Tese Pr. Aroldo de Andrade 2010
Tese Pr. Aroldo de Andrade 2010
Tese Pr. Aroldo de Andrade 2010
por
Setembro 2010
Tópico
diversos, considerando o crescente número de lares sem estrutura religiosa que, evidentemente,
orientação preventiva para a juventude e de uma ação terapêutica e evangelística aos adventistas
Esta investigação tem como propósito analisar os efeitos dos casamentos mistos por
uma pesquisa de campo com dados fornecidos pelos próprios adventistas casados. Os resultados
obtidos levaram a uma proposta de orientação aos jovens adventistas solteiros, bem como aos
adventistas casados em jugo desigual, objetivando uma ação evangelística que alcance os
cônjuges não-adventistas.
Fontes
visão de que um casamento harmonioso necessita que os cônjuges cultivem a unidade de crenças
e valores espirituais.
Conclusões
Desde a formação da família humana, da nação israelita, e da igreja cristã, Deus tem
conjugal a mais íntima das associações humanas, foi usado por Deus como símbolo da união
entre Ele e Seus filhos. A presença divina como fator de união na família forma um elemento
especial os filhos. Os casamentos dos adventistas do sétimo dia têm também sofrido a influência
devastadora dos relacionamentos sem estrutura religiosa, que leva os matrimônios a durarem
cada vez menos, aumentando os índices de separação e divórcio. A juventude adventista deve ser
orientada ao dar os passos que conduzem ao matrimônio. Por outro lado, revela-se necessária a
não-adventistas.
ABSTRACT OF GRADUATE STUDENT RESEARCH
Doctor of Pastoral Theology Dissertation
Topic
and non-Adventists were studied through the biblical point of view and through the point of view of
various authors, considering the increasing number of homes without a religious structure, wich may
eventually lead to divorce. The field research showed the necessity of a proposal of preventive
orientation for the youth and a therapeutically and evangelistically oriented action for those
This research intends to analyze the effects of mixed marriages through religious
research with data coming from the couples themselves. The results leads to a proposal for the
orientation of the single Adventist youth, and also for the Adventists couples of unequally yoke,
Sources
The project was based on bibliographical and field research. The biblical concepts were
extracted from commentators and religious authors with a Christian perspective. The suggestive
seminars presented at the end of the study are founded on biblical concepts that strengthen the
vision that a harmonious marriage needs both spouses to be united in their beliefs and spiritual
values.
Conclusions
Ever since the formation of human family, the Israelite nation, and the Christian church,
God has oriented His children about marriage, in order to protect them. Since conjugal
relationship is the most intimate of human associations, it was used by God to symbolize His
union with His children. The divine presence is like a link in a family and it is an indispensable
In biblical history, the warnings against the marriage of a worshipper of true God and an
idolater or unbeliever have received emphasis. The disobedience of such warnings has left a trail
of suffering and pain, which lasts to today, affecting the family and especially the children. The
marriages of Seventh-day Adventists people has also suffered the devastating influence of
relationships without religious structure, which leads to marriages lasting less and less,
increasing the rate of divorces. The Adventist youth should be oriented as it guides towards
marriage. In the other hand, the necessity of a promotion of therapeutic mechanisms that helps
Tese Doutoral
por
2010
© Copyright por Aroldo Ferreira de Andrade
Todos os direitos reservados
O CASAMENTO ENTRE ADVENTISTAS E NÃO-ADVENTISTAS:
Tese
por
COMISSÃO DE APROVAÇÃO:
____________________________ ___________________________________
Dr. José Carlos Juliano Ebling Dr. Natanael Bernardo Pereira Moraes
Orientador da Tese Examinador Adjunto
Professor de Teologia Pastoral Professor de Teologia Pastoral
____________________________ ___________________________________
Dr. José dos Santos Filho Dr. Roberto Pereyra Suárez
Examinador Externo Coordenador da Banca Examinadora
Professor de Teologia Pastoral Professor de Teologia Bíblica
Diretor do Programa de Pós-Graduação
___________________________________
Data de Aprovação
iii
SUMÁRIO
Capítulos
I. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1
vii
LISTA DE ABREVIAÇÕES
AB Anchor Bible
AR Adventist Review
BS Bibliotheca Sacra
DB Dicionário da Bíblia
viii
IASD Igreja Adventista do Sétimo Dia
IB Interpreter’s Bible
LE Literature Evangelist
LXX Septuaginta
Min Ministry
ix
Nw Newsweek
x
LISTA DE GRÁFICOS
xi
Gráfico Auxiliar 16 - p. Cenas ou Crises de Ciúme Rotineiras ..................... 173
Gráfico Auxiliar 17 - q. Conflitos na Área Financeira .................................. 174
Gráfico Auxiliar 18 - r. Conflitos no Tipo de Escola para os Filhos ............. 174
Gráfico Auxiliar 19 - s. Conflitos Sobre a Educação Religiosa dos Filhos ... 175
Gráfico Auxiliar 20 - t. Ameaça de Expulsão de Casa .................................. 175
Gráfico Auxiliar 21 - u. Violência Verbal ou Psicológica ............................. 176
Gráfico Auxiliar 22 - v. Violência ou Agressão Física .................................. 176
Gráfico Auxiliar 23 - w. Ameaça de Divórcio e Abandono do Lar ............... 177
Gráfico Auxiliar 24 - x. Separação ou Divórcio ............................................ 177
Gráfico Auxiliar 25 - y. Conflitos Acerca do Tipo de Alimentação .............. 178
Gráfico Auxiliar 26- z. Conflitos por Causa de Músicas, TV....................... 178
Gráficos Representativos dos Adventistas Divorciados .................................... 179
Gráfico 27 – Divorciados por Modelo de Casamento - Masculino ..... 179
Gráfico 28 – Divorciados por Modelo de Casamento - Feminino ....... 179
xii
LISTA DE TABELAS
xiii
AGRADECIMENTOS
uso da Biblioteca.
igrejas e por acreditarem que esta pesquisa pudesse trazer benefícios espirituais. Sou
grato de modo especial aos colegas e amigos, José Silvio Ferreira e Gustavo Roberto
de Caxias por entenderem e aceitarem meus períodos de ausência para preparar este
trabalho e a todos os irmãos das três Associações da IASD no estado do Rio de Janeiro
me ajudaram a prosseguir: Dr. Roberto Pereyra, Dr. Alberto R. Timm e Dr. José Carlos
Ramos, e aos meus colegas de turma que ao concluírem seus estudos me ajudaram a
Sou grato aos meus conselheiros: Dr. Antonio Estrada pela luz no início da
jornada, Dr. Natanael Moraes pelas oportunas e sábias correções, e de modo mui especial
xiv
ao Dr. José Carlos Ebling pela paciência e dedicação em cada fase do estudo, sua atenção
jovem amigo André Luiz Lima Souza pela versão para o inglês do resumo da tese e às
secretárias do SALT, Elda Ramos e Débora Gómez pelo pronto atendimento e à Rita
Soares pelas orientações no processo de revisão da tese. Também sou mui grato ao
além de seu amor e cuidado, o que me inspirou a escrever sobre o tema, revisou o texto
em língua portuguesa e ainda suportou com resignação meus períodos de ausência do lar;
aos meus filhos Aroldo e Carise pelo apoio, incentivo e motivação em ver o pai
estudando. Carise foi de um carinho e atenção todo especial na última revisão dos
gráficos e tabelas. Sou grato aos meus pais por me ensinarem a vencer desafios desde a
infância, aos meus sogros por sempre acreditarem nas minhas possibilidades e também
aos familiares, colegas e amigos que com suas orações e palavras de incentivo me
como símbolo da nossa união com Ele. Por me conceder saúde e discernimento
xv
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
humanidade e, desde então, está relacionado com a vida dos seres humanos (Gn 1 e 2).1 A
relacionamento entre Deus e suas criaturas (Gn 3). A Bíblia traz orientações a respeito do
Criador expressou preocupação com o envolvimento de Seu povo com outros povos, através dos
preocupação divina se baseia especificamente em situações que envolvam a questão religiosa (Êx
da falta de compreensão às orientações bíblicas. Essa situação tem contribuído para a má formação
de novos lares e, como consequência, desde o final do século 20, os casamentos tendem a durar
cada vez menos.2 A falta de estrutura religiosa na vida familiar, aliada a outros fatores, tem sido
apontada como fonte geradora de conflitos conjugais que, geralmente terminam em separação
1
Cleveland McDonald, e Philip M. McDonald, Creating a Successful Christian Marriage, 4ª ed. (Grand
Rapids, MI: Baker Book, 1997), 35.
2
James Dobson, Vivendo nos limites (Campinas, SP: United Press, 1998), 72; Douglas Bennett, “Você
está preparado para o casamento?”, RA, abril de 1981, 38; McDonald e McDonald, 33.
1
2
principalmente os filhos.
Definição do Problema
O casamento entre pessoas que professam crenças diferentes tem sido um fator de
relacionamentos afetivos fora dos princípios bíblicos, sem ter uma noção exata dos problemas
que podem surgir em suas vidas em decorrência dessa escolha. E por outro lado, há uma
quantidade significativa de membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) que são casados
com não-adventistas.4
A IASD no território do Estado do Rio de Janeiro tem se preocupado com esta situação,
embora até o momento pouco material tenha sido produzido sobre o assunto,5 salvo algumas
3
Charles C. Crider e Robert C. Kistler, The Seventh-day Adventist Family – An Empirical Study (Berrien
Springs, MI: Andrews University Press, 1979), 202-208.
4
A posição oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia é de desaconselhar o namoro e o casamento de um
adventista com alguém que não seja adventista, e orienta aos seus ministros que não oficiem cerimônias envolvendo
jugo desigual. Ver: Assoc. Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, Nisto cremos – 27 Ensinos Bíblicos dos Adventistas
do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1997), 390; Assoc. Geral dos Adventistas do Sétimo Dia,
Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), 182-184.
5
Ver comentários e conselhos sobre o namoro de adventistas sob jugo desigual e suas consequências em:
Alf Lohne, O amanhã começa hoje (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1986), 137-142; José Carlos Ebling,
Namoro no escuro, 7ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1987), 39-42; Nancy Van Pelt, O namoro
completo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2000), 88-89; Felizes no amor, 11ª ed. (Tatuí, SP; Casa
Publicadora Brasileira, 1998), 216–219; José Siqueira, e Lídia Siqueira, Solucionando problemas (Santo Amaro, SP:
Edit. Universitária Adventista–IAE, 1991), 186; Raymond H. Woolsey, Planning the Ideal Home (Washington:
Review & Herald, 1975), 30; Alfonso Valenzuela, Juventud enamorada (Berrien Springs, MI: Promise Productions,
1998), 72; O. J. Ritz, Pastor, estou amando (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1969), 196-197; Bennett,
39.
3
IASD para o Brasil.6 Dessa forma, o problema que surge como desafio é: como orientar a juventude
adventista sobre as consequências de envolvimento afetivo com uma pessoa de outra crença? Quais
recomendações deveriam ser dadas aos casais que já se encontram envolvidos em jugo desigual? Que
tipo de comportamento, ou plano de ação deve ser empregado a fim de se evangelizar o cônjuge não
Propósito do Estudo
Este estudo tem como propósito buscar, tanto na Bíblia como nos escritos de Ellen G.
também verificar a extensão dessa problemática entre os membros da IASD no Estado do Rio de
Janeiro, a fim de propor sugestões que auxiliem pastores, pais e membros em geral a tratarem
dessa questão; por meio de orientações aos jovens e aos casados que se encontram envolvidos
São analisados neste estudo os principais textos bíblicos que tratam de “casamento misto” ou
de “jugo desigual” motivados apenas por questões religiosas, ficando de fora todas as demais
implicações que possam existir. Foi também realizado um estudo das principais declarações de Ellen
G. White sobre o tema, assim como de outros autores adventistas e de alguns autores religiosos.
cultural do Brasil. No entanto, a pesquisa representa apenas uma amostragem das várias
congregações adventistas existentes em cada uma das três regiões administrativas fluminenses, 7
conhecidas como Associações da Igreja Adventista do Sétimo Dia. A pesquisa se limita apenas
aos membros adventistas casados, ou que já estiveram casados, quer em jugo igual ou desigual,
Revisão de Literatura
A pesquisa bibliográfica tem como livro básico a Bíblia. Enciclopédias e dicionários bíblicos
são obras que esclarecem as razões que levaram os hebreus e israelitas a unirem-se em casamentos
mistos apesar de terem sido orientados a não se envolverem em tais situações. As obras editadas por
Merril C. Tenney8 e George A. Buttrick,9 além do dicionário de David Noel Freedman10 são
Barker12 dentre outros, ajudam no estudo das leis que proíbem os casamentos mistos nos períodos da
7
As congregações escolhidas e que responderam à pesquisa são: na Associação Rio de Janeiro, as Igrejas
de Botafogo, Central do Rio, Méier, Cachambi, Ilha do Governador, Duque de Caxias, Dr. Laureano, Itatiaia e
Jardim Gramacho; na Associação Rio de Janeiro Sul, as Igrejas de Pavuna, Vila Kosmos, Santa Cruz, Queimados e
Paciência; na Associação Rio Fluminense, as Igrejas de Fonseca, Niterói, São Gonçalo, Rocha, Barreto, Porto do
Rosa, Jardim São Lourenço, Alcântara, Jardim Tiradentes, Rio Bonito, Conceição de Macabu, Araruama, Engenho
Grande, Rio de Areia, Rio do Limão, Palmital, Búzios, Cabo Frio, São Pedro D’Aldeia, Parque Aeroporto,
Calabouço, Goitacazes e Campos.
8
Merril C. Tenney, ed., The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible, 5 vols. (Grand Rapids, MI:
Zondervan, 1975).
9
George A. Buttrick, ed., The Interpreter’s Dictionary of the Bible, 4 vols. (Nova Iorque: Abingdon
Press, 1962).
10
David Noel Freedman, The Anchor Bible Dictionary, 6 vols. (Nova Iorque: Double Day, 1992).
11
F. F. Bruce, ed., The International Bible Commentary, 2ª ed. (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1986).
12
David A. Hubbard e Glenn W. Barker, eds., Word Biblical Commentary (Dallas, TX: Word Books,
1991).
5
formação da nação israelita e pós-exílico. Russel Norman Champlin13 explica as declarações dos
grande auxílio para compreensão dos relatos bíblicos envolvendo jugo desigual e para esclarecer
o conceito de “infiel” e “descrente”. A maneira como Ellen G. White adverte contribui não só
para transmitir aconselhamento, mas principalmente para prevenir acerca dos resultados que
Reinhold Bietz,15 e Reger C. Smith,16 tratam o assunto de adventistas que se casam com
natureza prática na Revista Adventista, apresentando sugestões de como uma senhora adventista
deve lidar com um esposo não-adventista, e até mesmo não-cristão, e fornecendo orientações de
Uma análise do assunto entre outros autores religiosos inclui Mauro Clark,19 que utiliza
13
Russel Norman Champlin, NTI, 6 vols. (São Paulo: Millenium, 1983).
14
Ellen G. White Estate, ed., Comprehensive Index to the Writings of Ellen G. White, 3 vols. (Mountain
View, CA: Pacific Press, 1962).
15
Reinhold Bietz, Happiness Under One Roof (Mountain View, CA: Pacific Press, 1977).
16
Reger C. Smith, Two Cultures One Marriage (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1996).
17
Anísio Chagas, “Ganhando para Cristo o marido incrédulo”, RA, agosto de 1987, 16. Anísio Chagas,
“Casamento misto: um problema sério”, RA, dezembro de 1986, 40–41; “Casamento misto”, RA, janeiro de 1988, 30.
18
Henrique Berg, “Como ganhar o cônjuge para Cristo”, RA, dezembro de 1992, 13–14.
19
Mauro Clark, Entre dois senhores, 2ª ed. (São Paulo: Candeia, 1994). Idem, Coração dividido, 3ª ed.
(São Paulo: Mundo Cristão, 1997).
6
vários exemplos extraídos do seu ministério pastoral. Jaime Kemp20 escreve para jovens e casais
contribuiu valiosamente nos últimos anos com material relevante. Lee Strobel escreve do ponto
de vista de um cônjuge descrente e contribui para que se entenda a razão de muitos descrentes
evitarem Deus e a igreja. Evellyn M. Duvall e Reuben Hill23 apresentam resultados de pesquisas
realizadas sobre o tema e Clark E. Vincent24 e Jorge Maldonado25 também trazem valiosas
objetivo de orientar esposas que querem conduzir seus maridos descrentes para Cristo.
No capítulo que apresenta a pesquisa de campo, serve como referência a obra adventista
de autoria de Charles C. Crider e Robert C. Kistler, onde apresentam um estudo realizado com
20
Jaime Kemp, Como decidir: permanecer solteiro? Casar? Com quem? 4ª ed. (São Paulo: Sepal, 1993);
Idem, Antes de dizer sim, 5ª ed. (São Paulo: Mundo Cristão, 1993); Namoro, noivado, casamento, sexo, 6ª ed. (São
Paulo: Sepal, 1996).
21
Lee Strobel, Como alcançar os que evitam Deus e a Igreja (São Paulo: Vida, 1997); Idem, Inside the Mind of
Unchurched (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1993).
22
Lee Strobel, e Leslie Strobel, Jugo desigual (São Paulo: Vida, 2003).
23
Evellyn M. Duvall e Reuben Hill, Being Married (Boston, MA: D. C. Health and Company, 1960).
24
Clark E. Vincent, “Interfaith Marriages: Problem or Symptom? em Ruth E. Albrecht & E. Wilbur Bock,
Encounter: Love, Marriage and Family (Boston, MA: Holbrook Press, 1972) 211–231.
25
Jorge E. Maldonado, ed., Fundamentos bíblico-teológicos do casamento e da família (Viçosa, MG:
Ultimato, 1996).
26
Stephen Grunlan, Marriage and the Family – A Christian Perspective (Grand Rapids, MI: Zondervan,
1984).
27
C. S. Lovett, Unequally Yoked–Wives (Baldwin Park, CA: Personal Christianity, 1960).
7
Definição de Termos
misto” é entendido como sendo a união conjugal entre pessoas que professam tipos diferentes de
Pressuposições
Este estudo tem como pressuposição básica o conceito de que a Bíblia é a Palavra de Deus
e, sendo assim, suas orientações têm caráter autoritativo para todas as épocas. As orientações
entre israelitas e povos estrangeiros da terra de Canaã, não tinham quaisquer características de
daquelas nações.
Metodologia da Pesquisa
Na primeira parte do estudo, os principais textos bíblicos que tratam de “casamento misto” ou
de “jugo desigual” motivados apenas por questões religiosas, foram estudados buscando extrair as
28
Charles C. Crider e Robert C. Kistler, The Seventh-day Adventist Family – An Empirical Study (Berrien
Springs, MI: Andrews University Press, 1979).
8
orientações ali contidas. Também foi realizado um estudo das principais declarações de Ellen G.
White sobre o tema, assim como de alguns autores religiosos, adventistas e não-adventistas, entre eles
Na segunda parte, uma pesquisa de campo foi aplicada,29 onde membros casados da Igreja
estejam ou estiveram envolvidos. Estes adventistas casados compreendem dois grupos distintos:
os que estão ou estiveram casados sob jugo igual e os envolvidos em jugo desigual. Os
envolvidos em jugo desigual compreendem aqueles que já sendo membros da igreja, através do
casamento, entraram num “jugo desigual”, e aqueles que vieram para a igreja já estando casados,
A Pesquisa de Campo procura obter dados que possam trazer informações das principais
questionários, foi escolhido o Estado do Rio de Janeiro. Dentre as congregações espalhadas por
todo o estado, 60 congregações representativas foram selecionadas, vinte de cada uma das três
associações.30
escritos de Ellen G. White e de outros autores diversos. As referências bíblicas de um modo geral
29
Apêndice A: Questionário sobre jugo desigual na IASD.
30
Das 60 congregações escolhidas, apenas 37 responderam ao questionário em tempo hábil.
9
são extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada no Brasil, 31 salvo as referências que
Organização do Estudo
Casamento Misto na Bíblia”, faz uma análise de textos bíblicos referentes ao tema. O terceiro
capítulo “O Casamento Misto nos Escritos de Ellen G. White e de outros Autores Religiosos”,
apresenta um estudo bibliográfico sobre autores religiosos que abordam este assunto. O capítulo
realizada entre os adventistas casados, ou que já estiveram casados, da IASD no Estado do Rio de
apresenta possíveis meios para se solucionar a problemática dos casamentos mistos e do jugo
desigual. Por fim, o último capítulo traz as conclusões do estudo e propostas para futuras
pesquisas.
31
João Ferreira de Almeida, trad., A Bíblia Sagrada (Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1988).
CAPÍTULO II
relacionamento entre a divindade e a raça humana, sob os símbolos dos concertos de Deus com
dentro de uma estrutura, ou instituição que se torna pública e se baseia em promessas feitas e
aceitas.34 Ao usar o relacionamento matrimonial como ilustração da íntima conexão entre Ele
mesmo e todo aquele que crê nEle, o Senhor exaltou a relevância da união conjugal.
Por essas razões, a preocupação de Deus com o casamento dos Seus filhos, ao introduzir
normas para a escolha do companheiro, deve ser estudada. O relacionamento conjugal é a mais
íntima associação que pode haver entre duas pessoas. No plano original de Deus, esta união se
aprofundaria de tal maneira que deveria ocorrer uma espécie de fusão entre um homem e uma
32
Conforme os textos bíblicos de Is 54:5, 62:4-5; Mt 9:15; 2Co 11:2; Ef 5:23-27 e Ap 19:7-9, 21:1-2. Ver
H. W. Perkin, “Costumes do casamento nos tempos bíblicos”, EHTIC (São Paulo: Vida Nova, Reimp. 1993), 1:240.
33
Robert K. Bower e Gary L. Knapp, “Marriage”, ISBE (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1986), 3:265;
SDABD, “Marriage”, 710.
34
D. J. Atkinson, “Divórcio”, EHTIC (São Paulo: Vida Nova, Reimp. 1993), 1:484.
10
11
mulher. O texto bíblico diz: “Por isso deixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher, tornando-
se os dois uma só carne” (Gn 2:24). A entrada do pecado no mundo trouxe consequências para a
família, tanto nos seus relacionamentos interpessoais como no relacionamento entre a criatura e o
Para que haja uma perfeita união entre um homem e uma mulher, é necessário que um
elemento de coesão esteja presente no casamento. A presença divina como fator de união na
família forma um elemento espiritual que é indispensável para que um casamento cumpra os
propósitos divinos. Um casamento misto é aquele onde falta, a um dos cônjuges, a preocupação
Seria o aspecto religioso importante para ajudar um homem e sua mulher a alcançarem tal
profundidade de união? Quais os reais perigos que envolvem um casamento misto? Por que esse
assunto causaria preocupação aos escritores bíblicos? Tanto no Antigo como no Novo
Testamento, ou seja, em quase todos os períodos da história bíblica, é possível encontrar, sob
No contexto geral da Bíblia, são percebidas três etapas distintas: a) O Antigo Testamento
apresenta na Criação a formação da família humana, quando o primeiro casal recebe de Deus as
orientações necessárias para a procriação da espécie e sustento (Gn caps. 1 e 2). b) Na segunda
etapa, se dá a formação do povo israelita, que deveria ser separado dos costumes e práticas das
demais nações. Através do seu testemunho, a nação de Israel deveria atrair a atenção dos povos
com a mensagem da salvação (Gn 12:1-8; Êx 3). c) E por último, no contexto do Novo
Testamento, se dá a formação da igreja cristã (Mc 16:15-16; At 1:8, 11:1-18, 15:14-18; 1Pe 2:1-
10). Quando o Israel espiritual de Deus necessitou misturar-se com todos os povos, surgiram
12
orientações e advertências acerca do cuidado que os cristãos deveriam ter ao estarem em contato
direto com povos de religiões diferentes (2Co 6:14-18, 1Co caps. 7 e 8).
No Antigo Testamento
permeiam a história de Israel desde a sua formação como povo escolhido de Deus, até o retorno
No Período Antediluviano
A primeira referência acerca de uma união que pode ser entendida como casamento, ou
pelo menos como uma união sexual entre seres de dois grupos distintos, aparece logo nos
primeiros capítulos da Bíblia. No contexto dos acontecimentos que precedem ao dilúvio (Gn 6), a
Bíblia declara que “vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram
para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram” (v. 2). Vários autores têm
entende por “filhos de Deus” e “filhas dos homens”? São encontradas várias interpretações, para
35
Para compreensão da formação familiar no período patriarcal, ver a utilização dos termos Endogamia e
Exogamia. O termo Endogamia se refere aos casamentos entre membros de um mesmo grupo, clã, tribo, família, etc.
Exogamia se refere aos casamentos entre membros de grupos, tribos ou famílias diferentes, em Victor P. Hamilton,
“Marriage”, ABD (Nova Iorque: Doubleday, 1992), 4:563; Otto J. Baab, “Marriage”, IDB (Nova Iorque: Abingdon
Press, 1962), 3:281-282.
36
Como curiosidade, uma alternativa polêmica, divulgada entre os racistas norte-americanos, antes e
durante a Guerra entre os estados do Norte e do Sul. Para apoiar suas crenças de uma raça branca superior,
identificam “as filhas dos homens” com “mulheres negras”, negando assim aos negros uma origem divina. Citado em
B. H. Carrol, El libro de Genesis, 3a ed. (El Paso, TX: Casa Bautista de Publicaciones, 1966), 206-207.
13
Alguns creem que estariam envolvidos nessa mistura os anjos celestes, que seriam “os
filhos de Deus”, e os seres humanos, “as filhas dos homens”. Os anjos envolvidos nessa situação
poderiam ser os anjos rebeldes. Dessa união teriam sido gerados seres semidivinos,37 os gigantes
Uns creem que esses “filhos de Deus” representam uma classe especial de homens, como
líderes, reis ou governadores.38 Para outros, este relato se refere à união entre homens e mulheres
comuns. Os filhos de certos homens, que seriam os descendentes de Sete, “os filhos de Deus”,
teriam se casado com as filhas de outros homens, nesse caso a descendência de Caim, ou “as
filhas dos homens”.39 O problema apresentado aqui seria o casamento entre dois grupos opostos:
anterior, adotando a ideia de que “os filhos de Deus” seriam os “grandes” ou “poderosos”
A alternativa mais natural é entender que “os filhos de Deus” são seres humanos, os
descendentes de Sete e adoradores de Jeová, enquanto que “as filhas dos homens”, os
37
A mitologia de vários povos, dentre eles: gregos, egípcios, mesopotâmios, etc., apresenta a possibilidade do
nascimento de semi-deuses através da união sexual de seres divinos com humanos. Ver Gordon J. Wenham, Genesis 1-15,
WBC, vol. 1 (Waco, TX: Words Books, 1987), 138; James Montgomery Boice, Genesis an Expositional Commentary –
Gn 1:1-11:32, vol. 1 (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1982), 248.
38
Para alguns que defendem esta ideia, esses governadores, poderiam ser descendentes da linhagem de
Lameque (Gn 4:19) que teriam cometido a poligamia, o que teria provocado o desagrado de Deus. Ver Merril F. Unger,
Nuevo Manual Biblico de Unger (Grand Rapids, MI: Editorial Portavoz, 1987), 37; Victor P. Hamilton, The Book of
Genesis, Chapters 1-17 (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1990), 263-264.
39
H. L. Ellison, Genesis 1-11, IBC (Grand Rapids, MI: Marshall Pickering / Zondervan, 1986), 120; Wenham,
Genesis 1-15, 139; Derek Kidner, Gênesis: introdução e comentário, Série Cultura Bíblica (São Paulo: Vida Nova e
Mundo Cristão, 1967), 78; Donald E. Gowan, Genesis 1-11 – From Eden to Babel, IThC (Grand Rapids, MI: Eerdmans /
Handsel, 1988), 82-84.
40
Joseph S. Exell, ed., Genesis, BbI (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1977), 1:401; Hamilton, The
Book of Genesis, Chapters 1-17, 265.
14
acontecimentos normais. É improvável que seres espirituais pudessem copular com os seres
humanos e ainda gerar filhos.41 Embora pareça difícil afirmar o que esses versos significam, 42 ou
ser impossível dogmatizar sobre o significado de “filhos de Deus” nesses versos,43 é percebido
aqui o primeiro relato bíblico de jugo desigual, envolvendo relacionamento conjugal. A diferença
contraditória, entre “filhos de Deus” e “filhas dos homens” ocorre em disposição, profissão,
caráter moral e destino eterno, o que demonstra claramente as posições antagônicas em que os
A atitude divina em destruir apenas a terra com os seus moradores (vv. 3-7), levaria a
concluir que não houve reprovação divina às atitudes dos “filhos de Deus”, e apenas as “filhas
dos homens” seriam punidas. Mas o que acontece no relato que se segue? Essa união mista de
seres em posições opostas é apontada como causa do desagrado divino e consequente razão para
a destruição da humanidade através do dilúvio.45 Isto fortalece a ideia de que nesses versos, o
leitor da Bíblia se depara com o primeiro relato de casamento misto da história humana. O
desagrado de Deus se torna evidente, o que teria sido uma das causas da destruição catastrófica
da humanidade, numa exteriorização do sentimento divino, conforme relatado nos versos 3-7.
41
Exell, Genesis, 1:401; Boice, Genesis 1:1-11:32, 245.
42
Cuthbert A. Simpson, Walter Russel Bowie, Genesis, IB, vol. 1 (Nashville, TN: Abingdon Press, 1952),
533-534.
43
Hamilton, The Book of Genesis, Chapters 1-17, 265.
44
Exell, Genesis, 401-402.
45
Simpson e Bowie, Genesis, IB, 533-534; Exell, Genesis, 401-402; Hamilton, The Book of Genesis,
Chapters 1-17, 262-263.
15
No Período Patriarcal
No período dos patriarcas é possível ver como a manutenção do casamento dentro do próprio
círculo familiar é preservada em vários exemplos.46 Para dirigir as questões envolvidas num
A preocupação de Abraão em encontrar uma esposa para o seu filho Isaque fora do
ambiente das diferenças religiosas e culturais em que vivia (Gn 24), e do próprio Isaque quando
orienta seu filho Jacó a procurar uma esposa dentro da mesma família (Gn 28), prova-se real
quando Esaú escolhe duas mulheres cananitas como esposas, o que acaba provocando algumas
No relato do casamento de Isaque, o seu pai Abraão orienta seu empregado de confiança,
encarregado da tarefa de providenciar uma noiva para o rapaz, através de duas solicitações. A
primeira é que Isaque não deveria casar-se com as mulheres da região onde eles moravam.
Abraão fez um acordo com o servo através de um juramento solene: “não tomarás esposa para
meu filho das filhas dos cananeus, entre os quais habito; mas irás à minha parentela, e daí
tomarás esposa para Isaque” (vv. 3-4). A segunda solicitação do idoso pai era que o servo não
permitisse que Isaque fosse repatriado para a Mesopotâmia47 (vv. 5-6). A preocupação de Abraão
em dar tais orientações envolvia a sua responsabilidade pessoal no concerto feito entre ele e
Deus, em formar uma nação separada para o Senhor Deus (Gn 12:1-3).
46
Como exemplos de casamento com laços de consanguinidade pode-se verificar no texto bíblico: Abraão
casou-se com sua meia-irmã Sara (Gn 20:12); Naor casou-se com sua sobrinha Milca (Gn 11:26-29); Isaque casou-se
com sua prima Rebeca (Gn 24:15); Esaú casou-se com sua prima Maalate (Gn 28:9); Jacó casou-se com suas primas
Raquel e Lia (Gn 29); Anrão casou-se com sua tia Joquebede (Nm 26:57-59); as filhas de Zelofeade casaram-se com
seus primos (Nm 36).
47
A respeito da atitude passiva de Isaque e de como era o procedimento do noivado naqueles tempos, ver
Perkin, “Costumes do Casamento nos tempos bíblicos”, ETHIC, 237-240; Madeleine S. Miller, e J. Lane Miller,
“Marriage”, HBD, 7ª ed. (Nova Iorque: Harper & Row, 1961), 421; Hamilton, “Marriage”, ABD, 4:562-563.
16
O casamento de Isaque com uma cananita idólatra, com todos os fatores religiosos
É possível imaginar o que uma esposa idólatra poderia fazer para desencaminhar o jovem
Isaque após o falecimento de Sara, sua mãe (Gn 23 e 24:67). As atitudes de Isaque, como nesse
episódio e no sacrifício do Monte Moriá (Gn 22:1-12) podem denotar completa submissão à
vontade divina. Ao aceitar as orientações paternas, Isaque estava demonstrando uma submissão
total e voluntária ao princípio de casamento com alguém da mesma formação religiosa que ele.
Felizmente para Isaque, ele pacientemente deixou que Deus dirigisse a escolha da sua
esposa. Ao chegar o servo de Abraão à Mesopotâmia, e após estabelecer com Deus uma forma de
escolha, ele explica toda a sua jornada ao pai da moça. Ao dar os detalhes da sua tarefa, ele
reforça a idéia de que, por juramento solene, estava proibido de tomar esposa para Isaque dentre
as idólatras da região: “E meu senhor me fez jurar, dizendo: Não tomarás esposa para meu filho
das mulheres dos cananeus ... porém irás à casa de meu pai, à minha família, e tomarás esposa
interessa no bem-estar conjugal de Seus filhos. Do casamento de Isaque pode-se afirmar que foi
uma união arranjada pelo céu.49 O texto bíblico afirma que Rebeca lhe trouxe apoio e consolação,
48
E. A. Speiser, Genesis, AB (Garden City, NY: Doubleday, 1964), 183.
49
Carrol, El libro de Genesis, 361.
17
A história dos dois filhos do casal apresenta matizes bem variados. Enquanto Esaú se
envolve em casamentos mistos com as mulheres da região, Jacó o mais jovem, devido a uma
intriga com o próprio irmão, é obrigado a fugir da casa dos pais (Gn 27:41-28:5), e refugiar-se
O relato dos casamentos de Esaú mostra as dificuldades que os casamentos mistos podem
trazer para as famílias. Esaú tinha quarenta anos quando se casou com duas mulheres heteias, Judite e
Basemate. Essas escolhas trouxeram sérios problemas familiares. Estes problemas não são
identificados no relato bíblico, mas o certo é que as duas esposas heteias de Esaú “se tornaram
Quando ocorre o desentendimento entre os dois irmãos, Rebeca manifesta a Isaque o seu
desagrado com as noras: “Aborrecida estou da minha vida por causa das filhas de Hete; se Jacó
tomar esposa dentre as filhas de Hete, tais como estas, as filhas desta terra, de que me servirá a
Isaque abençoa a Jacó e o despede com uma ordem: “Não tomarás esposa dentre as filhas
de Canaã ... vai a Padã-Arã, ... e toma lá por esposa uma das filhas de Labão, irmão de tua mãe”
(Gn 28:1-2). Como Jacó seria a continuação da linhagem do concerto, a preocupação com o tipo
Por outro lado, Esaú fica ainda mais irado com a bênção e o conselho recebidos pelo
irmão, e numa atitude de rebeldia, “foi à casa de Ismael e, além das mulheres que já possuía,
tomou por mulher a Maalate, filha de Ismael” (Gn 28:9). Embora Maalate fosse ismaelita,50 da
50
Conforme Gênesis 36:2, comparado com 26:34 e 28:9, não há nenhum ponto de contato perceptível
entre Judite e Oolibama. Kidner argumenta a possibilidade de Esaú ter se casado com quatro mulheres cananitas, e
não apenas três como se crê normalmente. Ver Kidner, Gênesis, 165.
18
linhagem de Abraão, não era o desejo dos pais, já manifesto nas orientações dadas a Jacó, que
estabilidade familiar.
No Período Mosaico
No período sob a liderança de Moisés, surgem novas orientações acerca dos casamentos dos
israelitas. Os casamentos com membros da mesma família recebem limitações, em virtude dos
devido à sua importância na formação da nação israelita. Tais restrições na escolha do companheiro
tinham também a preocupação de assegurar a continuidade dos hebreus como nação. Uma forte
(Êx 34:11-16; Dt 7 e Js 23:11-13). As expressões utilizadas por Moisés para advertir os israelitas
mostram a preocupação de Deus para com o Seu povo. “... não farás com elas aliança ... nem
contrairás matrimônio com os filhos dessas nações; não darás tuas filhas a seus filhos, nem
tomarás suas filhas para teus filhos” (Dt 7:2-3). O maior de todos os perigos estava em que tais
51
Ver as limitações de casamentos afins em Levítico 18:6-18; 20:10-21, que proíbe o casamento entre pais e
filhos, irmãos e irmãs. Entre tios e sobrinhos, até então praticados, também foram proibidos.
52
Bower e Knapp, “Marriage”, ISBE, 264; Miller e Miller, “Marriage”, HBD, 422.
19
prostituir-se ou cometer adultério espiritual.53 E esta é a expressão utilizada por Moisés, em sua
advertência: “para que não faças aliança com os moradores da terra: ... e tomes mulheres das suas
filhas para os teus filhos, e suas filhas prostituindo-se com seus deuses, façam que também os
por um lado, evitar o sincretismo religioso e por outro, fortalecer o culto a Jeová.54 A
preocupação divina em dar estas orientações não estava baseada em aspectos raciais, sociais ou
As batalhas pela posse da terra prometida foram lideradas por Josué. Naquela oportunidade o
Senhor Deus ordenou que os habitantes de Canaã fossem destruídos,55 juntamente com os seus
A ênfase com que essas ordens foram dadas demonstra claramente os perigos que Israel, uma
nação ainda em fase embrionária, enfrentaria caso os seus filhos viessem a estabelecer
relacionamentos com os cananitas através de laços familiares.57 Aqui é notável a preocupação divina
53
R. Alan Cole, Êxodo: introdução e comentário, Série Cultura Bíblica (São Paulo: Vida Nova e Mundo
Cristão, Reimp. 1990), 223.
54
Miller e Miller, “Marriage”, HBD, 422.
55
Para melhor compreensão das razões envolvidas na destruição dos cananitas, ver: Clyde T. Francisco,
The Book of Deuteronomy, SBSS (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1964), 39-40; Ian Cairns, Word and
Presence, A Commentary on the Book of Deuteronomy, IThC (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1992), 88-90; Joseph S.
Exell, Deuteronomy, BbI, vol. 3 (Baker Book House, Grand Rapids, MI: 1977), 227-232.
56
J. A. Thompson, Deuteronômio: introdução e comentário, Série Cultura Bíblica (São Paulo: Vida Nova
e Mundo Cristão, 1985), 125.
57
Matthew Henry, MHC (Wilmington, DE: Sovereign Grace, 1972), 1:440-441; John I. Durhan, Exodus,
WBC, vol. 3 (Waco, TX: Words Books, 1987), 460-461.
20
com a integridade e continuidade da fé israelita, que poderia correr o risco de ser destruída, caso
Os cananitas estavam sendo julgados por causa da sua patente iniquidade e os israelitas
não deviam se mesclar com eles. Os casamentos mistos não apenas poderiam corromper o povo
descer o juízo divino para aniquilar os cananitas, Israel correria o risco de também ser incluído.59
consequências, tanto as físicas como as espirituais. Tinham sofrido por centenas de anos a
dificuldade de adorar ao Senhor Deus de seus pais em meio ao paganismo e idolatria do Egito.
Agora o Senhor desejava livrá-los por completo. Havia necessidade de proteger a jovem nação da
degradante religião dos cananitas60 e dos perigos que a idolatria daqueles povos representava para
Israel.61 Na luta contra o culto aos deuses estranhos, os dirigentes de Israel perceberam a
Inicialmente a questão dos casamentos mistos foi apenas desencorajada, para depois ser
fortemente proibida após a formação do povo hebreu, em virtude do perigo de levar os israelitas
às práticas idolátricas das nações vizinhas.63 A grandeza espiritual do povo de Israel deriva-se
58
Baab, “Marriage”, IDB, 3:281.
59
Russel Norman Champlin, ATI, (São Paulo: Hagnos, 2001), 2:789.
60
Donald F. Ackland, Deuteronomy, TBC (Nashville, TN: Broadman Press, 1972), 119; Peter E. Cousins,
Deuteronomy, IBC (Grand Rapids, MI: Marshall Pickering / Zondervan, ed. revisada, 1986), 264; Duane L.
Christensen, Deuteronomy 1-11, WBC, vol. 6-A (Dallas, TX: Words Books, 1991), 157-160.
61
Patrick D. Miller, Deuteronomy, BCTP (Louisville, KT: John Knox Press, 1990), 111.
62
Serafin de Ausejo, DlB, 8a ed. (Barcelona: Herder, 1981), 896.
63
R. Allan Killen, “Marriage”, WBE, (Chicago: Moody Press, 1975), 2:1081.
21
diretamente de suas ligações de lealdade para com Deus. Não se misturar com outras crenças
religiosas era uma necessidade para o cumprimento da missão e sobrevivência da própria nação, e
o casamento misto poderia tornar-se o maior obstáculo à concretização dos ideais divinos. Israel
deveria tornar-se um instrumento para tornar conhecido o nome e o poder de Deus entre as
nações.64
Dentre as leis e orientações do povo de Israel acerca dos casamentos mistos, havia uma
que pode ser vista como uma exceção à regra. Referia-se à permissão que um israelita tinha de
casar-se com mulheres prisioneiras de guerra (Dt 20:14 e 21:10-14).65 Essa aparente exceção traz
a ideia subjacente de que um israelita poderia se casar com uma mulher cativa ou escrava, sem
que fosse considerada uma infração das leis.66 Nesse caso não existia real perigo de contaminação
moradores da terra tinham o propósito de não somente proteger a religião, mas também os altos
interesses da nação68 que estava surgindo no cenário mundial. No período dos Juízes alguns dos
povos cananitas não tinham sido completamente destruídos. Pelo fato de Israel não haver
64
Champlin, ATI, 2:789.
65
Ver em Deuteronômio 21:10–14, as orientações, de como um israelita deveria proceder num casamento
com uma prisioneira de guerra.
66
Trutza, P. “Marriage”, ZPEB (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1975), 4:96.
67
Ausejo, DlB, 895.
68
Trutza, 4:101.
22
propósito com a presença dos cananitas ali. Eles serviriam como uma forma de teste para provar a
fidelidade de Israel (Jz 2:21-23 e 3:1-2).69 Na concepção divina, este parecia ser um risco
calculado.70
das terras, uma nova geração de israelitas “que não conheceu o Senhor” (Jz 2:10), se voltou para
a religião dos cananitas (Jz 3:5-7). A união através de laços familiares com os povos da terra
levou Israel à idolatria, pois num ato de desobediência aberta “tomaram de suas filhas para si por
mulheres, e deram as suas próprias aos filhos deles” e “rendiam culto a seus deuses” (v. 6).
Através dessas duas atitudes – idolatria e casamento misto – provocaram o desagrado divino,
pois ao se curvarem aos deuses cananitas, eles “fizeram o que era mau perante o Senhor” (Jz 3:5-7).
As décadas seguintes foram vividas sob servidão às nações vizinhas. Os juízes foram, na sua maioria,
líderes que livravam o povo israelita daqueles inimigos de quem o próprio Israel se aproximava e
acabava sofrendo suas influências negativas (cf. Jz 2). Decisões em favor da lealdade a Deus eram
rapidamente esquecidas sempre que confrontadas com o poder que a idolatria e a atração sensual
O livro dos Juízes relata a experiência de Sansão, um líder que recebera especial poder de
Deus para livrar o Seu povo dos opressores (Jz 13). Quando Sansão desperta os sentimentos do
69
Arthur E. Cundall, “Juízes”, em Arthur E. Cundal, e Leon Morris, Juízes e Rute: introdução e
comentário, Série Cultura Bíblica (São Paulo: Mundo Cristão e Vida Nova, 1986), 70; Unger, Nuevo Manual Biblico
de Unger, 131.
70
Hamlin compara este risco calculado de Deus, em deixar aquelas nações idólatras por algum tempo,
com a experiência realizada no Jardim do Éden no teste aplicado a Adão e Eva ( Cf. Gn 2:16–17). E. John Hamlin,
Judges – At Risk in the Promised Land, IThC (Grand Rapids, MI: Eerdmans / Handsel, 1990), 60.
71
Cundall, Juízes, 71.
23
coração para uma jovem filisteia, pede ao pai que concretize o casamento (Jz 14:1-2). Os pais do
jovem Sansão fazem-lhe uma pergunta que demonstra o real perigo envolvido naquela situação,
aparentemente inocente para o rapaz: “Não há, porventura, mulher entre as filhas de teus irmãos,
ou entre todo o meu povo, para que vás tomar esposa dos filisteus, daqueles incircuncisos?”
(14:3). A resposta de Sansão demonstra a sua insensatez: “Toma-me esta, porque só desta me
agrado” (14:3). Aqui Sansão está quebrando dois padrões de comportamento para o seu tempo:
primeiro, ele ignora a opinião dos pais ao escolher sua própria esposa e segundo, ele escolhe uma
não israelita.72
Sansão deixou-se levar apenas pelos seus sentimentos e emoções. Acabou se envolvendo
com três mulheres: a esposa, de Timna (14:1); a prostituta, de Gaza (16:1); e Dalila, do Vale de
Soreque (16:4), todas inimigas do seu povo. Embora tenha julgado a Israel durante vinte anos,
não efetuou um livramento real do jugo filisteu. Por não medir as consequências das suas
escolhas, Sansão acabou sendo conduzido à morte, depois de ter os olhos furados, ser posto sob
humilhação e ter sido feito prisioneiro.73 A história de Sansão é o fiel retrato de um período de
perigo ainda maior. A ameaça dos filisteus era pior que as demais, porque embora os moabitas,
72
Ibid., 229.
73
Ibid., 148.
74
Ibid.
24
daquela que seria a sua esposa em Timna, o escritor bíblico afirma que os seus pais “não sabiam
que isto vinha do Senhor” (14:4). O que seria “isto” que “vinha do Senhor”? Seria a vontade
divina que ele se casasse com a filisteia, contrariando os seus pais e toda a orientação anterior?
Estaria Deus despertando em Sansão o desejo de unir-se àquela mulher como forma de aproximá-
sua aproximação dos filisteus, mesmo contrariando os padrões de comportamento dos israelitas.75
Sansão tinha uma missão a cumprir e Deus estaria usando sua desobediência para colocá-lo numa
Cundall afirma que esta expressão é apenas um comentário do escritor da saga de Sansão,
feito numa época em que a ameaça filisteia fazia parte do passado. O escritor estaria comentando
aquilo que ele julgava ser a manifestação do poder de Deus, enquanto que, em verdade, era Sansão
casamento, ele deu oportunidade para que Deus o usasse.78 Mesmo que Deus em Sua soberania79
75
Robert J. Boling, Judges, AB, vol. 6-A (Garden City, NY: Doubleday, 1975), 229-230.
76
Champlin, ATI, 2:1056.
77
Cundall, 156; Bolling, 229-230.
78
Kenneth L. Barker e John R. Kohlenberger III, eds., The Zondervan NIV Bible Commentary, vol 1: Old
Testament (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1994), 355. Herbert Wolf, Judges, ExBC, vol. 3 (Grand Rapids, MI:
Zondervan, 1992), 466. Charles F. Keil, e Franz Delitzsch, OTC, vol. 2 (Grand Rapids, MI: Associated Publs. &
Authors, s.d.), 57. Hamlin compara a descida de Sansão à Timna, onde acaba se apaixonando (14:1-4), com o fato de
Jesus ter sido levado ao deserto pelo Espírito de Deus para ser tentado pelo diabo (cf. Mc 1:12, Mt 4:1 e Lc 4:1) ver
Hamlin, 133.
79
Champlin, ATI, 2:1057; Wolf, Judges, 3:466.
25
tivesse colocado tal desejo no coração de Sansão, contrariando as orientações divinas acerca do
casamento, o mais provável é que o Senhor, para cumprir Seu objetivo com Israel, tenha usado as
Se Sansão estava consciente de que era Deus quem o impulsionava para o casamento, ele
não menciona este fato,81 pelo contrário, ele é enfático em demonstrar que era sincero em sua
paixão (14:3). Deus planejou derrotar os filisteus através da força física de Sansão, e o fez através
da própria fraqueza e paixão humana. Deus proveu livramento para o Seu povo, mas não livrou
Sansão de sofrer por suas escolhas. Qualquer indivíduo, mesmo que esteja sendo guiado por
Os filisteus dominaram os israelitas durante um longo tempo entre o período dos juízes e
A monarquia de Israel inaugura uma nova etapa na história dos casamentos mistos. Os
reis de Israel copiaram o mau exemplo dos reis das nações vizinhas e além da poligamia,
tomaram mulheres idólatras como esposas; a prática proibida por Deus desde o início.83
80
Mathew Henry, Comentario exegetico devocional a toda la Bíblia – Libros históricos, vol. 1
(Barcelona: Editorial Clie, 1989), 222.
81
Joseph Exell, Judges, BbI, vol. 3 (Grand Rapids, MI: Baker Book, 1975), 213.
82
Edward R. Dalglish, Juizes, CBB, vol. 2 (Rio de Janeiro: JUERP, 1990), 509-510.
83
Acerca da tolerância da poligamia nos tempos bíblicos, especialmente entre reis e patriarcas, ver:
Perkin, “Costumes do casamento nos tempos bíblicos”, EHTIC, 1:240; J. T. Mueller, “Poligamia”, EHTIC, vol. 3
(São Paulo: Vida Nova, 1990), 161; Baab, “Marriage”, IDB, 3:280-281; Hamilton, “Marriage”, ABD, 4:565.
26
Esses matrimônios eram, na sua maioria, arranjos de cunho político a fim de confirmar
alianças com outras nações.84 Esses exemplos são encontrados na vida de muitos reis de Israel,
principalmente Davi, Salomão e Acabe. Mas é na história de Salomão que a influência negativa
O rei considerado o mais sábio homem sobre a terra (1Rs 3:3-28; 4:29-34; 10:1-13), lança
fora toda sua reputação, quando dá vazão aos desejos do coração carnal. O capítulo 11 do
primeiro livro dos Reis menciona algumas das suas aventuras amorosas que acabaram
pervertendo-lhe os sentidos e despertando a ira de Deus contra ele e contra a casa real.
Além da filha do Faraó do Egito (1Rs 3:1), a Bíblia afirma que Salomão amou “muitas
mulheres estrangeiras”, e a seguir apresenta uma lista que inclui: “moabitas, amonitas, edomitas,
sidônias e heteias” (1Rs 11:1). O escritor bíblico acrescenta, após essa relação, a proibição de
Deus e depois o resultado da desobediência. Salomão havia se envolvido com “mulheres das
nações de que havia o Senhor dito aos filhos de Israel: Não caseis com elas, nem casem elas
convosco, pois vos perverteriam o coração, para seguirdes os seus deuses” (v. 2).
concubinas, dentre elas muitas estrangeiras idólatras, essas “lhe perverteram o coração para
seguir outros deuses” (vv. 3-4). Salomão tornou-se idólatra, e em sua velhice adorou a “Astarote,
deusa dos sidônios, e a Milcom, abominação dos amonitas” (v. 5). Os versos seguintes relatam a
indignação do Senhor Deus contra o rei Salomão, em função da sua desobediência (vv. 9-13).
84
Killen, “Marriage Customs and Ceremonies”, WBE, 2:1081; Charles G. Martin, 1 and 2 Kings, IBC, 2a ed.
(Grand Rapids, MI: Marshall Pickering / Zondervan, 1986), 407; Simon J. DeVries, 1 Kings, WBC, vol. 12 (Waco, TX:
Word Books, 1985), 50.
27
Acabe. Segundo o relato de 1Reis no capítulo 16, dos versos 29 a 34, Acabe se casou com
Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios,85 e acabou também se envolvendo na idolatria deles,
trazendo o desagrado divino sobre Israel, e grande seca e fome sobre Samaria.
Conforme o relato bíblico, o rei Acabe cometeu quatro pecados inconcebíveis: 1) Casou-
se com uma adoradora de Baal, filha de um rei adorador de Baal; 2) Adorou a Baal e curvou-se
ao deus fenício; 3) Construiu um templo para Baal em Samaria com um altar público; 4)
Construiu também uma imagem em forma de poste-ídolo da deusa dos fenícios (vv 31-33).86
O rei Acabe é descrito como aquele que “cometeu mais abominações para irritar ao
Senhor Deus de Israel do que todos os reis de Israel que foram antes dele” (v. 33). A razão não
podia ser outra: a influência de Jezabel, sua esposa. Se nos dias de Davi e Salomão, Israel tinha
apenas um bom relacionamento comercial com os fenícios, Acabe tornou uma princesa fenícia
em rainha de Israel. Embora Salomão tivesse desposado a filha do Faraó do Egito, a grande
Pela influência de apenas uma mulher, a idolatria baalista dos fenícios foi introduzida no
Reino do Norte, trazendo com ela todo o ritual do culto idólatra.88 Jezabel tornou-se símbolo, não
apenas de apostasia, mas também de intolerância religiosa, pela maneira como introduziu o culto
a Baal em Israel (1Rs 21:25-26), matou os profetas de Deus (1Rs 18:4, 13), e de modo especial
85
O termo “sidônios” é aplicado aos fenícios, conforme Gene Rice, I Kings – Nations Under God, IThC
(Grand Rapids, MI: Eerdmans / Handsel, 1990), 138.
86
DeVries, 1 Kings, 204; Rice, 1 Kings – Nations Under God, 138.
87
DeVries, 138.
88
Ibid.
28
Tanto as experiências dos reis Acabe, Davi, e principalmente a de Salomão, relatadas em todo
de caráter político,89 não apenas para o rei mas também para toda a nação de Israel. Embora algumas
dessas atitudes tenham sido motivadas pela expansão e consolidação do poder político, por outro lado
Salomão, na maioria das suas aventuras, e também Acabe, são exemplos de gritante negligência das
normas religiosas.90
De modo geral, todas as vezes que o povo de Deus desobedeceu às Suas orientações,
sofreu terríveis consequências, tanto pessoais como coletivas. Não aparecem referências bíblicas
contrárias ao casamento misto quando alguém estava exilado ou vivendo em terras estranhas por
longos períodos de tempo. Sob certas circunstâncias esses casamentos foram tolerados, e
aparentemente não sofreram reprovação.91 Alguns exemplos são os casamentos de José (Gn 41),
Moisés (Êx 2) e da rainha Ester (Et 2).92 Uma dessas mais claras exceções é o casamento do
judeu Boaz, com Rute, a moabita. Rute se convertera ao judaísmo, tornando-se uma israelita que
89
John Rea, “Marriage Customs and Ceremonies”, WBE, 2:1081; Trutza, 4:95.
90
Hamilton, “Marriage”, 4:564.
91
Myers, 84; Rea, “Marriage Customs and Ceremonies”, WBE, 2:1081.
92
Algumas situações com pessoas eminentes e heróis da fé do Antigo Testamento, envolvidos em
casamento misto, parece minimizar a seriedade do assunto. Abrão rendeu-se à sugestão de Sara e tomou a egípcia
Hagar como concubina (Gn 16). José também se casou com uma egípcia (Gn 41:45). Moisés casou-se com uma
midianita (Ex 2:21) ou cusita (Nm 12:1). Malom e Quiliom casaram-se com moabitas (Rt 1:1-4). Boaz casou-se com
Rute, a moabita (Rt 4:9-10). Ester tornou-se rainha ao casar-se com Assuero, o rei persa (Et 2). Mark A. Throntveit,
Ezra-Nehemiah, BCTP (Louisville, KE; John Knox Press, 1992), 56; Williamson, Ezra-Nehemiah, 130; Jacob M.
Myers, Ezra-Nehemiah, AB, vol 14 (Garden City, NY: Doubleday, 1974), 76. Alguns autores defendem a inclusão
do livro de Rute, a moabita que se casou com o judeu Boaz, vindo a figurar na genealogia de Davi e do próprio
Jesus, como uma forma de desaprovar as atitudes rígidas de Esdras e Neemias. Ver Throntveit, Ezra-Nehemiah, 56-
57; Myers, Ezra-Nehemiah, 84.
29
comungava a fé da sua sogra Noemi.93 Tal fato é confirmado pelo próprio testemunho de Rute
(Rt 1:16-17), pelo testemunho de Boaz (2:12), dos anciãos de Israel e de todo o povo (4:11).
No Período Pós-Exílico
Esse foi também um período muito difícil para os israelitas, pois ao retornarem ao seu
país, os homens solteiros não encontravam com facilidade mulheres completamente judias com
Durante os anos em que os judeus estiveram exilados em Babilônia, muitos povos estrangeiros
chegaram à Palestina e assumiram o controle de boa parte do território da Judeia.95 Diante dessa
situação a pequena comunidade proveniente do Exílio corria o sério risco de ser absorvida pelo
Tanto no livro de Esdras (caps. 9 e 10) como no de Neemias (cap. 13), a complexa
exílio com as mulheres estrangeiras que habitavam a Palestina (Ne 13:23). 2) As crianças
93
Myers, 84.
94
Ausejo, 895; Raymond A. Bowman, e Charles W. Gilkey, Nehemiah, IB, vol. 3 (Nova Iorque:
Abingdon Press, 1954), 817.
95
H. G. Williamson, Ezra, Nehemiah, WBC, vol. 16 (Waco, TX: Word Books, 1985), 160; A. Philip
Brown II, “The Problem of Mixed Marriages in Ezra 9-10”, Bibliotheca Sacra 162, Outubro-Dezembro de 2005,
437-458 em ATLA Serials (base de dados online), disponível em http://www.portaldapesquisa.com.br/database/sites,
consultada em 22 de janeiro de 2009.
96
Myers, 85.
97
Ver as duas missões de Neemias: reconstrução da cidade e proibição dos casamentos mistos, em
Christophe Pichon, “La Prohibition des marriages mixtes par Néhémie XIII 22-31), Vetus Testamentum XLVII–2,
168-199 em ATLA Serials (base de dados online), disponível em http://www.portaldapesquisa.com.br/database/sites,
consultada em 22 de janeiro de 2009.
30
provenientes desses casamentos mistos falavam uma linguagem misturada e tinham dificuldade
em aprender a língua judaica (v. 24).98 3) Os príncipes e magistrados judeus, que encabeçavam a
lista99 dos que haviam contraído casamentos mistos (Ed 9:2).100 4) Alguns levitas também
estavam envolvidos (Ed 10:18, Ne 13:29), contaminando o sacerdócio,101 dentre eles, um dos
netos do sumo sacerdote102 Eliasibe se casara com a filha de Sambalate (Ne 13:28), um dos piores
As medidas tomadas pelos líderes Esdras e Neemias,104 acerca de casamentos mistos não
continham apenas elementos religiosos, mas também apontavam para os aspectos culturais (Ed
9:2).105 Havia uma grande preocupação com o esquecimento, não apenas da língua judaica, mas
principalmente dos ensinamentos da Torah106 que eram passados de forma verbal de pais para filhos
em cada geração. A influência que a mãe exerce sobre as crianças a partir do aprendizado da
98
Ralph G. Turnbull, The Book of Nehemiah, SBSS (Grand Rapids, MI: Baker Book, 1968), 102-103;
Bowman e Gilkey, Nehemiah, IB, 3:815; Myers, 216.
99
Para melhor compreensão acerca do aparente contraste entre o tamanho da lista e a maneira séria como
o assunto é apresentado, ver Myers, 87.
100
Williamson apresenta a possibilidade de que essas mulheres estrangeiras fossem prostitutas e não
esposas, ver Williamson, Ezra, Nehemiah, 150.
101
Billy E. Simmons, Ezra, TBC (Nashville, TN: Broadman Press, 1972), 256.
102
No livro de Levítico (Lv 21:13–15) se encontram as orientações acerca do casamento dos sacerdotes.
103
Stephen S. Short, Nehemiah, IBC (Grand Rapids, MI: Marshall Pickerring / Zondervan, 1986), 507.
104
Para uma análise das atitudes pessoais contrastantes entre Esdras, que implodiu (Ed 9:3-4) e Neemias,
que explodiu (Nm 13:25), ver Derek Kidner, Esdras e Neemias – introdução e comentário, Série Cultura Bíblica
(São Paulo: Mundo Cristão e Vida Nova, Reimp. 1989), 74; Bowman e Gilkey, Nehemiah, IB, 3:816; Myers, 85.
105
Ausejo, 895.
106
Fredrick Carlson Holmgren, Israel Alive Again – A Commentary on the Books of Ezra and Nehemiah,
IThC (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1987), 154-155.
31
linguagem, deixa claro o perigo que existe nos casamentos mistos no terreno religioso, também para
O uso da expressão “misturou a linhagem santa com os povos dessas terras” como aparece
em Esdras (Ed 9:2), se refere ao conceito de “povo santo”, eleito por Deus da semente de Abraão,
A maneira como o assunto foi resolvido demonstra a unidade do povo israelita em aceitar
o convite ao arrependimento formulado por Esdras, que culminou com todos os homens, a
começar pelos sacerdotes que, após chegarem a um acordo, despediram suas esposas estrangeiras
(Ed 10:17 e 19).109 Em Neemias também se vê a boa vontade dos judeus em aceitar as reformas
Esdras e Neemias, repreendeu também o povo, chegando a chamar a mulher estrangeira de “filha
de deus estranho”110 (Ml 2:11). Isto sugere não apenas o mal do casamento misto em si, mas o
inevitável sincretismo religioso que acompanhava essas uniões naqueles dias. 111
O profeta escreve claramente, primeiro fazendo uma acusação generalizada: “Judá foi
desleal.” Depois lança a culpa específica, “Judá ... se casou com a filha do deus estranho” (v. 11).
Colocando dessa maneira, Malaquias identifica o cerne problema crucial: os casamentos mistos. O
assunto não é demonstrado aqui, como um problema primariamente cultural, como aparece algumas
107
Myers, 216.
108
Williamson, Ezra, Nehemiah, 132.
109
Holmgren, Israel Alive Again, 80-81.
110
Conforme Ml 2:11 na tradução em português Almeida Corrigida.
111
Hamilton, “Marriage”, 4:564.
32
Israel, tornando-os “desleais uns para com os outros” e “profanando o concerto dos nossos pais” (v.
10).112
No Novo Testamento
primeira preocupação em relação ao casamento era evitar que os israelitas se misturassem com
pessoas de outra religião, no período do Novo Testamento, percebe-se que, de forma geral, as
orientações para o Cristianismo seguem na mesma direção das que foram dadas aos hebreus ou
israelitas.
especialmente aquele oriundo do paganismo e que, ao se converter, permanece casado com uma
casamento misto, no Novo Testamento aparece um novo elemento. Na Era Cristã uma pessoa tanto
pode entrar num jugo desigual através do casamento misto, como pode entrar de maneira indireta
através da conversão e consequente batismo. Nos escritos de Paulo e Pedro encontram-se algumas
112
Andrew Cornes, Divorce & Marriage – Biblical Principles and Pastoral Practice (Grand Rapids, MI:
Eerdmans, 1993), 159-160; Beth Glazier-McDonald, “Intermarriage, Divorce, and the ‘Batel Nekar’: Insights into
Mal 2:10-16”. Journal of Biblical Literature, 106/4, 1987, 603-611 em ATLA Serials (base de dados online),
disponível em http://www.portaldapesquisa.com.br/database/sites, consultada em 23 de janeiro de 2009.
33
Nos escritos de Paulo é possível verificar que as advertências acerca da associação entre
crentes e descrentes também se estende às relações comerciais e sociais, entre outras. O apóstolo
Paulo aborda dois aspectos envolvendo pessoas em jugo desigual: a orientação para se evitar o
entrar numa associação de “jugo desigual” (2Co 6), e o que fazer quando já se estiver num “jugo
As orientações na primeira epístola fazem parte das respostas às perguntas, que os crentes
de Corinto fizeram ao apóstolo Paulo, algumas delas a respeito de casamento e vida familiar. Por
sua vez, as orientações que aparecem na segunda epístola fazem parte de uma série de
O ponto central de interesse a esse estudo na primeira epístola aos Coríntios são os versos
a casais onde ambos são cristãos. A expressão “aos mais” (v. 12) está se referindo
O apóstolo faz uma distinção entre o que ele aconselha aos casais cristãos, como sendo
uma ordem divina “não eu, mas o Senhor” (v. 10), e o que aconselha aos demais casais, como
sendo uma orientação de caráter pessoal “digo eu, não o Senhor” (v. 12). Comentaristas, de um
113
Ralph W. Harris, ed., Roman–Corinthians, NTSB, vol. 7 (Springfield, MS: The Complete Biblical
Library, 1989), 333.
34
modo geral, creem que isso de modo algum diminui a importância da orientação, pois suas
O apóstolo claramente não aconselha o divórcio por questões religiosas (vv. 11 12), mas
quando o cônjuge descrente prefere separar-se do cônjuge cristão (v. 15), este não deveria se
A expressão “em tais casos não fica sujeito à servidão” (1Co 7:15), tem sido entendida por
alguns, entre eles Calvino e Lutero, que o cônjuge cristão estaria liberto da servidão, podendo
divorciar-se, e diante de Deus, livre para casar-se novamente,115 desde que tenha lutado pela
forma de exigência, neste caso é que desde que o faça “no Senhor”, ou seja, que se case com outro
cristão, conforme poderia se entender de 1Co 7:39 e do capítulo 6 da segunda epístola aos Coríntios.
Para outro grupo de religiosos, esta mesma expressão tem sido normalmente aceita como
descrente, mas não liberando o crente abandonado para estabelecer um novo relacionamento
conjugal. 116 Nesse grupo encontra-se a Igreja Adventista do Sétimo Dia, defensora da posição
114
Paul W. Marsh, I Corinthians, IBC, 2a ed. (Grand Rapids, MI: Marshall Pickering / Zondervan, 1986),
1361; Fred L. Fisher, I Corinthians, TBC (Nashville, TN: Broadman Press, 1972), 727.
115
Outros autores que sustentam esta opinião, ver William F. Orr, e James A. Walther, I Corinthians, AB
(Garden City, NY: Doubleday, 1976), 214; Joseph S. Exell, I Corinthians, BbI, vol. 17 ( Grand Rapids, MI: Baker
Book, [1977], 453; Albert Barnes, I Corinthians – NNT (Grand Rapids, MI: Baker Book, 1967), 117; C. Leon
Morris, I Coríntios: introdução e comentário, Série Cultura Bíblica (São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1989),
88; Herschell H, Hobbs, The Epistles to the Corinthians (Grand Rapids, MI: Baker Book, 1969), 41; Russel Norman
Champlin, NTI, (São Paulo: Milenium, 1983), 4:101.
116
Ver Barnes, I Corinthians, 119-120; Harris, Romans-Corinthians, NTSB, 7:337; Cornes, Divorce &
Marriage – Biblical Principles and Pastoral Practice, 245-259; Carlos R. Erdman, La Primera epistola de Pablo a
los Corintios (Grand Rapids, MI: TELL, 1974), 85-86; J. Carl Laney, “Paul and the Permanence of Marriage in 1
Corinthians 7”, JETS, 25/3 Setembro de 1982, 283-294, em em ATLA Serials (base de dados online), disponível em
http://www.portaldapesquisa.com.br/database/sites, consultada em 23 de janeiro de 2009.
35
contrair novas núpcias. Defende ainda que separações ou divórcios motivados por fatores que não
envolvem a infidelidade ao voto matrimonial, não dá a nenhum dos cônjuges o direito bíblico de
tornar a casar-se, a menos que durante a separação uma das partes envolvidas tenha morrido,
Num casamento misto, segundo Paulo, o cônjuge cristão nunca deveria tomar a iniciativa
de divorciar-se. A razão para isto está no fato de que a convivência familiar poderia ser
santificada pelo exemplo do cristão. Tanto o cônjuge descrente como os filhos dessa união
poderiam ser alcançados pela positiva influência de um homem ou de uma mulher dirigidos pelo
As palavras “santificado”, “santificada” e “santos” utilizadas aqui (v. 14), não significam
da salvação em Jesus Cristo, mas que todos os membros da família estarão envolvidos pela
117
Conforme declarações do capítulo 15 do Manual da Igreja, compreende-se de forma resumida que: a)
o adultério e/ou a fornicação (Mt 5:32, 19:9), ou o abandono da parte de um cônjuge incrédulo (1Co 7:10-15)
constituem motivos para divórcio (p. 204). b) A infidelidade matrimonial abrange além de adultério e/ou fornicação,
as perversões sexuais: incesto, abuso sexual de crianças e as práticas homossexuais (1Co 6:9, 1Tm 1:9-10 e Rm
1:24-27) (p. 205). c) Após esforços em prol da restauração do casamento, não sendo possível a reconciliação, o
cônjuge fiel tem o direito bíblico ao divórcio, bem como tornar a casar-se (pp. 205-206). d) O cônjuge infiel estará
sujeito à disciplina da igreja local (p. 206). e) A separação/divórcio resultante de fatores que não envolvem a
infidelidade, não dá a nenhum dos cônjuges o direito bíblico de tornar a casar-se, a menos que no ínterim uma das
partes tenha morrido, cometido adultério ou fornicação, ou tenha se casado (p 206). f) O cônjuge que venha a casar-
se, sem o direito bíblico, será removido da igreja, bem como a pessoa com quem tenha se casado, caso essa pessoa
também seja membro da igreja (p. 206). g) Nenhum pastor adventista tem o direito de oficiar uma cerimônia de
novas núpcias de pessoa que, não tenha o direito bíblico de tornar a casar-se. Manual da Igreja Adventista do Sétimo
Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), 201-208.
36
bênção da presença de Cristo no lar.118 O cônjuge crente deve procurar tornar o casamento feliz
Alguns comentaristas concordam que, apesar da possibilidade real de o cônjuge cristão ser
uma bênção para o seu companheiro descrente e para os filhos, podendo ajudar na conversão destes,
não há nenhuma intenção por parte do apóstolo, em legitimar a atitude de um cristão em casar-se com
Pela exposição do apóstolo, casais cristãos que se divorciam, estariam quebrando as ordens
de Cristo (cf. Mateus 19:3-12).120 Nenhum cônjuge, ou casal cristão deveria se separar (vv. 10–11).
Caso isso viesse a ocorrer, o casal teria apenas duas opções: ou permanecerem separados sem
A expressão mais conhecida em toda a Bíblia sobre este assunto aparece no capítulo 6 da
segunda epístola aos Coríntios. No verso 14, o apóstolo lança uma séria advertência aos seus leitores:
“Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos” (2 Co 6:14).121 O contexto aqui traduz as
mudanças que estavam acontecendo nas sociedades judaicas, romanas e gregas, principalmente com a
118
Para melhor compreensão do significado dessas palavras neste verso, ver Harris, Roman-Corinthians,
7:335: Mathew Henry, MHC, (Wilmington, DE: Sovereign Grace, 1972), 2:1033; Exell, I Corinthians, BbI, 17:453;
Barnes, I Corinthians, 119; F. W. Grosheide, Commentary on the First Epistle to the Corinthians, NICNT (Grand
Rapids, MI: Eerdmans, 1974), 164-165.
119
Harris, Roman-Corinthians, 337; Buttrick, IB, 10:80.
120
Conforme os ensinos de Jesus Cristo, a única exceção a esta orientação, é quando o divórcio é
provocado por infidelidade ao voto matrimonial. Ver Mt 5:32, Mc 10:2-12 e Lc 16:18; Ver também John D. Davis,
“Adultério”, DB (Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1977), 163-164; L. I. Granberg, “Teologia do
casamento”, EHTIC, 1:241-243; Atkinson, “Divórcio”, EHTIC, 1:481-486; Cornes, Divorce & Marriage, 237-259;
Jay Adams, Marriage, Divorce and Remarriage in the Bible (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1980), 51-69.
121
A versão ARC traz uma tradução mais enfática, diz: “Não vos prendais ... com os infiéis”.
37
do Cristianismo.
A metáfora utilizada pelo apóstolo Paulo nesse texto tem sua origem no Antigo Testamento.
O verbo composto heterozygeo (estar num jugo desigual),122 é usado apenas uma vez em todo o
Novo Testamento, exatamente aqui. Tem a ideia de “puxar pelo jugo do lado oposto ao
Na LXX, esse verbo foi empregado na tradução de Levítico 19:19, como parte da proibição
de usar animais de espécies diferentes sob o mesmo jugo,124 nas atividades agrícolas. A mesma ideia
também aparece em Deuteronômio 22:9-11 num contexto onde algumas atividades com coisas
diferentes são proibidas: semear uma vinha com espécies diferentes de sementes (v. 9), usar na
mesma roupa estofos de tecidos diferentes (v. 11), e lavrar com uma junta formada por boi e jumento
(v. 10).125
casamentos mistos, e a outras associações que pudessem representar algum tipo de perigo para
um dos envolvidos.126 Paulo ao utilizar essa expressão lança mão de uma linguagem conhecida
122
Wesley J. Persbacher ed., The New Analytical Greek Lexicon (Peabody, MS: Hendrickson, 1992), 177;
Liddell and Scott, Greek-English Lexicon (Oxford: Clarendon Press, 1963), 277.
123
Isidro Pereira, Dicionário Grego-Português e Português-Grego, 5ª ed. (Porto: Livraria Apostolado da
Imprensa, 1976), 233.
124
Em Lv 19:19, segundo o texto em que se baseiam as versões em português, a proibição é contra o
acasalamento, ou cruzamento de espécies diferentes de animais. Ver Colin G. Kruse, II Coríntios: introdução e
comentário, Série Cultura Bíblica (S. Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1994), 145; Frank G. Carver, II
Corinthians, BBC, (Kansas, MO: Beacon Hill Press, 1968), 8:563-564; Philip E. Hughes, Paul’s Second Epistle to
the Corinthians, NICNT, (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1975), 244-245.
125
G. R. Beasley–Murray, II Coríntios, CBB, vol. 11, 2ª ed. (Rio de Janeiro: JUERP, 1988), 68–69.
126
Por exemplo, se aplicava também à associação de um mestre com um colega que tivesse pontos de
vista diferente. Ibid.
38
que lembra essas proibições ao advertir os crentes coríntios a não se “unirem” ou não “entrarem
O casamento é apenas um aspecto dentro das possibilidades do que o apóstolo teria em mente
ao fazer essa proibição. Jamais deveria ser entendida como a única ou principal preocupação do
apóstolo.127 Toda e qualquer aliança com os maus costumes e princípios do mundo devem ser
evitados.
os incrédulos, mas não se pode esquecer que nem todos os relacionamentos com descrentes são
jugos desiguais 128 e prejudiciais. Não há em Paulo uma atitude de isolacionismo,129 tanto das
As expressões que o apóstolo usa a seguir contrastam o desejo de Deus para com os Seus
filhos e o desejo do inimigo em afastá-los de Deus. Que “sociedade” pode haver entre a justiça e
a iniquidade? Que “comunhão” da luz com as trevas? Que “harmonia” entre Cristo e o Maligno?
Que “união” do crente com o incrédulo? Que “ligação” há entre o santuário de Deus e os ídolos?
daquilo que pertence a Deus com quem não se submete ao Seu governo.130
127
Webb lista 12 possibilidades, ver Wiiliam J. Webb, “Unequally Yoked Together with Unbelievers – Part 2:
What Is the Unequally Yoke in 2 Corinthians 6:14?” BS, Abril-Junho de 1992, 162-179 em ATLA Serials (base de dados
online), disponível em http://www.portaldapesquisa.com.br/database/sites, consultada em 21 de janeiro de 2009.
128
David J. A. Clines, II Corinthians, IBC, 2ª ed. (Grand Rapids: MI, Marshall Pickering / Zondervan,
1986), 1401.
129
Hughes, Paul’s Second Epistle to the Corinthians, 245-246.
130
Carlos R. Erdman, La segunda epistola de Pablo a los Corintios (Grand Rapids, MI: T.E.L.L., 1974),
74-75; Beasley-Murray, II Coríntios, CBB, 11:69; Donald G. McDougall, “Unequally Yoked – A Reexamination of
2 Corinthians 6:11-7:4”. TMSJ. 10/1 (Spring 1999), 113-137 em ATLA Serials (base de dados online), disponível em
http://www.portaldapesquisa.com.br/database/sites, consultada em 20 de janeiro de 2009.
39
“ligação” são todas apropriadas e perfeitas para ilustrar o relacionamento conjugal e o ideal de
apóstolo Pedro. A orientação do apóstolo é de alguma forma, semelhante aos conselhos dados pelo
apóstolo Paulo na primeira carta aos Coríntios, quando se refere aos cristãos que são casados com
não-cristãos.
maridos descrentes (1Pd 3:1-2), e também aos maridos cristãos (v. 7), quer tenham esposas cristãs ou
não. A preocupação do apóstolo é a conversão do marido que “ainda não obedece à palavra” (v. 1). O
comportamento honesto de sua esposa cristã. Agindo dessa forma, a esposa crente contribuiria para
131
Poderiam ser citados: práticas religiosas contrárias ao cristianismo, idolatria, práticas comerciais desonestas
ou ilegais, divertimentos mundanos, práticas sexuais ilícitas, infidelidade, licenciosidade, etc., Ver Barnes, II Corinthians
and Galatians, 154-155.
132
Ver um possível ponto de tensão no argumento de Pedro, o testemunho silencioso (1Pd 3:1-6) e o
testemunho verbal (1 Pd 3:14-16), em Jeanine K. Brown, “Silent Wives, Verbal Believers: Ethical and
Hermeneutical Considerations in 1 Peter 3:1-6 and Its Context”, Word & World, vol. 24, Nº 4, Inverno de 2004, 395-
403, em ATLA Serials (base de dados online), disponível em http://www.portaldapesquisa.com.br/database/sites,
consultada em 23 de janeiro de 2009.
133
G. J. Polkinghorne, I Peter, IBC, 2ª ed. (Grand Rapids, MI: Marshal Pickering / Zondervan, 1986), 1557-
1558; Elvis E. Cochrane, The Epistles of Peter, SBSS (Grand Rapids, MI: Baker Book, 1965), 46-47.
40
O apóstolo fala de questões cruciais dentro do relacionamento conjugal. Assim como hoje,
naquele contexto cultural, certos assuntos necessitam ser entendidos pelo casal cristão com muita
marido,135 A expressão de Pedro “sem palavra alguma”, não significa necessariamente ficar de boca
marido certamente reconhecerá a genuinidade da conduta feminina se for sincera, e isso falará mais
Pedro também apresenta uma tarefa especial para os homens cristãos. Eles deveriam ter:
“consideração para com a vossa mulher” como parte mais frágil, e tratá-las “com dignidade” (v.
7). Segundo Polkinghorne, para o mundo grego a mulher era como um vaso, impotente para
suportar força. Porém como criatura de Deus, ela tem igual direito à vida, e o homem não deve
Certamente, a maneira como um cristão casado trata o seu cônjuge, demonstrando o teor da
sua religião prática, contribuirá para a salvação ou perdição do descrente. O apóstolo coloca muita
ênfase no exemplo que o cônjuge cristão deve demonstrar. A sua influência sobre o cônjuge não-
134
Champlin, NTI, 6:131-135; Baab, “Marriage”, 3:282.
135
Para uma abordagem acerca da submissão feminina de uma perspectiva cristã cf. Efésios 5:22-33, ver
Champlin, NTI, 6:131; Antonio Estrada, La Familia: Crisis y Oportunidades (Barcelona: Editorial Clie, 1998), 83-
103; Arno C. Gaebelein, The Annotated Bible, vol. 4 ([Chicago]: Moody Press & Loizeaux Brothers, 1970), 73-74;
Edwin A. Blum, I Peter, ExBC, vol. 12 (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1981), 236-237; Alan M. Stibbs, The First
Epistle General of Peter, TyNTC (Grand Rapids, MI: Eerdmans, Reimp. 1975), 123-124; Aroldo F. de Andrade,
“Causa e efeito”, MA, março e abril de 2002, 12-13.
136
Possivelmente em outro contexto, Sófocles já dizia que “o silêncio é o maior ornamento da mulher”.
Ver Champlin, NTI, 6:131.
137
Polkinghorne, I Peter, 1557.
41
cristão, ou sobre sua família será um valioso elemento para ajudá-los a encontrar e reconhecer as
Resumo e Conclusões
O relacionamento conjugal é a mais íntima associação que pode haver entre duas pessoas
e é utilizado por Deus como um símbolo da união entre Ele e Seu povo. A entrada do pecado
deteriorou tanto as relações do homem com Deus, como também as próprias relações
Através dos séculos, Deus sempre procurou orientar os Seus filhos na escolha do
companheiro para a vida. Ao longo dos períodos bíblicos, as orientações e advertências foram
transmitidas na esperança de que o casamento pudesse cumprir os propósitos divinos. Nas etapas
cristã, é perceptível a preocupação divina em demonstrar com clareza Suas razões ao advertir
contra os perigos dos casamentos onde a questão religiosa poderia colocar em risco a própria
Em cada período da história do povo hebreu, fica clara a manifestação do desejo de Deus
em orientar Seus filhos acerca dos perigos que os casamentos mistos representam para a
hebraica.
138
Stibbs, The First Epistle General of Peter, 124; J. Ramsey Michaels, I Peter, WBC, vol. 49 (Waco, TX:
Word Books, 1988), 171-172; Enio R. Mueller, I Pedro – introdução e comentário Série Cultura Bíblica (São Paulo: Vida
Nova e Mundo Cristão, Reimp. 1991), 172-182; R. C. H. Lenski, The Interpretation of the Epistles of St. Peter, St. John
and St. Jude, vol. 11 (Minneapolis, MN: Augsburg Publ. House, 1966), 127-141.
42
conjugal nos lares alcançados pelo cristianismo é também realçada. Se no Antigo Testamento, o
“jugo desigual” era determinado pelo casamento misto, agora com o crescimento da igreja cristã,
consequente batismo.
O apóstolo Paulo usa uma expressão forte e conhecida para advertir os cristãos acerca dos
perigos do envolvimento com não-cristãos. Os cristãos são advertidos a não entrar em sociedade
com os não-cristãos. “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos” (2Co 6:14).
O verbo composto heterozygeo (estar num jugo desigual), usado pelo apóstolo, é uma
metáfora originada no texto de Levítico 19:19 e Deuteronômio 22:9-11, que proibia, dentre outras
Posteriormente essas proibições foram aplicadas pelos judeus aos casamentos mistos e a outras
Paulo ao escrever, com tamanha veemência, estava retratando as mudanças que estavam
ocorrendo nas sociedades judaicas, romanas e gregas, com as conversões ao cristianismo. Tais
Os novos crentes também são aconselhados a não provocar o divórcio, mesmo estando
casados com descrentes. Jamais deveriam tomar a iniciativa de divorciar-se, uma vez que, a
conversão do cônjuge descrente, que pode ser alcançado pelo evangelho, através do testemunho
jugo desigual, não contêm características raciais, como demonstrado ao longo deste capítulo. Os
relacionamentos condenados através da história bíblica do Antigo Testamento, bem como entre
cristãos e não-cristãos no Novo Testamento, seriam aqueles que pudessem desviar o cristão da
O exemplo de líderes que, assumindo sua responsabilidade diante do que está escrito,
deveria servir de motivação para os líderes atuais. Por outro lado, o péssimo exemplo deixado por
alguns tem trazido dúvida e perplexidade, principalmente para os mais jovens, acerca da validade
“ligação” fortalece a ideia de uma incompatibilidade fundamental entre quem pertence a Deus e
quem não Lhe obedece. Certamente não há relacionamento que possa sofrer as influências
Por outro lado, quando dois cônjuges compartilham da mesma fé, experimentam a
transmitem aos filhos os mesmos valores, cumprem-se os propósitos para os quais Deus os uniu
Apesar de toda a clareza bíblica acerca dos perigos que envolvem a união entre pessoas
que não compartilham da mesma fé, Deus concede a cada indivíduo a liberdade de tomar suas
decisões tendo por base suas próprias escolhas. Quando as escolhas não são sábias, os resultados
são funestos. Aqueles que escolhem seus cônjuges sob a perspectiva bíblica colherão os
Quando o evangelho alcança uma família e apenas um dos cônjuges o aceita, estabelece-
tarefa de exercer influência positiva sobre o outro. A maneira como o cristão trata seu cônjuge,
cônjuge descrente.
A Bíblia enfatiza a responsabilidade que o cristão deve assumir, exercendo com sabedoria
uma influência positiva na atmosfera familiar. Essa influência sobre o cônjuge descrente e
também sobre seus filhos poderá resultar na salvação dos mesmos. O poder das atitudes deverá
sobrepujar as palavras e o testemunho deve ser mais forte do que a fala. Na evangelização,
companheiro e dos filhos, que podem ser santificados pela atmosfera espiritual do lar. Embora a
possibilidade de o cônjuge cristão ser uma bênção para sua família seja real, não há qualquer
45
com o objetivo de evangelizá-lo. Não existe apoio bíblico para um namoro missionário.
Sendo o casamento a mais íntima das relações humanas, o relacionamento conjugal entre
cristãos e não-cristãos envolve sérias questões como: adoração, lealdade e fidelidade a Deus,
filhos. No próximo capítulo estas questões são aprofundadas através do estudo de declarações de
Ellen G. White, assim como de autores religiosos, entre eles terapeutas e conselheiros familiares que
AUTORES RELIGIOSOS
É também reconhecido por vários estudiosos das relações familiares, que todo casamento
representa uma interunião. A razão está no fato de que cada cônjuge procede de contextos
culturais ou sociais diferentes, o que reflete em desigualdades. Até mesmo a união entre duas
pessoas de uma mesma denominação, mas com posturas diferentes em relação às práticas
misto, com problemas semelhantes aos que aparecem num casamento inter-religioso ou
interdenominacional.
de qualquer outra coisa que ocorra depois da união.139 O resultado, seja a felicidade ou a infelicidade,
no casamento está baseado na relação entre os níveis de semelhança e diferença existentes entre os
estabilidade num casamento. O que se deduz, é que uma base religiosa semelhante deve ser levada a
46
47
Nos escritos de Ellen G. White encontra-se muito material acerca deste assunto, desde a
sua interpretação nos episódios bíblicos envolvendo o tema, como orientações de caráter
preventivo, e advertências baseadas nos resultados de tais uniões. De um modo geral, Ellen G.
White é clara: Jugo desigual em questões religiosas, é indesejável em seus efeitos, e uma aberta
Ellen G. White traz algumas informações que enriquecem e ajudam a compreender o real sentido dos
Antediluvianos
A maneira como os antediluvianos consideravam o casamento, foi uma das razões que
provocaram o dilúvio nos dias de Noé. “Os que professavam reconhecer a Deus e reverenciá-lo,
140
Para uma melhor compreensão a respeito de outras diferenças (culturais, idade, saúde, etc.) entre os
cônjuges, que podem trazer infelicidade conjugal, bem como efeitos nocivos para os filhos de tais uniões, ver nos
escritos de Ellen G. White: Mensagens escolhidas, vol. 2 (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1985), Cap.
54, “Doenças e suas causas”, 411-479; Cap. 55, “Importantes fatores na escolha de um companheiro para a vida”,
481-484; O Lar Adventista, 8ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1990), cap. 11, “Casamentos apressados e
prematuros”, 77-82; Cap. 12, “Compatibilidade”, 83-86; Cap. 13, “Educação doméstica”, 87-93; Mensagens aos
jovens, 6ª ed. (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1985), Cap. 153, “Casamentos prudentes e
imprudentes”, 453-455; Temperança, 2ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1990), Cap. 9, “Lançando o
fundamento da intemperança”, 170-193.
48
associavam-se com os que eram corruptos de coração, e casavam, sem discriminação, com quem
mistura entre os “filhos de Deus” e os “filhos dos homens” (Gn 6:2), foi o casamento entre os
Durante algum tempo, as duas classes permaneceram distantes. Os filhos de Sete habitavam
nas montanhas a fim de se resguardarem da influência contaminadora dos habitantes das planícies e
vales, onde estavam os cainitas. Mantiveram sua pureza e culto enquanto permaneceram separados.
À medida que o tempo foi passando, começaram a se arriscar, pouco a pouco, e terminaram se
misturando. Essa associação produziu resultados trágicos: “perderam seu caráter peculiar e santo”,
“tornaram-se semelhantes a eles, no espírito e nas ações”.142 Os casamentos profanos dos filhos de
Deus com as filhas dos homens, “deram em resultado a apostasia que terminou com a destruição do
O Casamento de Isaque
de Abraão em que seu filho não desposasse uma idólatra; as orientações dadas ao seu fiel servo
para encontrar uma jovem temente a Deus; o encontro de Eliézer com Rebeca e sua família; a
disposição da moça em atender ao pedido de casamento. Esses eventos colocam esse casamento
141
White, Mensagens aos jovens, 456.
142
Idem, Patriarcas e profetas, 10ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1990), 81.
143
Idem, Testemunhos seletos, vol. 1 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1985), 604.
49
Ellen G. White leva em conta que Abraão tinha notado o resultado dos casamentos mistos
entre aqueles que temiam e os que não temiam a Deus, desde os dias de Caim até o seu tempo.
Ele próprio experimentara as consequências de tais uniões, com Hagar. Presenciara as alianças
Isaque recebeu de Deus a honra, sendo feito herdeiro das promessas pelas quais o mundo
deveria ser abençoado. O resultado do seu casamento com Rebeca é apresentado nas Escrituras: “E
Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a.
Assim Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe” (Gn 24:67). A maneira como Isaque
atendeu às orientações paternas acerca do seu casamento, revela como estabeleceu um lar honrado
por Deus. Ellen G. White reconhece aquela situação como sendo “um quadro terno e belo, de
felicidade doméstica”.145
O Exemplo de Esaú
Esaú sempre demonstrara ter um espírito diferente do seu irmão Jacó. Valorizando as
aparências externas, entristeceu aos seus pais, quando tomou duas mulheres das filhas de Hete,
para esposas. Como eram adoradoras de falsos deuses, isso acarretou profunda amargura para
seus pais. “Esaú tinha violado uma das condições do concerto, que proibia o casamento misto
Esaú, por sua própria escolha, buscou a valorização das coisas temporais. Devido ao seu
modo de vida, exemplificado no episódio da venda da sua primogenitura, e nas atitudes egoístas
144
Idem, Patriarcas e profetas, 173-174.
145
Idem, Mensagens aos jovens, 464-465.
146
Idem, Patriarcas e profetas, 179.
50
que lhe marcaram a vida, é chamado na Bíblia de “profano”. Representa aqueles que não
valorizam a redenção e estão sempre prontos a sacrificar sua herança no Céu por amor às coisas
perecíveis da Terra.147 Por deliberada escolha, afastou-se mais e mais do povo de Deus, e acabou
Moisés e Zípora
O fato de Moisés haver se casado com Zípora, chamada de “mulher cusita” (Nm 12:1),
não foi visto como um casamento misto. Consequentemente não recebeu a proibição de Deus.
Sua esposa era uma midianita e, assim, descendente de Abraão. Nesse caso, Ellen G. White deixa
claro que Zípora diferia dos hebreus, apenas na aparência pessoal, “tendo a pele de cor um pouco
mais escura”, mas sua união com Moisés não contrariava as ordens divinas, pois embora “não
A Conquista de Canaã
Embora Israel tivesse recebido o chamado de Deus para ser uma nação santa, esse chamado
incluía também responsabilidades. Israel deveria ser o instrumento pelo qual o Senhor se revelaria a
todos os habitantes da Terra. “Foi para a realização deste mesmo propósito que Ele os mandou
alianças matrimoniais, de Seu povo com as idólatras nações vizinhas. O motivo dado por Deus
147
Ibid., 181-182.
148
Ibid., 207-208.
149
Ibid., 383.
150
Ibid., 369.
51
para proibir tais casamentos foi: “Pois fariam desviar teus filhos de Mim” (Dt 7:4). “Aqueles,
dentre o antigo Israel, que se arriscaram a desprezar a proibição divina, fizeram-no com sacrifício
dos princípios religiosos”.151 Embora o Senhor desejasse que Israel se mantivesse puro e
incontaminado do mundo, Ellen G. White esclarece que “não era o intuito de Deus que Seu povo,
em seu exclusivismo de justiça própria, se subtraísse do mundo, de modo que nenhuma influência
O Exemplo de Sansão
Sansão foi gerado e criado sob a direção divina. Foi trazido ao mundo com uma missão.
“Deus tinha uma importante obra para o prometido filho de Manoá realizar. Foi para assegurar-
lhe as habilitações para esta obra que os hábitos de ambos, mãe e filho, deveriam ser
cuidadosamente regulados.”153
Ainda em sua mocidade, a associação com os idólatras o corrompeu. Uma jovem inimiga
do seu povo conquistou as afeições de Sansão, e ele decidiu fazer dela sua esposa. Aos pais
preocupados e tementes a Deus, que se esforçavam por dissuadi-lo de seu propósito, sua única
Traído pela paixão carnal, exatamente quando chegava a época em que deveria ser fiel a Deus
para executar Sua missão, uniu-se aos inimigos de Israel. Ao tomar sua decisão, Sansão desprezou o
propósito de Deus para sua vida, preferindo unir-se ao objeto de sua escolha. A advertência de Ellen
151
Idem, Testemunhos seletos, 1:577-578.
152
Idem, Patriarcas e profetas, 369.
153
Ibid., 560.
154
Ibid., 562.
52
G. White baseada na experiência de Sansão é a de que: “A todos os que em primeiro lugar procuram
honrá-Lo, Deus prometeu sabedoria, mas não há promessa àqueles que se inclinam a agradar a si
mesmos”.155
incontestável de como um homem honrado por Deus, pode ser ludibriado pelo inimigo. Usando
Salomão se aparentou com Faraó rei do Egito; e tomou a filha de Faraó, e a trouxe à cidade de
Ellen G. White afirma que do ponto de vista humano, o casamento, embora contrariando
os ensinamentos divinos, “parecia provar-se uma bênção, pois a esposa pagã de Salomão se
converteu e uniu-se com ele na adoração ao verdadeiro Deus”.157 No entanto, Salomão continuou
bênçãos dos Céus, “arrazoava ele que alianças políticas e comerciais com as nações vizinhas
levariam essas nações ao conhecimento do verdadeiro Deus; e entrou em aliança não santificada
155
Ibid., 563.
156
Idem, Profetas e reis (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1981), 50.
157
Ibid.
158
Ibid., 51.
53
Tomando por esposa a Jezabel, a filha de Etbaal, rei dos sidônios e sumo sacerdote de
Baal, Acabe “serviu a Baal, e se encurvou diante dele”, e ainda levantou um altar a Baal, “na casa
de Baal que edificara em Samaria” (1Rs 16: 31-32). Acabe, além de introduzir o culto a Baal na
capital do reino, incitado e influenciado pela forte liderança de Jezabel, construiu diversos altares
Do ponto de vista de Ellen G. White, Acabe demonstrou-se muito fraco em sua capacidade
moral. “Sua união por casamento com uma mulher idólatra de caráter decidido e temperamento
definido, resultou em desastre tanto para ele como para a nação”.159 Acabe falhou em seus deveres
como rei e líder do povo de Deus. “Destituído de princípio, e sem nenhuma alta norma de reto
proceder, seu caráter foi facilmente modelado pelo espírito determinado de Jezabel. Sua natureza
egoísta era incapaz de apreciar as bênçãos de Deus a Israel e seus próprios deveres como guardião e
A situação de Israel após o exílio babilônico não foi muito animadora para Esdras, Neemias e
seus auxiliares. De imediato, perceberam que havia muito a fazer. Alguns líderes de Israel tinham ido
longe demais, desrespeitando às orientações do Senhor e unindo-se aos povos vizinhos através de
casamento. “Tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a semente santa
com os povos” (Ed 9:1, 2). Ellen G. White afirma que ao estudar as causas que levaram ao cativeiro
159
Ibid., 115.
160
Ibid.
54
babilônico, Esdras havia verificado que a apostasia de Israel era o resultado de sua mistura com
nações pagãs.161
Neemias por sua vez, após realizar as reformas acerca da observância do sábado, há muito
negligenciada, “voltou sua atenção para o perigo que ameaçava Israel representado pelas uniões
matrimoniais e a associação com idólatras”.162 “Vi também naqueles dias,” ele escreve, “judeus que
tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas, e seus filhos falavam meio asdodita, e
não podiam falar judaico, senão segundo a língua de cada povo” (Ne 13:23-24). Após as reformas da
nação e principalmente do sacerdócio realizadas por Neemias; muitos que tinham se casado com
idólatras deixaram o país. Junto com eles, partiram os que tinham sido expulsos da congregação.
fortalecer essa aliança, “os samaritanos prometeram adotar mais amplamente a fé e os costumes
partir dessa separação. A religião dos samaritanos tornou-se “um misto de judaísmo e paganismo,
e sua pretensão de ser povo de Deus foi uma fonte de cisma, emulação e inimizade entre as duas
161
Ibid., 620.
162
Ibid., 673.
163
Ibid., 674.
164
Ibid., 675.
55
Paulo acerca da proibição do casamento entre cristãos e incrédulos. Os textos mais usados são
1Co 7:39 e 2Co 6:14. Na primeira carta aos coríntios diz ele: “A mulher casada está ligada pela
lei todo o tempo que o seu marido vive, mas, se falecer o seu marido, fica livre para casar com
Na segunda epístola aos Coríntios, Paulo diz: “Não vos prendais a um jugo desigual com os
infiéis, porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as
trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como
Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei, e Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo. Pelo
que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor, e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei, e
Eu serei para vós Pai e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso” (2Co 6:14-
18).166 Há por parte de Ellen G. White claro apoio à maneira como o apóstolo Paulo escreve acerca
Em seus escritos, Ellen G. White não discorda das claras afirmações encontradas nas
Escrituras Sagradas. Sua nota tônica, como visto até aqui, é que Deus proíbe claramente o jugo
165
Idem, Testemunhos seletos, vol. 2 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1985), 121; O Lar
adventista, 62.
166
Idem, Fundamentos da educação cristã, 2ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1996), 499-
500; Testemunhos seletos, 2:122; O Lar adventista, 62; Mensagens aos jovens, 464.
56
desigual. Além dos textos de Paulo nas duas epístolas aos Coríntios, ela utiliza outros,
relacionados ao tema.
Dentre os textos bíblicos mais claros acerca dos casamentos mistos, ou relacionados ao
Deuteronômio 7:3-4 e 6 – “Nem te aparentarás com elas, não darás tuas filhas a seus
filhos e não tomarás suas filhas para teus filhos. ... Pois elas fariam desviar teus filhos de Mim,
para que servissem a outros deuses. ... Porque povo santo és ao Senhor, teu Deus. ...”.167
Mateus 18:19 – “... se dois de vós concordarem... acerca de qualquer coisa que pedirem,
isso lhes será feito por Meu Pai, que está nos Céus” .169
Lucas 17:26-27 – “Como... nos dias de Noé, assim será... no dia do Filho do homem.
Comiam, bebiam ... e davam-se em casamento ... veio o dilúvio e os consumiu a todos”.170
Orientações Preventivas
acerca do jugo desigual. Elas são fruto, principalmente, de uma atenção especial da autora em
167
Idem, Testemunhos seletos, 1:577-578, 2:120-121; O Lar adventista, 61-62.
168
Idem, Mensagens aos jovens, 464; Testemunhos seletos, 1:577; O Lar adventista, 66.
169
Idem, Testemunhos seletos, 1:577; O Lar adventista, 66.
170
Idem, Testemunhos seletos, 2:122-123.
171
Idem, Testemunhos seletos, 1:574; O Lar adventista, 63.
57
1. “O cristão sincero não fará planos que Deus não possa aprovar”172 - O maior
perigo ao entrar no relacionamento conjugal é deixar a religião fora dos planos. Os cristãos que
agem dessa forma, se igualam às pessoas que nunca receberam a luz da verdade. 173 A
pode haver concórdia num casal, quando cada cônjuge serve a um senhor distinto. Por mais puros
e corretos que sejam os sentimentos e os princípios de um, a influência do outro será no sentido
de afastá-lo de Deus.
vida eterna, o outro segue a estrada larga, rumo à morte.177 Um semeia na carne, o outro no Espírito e
isto provoca uma eterna diferença.178 A religião é elemento essencial no lar, para que Cristo reine. Os
172
Idem, Mensagens aos jovens, 433, 460; A Ciência do bom viver, 7ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 1994), 359.
173
Idem, Mensagens aos jovens, 460.
174
Idem, O Lar adventista, 67.
175
Idem, Testemunhos seletos, 1:577; Mensagens aos jovens, 464; O Lar adventista, 83-86.
176
Idem, Mensagens aos jovens, 464.
177
Idem, Testemunhos seletos, 1:577; O Lar adventista, 66.
178
Idem, O Lar adventista, 84.
179
Idem, Testemunhos seletos, 2:119; O Lar adventista, 64.
58
convertido segue seus próprios desejos, formam-se casamentos não aprovados por Deus. Por essa
razão há muitos casais sem esperança e sem Deus.181 Desses casamentos nem um em cem se
demonstra feliz e tem a sanção de Deus. Inúmeras são as consequências de maus casamentos,
onde a religião, o dever e os princípios são sacrificados a fim de satisfazer aos impulsos do
Quando Deus proibiu tais uniões de Seu povo, Seu intento era preservá-lo das influências
descrentes dos nossos dias. O pecador de hoje é incomparavelmente mais culpado que os gentios,
pois são inimigos deliberados da verdade.183 Deus não dá Sua sanção a uniões que Ele mesmo
expressamente proibiu.184
mundana através de casamento, tem sido o fim da experiência e utilidade cristã de muitos homens
oposta. Satanás tece uma teia de ceticismo ao redor deles de modo que a fé na verdade se
180
Idem, Testemunhos seletos, 2:121; Fundamentos da educação cristã, 500; Mensagens aos jovens, 436;
O Lar adventista, 63.
181
Idem, Fundamentos da educação cristã, 500; Mensagens aos jovens, 436; O Lar adventista, 63.
182
Idem, Testemunhos seletos, 1:573.
183
Ibid., 577-578.
184
Idem, Testemunhos seletos, 2:123; O Lar adventista, 61.
185
Idem, Testemunhos seletos, 2:122; Fundamentos da educação cristã, 500; Mensagens aos jovens, 441;
O Lar adventista, 67.
59
desvanece, a ponto de morrer.186 Satanás tem operado com persistência para derrotá-los e levá-los
Os quatro pontos acima demonstram a maneira como o jovem cristão deve depender de
Ellen G. White procura, de maneira clara e prática, advertir acerca dos perniciosos
espiritual do cônjuge cristão como nos seus filhos, trazendo consequências para esta vida e
também afetando o seu destino eterno. Alguns desses aspectos são detalhados por Ellen G.
White:
1. “Afeta a vida futura tanto neste mundo como no porvir”188 - Quando um cônjuge é
inimigo de Deus, será um lar de onde nunca se levantarão as sombras.189 A relação conjugal
tende a se tornar um jugo mortificante, o que faz naufragar a felicidade nesta vida e a esperança
na vida futura.190 Perdem o interesse e a confiança na verdade, passando a respirar uma atmosfera
de dúvida, desconfiança e infidelidade.191 Cristãos são enredados, apesar das advertências, até
186
Idem, Testemunhos seletos, 1:574; Mensagens aos jovens, 454; O Lar adventista, 66.
187
Idem, O Lar adventista, 64.
188
Idem, Mensagens aos jovens, 433; O Lar adventista, 61; A Ciência do bom viver, 359.
189
Idem, Mensagens aos jovens, 440; Testemunhos seletos, 2:120; O Lar adventista, 67.
190
Idem, Mensagens aos jovens, 465.
191
Idem, Testemunhos seletos, 1:573-574.
60
que demasiado tarde, a vítima desperta para uma vida de miséria e escravidão.192 Dominados pela
paixão e pelo impulso, ceifarão amarga colheita nesta vida, e poderão perder a própria alma. 193
Seus servos, Satanás influencia os filhos da desobediência. 195 Espezinham a vontade de Deus, os
que desposam incrédulos, perdendo o Seu favor e tornando a obra do arrependimento muito dura.
Mesmo que o incrédulo seja dotado de excelente caráter moral, é necessário levar em conta sua
negligência pela salvação em não atender às reivindicações divinas. 196 A maldição divina repousa
sobre muitos casamentos inoportunos e impróprios. Ninguém precisa errar o caminho do dever,
princípios e conquiste o descrente, o mais comum é ficar desanimado e vender seus princípios
religiosos pela companhia de alguém que não tem ligação com o Céu.199 Centenas de pessoas têm
192
Idem, Testemunhos seletos, 2:123; O Lar adventista, 61.
193
Idem, O Lar adventista, 63.
194
Idem, Testemunhos seletos, 2:122; Mensagens aos jovens, 441; O Lar adventista, 67.
195
Idem, Mensagens aos jovens, 441.
196
Idem, Testemunhos seletos, 1:574; O Lar adventista, 63.
197
Idem, O Lar adventista, 62-63.
198
Idem, Testemunhos seletos, 1:577; O Lar adventista, 66.
199
Idem, Testemunhos seletos, 1:577; O Lar adventista, 84.
200
Idem, O Lar adventista, 66.
61
4. “Amarga colheita nesta vida, com risco de perder a alma”201 - O caminho para a
vida eterna é íngreme e áspero, tais casamentos produzem fardos desnecessários que retardam o
progresso do cristão.202 Todo cristão tem um céu a ganhar e um caminho aberto para a perdição a
evitar.203 Colocando-se em jugo com incrédulos, muitos põem em risco a própria alma e trazem
sobre si a maldição de Deus.204 O declínio espiritual começa ainda no altar, quando são feitos os
votos. As fortalezas vão sendo derribadas, uma após outra, até que se encontrem unidos sob a
de suas más escolhas e os resultados sobre os futuros filhos. Se tais efeitos fossem sentidos
apenas pelos pais, o quadro não apresentaria um mal tão grande, e até os seus pecados seriam
relativamente pequenos. Porém são os filhos, as grandes vítimas das más escolhas dos pais. “Mas a
miséria que se levanta de casamentos infelizes é sentida pelos seus rebentos. Arrastam após si uma
vida de miséria; e embora inocentes, sofrem as consequências da orientação imprudente dos pais.”
Ninguém tem o direito de colocar sobre inocentes crianças, um fardo tão pesado, apenas pelo desejo
201
Idem, Fundamentos da educação cristã, 500-501; O Lar adventista, 63.
202
Idem, Testemunhos seletos, 2:120; Mensagens aos jovens, 441; O Lar adventista, 67.
203
Idem, Testemunhos seletos, 2:122; Mensagens aos jovens, 442.
204
Idem, Testemunhos seletos, 1:573.
205
Ibid., 575; Idem, O Lar adventista, 65.
206
Idem, Mensagens escolhidas, 2:421.
62
Uma sociedade melhor no futuro dependerá dos tipos de casamento feitos no presente.207
O argumento de Ellen G. White é que, se muitas mulheres das gerações passadas tivessem se
casado movidas por elevadas considerações, não se uniriam a homens de má conduta e hábitos
degradadas por seu procedimento que viria “imprimir em seus descendentes um baixo nível
moral, e uma paixão para satisfazer apetites depravados, a custo da saúde, e mesmo da vida”.208
Muito cuidado deveria ser exercido na formação de uniões que viessem a comprometer o futuro
Exemplos Práticos
Ellen G. White menciona duas fontes das quais obteve informações para demonstrar os
1. Casos reais de pessoas que lhes foram apresentados - “Foram-me mostrados casos de
pessoas que professam a verdade, e cometeram grande erro casando-se com incrédulos”. Esses
cristãos nutriram a esperança de conversão do cônjuge, mas o descrente após conseguir seu objetivo
2. Cartas de pessoas solicitando ajuda –“Por anos tenho estado a receber cartas de
apresentaram são bastantes para oprimir o coração”. Às vezes era difícil encontrar palavras ou
207
Ibid., 422-423; Idem, Temperança, 172; A Ciência do bom viver, 357;
208
Idem, Mensagens escolhidas, 2:422-423; Temperança, 172.
209
Idem, Testemunhos seletos, 1:573.
63
conselhos para algumas situações, mas a autora não deixa de registrar sua esperança, de que uma
Geralmente, a princípio, o incrédulo não manifesta oposição, mas quando o crente expõe
seus interesses, ergue-se o mau sentimento: “Você casou comigo sabendo que eu era o que sou,
não quero ser incomodado. Daqui em diante fique entendido que são proibidas as conversas sobre
incredulidade. “Ninguém haveria suspeitado que aquele outrora firme e consciencioso crente e
consagrado seguidor de Cristo se pudesse tornar, um dia, duvidoso e cheio de astúcias. Oh! a
necessário saber que a autora aponta pelo menos dois pontos que definem o que seria um
casamento devem estar “de acordo na crença e prática religiosa, sendo tudo coerente”. Depois de
uma cerimônia sem extravagância, não haveria motivo para o desprazer divino. E como o
210
Idem, Testemunhos seletos, 2:123; O Lar adventista, 85-86.
211
Idem, Testemunhos seletos, 1:575; O Lar adventista, 65.
212
Idem, Testemunhos seletos, 1:575; O Lar adventista, 66.
64
casamento é uma ordenação de Deus, deve receber maior atenção. “A glória de Deus deve ser
2. Não aceitar a verdade para este tempo - Mesmo que o cônjuge seja, em todos os
aspectos, digno, se “ele não aceitou a verdade para este tempo, é um descrente, e és pelo céu
proibida de unir-te a ele. Não podes, sem perigo para a tua alma, desrespeitar esta ordem
divina”.214
Embora Ellen G. White tenha escrito bastante acerca do casamento e das relações
familiares, não há muito em seus escritos sobre o procedimento do adventista casado com um
A atitude do cônjuge adventista é de expressivo valor para exercer influência sobre o não-
adventista. Ela afirma que aqueles convertidos após o casamento, colocam-se sob uma obrigação
maior de ser fiel ao consorte, por mais diferentes que sejam suas convicções religiosas. O cônjuge
cristão deve estar ciente de que obedecer a Deus deve estar acima de toda a relação terrena,
mesmo que signifique enfrentar provas e perseguições. Nesse ponto a atitude cristã deve
213
Idem, O Lar adventista, 100-101.
214
Idem, Testemunhos seletos, 2:121.
215
Alguns conselhos de Ellen G. White, especialmente os do Cap. 57 de O Lar adventista, se encontram
no Apêndice D desta pesquisa, como proposta de publicação voltada a membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia
casados com não adventistas, sob o título “Orientações para adventistas casados com não adventistas: Como
Evangelizar seu Cônjuge”, pp. 200-224.
65
prevalecer. “Com espírito de amor e mansidão, esta fidelidade pode ter influência no sentido de
ganhar o descrente”.216
O tema do casamento tem gerado muita literatura. Os cristãos, devido às condições morais
matrimônio. Entrar para o casamento sempre foi uma atitude de alto risco, especialmente para
Vários autores cristãos têm procurado contribuir com essa preocupação da igreja a
respeito do assunto. Suas contribuições são tanto no sentido de orientação preventiva, como
216
Idem, Mensagens aos jovens, 464; Patriarcas e profetas, 175; O Lar adventista, 69.
217
Gerald W. Wheeler, Wisdom Timeless Treasures from Proverbs (Hagerstown, MD: Review & Herald,
2000), 143.
218
No Apêndice D – Proposta de uma pequena publicação a ser utilizada no processo de evangelismo,
encontram-se orientações para cristãos, especialmente para adventistas casados em jugo desigual, sobre como melhorar seu
relacionamento conjugal, bem como ajudá-los na obra de evangelização do cônjuge: Ver também C. S. Lovett, Unequally
Yoked – Wives (Baldwin Park, CA: Personal Christianity, 1968); Mauro Clark, Entre dois senhores, 2ª ed. (São Paulo:
Candeia, 1994); Lee Strobel, Inside the Mind of Unchurched (Grand Rapids, MI: Zondervam, 1993), 140-169; Lee
Strobel, Quando seu cônjuge não é crente (São Paulo: Vida, 1998), 5-32; Lee Strobel & Leslie Strobel, Jugo desigual (São
Paulo: Vida, 2003); Ed Wheat, Como salvar sozinho o seu casamento, 4ª ed. (São Paulo: Mundo Cristão,1995, 43-46;
Judith Kemp, As filhas de Sara (São Paulo: Sepal, 1996), 19-40; Reinhold Bietz, Happiness Under One Roof (Mountain
View, CA: Pacific Press, 1977), 43-44; Divisão Sul-Americana da IASD, Manual de Atividades Leigas – Testemunhando
por Cristo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1998), 49-52; Susan Raborn, “When Church Bells Aren’t Ringing” e
Jeri Odell, “Living with a Non-Christian Spouse”, Focus on the Family, janeiro de 1996, 2-4 e 4; Henrique Berg, “Como
ganhar o cônjuge para Cristo”, RA, dezembro de 1992, 13-14; Anísio Chagas, “Ganhando para Cristo o marido incrédulo”,
RA, agosto de 1987, 16; Joyce Lipovsky, “Quando o lar é dividido”, RA, outubro de 1983, 41-42; Peggy Talbert, “Quando
a religião divide o lar”, RA, dezembro de 1981, 15-16; Adly Campos, “My Husband is not a Believer. What Can I Do?”
LE, julho/setembro de 1993.
66
Autores Adventistas
comunhão.219 Levando em conta dificuldades e conflitos existentes num casamento misto a Igreja
adventista com um não adventista; b) recomenda com muita insistência que os seus pastores não
Vários autores adventistas são claros em defender o ponto de vista bíblico, endossado
pelos escritos de Ellen G. White, de que o jugo desigual é uma violação aberta das normas
Alf Lohne expressa o pensamento de que provavelmente, o mais próximo que podemos
chegar do Céu na Terra, é através da experiência do amor verdadeiro, num bom casamento. E
também que o mais perto do inferno que alguém pode chegar, é descobrir que está unido a uma
pessoa “cujos ideais e interesses são diametralmente opostos, e cujos hábitos irritam e
desempenha no fortalecimento dos laços matrimoniais e familiares. Além disso, identifica vários
219
Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, Nisto cremos – 27 Ensinos bíblicos dos Adventistas
do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1997), 390.
220
Para maiores informações acerca das orientações para pastores adventistas não oficiarem cerimônias
de casamento misto, ver J. David Newman, “Marrying non-Adventists”, Min, fevereiro de 1994, 5, 30; Francis D.
Nichol, Questions People Have Asked Me (Washington, DC: Review & Herald, 1959), 210-211.
221
Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, MI (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007),
182-184; Newman, 5, 30.
222
Alf Lohne, O Amanhã começa hoje (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1986), 137.
67
pequenos e grandes detalhes do dia-a-dia, envolvendo práticas religiosas que afetam todos os
aspectos da vida.223
Por sua vez Ebling, ao fazer uso das palavras de Jesus: “uma casa dividida contra si
mesma não pode subsistir” (Mt 12:25), afirma que o casamento com um não-cristão, além de ser
“um erro”, as chances de sucesso “são reduzidíssimas”. 224 Mesmo havendo dificuldades num
casamento entre pessoas da mesma fé, “é mais difícil haver felicidade matrimonial entre pessoas
de religiões diferentes”.225
cônjuges pertencem à mesma fé.226 Um casamento misto pode reservar muitas surpresas
desagradáveis. Afinal, o cônjuge descrente que prometeu liberdade de culto antes do casamento
poderá, a qualquer momento, iniciar uma série de ameaças e proibições; especialmente quando o
crente deixa o lar para ir ao templo, e o descrente tem um programa diferente. Crises de ciúme
também podem ser constantes, quando o descrente se sente trocado por Deus ou pela igreja. E
mais, o assunto das ofertas, os cultos na igreja, os cultos domésticos podem causar profundos
Num casamento onde há filhos, as coisas ficam duplamente mais difíceis. Um quer levar as
crianças para a igreja, enquanto o outro quer levá-las a outro lugar. A cada semana essas tensões se
223
Ibid., 141-142.
224
José Carlos Ebling, Namoro no escuro, 7ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1987), 39-41.
225
Ibid., 42.
226
José Siqueira, e Lídia Siqueira, Solucionando problemas (Santo Amaro, SP: Edit. Universitária
Adventista – IAE, 1991), 186; Douglas Bennett, “Você está preparado para o casamento?” RA, abril de 1981, 39.
227
Raymond H. Woolsey, Planning the Ideal Home (Washington, DC: Review & Herald, 1975), 30.
68
desenvolvem. Quando o cônjuge cristão é um adventista, os fatores de tensão são ainda maiores, pois
os gostos são diferentes quanto ao tipo de música, a alimentação, a diversão e o lazer. O culto
familiar, que deveria ser uma bênção para a família é, muitas vezes, um momento de discórdia e
gracejos por parte do descrente. Em um ambiente assim, o ensinamento religioso das crianças fica
prejudicado.228 Um lar sem fundamento religioso priva os filhos de uma grande herança e nutrição
espiritual.229
encontradas por um adventista que se casa com um católico, ou um batista que se casa com um judeu:
(1) Necessitam ter bastante maturidade. Se ambos têm fortes convicções em suas crenças,
precisarão de porção extra de paciência e graça para viver em paz.
(2) Necessitam habilidade superior para enfrentar problemas comuns e incomuns,
principalmente com a intromissão de parentes da outra religião.
(3) Necessitam de habilidade para discutir racionalmente problemas que surgem
unicamente por causa da diferença de convicções. Estes são geralmente mais difíceis de resolver.
(4) Crianças nesses casamentos são, geralmente, foco de disputas entre os pais.230
Embora existam outros, o maior problema dessas uniões se revela quando os filhos
nascem. Onde serão batizados? De que forma serão batizados, por imersão ou por aspersão? Que
Valenzuela aborda vários estudos que confirmam as diferenças religiosas como fatores
que predizem a instabilidade matrimonial. Isso inclui tanto a união entre crentes com não-crentes,
como crentes de diferentes denominações. O maior nível de felicidade conjugal é registrado nos
228
Moraes demonstrou em sua Tese Doutoral que: a condição religiosa da família influencia as atitudes
dos filhos e, os filhos que não têm os pais na igreja estão em desvantagem em relação aos demais. Natanael
Bernardo P. Moraes, Teologia e ética do sexo para solteiros (Eng. Coelho, SP: Imprensa Universitária Adventista,
2000), 129.
229
Rex D. Edwards, “Why a Church Wedding?” Min, novembro de 1994, 23.
230
Bietz, Happiness Under One Roof, 43-44.
69
casamentos onde a religião tem um papel importante. Pessoas muito religiosas tendem menos a
divorciar-se e separar-se.231
relacionamento entre pais e filhos como sendo fatores que podem provocar conflitos num
casamento interdenominacional.232
mais o relacionamento. Para um parceiro adventista casado com alguém de outra denominação, o
sábado, por si só, já seria um problema intransponível. A frequência à igreja cada manhã de
sábado traria divisão imediata e frustração na família. Constantes discussões sobre lazer e
diversões poderiam criar contínua desarmonia, e sentimento de frustração que podem levar ao
divórcio.233
adventistas americanas. A questão religiosa se apresenta como a sétima maior fonte de conflitos
entre o marido e a esposa. Esses conflitos aparecem com maior intensidade nos lares divididos.
As fontes de conflito maiores que a questão religiosa foram: problemas financeiros, reclamar e
231
Alfonso Valenzuela, Juventud enamorada (Berrien Springs, MI: Promise, 1998), 72.
232
Reger C. Smith, Two Cultures One Marriage (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1996),
40-41.
233
Bietz, 46.
70
trabalho.234
O conselheiro adventista O. J. Ritz respondeu por vários anos, cartas de jovens e adultos a
respeito de assuntos relacionados com a vida familiar e religião. Muitos dos seus conselhos foram
impressos no livro de perguntas e respostas: Pastor, estou amando. Algumas das suas respostas
casada com um israelita [judeu], pede conselhos. Após um acordo prévio sobre frequência à
igreja num sábado e à sinagoga no outro, um dia sua filhinha lhe colocou em cheque. A
professora na sinagoga havia lhe ensinado que Jesus não era o Salvador, como ensinam os
cristãos. A mãe adventista ficou em pânico e alarmada com as perspectivas do que essa
B) Uma jovenzinha de 16 anos escreve pedindo ajuda. Seus pais se separaram, a causa
principal foi divergência religiosa. O pai é adventista, mas a mãe não tem religião. A garota quer
234
Crider & Kistler, SDAFES, 202-208.
235
O. J. Ritz, Pastor, estou amando (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1969), 196-197.
71
ficar com o pai e frequentar a igreja, mas a Justiça colocou-a sob a guarda da mãe, que a proíbe
Minha vida tem sido uma aflição sem fim. Sou uma daquelas que pensavam que os
ensinamentos da igreja fossem balela. Casei-me com um homem que não frequentava igreja
alguma, não professava fé nenhuma. Era, porém, um bom homem. Hoje o mundo ao meu redor
está reduzido a frangalhos. Meu marido bebe aos cântaros, tem mau gênio, maltrata os filhos
(são quatro), e já não encontra emprego. Insulta-me por guardar o sábado e torna-se quase
violento quando levo os filhos à igreja. Sei que procedi mal, mas não haverá auxílio para mim?
Parece-me que nem Deus me ouve os clamores e súplicas. Não haverá auxílio?237
Em suma, Ritz enumera que: 1) há um muro de separação que aumenta com o decorrer
dos anos, 2) o futuro religioso dos filhos é facilmente comprometido e 3) cria-se um muro de
Joyce Lipovsky, uma senhora adventista casada com um homem de outra denominação,
confirma que a observância do sábado talvez seja o problema mais delicado em casamentos
mistos.239
A autora contemporânea, Nancy Van Pelt, afirma o que várias pesquisas demonstram:
Casais mistos experimentam problemas logo após o casamento, separam-se mais cedo, e têm
maior taxa de divórcio do que os casais de uma mesma fé. O índice de divórcio é maior em
função dos conflitos acerca da religião. Alguns conflitos como: religião dos filhos, frequência aos
236
Ibid., 197-198.
237
Ibid., 205.
238
Ibid., 193-194.
239
Lipovsky, 41.
72
cultos, interferência dos avós, são exemplos do que pode contribuir para que as crianças sejam
afetadas.240
Van Pelt informa acerca de uma pesquisa que atesta um triste resultado. Seis de cada dez
crianças expostas a duas crenças distintas, acabam rejeitando qualquer tipo de religião.241 Como
os cristãos, em geral, concordam que a maior preocupação deve ser a questão espiritual, a autora
também afirma que “o matrimônio deve ser um relacionamento baseado na unidade emocional,
física e espiritual”. 242 Somente quando a unidade espiritual se torna a preocupação primária do
Bacchiocchi ressalta o valor da unidade espiritual, mesmo entre aqueles que professam a
mesma fé e partilham as mesmas crenças. Qualquer diferença nesta área pode ser uma fonte de
conflito.244
Bochmann realizou uma pesquisa acerca do impacto que a orientação religiosa exerce
sobre o casamento. Ele menciona que esse impacto sobre as famílias estudadas, não foi tão
grande como o previsto, mas deixa claro que há um ponto que ainda necessita ser mais abordado
na orientação pré-conjugal. A questão levantada por ele, envolve casais que não estão em jugo
desigual conforme o conceito bíblico. Não estão num casamento misto por definição. São casais
240
Nancy Van Pelt, Felizes no amor, 11ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1998), 216-217.
241
Ibid., 218.
242
Idem, O Namoro completo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2000), 89.
243
Anísio Chagas, “Casamento misto”, RA, janeiro de 1998, 30.
244
Samuele Bacchiocchi, The Marriage Covenant, 3ª ed. (s. local, Biblical Perspectives, 1994), 96.
73
que sustentam as mesmas crenças, mas têm uma enorme diferença no grau individual de
comprometimento com o que creem. Ao lidar com casais, diz Bochmann, “necessitamos mais
tolerância e menos rigidez em considerar os aspectos formais e externos da religião e prestar mais
atenção à espiritualidade (aspectos internos da religião) e sua integração com todos os outros
aspetos do casamento e da vida”.245 O estudo de Bochmann traz um alerta aos cônjuges acerca do
Judaísmo
O Judaísmo permanece com a mesma postura através dos séculos, contrária aos
casamentos mistos, tendo como base suas raízes no Velho Testamento, especialmente em textos
judaica, como elo da mais alta importância. Esses casamentos ameaçam a pureza e a força da fé
judaica.248
245
Andreas Bochmann, “The Impact of Religious Orientation on Marriage”, Seminário de Vida Familiar,
material não publicado, Neuenhagen, Germany: setembro de 1994.
246
Para melhor compreensão sobre as posições das grandes religiões ver Emil Sehling, “Marriage”, The
New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge (Grand Rapids, MI: Baker Book, 1968), 7:192-206;
Roland H. Baiton, Sex, Love and Marriage – A Christhian Survey (Glasgow, CA: William Collins Sons, 1958), 49-
77; John C. Howell, Can Interfaith Married Succeed? (Nashville, TN: Southern Baptist Convention, s.d.), 1-6.
247
Clark E. Vincent, “Interfaith Marriages: Problem or Sympton?” em Ruth E. Albrecht, e E. Wilbur
Bock, eds., Encounter: Love, Marriage and Family (Boston: Holbrook Press, 1972), 214.
248
Duvall e Hill, Being Married, 80.
74
Catolicismo
A posição da Igreja Católica Apostólica Romana tem suas raízes no Novo Testamento, em
escritos como a admoestação de Paulo aos Coríntios, “Não vos unais em jugo desigual com os
descrentes” (2Co 6:14). A sistematização gradual de sua posição pode ser traçada a partir do
Concílio de Elvira, no início do IV século, que proibiu as moças cristãs de se casarem com
Trento, na metade do século XVI, com a implementação do Acordo AnteNupcial. 250 Os católicos
consideram sua religião como a “única fé verdadeira, a única forma de Cristianismo que é
completa e sem erro”.251 Quando um católico se casa com um não-católico ele está,
cerimônia, desde que o não-católico assine o Acordo AnteNupcial, prometendo que os filhos
Protestantismo
249
Vincent, 215.
250
Ibid.
251
Duvall e Hill, 78-80.
252
Ibid.
75
Como muitos protestantes veem o catolicismo como um “sério erro teológico”, não
desejam expor seus filhos a esses “falsos ensinos”. Discordando das atitudes que sugerem um
“domínio eclesiástico ditatorial”, desejam que seus filhos cresçam como homens e mulheres
livres.254
Autores Não-Adventistas
desigual entre os seus membros. Por que o índice de jugo desigual continua aumentando, se em
Bíblia, é a razão principal nesse assunto de casamento. Jaime Kemp, coloca a advertência bíblica
desobediência num relacionamento que Deus não pode abençoar, leva a um caminho de muita
tristeza e dor.256
253
Vincent, 215.
254
Duvall e Hill, 80.
255
Jaime Kemp, Como decidir: permanecer solteiro? Casar? Com quem? 4ª ed. (São Paulo: Sepal,
1993), 104.
256
Idem, Eu amo você, 16ª ed. (São Paulo: Sepal, 1996), 20.
76
Simonton Araújo menciona que ignorar a advertência bíblica sobre o jugo desigual, é também
a causa de milhares de famílias destroçadas.257 Wiliam Orr afirma que Deus se opõe de forma estrita
ao matrimônio de um cristão com quem não o seja, e o cristão que assim procede, viola um
mandamento direto de Deus.258 Luis Palau tem uma posição segura: “Casar-se com alguém não
convertido é um pecado contra Deus. ... é um pecado contra os filhos que um dia surgirão. ... É um
pecado contra si mesmo. Pode ser o maior fracasso da sua vida”.259 O casal Rice coloca a questão do
seguinte modo: “A única maneira de ter um real companheirismo com um não-cristão, seria tirar
Cristo fora do trono da sua vida”.260 Dobson não deixa dúvidas, quando lança a pergunta: “Quão
importante é que meu ... cônjuge compartilhe de minha fé?” Para ele, este é um assunto “essencial e
inegociável”.261
Vincent enumera cinco fatores que estariam contribuindo para o aumento da taxa de
257
Simonton Araújo, Procurando minha metade (São Paulo: Candeia, 1998), 27.
258
William Orr, Lo que Dios ha unido, 2ª ed. (Miami, FL: Editorial Caribe, 1974), 54-55.
259
Luis Palau, Com quem vou me casar? 12ª ed. (São Paulo: Mundo Cristão, 1995), 23.
260
Max Rice, e Vivian Rice, When Can I Say “I Love You”? (Chicago: Moody Press, 1977), 75.
261
James Dobson, Vivendo nos limites (Campinas, SP: United Press, 1998), 89.
77
com mais frequência, nos casamentos interdenominacionais desde que um cônjuge para evitar
maiores atritos, ou por não possuir fortes convicções doutrinais, mude-se para a igreja do outro.
Tem sido estimado que de um terço a um quarto dos casamentos desse tipo resultam na mudança
de fé de um dos cônjuges para a igreja do outro, a fim de amenizar os atritos provocados por suas
diferenças.263
Pesquisas têm demonstrado que, quanto mais profundas e firmes são as convicções
religiosas dos parceiros nesse tipo de união conjugal, a tendência é ocorrer maiores dificuldades no
relacionamento. Que tipo de problema pode ocorrer num casamento onde um cônjuge é
completamente alheio à religião? O cônjuge cristão corre o risco de perder o interesse pela religião,
motivado pelas antigas amizades do cônjuge descrente, que podem levar ao seu enfraquecimento
espiritual. Muitos conflitos podem ocorrer diariamente, e em especial nos finais de semana, quando a
Alberta Williams, uma senhora batista casada com um católico romano, analisa os
casamentos mistos do ponto de vista da sua experiência pessoal. Nos domingos pela manhã, enquanto
262
Vincent, 219–222.
263
Ibid., 217. John T. Chirban, “Psychological Stressors in Mixed Marriages”, TGOTR, Vol 40, 2005,
321-334 em ATLA Serials (base de dados online), disponível em http://www.portaldapesquisa.com.br/databases/
sites, consultada em 22 de janeiro de 2009.
264
J. C. De Ferrières, Mais Puro que o diamante, 12ª ed. (s. local, Vida, 1981), 101.
78
ela vai ao culto batista com seus pais e irmãos, o seu esposo leva os três filhos para a missa. Embora
afirme que não vive um casamento infeliz, ela admite que: “... a diferença de religião cria, ... um
resistente território bloqueado, onde um invisível sinal de não ultrapassar exclui toda discussão e
Theodore Epp aponta um problema gerado pelo cristão que, numa atitude de rebeldia,
desafia as orientações bíblicas e, ao se colocar num jugo desigual, pode se deparar com forte
Numa reportagem acerca dos “casamentos ecumênicos” no Brasil, publicada pela revista
católica Família Cristã, foi citado que entre as “questões práticas que, às vezes tornam-se
verdadeiros espinhos na vida familiar,” uma das que mais preocupam é “o batismo dos filhos”. 267
Um aumento considerável nos conflitos conjugais num casamento misto ocorre quando os
filhos nascem.268 Fidel Molina indaga: “A fé de quem seguirão?”269 Esse é um drama que pode
265
Alberta Williams, Our Catholic Protestant Marriage (Nashville, TN: Southern Baptist Convention,
s.d.), 3-4.
266
Theodore H. Epp, Matrimonio, divorcio y nuevo matrimonio (Grand Rapids, MI: Editorial Portavoz,
1982), 28.
267
Francismar Lemes e Terêzia Dias, “Diferentes, mas não separados”, Família Cristã, maio de 1999, 22.
268
John Drescher, Os Opostos se atraem, 7ª ed. (São Paulo: Mundo Cristão, 1997), 11; Idem, Em Busca do
amor no casamento, 2ª ed. (Campinas, SP: United Press, 1997), 11.
269
Fidel Molina, Consejos a la familia (Barcelona: Editorial Clie, 1990), 17.
270
Para mais conhecimento sobre casamentos interdenominacionais e inter-religiosos nos Estados
Unidos, ver Jerry Adler, “A Matter of Faith”, Nw, 15 de dezembro de 1997, 49-54; David Brooks, “Living-Room
Crusaders”, Nw, 15 de dezembro de 1997, 55.
79
crenças do outro; b) controvérsias sobre frequência aos cultos e discórdias sobre as práticas e
Lee Strobel escreve do ponto de vista de um descrente casado com um cristão. Afirma que
muitos atritos entre casais mistos “têm origem na inabilidade do cônjuge cristão de entender as
emoções do seu companheiro não-crente”. Esse ponto é valioso, pois ajuda a compreender o motivo
sobre o jugo desigual, Deus está tentando, proteger o casal de uma explosão de emoções que pode
Jay Adams compara a situação conjugal com o desafio lançado pelo profeta Amós, para quem
se encontra num casamento misto: “Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?” (Am 3:3).
Adams acredita que não pode haver acordo, pelo fato de serem “dois padrões divergentes, dois alvos
opostos, duas interpretações da vida radicalmente diferentes, dois incompatíveis mestres para servir e
dois poderes contrários em ação”.273 No entanto, Adams não consegue ver nenhum problema num
casamento misto, quando os dois creem em Jesus. “O que é proibido, portanto, é qualquer casamento
com um descrente”. Um casamento só não pode se concretizar, “quando um está fora da esfera da
salvação”.274
271
Howell, 4.
272
Strobel, Inside the Mind of Unchurched, 149.
273
Jay E. Adams, Solving Marriage Problems – Biblical Solutions for Christians Counselors, (Grand
Rapids, MI: Zondervan, 1983), 34.
274
Ibid., 33.
80
Contrastando com a opinião de Adams, Grunlan mostra uma correlação entre sucesso
ser considerado. Muitos estudos têm encontrado uma alta taxa de divórcio nos casamentos
mistos. Embora a injunção bíblica de não estar em jugo desigual seja uma referência específica
para crente com descrente, ela parece ter também suas implicações para casamentos mistos entre
contribuem para a falência dos casamentos; b) estudos comparativos acentuam alta taxa de
divórcio entre os casamentos mistos; c) maiores conflitos após a chegada dos filhos que, em
a) Estabilidade dos lares. Em lares religiosos há baixa taxa de divórcios, maior satisfação
confirmam que crescer num lar religioso aumenta as chances de alguém continuar religioso quando
adulto.
autores Newport e Saad (1992) afirmaram que o casamento é a razão principal para desligamento
religioso. Trinta e seis por cento dos americanos que foram desligados de suas religiões ou
275
Stephen A. Grunlan, Marriage and the Family – A Christian Perspective (Grand Rapids, MI:
Zondervan, 1984), 88-89.
276
Duvall e Hill, 81-83.
81
denominações dizem que mudaram para a religião de seus cônjuges, geralmente sem qualquer
(1979) afeta um número considerável, 40% mudou para a religião do cônjuge que permaneceu
em sua fé inicial. Um pequeno percentual de cônjuges se moveu para uma terceira religião. Pouco
menos de 30% terminou numa religião diferente do cônjuge, sendo que muitos terminaram na
d) Identidade religiosa dos filhos afetada. A mais óbvia preocupação em pesquisas sobre
que as crianças de casamentos mistos, provavelmente não se identificarão com a fé dos seus pais,
assim como crianças de casamentos iguais. A pesquisa de Spilka (1985) descobriu que crianças
problemas emocionais.277
do que está envolvido num relacionamento. J. C. de Ferrières lança o desafio: Arranque fora dum
casamento estas cinco palavras, e tudo o que elas representam – e veja o que fica! Elas são o
alicerce, as paredes e o teto dum lar! Tire-as e o que é que permanece? Nada, absolutamente!
277
Blake J. Neff & Donald Ratcliff, eds., Handbook of Family Religious Education (Bramingham, AL:
Religious Education Press, 1995), 42-56.
82
Mauro Clark apresenta o tema em dois livros. No primeiro, ele estuda o drama da mulher
cristã casada com um não-cristão, utilizando três histórias reais. a) Uma senhora que se converte
e começa a viver um drama pessoal com o esposo descrente; b) O drama de uma moça cristã,
com a consciência culpada por casar-se com um rapaz descrente; c) A ilusão de uma jovem cristã,
que não percebeu que o rapaz se batizara apenas para conseguir se casar com ela.279
As histórias de vida dessas três mulheres são parecidas com a de milhares, espalhadas por
todas as igrejas. Gostariam de ver os filhos educados por pais crentes, toda a família engajada no
serviço cristão. Querem servir a Deus com liberdade, mas seus maridos as impedem. 280
Clark também trata do assunto, escrevendo especialmente para jovens solteiros.281 Quando
um jovem vê o exemplo de um casamento misto, que aparentemente está dando certo, pode ser
tentado a raciocinar que também pode aventurar-se. Clark afirma que as exceções existem, mas são
perigosas. O correto seria seguir as regras e prescrições bíblicas referentes à proibição do casamento
278
Ferrières, 99-100.
279
Mauro Clark, Entre dois senhores, 2ª ed. (São Paulo: Candeia, 1994), 9-21.
280
Ibid., 22-23.
281
Idem, Coração dividido, 3ª ed. (São Paulo: Mundo Cristão, 1997). Para encontrar mais orientações
sobre Namoro Cristão, ver: Wes Roberts, e Norman H. Wright, Antes do sim (Rio de Janeiro: CPAD, 1997); Caio
Fábio D’Araújo Filho, Abrindo o jogo sobre o namoro, 4ª ed. (Venda Nova, MG: Betânia, 1985); Jaime Kemp, Antes
de dizer sim, 5ª ed. (São Paulo, Mundo Cristão, 1993); Idem, Eu amo você - Namoro, noivado, casamento e sexo, 6ª
ed. (São Paulo: Sepal, 1996); Idem, Como decidir: permanecer solteiro? Casar? Com quem?; Idem, Eu amo você;
Drescher, Os Opostos se atraem; Palau, Com Quem vou me casar; Araújo, Procurando minha metade; Valenzuela,
Juventud enamorada.
83
com jugo desigual e observar os maus resultados de casamentos mistos que não deram certo, na
Jaime Kemp tem escrito muito sobre família e o assunto do jugo desigual também
mereceu a sua atenção. Ele enumera quatro razões pelas quais os casamentos mistos acontecem:
a) dois descrentes são casados, e um deles se converte; b) dois crentes se casam, mas não
a vontade de Deus, casando-se com um descrente; d) falta de convicção e clareza nos líderes
cristãos: “Não ponha seu pescoço para trabalhar, brincar, andar juntos, criar filhos, servir ao
Senhor, na mesma canga com uma pessoa que não tem Cristo como Senhor e Salvador de sua
vida”. Como razão para isso, ele declara: “O casamento estará incompleto. O aspecto primordial
Duas mudanças podem ocorrer com mais frequência num casamento misto. A diferença
ajustamento. O divórcio285 ocorre três vezes mais entre casais mistos do que naqueles que
sustentam a mesma fé,286 e ocorre em maior número entre um crente e um descrente. Segundo
282
Clark, Coração dividido, 44-45.
283
Kemp, Namoro, noivado, casamento e sexo, 17.
284
Ibid., 18; Idem, Eu amo você, 22.
285
Para melhor compreender o drama do divórcio e seus efeitos sobre os filhos, ver Dobson, Vivendo nos
limites, 74.
286
Anísio Chagas, “Casamento misto”, RA, janeiro de 1998, 30.
84
Drescher, esse índice de divórcio é ainda maior: “É cinco vezes mais alto nos casamentos mistos
casamentos mistos são menos felizes que os casamentos entre semelhantes, em virtude dos atritos
constantes. Hoff afirma que “estas duas pessoas viverão em mundos distintos com um abismo
entre si”. 288 Iserte qualifica essas uniões como “casamentos perigosos”289 e Kemp classifica como
Muñoz e Reyes num estudo sobre a família chilena apresentam a diferença de religião
como um dos principais fatores que definem se um casal é sólido ou débil em sua constituição
familiar.291
287
Drescher, Os Opostos se atraem, 11; Idem, Em Busca do amor no casamento, 21.
288
Paul Hoff, O Pastor como conselheiro (São Paulo: Vida, 1996), 106.
289
Salvador Iserte, El Matrimonio de éxito (Barcelona, Editorial Clie, 1987), 64-65.
290
Kemp, Namoro, noivado, casamento e sexo, 18.
291
Mônica M. Muñoz e Carmen V. Reyes, Una Mirada al interior de la familia (Santiago: Edic.
Universidad Catolica del Chile, 1997), 59-61.
292
Clemencia Sarquis Yazigi, Introducción al estudio de la pareja humana, 2ª ed. (Santiago: Edic.
Universidad Catolica del Chile, 1995), 61.
85
relação à cultura, e “background” cultural, podem causar sérios e profundos efeitos de caráter
negativo.293
Herring afirma que um casamento desejável é aquele onde há unidade espiritual, em virtude
de o lar estar unido na fé por três razões: a) por amor da conveniência; b) por amor da lealdade; e c)
por amor do testemunho cristão. Segundo ele, é inconveniente ter uma família que adora ao Senhor
em caminhos separados. Nos lares onde cada um defende os seus pontos de vista, há muita
dificuldade em manter o equilíbrio emocional e as crianças serão afetadas, por causa dos conflitos
emocionais. Que tipo de testemunho os pais estão dando? Em uma atmosfera de ficção e
propósitos diferentes, os pais não podem esperar que as crianças se tornem homens e mulheres
uma base espiritual. 295 O casal necessita andar na mesma direção e buscar o mesmo propósito,296
293
Acerca do “background” cultural e étnico, ou casamento inter-racial, ver Betty Carter e Mônica
Goldrick, As Mudanças no ciclo da vida familiar (Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1995), 68-69, 80-81. Acerca de
casamentos inter-raciais no Brasil ver estudo de Natanael B. P. Moraes, “Casamento inter-racial”, Monografia
apresentada no SALT – Instituto Adventista de Ensino como exigência do Mestrado em Teologia, material não
publicado, São Paulo: Dezembro de 1987.
294
Ralph A. Herring, Does Religion Divide Your Home? (Nashville, TN: Southern Baptist Convention,
s.d.), 1-6.
295
Paul Meier e Richard Meier, Family Foundations – How to Have a Happy Home (Grand Rapids, MI:
Baker Book, 1995), 9-28.
296
D’Araújo Filho, 58.
297
Ralph Martin, Husbands, Wives, Parents, Children – Foundations for the Christhian Family (Ann
Arbor, MI: Servant Books, 1983), 16.
86
Tim LaHaye afirma que a área espiritual é a mais importante.298 Apenas quando Deus é
colocado como o centro da família, a ruína familiar pode ser evitada.299 O companheirismo, além
do compromisso com Cristo, é uma fonte indispensável de forças para superar crises no
casamento.300 Na hora das dificuldades, o casamento cristão leva vantagem sobre os desiguais,
As razões para que Deus exija a compatibilidade espiritual dos cônjuges, se resumem em quatro
pontos, pois dois cônjuges necessitam: a) compartilhar um tesouro comum; b) desenvolver um plano
comum; c) buscar refúgio numa fortaleza comum e d) defender valores comuns. A advertência de
Paulo, ao invés de ser um verso discriminatório, é o amor protetor de Deus, expresso de forma
Muitos cônjuges cultivam uma religião apenas aparente, não sofrendo com diferenças
religiosas no casamento. No entanto, as pessoas comprometidas com suas crenças reconhecem que ter
uma base religiosa semelhante tem importância, caso a religião seja levada a sério pelo casal. Mais do
298
Tim LaHaye, Casados mas felizes, 10ª ed. (São José dos Campos, SP: Fiel, 1992), 36-45.
299
Merval Rosa, Problemas da família moderna (Rio de Janeiro: JUERP, 1979), 156; Wayne Mack,
Fortaleciendo el matrimonio (Grand Rapids, MI: Portavoz, 2000), 13; Roberts e Wright, 6.
300
Bill Bright, e Vonette Bright, Como controlar as tensões no casamento (São Paulo: Candeia, 1994),
36-37.
301
Kemp, Namoro, noivado, casamento e sexo, 112.
302
Bill Hybels, e Lynne Hybels, Aptos para casarse, 36-42.
87
diferenças do grau de interesse religioso,303 mesmo entre casais que tenham as mesmas crenças e
Sincronização, ou estar num jugo igual é a classe de unidade espiritual que Deus deseja
que todos os casados desfrutem.304 O fato de ambos serem crentes não garante que o casamento
será “um mar de rosas”.305 Muitos casais entram num casamento misto presumindo que as
diferenças podem ser facilmente solucionadas depois do casamento, apenas para descobrir que “o
abismo que os separa parece grande demais, ou que a tentativa de construir a ponte necessária é
Autores afirmam que o casamento jamais poderia ser visto como uma ferramenta de
evangelismo,307 ou uma instituição missionária. 308 Segundo Metz, nenhum escritor bíblico
aconselhou qualquer judeu ou cristão a casar-se com um descrente a fim de conduzí-lo para a sua
religião. Mas há um senso de responsabilidade, e por que não dizer, quase de obrigatoriedade do
cônjuge convertido, que deve envidar todo o esforço possível para conduzir não só o seu
companheiro não-cristão, mas também todos os seus filhos para o reino de Deus.309
303
Hybels, 43-44; Molina, 13.
304
Hybels, 44.
305
Kemp, Antes de dizer sim, 42.
306
Drescher, Os Opostos se atraem, 11; Idem, Em Busca do amor no casamento, 22.
307
Harris, Roman–Corinthians, 7:337; Morris, I Coríntios, 89.
308
Donald S. Metz, I Corinthians, BBC, Vol. 8 (Kansas City, MO: Beacon Hill Press, 1968), 378-379.
Ver também: Clarence T. Craig, e John Short, I Corinthians, IB, vol. 10 (Nova Iorque: Abingdon Press, 1953), 80;
Grosheide, Commentary on the First Epistle to the Corinthians, 167.
309
Metz, I Corinthians, 8:379.
88
negativa sobre um cristão, certamente desonra a Cristo.310 Pode alguém ter um casamento cristão,
estando casado com um não-cristão? Joyce Huggett responde: “Não!” Dois cristãos enriquecem
Evitar o jugo desigual, não significa que há uma parte “melhor” do que a outra, como se o
não-cristão fosse a banda podre de uma fruta. Na realidade, cristãos e não-cristãos pertencem a
dois reinos diferentes e isso é o que realmente conta. Numa associação dessa natureza, é mais
fácil que aconteça a corrupção moral do crente do que o aprimoramento moral do incrédulo.312
Cristãos que se casam com parceiros mundanos colocam em risco sua vida cristã313 e a
estabilidade do próprio relacionamento conjugal. Embora a salvação continue sendo uma questão
individual e muito pessoal, um cônjuge cristão deve assumir um compromisso com a verdade que
conhece para ajudar o companheiro descrente a aceitar a Cristo. Não ter uma atitude de
compartilhar os objetivos da salvação é uma atitude egoísta e fora de lugar para um crente.
Sendo o casamento uma sociedade íntima, num casamento cristão, os dois devem se
310
Hobbs, The Epistles to the Corinthians, 106.
311
Joyce Huggett, Dating, Sex & Friendship (Downers Grove, IL: Inter Varsity, 1985), 123.
312
Champlin, 4:360.
313
Floyd V. Filson, e James Reid, II Corinthians, IB, 10:352.
314
Elmer G. Homrighausen, The First Epistle of Peter, IB, vol. 12 (Nashville, TN: Abingdon Press,
1957), 124; Cochrane, The Epistles of Peter, 47.
89
Resumo e Conclusões
Vários estudos têm demonstrado uma alta taxa de divórcio entre casais de crenças
dos três principais grupos religiosos: Católicos, Protestantes e Judeus. Um casamento entre um
outros grupos mais conservadores, ou que mantém práticas religiosas distintas, enfrentam os
mesmos problemas quando se casam com pessoas de outros grupos protestantes ou evangélicos.
maiores dificuldades do que aqueles casamentos entre pessoas com as mesmas crenças. O
com a seriedade necessária quando afirma que o jugo desigual em questões religiosas é
indesejável em função de seus efeitos e uma aberta desobediência à Palavra de Deus. Assim
aconteceu com os antediluvianos que, pouco a pouco, foram se misturando com os desobedientes
exemplo do casamento de Isaque e Rebeca, dois jovens tementes a Deus, também no exemplo de
Esaú, que violou as regras e desposou mulheres idólatras, e ainda no exemplo de Moisés e
Zípora, são realçados os valores religiosos acima de quaisquer outros, para o sucesso e bem estar
da família.
90
Ao tratar do assunto do jugo desigual, Ellen G. White cita vários textos bíblicos para
apoiar as orientações do apóstolo Paulo e, com mais frequência, estes: Amós 3:3, Deuteronômio
7:23-4 e 6, Mateus 18:19, Lucas 17:26-27 e 18:22. Em seus escritos, dois pontos auxiliam na
Suas orientações de caráter preventivo não deixam dúvidas: a) o cristão sincero não fará
planos que Deus não possa aprovar; b) a felicidade e o êxito matrimonial dependem da união dos
cônjuges; c) o casamento com descrente é proibido por Deus; d) é colocar-se em terreno proibido
– o terreno de Satanás.
relacionamentos proibidos: a) afeta a vida futura, tanto neste mundo como no porvir; b) ofende o
Espírito de Deus e perde Sua proteção; c) sacrificam a Cristo e ao céu; d) amarga colheita nesta vida,
membros se casem dentro da própria comunhão adventista, e que seus pastores não realizem
vista bíblico, de que o jugo desigual é uma aberta violação das normas divinas em todos os
tempos. Assuntos como ofertas, os cultos na igreja e no lar, música, alimentação e lazer podem
As pesquisas de Crider e Kistler demonstraram que a questão religiosa é a sétima maior fonte
de conflitos entre os casais, e esses conflitos são mais intensos nos lares divididos pela religião.
Outras pesquisas confirmam que casais mistos experimentam problemas logo após o casamento,
separam-se mais cedo, e têm maior taxa de divórcio do que os que comungam a mesma fé. A
91
batismo e educação se duplicam. Geralmente as crianças se tornam foco de disputas entre os pais.
Seis de cada dez crianças em lares com crenças distintas acabam rejeitando qualquer tipo de religião.
Desobedecer a Deus nesse assunto leva a um caminho de muita tristeza e dor. Embora alguns
o que Deus proíbe é casar-se com “descrentes”, na prática a situação pode se agravar e as maiores
dificuldades ocorrem quando há filhos envolvidos: a religião de quem as crianças seguirão? E outra
Pesquisas demonstraram que crianças criadas num ambiente religioso dissonante manifestam
verificaram que as diferenças religiosas entre os cônjuges, afetam o compromisso religioso dos pais
bem como a identidade religiosa dos filhos. Os lares religiosos são mais estáveis, apresentando baixa
O que Deus realmente deseja para os Seus filhos é evitar que eles sofram desnecessariamente.
Um casamento em jugo desigual é “incompleto”, pois faltará a um dos cônjuges, e às vezes aos dois,
matrimonial estarão incompletos sem a base espiritual no lar. Um cristão sincero deveria considerar a
questão de preferir “permanecer solteiro do que ligar seus interesses por toda vida com uma pessoa
315
White, Testemunhos seletos, vol. 1, 576; Idem, O Lar adventista, 68.
92
Sendo que os adventistas pertencem a um grupo cristão com crenças distintas, seu
espiritual entre crente e descrente provoca várias dificuldades e, como visto acima, as diferenças
White adverte contra “uma alarmante indiferença para com os ensinos da Palavra de Deus acerca
do casamento de cristãos com descrentes”.316 O adventista, mais que qualquer outro cristão, deve
exercer bastante cuidado neste assunto, evitando casar-se com quem não possui a mesma crença e
prática religiosa.
da família, a educação dos filhos, a manifestação da fé, a frequência à igreja entre outras, são
questões que devem ser seriamente avaliadas pelos cristãos. Conviver com alguém que não
relacionamento como aos valores espirituais, pois são dois indivíduos tentando viver juntos,
conjugal, o mesmo não pode estar ausente do ambiente familiar. A falta deste elemento, pode
provocar a ruptura nos demais laços, acarretando danos irreversíveis ao casamento, sendo os
Em qualquer relacionamento conjugal poderá haver conflitos, mas estes podem ser
fato de ambos compartilharem da mesma fé não tornar-se garantia de que não haverá conflito, os
316
White, Testemunhos seletos, vol. 2, 123; Idem, O Lar adventista, 61.
93
possibilitam maiores conflitos, quando essas diferenças são menores, as chances de um casal
relacionam com pessoas que não concordam com suas práticas. Os problemas ou conflitos
existentes num relacionamento em jugo desigual têm sido responsáveis por elevado número de
separações, divórcios e lares desfeitos quando comparados com os casamentos entre pessoas da
mesma crença. Uma pesquisa realizada entre os adventistas casados será apresentada no próximo
pesquisa de campo, levada a efeito com o objetivo de medir o índice de jugo desigual entre os
adventistas do sétimo dia e comparar resultados entre os adventistas casados em jugo desigual e
No total, 1.328 adventistas batizados e casados, membros de grandes igrejas no território do estado do
Rio de Janeiro, responderam à pesquisa entre os anos de 2007 e 2008. As igrejas espalhadas pelas três
Resultados Gerais
As questões, num total de 18, foram divididas em duas seções. Na primeira, as perguntas
dirigidas a todos os participantes versaram sobre identificação de sexo, idade, tempo de casado,
idade ao casar-se, preparo para o casamento, razões para estar ou não sob jugo desigual, tipos
94
95
conhecimento sobre jugo desigual e avaliação do tipo de orientação acerca do tema fornecida
viveram ou estão vivendo sob jugo desigual. O principal objetivo das questões é levantar dados
que favoreçam algum tipo de esforço evangelístico. Além disso, identificar o cônjuge não-
adventista, descobrir métodos que estão sendo utilizados para aproximá-lo da igreja, e os
*Os valores percentuais (%) referem-se aos índices de Jugo Igual (58%) e Jugo Desigual (42%)
casados ou que já estiveram casados, sendo 59% mulheres e 41% homens. Dentre os homens que
responderam à pesquisa, 29% foram identificados como Jugo Desigual e 71% como Jugo Igual,
enquanto as mulheres, 50,5% como Jugo Desigual e 49,5% como Jugo Igual. Os casados em
Jugo Igual representam 58,0%, enquanto 42,0% os que estão casados em Jugo Desigual.
*Os valores percentuais (%) referem-se aos índices de Jugo Igual (58%) e Jugo Desigual (42%)
A tabela acima revela que o maior índice de adventistas casados, em relação à idade, se
encontra na faixa dos 41 a 50 anos, com 28,0%. Logo abaixo vem a faixa dos 31 a 40 anos com
24,0%. O menor índice se encontra na faixa abaixo de 21 anos de idade, apenas 1,0%. Do total, 2,0%
*Os valores percentuais (%) referem-se aos índices de Jugo Igual (58%) e Jugo Desigual (42%)
Na tabela acima, embora com pequena margem sobre as demais, a faixa com maior índice
em relação ao tempo de permanência do casamento, é a dos que estão casados há até cinco anos,
*Os valores percentuais (%) referem-se aos índices de Jugo Igual (58%) e Jugo Desigual (42%)
25 anos, com 36,0%; dos 26 aos 30 anos, com 23,0%; e daqueles que se casaram antes dos 21
anos de idade, com 21,0%. As demais faixas tiveram valores semelhantes: 7,0% dos 31 aos 35
anos; 4,0% dos 36 aos 40 anos e 4,0% aqueles que se casaram após os 41 anos de idade. Esta
*Os valores percentuais (%) referem-se aos índices de Jugo Igual (58%) e Jugo Desigual (42%)
aconselhamento pré-matrimonial: 55,0% Não, contra 33,0% Sim. Entre aqueles identificados
como Jugo Desigual, essa diferença, em termos percentuais, é ainda maior: 67,5% Não, contra
19,0% Sim. Entre os adventistas que se casaram com adventistas os números são bem parecidos:
Questão 6-A. Se você está ou já esteve casado com Não-Adventista – Assinale uma ou mais
razões.
Situação Total
Quant. %
Questão 6-B. Se você nunca esteve casado com Não-Adventista – Assinale a razão.
Situação Total
Quant. %
Observando as duas tabelas acima, verifica-se que o maior índice de Jugo Desigual,
43,5%, acontece em virtude de um não adventista que, já estando casado, uniu-se à igreja sem a
101
companhia do cônjuge. O segundo índice 36,0% é o modelo clássico: um adventista que se casou
com um não-adventista. Por outro lado, o maior índice em casamento de Jugo Igual, é o exemplo
de dois adventistas que se casaram, 71,0% contra 29,0% que, já estando casados, se uniram à
Avaliação do Casamento
o tipo de orientação que a Igreja Adventista do Sétimo Dia oferece como preparo para o
estar presentes num relacionamento conjugal. Tais problemas envolvem tanto as questões
relacionadas com a frequência e envolvimento com a igreja, como o relacionamento com filhos,
familiares e o próprio cônjuge. Foram selecionados apenas aqueles problemas ou conflitos cujas
entre outras, não foram relacionados a fim de se obter resultados mais substanciais aos objetivos
da pesquisa. Embora a questão tenha proporcionado o devido espaço para que os pesquisados
Questão 7. Independente de sua atual condição matrimonial assinale abaixo todos os problemas e
situações que você está enfrentando ou já enfrentou por causa do seu casamento:
identificados foram os ítens: d. “Falta de culto doméstico e atmosfera cristã no lar” com 11,0%,
“Conflitos por causa de música e TV” com 7,0%. Estes quatro problemas têm maior incidência
tanto nos lares em Jugo Igual como naqueles em Jugo Desigual. 318
Questão 8. Avaliando seu casamento, qual a possibilidade que você considera mais real, se Cristo
voltasse agora?
a. Viver a eternidade sem o meu cônjuge 35 5,0 128 23,0 163 12,0
b. Meu cônjuge ser salvo e eu me perder 37 5,0 09 2,0 46 3,0
c. Meu cônjuge perder a vida eterna e eu também 47 6,0 69 12,0 116 9,0
d. Estar na eternidade junto com meu cônjuge 589 75,0 269 49,0 858 65,0
e. Não responderam 66 9,0 79 14,0 145 11,0
*Os valores percentuais (%) referem-se aos índices de Jugo Igual (58%) e Jugo Desigual (42%)
apresenta os seguintes números: 65,0% dos pesquisados nutriam a esperança de estarem juntos na
eternidade (d.), caso Cristo voltasse no momento da pesquisa. Os números se sobressaem entre os
adventistas em Jugo Igual, sendo 75,0% contra 49,0% dos que vivem em Jugo Desigual. Por
318
Uma análise mais detalhada destes conflitos ou problemas pode ser observada através das Tabelas 19,
20 e 21 e nos Gráficos 1 a 26 do Apêndice B, pp. 160-179.
104
outro lado, a percepção de viver a eternidade sem o cônjuge (a.) tem o predomínio dos casados
em Jugo Desigual: são 23,0% contra apenas 5,0% dos que estão em Jugo Igual.
Questão 9. Se você era adventista antes de casar-se, você sabia das dificuldades que enfrentaria
caso viesse a casar-se com um não-adventista?
*Os valores percentuais (%) referem-se aos índices de Jugo Igual (73%) e Jugo Desigual (27%)
Entre aqueles que já eram adventistas antes do casamento, o assunto do Jugo Desigual
merece destaque pela importância com que é encarado. Dentre os pesquisados, 41,0% afirmaram
que sabiam da importância do assunto e sempre levaram a sério tal questão (c.). A metade, 51,0%
dos pesquisados sob Jugo Igual reforça essa noção. Os índices menores ficaram por conta dos que
não tinham noção do assunto (a.) com 4,0%, dos que tinham alguma ideia (b.) com 6,0%, dos que
arriscaram mesmo sabendo (d.), com 6,0%, dos que demonstram insatisfação (e.) com 5,0% e dos
que demonstram arrependimento pela escolha (f) com 5,0%. Não responderam, 33%.
105
três questões têm como objetivo avaliar o desempenho da Igreja Adventista em relação à maneira
como a mesma trata os vários segmentos que a compõem, especificamente em relação ao tipo de
orientação oferecida para o casamento. São avaliadas as orientações oferecidas aos solteiros,
como preparação para o casamento, aos casais adventistas e aos adventistas casados com não-
adventistas.
Questão 10. Avalie o tipo de orientação que a igreja adventista oferece para os solteiros como
preparação para o casamento:
*Os valores percentuais (%) referem-se aos índices de Jugo Igual (58%) e Jugo Desigual (42%)
Em relação à orientação que a Igreja Adventista oferece aos solteiros como preparação
para o casamento a opinião é bem dividida: Para 25,0% a orientação é considerada Ótima, para
106
23,0% Regular e para 20,0% Boa. Apenas 7,0% a consideram Ruim, já para 5,0% é Péssima e
outros 8,0% acham que tal orientação nem existe. Os que não opinaram sobre o assunto
alcançaram 12,0%.
Questão 11. Avalie o tipo de orientação que a igreja adventista oferece para os casais
adventistas:
*Os valores percentuais (%) referem-se aos índices de Jugo Igual (58%) e Jugo Desigual (42%)
A opinião acerca da orientação que a Igreja Adventista oferece aos casais adventistas é
bem equilibrada: 26,0% consideram Ótima, outros 26,0% Boa e 22,0% Regular. Apenas 4,0% a
consideram Ruim, 2,0% Péssima e 4,0% acham que tal orientação nem existe. Os que não
Questão 12: Avalie o tipo de orientação que a Igreja Adventista oferece para quem está casado
com um não-adventista.
*Os valores percentuais (%) referem-se aos índices de Jugo Igual (58%) e Jugo Desigual (42%)
A opinião acerca da orientação que a Igreja Adventista oferece aos adventistas casados
com não-adventistas também reflete equilíbrio: 21,0% a consideram Regular, para 17,0% é Boa e
para 12,0% é Ótima. Apenas 9,0% a consideram Ruim, enquanto que para 5,0% é Péssima e para
outros 13,0% tal orientação nem existe. Dos pesquisados, 23,0% preferiram omitir sua opinião.
108
Questão 13. Com sua experiência pessoal no casamento, você recomendaria um casamento como
o seu para seus próprios filhos ou para outros jovens adventistas?
a. Sim, com absoluta certeza! 500 65,0 157 28,5 657 49,5
b. Acho que Sim! 93 12,0 62 11,0 155 12,0
c. Não sei! 33 4,0 37 7,0 70 5,0
d. Acho que Não! 46 6,0 69 12,5 115 8,5
e. Definitivamente, Não! 47 6,0 170 30,5 217 16,5
f. Não responderam 55 7,0 59 10,5 114 8,5
*Os valores percentuais (%) referem-se aos índices de Jugo Igual (58%) e Jugo Desigual (42%)
casamento contra 16,5% que não o fariam. Dentre aqueles que vivem em Jugo Igual, a vantagem
positiva é bastante expressiva: são 65,0% Sim, contra apenas 6,0% Não. Entre os de Jugo
Desigual a opinião demonstra equilíbrio nos índices, pois são 30,5% Não, contra 28,5% Sim.
evangelístico.
Questão 14. Assinale a situação do seu cônjuge quando você se casou ou se batizou:
Situação Total
Quant. %
sem religião definida (b.) e 22,5% católicos (d.). Os menores índices são de pessoas que
pertenciam a outras igrejas evangélicas (f.) com 4,5%, descrentes (a.) com 3,5%, ex-adventistas
(c.) com 4,0% e, pessoas que pertenciam a religiões não-cristãs (e.) com 3,0%. A informação não
Questão 15. Você já tentou de alguma forma, aproximar o seu cônjuge da igreja?
Alternativas Total
Quant. %
Pesquisados: 554
forma aproximar o seu cônjuge da igreja, enquanto que apenas 2,0% responderam negativamente.
Deixaram de responder 37,0% dos pesquisados. A resposta a esta pergunta, com índices positivos
tão expressivos, demonstra o alto grau de interesse que os adventistas casados com não-
Questão 16. Se já tentou, que tipo de resultado alcançou? Marque um ou mais itens que melhor
identifique sua situação.
Resultados Total
Quant. %
frequentam cultos normais da igreja (g.); 12,5% praticam alguns princípios adventistas (d.);
11,5% dos cônjuges já foram batizados (k); 8,5% já abandonaram algum vício (f.); 8,0% já
participaram de atividades da igreja, como Encontros de Casais (i.) e 7,5% participaram de outras
atividades sociais (h.). Por outro lado, 12,5% informaram que ainda não obtiveram resultados
Questão 17. Se você está tentando ganhar seu cônjuge para Cristo, identifique os métodos
utilizados.
Métodos Total
Quant. %
16,0% que insistem, desde o início do relacionamento com a igreja ou do próprio casamento, que
o outro o acompanhe. Com 12,0% aparecem: (a) “Oração pela conversão”, (h) “Oferecimento de
folhetos, revistas e livros” e (i) “Convites para atividades sociais”. Com 11,5% está a (k)
“Influência positiva da igreja sobre os filhos” e com 10,5% (g) a “Amizade de pessoas da igreja”.
113
Questão 18. Se você já estava casado(a) e se batizou depois do seu cônjuge, assinale abaixo os
métodos utilizados por ele(a):
Métodos Total
Quant. %
Total 58 100,0
cônjuge, os seguintes métodos aparecem como os mais eficientes: 17,0% indicam a (d.)
“Insistência desde o início do relacionamento para acompanhá-lo à igreja”; por sua vez, 16,0%
indicam a (g.) “Amizade de pessoas da igreja apresentadas pelo cônjuge”; já 14,0% mencionam a
(a.) “Oração pela conversão” e 12% (k.) “Alerta sobre a importância da educação religiosa dos
filhos”. Com 10% aparecem o (h.) “Oferecimento de livros, folhetos e revistas” e com 9% (i.)
Análise Comparativa
Nesta segunda parte, algumas situações são comparadas. De modo especial, foram
identificação dos casos que culminaram em divórcio. Também são comparadas as avaliações dos
Comparando o Divórcio
4
Modelos de Casamento:
12
JUGO DESIGUAL TOTAL
1 JUGO DESIGUAL CAS FEM
JUGO DESIGUAL CAS MASC
3
JUGO DESIGUAL BAT FEM
20 JUGO DESIGUAL BAT MASC
JUGO IGUAL TOTAL
5
JUGO IGUAL CAS FEM
10 JUGO IGUAL CAS MASC
JUGO IGUAL BAT FEM
8
JUGO IGUAL BAT MASC
16
39
que representa 5,0% do total. Eles foram separados por sexo para facilitar a identificação. O
quadro expõe que tanto no total masculino (8 contra 1) como no feminino (16 contra 3), os
índices de Jugo Desigual são absolutos, destacadamente entre os adventistas que escolheram
Os índices de Jugo Desigual alcançam praticamente o dobro do Total do Jugo Igual, são
39 contra 20. O maior índice ocorre entre as mulheres, no modelo Jugo Desigual por Casamento,
16. O segundo maior índice é também feminino, mas ocorre em Jugo Igual por Batismo, 12,
quando os dois já estando casados se tornam adventistas ao mesmo tempo. Os menores índices
modelo de casamento, e para evitar distorções no resultado, os problemas foram comparados por sexo
do pesquisado.319 São destacados os problemas com maior índice de incidência, levando-se em conta
Cada modelo de casamento, dos quatro que foram pesquisados, apresenta problemas mais
319
Os resultados da pesquisa referentes aos problemas enfrentados no casamento (Tabela 7), foram
separados por modelo de casamento e por sexo. Cada problema anotado por um casal em Jugo Igual poderia aparecer
em dobro na totalização, uma vez que nos casamentos em Jugo Desigual apenas o cônjuge adventista foi pesquisado.
Assim, cada duas pessoas, sendo homem ou mulher, em Jugo Igual, equivaleriam a problemas de lares diferentes.
Ver Tabela 19 no Apêndice B (pp. 160-161), que é o desdobramento da Tabela 7, da pág. 102.
116
evidentes. Os índices em negrito que aparecem na Tabela 19320 indicam que tais índices foram os
verificado que, quase na totalidade dos tipos de problemas ou conflitos, os maiores índices foram
encontrados nos modelos de Jugo Desigual, com algumas raras exceções (letras “f”, “h”, “k” e
enfrentados num casamento, a pesquisa demonstrou que, em nenhum deles, os maiores índices
foram encontrados no modelo Jugo Igual por Casamento (JI C). Já no modelo Jugo Igual por
Batismo (JI B) alguns índices se sobressaem, com destaque para: q. “Conflitos na área
financeira” com 24,0% e w. “Ameaças de divórcio e abandono do lar” com 14,0%, embora não
Em cada um dos 26 tipos de problemas e conflitos listados, pelo menos dois dos quatro
índices percentuais maiores, estão nos modelos de Jugo Desigual por Casamento e/ou Batismo
(JD C / JD B), com destaques para: a. “Enfraquecimento da vida espiritual” com 44,0%, 40,0%,
24,0% e 22,0%; c. “Frequência à igreja” com 30%, 25%, 15% e 11%; d. “Falta de culto
doméstico e atmosfera cristã no lar” com 50,0%, 45,0%, 39,0% e 35,0%; z. “Conflitos sobre
320
Ver todos os índices na Tabela 19 no Apêndice B, pp. 160-161.
321
Conforme verificado por Crider e Kistler em pesquisa realizada com famílias adventistas americanas e
citada no Capítulo II deste trabalho. Os problemas ou conflitos são semelhantes e confirmam o grau de dificuldade
para os casais envolvidos em casamentos mistos, especialmente quando têm filhos. (Crider & Kistler, SDAFES, 202-
208.
117
música, TV” com 36,0%, 31,0%, 30,0% e 25,0%. Todos estes quatro índices mencionados são os
Noivos recebidos pelos pesquisados parece não apresentar resultados positivos significativos,
indivíduo em relação ao próprio casamento: em assuntos como salvação ou perdição eterna dos
cônjuges (8), grau de informação antes de casar-se e consequente satisfação ou insatisfação com
os resultados vivenciados (9) e disposição para recomendar ou não aos jovens adventistas
Gráfico 2 – Referente à Questão 8: Avaliando seu casamento, qual a possibilidade que você
322
Todos os percentuais relacionados acima podem ser verificados na Tabela 19 do Apêndice B, onde os
números e índices aparecem separados por Tipo de Casamento, tanto entre os homens como entre as mulheres.
118
1900ral
NR
1900ral
1900ral
Estar na eternidade com meu cônjuge
1900ral
1900ral
Meu cônjuge se perder e eu também
1900ral
1900ral
Valores %
Meu cônjuge ser salvo e eu me perder
1900ral
1900ral
Viver a eternidade sem meu cônjuge
1900ral
O gráfico acima demonstra que nas respostas à questão 8, o grau de percepção acerca da
esperança de salvação para ambos os cônjuges, despenca de 75,0% no Jugo Igual (JI) para 49,0%
no Jugo Desigual (JD). Por outro lado, a percepção de incerteza da salvação do cônjuge se eleva
6,0% em JI para 12,0% em JD. A percepção de o cônjuge não-adventista ser salvo e o adventista
se perder, é diminuta, apenas 5,0% em JI e 2,0% em JD. Fica demonstrado que num ambiente
Gráfico 3 – Referente à Questão 9: Se você era adventista antes de casar-se, você sabia das
NR 1900ral
1900ral
1900ral
Já me arrependi, pois é muito difícil
1900ral
1900ral
Se pudesse voltar, pensaria melhor
1900ral
Valores %
1900ral
Sabia, mas preferi arriscar
1900ral
As respostas à questão 9, demonstram que de um modo geral, 51,0% dos adventistas que
se uniram em Jugo Igual levaram a sério o assunto. As respostas que denotam insatisfação com a
escolha, revelam índices quase insignificantes. Entretanto, por parte dos que se uniram em Jugo
Desigual, os índices de insatisfação com a escolha são reveladores das dificuldades enfrentadas
Gráfico 4 – Referente à Questão 10 – Jovens Solteiros: Avalie o tipo de orientação que a igreja
1900ral
NR 1900ral
1900ral
1900ral
Não Existe 1900ral
1900ral Valores %
1900ral
Péssima 1900ral
1900ral
1900ral
Ruim 1900ral
1900ral
1900ral
Regular 1900ral
1900ral
1900ral
Boa 1900ral
1900ral
1900ral
Ótima 1900ral
1900ral
No geral, a Orientação fornecida aos Jovens Solteiros como preparação para o casamento
obteve seu maior índice como “Ótima” (25,0%), depois “Regular” (23,0%) e “Boa” (20,0%). Os
Gráfico 5 – Referente à Questão 11 – Casais Adventistas: Avalie o tipo de orientação que a Igreja
1900ral
NR 1900ral
1900ral
1900ral
Não Existe 1900ral
1900ral
1900ral Valores %
Péssima 1900ral
1900ral
1900ral
Ruim 1900ral
1900ral
1900ral
Regular 1900ral
1900ral
1900ral
Boa 1900ral
1900ral
1900ral
Ótima 1900ral
1900ral
No geral, os conceitos de “Ótima” e “Boa”, ambos com 26,0%, foram os mais indicados para
o tipo de orientação fornecida aos casais adventistas. Os próprios casais que vivem em Jugo Igual
Gráfico 6 – Referente à Questão 12 – Casados com Não Adventistas: Avalie o tipo de orientação
que a Igreja Adventista oferece para quem está casado com um não-adventista.
A orientação direcionada pela Igreja aos adventistas casados com não-adventistas alcançou o
maior índice como “Regular” (21,0%) no quadro geral. Os demais índices foram “Boa” para 17,0% e
“Ótima” apenas 12,0%. Entre os próprios adventistas casados em Jugo Desigual, os conceitos
variaram de “Boa” (20,0%) a “Não existe” (13%), passando por “Ótima” com 17,0% e por fim,
“Regular” com 16,5%. Um índice representativo (23%) optou por não responder à questão, sem que
individual de um adventista recomendar seu próprio casamento aos filhos ou a outros jovens
solteiros da igreja.
Gráfico 7 – Referente à Questão 13: Com sua experiência no casamento, você recomendaria um
casamento como o seu para seus próprios filhos ou para outros jovens adventistas?
NR 1900ral
1900ral
1900ral Valores %
Defiinitivamente Não! 1900ral
A resposta “Sim, com absoluta certeza” (65,0%), revelou que um adventista ao se casar
com outro adventista, não deixa quaisquer dúvidas: um casamento com alguém da mesma fé
Os adventistas que vieram para a igreja sozinhos, já estando casados e aqueles que ainda
têm cônjuges não adventistas, apresentam índices de aprovação do próprio casamento muito
Jugo Desigual (30,5%), também não deixa quaisquer dúvidas: um casamento com alguém de
em Jugo Desigual, na tentativa de alcançar o cônjuge para Cristo ou para a Igreja, foram
expressivos. Se por um lado, 13,0% não obtiveram “Nenhum resultado prático”, por outro lado
Outros 16,0% chegam a frequentar os cultos da igreja, 9,0% já abandonaram vícios nocivos à
outros 7,0% participam de “eventos sociais da Igreja”. O destaque fica por conta dos 11,0% que
cônjuge, destacando-se os seguintes: O maior índice, com 16,0% foi a “insistência desde o início
para a frequência à igreja”; depois a “oração intercessória pela conversão”; o hábito de “oferecer
literatura da igreja” e “convites para participar de atividades sociais da igreja”, todos alcançaram
12,0%. Com 11,0% foi informada a “influência positiva da igreja sobre os filhos do casal”.
Os adventistas casados que vieram para a Igreja e foram batizados pela influência e
trabalho do cônjuge relataram através da Tabela 18 os seguintes métodos: 17,0% “insistiu comigo
desde o início para fazer-lhe companhia”; 16,0% destacaram a “amizade de pessoas da igreja que
lhe foram apresentadas pelo cônjuge”; 14,0% ressaltaram que o cônjuge “orava por sua
educação religiosa dos filhos;” e 10,0% valorizaram o papel da “literatura cristã” que o cônjuge
Resumo e Conclusões
para alcançar os propósitos deste projeto. Apontaram situações que até poderiam ser observadas,
mas que não poderiam ser mensurados sem uma pesquisa referencial.
Através das informações fornecidas pelos adventistas divorciados, conclui-se que: quando
bem menor do que em qualquer um dos demais exemplos. O divórcio é mais frequente quando
é percebido que todos os modelos de casamento, de um modo geral, enfrentam os mesmos conflitos,
embora os adventistas casados em Jugo Desigual apresentem esses problemas num grau maior de
dificuldade revelada por índices mais expressivos. Os adventistas em Jugo Igual demonstraram que
os problemas e conflitos, embora presentes no casamento existem num grau inferior, podendo ser
A maneira como os indivíduos dos dois grupos se realizam dentro do casamento, também se
verificou, através da própria avaliação pessoal que foi feita. Destacaram-se tanto o alto índice
positivo alcançado pelos casados em Jugo Igual ao recomendarem seu próprio casamento, como o
alto índice negativo alcançado pelos casados em Jugo Desigual ao não recomendarem seus
casamentos. O casamento entre cônjuges que partilham a mesma fé produz mais confiança e
126
realização pessoal. Além disso, ficou demonstrado que num ambiente favorável à prática da
apesar do conhecimento prévio sobre as dificuldades de um casamento misto, lançam uma lacuna
de preocupação que certamente necessita ser preenchida com mais informação oportuna.
revelam que apesar dos índices alcançados, muito ainda deveria ser feito, tanto pela Igreja como
organização, como pelas congregações locais. Foi revelada a carência de orientação em todos os
A comparação acerca dos problemas enfrentados por aqueles que foram previamente
orientados para o matrimônio e os que não o foram também revela dados preocupantes: a
orientação pré-matrimonial, nas igrejas e associações onde foram aplicados os questionários, não
tem alcançado objetivos plenos como deveria, estabelecendo outra lacuna a ser trabalhada nos
campo missionário a ser alcançado, sendo necessários planos mais específicos de evangelização
de cônjuges não adventistas que estão casados com os membros da igreja e que são candidatos
em potencial ao reino dos céus. 2) Há um tremendo vazio a ser preenchido quando se depara com
323
Embora o formulário não solicitasse do pesquisando qualquer opinião além do que deveria ser anotado,
vários deixaram por escrito sua insatisfação com a maneira como a Igreja vem orientando a sua juventude. Também
sugeriram que as congregações provessem informações por meio de seminários sobre a importância do tema Jugo
Desigual. Vários adventistas envolvidos em Jugo Desigual sugeriram mais atenção a seus problemas e dificuldades.
127
família.
seio do cristianismo é necessário que seja devidamente valorizado. Os jovens cristãos necessitam
mais do que conselhos e advertências. Pais e líderes devem vivenciar em seus lares, o exemplo
que os seus filhos necessitam. Desse modo é possível esperar que as futuras gerações sejam
beneficiadas.
Quando líderes e pais percebem que suas atitudes e testemunhos podem influenciar positivamente
os mais jovens, então se cumpre o objetivo de estimular a formação de novas famílias cristãs. A
juventude não pode ser abandonada, sem orientação acerca de assunto tão vital, sob o risco de
caráter preventivo que não deve ser olvidado. Muitos conflitos que produzem sofrimento familiar
canalizem sua atenção para o aconselhamento e orientação dos jovens que estão próximos da fase
em que escolherão os companheiros para a formação de novos lares. Por outro lado, os
problemas e conflitos atinentes à situação específica que defrontam. E mais, os cônjuges não-
direcionado para alcançá-los. No próximo capítulo algumas sugestões serão apresentadas com o
Diante dos quadros apresentados nos capítulos anteriores, verificando orientações bíblicas,
de autores e conselheiros cristãos sobre o problema em questão, além dos resultados obtidos através
solteiros que buscam, através do matrimônio, formar novas famílias 2) Fornecer aos adventistas
casados em Jugo Desigual, subsídios para reverter situações que tendem a prejudicar o
relacionamento conjugal.
Neste capítulo, buscando alcançar esses dois objetivos, são propostas orientações
preventivas, terapêuticas e evangelísticas através de palestras para jovens solteiros e para noivos
e, também material para uma futura publicação sobre orientações para adventistas casados em
conjugal, pois o futuro se baseia nas escolhas do presente. Ajudá-los a tomar decisões acertadas
Os jovens tendem a levar uma vida sem medir as consequências de seu comportamento.
128
129
De um modo geral, eles ouvem e aceitam, quando percebem a sinceridade das pessoas que se
Atividades durante o Culto Jovem, acampamentos, retiros espirituais e reuniões sociais entre
outras, são oportunidades que podem ser bem aproveitadas para alcançá-los.
Chamadas que despertem a atenção, o uso de frases mágicas como: “busca da felicidade”,
“felizes no amor”, “sucesso a dois”, “como salvar seu casamento antes dele começar?”, são
fórmulas que podem ser utilizadas para motivá-los à participação. Os jovens sabem o que
querem, mas muitas vezes, não sabem o “como” e o “quando” devem buscar o que necessitam.
Vários recursos como dinâmicas, encenações, vídeos e testemunhos, podem ser utilizados
positivos obtidos com escolhas sábias e acertadas e os resultados negativos frutos de escolhas
apressadas ou equivocadas, são recursos que podem ser amplamente utilizados. Filmes cristãos
de caráter educativo são bem aceitos pelos jovens, assim como dramatizações onde eles mesmos
Uma “Caixa de Perguntas”, onde dúvidas e questões importantes possam ser depositadas
e respondidas de forma anônima, é também muito aceita pelos jovens. Embora sintam-se mais
descontraídos e desenvoltos quando estão sem a presença dos pais ou adultos ao tratar de
assuntos mais íntimos como sexo e namoro, é perceptível que quando o assunto é felicidade e
modo geral, pode até se tornar um fator positivo. Isto torna o assunto acessível a todos em
Um dos principais propósitos deste trabalho é propor um seminário para jovens solteiros
ou noivos, fortalecendo suas convicções acerca das escolhas acertadas para o casamento. Duas ou
até três palestras podem ser apresentadas em cada seminário, podendo ser realizado num sábado à
vários segmentos, as quatro palestras podem ser apresentadas num final de semana, com início na
sexta-feira à noite, estendendo-se até o sábado à tarde. A palestra mais apropriada para os noivos
na atualidade e avança pela sabedoria na procura do parceiro ideal. A terceira palestra “Evitando
bem como orientações de Ellen G. White acerca de buscar uma visão clara do que é obedecer e
A primeira palestra tem o objetivo de orientar o jovem a descobrir os critérios que devem
entre duas pessoas, aprofundando-se na questão da compatibilidade espiritual, uma vez que esse é
o tema primordial. Tal assunto determina, não apenas as crenças, mas principalmente, os valores
A palestra poderá ser iniciada com uma discussão em grupos acerca de critérios a serem
teorias acerca da seleção de parceiros podem ser apresentadas em Power Point. Essas teorias
podem ser explicadas utilizando pequenos diálogos previamente combinados. Parte de um vídeo
poderá ser exibido, despertando assim, o grupo para um debate acerca do que foi apresentado.
Conteúdo Programático
embora existam várias teorias, o importante é que cada uma busca valorizar a compatibilidade
entre os envolvidos. Todos os modelos podem ser exemplificados com situações práticas de fácil
compreensão.
Áreas de Compatibilidade
Cada indivíduo desenvolve durante o tempo de vida, interesses, objetivos e valores. Quando
se busca alguém para um relacionamento, especialmente para o casamento, essas três áreas devem
estar bem relacionadas. É importante que os dois envolvidos num relacionamento de amizade,
324
Ver o cap. 4 – “Courtship: The Mate Selection Process” em Stephen A. Grunlan, Marriage and the
Family – A Christian Perspective (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1984), 77-85; também os caps. 4 – “Choosing
Your Mate” e 5 – “Are You Ready for Marriage?” em Evelyn M. Duvall e Reuben Hill, Being Married (Boston: MI,
D.C. Health and Company, 1960).
132
ambos e minimizará zonas de atrito. Essas três áreas também poderão ser exemplificadas com
encenações ou gravuras.
Compatibilidade Espiritual325
Esta seção aborda o item considerado de maior importância. Mesmo que tenham a mesma
fé, ou a mesma religião, duas pessoas podem não ter a mesma compatibilidade espiritual. Busca-
se desenvolver desde o início, entre os jovens, o interesse em encontrar parceiros que desfrutem
não cristão.326
casamentos estão terminando, os altos índices de separação e divórcio e como esses aspectos
estão afetando as decisões dos mais jovens. O sonho de casar-se e ser feliz está no íntimo de cada
jovem, mas a maneira como cada indivíduo encara o casamento determinará a concretização ou
Uma forma sugestiva de iniciar esta palestra é fornecer uma pequena folha em branco,
solicitando que cada jovem descreva o seu sonho de família, como ele imagina que será sua vida
325
Ver o cap. 2 – Que sociedade ...? Que harmonia ...? Que união ...? em Jaime Kemp, Eu amo você –
namoro, noivado, casamento e sexo, 16ª ed. (S. Paulo: Sepal, 1996), 18-24; Les Parrot III & Leslie Parrrot, Como
salvar seu casamento (S. Paulo: Ed. Vida, 1998), 135-151.
326
Cap. 3 – “Inclua Deus no namoro” em Henry Cloud & John Townsend, Limites no namoro, (S. Paulo:
Vida, 2002), 49-71; Joyce Huggett, Dating, Sex & Friendship – An open and honest guide to healthy relationships
(Downers Grove, IL: Inter Versity Pres, 1985), 123.
133
casamento também poderá ser realizada com bons resultados. O Power Point se revela bastante
Conteúdo Programático
Após o recolhimento das folhas de papel onde eles descreveram seus sonhos de uma
É plano do Criador que cada jovem sonhe e tenha condições de realizar o sonho de formar
divórcio se instalou. Deus não planejou que os jovens tenham seus sonhos interrompidos.
Sabedoria na procura329
327
Ver o cap. 3 – “A tensão de compartilhar um sonho” em Bill e Vonette Bright, Como controlar as
tensões no casamento (S. Paulo: Candeia, Reimp. 1994), 33-45.
328
James Dobson, Vivendo nos limites, (Campinas: SP, United Press, 1998), 74.
329
Ver o passo a passo de se buscar a orientação divina na escolha do companheiro para a vida a dois na
obra de Simonton Araújo, Procurando minha metade (S. Paulo: Candeia, Reimp 1998).
134
Desafiar cada jovem a fazer um pacto: “Farei o que estiver ao meu alcance para que o
A terceira palestra para jovens solteiros analisa o texto de 2 Coríntios 6:14 e outros textos
relacionados, bem como orientações de Ellen G. White sobre a busca de uma visão clara do que é
O uso de uma gravura ou vídeo, contendo uma junta mista boi e jumento é útil para abrir a
discussão do assunto. A seguir apresentar 2 Coríntios 6:14 revelando por que esse texto,
retenção do conteúdo.
Conteúdo Programático
Entende-se que, naturalmente, a busca pela compatibilidade espiritual, reduz o campo das
opções para o namoro. Por essa razão, muitos jovens buscam neste texto justificativa para um
330
Dobson, Vivendo nos limites, 87-90.
135
coração dividido.
desagrado divino num relacionamento misto. Porções dos escritos de Ellen G. White que ajudam
Consequências da desobediência334
Apresentação dos resultados de uma pesquisa realizada entre adventistas dos EUA, onde
aparece a questão religiosa como uma forte fonte de conflito entre cônjuges de lares divididos.335
Demonstração dos resultados obtidos entre os adventistas casados no estado do Rio de Janeiro,
331
Ver “Os perigos do namoro misto” na obra de Mauro Clark, Coração dividido (S. Paulo: Mundo
Cristão, 1997).
332
Ver Conceito de descrente e infiel nos escritos de Ellen G. White, Lar adventista,100-101;
Testemunhos seletos, vol II, 121.
333
Série de orientações preventivas acerca do casamento misto nos escritos de Ellen G. White, Mensagens
aos jovens, 433, 436, 441, 454, 460, 464; Lar adventista, 61-63, 66-67, 83-86; Ciência do bom viver, 359;
Testemunhos seletos, vol I, 573-574, 577-578; Testemunhos seletos, vol II, 121-122; Fundamentos da educação
cristã, 500.
334
Importância da questão religiosa como fonte de conflitos conjugais na pesquisa de Charles C. Crider &
Robert C. Kistler, SDAFES, (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1979); Textos de Ellen G. White em
Mensagens aos jovens, 433, 441; Lar adventista, 61, 63, 67; Testemunhos seletos, vol I, 577; vol II, 120, 122;
Fundamentos da educação cristã, 500-501; Mensagens escolhidas, vol II, 421; Efeitos sobre os filhos, cap. 12 –
Deus e vocês dois em Nancy Van Pelt, Felizes no amor (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003), 196-208.
335
Cap. 9 – “Marital Stability and Sources of Conflict” em Crider & Kistler, SDAFES, 191-221.
136
contrastando os que vivem em jugo igual e os que vivem em jugo desigual. Outras dificuldades
Esta palestra para noivos aborda fatores previsíveis de sucesso e insucesso conjugal,
sucesso ou o insucesso. Alguns desses fatores são totalmente previsíveis, isto é, além de aparentes
casal. Os casais de noivos formam grupos de estudo e juntos discutem suas possibilidades
aparentes de sucesso ou fracasso. Uma lista de itens poderá ser apresentada sugestivamente, eles
Com o uso do Power Point essas diferenças serão apresentadas com gravuras que possam
Conteúdo Programático
Apresentação de alguns exemplos de fatores que podem ser notados sem dificuldade entre dois
jovens que se relacionam e como esses fatores podem ajudar a prever sucesso ou prevenir contra
336
As dificuldades num casamento misto após o nascimento dos filhos em Fidel A. Molina, Consejos a la
família (Barcelona: CLIE, 1990), 17.
337
Verificar com cuidado a utilização de ilustrações, evitando aquelas que possam transmitir, provocar,
despertar ou fortalecer situações de caráter depreciativo, constrangedor ou preconceituoso.
338
Ver cap. 6 – “As chaves para um amor que dure a vida inteira” em James Dobson, Vivendo nos limites,
(Campinas, SP: United Press, 1998), 73-90; Grunlan, Marriage and the Family – A Christian Perspective, 86-98.
137
o insucesso matrimonial.
Apresentação de fortes razões que levam pessoas a se casarem. Algumas delas são
desestabilizar o relacionamento.
Compatibilidade Espiritual340
Apresentação de razões pelas quais Deus exige dos casais a Compatibilidade Espiritual.
São, pelo menos, quatro fortes razões (Um Tesouro comum, Um Plano comum, Uma Fortaleza
comum e Valores comuns) que ajudam os jovens a compreenderem que o Plano de Deus para o
casamento tem como objetivo evitar a dor e o sofrimento num ambiente previamente planejado
para a felicidade.
Um casamento pode ser Completo ou Incompleto. O fator espiritual é o elemento que faz
339
Cap. 4 – “Courtship: The Mate Selection Process” em Grunlan, 77-99; Cap 7 – “Factores que predicen
la felicidad matrimonial” em Alfonso Valenzuela, Juventud enamorada (Berrien Springs, MI: Promise, 1998), 69-80.
340
Ver cap. 2 – “El requisito menos popular para el matrimonio” em Bill e Lynne Hybels, Aptos para
casarse (Deerfield, FL: Edit. Vida, 1994).
341
Kemp, Eu amo você, 25-29.
138
liderança eclesiástica. O modelo de casamento no qual estão envolvidos, seja por decisão própria,
ou pelo fato de ter vindo para a igreja sem o cônjuge, tem sido demonstrado como o que enfrenta
situação do seu casamento, os recursos didáticos tais como dramatizações e vídeos, o uso de
especialmente quando suas dúvidas envolvem questões particulares acerca da prática doutrinária.
As reuniões de orientação para adventistas casados em jugo desigual jamais deveriam contar com
deveriam ser providas, em outras oportunidades para quebrar preconceitos e formar laços de
evangelístico para esses adventistas casados em jugo desigual, que possa fornecer-lhes
orientações claras de como podem trabalhar para aproximar seus cônjuges da igreja.
O seminário, que não deve ultrapassar um período matutino ou vespertino, deve sempre
ser concluído com a distribuição de um resumo impresso das orientações, para os participantes
levarem consigo, principalmente quando for usado o tempo do culto de sábado. Quando se puder
dispor de um período maior, uma tarde de sábado ou uma manhã de domingo, por exemplo, o
O tema para adventistas casados com cônjuge não-adventista visa fornecer orientações
maior espaço de tempo, esse tema pode ser subdividido em tópicos e apresentados durante uma
manhã ou uma tarde aos adventistas casados em jugo desigual. A sugestão da divisão dos tópicos
Para início da discussão, dividir os participantes em grupos de dez pessoas. Distribuir relatos
de como um cônjuge foi ganho para a igreja pelo trabalho do outro e verificar os pontos que podem
ser trabalhados. Vídeos com testemunhos ou partes de filmes evangélicos sobre o tema podem
também ampliar a visão evangelística dos participantes. Quadros, gráficos e conselhos apresentados
em Power Point são ferramentas poderosas de aprendizagem e não devem ser descartadas neste
Conteúdo Programático
Apresentar o papel do adventista como instrumento de salvação para o outro, mas não
Orientações bíblicas
Orientações Práticas
Sugestões adventistas
Neste seminário em especial, é muito importante que as pessoas levem consigo, após as
palestras, uma lista impressa de sugestões. As sugestões apresentadas em todo o seminário são
das palestras sugestivas direcionadas aos jovens solteiros e adventistas casados em jugo desigual,
342
A técnica do “quebra-nozes” encontra-se no Apêndice D, pp. 213-214.
343
A técnica do “testemunho” encontra-se no Apêndice D, p. 215.
344
O desafio de oração encontra-se no Apêndice D, pp. 215-217.
345
Treze delas no estado do Rio de Janeiro; Associação Rio de Janeiro: Duque de Caxias (2002) e
Botafogo (2005). Associação Rio de Janeiro Sul: Pavuna (2007). Associação Rio Fluminense: S. João da Barra
(2006), Campos (2007), Itaboraí (2007), Niterói (2007), Rio Bonito (2007), Rio das Ostras (2008), São Gonçalo
(2007), Palmital (2008), Calabouço (2009) e Casimiro de Abreu (2009). As outras duas em Itatiba/SP (2000) e
Central de Salvador/BA (2004).
141
durante o culto de sábado, reuniões de jovens e semanas de família, todos com boa aceitação dos
participantes ou ouvintes.346
Resumo e Conclusões
enfrentados num casamento misto tem sido um desafio para várias gerações de líderes
religioso.
alguns dos recursos disponíveis para prevenir e conscientizar os jovens. Sempre que possível, em
eventos específicos da juventude, estes seminários devem contar apenas com a presença deles,
mas não se deve descartar a presença dos pais e outros adultos quando a oportunidade de falar-
lhes se restringir a atividades abertas ao público. Tais atividades abertas podem ser
Outro aspecto deste capítulo apresentou aos adventistas casados com não-adventistas
sugestões para evangelizar o cônjuge. O assunto pode ser apresentado em etapas, usando o tempo
de uma manhã ou de uma tarde. Sugere-se que ao final da reunião, um impresso com o resumo
Cada palestra deveria ser iniciada com um estudo em grupo, seguido de discussão dos
346
Os resultados de algumas avaliações, bem como sugestões apresentadas pelos participantes dos
seminários, aparecem no Apêndice E, pp. 225-227.
142
multimídia, com gravuras e tabelas de fácil compreensão, utilizando o Power Point, ou ainda
Estes seminários buscam alcançar dois segmentos: os jovens que necessitam de orientação
tanto para orientar aos solteiros como aos casados. Na busca por informações acerca de métodos
os adventistas casados em jugo desigual, diante do material escasso sobre o assunto, poderão
Uma análise dos textos bíblicos onde aparecem conselhos e advertências divinas acerca
proposta de orientação matrimonial para os jovens adventistas solteiros e noivos, bem como
As palestras sugestivas para realização de seminários contidas nesta proposta podem ser
juventude cristã, bem como os objetivos terapêuticos ao prover auxílio para cristãos envolvidos
em casamentos mistos.
Resumo
envolvendo o povo israelita e depois a igreja cristã, em que o assunto do jugo desigual esteve
patente. De forma resumida, o tema esteve sempre presente: na formação da família humana, na
No Novo Testamento os dois aspectos do jugo desigual merecem atenção. Os cristãos são
orientados a evitar o jugo desigual, não se envolvendo com os infiéis, e os novos conversos são
orientados a conviver com seus cônjuges não cristãos. No texto clássico do jugo desigual (2Co
143
144
6:14), o apóstolo Paulo utiliza a metáfora heterozygeo (estar num jugo desigual) numa referência
à proibição de utilizar animais de espécies diferentes nas atividades agrícolas (Lv 19:19). O
apóstolo Pedro orienta as mulheres convertidas ao cristianismo e também aos maridos cristãos, a
como agirem para levarem seus cônjuges a Cristo (1Pd 3:1-2). Pedro enfatiza que o testemunho
do cônjuge cristão deve falar mais alto que suas próprias palavras.
modo especial os conceitos encontrados nos escritos da autora adventista Ellen G. White.
De forma geral, os autores cristãos reconhecem que qualquer casamento pode representar
uma inter-união. Diferenças entre os cônjuges, como contextos culturais e sociais, posturas em
casamentos mistos, podem vivenciar dificuldades que poderiam ser evitadas num casamento
claras advertências acerca dos resultados das escolhas pessoais. Um cristão jamais deveria
planejar seu futuro sem a aprovação divina, pois desobedecer a Deus em assuntos sérios como
escritos, deixa claro que os dois cristãos envolvidos num relacionamento conjugal devem estar de
acordo na crença e na prática religiosa. Nenhuma diferença deveria existir entre eles, sob o risco de
Autores cristãos têm contribuído com orientações de caráter tanto preventivo como
compreendem que o jugo desigual no casamento é uma violação aberta das normas divinas em
qualquer época da história. Em qualquer tipo de casamento, mesmo entre duas pessoas cristãs, há
Quando um adventista se casa com alguém de fé diferente, os fatores de tensão são ainda
maiores. Diferenças quanto ao descanso semanal, tipo de música, alimentação, diversão e lazer
podem tornar o ambiente do lar, que deveria ser de paz e harmonia, num constante campo de
disputa.
resultados gerais obtidos através da pesquisa respondida por 1.328 adventistas batizados e
orientação que a Igreja Adventista oferece aos jovens solteiros como preparação para o
adventistas que enfrentam o jugo desigual forneceram dados acerca de métodos e resultados de
Embora a maioria dos adventistas casados esteja em jugo igual (58%), 42% estão casados
em jugo desigual. Desses, 43,5% entraram em jugo desigual, através do batismo, quando se
converteram e vieram para a igreja sem o cônjuge. Outros 36% formam o jugo desigual clássico,
146
um adventista que, apesar das advertências bíblicas e das orientações da igreja, se uniu em
contendo 26 itens. Os maiores problemas apontados pelos adventistas casados foram: “Falta de
culto doméstico e atmosfera cristã no lar”, “Conflitos na área financeira” e “Conflitos por causa
de música e TV”.
A orientação que a igreja oferece aos solteiros foi considerada “Ótima” para 25% dos
pesquisados. A orientação para os casais adventistas recebeu os conceitos “Ótima” para 26% e
“Boa” para outros 26%. Por sua vez, a orientação para os casados em jugo desigual recebeu nota
Foi confirmada pela análise comparativa que quando dois adventistas se unem em
Do total de 59 adventistas divorciados, 20 estavam em Jugo Igual, quase o dobro deles, 39,
totalidade dos 26 tipos de problemas, os maiores índices foram encontrados nos modelos de Jugo
Desigual. Nos casamentos envolvendo um adventista que se casou com outro adventista nenhum
esperança de estar na eternidade com o cônjuge, enquanto que os de Jugo Desigual apresentam
esta certeza em 49%. Quando se avalia a possibilidade de perdição eterna do cônjuge, nos de
147
Jugo Igual é de apenas 5%, enquanto que nos de Jugo Desigual se eleva para 23%. Num ambiente
jovens solteiros da igreja revela que os casados em Jugo Igual responderam “Sim, com absoluta
certeza” em índices muito expressivos. Por outro lado, a resposta “Definitivamente, Não!”, tem
números altos entre os de Jugo Desigual. Estar casado com alguém da mesma fé produz mais
cônjuge, demonstra que 11,5% já conseguiram levar o cônjuge ao batismo, 12,5% conseguiram
que o cônjuge pratique alguns princípios adventistas, e 16,5% conseguiram que o cônjuge
evangelização do cônjuge foram: com 16%, “insistência desde o início para frequentar a igreja”;
com 12,0%, “oração intercessória pela conversão”; com 12,0%, “oferecer literatura religiosa” e
que não receberam qualquer tipo de orientação. Tais dados desafiam a liderança das igrejas
adventistas no estado do Rio de Janeiro, em função dos resultados obtidos, pelo menos nas
igrejas onde foram aplicados os questionários, a traçarem planos para melhor orientar os jovens
e/ou noivos, e também para os adventistas casados em jugo desigual. O propósito é prevenir os
148
jovens solteiros das dificuldades enfrentadas no jugo desigual, bem como fornecer orientação para
os que já se encontram casados nessas condições, e ajudá-los a conviver com a situação, enquanto
Vários recursos de comunicação podem ser utilizados na apresentação das palestras, como
relacionados com a escolha do companheiro para a vida, enfatizando o aspecto espiritual como de
vital importância para a felicidade matrimonial. Para os noivos, a palestra acerca dos fatores e
razões do sucesso conjugal, também enfatiza a compatibilidade espiritual como o elemento que
completa o casamento. A palestra para os casados em jugo desigual objetiva fornecer orientações
O seminário para os jovens pode ser apresentado num final de semana. Pode também ser
sociais e até mesmo no Culto Sabático. Todos esses momentos devem ser aproveitados como
oportunidades para interessá-los no assunto. A palestra para os noivos poderá ser introduzida
programa do seminário não deve ultrapassar um período matutino ou vespertino. Deve sempre ser
As explicações acerca da aplicação dos seminários, bem como o esboço da sequência dos
temas de cada palestra fazem parte do último capítulo. No apêndice “C” encontra-se o conteúdo
Conclusões
demonstram claramente as razões que levaram o Senhor Deus a advertir Seu povo contra os
acerca dos casamentos mistos, ou jugo desigual, não contêm características raciais. Os
relacionamentos condenados através da história bíblica do Antigo Testamento, bem como entre
cristãos e não-cristãos no Novo Testamento, seriam aqueles que pudessem desviar o cristão da
Embora as orientações bíblicas podem ser aplicadas a outros tipos de associações, além do
“ligação” fortalece a ideia de uma incompatibilidade fundamental entre o que pertence e o que
não se submete a Deus. Nenhum outro relacionamento pode sofrer as influências maléficas de um
companheiro descrente, de modo tão intenso como o casamento. Mesmo com toda a clareza
bíblica, cada indivíduo tem a liberdade de tomar suas decisões tendo por base suas próprias
escolhas. Quando as escolhas individuais não são sábias, os resultados geralmente são funestos.
jugo desigual envolve sérias questões como: adoração, lealdade e fidelidade a Deus, conservação
pessoal, os cônjuges cristãos jamais deveriam tomar atitudes egoístas neste assunto. Afinal Deus
deseja salvar as famílias e, o casamento é um forte instrumento para a salvação de pais e filhos.
Os casamentos mistos geralmente são fontes de discórdia e atritos constantes. Nos lares
onde o fator espiritual não une as pessoas, está faltando o elemento essencial. As estatísticas
revelam que os índices de divórcio chegam a ser cinco vezes maior nos casamentos mistos do que
quando ambos compartilham a mesma fé e os filhos são as maiores vítimas, tanto das separações
das crenças distintivas que praticam. Como na sociedade atual há uma alarmante indiferença aos
na escolha do cônjuge.
da família, a educação dos filhos, a manifestação da fé, a frequência à igreja entre outras, são
questões que devem ser seriamente avaliadas pelos cristãos. Conviver com alguém que não
relacionamento como aos valores espirituais. Duas pessoas podem insistir em viver juntas,
embora haja entre elas um profundo abismo. Considerando que o elemento espiritual é um fator
preponderante para a estabilidade conjugal, o mesmo não pode estar ausente do ambiente
familiar. A falta deste elemento, pode provocar a ruptura nos demais laços, acarretando danos
comprometimento dos envolvidos. Até mesmo quando os dois pertencem ao mesmo grupo
religioso, eles necessitam manter níveis semelhantes de compromisso com a religião. Diferenças
relacionam com pessoas que não concordam com suas práticas. Os problemas ou conflitos
existentes num relacionamento em jugo desigual têm sido responsáveis por elevado número de
separações, divórcios e lares desfeitos quando comparados com os casamentos entre pessoas da
mesma crença.
por questões de caráter religioso, pois a convivência familiar poderia ser santificada pelo
exemplo do cristão. Compete ao cônjuge cristão a tarefa de tornar o ambiente do seu lar num
lugar agradável para o cônjuge e para os filhos. Contudo, embora esta seja uma possibilidade
real, não há qualquer apoio bíblico para a atitude de um cristão casar-se com um descrente, com o
objetivo de evangelizá-lo. Este assunto quando envolve adventistas toma uma conotação ainda
mais grave, em virtude das diferenças doutrinárias entre os adventistas e quaisquer outros ramos
denominacionais.
O alto índice de adventistas envolvidos em jugo desigual lança um desafio aos líderes da
organização. Os jovens solteiros devem ser orientados acerca de suas escolhas para o matrimônio.
Um futuro bem sucedido e mais ainda, a eternidade, dependem das escolhas feitas no presente.
Se a orientação pré-matrimonial não tem alcançado os resultados desejados com jovens que
152
voluntariamente a buscam, muito mais atenção e orientação devem ser despendidas para a
Quando líderes e pais percebem que suas atitudes e testemunhos podem influenciar positivamente
os mais jovens, então se cumpre o objetivo de estimular a formação de novas famílias cristãs. A
juventude não deve ser abandonada, sem orientação acerca de assunto tão vital, sob o risco de ter
A prevenção é a melhor forma de evitar dor e sofrimento. O sofrimento conjugal por pior
que seja também pode ser minimizado, quando um cônjuge cristão decide colocar sua família nas
mãos de Deus. Por mais culpado que um adventista envolvido em jugo desigual possa se sentir é
possível reverter tal situação. Mesmo que ele tenha, por rebeldia ou ignorância, desobedecido às
orientações divinas no passado e agora enfrenta sérios conflitos conjugais provocados pelo jugo
forma voluntária, pelo casamento, ou involuntária, pelo batismo, se encontram casados com
Igreja, depositária dos conhecimentos eternos, empreender uma cruzada contra os malefícios
Sugestões
Como o presente trabalho de pesquisa não pretende discutir todas as situações decorrentes
do jugo desigual e outras implicações envolvidas com o tema, recomenda-se que outras
153
pesquisas, levando em conta o material impresso e divulgado, busquem alcançar outros objetivos
como os seguintes:
(1) Planejar uma estratégia evangelística que possa atingir cônjuges, filhos e familiares
(2) Definir um programa de apoio que possa, de forma efetiva, ajudar cônjuges
adventistas em situações conflitantes e de extremo perigo num casamento misto, a optarem entre
a igreja e a família.
(3) Desenvolver um estudo que possa clarificar e orientar a liderança da igreja no trato
com jovens envolvidos em jugo desigual no namoro e a participação dos mesmos nas atividades
escolares, acerca das consequências das escolhas para a vida; sobretudo no aspecto da escolha do
Jovem.
APÊNDICES
APÊNDICE A
ASSOCIAÇÃO:_____________IASD DE:____________________________________
ATENÇÃO: Este Questionário faz parte de um Projeto Doutoral em Teologia Pastoral do
UNASP. Deve ser respondido voluntariamente por adventistas batizados e casados. A sua
participação ajudará aos jovens adventistas que pretendem casar-se. Também ajudará na
avaliação e comparação dos problemas que os adventistas casados enfrentam. São respostas
simples, na maioria delas apenas marque um “X” nos locais indicados. Não é necessário
identificar-se.
I – Esta seção deve ser respondida por TODOS os Adventistas Batizados que são ou foram
Casados.
1. Assinale: Qual o seu sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
155
156
8. Avaliando seu casamento, qual a possibilidade que você considera mais real, se Cristo voltasse
agora?
( ) a. Viver a eternidade sem o meu cônjuge
( ) b. Meu cônjuge ser salvo e eu me perder
( ) c. Meu cônjuge perder a vida eterna e eu também
( ) d. Estar na eternidade junto com meu cônjuge
9. Se você era adventista antes de casar-se, você sabia das dificuldades que enfrentaria caso
viesse a casar-se com um não-adventista?
( ) a. Não sabia
( ) b. Tinha alguma idéia
( ) c. Sabia, e sempre levei a sério este assunto
( ) d. Sabia, mas preferi arriscar por minha conta
( ) e. Se pudesse voltar, pensaria melhor
( ) f. Já me arrependi, pois é muito difícil
10. Avalie o tipo de orientação que a igreja adventista oferece para os solteiros como preparação
para o casamento:
( ) a. Ótima ( ) d. Ruim
( ) b. Boa ( ) e. Péssima
( ) c. Regular ( ) f. Não existe orientação
11. Avalie o tipo de orientação que a igreja adventista oferece para os casais adventistas:
( ) a. Ótima ( ) d. Ruim
( ) b. Boa ( ) e. Péssima
( ) c. Regular ( ) f. Não existe orientação
12. Avalie o tipo de orientação que a igreja adventista oferece para quem está casado com um
não-adventista:
( ) a. Ótima ( ) d. Ruim
( ) b. Boa ( ) e. Péssima
( ) c. Regular ( ) f. Não existe orientação
13. Com sua experiência pessoal no casamento, você recomendaria um casamento como o seu
para seus próprios filhos ou para outros jovens adventistas?
( )a. Sim, com absoluta certeza. ( ) d. Acho que não.
( ) b. Acho que sim. ( ) e. Definitivamente Não!
( ) c. Não sei!
II – Esta Seção deve ser respondida apenas por pessoas QUE ESTÃO OU JÁ ESTIVERAM
casadas com Não-Adventistas.
15. Você já tentou de alguma forma aproximar o seu cônjuge da igreja? ( ) Sim ( ) Não
16. Se já tentou, que tipo de resultado alcançou? Marque um ou mais itens que melhor identifique
sua situação.
( ) a. Nenhum resultado prático
( ) b. Ele/ela piorou em relação à religião
( ) c. Quebrou o preconceito
( ) d. Ele/ela pratica alguns princípios adventistas
( ) e. Ele/ela está tomando estudos bíblicos
( ) f. Ele/ela já abandonou vícios (beber, fumar, etc)
( ) g. Ele/ela às vezes frequenta os cultos: ( ) sábados, ( ) domingos ou quartas-feiras
( ) h. Ele/ela participa de outras atividades sociais da igreja como passeios, acampamentos, etc.
( ) i. Ele/ela já participou de Encontro de Casais
( ) j. Ele/ela vai se batizar
( ) k. Ele/ela já se batizou
( ) l. Ele/ela é muito ativo na igreja
( ) m. Ele/ela após o batismo saiu da igreja
Outros resultados (Escreva): ________________________________________________
17. Se você está tentando ganhar seu cônjuge para Cristo, identifique os métodos utilizados:
( ) a. Apenas oro pela conversão dele/dela, mas ele/ela nem sabe disso
( ) b. Nunca falei sobre a igreja, deixei que ele/ela mesmo se interessasse
( ) c. Falava sobre a igreja, mas nunca lhe convidei para qualquer reunião
( ) d. Insisti desde o inicio para que me acompanhasse à igreja
( ) e. Quando pedia para que eu ficasse com ele/ela, deixava a igreja em segundo plano, para lhe
agradar
( ) f. Sempre mostrei que ir à igreja é mais importante do que ficar com ele/ela
( ) g. Amizade de pessoas da igreja com ele/ela
( ) h. Sempre lhe ofereci folhetos, revistas e livros da igreja
( ) i. Sempre lhe convidei para atividades sociais, acampamentos, passeios da igreja
( ) j. Cedia em algumas coisas para depois lhe convidar
( ) k. Influência positiva da igreja em nossos filhos
( ) l. Encontro de Casais, promovidos pela igreja
Outros métodos (Escreva): _________________________________________________
159
18. Se você já estava casado/a e se batizou depois do seu cônjuge, assinale abaixo os métodos
utilizados por ele/ela:
( ) a. Ele/ela apenas orava por minha conversão, mas eu nem sabia disso
( ) b. Nunca me falou sobre a igreja, deixou o interesse por minha conta
( ) c. Falava sobre a igreja, mas nunca me convidava
( ) d. Insistiu comigo desde o início para lhe fazer companhia indo à igreja
( ) e. Quando eu lhe pedia para ficar comigo, deixava a igreja em segundo plano para me agradar
( ) f. Sempre mostrou que a igreja era mais importante do que ficar comigo
( ) g. Através da amizade das pessoas da igreja que ele/ela me apresentou, me interessei pela
igreja
( ) h. Sempre me oferecia livros, folhetos e revistas da igreja
( ) i. Sempre me convidava para participar de atividades sociais, acampamentos e passeios da
igreja
( ) j. Ele/ela sempre cedia em algumas coisas para depois me convidar
( ) k. Ele/ela sempre me alertou para a importância de educar nossos filhos na igreja
( ) l. Através dos Encontro de Casais, promovidos pela igreja
Outros métodos (Escreva): _________________________________________________
Dobre e devolva este Questionário ao responsável em sua igreja. Obrigado pela participação.
Deus abençoe o seu lar!
--------------Destaque esta parte e guarde se desejar obter mais informações sobre o Projeto ------------------
Tipo de JD C JD B Total JI C JI B
JI C JI B JD C JD B Total
Problema ou
Masc Masc Masc Masc Masc Fem Fem Fem Fem Fem
Conflito
a. Enfraquec da 35 15 22 22 94 50 21 63 61 195
vida espiritual 11% 15% 44% 22% 19% 19% 20% 40% 24% 25%
b. Trabalho na 22 8 13 14 57 29 3 36 37 105
igreja 7% 8% 25% 14% 11% 10% 3% 24% 15% 14%
c. Frequência à 24 4 15 11 54 25 11 38 37 111
igreja 8% 4% 30% 11% 11% 8% 10% 25% 15% 15%
d. Culto dom e 64 24 27 35 150 82 37 67 97 283
atmosfera cristã 22% 24% 50% 35% 30% 30% 36% 45% 39% 38%
e. Pessoas da 8 2 6 6 22 4 6 16 27 53
igreja em casa 3% 2% 12% 6% 4% 1% 5% 11% 11% 8%
f. Proibições 11 4 3 3 21 7 5 6 20 38
exageradas 3% 4% 5% 3% 4% 2% 5% 4% 8% 6%
g. Maus hábitos / 16 7 9 15 47 16 11 42 67 136
vícios 5% 7% 18% 15% 9% 5% 10% 28% 27% 18%
h. Rej. ao cônj 11 10 7 4 32 9 3 16 13 41
pelos familiares 3% 10% 14% 4% 6% 3% 3% 11% 5% 6%
i. Rej. a mim 9 7 7 6 29 24 6 15 27 72
pelos familiares 3% 7% 14% 6% 6% 8% 5% 10% 11% 9%
j. Rej. a mim 1 2 2 - 5 1 1 2 8 12
pelos filhos 0% 2% 4% 1% 0% 1% 1% 3% 2%
k. Rej. dos filhs 1 2 1 1 5 3 5 5 5 18
pelos familiares 0% 2% 2% 1% 1% 1% 5% 3% 2% 3%
l. Guarda do 8 14 12 16 50 11 12 32 66 121
sábado 3% 14% 23% 16% 10% 4% 10% 22% 26% 16%
160
161
9 4 9 7 29 16 4 27 35 82
m. Dízimos e
ofertas 3% 4% 18% 7% 6% 5% 4% 17% 14% 11%
n. Relacionam 34 10 11 19 74 38 16 33 56 143
sexual 11% 10% 21% 19% 14% 14% 15% 22% 22% 19%
o. Desconfiança 26 10 8 12 56 30 9 32 51 122
de infidelidade 8% 10% 15% 12% 10% 11% 8% 21% 20% 16%
p. Cenas / crises 29 11 12 16 68 19 17 20 36 92
ciúme rotineiras 9% 11% 23% 16% 13% 6% 15% 12% 14% 12%
q. Conflitos na 64 24 7 27 122 66 30 52 72 220
área financeira 22% 24% 14% 27% 24% 24% 25% 34% 29% 29%
r. Tipo Escola 6 8 4 4 22 5 5 11 23 44
dos filhos 2% 8% 8% 4% 4% 2% 5% 7% 9% 6%
s. Educ religiosa 12 6 9 11 38 7 13 25 44 89
dos filhos 4% 6% 18% 11% 7% 2% 11% 15% 18% 12%
t. Ameaça de 8 5 4 2 19 7 4 14 14 39
expulsão de casa 3% 5% 8% 2% 3% 2% 4% 9% 5% 6%
u. Violência 35 12 11 20 78 33 11 37 58 139
verbal / psicológ 11% 12% 21% 20% 15% 11% 10% 24% 23% 18%
v. Violência ou 8 5 7 7 27 13 5 23 21 62
agressão física 3% 5% 14% 7% 5% 4% 5% 14% 8% 9%
w. Ameaças 26 14 12 13 65 29 11 27 42 109
div./abandono 8% 14% 23% 13% 13% 10% 10% 17% 17% 14%
x. Separação e 16 4 13 12 45 16 7 26 39 88
divórcio 5% 4% 25% 12% 9% 5% 7% 16% 15% 12%
y. Tipo de 13 10 7 13 43 18 17 26 41 102
alimentação 4% 10% 14% 13% 9% 6% 15% 16% 16% 14%
z. Músicas, TV, 44 20 15 36 115 38 22 48 63 161
etc. 15% 20% 30% 36% 23% 13% 20% 31% 25% 22%
Pesquisas 1.328 279 104 47 109 539 268 123 152 246 789
Os índices em negrito indicam que tais índices foram os mais altos entre os demais
Nas colunas “JD C Masc”, “JD B Masc”, “JD C Fem” e “JD B Fem” aparecem os valores em
negrito, indicando que nesse modelo de casamento o item referido alcançou o maior índice
Legenda:
p. Cenas ou crises de 10 11 28 34
21 62
ciúme rotineiras 05% 04% 04% 04%
q. Conflitos na área 15 20 52 70
35 112
financeira 07% 07% 07% 07%
r. Tipo de Escola dos 03 07 09 17
10 26
filhos 01% 02% 01% 02%
s. Educação religiosa dos 03 09 36 39
12 75
filhos 01% 03% 05% 04%
t. Ameaça de expulsão de 04 03 16 12
7 28
casa 02% 01% 02% 01%
u. Violência verbal ou 09 18 43 50
27 93
psicológica 04% 06% 05% 05%
v. Violência ou agressão 05 04 31 22
9 53
física 02% 01% 04% 02%
w. Ameaças div./aband do 08 12 34 33
20 67
lar 04% 04% 04% 03%
04 11 34 36
x. Separação e divórcio 15 70
02% 04% 04% 04%
09 14 29 35
y. Tipo de alimentação 23 64
04% 05% 04% 04%
11 21 55 70
z. Músicas, TV, etc. 32 123
05% 07% 07% 07%
Pesquisas 39 73 112 140 239 379
Os índices em negrito indicam que tais índices foram os mais altos entre os demais
valores em negrito, indicando que nesse modelo de casamento o item referido alcançou o maior
Legenda:
o. Desconfiança de 22 07 27 11
29 38
infidelidade 04% 04% 05% 04%
p. Cenas ou crises de 14 06 31 17
20 48
ciúme rotineiras 03% 04% 06% 05%
q. Conflitos na área 73 13 47 35
86 82
financeira 14% 08% 09% 11%
r. Tipo de Escola dos 06 06 04 06
12 10
filhos 01% 04% 01% 02%
s. Educação religiosa dos 09 06 10 11
15 21
filhos 02% 04% 02% 04%
t. Ameaça de expulsão de 01 05 13 03
06 16
casa 0,5% 03% 02% 01%
u. Violência verbal ou 28 08 38 13
36 51
psicológica 05% 05% 07% 04%
v. Violência ou agressão 08 01 13 07
09 20
física 01% 01% 02% 02%
w. Ameaças div./aband do 23 12 32 12
35 44
lar 04% 07% 06% 04%
15 04 16 04
x. Separação e divórcio 19 20
03% 02% 03% 01%
18 09 12 15
y. Tipo de alimentação 27 27
03% 05% 02% 05%
44 14 37 28
z. Músicas, TV, etc. 58 65
08% 08% 07% 09%
Pesquisas 277 71 348 232 125 357
Os índices em negrito indicam que tais índices foram os mais altos entre os demais
(03%) 09 (05%) / 12 (02%) e 15 (05%) respectivamente. Nas colunas “JI B Sim” e “JI B Não”
aparecem os valores em negrito, indicando que nesse modelo de casamento o item referido
B - Gráficos Auxiliares
4%
10% Jugo Desigual Cas Fem
25%
Jugo Desigual Cas Masc
8%
Jugo Desigual Bat Fem
Gráfico Auxiliar 4 – Problema (d) – Falta de culto doméstico e atmosfera cristã no lar
24%
45% Jugo Desigual Cas Fem
Gráfico Auxiliar 5 – Problema (e) – Não aceitação de pessoas da igreja em nossa casa
2%
5% Jugo Desigual Cas Fem
11%
Jugo Desigual Cas Masc
3%
Jugo Desigual Bat Fem
1%
Jugo Desigual Bat Masc
4% 4%
Jugo Desigual Cas Fem
Jugo Desigual Cas Masc
5% 5% Jugo Desigual Bat Fem
Jugo Desigual Bat Masc
Jugo Igual Cas Fem
3% Jugo Igual Cas Mas
Jugo Igual Bat Fem
2% 8% Jugo Igual Bat Mas
3%
169
7%
Jugo Desigual Cas Fem
10%
28%
Jugo Desigual Cas Masc
5%
Jugo Desigual Bat Fem
5%
Jugo Desigual Bat Masc
Jugo Igual Cas Fem
15% Jugo Igual Cas Mas
18%
Jugo Igual Bat Fem
Jugo Igual Bat Mas
27%
Gráfico Auxiliar 8 – Problema (h) – Rejeição do meu cônjuge p/ parte de meus familiares
5%
170
7%
10%
Jugo Desigual Cas Fem
5% Jugo Desigual Cas Masc
Jugo Desigual Bat Fem
3%
Jugo Desigual Bat Masc
14% Jugo Igual Cas Fem
8% Jugo Igual Cas Mas
Jugo Igual Bat Fem
Jugo Igual Bat Mas
6%
11%
1%
2%
Jugo Desigual Cas Fem
Jugo Desigual Cas Masc
Jugo Desigual Bat Fem
1%
Jugo Desigual Bat Masc
4%
0,5% Jugo Igual Cas Fem
0,5% Jugo Igual Cas Mas
0,1% Jugo Igual Bat Fem
Jugo Igual Bat Mas
3%
171
Gráfico Auxiliar 11 – Problema (k) – Rejeição aos meus filhos pelos nossos familiares
2%
3% Jugo Desigual Cas Fem
Jugo Desigual Cas Masc
Jugo Desigual Bat Fem
Jugo Desigual Bat Masc
2%
Jugo Igual Cas Fem
5%
Jugo Igual Cas Mas
Jugo Igual Bat Fem
2%
Jugo Igual Bat Mas
1%
0,1% 1%
4%
4% Jugo Desigual Cas Fem
3% 17%
Jugo Desigual Cas Masc
5% Jugo Desigual Bat Fem
Jugo Desigual Bat Masc
10%
22%
Jugo Desigual Cas Fem
15%
Jugo Desigual Cas Masc
Jugo Desigual Bat Fem
11% Jugo Desigual Bat Masc
21%
Jugo Igual Cas Fem
Jugo Igual Cas Mas
14%
Jugo Igual Bat Fem
Jugo Igual Bat Mas
22%
19%
173
10%
21% Jugo Desigual Cas Fem
8%
Jugo Desigual Cas Masc
Jugo Desigual Bat Fem
8%
Jugo Desigual Bat Masc
11% 12%
Jugo Desigual Cas Fem
Jugo Desigual Cas Masc
15%
Jugo Desigual Bat Fem
23% Jugo Desigual Bat Masc
Jugo Igual Cas Fem
9%
Jugo Igual Cas Mas
Jugo Igual Bat Fem
6%
14% Jugo Igual Bat Mas
16%
174
24%
34%
Jugo Desigual Cas Fem
Jugo Desigual Cas Masc
25% Jugo Desigual Bat Fem
14%
Jugo Desigual Bat Masc
Jugo Igual Cas Fem
22% Jugo Igual Cas Mas
29%
Jugo Igual Bat Fem
Jugo Igual Bat Mas
24%
27%
8% 7%
Jugo Desigual Cas Fem
Jugo Desigual Cas Masc
Jugo Desigual Bat Fem
5% Jugo Desigual Bat Masc
8%
Jugo Igual Cas Fem
Gráfico Auxiliar 19 – Problema (s) – Conflitos sobre a educação religiosa dos filhos
6%
15% Jugo Desigual Cas Fem
11% Jugo Desigual Cas Masc
Jugo Desigual Bat Fem
4% Jugo Desigual Bat Masc
2% Jugo Igual Cas Fem
18%
Jugo Igual Cas Mas
11%
Jugo Igual Bat Fem
Jugo Igual Bat Mas
18%
5%
9% Jugo Desigual Cas Fem
Jugo Desigual Cas Masc
4% Jugo Desigual Bat Fem
Jugo Desigual Bat Masc
Jugo Igual Cas Fem
3%
Jugo Igual Cas Mas
2% 8% Jugo Igual Bat Fem
5%
176
12%
24% Jugo Desigual Cas Fem
10%
Jugo Desigual Cas Masc
Jugo Desigual Bat Fem
11%
Jugo Desigual Bat Masc
21% Jugo Igual Cas Fem
11%
Jugo Igual Cas Mas
Jugo Igual Bat Fem
Jugo Igual Bat Mas
20% 23%
5%
8%
177
14% 17%
Jugo Desigual Cas Fem
Jugo Desigual Cas Masc
10%
Jugo Desigual Bat Fem
Jugo Desigual Bat Masc
8% 23%
Jugo Igual Cas Fem
Jugo Igual Cas Mas
10%
Jugo Igual Bat Fem
Jugo Igual Bat Mas
13% 17%
4%
7% 16%
Jugo Desigual Cas Fem
5% Jugo Desigual Cas Masc
Jugo Desigual Bat Fem
5%
Jugo Desigual Bat Masc
Jugo Igual Cas Fem
12% Jugo Igual Cas Mas
25%
Jugo Igual Bat Fem
Jugo Igual Bat Mas
15%
178
10%
16%
Jugo Desigual Cas Fem
Jugo Desigual Cas Masc
15% Jugo Desigual Bat Fem
Jugo Desigual Bat Masc
14%
Jugo Igual Cas Fem
4%
Jugo Igual Cas Mas
6% Jugo Igual Bat Fem
Jugo Igual Bat Mas
16%
13%
20%
31% Jugo Desigual Cas Fem
8
JUGO DESIGUAL CASAMENTO
41
Dinâmica de grupo: Você acaba de conhecer um casal que você nunca viu antes. Ela é
uma linda loira em seus primeiros vinte anos, com brilhantes olhos azuis, uma cútis sem defeito
e uma figura agradável. Ele é no mínimo quinze anos mais velho, baixo, obeso e ficando careca.
1. Teoria do papel/função
Segundo esta teoria, um casal compatível seria aquele onde os esposos desempenham os
realmente são.
347
Todo o material referencial, todas as fontes de onde foi retirado o conteúdo das informações das
palestras pode ser encontrado no Capítulo 4 em cada seção do Conteúdo Programático. Palestra Nº 1: A Escolha
Acertada, ver “Courtship: The Mate Selection Process” em Stephen A. Grunlan, Marriage and the Family – A
Christian Perspective (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1984), 77-85; “Choosing Your Mate” e “Are You Ready for
Marriage?” em Evelyn M. Duvall e Reuben Hill, Being Married (Boston: MA, D.C. Health and Company, 1960).
“Que sociedade ...? Que harmonia ...? Que união ...?” em Jaime Kemp, Eu amo você – namoro, noivado, casamento
e sexo, 16ª ed. (S. Paulo: Sepal, 1996), 18-24; Les Parrot III & Leslie Parrrot, Como salvar seu casamento (S. Paulo:
Ed. Vida, 1998), 135-151. “Inclua Deus no namoro” em Henry Cloud & John Townsend, Limites no namoro (S.
Paulo: Vida, 2002), 49-71; Joyce Huggett, Dating, Sex & Friendship – An open and honest guide to healthy
relationships (Downers Grove, IL: Inter Varsity Pres, 1985), 123.
180
181
concordam que a esposa tem o direito de perseguir uma carreira, então existe compatibilidade de
papel/função.
2. Teoria do valor
A teoria conceitua valor como o critério que usamos para definir o que é bom ou mau,
belo ou feio, moral ou imoral, o que vale a pena ou não. Os valores são importantes, pois
Exemplo: Pessoas que cresceram na mesma vizinhança, mesma classe social e mesma fé
3. Teoria da troca/câmbio
A teoria explica que troca é o método que busca oferecer algo esperando receber em troca. De
acordo com esta teoria, para um relacionamento desenvolver-se e crescer, a troca deve ser honesta
entre as partes. Se uma pessoa sente que está dando mais do que ganhando, possivelmente ela
acabará o relacionamento. A teoria defende a idéia de que nós selecionamos bem um parceiro que
Para esta teoria, necessidade é a soma de fatores que resultam em carências psicológicas
ou pessoais que devem ser satisfeitas. Cada indivíduo busca dentro de si um campo de
elegibilidade para aquelas pessoas que possam oferecer a maior promessa de prover para ele(a)
inconsciente. Sugere que as pessoas selecionarão um parceiro que poderá completar suas
um trabalhador, etc.
a. Estímulo
Exemplo: Uma mulher atraente pode ser atraída por um homem pouco bonito, o
b. Comparação de valores
terceira fase.
c. Papel
As três fases são como filtros. Geralmente, apenas as pessoas que passam pelos três filtros
O Quadro apresentado a seguir ilustra as três fases comparadas com filtros no processo de
seleção de parceiros:
183
Concentração Estímulo de
de Atração Similaridade Compatibilidade
Candidatos Interpessoal de Valores de papéis
Y X Y X Y
X Y X Y X F F F
Y X
Y X Y X Y I I I
X Y
X Y X Y Z L L XY L
Y X
XY
Y X Y X Y YX
T X Y T T
X Y X Y X XY
R Y X R R
Y X Y X Y
O X Y O O
X Y X Y X
Áreas de compatibilidade
1. Interesses
Pessoas que têm pouco em comum acabam não passando muito tempo juntas, caso
contrário, não estarão fazendo o que gostam. Não precisa ter todos os interesses em
comum, mas é bom que tenham alguns. Ajudam a decidir como se vai gastar o tempo
livre.
2. Objetivos
sobre o lugar onde vão morar, a carreira, como gastarão o dinheiro, caminharão com
3. Valores
Os valores revelam o caráter de uma pessoa. Caráter é o que você vai observar se
compartilhar, conviver, progredir e se desenvolver com ele. Se o caráter for bom, o fruto
será bom, mas se for cheio de espinhos e cardos, então você sofrerá. “A árvore ruim não
Compatibilidade espiritual
Ilustração
Ponte aérea Rio X S. Paulo - Três empresas fazem o trajeto diário entre as duas
cidades. Num determinado dia da semana (terças), sempre no mesmo horário (8h da
caindo. Toda terça-feira, o vôo das 8h da manhã da empresa “X” acaba em tragédia. Você
Resposta: Claro que não! Sou doido, mas não sou burro!
a. I Coríntios 6:14-18 – “Não vos ponhais em jugo desigual com ... infiéis...”
O que é o “Jugo Desigual” que fala o apóstolo Paulo? Uma canga feita
de madeira, levada por um cavalo e um boi. O cavalo vai querer correr para um
lado, e o boi andando devagar puxando para o outro. Nunca levarão a carga juntos,
senhores.
Senhor, não toqueis em coisas impuras e eu vos receberei, serei vosso pai, e vós
a. Cristão e não-cristão
c. Maduro e novo
que prega”.
Tarefa individual
Distribuir folhas de papel em branco e canetas. Solicitar que cada jovem descreva o seu
sonho de família. Como imagina sua futura vida familiar: casa, esposa, filhos, trabalho e igreja.
Dramatização
1. Sonho de todo jovem - Em geral, todo jovem sonha ou planeja casar e estabelecer
família.
348
Todo o material referencial, todas as fontes de onde foi retirado o conteúdo das informações das
palestras pode ser encontrado no Capítulo 4 em cada seção do Conteúdo Programático. Palestra Nº 2: O Amor
Perdurável, “A tensão de compartilhar um sonho” em Bill e Vonette Bright, Como controlar as tensões no
casamento (S. Paulo: Candeia, Reimp. 1994), 33-45; James Dobson, Vivendo nos limites (Campinas: SP, United
Press, 1998), 74, 87-90; Simonton Araújo, Procurando minha metade (S. Paulo: Candeia, Reimp 1998).
187
2. Grande maioria realiza o sonho - 77% dos jovens acabam se casando e formando
famílias.
Divórcio – Altas taxas de divórcio, de modo geral os filhos são as maiores vítimas.
Ilustração
a) 90% das crianças que vivem em lares divididos sofrem sérios choques
separados nunca viera para ver seus filhos, até 3 anos depois do divórcio.
c) 37% das crianças eram ainda mais infelizes e insatisfeitas 5 anos depois do
divórcio do que tinham estado em ano e meio da separação. O tempo não curou
suas feridas.
Sabedoria na procura
b) Conselhos dos pais e dos mais velhos (vv. 2, 1, 36, 28, 59-60).
(1) A humanidade tem apenas dois pais: Deus ou o diabo (Jo 1:12; 8:43-
44).
(2) Qualquer pessoa pode ser moralmente correta, mas se ainda não aceitou
Ilustração
Um rapaz descrente foi à igreja com sua namorada cristã. Naquele dia o pastor
falou sobre os perigos do jugo desigual. “Quem não tem Jesus tem o diabo, Deus ordenou
que o seu povo não se colocasse em jugo desigual”. Ela ficou desconcertada, mas o rapaz
ouviu tudo com muita atenção. Na saída, a moça tentou consertar, pedindo desculpas ao
rapaz e dizendo que o pastor era um fanático, exigente e muito conservador. O rapaz
virou-se para ela e disse ter ficado muito feliz por tudo que ouvira. Terminou o namoro ali
mesmo, na porta da igreja, pois aprendera que ela era uma moça na qual ele não podia
confiar. “Se você não é fiel ao seu Deus, muito menos será fiel a mim”.
relacionamentos. Outros podem continuar juntos por causa dos filhos, ou por causa do
a) Não se case com uma pessoa com quem você pensa que pode viver, case-se com
b) Não se case com alguém que tenha características que, em sua opinião, são
intoleráveis. O que você vê agora é exatamente o que vai receber depois. “Olhos
programado para guardar segredos e não para revelá-los. Eles se vestem da melhor
d) Se você é um cristão totalmente comprometido com Deus, não entre num Jugo
Desigual. Você pode até ter esperança de trazê-lo para o Senhor no futuro, e isso
pode até acontecer mais tarde. Mas contar com isso é na melhor das hipóteses um
190
grande risco e na pior, muito temerário. “Quão importante é que meu futuro
Bíblia, não se deveria dar prioridade máxima a este assunto na hora de decidir com
quem casar?
e) Não more com uma pessoa antes do casamento. É uma má ideia por várias
caminho para o divórcio. Uma pesquisa realizada durante 50 anos demonstrou que
f) Não se case muito jovem. Quem se casa entre 14-17 anos tem o dobro de
anos.350
funcionar. Entre resoluto a permanecer casado, num pacto para o resto da vida.
Nunca ameace o cônjuge dizendo, num momento de raiva, que vai abandoná-lo.
Paráfrase de Mt 7:9-11
“... lhe pedir uma boa esposa, lhe dará uma serpente?”
Você é filho de Deus, confie nEle, Ele tem interesse em dar o melhor para você.
Você é filha de Deus, confie nEle, Ele tem interesse em dar o melhor para você.
349
Dobson, Vivendo nos limites, 89.
350
Ibidem.
191
Alguns solteiros argumentam que este verso parece discriminatório, pois os cristãos se
1. Separação
1. Desde o Éden, dois grupos distintos: Os que são de Deus e os que não são.
2. Propósito das Ações - Todo namoro deveria ter em vista um futuro casamento
351
Todo o material referencial, todas as fontes de onde foi retirado o conteúdo das informações das palestras
pode ser encontrado no Capítulo 4 em cada seção do Conteúdo Programático. Palestra Nº 3: Evitando o Sofrimento
Desnecessário, “Os perigos do namoro misto” em Mauro Clark, Coração dividido (S. Paulo: Mundo Cristão, 1997);
Conceito de descrente e infiel nos escritos de Ellen G. White, Lar adventista,100-101; Testemunhos seletos, vol II, 121;
Série de orientações preventivas acerca do casamento misto nos escritos de Ellen G. White, Mensagens aos jovens, 433,
436, 441, 454, 460, 464; Lar adventista, 61-63, 66-67, 83-86; Ciência do bom viver, 359; Testemunho seletos, vol I,
573-574, 577-578; Testemunhos seletos, vol II, 121-122; Fundamentos da educação cristã, 500-501; Mensagens
escolhidas, vol II, 421; Questão religiosa como fonte de conflitos conjugais, “Marital Stability and Sources of Conflict”
na pesquisa de Charles C. Crider & Robert C. Kistler, SDAFES, (Berrien Springs, MI: Andrews University Press,
1979), 191-221; Efeitos do jugo desigual sobre os filhos, “Deus e vocês dois” em Nancy Van Pelt, Felizes no amor
(Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003), 196-208; As dificuldades num casamento misto após o nascimento dos
filhos em Fidel A. Molina, Consejos a la família (Barcelona: Editorial Clie, 1990), 17.
192
d. Mt 18:19 – “se dois de vós concordarem ... isso lhes será feito ...”
h. 2Co 6:14–18 – “Não vos prendais a um jugo ... e eu vos receberei ...”
7. Orientações preventivas
a. “O cristão sincero não fará planos que Deus não possa aprovar”. – MJ 433, 460;
352
Abreviações dos livros de Ellen G. White, usados nesta palestra:
CBV – A Ciência do bom viver
FEC – Fundamentos da educação cristã
LA – O Lar adventista
MJ – Mensagens aos jovens
TS I – Testemunhos seletos, vol. I
TS II - Testemunhos seletos, vol. II
193
c. “O casamento com descrente é proibido por Deus”. – FEC 500; MJ 436; LA 61-
Consequências da desobediência
trabalho. Estas seis são as mais frequentes nos lares divididos. (Crider & Kistler -
Andrews University).
Ilustração
Testemunho de uma senhora adventista: “Minha vida tem sido uma aflição sem
fim. Sou uma daquelas que pensavam que os ensinamentos da igreja fossem balela. Casei-
me com um homem que não freqüentava igreja alguma, professava fé nenhuma. Era,
194
porém, um bom homem. Hoje o mundo ao meu redor está reduzido a frangalhos. Meu
marido bebe aos cântaros, tem mau gênio, maltrata os filhos (são quatro), e já não
encontra emprego. Insulta-me por guardar o sábado e torna-se quase violento quando levo
os filhos à igreja. Sei que procedi mal, mas não haverá auxílio para mim? Parece-me que
d. Amarga colheita nesta vida, com risco de perder a salvação – LA 63, 67, MJ
2. Conflitos acerca de religião dos filhos, freqüência aos cultos, interferência dos avós -
afetam os filhos.
Mt 7:9-11 - Paráfrase: “... lhe pedir uma boa esposa/bom marido, lhe dará outra
coisa?”
Amós 3:3 – “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?”
195
O que se deve levar em conta antes de assumir um compromisso tão importante, como o
casamento?
Ilustração
A Caixa de Bombons. Imagine uma pessoa que é louca por bombons de chocolate, dando
uma olhada numa caixa de bombons. Ofereça-lhe apenas um bombom, e dê-lhe a caixa para que
escolha. A decisão será terrível. Existem muitas opções. Muitos são recheados de creme, outros
com nozes, outros com frutas e outros tipos mais variados. Ela está com água na boca só em
pensar no gosto daquele que ela mais gosta, mas onde está ele? Os bombons estão sem rótulos,
ela começa a desenrolá-los do papel filme e apertá-los com os dedos, para tentar descobrir o que
tem dentro. Finalmente, escolhe um e o morde. Se conseguir acertar, será delicioso. Se houver
escolhido errado logo saberá. Mas então será tarde demais, a caixa já passou para o próximo.
b. Duração do relacionamento
d. Envolvimento religioso
353
Todo o material referencial, todas as fontes de onde foi retirado o conteúdo das informações das
palestras pode ser encontrado no Capítulo 4 em cada seção do Conteúdo Programático. Palestra Nº 4: Fatores e
Razões do Suceso Conjugal, “As chaves para um amor que dure a vida inteira” em Dobson, Vivendo nos limites,
73-90; “Courtship: The Mate Selection Process” em Grunlan, Marriage and the Family – A Christian Perspective,
77-99; “Factores que predicen la felicidad matrimonial” em Alfonso Valenzuela, Juventud enamorada, 69-80; “El
requisito menos popular para el matrimonio” em Bill e Lynne Hybels, Aptos para casarse; “Namoro a três” em
Jaime Kemp, Eu amo você, 25-29.
196
e. Similaridade de crenças
f. Classe social
g. Nível de educação
h. Pais divorciados
i. Local da residência
l. Sociabilidade
m. Diferença de idade
n. Constelação familiar
q. Saúde Mental
a. Gravidez
c. Rebelião
d. Fuga
e. Solidão
f. Aparência Física
g. Pressão Social
h. Culpa
i. Piedade, dó
197
j. Romance
b. Legitimação do sexo
c. Amor
d. Companheirismo
e. Compartilhar
f. Comunicação
Compatibilidade espiritual
1. Um Tesouro Comum – Imagine receber o maior tesouro da vida e não poder desfrutá-lo
com a pessoa que você ama! Não pode compartilhá-lo com a pessoa de sua maior intimidade.
Ilustração
Testemunho de uma senhora cristã - Após uma maravilhosa reunião na igreja ela
desabafou: “Sabe como me sinto, ter de voltar para casa depois de uma reunião destas?
Estou tão cheia da graça de Deus, parece que vou explodir, e não posso compartilhar esta
alegria com meu marido? É terrível! Deus já me perdoou pela desobediência, mas todos
os dias vivo com a culpa pelo erro que cometi há tantos anos.”
Essa é a dor, a culpa que Deus quer ajudar o crente a evitar. Isso é sem lógica,
2. Um Plano Comum – Imagine duas pessoas tentando construir alguma coisa juntos, mas
Ilustração
Dois carpinteiros que estão construindo uma casa com duas plantas diferentes!
mesmo acontece quando dois jovens tentam construir uma família, e cada um tem o seu modo
de vida. Deus tem um plano para um animar o outro, aprenderem a amar, inspirar-se e
servirem um ao outro. Não se pode edificar um casamento saudável sem o plano de Deus.
Quase a totalidade das brigas entre casais (95%) são o resultado das ocasiões quando um tenta
3. Uma Fortaleza Comum – Imagine onde buscar força para enfrentar as dificuldades da
vida.
Ilustração
Uma mulher disse: “Meu esposo se tornou insensível. Não quer mais falar, nem
contar seus sentimentos, nem passar tempo com nossas filhas, nem mesmo fazer amor.
Nosso filho morreu e agora ele está morrendo por dentro. Eu lhe disse para orar e entregar
tudo nas mãos de Deus, mas ele não quer escutar.” Muito diferente quando num casamento,
os dois podem se voltar para Deus e descobrem que Ele é o “nosso refúgio e fortaleza, socorro
4. Valores Comuns – Imagine viver num ambiente onde a mãe ensina que Jesus é o
caminho, a verdade e a vida, enquanto o pai toma o nome de Deus em vão! As crianças
Amós 3:3 – “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?”
espiritual.
Ilustrações
girando com mais força do que o outro, o avião vibra e vira de lado. Portanto, se requer
atenção cuidadosa dos instrumentos e ouvido educado para determinar qual o motor que
necessita de ajuste.
Barco a remo. Os dois remos simultâneos farão o barco andar para frente. Apenas
A questão envolvendo membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia casados com não-
adventistas tem despertado o interesse para pesquisas, por pelo menos três razões. A primeira é
pelo casamento em si mesmo. Apesar das proibições encontradas no texto bíblico e das
como administrar, conflitos de caráter religioso. Por fim, a terceira razão é de natureza
adventistas, que ainda não foi favorecido por uma ação da organização adventista, visando
Muitos adventistas casados enfrentam sérios problemas familiares pelo fato de estarem
envolvidos num casamento misto. Esses matrimônios entre cônjuges com crenças religiosas
opostas são basicamente formados de duas maneiras: uma parte menor por adventistas que,
desconsiderando as orientações recebidas ou por ignorância dos efeitos negativos de tais uniões,
se casaram com pessoas que não comungam a fé adventista. Entretanto, a maior parte é formada
200
201
por adventistas que se converteram depois de casados e vieram para a igreja sem os seus
respectivos cônjuges.
Esses dois grupos têm despertado a atenção da igreja. Mesmo reconhecendo que muitos se
aventuraram nesse terreno numa atitude de rebelião contra as normas cristãs, suas famílias não
Como um cônjuge adventista deve agir em relação ao seu parceiro, para amenizar os
atritos decorrentes da diferença em assuntos religiosos? Como agir para quebrar o preconceito do
cônjuge não-adventista contra a igreja? Quais os métodos que poderão ser utilizados com
eficiência no objetivo de alcançar essas pessoas que, de alguma forma, já entraram em contato
Tanto a Bíblia como os escritos de Ellen G. White e de outros autores cristãos, fornecem
orientações para amenizar os efeitos do casamento misto sobre o cônjuge cristão e sua família.
Devido à escassez de material publicado com esse objetivo, este trabalho reúne, seleciona e
apresenta sugestões que possam ser úteis na tarefa de ajudar o adventista a evitar atritos acerca de
religião em seu casamento, bem como ajudá-lo na tarefa de evangelizar o seu cônjuge.
São estudados textos bíblicos onde, objetivamente, aparecem as orientações dos apóstolos
Paulo (1Co 7:12-16) e Pedro (1Pd 3:1-7) sobre o assunto. Os dois apóstolos apresentam
sugestões para pessoas cristãs casadas com descrentes trabalharem positivamente para a salvação
Por último, são feitas sugestões visando ajudar o cônjuge adventista a ganhar o seu
parceiro para Cristo, dentre elas algumas obtidas como resultado da pesquisa realizada entre
Como um adventista pode exercer influência positiva sobre o seu companheiro não-
adventista? Como utilizar a religião como fator de união da família e não de separação? Se o
casamento tem sido utilizado pelos escritores bíblicos para ilustrar o relacionamento entre Deus e
Sua Igreja, não se pode negar que os casamentos mistos podem muito bem representar o
relacionamento da Igreja com o mundo.354 Especialmente quando uma pessoa se converte e passa
a conviver com um descrente, isto é um exemplo claro de como a Igreja, enquanto está no
Lee Strobel escreveu “Quando seu cônjuge não é crente”, do ponto de vista de um
descrente que está casado com um cristão. Ele afirma que muitos atritos entre casais mistos “têm
crente”.355 Este ponto é de grande valor, pois ajuda a compreender o motivo da conduta de alguns
cônjuges não-crentes.
Strobel menciona quatro fontes de auxílio para um cristão num casamento misto: contar
com o auxílio de alguém com quem possa orar e abrir o coração; exercer controle sobre suas
emoções, isto significa não se envolver de forma exagerada com a igreja e não transformar
ninharias em batalhas espirituais; viver a sua fé e não ficar apenas falando nela; ter uma vida de
oração.
quando parece que nada está dando certo é: ”Você não é responsável pela eternidade do seu
354
Jean-Jacques von Allmen, “O Casamento segundo São Paulo”, em: Jorge E. Maldonado, ed.,
Fundamentos bíblico-teológicos do casamento e da família (Viçosa, MG: Ultimato, 1996), 101.
355
Lee Strobel, Quando seu cônjuge não é crente (S. Paulo: Edit. Vida, 1998), 5.
203
cônjuge. ... Você não terá que prestar contas a Deus se o seu cônjuge rejeitar a Cristo até a morte.
Mauro Clark em Entre dois senhores, apresenta quatro princípios, 357 que devem dirigir o
(1) A prioridade de obedecer a Deus antes de a qualquer ser humano (At 5:29).
No caso de uma esposa crente, ela está livre da submissão ao marido descrente quando for
pressionada por ele a praticar atos de desobediência a Deus, ou seja, quando for obrigada a
pecar. Cada cristão deve ter a mente bem definida sobre o que é um ato pecaminoso, para não
trazer atritos desnecessários nessa área.
(2) Diálogo franco com o cônjuge descrente. Desfazer com atitudes as impressões
negativas que as pessoas têm dos crentes, tendo o cuidado de não parecer fanático ou irracional.
Jamais jogar o cônjuge contra a igreja ou outros cristãos.
(3) Acompanhar o cônjuge sempre que possível, mesmo que isso possa significar
fazer alguma coisa que não goste. Necessita ser fiel a Deus e ao seu cônjuge e enfrentar o
problema. Se acompanhá-lo é ruim, não fazê-lo pode ser pior.
casos, até as diferenças denominacionais têm causado sérios problemas. 358 Um adventista, mais
que qualquer outro cristão, deve exercer muito cuidado. Sendo que os adventistas pertencem a
um grupo de cristãos com crenças bastante distintas, seu convívio no casamento com pessoas de
356
Ibid., 20-32.
357
Mauro Clark, Entre dois senhores 2ª. ed. (São Paulo: Candeia, 1994), 41-77.
358
Epp, 29.
204
Orientações Bíblicas
O profeta Amós lança um desafio para quem se encontra num casamento misto: “Andarão
dois juntos se não estiverem de acordo?” (Am 3:3). Jay Adams faz uma comparação dessa
situação: “São dois padrões divergentes, dois alvos opostos, duas interpretações da vida
radicalmente diferentes, dois incompatíveis mestres para servir, e dois poderes contrários em
ação”.359
Os dois textos bíblicos que tratam do comportamento entre casais que estão envolvidos
num casamento misto se encontram no Novo Testamento. Os apóstolos Paulo e Pedro orientam
claras, pelo fato de serem respostas às perguntas dos coríntios (7:1) as quais não conhecemos.
Esta seção é claramente dirigida aos crentes que tinham cônjuges não cristãos e o conselho é
igual tanto para o homem como para a mulher. Por mais difícil a situação de convívio em um
casamento misto, o cônjuge cristão jamais deve ser o agente motivador da separação. Esta é a
Entre os casais cristãos não deve existir abandono do companheiro e das obrigações
matrimoniais. Aos casados, ele diz, “a mulher não se separe do marido (7:10) ... e que o marido
não se aparte de sua mulher” (7:11). No caso de casamentos mistos, Paulo também aconselha a
359
Jay E. Adams, Solving Marriage Problems – Biblical Solutions for Christians Counselors (Grand
Rapids, MI: Zondervan, 1983), 34.
205
permanência do casamento, desde que o descrente consinta em permanecer com o crente (7:12-
13).
divórcio, seja o seu companheiro crente ou descrente. Isto serve para os casais cristãos (vv. 10 e
11), e para os casais mistos (vv. 12 e 13). Se o divórcio vier a ocorrer deveria ser unicamente por
casamento, a presença do cristão santifica o lar, o cônjuge e os filhos através do seu testemunho
(v. 14).
Com relação à santificação do descrente e seus filhos através do cônjuge cristão, também
não é fácil de ser entendida. O estado do crente, que consiste em ser separado para Deus não é
enfraquecido pela companhia do descrente, pelo contrário, ele é um canal através do qual as
bênçãos divinas alcançam a sua família. Por meio do testemunho do cônjuge cristão, o parceiro
Três possíveis razões para isto são: a) a relação matrimonial é santificada pela santidade
de uma das partes; b) Deus nos chamou para promover a paz em todas as nossas relações civis e
familiares; c) é possível para um parente cristão ser um instrumento para a salvação de outros.360
No verso 15, Paulo introduz um conceito que tem levantado discussões sobre seu
significado. “Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos não fica sujeito à
servidão, nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz”. Teólogos e comentaristas se
360
Simon Brown, “I Corinthians,” MHC (Wilmington, DE: Sovereign Grace, 1972), 2:1034.
206
dividem em relação ao significado deste verso e em especial da frase: “em tais casos não fica
sujeito à servidão”.
Alguns, entre eles Lutero e Calvino, entendem que um cristão abandonado pelo cônjuge
por motivos religiosos está completamente livre para casar-se de novo,361 desde que tenha lutado
pela continuidade do casamento, contra a má vontade do descrente em continuar. Por outro lado,
outros não admitem a possibilidade de novo casamento e sustentam a interpretação de que a única
exceção para um cristão voltar a casar-se é por infidelidade sexual, conforme ensino de Jesus nos
evangelhos (Mt 5:32; Mc 10:2-12 e Lc 16:18).362 Um terceiro grupo prefere admitir que não se
A Igreja Adventista, no seu Manual da Igreja,364 defende a posição bíblica de que, exceto
o adultério e/ou a fornicação (Mt 5:32, 19:9), bem como o abandono da parte de um cônjuge
incrédulo (1Co 7:10-15) constituem motivos para divórcio (p. 204). b) A infidelidade ao voto
matrimonial abrange além de adultério e/ou fornicação, as perversões sexuais: incesto, abuso
361
Ver R. C. H. Lenski, The Interpretation of St. Paul’s First and Second Epistles to the Corinthians
(Minneapolis, MN: 1966), 7: 294-295; Jay Adams, Marriage, Divorce and Remarriage in the Bible (Grand Rapids,
MI: Zondervan, 1980), 45-50; William F. Orr, James A. Walther, I Corinthians, AnB (Garden City, NY: Doubleday,
1976), 32:214; von Allmen, 101; Russel Norman Champlin, NTI, vol. 4 (São Paulo: Milenium, 1983), 103-104.
362
Ver Albert Barnes, I Corinthians - NNT (Grand Rapids, MI: Baker Book, 1967), 119-120; Ralph W.
Harris ed., Romans-Corinthians, NTSB (Springfield, MS: The Complete Biblical Library, 1989) 7:337; Andrew
Cornes, Divorce & Marriage – Biblical Principles and Pastoral Practice (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1993),
245-259; Carlos R. Erdman, La Primera epistola de Pablo a los Corintios (Grand Rapids, MI: TELL, 1974), 85-86.
363
Clarence T. Craig, John Short, I Corinthians, IB, vol. 10 (New York: Abingdon Press, 1953), 80-81.
364
Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), 201-208.
207
sexual de crianças e as práticas homossexuais (1Co 6:9, 1Tm 1:9-10 e Rm 1:24-27), como abuso
das faculdades sexuais e violação do desígnio divino no casamento (p. 205). c) Após diligentes
esforços por parte da igreja e das pessoas envolvidas em prol da restauração do casamento, não
sendo possível tal reconciliação, o cônjuge que permaneceu fiel tem o direito bíblico de requerer
o divórcio, bem como tornar a casar-se (pp. 205-206). d) Consequentemente, o cônjuge que
violou o voto matrimonial estará sujeito à disciplina da igreja local (p. 206). e) A separação ou o
divórcio resultante de outros fatores em que não está envolvida a infidelidade ao voto
matrimonial, não dá a nenhum dos cônjuges o direito bíblico de tornar a casar-se, a menos que no
ínterim a outra parte tenha morrido, tenha cometido adultério ou fornicação, ou tenha se casado
(p 206). f) O cônjuge que venha a casar-se, sem que tenha obtido o direito bíblico para tanto, será
removido do rol de membros da igreja, bem como a pessoa com que tenha se casado, caso essa
pessoa também seja membro da igreja (p. 206). g) Nenhum pastor adventista tem o direito de
oficiar uma cerimônia de novas núpcias de pessoa que, sob as circunstâncias expostas acima, não
No capítulo 3:1-7 da sua segunda epístola, o apóstolo Pedro dirige seus conselhos,
primeiramente às mulheres (vv.1-6) e depois aos maridos (v. 7). As esposas deveriam usar de
sabedoria, para ganhar seus maridos para Cristo através do testemunho. Pedro introduz o assunto
Aqui se destacam dois elementos: (a) O objetivo das esposas com suas atitudes que é o
A submissão feminina deve ser vista sob uma ótica cristã e não pela visão judaica ou
oriental. A submissão deve ser uma atitude de amor e gratidão da esposa pelo amor recebido do
marido. Essa submissão é devida unicamente ao marido e significa respeito. Não deve ser
prestada a qualquer homem, como num relacionamento de inferioridade. Essa é a diferença entre
a cultura bíblico-cristã que ensina a submissão feminina a partir do relacionamento entre Cristo e
a igreja, e a cultura oriental que considerava a mulher um ser inferior ao homem. 365
O comportamento humilde e abnegado das esposas, no trato com seus maridos, deveria
exaltar as virtudes do evangelho pelo exemplo. A expressão: “sejam ganhos sem palavra alguma”
não significa que as mulheres deveriam manter-se caladas em todo o tempo, mas deveriam evitar
mulher”.366
A preocupação delas não deveria ser pregar aos maridos, mas testemunhar diante deles, de
modo particular sendo uma boa esposa.367 O objetivo da conduta dela deve ser levar o marido a
365
Ver a questão da submissão em: Champlim, NTI, 6:131; Antonio Estrada, La Familia: crisis y
oportunidades (Barcelona: Editorial CLIE, 1998), 83-103; Enio R. Mueller, I Pedro: introdução e comentário, SCB
[Novo Testamento] (S. Paulo: Vida Nova/Mundo Cristão, 1991), 173-181; Aroldo F. de Andrade, “Causa e efeito,”
MA, março-abril de 2002, 12-13.
366
NTI, 4:103-104.
367
Alan M. Stibbs, The First Epistle General of Peter, TyNTC (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1975), 123-
124.
209
cristianismo melhorou a minha mulher, talvez possa fazer a mesma coisa por mim”. 368
de contraste entre a aparência externa e a beleza interna de um caráter cristão, sem mancha de
reputação. A extravagância das mulheres romanas, que pode ser comparada com as ocidentais
modernas, deveria contrastar com a modéstia das mulheres cristãs dos tempos apostólicos e
No último verso do texto (v. 7), o apóstolo se refere aos maridos. Quer estejam casados
com crentes ou descrentes, a atitude masculina deve ser a mesma: “vivei a vida comum do lar
com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher ... tratai-a com dignidade.”
Que a conduta do marido deve ser também exemplar está claro com todas as suas injunções.
Dois aspectos deste verso estão relacionados aos anteriores, referentes ao comportamento
feminino:
cristão enobrece a sua companheira e sua família. O testemunho do marido pode também ajudar
na salvação da esposa;
(2) As orações não devem ser interrompidas: o relacionamento familiar pode ser um
entrave ou uma bênção para a vida espiritual. Quem deseja ter uma vida espiritual completa deve
368
NTI, 4:103-104.
369
Sobre esta questão ver NTI, 6:131-134; R. C. H. Lenski, The Interpretation of the Epistles of St. Peter,
St. John and St. Jude (Minneapolis, MN: Augsburg Publ. House, 1966), 11: 129-136; Mueller, 175-181.
210
descrente e dos filhos. É esperado que ele se responsabilize pelo ambiente espiritual do lar. O
testemunho em favor do evangelho, diante dos familiares, poderá produzir os frutos necessários
Embora Ellen G. White tenha escrito bastante acerca do casamento e relações familiares,
não há muito em seus escritos sobre o procedimento do adventista casado com um não-adventista
ou mesmo um descrente. Alguma orientação existe, todavia escrita para situações específicas.
adventistas em crises conjugais. Para alguém disposto a divorciar-se numa situação que não
envolvia adultério, ela recomendou cautela e que a questão fosse “cuidadosamente considerada”.
Para uma esposa maltratada pelo marido, ela não aconselha o convívio conjugal, pelo fato de ser
“perigoso colocar-te outra vez debaixo de sua ditadura”. Para um homem adventista que sofre
com uma esposa incrédula e opositora, ela não aconselha a separação, mas o anima a buscar em
Outros capítulos contêm orientações de caráter geral, que podem ser aplicadas também ao
casamento misto:
370
Elmer G. Homrighausen, The First Epistle of Peter, IB (Nashville, TN: Abingdon, 1957), 12:124.
371
White, O Lar adventista, 340-347.
211
vol. II, ela aconselha em alguns casos envolvendo divórcio e novo casamento.373
O Cap. 37, “A Espécie de Marido que não se Deve Ser”, em O Lar Adventista, também dá
sugestões para esposos adventistas acerca de: ser menos exigentes com as esposas cansadas da
rotina diária no lar, evitar atitudes ditatoriais e dominadoras no lar, cuidar dos traços negativos do
comportamento. Entre esses traços negativos ela inclui: irritação e rixa, mau-humor, egoísmo e
que ajudarão a “criar uma atmosfera de paz no círculo familiar”.374 Certamente essas virtudes
requeridas do homem, também devem ser das esposas. Atitudes desse tipo com cônjuges não-
Além das referências já citadas, o capítulo mais apropriado ao objetivo deste estudo é o
1. Uma esposa que tem um marido profano, e que ensina os filhos a desacatar a autoridade
materna, escreve perguntando se deve abandonar os filhos. Ela aconselha a jamais abandonar as
crianças: “... sejam quais forem as provas a que fordes chamada a enfrentar através de pobreza,
372
Idem, Testemunhos seletos, 3: 95-101.
373
Idem, Mensagens escolhidas, 2: 339-342.
374
Idem, O Lar adventista, 224-228.
212
de feridas de alma, de atitude dura e tirânica do marido e pai, não abandoneis os filhos; não os
“Teu marido precisa ver diariamente um exemplo vivificante de paciência e domínio próprio.
Faze todo o esforço por comprazê-lo, sem sacrificar com isto um só princípio da verdade. ... Que o
teu marido veja o Espírito Santo operando em ti. Sê cuidadosa e considerada, paciente e tolerante.
Não procures impingir-lhe a verdade. Cumpre teu dever como esposa, e vê se o coração não é tocado.
Tuas afeições não necessitam ser alienadas de teu esposo ... Conscienciosamente obedece a Deus, e
agrada a teu marido em tudo que puderes. ... Não permitas nunca que uma só palavra de reprovação
ou censura caia nos ouvidos de teu marido. ... O silêncio é eloquência. Palavras precipitadas apenas
farão aumentar tua infelicidade. ...” 376
3. Para uma esposa cujo marido afastou-se da igreja, ela aconselha: “Tendes agora dupla
responsabilidade, visto que teu marido afastou-se de Jesus. ... Sei que deve ser demasiado penoso
permanecer só, no que respeita a cumprir a Palavra. ... Conserva a alegria. ... Não te esqueças de
que tens um Consolador, o Espírito Santo. Nunca estás só. ...” 377
4. Para outra esposa cujo marido lhe opunha a fé e a molestava, ela orienta:
“O lar onde Deus não é adorado é como um navio no meio do mar sem um piloto ou
sem leme. A tempestade o aflige e sacode, e há o perigo de que todos a bordo venham a perecer.
Considera a tua vida e ... de teus filhos como preciosas por amor de Cristo, pois terás de
encontrar-te com eles e com teu esposo ante o trono de Deus. Teus firmes princípios cristãos não
devem ser enfraquecidos ... Quanto mais teu marido se mostrar molesto, quanto mais fortemente
ele se te opuser, mais fiel e coerente firmeza cristã deves mostrar. ...” 378
5. Para uma mãe cujo filho tirânico e opressor havia se casado com uma adventista, ela é
enfática:
“Foi-me então mostrada sua nora. Ela é amada de Deus, mas mantém-se em servil
cativeiro, tremendo, temendo, desalentada, duvidando e muito nervosa. ... Ela deve lembrar que
375
Ibid., 348.
376
Ibid., 349.
377
Ibid., 350.
378
Ibid.
213
seu casamento não destrói sua individualidade. ... Seu casamento foi um engano do diabo.
Contudo ela deve agora fazer o melhor que lhe for possível, deve tratar o marido com ternura, e
fazê-lo tão feliz quanto puder, sem violar sua consciência; pois se ele persistir em sua rebelião,
este mundo é o único céu que terá. Mas ficar sem o privilégio de reuniões, para satisfazer a um
marido opressor possuído do espírito do dragão, não está de acordo com a vontade de Deus.” 379
6. Para um marido cuja esposa e filhos não o acompanhavam nas práticas religiosas, ela
dá o seguinte conselho:
“Irmão K, tens tido muitos desânimos; mas necessitas ser fervoroso, firme e decidido em
cumprir teu dever em família, levando-os contigo, se possível. Não deves poupar esforços para
prevalecer sobre eles no sentido de te acompanharem na jornada para o Céu. Mas se a mãe e os
filhos não escolherem acompanhar-te, mas procurarem desviar-te de teus deveres e privilégios
religiosos, deves prosseguir, ainda que tenhas de ir só. ... Se tiveres de suportar a perda, não
deveis desanimar; e se puderes salvar unicamente uma parte de tua família, será muito melhor
que perdê-la toda”.380
Orientações Práticas
A técnica do “quebra-nozes”:
manual, são baseadas numa técnica desenvolvida para auxiliar esposas cristãs que convivem com
maridos descrentes. Sua técnica é conhecida como “Técnica do Quebra-nozes”381 e pode ser
(1) Tem sua base bíblica em Mt 5:16 – “Assim brilhe também a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”.
(2) Assim como um quebra-nozes tem duas hastes, a técnica une luz e obras no trabalho
de evangelização do marido.
(3) Luz – é a clarificação das ideias, através de palavras. Obras – são as mudanças na
atitude da esposa.
379
Ibid., 351.
380
Ibid., 352.
381
C. S. Lovett, Unequally Yoked – Wives (Baldwin Park, CA: Personal Christianity, 1960), 38-62.
214
(5) Luz e Obras devem ser ajustadas. As palavras não devem exceder às obras e as obras
são inúteis sem as palavras.
(6) A esposa ao modificar uma atitude para melhor, deve sempre creditar a mudança ao
Senhor Jesus. Deve usar suas palavras para glorificar a Jesus.
Exemplo: O esposo sempre reclama da maneira da esposa se vestir, do penteado do cabelo, etc.
A esposa faz alguma alteração em sua aparência pessoal ou modo de vestir, com o objetivo de
agradar ao marido. Ele nota e comenta. Agora é a hora dela fazer a Luz brilhar ...
“CLICK” ... Sim, querido. Obrigada por ter notado. O Senhor está me fazendo consciente do
modo como olho para você. Ele deseja que eu seja uma esposa mais charmosa. Então eu estou
obedecendo ao Senhor e você está ganhando uma esposa mais atraente.
Outro exemplo: A esposa pode se esforçar e perder alguns quilos de peso. Ele não vai deixar de
comentar. Então é hora da Luz brilhar ...
“CLICK” ... O Senhor Jesus tem me mostrado que eu deveria fazer meu marido feliz e mais
contente se eu perdesse um pouco de peso. Então eu perdi uns quilinhos ... por Ele e para você.
Uma vez começado o plano, CADA MUDANÇA DE ATITUDE traz uma oportunidade
para usar o “quebra-nozes”. É comparado com uma encenação onde a esposa é a atriz e o Diretor
é o Espírito Santo. A diferença aqui é que as mudanças devem ser reais e sinceras, ou tudo estará
perdido.
Resumo:
(1) Suas palavras são a Luz que dizem ao seu marido que Jesus é o Responsável pelas
mudanças que ele está observando em sua vida;
(2) Suas obras são as mudanças que estão acontecendo em sua vida diária. O Diretor, o
Espírito Santo limitará estas mudanças àquelas que Ele pode aprovar;
(3) Pelo fato de você creditar ao Senhor as mudanças em sua vida, seu marido é forçado a
considerar Cristo como a causa das mudanças.
(4) Deus é glorificado quando seu marido é consciente da obra do Senhor em seu próprio
lar. Intimamente, o marido pode estar dizendo: “O Senhor realmente está trabalhando em minha
esposa”.
Testemunho:
Jeri Odell menciona que por vários anos tentou, sem sucesso, imprimir em seu esposo um
molde cristão. Com o casamento quase destruído, ela mudou de método: Tentou ser um quadro
de Cristo para ser visto pelo esposo e não um sermão para ele ouvir. Suas sugestões apareceram
(1) Aceite seu esposo como ele é. Não faça cena: “Por favor, oh por favor, creia!”
(2) Convide seu esposo para ir à igreja, especialmente para coisas especiais, mas sem
pressão. Seja sensível. Sempre aceite suas desculpas graciosamente e confie no tempo de Deus.
A conversão é obra de Deus e não sua.
(3) Aprecie seu esposo. Cada dia agradeça a Deus pela pessoa dele, seu relacionamento e
cada atributo de sua personalidade. Isto fará um mundo de diferença em seu casamento e em
você.
(4) Invista em seu casamento. Trabalhe diariamente. Torne isto uma prioridade, mesmo
acima de seus filhos.
(5) Seja afetiva. Todos precisamos e queremos amor. Necessitamos sentir, ver e ouvir isto.
Afetividade afirma e demonstra aprovação.
Desafio de Oração:
Outras sugestões de caráter prático são as aventuras de oração. Larry Keefauver apresenta
um plano de Quarenta Dias de Oração. Nele se inclui todos os familiares não convertidos.383 Já o
casal Strobel apresenta um plano de oração – Plano de Trinta Dias - que envolve três partes 384:
1) Ore por seu cônjuge, pedindo para Deus: a) atraí-lo para Si; b) abrir-lhe os olhos para
o vazio da vida sem Deus; c) ajudá-lo a perceber a necessidade de perdão; d) remover-lhe a
confusão que tem a respeito de Deus e da vida que Ele oferece; e) ajudá-lo a perceber o
382
Jeri Odell, “Living with a Non-Christian Spouse,” Focus on the Family, janeiro de 1996, 5.
383
Larry Keefauver, Que bom se minha família se convertesse (Belo Horizonte, MG: Edit. Atos, 2001),
167-212.
384
Lee Strobel & Leslie Strobel, Jugo desigual (São Paulo: Vida, 2003), 204.
216
significado e a importância da cruz de Cristo; f) abrir seu coração para o amor e a verdade de
Deus.
2) Ore por você mesmo, pedindo para Deus: a) ajudá-lo a viver uma vida cristã coerente
e contagiante; b) torná-lo autêntico e honesto quando lidar com os altos e baixos da vida; c) dar-
lhe sabedoria para aprofundar o relacionamento; d) expandir seus conhecimentos de modo que
você esteja preparado para definir e defender a mensagem do evangelho quando surgirem as
oportunidades; e) dar-lhe ousadia e coragem; f) usá-lo no sentido de ajudar seu cônjuge a construir
um relacionamento com Cristo.
3) Ore pelo seu casamento, pedindo para Deus: a) desenvolver profundidade e confiança
no relacionamento de vocês; b) fortalecer os laços do seu casamento; c) proteger seus filhos dos
conflitos que surgem com a incompatibilidade; d) abrir oportunidades para conversas espirituais;
d) orientar o ritmo, a frequência e o conteúdo dessas conversas.
O Plano de Trinta Dias do casal Strobel é direcionado para a conversão do cônjuge. Serve
de ajuda para construir suas orações em torno de um tema diário. Reserve um tempo diário para
meditar sobre um verso bíblico, usando o texto como um ponto de partida para expressar seus
desejos a Deus. No final do mês pode-se reciclar os temas ou usá-lo como referência ocasional. 385
385
Ibid., 283.
386
Ibid., 283-301.
217
Sugestões Adventistas:
Um dos maiores desafios para um adventista casado é não permitir que a igreja seja um
obstáculo entre ele e o cônjuge não adventista. Quando isto ocorre, geralmente surge um
sentimento de rancor. Especialmente quando um se torna adventista já depois de estar casado, por
218
isso ele ou ela deve fazer o seu melhor para que o outro perceba que ele se tornou uma esposa ou
marido melhor desde que se uniu à igreja. Um manual de atividades da Divisão Sul Americana
traz alguns conselhos neste sentido.387 Os nove princípios abaixo são dirigidos às esposas
adventistas, mas com as devidas adaptações podem servir também para maridos adventistas:
(4) Participar com o marido de toda a atividade que não viole preceitos morais.
Além desses itens, é possível contar com mais alguns fatores auxiliadores. A listagem
seguinte apresenta 15 sugestões de “Como viver com um descrente”, do ponto de vista de uma
esposa adventista.388
(1) Respeite seu direito para tomar uma decisão sobre sua fé.
(2) Expresse amor e faça cada coisa que seja possível para torná-lo feliz.
(3) Nunca critique ou fale mal dele, tanto na sua presença ou quando não estiver por perto.
(4) Prepare seus alimentos favoritos quanto possível, permanecendo firme aos princípios
de saúde.
(5) Mostre respeito a ele como cabeça da família, e ensine os filhos a respeitá-lo.
387
DSA, Testemunhando por Cristo – Manual de atividades leigas (Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 1988), 51.
388
“How to Live With an Unbeliever,” LE, julho-setembro de 1993, 15.
219
(6) Planeje saídas especiais com ele, como concertos ou jantares, mantendo seus
padrões.
(7) Escolha boa música para ouvir durante a semana, e bela música espiritual
para o sábado.
(13) Realize o culto doméstico com seus filhos. Ao ouvir a leitura da Bíblia e cânticos, ele
pode ser atraído para Jesus.
(14) Ore de forma audível, mencionando o nome dele, e agradecendo a Deus por bênçãos
como saúde, trabalho, dinheiro, alimento e amor.
(15) Nunca perca a paciência. Permaneça gentil e demonstre bom humor, torne o seu lar
um pedaço do céu na terra. Ele irá permanecer ao seu lado.
O Pastor Henrique Berg também apresentou 12 ideias para ajudar um adventista a levar o
(1) Reconheça que seu cônjuge tem o direito de não querer ser adventista, respeite sua
opinião e trate-o com dignidade. Prepare com frequência os alimentos preferidos dele. Fale bem
dele na presença dos outros. Faça-o sentir-se chefe do lar. Tome tempo para estar com ele.
(2) Deixe, como se fosse por esquecimento, algum folheto, revista ou livro aberto num
título atraente, em lugares onde ele costuma ficar.
(3) Consiga que membros da igreja façam amizade com ele, associando-se por afinidade
profissional, recreações ou simplesmente amistosas.
(4) Convide-o, de maneira inteligente, para ocasiões especiais na igreja. Não lhe dê
oportunidade de deduzir que está sendo manipulado.
389
Henrique Berg, “Como ganhar o cônjuge para Cristo,” RA, dezembro de 1992, 13-14.
220
(5) Conte-lhe coisas da igreja, com a mesma naturalidade com que narra suas compras.
(6) Numa despedida para uma viagem, não perca a oportunidade para ler uma promessa da
Bíblia, seguida de uma curta oração pedindo a proteção divina.
(7) De quando em quando mostre-lhe algum texto difícil da Bíblia e peça sua opinião sobre
como entendê-lo. Não discuta a explicação, aceite-a e agradeça com um sorriso.
(8) Sempre que possível, solicite sua ajuda para pequenas atividades na igreja, como
transporte, pequenos consertos.
(9) Fazer assinaturas de revistas com a mensagem adventista, ou solicitar cursos por
correspondência para ser entregue no endereço de trabalho, sem dizer o autor do envio.
(10) Leia a Bíblia em voz alta, especialmente um trecho curto e interessante antes de
dormir.
(11) Ore a sós, em voz alta, mencionando o nome dele na oração. Agradeça a Deus as
coisas boas que o seu cônjuge tem feito para você e para a família.
(12) Em momentos especiais, insinue como seria bom, a companhia dele na igreja com
você.
confirmadas através dos resultados obtidos com uma pesquisa realizada entre adventistas casados
evangelização do cônjuge não adventista390. Os itens que receberam os maiores índices foram os
seguintes:
390
A Pesquisa de Campo encontra-se no Capítulo IV deste trabalho. Os dados citados acima podem ser
encontrados na Tabela 17, página 112.
221
(4) Sempre lhe convidei para atividades sociais, acampamentos, passeios da igreja.
do seu ponto de vista, os métodos que foram utilizados na sua conversão.391 Os mais citados
foram:
(1) Insistiu comigo desde o início para lhe fazer companhia indo à igreja.
(2) Através de pessoas da igreja que ele/ela me apresentou, me interessei pela igreja.
(4) Ele/ela sempre me alertou para a importância de educar nossos filhos na igreja.
da igreja.
Observou-se que em ambas as listas, os métodos mais citados foram os mesmos, o que
atesta a importância de aproveitar todas as oportunidades, por menores que pareçam, para
Sendo que alguns casamentos mistos sobrevivem em meio a sérias dificuldades e muitos
deles sob a ameaça do divórcio, Ed Wheat demonstra que é possível manter um casamento
funcionando, mesmo quando apenas um dos cônjuges luta por ele.392 Wheat cita o psiquiatra
391
Idem. Tabela 18, p. 113.
392
Ed Wheat, Como salvar sozinho o seu casamento, 4ª ed. (São Paulo: Mundo Cristão, 1995). Ver
especialmente pp. 43-45 onde uma listagem de sugestões é apresentada com o objetivo de salvar o casamento.
222
cristão Paul D. Meier, que em sua obra “Você pode evitar o divórcio”, afirma que só existem três
(2) Suportar o casamento sem procurar melhorá-lo – outra decisão imatura mas não
tão irresponsável quanto o divórcio;
relacionamento com conflitos na área espiritual, o divórcio deve ser a última saída. Enfrentar
com maturidade e depois colher os resultados poderá ser uma das experiências mais gratificantes
As seguintes nove sugestões, apresentadas por Adly Campos podem servir como um
(2) Aja conforme as orientações do apóstolo Pedro: Deixe que as suas atitudes
substituam as suas palavras.
(3) Ore por você, por seu cônjuge e por sua família. Peça a irmãos sinceros que orem
também pelo seu desafio.
(4) Leve o seu cônjuge a participar de eventos da igreja. Inicie com os eventos sociais
como casamentos, musicais, acampamentos, palestras, encontros de casais.
(5) Coloque cristãos verdadeiros que você já conhece para fazer amizade com seu
cônjuge: colegas de profissão, recreações, esporte, lazer, etc.
393
Ibid., 7-8.
394
Adly Campos, “My Husband is not a Believer. What Can I Do?”, LE, julho-setembro de 1996, 15.
223
(6) Não transforme sua religião ou sua igreja numa barreira entre vocês.
(7) Não reclame dele, não fale mal dele. Coloque-se no lugar dele e trate-o como gostaria
de ser tratado. Mantenha a dignidade em seu relacionamento.
(9) Grande parte do sucesso deste desafio é baseada no que acontece dentro de sua casa.
Torne seu lar um ambiente de paz.
Campos ainda relaciona um último conselho para quem vive esse desafio: “Tenha fé,
Conclusão
mesmo eixo: o testemunho do cristão, especialmente do adventista, deve falar mais alto que as
suas palavras. Como nem todos os casamentos mistos são realizados por causa de uma atitude
fé e a doutrina, sobre esse recairá a carga de lutar pela manutenção do casamento. Sobre o cônjuge
crescer, assumir um compromisso com a família. Qual o maior desafio? Ser um instrumento divino
para a conversão do outro. Deus está disposto a usar o cônjuge cristão, mesmo rodeado de
395
Ibid., 15.
224
O cristão deve aproveitar toda e qualquer oportunidade para impressionar seu cônjuge,
com o fato de que ele também é objeto do amor de Deus e que Jesus deseja salvar todos que a Ele
se entregam. Deus ama sua família e certamente deseja ver todos os seus familiares sob Seus
cuidados.
positiva deve sobressair acima das palavras. A teoria deve dar lugar à prática e o testemunho deve
ASPECTOS NEGATIVOS
“Nenhum”. – 04
“Reunião deve ser num horário melhor com mais oportunidades de perguntas”. – 07
“Usar casais como exemplos”. – 01
“Deve ser feito numa reunião só com jovens”. – 04
“Deveria haver mais participação dos jovens”. – 02
“Deveria haver uma maior divulgação do evento”. – 02
“Muito demorado”. – 02
“Pouco tempo”. – 02
“Deve haver mais tempo, um final de semana”. – 01
“Local inadequado”. – 01
ASPECTOS POSITIVOS
“Conteúdo importante e interessante”. – 26
“Assunto apresentado com base bíblica”. – 04
“Assuntos bem modernos e precisos”. – 01
“Conselhos práticos”. – 05
225
226
Acho muito importante e oportuno, os que não têm o(a) companheiro(a) na igreja
necessitam de orientações. – 09
Acho oportuno, muitas separações de casais poderiam ser evitadas se as orientações
227
ASPECTOS NEGATIVOS
“Nenhum”. – 02
“Pontos negativos ficaram encobertos pelos positivos”. – 01
ASPECTOS POSITIVOS
“Sábias orientações para lidar com os não-adventistas”. – 02
“Orienta o cônjuge e amplia a visão”. – 01
“Importante saber levar os não-adventistas a participarem de um pequeno grupo”. – 01
“Evangelizar os estranhos é bom, mas os de nossa família é melhor ainda!” – 01
“Fico feliz em perceber o interesse em orientar aos irmãos neste assunto”. – 01
“As dicas são muito valiosas”. – 01
“As orientações são tão importantes que deveriam ser passadas para todos os casais da
igreja”. – 01
“Muito importante, pois a convivência com um não-adventista é muito difícil”. – 01
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VITA
Experiência Profissional:
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