Outro Sábado em Antioquia (Atos 13.44-52)

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Outro sábado em Antioquia

[Estudo 24 – Atos 13.44-52]

Em nosso estudo anterior, vimos como Paulo, ao visitar a sinagoga de


Antioquia da Pisídia, foi convidado a pregar uma mensagem de encorajamento aos
judeus e a todos os homens tementes a Deus (At 13.15-16).
Foi uma oportunidade maravilhosa e Paulo não a desperdiçou. Paulo,
relembrando o Antigo Testamento, falou de como Deus tomou a iniciativa de
conceder ao Seu povo escolhido um Salvador, Jesus Cristo, o filho de Davi segundo
a promessa de Deus aos patriarcas. Porém, ao invés de reconhecerem Jesus Cristo
como o Messias, os judeus O condenaram à morte (At 13.27-28). Em seguida, Paulo
contou como Deus reverteu o julgamento e ressuscitou Jesus dentre os mortos, e
que, agora, Deus, em Sua graça, concede a todos os que acreditam no Seu Filho
Jesus as bênçãos prometidas a Davi - a bênção do perdão dos pecados e a bênção
da justificação (At 13. 13.38-39). Além disso, Paulo também declarou que essas
bênçãos fluíram de Cristo a todos, judeus e gentios, que se arrependem e creem em
Cristo. Paulo também deixou claro que, tudo isso só foi possível porque Deus
enviou ao Seu povo a palavra de salvação (At 13.26). Esta é, de fato, a melhor
mensagem de encorajamento!
Uma semana depois, Paulo teve o privilégio de compartilhar novamente na
sinagoga da Pisídia a mensagem do Evangelho. Nesta segunda mensagem, o que
encontramos é um excelente exemplo da relevância da pregação da Palavra de
Deus. Quatro vezes em nosso texto, encontramos a frase: “A Palavra do Deus” (At
13. 44, 46, 48 e 49). O que descobrimos nesta passagem (At 13.44-52) é o efeito
que a pregação das Sagradas Escrituras tem sobre as pessoas: A palavra de Deus é
poderosa porque desperta o interesse no verdadeiro Deus, revela os rebeldes,
salva os eleitos e gera alegria no coração do povo de Deus.

I. A Palavra desperta interesse sobre o verdadeiro Deus


“No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para ouvir a palavra de
Deus” (At 13.44).

O versículo 44 nos diz que na semana seguinte toda a cidade de Antioquia


estava agitada para ouvir o que o apóstolo Paulo tinha a dizer novamente na
sinagoga. O lugar estava lotado! Como Lucas descreve, “quase toda a cidade” se
reuniu para ouvir a palavra de Deus (At 13.44).713 Certamente, esta é também uma
hipérbole. É uma expressão utilizada para indicar que um grande número de
pessoas estava reunido para ouvir a mensagem de Paulo. Mas, nem todo mundo na
cidade compareceu.714 Certamente, as pessoas que ouviram Paulo falar, no sábado

713Faw, C. E. (1993). Acts (p. 154). Scottdale, PA: Herald Press.


714Utley, R. J. (2003). Luke the Historian: The Book of Acts (Vol. Volume 3B, p. 169–170). Marshall,
TX: Bible Lessons International.

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anterior compartilharam durante a semana com seus amigos, familiares e vizinhos
sobre a mensagem a respeito de Jesus, o descendente do rei Davi, que foi
crucificado de acordo com a vontade de Deus e em cumprimento das profecias (At
13.27). O povo deve ter conversado sobre o perdão dos pecados que Jesus concede
através de Sua morte e ressurreição a todo o que nele crê. Como resultado, muitas
pessoas se reuniram para ouvi-lo pregar novamente a palavra de Deus.

Mas, por que as pessoas estavam tão interessadas na mensagem? Paulo e


Barnabé não haviam divertido os seus ouvintes, nem fizeram qualquer
apresentação nova ou surpreendente. Segundo o texto, a curiosidade do povo de
Antioquia foi provocada pela “palavra de Deus”. É exatamente isso que
encontramos quatro vezes no texto (At 13.44, 46, 48 e 49).

“No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para ouvir a palavra de
Deus” (At 13.44). O povo se reuniu para ouvir o que esses homens haviam pregado
anteriormente. Foi a Palavra do Senhor, que estimulou o interesse dessas pessoas.

“Paulo e Barnabé, falando ousadamente, disseram: Cumpria que a vós


outros, em primeiro lugar, fosse pregada a palavra de Deus...” (At 13.46). Paulo
e Barnabé estavam conscientes da responsabilidade e da mensagem que deveriam
pregar novamente.

“Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do


Senhor...” (At 13.48). Não foi a palavra de Paulo. Não foi a palavra de Barnabé, mas
a Palavra do Senhor.

“E divulgava-se a palavra do Senhor por toda aquela região” (At 13.49).


O que estimulou o interesse do povo foi a Palavra do Senhor enquanto o Espírito
Santo os abençoava. A boa notícia foi compartilhada para que a Palavra do Senhor
se espalhasse por toda a região (At 6.7; 12.24; 19.20).
Infelizmente, muita pregação em nossos dias é direcionada para suprir as
“necessidades” dos ouvintes.715 É uma mensagem agradável aos ouvidos, uma
palavra “adoçada” que visa apenas “encorajar” o auditório. Uma palavra que não
incomoda e não exige mudanças. No entanto, Paulo e Barnabé não utilizavam
qualquer um desses artifícios. Eles pregaram a “palavra do Senhor” e as pessoas
foram atraídas pela pregação. As pessoas estavam interessadas enquanto Deus
abençoava a pregação da Palavra.
A única razão pela qual a multidão se reuniu novamente é porque um dos
efeitos da pregação da palavra de Deus é despertar o interesse dos pecadores
mortos no grande e glorioso Deus Trino! Se esta foi a reação dos gentios, no
entanto, a reação dos seus líderes foi bem diferente.

715Boice, J. M. (1997). Acts: an expositional commentary (p. 244–246). Grand Rapids, MI: Baker
Books.

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II. A Palavra revela os rebeldes
“Mas os judeus, vendo as multidões, tomaram-se de inveja e,
blasfemando, contradiziam o que Paulo falava” (At 13.45).
Embora houvesse muito interesse neste evangelho e no Deus que se revela
através dele, houve também oposição imediata e feroz! A oposição surgiu entre os
líderes da comunidade judaica. Quando eles observavam os milhares de gentios
que se aglomeravam em torno da sinagoga para ouvir Paulo pregar, somos
informados de que eles ficaram cheios de inveja. A palavra “inveja” (zelos, em
grego) significa “rivalidade invejosa e contenciosa, ciúme”.716

Mas, do que eles estavam com ciúmes? Creio que o nosso texto revela, pelo
menos, duas razões:

Em primeiro lugar, a forma como o evangelho foi apresentado.


Paulo declarou que os líderes judeus, em Jerusalém, haviam rejeitado a
Jesus. Paulo disse que Jesus era o Messias, mas que os líderes não responderam
positivamente a esta reivindicação. Esta afirmação não agradou a liderança.

Em segundo lugar, a forma como a “lei de Moisés” foi citada.


Os judeus estavam comprometidos com a lei do Antigo Testamento. A lei era
a vida dos judeus. Porém, Paulo disse em seu sermão no sábado anterior, “E, por
meio dele, todo o que crê é justificado de todas as coisas das quais vós não pudestes
ser justificados pela lei de Moisés” (At 13.39). A verdade simples e clara! Paulo
estava mostrando, como fez em todas as ocasiões e como fez em suas epístolas, que
somos justificados pela obra de Cristo e por meio da fé apenas.717 Os judeus, por
outro lado, interpretaram como uma afronta à lei de Moisés. Talvez, como muitas
pessoas fazem, eles estavam confiando em sua própria justiça para alcançar a
salvação.
Os líderes em Jerusalém haviam feito o mesmo com Jesus: “Não penseis que
vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir (Mt 5.17).
O próprio fato de que Jesus teve que se defender mostra que os judeus estavam
pensando: “Ele veio para derrubar nossas tradições”. Eles não se importavam se os
gentios se sentavam na parte de trás de suas sinagogas e, talvez, com o tempo se
tornassem bons judeus através da circuncisão. Mas eles não queriam que os
gentios fossem recebidos por Deus, exatamente da mesma maneira como o judeus.
Os judeus não gostavam de ver gentios recebendo as bênçãos encontradas no
Messias.718 Sem dúvida, eles ouviram Paulo dizer que os gentios não tinham que se
tornar judeus para depois se tornarem cristãos, mas, em vez disso, eles precisavam
apenas crer no Senhor Jesus Cristo para obter a salvação e as bênçãos da aliança.

716 Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996). Vine’s Complete Expository Dictionary of Old and
New Testament Words (Vol. 2, p. 234). Nashville, TN: T. Nelson.
717 Boice, J. M. (1997). Acts: an expositional commentary (p. 246). Grand Rapids, MI: Baker Books.
718 Barry, J. D., Heiser, M. S., Custis, M., Mangum, D., & Whitehead, M. M. (2012). Faithlife Study Bible

(At 13.45). Bellingham, WA: Logos Bible Software.

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“... Tomaram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo
falava” (At 13.45).
A resposta dos judeus foi um ataque verbal sobre a mensagem de Paulo.
Nada poderia enfurecê-los mais do que os privilégios de Deus estendidos aos
gentios não circuncidados. Eles não apenas se encheram de inveja, mas também,
começaram a blasfemar contra a mensagem de Paulo. A palavra “blasfemar”
(antilego, em grego) significa “falar contra, opor-se”.719 Eles estavam fazendo
exatamente o que Paulo os advertiu na semana anterior para que não fizessem:
eles estavam zombando de Deus, se opondo a Paulo e blasfemando contra o Senhor
Jesus. A palavra usada aqui para descrever a sua oposição é usada na Tradução
grega do Antigo Testamento em Isaías 65: “Estendi as mãos todo dia a um povo
rebelde, que anda por caminho que não é bom, seguindo os seus próprios
pensamentos” (Is 65.2). Paulo cita esta passagem no final de Romanos 10 para
mostrar como Deus declarou no Antigo Testamento a situação que Paulo descobriu
enquanto pregava o evangelho. Enquanto muitos gentios abraçavam o evangelho, o
povo judeu, a maior parte, desobedecia, resistia e falava contra esse mesmo
evangelho.
O evangelho sempre revela o verdadeiro estado do coração humano. Não
importa o que as pessoas religiosas dizem, se elas não confiam em Jesus, elas
realmente não querem viver para sempre com Deus.
Para combater esta oposição judaica, Paulo e Barnabé lhes responderam
corajosamente.

III. A Palavra salva os eleitos


“Então, Paulo e Barnabé, falando ousadamente, disseram: Cumpria que
a vós outros, em primeiro lugar, fosse pregada a palavra de Deus; mas, posto
que a rejeitais e a vós mesmos vos julgais indignos da vida eterna, eis aí que
nos volvemos para os gentios” (At 13.46).

O que devemos fazer quando as pessoas se levantam contra nós? Podemos


fazer o que Paulo fez nesta situação. No versículo 46, lemos: “Paulo e Barnabé,
falando ousadamente...”. A palavra “ousadamente” (parrhesiazomai, em grego)
significa “usar a liberdade de falar, falar com franqueza”.720 Eles estavam cheios do
Espírito Santo e receberam grande confiança, ousadia e coragem para lidar com
esse antagonismo dos judeus.

719 Swanson, J. (1997). Dictionary of Biblical Languages with Semantic Domains: Greek (New
Testament) (electronic ed.). Oak Harbor: Logos Research Systems, Inc.
720 Kittel, G., Friedrich, G., & Bromiley, G. W. (1985). Theological Dictionary of the New Testament (p.

794). Grand Rapids, MI: W.B. Eerdmans.

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“Então, Paulo e Barnabé, falando ousadamente, disseram: Cumpria que
a vós outros, em primeiro lugar, fosse pregada a palavra de Deus; mas, posto
que a rejeitais...” (At 13.46).
Levar o evangelho aos gentios era um cumprimento do propósito de Deus.
Paulo foi chamado por Deus para pregar o evangelho, não somente aos judeus, mas
também, e, sobretudo aos gentios. Era o plano de Deus para abençoar todas as
famílias da terra.
Este era o padrão de pregação missionária da igreja primitiva. Os judeus
tinham prioridade (cf. Rm 9-11), mas Deus havia incluído os gentios. Aqueles na
sinagoga de Antioquía conheciam o Antigo Testamento e poderiam verificar as
profecias. Atos tem uma série de textos sobre esse conceito e padrão (cf. 3.26; 9.20;
13.5, 14; 16.13; 17.2, 10, 17).721 A Bíblia nos diz que a salvação veio aos judeus, e
em Romanos 1, lemos que o evangelho é o poder de Deus para salvação de todo
aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego (Rm 1.16). O plano de Deus
era salvar o povo judeu primeiro, para que eles, por sua vez, proclamassem o
evangelho as nações. Em Atos 3, Pedro disse o mesmo ao povo judeu: “Tendo Deus
ressuscitado o seu Servo, enviou-o primeiramente a vós outros para vos abençoar, no
sentido de que cada um se aparte das suas perversidades” (At 3.26).
Além disso, em cada viagem missionária Paulo sempre ía à sinagoga local
primeiro e declarava o evangelho aos judeus, porque era a ordem de Deus que eles
fossem apresentados com a mensagem da salvação em primeiro lugar, antes das
outras pessoas. Encontramos essa idéia também nas palavras de Jesus quando
disse aos seus apóstolos: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo,
e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e
até aos confins da terra” (At 1.8). Ou seja, o evangelho seria pregado primeiramente
aos que estavam mais próximos dos apóstolos, neste caso, os judeus.

“Porque o Senhor assim no-lo determinou: Eu te constituí para luz dos


gentios, a fim de que sejas para salvação até aos confins da terra” (At 13.47).
Então Paulo declarou aos judeus de Antioquia da Pisídia, “Nós tivemos que
falar da palavra de Deus para vocês primeiro”. Mas, em seguida, ele continuou,
“Tendo em vista que vocês rejeitaram e não se julgam dignos da vida eterna, agora
nos voltamos para os gentios”. Depois que os judeus de Antioquia disseram “não”
ao evangelho, os missionários ficaram desobrigados quanto a eles, e podiam
dedicar aos gentios a totalidade de sua atenção.722
Em seguida, Paulo citou Isaías 49.6, que nos apresenta o Messias como a luz,
não somente dos judeus, mas também dos gentios: “Eu te constituí para luz dos
gentios, a fim de que sejas para salvação até aos confins da terra” (At 13.47). O que
significa que o Senhor Jesus Cristo pode trazer a salvação até os confins da terra.
Simeão usou esta citação na bênção de Jesus em Lucas 2.32 para afirmar Sua tarefa
Messiânica da redenção universal. A “luz” no contexto refere-se à pregação do
evangelho de Paulo e Barnabé aos gentios. Foi por isso que Jesus ordenou aos seus
discípulos a pregarem o evangelho em todo o mundo, “em Jerusalém, em toda a

721 Utley, R. J. (2003). Luke the Historian: The Book of Acts (Vol. Volume 3B, p. 170). Marshall, TX:
Bible Lessons International.
722 I. Howard Marshall. Atos, introdução e comentário. São Paulo: Editora Vida Nova, 1982, p. 219.

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Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”. É por isso que Jesus primeiro disse:
“Eu sou a luz do mundo” (Jo 8.12). Todo cristão tem a responsabilidade de
testemunhar, não apenas aos judeus, mas também aos gentios. Nós somos a luz do
mundo (Mt 5.16).

IV. A Palavra gera alegria no coração dos eleitos


“Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do
Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (At
13.48).

Qual foi a resposta de Deus para aqueles que acreditaram no evangelho? Em


contraste com o ciúme dos judeus que blasfemaram e rejeitaram a mensagem, os
gentios foram preenchidos com a alegria da salvação.723 Onde quer que a salvação
de Deus seja abraçada há alegria, e como Lucas deixa claro, essa alegria é fruto do
Espírito Santo (13.52; cf. Lc 2.10; At 8.8, 39; 15.31).

“... E creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (At
13.48).

Quando o evangelho é pregado, todos os que foram destinados para a vida


eterna serão salvos (Ef 2.8). Esta breve frase é uma das mais claras em toda a
Escritura a respeito da soberania de Deus na salvação. A Escritura afirma que
aqueles que vão para o inferno, o fazem porque se julgam indignos da vida eterna
(v. 46). Por outro lado, os eleitos são salvos porque Deus os designou para a vida
eterna (v. 48).
A palavra “destinado” (Tasso, em grego) era usada em documentos antigos,
no sentido de “inscrever” ou “matricular”.724 Em termos de salvação, os nomes dos
eleitos estão inscritos no livro da vida (Sl 69.28; Fp 4.3; Ap 3.5; 13.8; 17.8; 20.12,
15; 21.27; 22.19.] Está tudo escrito. Todos os nomes que estão escritos no livro da
vida de Deus ouvirão o evangelho, crerão e se regozijarão por tão grande salvação.

A eleição é incondicional no sentido de que a escolha de Deus não foi


baseada em alguma atitude boa que Ele viu em nós, nem mesmo pelo fato de saber
(presciência) que algumas pessoas “bondosas” escolheriam a Cristo. Se fosse
realmente assim, seria uma negação de Sua graça, porque a salvação seria baseada
em algo de bom que fizemos. Porém, a Escritura é clara ao afirmar que a salvação
só é possível pela graça de Deus (Ef 2.8-9; Rm 9.11-18; 11.5-6)

Embora a vontade do homem não seja livre, ele tem uma vontade, que a
Escritura reconhece claramente. Longe de Deus, a vontade do homem está cativa
ao pecado. Mas ele é, no entanto, capaz de escolher Deus, porque Deus tornou essa
escolha possível. John Stott responde as possíveis perguntas que as pessoas
723 Trites, A. A., William J. Larkin. (2006). Cornerstone biblical commentary, Vol 12: The Gospel of
Luke and Acts (p. 507). Carol Stream, IL: Tyndale House Publishers.
724 Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996). Vine’s Complete Expository Dictionary of Old and

New Testament Words (Vol. 2, p. 33–34). Nashville, TN: T. Nelson.

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geralmente fazem acerca da doutrina da eleição: “Não fui eu quem escolheu a
Deus?” Alguém pergunta, de forma indignada; e a isso devemos responder: “Sim,
realmente escolheu, e livremente, mas somente porque na eternidade Deus
escolheu você primeiramente”. “Não fui eu que me decidi por Cristo?” pergunta
outra pessoa; e a isto devemos responder: “Sim, realmente o fez, e livremente, mas
somente porque Deus primeiramente tinha decidido em seu favor.”725 Nenhuma
pessoa recebe Jesus Cristo como Salvador que não tenha sido escolhida por Deus
(Rm 8.29, 9.11; 1Ts 1.3-4; 1Pe 1.2). Esse ensino também é encontrado no
evangelho de João: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a
mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo 6.37).

“E divulgava-se a palavra do Senhor por toda aquela região” (At 13.49).


Nada poderia impedir a propagação da palavra do Senhor, a palavra se
espalhou por toda a região. Os crentes gentios se tornaram testemunhas tão logo
foram convertidos. Eles saíram por toda a região compartilhando do evangelho
com outras pessoas, dizendo: “Há um Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que
ama não apenas os judeus, mas também os gentios. Somos todos bem-vindos,
porque Jesus ama os pecadores”.
No entanto, ao mesmo tempo houve um aumento da perseguição.726 O
próprio Paulo sofreu com isso.

“Mas os judeus instigaram as mulheres piedosas de alta posição e os


principais da cidade e levantaram perseguição contra Paulo e Barnabé,
expulsando-os do seu território” (At 13.50).
Os judeus incitaram algumas “mulheres religiosas influentes” e os “líderes
da cidade”, possivelmente seus maridos a perseguirem Paulo e Barnabé, que
acabaram expulsos da cidade. A mistura de homens e mulheres demonstra a
oposição incondicional à Igreja. Paulo escreveu sobre esta perseguição ao jovem
Timóteo: “As minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em
Antioquia, Icônio e Listra, —que variadas perseguições tenho suportado! De todas,
entretanto, me livrou o Senhor” (2Tm 3.11).

“E estes, sacudindo contra aqueles o pó dos pés, partiram para Icônio.


Os discípulos, porém, transbordavam de alegria e do Espírito Santo” (At 13.51–
52).
Apesar da oposição, Paulo e Barnabé, não ficaram desencorajados. Pelo
contrário, em conformidade com a instrução do Senhor (Mt 10.14; Lc 9.5; 10.11),
eles sacudiram a poeira de seus pés em sinal de protesto e deixaram a cidade.727
Em seguida, Paulo e Barnabé partiram para Icônio, que ficava cerca de 145 km ao
leste de Antioquia, na mesma área da província da Galácia (o antigo distrito da

725STOTT, John. A Mensagem de Efésios. São Paulo: Editora ABU, 2007, p. 17.
726 Stott, J. R. W. (1994). The message of Acts: the Spirit, the church & the world (p. 228). Leicester,
England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press.
727 Toussaint, S. D. (1985). Acts. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge

Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 2, p. 390–391). Wheaton, IL: Victor Books.

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Frigia).728 Paulo continuou entrando nas sinagogas durante as suas campanhas
missionárias (At 14.1; 16.13; 17:1, 10, 17; 18.4, 19; 28.17). Paulo tinha
conhecimento da ordem dada por Deus “primeiro o judeu” (Rm 1.16-17; 2.9-10).

“... Os discípulos, porém, transbordavam de alegria e do Espírito Santo”


(At 13.52).
Lucas conclui o capítulo com uma nota de esperança: “Os cristãos de
Antioquia continuaram muito alegres e cheios do Espírito Santo” (At 13.52, NTLH).
Esta é uma declaração maravilhosa e encorajadora. No meio da perseguição, os
novos convertidos estavam cheios de alegria em sua busca de Cristo. Lucas utiliza
outro verbo no tempo imperfeito (continuar) que significa “eles continuaram
cheios de alegria e do Espírito Santo”. Somente o Espírito Santo pode dar alegria
em meio à perseguição (cf. Tg 1.2; 1Pe 4.12).729 A perseguição teve precisamente o
efeito contrário à intenção dos judeus. O sangue dos mártires ainda é a semente da
igreja.730 O próprio Deus estava enchendo e sustentando esses crentes gentios em
sua nova vida cristã.
O que aconteceu naquele sábado em Antioquía é uma ilustração da verdade
declarada pelo Senhor Jesus: “... Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno
não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).

Conclusão:
Quando os judeus rejeitaram o evangelho, Paulo e Barnabé não voltaram
para casa. Em vez disso, eles pregaram aos gentios, em obediência a Deus (At
13.47). Assim, mesmo ameaçados, eles foram para outra cidade e continuaram
pregando corajosamente o evangelho (At 13.52).
Esta não é apenas uma tarefa dos apóstolos ou dos pastores e
evangeslistasem nossos dias. Lucas nos diz que a palavra do Senhor se espalhou
por toda a região (At 13.49). Isto é, aqueles que haviam recebido a graça de Deus
em Cristo estavam acopartilhando com outros. Evangelismo é uma
responsabilidade de todos aqueles que provaram da graça de Deus.

728I. Howard Marshall. Atos, introdução e comentário. São Paulo: Editora Vida Nova, 1982, p. 220.
729 Utley, R. J. (2003). Luke the Historian: The Book of Acts (Vol. Volume 3B, p. 171). Marshall, TX:
Bible Lessons International.
730 Robertson, A. T. (1933). Word Pictures in the New Testament (At 13.52). Nashville, TN:

Broadman Press.

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