Cinomose Considerações Sobre o Diagnóstico
Cinomose Considerações Sobre o Diagnóstico
Cinomose Considerações Sobre o Diagnóstico
2017 ANO 3 Nº 14
1) Quadro clínico: sintomas e achados de exame 3) Testes rápidos: atualmente, existem testes de
físico respiratórios (tosse, espirros, secreção nasal), Elisa ou imunocromatográficos para detecção de antí-
oculares (secreção mucopurulenta, congestão), gas- genos ou anticorpos do CDV em amostras de sangue,
trointestinais (diarreia em particular) e cutâneos plasma ou líquor. Os testes que detectam anticorpos
(hiperqueratose de coxins digitais), além de febre, são semiquantitativos e não diferenciam, em geral,
são comumente observados nas fases iniciais da imunoglobulinas M e G, razão pela qual animais vaci-
infecção pelo vírus. Sintomas neurológicos tendem a nados podem ter resultados positivos. Sendo assim,
se desenvolver em geral 1 a 3 semanas após a recu- a sua utilidade diagnóstica é limitada na maioria dos
peração da doença sistêmica.1 Todavia, tais sinto- casos. Os testes que detectam antígenos, por sua
mas podem aparecer mais tardiamente em relação vez, são mais úteis, uma vez que indicam presença do
aos sintomas sistêmicos, e não há parâmetros clíni- vírus no organismo. A influência da vacinação recente
cos ou laboratoriais capazes de prever se um animal também deve ser considerada na interpretação dos
desenvolverá ou não a fase neurológica da doença. resultados. Um estudo mostrou que animais vacina-
Os sintomas dependem das porções do sistema ner- dos com vacinas vivas modificadas podem ter pes-
voso central ou periférico acometidas, sendo os mais quisas de antígenos positivas quando empregada a
comuns convulsões, sinais cerebelares, ataxia, pare- técnica de Elisa por até 4 semanas após a vacinação3,
sias e mioclonias. O RNA do vírus da cinomose tem mas o período durante o qual tais animais podem se
sido identificado em alguns casos de osteodistrofia manter positivos não é conhecido.
hipertrófica em cães, mas não se sabe se o vírus efe-
tivamente está relacionado ao desenvolvimento da 4) Sorodiagnóstico: a detecção de anticorpos
doença. dos tipos IgM ou IgG pode ser útil como apoio à con-
firmação da doença, embora não seja feita rotineira-
2) Hemograma: a linfopenia causada por deple- mente. Títulos elevados de IgM são esperados após
ção linfoide é o principal achado. Leucocitose por infecção natural ou vacinação recente (em especial
neutrofilia pode ser observada diante de infecções a primovacinação). Desta forma, títulos altos de IgM
bacterianas secundárias ou em decorrência do pro- em um animal sem histórico de vacinação e com
cesso inflamatório crônico. Inclusões virais intraci- quadro clínico compatível são diagnósticos. A vaci-
toplasmáticas (corpúsculos de Lentz) são patogno- nação pode complicar sobremaneira a interpretação
mônicas da infecção, e podem ser vistas nas fases dos testes de sorodiagnóstico à base de IgM. Em um
iniciais particularmente em linfócitos, embora neu- estudo, 50 a 70% dos cães tiveram anticorpos IgM
trófilos, monócitos e até hemácias possam albergar durante 2 semanas após a vacinação, porém houve