TCC Apnt 2.2023 Hugo
TCC Apnt 2.2023 Hugo
TCC Apnt 2.2023 Hugo
RIO DE JANEIRO
2023
HUGO PIERROTTI MACHRY
RIO DE JANEIRO
2023
HUGO PIERROTTI MACHRY
___________________________________________________
Assinatura do Orientador
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________________________
Profa. M.Sc. Laís Raysa Lopes Ferreira
___________________________________________________
Prof. M.Sc. Paulo Roberto Batista Pinto
___________________________________________________
Prof M. Sc. Marcelo Costa Alves
NOTA FINAL:____________
___________________________________________________
Aluno Hugo Pierrotti Machry
DEDICATÓRIA
À minha família, pelo apoio, compreensão, paciência e me dar força para atingir os obje-
tivos.
Aos colegas de classe, com que convivi nesse espaço ao longo desse período e me ajuda-
ram nessa caminhada.
Aos Capitães e tripulantes do SeaLoader 1 pelo apoio e compreensão ao proporcionar a
oportunidade de realizar este curso de aperfeiçoamento.
À OSM pela sensibilidade de perceber meu enorme desejo de fazer o curso de aperfeiço-
amento e proporcionar as condições para que eu pudesse realizá-lo, a fim de adquirir novas
qualificações necessárias para o desempenho das minhas atividades a bordo.
Ao CIAGA pela oportunidade de retornar ao berço de formação dos Oficiais da Marinha
Mercante, reviver os bons tempos dos bancos escolares, reencontrar colegas e me atualizar nas
boas práticas da profissão.
EPÍGRAFE
A demanda da sociedade global pela mudança das matrizes energéticas das fontes não
renováveis por fontes renováveis têm impactos diretamente relacionados com as atividades da
marinha mercante em termos do potencial que o offshore oferece para implementação dessa
mudança. Esse trabalho apresenta de uma forma sucinta as características dessas fontes,
benefícios, vantagens e desvantagens de sua implementação ao redor do globo e, especialmente
no Brasil, identificando os fatores que influenciam no não ingresso ou ingresso tardio das
empresas no mercado de energia renovável offshore, seus reflexos e impactos na indústria da
marinha mercante, bem como sugerir um direcionamento no sentido de ampliar a busca por
tecnologias para maior eficiência na sua utilização, apontar o potencial do offshore brasileiro,
além de fazer uma comparação entre as energias tradicionais já utilizadas e as renováveis
offshore em termos de viabilidade, bem como apresentar a necessidade políticas públicas para
incentivar seu desenvolvimento. Apesar do elevado potencial produtivo, o Brasil ainda não
possui parques eólicos offshore.
The global society's demand for changing non-renewable energy sources to renewable ones has
a direct impact on merchant marine activities in terms of the potential that offshore offers for
implementing this change. This work presents in a concise way the characteristics of these
sources, benefits, advantages, and disadvantages of their implementation around the globe and
especially in Brazil, identifying the factors that influence the non-entry or late entry of
companies into the offshore renewable energy market, their reflections and impacts on the
merchant marine industry, as well as suggesting a direction to expand the search for
technologies for greater efficiency in their use, pointing out the potential of the Brazilian
offshore, as well as making a comparison between traditional energies already used and
offshore renewable energies in terms of viability, as well as presenting the need for public
policies to encourage their development. Despite the high potential of production, Brazil still
does not have offshore wind farms.
GW Gigawatt
MW Megawatt
PL Projeto de Lei
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 11
1.1 O Problema da Pesquisa ............................................................................................. 11
1.2 Objetivo da Monografia.............................................................................................. 12
1.3 Justificativa ................................................................................................................. 12
1.4 Delimitação do Estudo ............................................................................................... 13
1.5 Metodologia de pesquisa ............................................................................................ 13
2 FONTES TRADICIONAIS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ............................................... 13
2.1 Petróleo ....................................................................................................................... 13
2.2 Gás Natural ................................................................................................................. 15
2.3 Carvão Mineral ........................................................................................................... 16
3 ENERGIAS RENOVÁVEIS OFFSHORE ........................................................................... 17
3.1 Tecnologias Usadas para Produção de Energias Offshore ......................................... 18
3.2 Importância das Energias Renováveis Offshore ......................................................... 21
3.3 Impactos Ambientais das Energias Renováveis Offshore .......................................... 22
3.4 Modelos Decisórios Ambientais Aplicados na Europa .............................................. 22
3.5 Investimentos em Energias Renováveis Offshore ...................................................... 23
3.6 Turbinas Eólicas ......................................................................................................... 24
3.7 Usinas Fotovoltaicas ................................................................................................... 27
3.8 Perspectivas de Mercado ............................................................................................ 27
4 ASPECTOS LEGAIS ............................................................................................................ 28
4.1 Licenciamento Ambiental........................................................................................... 29
4.2 Exemplos de Projetos de Energias Renováveis Offshore no Brasil e no mundo ....... 30
5 EMBARCAÇÕES ENVOLVIDAS NA INDÚSTRIA DE ENERGIAS RENOVÁVEIS ... 31
5.1 Wind Turbine Installation Vessels .............................................................................. 31
5.2 Wind Farm Construction Vessels ............................................................................... 32
5.3 Walk to Work Vessels ................................................................................................. 33
5.4 Crew Transfer Vessels ................................................................................................ 34
6 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 37
1 INTRODUÇÃO
As energias renováveis offshore são aquelas geradas a partir de fontes renováveis locali-
zadas no mar, como vento, ondas e marés. Essas fontes de energia têm um grande potencial e
ainda são pouco exploradas. A energia eólica offshore é gerada por meio de turbinas eólicas
instaladas no mar, que aproveitam a força dos ventos para gerar eletricidade. Já a energia das
ondas e das marés é gerada por meio de dispositivos que captam a energia cinética das ondas e
das correntes marítimas. As energias renováveis offshore são consideradas limpas, pois não
emitem poluentes diretamente na atmosfera durante a produção de energia. Além disso, elas
podem impulsionar a economia azul global nos próximos anos.
O Brasil tem um grande potencial para a geração de energia renovável offshore, especi-
almente a partir da energia eólica. Embora ainda haja desafios a serem superados, como a falta
de infraestrutura e investimentos, o país tem avançado nesse setor nos últimos anos. Em 2022,
foram apresentados novos empreendimentos eólicos offshore, como os projetos Ventos de São
Francisco e Ventos do Caiçara, da Monex Geração de Energia. Além disso, o país tem um
grande potencial para a geração de energia renovável em geral, com a participação de fontes
renováveis na matriz energética do país crescendo cerca de 30% em 10 anos. O Brasil pode se
tornar líder global na descarbonização da economia, impulsionando a economia verde e a sus-
tentabilidade energética. No entanto, ainda há muito a ser feito para que o país possa aproveitar
todo o seu potencial nesse setor.
Este trabalho apresenta uma pesquisa sobre as potencialidades de produção de energias
renováveis offshore com o objetivo de melhorar ainda mais a sua participação na matriz ener-
gética nacional, procurando mostrar os benefícios dessas fontes inesgotáveis de energia em
comparação com as fontes tradicionais de energia oriundas do petróleo, gás natural e carvão,
para o meio ambiente e para a vida humana sustentável na Terra.
Diante do atual cenário, no qual a curva do aumento da demanda por energia só vem
aumentando e as fontes tracionais de geração de energia como o carvão, gás natural e o petróleo
são reservas limitadas, além de serem altamente nocivas ao meio ambiente, este trabalho de
pesquisa tem início a partir do seguinte questionamento: como o emprego das energias renová-
veis offshore poderá contribuir para tornar mais sustentável a matriz energética nacional e con-
tribuir para o bem estar da humanidade e a sustentabilidade do planeta?
11
1.2 Objetivo da Monografia
1.3 Justificativa
Energias renováveis offshore é um tema importante para uma monografia por várias ra-
zões. O primeiro aspecto está relacionado ao impacto ambiental, as fontes de energia renováveis
offshore, como energia eólica e de ondas, têm um impacto ambiental menor do que fontes de
energia tradicionais, como combustíveis fósseis. Isso ocorre porque elas não produzem emis-
sões de gases de efeito estufa ou outros poluentes que prejudicam o meio ambiente.
Há vantagens também quanto ao custo-efetividade, embora o investimento inicial para
fontes de energia renováveis offshore possa ser alto, elas podem ser mais custo-efetivas a longo
prazo. Isso ocorre porque elas não requerem combustível e têm custos de manutenção mais
baixos do que fontes de energia tradicionais.
Além disso, os estudos e pesquisas sobre as fontes de energia renováveis offshore pro-
porcionam avanços tecnológicos com o desenvolvimento de novas tecnologias e inovações
constantes. Isso significa que ainda há muito potencial para pesquisa e desenvolvimento nessa
área.
Percebendo a relevância do tema, muitos países estabeleceram metas ambiciosas para a
produção de energia e as fontes de energia renováveis offshore são fundamentais para o alcance
dos objetivos de tais políticas, tornando o tema oportuno e relevante para uma monografia.
Em suma, uma pesquisa sobre fontes de energia renovável offshore sempre representa
uma contribuição valiosa para o desenvolvimento nacional, fornecendo insights sobre os aspec-
tos ambientais, econômicos e tecnológicos desse importante tópico.
12
1.4 Delimitação do Estudo
Como a geração de fontes de energia a partir de recursos renováveis são muitas, este
trabalho de pesquisa ficará delimitado à análise do emprego das fontes de energia offshore, de
forma que a hipótese levantada é a de que essas fontes trarão enormes benefícios para o bem-
estar da humanidade e a sustentabilidade do planeta.
Para a elaboração deste trabalho foi utilizada a metodologia descritiva, uma vez que foram
utilizadas pesquisas em livros, revistas, artigos em websites de companhias, governos e
organizações dos setores envolvidos no tema, bem como monografias anteriormente elaboradas
sobre o assunto. A abordagem é expositiva com imagens que ajudam na compreensão do
assunto abordado.
2.1 Petróleo
Grande parte da matriz energética mundial ainda é composta por combustíveis fósseis.
Apesar de serem economicamente mais atrativos no curto prazo, os combustíveis de origem
fóssil, como o petróleo, vêm causando diversos problemas ambientais graves (GOVEA, 2023).
13
O petróleo é o principal tipo de combustível fóssil utilizado hoje no mundo. Em razão de
sua origem, é considerado um material não renovável por que a sua recomposição na natureza
acontece de forma muito lenta. Por isso, trata-se de um combustível extremamente disputado
em todo o mundo e, até mesmo, motivo de conflito entre diversos países (GOVEA, 2023).
O petróleo é resultado da decomposição de diversos materiais ao longo de milhares de
anos. Ele é encontrado em jazidas localizadas nas camadas mais profundas de oceanos, mares,
lagos e, algumas vezes, também pode ser encontrado na terra. O primeiro poço de petróleo
encontrado no Brasil foi em 1987, em São Paulo, e a primeira exploração comercial ocorreu 80
anos, em Salvador, na Bahia (GOVEA, 2023).
A principal utilização do petróleo como fonte de energia, também serve como matéria-
prima para a produção de outras substâncias como como gasolina, querosene, óleo diesel, nafta,
parafina, asfalto, etc.
14
2.2 Gás Natural
O metano como gás natural é um composto orgânico - o CH4. De acordo com Silva
(2023), o gás natural foi formado pelos restos de plantas e pequenos animais que viveram entre
200 e 400 milhões de anos atrás. Esses pequenos animais e plantas que foram soterrados no
fundo dos oceanos, com o acúmulo de mais e mais camadas de sedimentos de rocha, ao passa-
rem os anos, aliado à pressão e ao calor da terra deram formação ao petróleo e ao gás natural.
Muitos cientistas acreditam que essa combinação de pressão e o calor da terra foram essenciais
para transformar a mistura orgânica em petróleo e gás natural. A impermeabilidade da rocha
impediu que o gás natural vazasse para o oceano, tendo-se então uma reserva de gás. O gás
natural cru é uma mistura de gases, cujo principal componente é o metano.
Cada vez mais o gás natural vem ganhando espaço graças a sua abundância e vantagens
ambientais diante de outros combustíveis fósseis. Segundo Silva (2023), a queima desses com-
bustíveis causa um grande impacto no meio ambiente. O “efeito estufa” é a consequência da
emissão de CO2 na atmosfera, levando a um aquecimento global. Estima-se que 57% do total
de emissões de CO2 são causados pela queima de carvão, petróleo e gás natural.
15
O gás natural tem uma grande vantagem com relação ao efeito estufa. Em substituição a
outros combustíveis fósseis, o gás provoca uma grande diminuição nas emissões de CO2. O
gás natural emite cerca de 20 a 30% menos que o óleo combustível e 40 a 50% menos que
combustíveis sólidos como o carvão. Além de poluir menos, o gás natural tem uma grande
vantagem em relação a usinas nucleares e hidrelétricas já que não produz resíduos radioativos
de alta periculosidade e não apresenta obstrução de áreas produtivas e a retirada da população
local (SILA, 2023).
16
Figura 3 – Usina de Carvão Mineral na Alemanha.
No Brasil, felizmente, é pouco utilizada por tratar-se de uma fonte energética altamente
poluidora que apresenta substâncias chamadas de sulfetos (como a pirita) que podem reagir
quimicamente com o ar ou água (por causa da presença de oxigênio), e forma substâncias como
o ácido sulfúrico e sulfato ferroso que vão para o subsolo e para o lençol freático, de acordo
com Parejo (2023).
As fontes de energia renováveis são aquelas que possuem um ciclo de renovação em es-
cala de tempo humana, ou seja, estão sempre disponíveis para utilização e não se esgotam. Elas
são obtidas de fontes naturais capazes de se regenerar e, portanto, virtualmente inesgotáveis, ao
contrário dos recursos não-renováveis. As energias renováveis não emitem gases de efeito es-
tufa nos processos de geração, tornando-se uma solução mais limpa e sustentável, evitando a
continuação do uso de combustíveis fósseis, que só agravam os impactos das mudanças climá-
ticas e os consequentes altos custos para a vida na Terra.
As fontes de energia renováveis mais utilizadas são as águas dos rios e oceanos, ventos,
luz do Sol, biomassa, ondas e marés e o calor. A energia solar é obtida a partir da luz do Sol, a
energia eólica é obtida a partir dos ventos, a energia hídrica é obtida a partir da água, a energia
da biomassa é obtida a partir de resíduos orgânicos, a energia geotérmica é obtida a partir do
17
calor do interior da Terra, a energia das ondas e das marés é obtida a partir da força das ondas
e marés.
É inegável a importância das energias renováveis, pois elas são essenciais para o futuro
da humanidade. A continuação do uso de combustíveis fósseis só agravará os impactos das
mudanças climáticas e suas consequências. Além disso, as energias renováveis atendem a vá-
rios aspectos relevantes da gestão econômica e ambiental da sociedade contemporânea, que
precisam ser compatibilizados.
Existem vários tipos de energias que utilizam recursos naturais que se renovam a todo
momento, as mais conhecidas e que começam a ser empregadas em maior escala são descritas
a seguir.
Uma das mais conhecidas e utilizadas, atualmente, é a energia solar, obtida a partir da
radiação solar, que pode ser captada por meio de painéis solares e transformada em energia
elétrica para posteriormente ser incorporada a uma rede de transmissão elétrica ou armazenada
em baterias (Badra, 2020).
O aquecimento das camadas de ar cria uma variação do gradiente de pressão nas massas,
gerando ventos e, consequentemente, energia cinética que é transformada em energia elétrica
por meio de usinas eólicas. A energia eólica offshore é um tipo de energia renovável, inesgotá-
vel e não poluente. O recurso eólico existente no mar é superior em relação ao existente em
terra (até o dobro em relação a um parque onshore médio) (CNN Brasil, 2023).
A energia das ondas e das marés, obtida a partir da força das ondas e das marés, também
é uma fonte de energia renovável que pode ser captada por meio de usinas maremotrizes e
transformada em energia elétrica, contudo, também ainda pouco é explorada (Malar, 2021)
Energia das correntes marítimas e das marés, chamada energia maremotriz, é gerada a
partir da captação da energia cinética oriunda das correntes marítimas e das marés.
Além dessas, existem várias outras fontes renováveis que ainda não se mostraram econo-
micamente interessante, como a energia ondomotriz, gerada a partir do movimento das ondas
(Santos Jr, 2022); a energia térmica oceânica, gerada a partir da temperatura das águas e outras.
A indústria da energia eólica offshore utiliza diversas tecnologias para aproveitar a força
do vento em alto-mar. Algumas dessas tecnologias incluem megaestruturas fixadas no leito
marinho, equipadas com as últimas inovações técnicas, para aproveitar ao máximo o recurso
18
eólico existente no mar, como os aerogeradores com tecnologia Direct Drive de última geração
(CNN Brasil, 2023).
Além disso, a indústria da energia eólica offshore está em constante evolução, com o
desenvolvimento de novos tipos de fundações que permitem localizar as instalações a uma
maior distância da costa e a contínua evolução da potência e do desenho dos aerogeradores.
O setor elétrico tem investido em pesquisas para o desenvolvimento e aprimoramento de
tecnologias que permitam a instalação de parques eólicos offshore em águas mais profundas e
mais distantes da costa. A energia solar offshore envolve a implantação de sistemas fotovoltai-
cos flutuantes em corpos d'água, como oceanos e lagos. Algumas tecnologias aplicadas na in-
dústria de energia solar offshore incluem plataformas flutuantes especialmente projetadas para
suportar painéis solares em água, que podem ser ancoradas ou móveis, por meio de sistemas de
amarração e ancoragem robustos para mantê-las flutuantes no lugar e resistir às condições ma-
rítimas adversas, permitindo adaptação a diferentes locais os painéis solares desenvolvidos para
resistir à exposição prolongada à água salgada, ventos fortes e ambientes marinhos corrosivos.
19
Figura 5 – Usinas solares offshore de Singapura
Fonte: clickpetroleoegas.com.br
Tecnologias para transmitir a energia gerada no mar de volta à terra, muitas vezes por
meio de cabos submarinos. As vantagens da energia solar offshore sobre a energia solar onshore
incluem a eficiência melhorada devido às áreas offshore geralmente possuírem maior disponi-
bilidade de luz solar e menos obstruções, resultando em uma produção de energia mais consis-
tente e eficiente (Badra, 2020).
As áreas costeiras e marítimas oferecem mais espaço para a instalação de painéis solares,
permitindo a implementação de sistemas de grande escala. Evita a ocupação de áreas terrestres
valiosas, como terras agrícolas ou florestas. A água circundante ajuda a resfriar os painéis so-
lares, melhorando a eficiência e prolongando sua vida útil. Instalações offshore podem ser com-
binadas com energia eólica ou tecnologias de armazenamento para criar sistemas de energia
renovável híbridos.
No entanto, a energia solar offshore também apresenta desafios como custos de instalação
mais elevados e complexidade operacional devido ao ambiente marítimo. Portanto, a escolha
entre energia solar onshore e offshore depende das condições locais, recursos disponíveis e
metas de sustentabilidade.
Os dispositivos oscilantes representam uma tecnologia que envolve o uso de serpentinas
ou colunas ocas. Esses dispositivos são colocados nas águas costeiras onde as ondas os fazem
mover-se para frente e para trás, acionando geradores de energia por meio desse movimento.
20
Semelhantemente, boias flutuantes projetadas para subir e descer com o movimento das ondas,
convertem a energia mecânica resultante em eletricidade.
As turbinas submarinas, semelhantes às turbinas eólicas, são instaladas no leito do mar
para capturar a energia das correntes oceânicas. À medida que a água flui sobre as lâminas ela
gira as turbinas, que estão conectadas a geradores para produzir eletricidade (Malar, 2023).
Fonte: TIDALWATT/Divulgação
Ambas as tecnologias, energia das ondas e energia das correntes, têm o potencial de for-
necer uma fonte valiosa e sustentável de eletricidade offshore. No entanto, desafios técnicos e
econômicos precisam ser superados para tornar essas tecnologias ainda mais viáveis em grande
escala. À medida que a pesquisa e o desenvolvimento avançam, a energia maremotriz offshore
continua a desempenhar um papel crucial na transição para um futuro mais limpo e renovável.
Embora haja muitas vantagens em relação à produção energética, também existem des-
vantagens a serem consideradas. Algumas vantagens das energias renováveis offshore são a
proteção do meio ambiente, pois não emitem gases de efeito estufa e não poluem o ar ou a água.
As fontes de energia renovável offshore podem ajudar a reduzir o preço da eletricidade,
pois poderá vir a ser uma fonte de energia mais barata do que as tradicionais fontes de energia,
uma vez que as modernas turbinas eólicas offshore são projetadas para serem resistentes às
condições do mar, o que significa que requerem pouca manutenção (EQUINOR, 2023).
21
Por outro lado, as desvantagens são a dependência de fatores geográficos, a energia reno-
vável offshore depende de fatores geográficos, como a localização do parque eólico e a cons-
tância dos ventos, o que pode afetar a eficiência dos aerogeradores. Os impactos na vida mari-
nha, a construção de parques eólicos offshore pode afetar a vida marinha, pois pode interferir
nas rotas migratórias de animais marinhos e afetar a pesca.
O custo inicial para a construção de parques eólicos offshore é elevado, o que pode ser
um obstáculo para a adoção em larga escala dessa fonte de energia, além da modificação do
espaço natural com a construção de parques eólicos offshore, o que pode afetar a paisagem e a
biodiversidade.
Em resumo, as energias renováveis offshore apresentam muitas vantagens, como a prote-
ção do meio ambiente e a redução do preço da eletricidade, mas também apresentam desvanta-
gens, como a dependência de fatores geográficos e os impactos na vida marinha.
Vários estudos foram realizados para mapear modelos de tomada de decisão ambiental
aplicados na Europa para projetos de energia eólica offshore. O objetivo desses estudos é
construir modelos regulatórios ambientais seguros e transparentes que incentivem o
investimento na geração de energia eólica e identificar as melhores práticas e diretrizes para
licenciamento ambiental de projetos de energia eólica offshore na Europa (Vasconcelos, 2019).
Os modelos são projetados para garantir que os projetos sejam ambientalmente
sustentáveis e não causem danos significativos aos ecossistemas marinhos. Os estudos
22
abrangem vários países da União Europeia, incluindo Alemanha, Noruega, Portugal, Espanha,
França, Dinamarca e Reino Unido. Os modelos são baseados em avaliações de impacto
ambiental, que são realizadas para avaliar os potenciais impactos ambientais dos projetos e
identificar medidas para mitigá-los.
Os estudos também abrangem processos de certificação e licenciamento, que são
projetados para garantir que os projetos cumpram as regulamentações e padrões ambientais. Os
modelos são esperados para fornecer um quadro para a tomada de decisão ambiental que possa
ser adaptado e aplicado em outras regiões e países.
Conforme faz referência Vasconcelos (2019), a Alemanha já possui 34% da capacidade
instalada da energia eólica offshore da Europa, segundo maior produtor de energia eólica
offshore1 do mundo. De acordo com o autor, em 2018, existiam 39 projetos de usinas eólicas
offshore em operação e em desenvolvimento nos Mares do Norte e Báltico alemães.
A Noruega, por meio da empresa Equinor, inaugurou oficialmente, em agosto de 3023,
o maior parque eólico flutuante do mundo, Hywind Tampen, no Mar do Norte. A usina tem
capacidade instalada de 88 MW e fica em lâmina d’água entre 260-300 metros, a 140 km da
costa da Noruega. Possui 11 turbinas instaladas em uma estrutura de concreto e usa o modelo
de boias flutuantes spar (floating spar buoy) para instalação das torres, o que permite a
instalação em lâmina d’água mais profunda – e tem um conceito similar às plataformas de óleo
e gás spar, também utilizadas por petroleiras na região (EPBR, 2023).
A existência de vários modelos de produção de energia eólica offshore nos países
europeus citados demonstram que cada nação tem sua particularidade, mas todos se baseiam
nas Diretivas da União Europeia para a sustentabilidade (Vasconcelos, 2019).
1
O maior produtor de energia eólica offshore do mundo é a China.
23
eólica onshore. No entanto, o investimento necessário para a energia eólica offshore ainda é
alto e para viabilizar tais investimentos é necessário regulamentação da geração de energia
eólica offshore. O governo federal, por meio do Ministério de Minas e Energia e o Congresso
Nacional, tentam regulamentar o tema, com o objetivo de atrair investimentos privados para
o setor.
Thiago Barral, secretário de Transição Energética do MME, afirmou em entrevista à
CNN que a regulamentação é fundamental para desenvolver a atividade no Brasil. “Um marco
legal é necessário para dar segurança jurídica e previsibilidade das regras para investimentos
na viabilização do potencial eólico offshore. Com isso, poderemos ampliar as fronteiras para
o aproveitamento das energias limpas e renováveis”, indica Barral (CNN Brasil, 2023).
A multinacional norueguesa Equinor, maior operadora da Noruega e uma das maiores
operadoras offshore do mundo, tem planos para ampliar seu portfólio em renováveis no Brasil,
investindo na produção de energia eólica offshore no Ceará (Ceará, 2022).
Em resumo, os investimentos necessários para a indústria das energias renováveis
offshore incluem a regulamentação deste segmento de geração de energia, o desenvolvimento
de tecnologias mais eficientes e a diversificação das atividades econômicas nas comunidades
impactadas pela transição para formas mais limpas de energia.
25
materiais ao longo das operações, gerando poluição no meio aquático; (b) geração de campos
eletromagnéticos pelos cabos elétricos na região, podendo afetar espécies marinhas com
sensibilidade magnética e aves; (c) formação de recifes de corais, criando um hotspot biológico;
(d) ruídos na construção e operação, afetando a qualidade de vida de todas as espécies marinhas
e aves; (e) altura elevada da torre da turbina, apresentando risco de interferência com rotas
migratórias de aves.
Ainda, segundo os autores Carmo e Paula (2023), além desses aspectos que são normais
à operação do sistema, também é analisado um evento catastrófico de grande potencial de
impacto pela poluição do ambiente marinho com metais pesados, que é a explosão da bateria.
Carmo e Paula (2023) relatam que todos os pontos levantados são frequentemente citados
em diversos estudos de impacto ambiental de turbinas eólicas offshore pelo mundo. Embora
sejam numerosos, eles representam riscos baixos de influência na manutenção da
biodiversidade local, não representando assim razões para impedir a construção da turbina,
sendo necessário apenas pontuá-los visando buscar formas de mitigá-los na medida do possível.
De acordo com Carmo e Paula (2023), o estudo aponta a viabilidade, do ponto de vista
ambiental e energético, de se implantar no Brasil projetos eólicos offshore em águas profundas,
algo que no momento só foi aplicado em outros países. Turbinas offshore flutuantes se mostram
de maior impacto quando falamos de emissões de dióxido de carbono se comparadas com
outros modelos de turbinas fixas, pois a construção da plataforma e cabos de amarração é um
processo muito poluente.
Por outro lado, na mesma linha de pensamento de Mendonça e Gadhim (2023), este tipo
de sistema pode produzir muito mais energia, pois favorece a utilização de turbinas de maiores
dimensões, potência e fator de capacidade. Portanto, de um ponto de vista quantitativo e
qualitativo, a instalação de uma turbina como esta para alimentar sistemas de extração de
petróleo e gás é algo muito vantajoso. Embora existam impactos ambientais resultantes deste
empreendimento, eles são menos numerosos se comparados com o sistema que abastece estas
plataformas hoje em dia, que utiliza turbinas a gás, apresentando assim maiores índices de
emissões e maior gasto energético.
A adoção dessa nova tecnologia na geração de energia renovável trata-se de um desafio
inovador para o Brasil, partindo da sua aplicação em locais onde se produz fonte energética
fóssil, é um grande passo para a descarbonização do setor de óleo e gás e para a transformação
da matriz energética brasileira.
26
3.7 Usinas Fotovoltaicas
27
algumas petroleiras estão recuando em projetos renováveis, o que pode mudar o jogo de forças
no setor. Apesar disso, a transição para uma economia de baixo carbono não está diminuindo,
e a energia limpa deve atrair um investimento recorde de US$ 1,7 trilhão em 2023. A Aliança
Global para investimentos em energia eólica offshore foi lançada na COP27, o que mostra o
compromisso com a energia renovável offshore (EPBR, 2023).
4 ASPECTOS LEGAIS
Recentemente, foram aprovadas algumas leis e diretrizes no Brasil para a exploração de
energias renováveis offshore. Algumas das principais informações encontradas nos resultados
da pesquisa foram as descritas a seguir.
O Projeto de Lei (PL) 576/2021, aprovado pela Comissão de Infraestrutura do Senado
Federal, em agosto de 2022, regulamenta a autorização para aproveitamento do potencial
energético offshore. Segundo o autor do PL e atual presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, o
que impede o avanço dos projetos de eólicas offshore é a falta de uma lei que regule a cessão
de áreas onde as usinas serão instaladas. Há expectativa no mercado de que o projeto seja
aprovado no congresso até o final de 2023. O executivo destacou que as estruturas para gerar
energia eólica no mar são mais simples do que aquelas usadas para a produção do pré-sal.
“Felizmente para a humanidade, captar vento no mar é muito mais simples do que buscar
petróleo no pré-sal”, afirmou, acrescentando que “são estruturas muito mais simples. Mas, é
claro, dá trabalho, tem uma escala, tem um processo ambiental também, tem uma interação com
as comunidades” (Prates, 2023).
Antecipando-se à tramitação do PL, o Governo Federal promulgou, em janeiro de 2022,
promulgou o Decreto nº 10.946/2022, que dispõe sobre a cessão de uso de espaços físico e
aproveitamento dos recursos naturais em águas interiores de domínio da União, no mar
territorial, na zona econômica exclusiva e na plataforma continental para a geração de energia
elétrica a partir de empreendimentos offshore.
Segundo as articulistas, Mayara e Ghadim (2023), no atual sistema, é possível explorar
economicamente as energias renováveis, conciliando os interesses coletivos e ambientais, sem
prejuízo dos lucros e da produção, minimizando os impactos financeiros e burocráticos para as
concessionárias.
A inovação tecnológica desenvolvida pelas concessionárias na exploração das energias
renováveis sempre colocará a legislação um passo atrás, e é justamente a ausência de
regulamentação da matéria que impulsiona e motiva o trabalho da advocacia militante no setor
regulatório, administrativo e ambiental.
28
A exemplo, a exploração de energia eólica offshore, modalidade de captação e produção
da energia com plataformas instaladas em alto mar, está em plena expansão em 2023, com
projetos para abertura de 9 parques eólicos e instalação de 875 aerogeradores no mar da costa
brasileira, informam Mayara e Ghadim (2023).
A regulamentação do nicho é escassa e conta com poucos decretos editados pelo governo
após a autorização dos projetos, porém ainda são necessários cuidados para nortear as
concessionárias e investidores do setor.
É necessária a adequação das concessionárias para obter as licenças ambientais, e
readequações para enquadramento no sistema tributário, prevenindo novas taxações, bem como
atenção às questões da infraestrutura envolvida na transmissão da energia obtida, evitando
embargos na execução dos projetos e prejuízos financeiros que inviabilizem a exploração.
Portanto, embora já existam algumas leis e diretrizes para a exploração de energias
renováveis offshore no Brasil, ainda há espaço para a criação de uma legislação mais específica
para a regulação dessas atividades principalmente no que se refere ao licenciamento ambiental.
29
4.2 Exemplos de Projetos de Energias Renováveis Offshore no Brasil e no mundo
31
Figura 7 - Wind Turbine Installation Vessel.
Wind Farm Construction Vessels são embarcações de suporte para fazendas de energia
renovável offshore são classificadas em várias subcategorias, como:
- Cable Lay Vessel (CLV): embarcações projetadas para a instalação de cabos elétricos
offshore.
- Dredger Vessel: embarcações que dragam e removem sedimentos do fundo marinho
para aprofundar áreas offshore.
- Heavy Lift: embarcações projetadas para transportar cargas pesadas, como componentes
de turbinas eólicas e fundações.
- Crane and Transportation Vessel: embarcações com grúa e capacidade de transporte,
utilizadas para a instalação e manutenção de turbinas eólicas offshore.
- Survey Vessels: embarcações projetadas para realizar levantamentos e inspeções
offshore, como a detecção de obstáculos e a avaliação de ambiente marinho.
32
Figura 8 - Cable Lay Vessel.
Fonte: https://www.hvrengineering.com/projects/nexus/
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turbinas eólicas offshore. Conversão não intensiva: a conversão de embarcações multipropósito
do setor de petróleo e gás em embarcações W2W é relativamente simples e requer apenas a
adição da passarela e algum suporte estrutural.
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Figura 10 - Crew Transfer Vessel.
Fonte: https://www.commercialribcharter.co.uk/
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6 CONCLUSÃO
Este trabalho teve como objetivo mostrar, a partir da análise das fontes renováveis de
energia no litoral, como a energia eólica, solar e das ondas e marés, que é possível e vantajoso
o emprego dessas energias pode contribuir significativamente para tornar mais sustentável a
matriz energética nacional e ainda proporcionar um novo mercado de trabalho para os
brasileiros.
A energia maremotriz, por exemplo, é uma fonte limpa e renovável que pode ser utilizada
em países que dependem de fontes não renováveis e danosas ao meio ambiente, como os
combustíveis fósseis e nucleares. Além disso, a energia de ondas e marés tem um grande
potencial energético e, embora ainda não seja tão aproveitada quanto a energia eólica e solar,
tem se mostrado uma alternativa promissora para o futuro.
A despeito do Brasil já ter investido na geração de energia eólica e possuir significativos
parques eólicos onshore, ainda carecemos de empreendimentos offshore. Países como a China,
Alemanha, Noruega e vários outros países europeus já possuem grandes instalações para
geração de energia eólica offshore. Ainda estamos na fase de desenvolvimento dos estudos de
viabilidade de parques eólicos offshore ao longo do litoral.
Contudo, segundo Carmo e Paula (2023), existem boas perspectivas para o segmento no
Brasil, já existe um projeto sendo desenvolvido por um grupo de pesquisadores e professores
da Universidade de São Paulo para a construção de usinas eólica nos campos de óleo e gás,
colocando em operação de turbinas eólicas offshore flutuantes para fornecer parte da potência
elétrica consumida nas plataformas de extração de petróleo e gás natural nas bacias de Campos
e Santos.
A comparação entre diferentes fontes de energia renovável, como a eólica e a fotovoltaica,
pode ajudar a identificar as vantagens e desvantagens de cada uma delas e a encontrar soluções
mais eficientes e sustentáveis para a geração de energia elétrica. Em resumo, a utilização das
energias renováveis offshore pode contribuir para a redução da dependência de fontes não
renováveis e para a construção de um futuro mais sustentável e limpo para o país.
Além dos benefícios que as fontes de energia renováveis offshore trazem para melhorar
ainda mais a sustentabilidade da matriz nacional de energia, as fazendas de usinas eólicas
offshore abrem um novo mercado para a Marinha Mercante com a demanda de embarcações
especializadas projetadas para suportar as condições adversas do mar com condições de
transportar pessoal, equipamentos e suprimentos para suporte à constução e à manutenção das
instalações.
36
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