as operações.
4.1 Definição
4.2 Vantagens
4.3 Voith-Schneider
4.3.1 Vantagens
Mais tarde foram observadas outras características positivas no uso do tubo Kort,
entre elas a diminuição das perdas nas extremidades das pás dos hélices devido a porção de
água que escapa do lado de alta pressão da lâmina para o lado de baixa pressão.
A eficiência máxima do reboque depende mais do esforço de tração do que da
potência desenvolvida pelo motor. O tubo Kort, que envolve o hélice, controla a direção e a
velocidade dos filetes líquidos que passam por seu lado de dentro e de fora. Com isto,
aumenta-se o esforço de tração de um rebocador, especialmente em águas paradas. Este
aumento pode ser de trinta por cento.
4.5.1 Z-drive
4.5.2 L- drive
4.5.3 Vantagens
Não precisar de leme para governar, pois o propulsor, com sua atuação de 360 graus,
já fazem esse papel. Disponibiliza manobrabilidade e desempenho hidrodinâmico, mesmo em
severos ambientes antárticos e offshore.
Combinado com uma planta de energia elétrica, a propulsão azipod proporciona
melhor distribuição e aproveitamento dos espaços de máquinas e carga, e, ainda, níveis
reduzidos de ruído e vibração, menor tempo de indisponibilidade, maior segurança e mais
redundância. Devido a hidrodinâmica avançada, a unidade azipod possui excelente
desempenho de campo de esteira (wake field).
4.6.1 Vantagens
4.7.1 Vantagens
Opera com base no princípio de operação de uma bomba centrífuga. Um rotor aspira a
água da parte debaixo do casco do navio e a transfere para uma voluta. As aberturas de saída
de água estão dispostas na parte inferior do propulsor que fica tangente a linha de base do
casco, sendo, desta forma, ideal para a instalação em embarcações que operam em águas rasas
(Figura 31 – anexo).
Esse sistema também se distingue por conferir alta manobrabilidade às embarcações
de navegação interior e costeira que o utilizam como propulsão principal ou de emergência.
48
4.8.1 Vantagens
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Marinha. Diretoria de Portos e Costas. Manobra do navio. 1 ed. Rio
de Janeiro: DPC, 1979. 103p.
BRASIL. Ministério da Marinha. Diretoria de Portos e Costas. Manobra do navio. 1 ed. Rio
de Janeiro: DPC, 2008. 206p.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Ministério da Marinha. Diretoria de Portos e Costas. Manobra do navio. 1 ed. Rio
de Janeiro: DPC, 1979. 103p.
CRENSHAW Jr., R. S. Naval Shiphandling. 4 ed. Annapolis: Naval Institute Press, 1976.
BRASIL. Ministério da Marinha. Diretoria de Portos e Costas. Manobra do navio. 1 ed. Rio
de Janeiro: DPC, 2008. 206p.
GERK, Hermann Regazzi. Hidrodinâmica para navegantes. 2 ed. Rio de Janeiro,2012. 96p.
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ANEXOS
Figura 2 – Leme compensado.
Figura 24 – Tabela