O Mercado de Trabalho em Pernambuco
O Mercado de Trabalho em Pernambuco
O Mercado de Trabalho em Pernambuco
Resumo
Realiza um diagnstico da situao recente do mercado de trabalho no Estado de Pernambuco. Contempla uma investigao da dinmica do emprego estadual sob as perspectivas setorial e espacial. Discute a questo da Taxa de Desemprego Aberto, dos rendimentos do trabalho e das desigualdades nos nveis de rendimento, alm de analisar o comportamento do setor informal no Estado. Dentre as principais concluses, destacam-se as taxas decrescentes do emprego no setor manufatureiro do Estado; o baixo nvel dos rendimentos da Regio Metropolitana (RM) do Recife vis--vis s outras regies metropolitanas do pas; finalmente, a existncia de elevados nveis de desigualdades dos rendimentos, sendo a RM do Recife a que apresentou os maiores ndices de desigualdades.
Palavras-chave:
Fora de Trabalho; Emprego e desemprego; Desigualdade de rendimentos; Desenvolvimento econmico e social.
725
1 - INTRODUO
A economia do Estado de Pernambuco vem, ao longo das ltimas duas dcadas (1980 e 1990), apresentando uma trajetria de crescimento extremamente errtica com perodos de crescimento econmico seguidos de fases de queda no Produto Interno Bruto (PIB). Esta trajetria observada tem sido, em ampla medida, condicionada pelo ambiente geral de recesso da economia brasileira. No caso especfico de Pernambuco, as evidncias recolhidas pelos autores e relacionadas a um conjunto de variveis macroeconmicas, apontaram a observncia no Estado de uma preocupante reduo nas suas taxas de crescimento econmico. O PIB pernambucano cresceu menos que os do Brasil e do Nordeste e, tambm, cresceu menos que os PIBs das economias do Cear e da Bahia, Estados que apresentam nveis de Produto per capita relativamente prximos ao de Pernambuco. Aprofundando a investigao, os autores identificaram o setor industrial como o principal responsvel pelo baixo dinamismo da economia estadual. O mesmo apresentou uma taxa mdia de crescimento negativa da ordem de -1,2% ao ano entre 1985 e 1995. O setor agropecurio tambm apresentou taxas negativas de crescimento embora em menor magnitude que o setor industrial. O setor servios, mesmo apresentando taxas positivas, cresceu menos que o mesmo relativamente regio Nordeste e ao Brasil como um todo no mesmo perodo. Evidentemente esta tendncia claramente negativa das taxas de crescimento do produto afetou, sobremaneira, o comportamento dos indicadores relacionados ao mercado de trabalho. No somente como se ver a seguir a taxa de expanso do emprego foi reduzida como mudanas setoriais importantes foram constatadas. O emprego no setor manufatureiro, outrora um importante gerador de postos de trabalhos, perdeu importncia para a administrao pblica. A desigualdade nos rendimentos da fora de trabalho formal na regio metropolitana de Recife tem
sido refratria baixa e tem permanecido em nveis superiores aos das demais regies metropolitanas brasileiras. O objetivo geral , portanto, apresentar uma anlise do mercado de trabalho no Estado, com vistas a apontar as principais caractersticas de sua evoluo recente e estabelecer conexes entre os fenmenos observados entre este mercado e o mercado de produo de bens e servios. Para tal, sempre que possvel, a situao do emprego por setor (ou subsetor) da economia avaliada. Ou seja, uma preocupao importante apontar aquelas caractersticas do mercado de trabalho que so definidas pelo padro produtivo relacionado, em especfico, especializao setorial existente. Num primeiro momento, a anlise conduzida de forma a mostrar as tendncias mais gerais que se encontram ocorrendo, ora no conjunto do Estado de Pernambuco, ora nas suas reas geogrficas homogneas. Para esta investigao, os dados utilizados so os obtidos no banco de dados Sistema Relao Anual de Informaes Scioeconmicas (RAIS) do Ministrio do Trabalho. Em seguida, a investigao centra foco na regio metropolitana do Recife cujos atributos, ao longo da dcada de 1990 do mercado de trabalho, sero cotejados com os de outras cinco reas metropolitanas brasileiras (Belo Horizonte, Rio de Janeiro, So Paulo, Porto Alegre e Salvador). A base de dados para atributos do mercado de trabalho metropolitano da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE).
prego total; e identifica a dinmica do emprego pblico e do privado. Partindo para investigar a dinmica do emprego nos grandes setores, tomando-se o ano de 1986 como base=100, o quadro a defrontar-se de desacelerao do crescimento do emprego nos anos da dcada de 1980 seja na indstria, seja no tercirio e seja na agropecuria. A partir dos anos 90 esta trajetria negativa tornou-se mais marcante com o emprego no setor industrial entrando numa rota de firme declnio. No setor de servios, houve tambm queda do emprego, neste incio da dcada de 1990, mas a partir de 1994 deu-se incio a uma retomada do crescimento. Em comum nas trajetrias setoriais vislumbradas a flagrante involuo do emprego urbano (industrial e de servios) no incio dos anos 90, depois do perodo de crescimento da dcada anterior. No tercirio, a recuperao ocorre rapidamente aps 1994 apontando para o efeito
positivo da estabilizao macroeconmica sobre as atividades tercirias , mas a indstria no apresentou, por seu turno, recuperao at 1998. Este quadro revela um fato muito importante para o entendimento da dinmica setorial do emprego no estado. O setor industrial no se constitui mais, em conformidade com tendncias gerais da economia brasileira, em uma grande fonte de criao de empregos tal como fora durante os anos 60 e 70. Esta assertiva mais verdadeira quando a trajetria do emprego da indstria de transformao um dos subsetores componentes do setor industrial, que pode ser encarado como o ncleo duro daquele setor - apresentada. Os dados da TABELA 1 deixam evidente que este subsetor teve um desempenho positivo ainda nos 80 e atingiu um mximo de crescimento do nmero de empregos em 1990. Desde ento, o seu desempenho tem sido medocre com forte decrescimento do nvel do emprego gerado no setor.
TABELA 1
PERNAMBUCO EVOLUO DO EMPREGO FORMAL EM SETORES SELECIONADOS, NO PERODO 1986/1998 BASE (1986=100)
Setor Industrial 100,0 100,9 100,6 120,4 100,7 94,5 86,2 71,7 74,4 77,4 74,9 73,7 70,0 Setor Agropecurio 100,0 92,2 59,9 77,5 79,6 73,3 99,1 124,9 404,1 421,4 375,0 341,4 326,5 Setor Tercirio 100,0 106,8 105,0 65,7 100,9 92,3 89,1 92,1 101,4 110,3 112,6 115,9 119,1 Emprego Pblico* 100,0 100,3 99,1 94,3 93,2 73,3 69,2 73,9 107,6 95,0 97,1 100,2 109,8 Emprego Privado** 100,0 112,3 112,3 115,4 109,3 117,2 110,9 108,6 102,0 110,1 107,5 107,1 104,1 Ind. Transform. 100,0 100,6 102,7 109,0 103,2 94,5 85,9 68,0 71,5 73,2 69,4 67,4 63,4 Emprego Total 100,0 109,0 108,7 109,6 104,9 105,1 99,4 99,1 103,6 105,9 104,6 105,2 105,7
1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
FONTE: Dados brutos: Sistema RAIS. Ministrio do Trabalho. NOTA: * Emprego da administrao pblica. ** Emprego total menos o da administrao pblica.
727
Os dados relativos participao percentual dos vrios setores e subsetores no total do emprego formal do Estado so apresentados na TABELA 2. notvel, confirmando o fenmeno apreendido no pargrafo anterior, a perda de importncia relativa do setor industrial na gerao de empregos formais. Durante o ltimo qinqnio da dcada de 80 e at 1992, o setor ainda representou cerca de 30% do emprego total mas durante o decorrer da dcada de 90 a participao decresceu para o patamar de 23% e 24%. O seu componente relativo indstria de transformao teve sua participao no total do emprego, reduzida em cerca de nove pontos percentuais nos onze anos compreendidos entre 1986 e 1998. No tercirio ocorreu o contrrio, com sua participao aumentando de importncia no cenrio estadual. O setor que j era tradicionalmente importante na gerao de empregos formais passou a ser ainda mais importante na dcada de 90 atingindo 72,5% do total estadual em 1998.
No setor agropecurio ocorreu um fenmeno inaudito de crescimento do emprego ao longo do perodo e tambm da sua participao no emprego formal total. Aqui no h muito para comentar sobre esta trajetria porque no parece confirmar-se por outras variveis como o PIB, por exemplo, um crescimento espetacular da produo neste setor, que explicasse uma provvel expanso do emprego. O que pode estar, de fato, ocorrendo uma melhoria na coleta de dados no setor, o que fez a srie estatstica deslanchar nos anos 90. A distino entre empregos da administrao pblica e os empregos privados (no-pblicos) traz evidncias tambm ilustrativas sobre caractersticas do mercado de trabalho estadual. O setor pblico tem-se mostrado uma fonte importante de gerao de empregos, porque tem se constitudo num colcho de resistncia anticclica da crise e vem operando, num certo sentido, na contramo da reduo do emprego na in-
TABELA 2
PERNAMBUCO PARTICIPAO PERCENTUAL DOS SETORES NO TOTAL DO EMPREGO 1986 A 1998
Perodo 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Setor Industrial 33,3% 30,9% 30,8% 36,6% 32,0% 30,0% 28,9% 24,1% 23,9% 24,4% 23,9% 23,3% 22,1% Setor Agropecurio 1,7% 1,4% 0,9% 1,2% 1,3% 1,2% 1,7% 2,2% 6,7% 6,8% 6,1% 5,6% 5,3% Setor Tercirio 64,4% 63,1% 62,2% 38,6% 61,9% 56,5% 57,7% 59,8% 63,0% 67,0% 69,3% 70,9% 72,5% Emprego Pblico* 27,5% 25,3% 25,1% 23,7% 24,5% 19,2% 19,2% 20,5% 28,6% 24,7% 25,5% 26,2% 28,6% Emprego Privado** 72,5% 74,7% 74,9% 76,3% 75,5% 80,8% 80,8% 79,5% 71,4% 75,3% 74,5% 73,8% 71,4% Ind Transform. 26,1% 24,1% 24,7% 26,0% 25,7% 23,5% 22,6% 17,9% 18,0% 18,1% 17,3% 16,7% 15,7%
FONTE: Dados brutos: Sistema RAIS. Ministrio do Trabalho. NOTA: * Emprego da administrao pblica. ** Emprego total menos o da administrao pblica.
728
dstria de transformao. Comparando-se as participaes relativas dos dois subsetores no total do emprego, nota-se que esta diferena no era relevante durante a ltima metade da dcada de 80, mas tem-se tornado relevante nos anos 90 quando o emprego pblico mostrou um flego de crescimento a partir de 1994. Ora, em resumo, o que um breve olhar sobre a situao do emprego, entre alguns setores e subsetores da economia, mostrou foi: primeiro, gerar emprego em Pernambuco est sendo uma tarefa difcil, uma vez que o crescimento do emprego total formal foi medocre nos doze anos analisados entre 1986 e 1998; segundo, o setor industrial e, principalmente, dentro dele a indstria de transformao, tem mostrado declnio da participao relativa do emprego no total da economia do Estado; terceiro, o setor pblico , ainda, uma relevante fonte geradora de empregos; e quarto, a maior parte dos empregos gerados no Estado origina-se no seu setor tercirio - servios, no sentido geral (que inclui administrao pblica) e comrcio. Evidncias adicionais disponveis indicam o pobre desempenho do mercado de trabalho estadual, que apresentou baixas taxas de crescimento do emprego total, quando cotejadas com as taxas de crescimento do PIB total do Estado para os mesmos subperodos. Os resultados no so muito otimistas uma vez que este perodo de doze anos elencado (1986/1998) foi de reduzido crescimento econmico e de muitas dificuldades para a promoo do desenvolvimento em Pernambuco. No entanto, deve ser levado em considerao que, no ltimo qinqnio da dcada de 80, a expanso do emprego ocorreu em taxas superiores s verificadas para o crescimento do Produto. Na dcada seguinte, o quadro de gerao de empregos formais tornou-se muito difcil com o emprego crescendo a taxas menores que as do Produto (Gabrielli, 1999). Este , sem dvida, um grande desafio que a sociedade pernambucana precisar enfrentar neste momento atual: o de promover a retomada do 729
das meso-regies. No Serto, a taxa anual de crescimento do emprego total foi 3,8% e, na regio do Agreste, ela foi de 2,9% anuais. claro que os dados tm mostrado a importncia da agropecuria na gerao de empregos nestas duas reas, uma vez que suas taxas de crescimento tm sido elevadas. O que ocorre, entretanto, que a participao do emprego, destas reas do Estado, no total do agropecurio vem declinando, sendo este comportamento mais grave no Agreste. A explicao possvel para esta trajetria a de que a agropecuria destas regies muito mais frgil que a das demais reas do Estado, por causa das fortes variaes climticas advindas do fenmeno, comum em Pernambuco como de resto no Nordeste brasileiro, das secas. Ainda assim, contrastando com este quadro de perda de importncia relativa do emprego do setor, a dinmica de crescimento do emprego agropecurio revelou-se muito positiva. Crescendo a uma taxa anual de 32% no perodo 19861995, o emprego da agropecuria no Serto ultrapassou o mesmo do Agreste. So 7.256 empregos formais, em 1995, no setor contra 3.599 no mesmo setor na regio agrestina. Na Zona da Mata pernambucana, a situao observada no emprego de leve tendncia baixa, no que se refere ao emprego urbano (industrial e de servios) e de aumento do emprego rural (da agropecuria). As taxas de crescimento corroboram este cenrio, mostrando o crescimento negativo nos setores da indstria (-1,2% ao ano) e de servios (-3,6% ao ano), contra a expressiva taxa de 29,1% para a agropecuria. Na regio metropolitana do Recife, o quadro geral de perda de importncia relativa de todos os setores, portanto, tambm do seu emprego total no emprego total do Estado, entre 1986 e 1995. O emprego industrial apresentou crescimento negativo no perodo total considerado (-3,4% ao ano) e, mais desconfortvel para a regio, que o setor de servios tambm apresentou uma taxa de crescimento bastante inex-
pressiva, ficando praticamente estagnada (0,04% ao ano) nos dez anos analisados. O saldo final da situao do emprego formal no Estado aponta para um srio problema de gerao de empregos no perodo considerado. O setor industrial teve uma taxa anual de crescimento bastante preocupante, caracterizando-se por forte trajetria de declnio do emprego no setor: a uma taxa negativa de (-3,4%). O setor de servios, por sua vez, no foi capaz de compensar adequadamente a perda ocorrida na indstria, e teve um crescimento pfio de 0,4% ao ano, entre 19861995. Finalmente, o setor agropecurio apresentou uma expanso muito expressiva do emprego, com uma taxa de 22,3% ao ano no perodo total. No entanto, sua importncia em termos absolutos muito reduzida. Por isso, explica-se o fato de que o emprego total formal no Estado no tenha sido substancialmente acrescido. O resultado quanto situao espacial do emprego de queda do nmero de empregos formais na regio mais desenvolvida do Estado: a sua rea metropolitana. De fato, no somente nesta ltima, a situao mostra-se difcil. Em conjunto a Rede Municipal do Recife (RMR) e a Zona da Mata do Estado perderam 11.366 empregos entre 1986 e 1995, que, em termos de saldo lquido para o Estado como um todo, s foi compensado pela maior nmero de empregos criados no Serto e no Agreste (32.064) ao longo do mesmo perodo.
TABELA 3
PERNAMBUCO DISTRIBUIO (%) E TAXAS DE CRESCIMENTO DO EMPREGO SETORIAL E TOTAL, POR MESO-REGIES
Meso-regio Serto Setor Industrial Servios Agropecuria Total Industrial Servios Agropecuria Total Industrial Servios Agropecuria Total Industrial Servios Agropecuria Total Industrial Servios Agropecuria Total (%) no Emprego 1990 1986 3,2 5,2 5,3 4,8 13,6 7,5 4,7 5,0 4,9 5,1 8,3 7,3 17,4 15,7 7,3 6,7 32,8 26,3 8,4 10,0 36,6 32,1 16,6 15,4 59,1 63,5 78,0 77,9 32,4 44,7 71,3 72,9 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 1995 3,7 7,3 12,9 6,8 5,8 9,6 6,4 8,4 30,3 6,8 43,5 15,0 60,2 76,3 37,2 69,7 100,0 100,0 100,0 100,0 Taxas Anuais de Crescimento (%) 1986/1995 1990/1995 1986/1990 -6,4 -2,8 -11,3 5,3 9,5 2,6 32,6 49,7 26,0 3,8 9,8 -0,9 -1,4 -2,3 -0,8 3,7 4,7 3,6 13,0 18,2 11,3 2,9 3,9 2,7 -1,2 -8,2 6,0 -4,2 -3,6 -3,8 29,1 58,4 12,1 0,0 -2,2 2,2 -3,4 -5,9 -1,6 0,4 0,5 0,4 22,3 57,0 0,1 -0,2 -0,3 -0,2 -3,4 -5,9 -1,6 0,4 0,5 0,4 22,3 57,0 0,1 -0,2 -0,3 -0,2
Agreste
Zona da Mata
RM de Recife
Pernambuco
FONTE: Sistema RAIS do Ministrio do Trabalho. Braslia, DF. Elaborao dos autores.
prego, o interesse pelo que ocorre neste espao geoeconmico de extrema relevncia. Adicionalmente, pode-se ainda argumentar que a RM do Recife reveste-se de caractersticas fundamentais relacionadas ao atributo de ela ser a rea central das atividades produtivas de mais alto significado no Produto estadual. Assim sendo, as grandes transformaes produtivas concernentes ao crescimento e decrescimento do emprego; as alteraes na composio setorial do produto e suas implicaes sobre o emprego; e as mudanas no padro tecnolgico intra-industrial com implicaes sobre a demanda e sobre o perfil da mo-de-obra, entre outras, 731
so perceptveis em maior intensidade nesta importante rea do Estado. O quadro vislumbrado com o uso dos dados da Populao Economicamente Ativa (PEA)1 , na
Conceitualmente, a PEA ...compreende o potencial de mo-deobra com que pode contar o setor produtivo, isto , a populao ocupada e a populao desocupada, assim definidas: populao ocupada aquelas pessoas que, num determinado perodo de referncia, trabalharam ou tinham trabalho mas no trabalharam (por exemplo, pessoas em frias). (...) Populao Desocupada aquelas pessoas que no tinham trabalho, num determinado perodo de referncia, mas estavam dispostas a trabalhar, e que, para isso, tomaram alguma providncia efetiva - consultando pessoas, jornais, etc. (Disponvel em: <www.ibge.gov.br/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme/pmemet2.shtm>).
TABELA 4 e GRFICO 1, evidencia que, nas seis principais regies metropolitanas brasileiras cobertas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME)2 do IBGE, houve uma forte assimetria no crescimento da fora de trabalho entre os anos 1991-1999. No conjunto das seis RMs pesquisadas, a do Recife foi aquela que teve menor ganho absoluto entre o incio e o final do perodo: a PEA foi aumentada em 122.040, que foi um nmero muito menor que o das RMs com tamanho de populao aproximado, como so as RMs de Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador. A TABELA 4 em referncia mostra os ganhos em dois subperodos distintos, recortados para captar os efeitos da estabilizao do processo inflacionrio, a partir de 1994, sobre o
mercado de trabalho. O que se nota que, no primeiro subperodo de 1991-1994, a regra geral para o conjunto das seis RMs a de crescimento menos intenso que no subperodo posterior. Neste caso, pode-se atribuir ao Plano Real a melhoria no quadro geral de crescimento da Populao Economicamente Ativa metropolitana brasileira. Junto com a RM do Recife, as do Rio de Janeiro, So Paulo e Belo Horizonte, tiveram mais crescimento depois do Plano Real que antes. Somente as RMs de Porto Alegre e de Salvador apresentaram crescimento mais relevante no subperodo inicial da dcada de 1990. A importncia do crescimento da PEA para uma dada economia est relacionada expanso do tamanho do mercado de produo de bens e
TABELA 4
POPULAO ECONOMICAMENTE ATIVA POR REGIO METROPOLITANA 1991 A 1999
Total RE SSA PA BH SP RJ Mdias Anuais 15.848.195 1.065.954 992.087 1.426.707 6.885.836 1.269.144 4.208.466 1991 1.009.493 15.931.898 1.425.139 1.088.418 6.938.833 1.286.908 4.183.108 1992 1.026.800 16.056.650 1.466.221 1.101.360 1.297.896 4.228.284 6.936.090 1993 1.065.000 16.431.743 1.528.699 1.099.679 1.408.734 4.235.085 7.094.547 1994 1.111.122 1.073.470 16.754.682 1.404.441 1.599.872 4.283.585 7.282.190 1995 1.123.584 1.110.754 17.273.609 1.642.070 7.603.345 1.451.736 4.342.119 1996 1.138.054 1.119.273 17.328.679 1.660.524 7.605.358 1.458.196 4.347.275 1997 1.191.206 1.122.102 17.685.309 1.773.822 7.705.368 1.494.981 4.397.831 1998 1.187.994 1.131.236 17.721.119 4.370.950 7.758.947 1.498.761 1.773.232 1999 Crescimento Absoluto 1.872.924 346.525 122.040 139.149 873.111 229.617 162.484 1991 a 1999 101.992 33.725 72.913 583.548 208.711 139.590 26.619 1991 a 1994 966.437 76.872 57.766 87.365 476.757 94.320 173.360 1995 a 1999 FONTE: Dados brutos: Pesquisa Mensal de Emprego, PME. IBGE. Revista Conjuntura e Anlise. Apud (2000) Rio de Janeiro/RJ.
A PME uma pesquisa de periodicidade mensal sobre mode-obra e rendimento do trabalho. Os dados so obtidos de uma amostra probabilstica de aproximadamente, 38.500 domiclios situados nas Regies Metropolitanas do Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, So Paulo e Porto Alegre (Disponvel em: <www.ibge.gov.br/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme/pmemet2.shtm>). Revista Econmica do Nordeste, Fortaleza, v. 32, n. Especial p. 725-739, novembro 2001
732
GRFICO 1
EVOLUO DA PEA DAS RMS DE RECIFE E SALVADOR, 1991 A 1998 (BASE 1991=100)
servios. Como a PEA refere-se ao conjunto das pessoas ocupadas e das desocupadas em busca de trabalho, o seu nvel absoluto reflete adequadamente o potencial produtivo de uma economia num dado instante de tempo. Portanto, pode-se apontar que o plano estabilizao econmica (Plano Real) realizou impactos considerveis sobre o mercado de trabalho os dados de crescimento absoluto do perodo 1995/1999 comprovam esta assertiva na medida em que criou as condies necessrias expanso do nvel de atividade econmica no pas (Gabrielli, 1999).
tam valores para a taxa de desemprego, em geral, superiores ao da mdia total das seis RMs ao longo de todo o perodo. Este um ponto fundamental para a discusso de polticas pblicas no Estado: a fragilidade estrutural do mercado de trabalho em gerar postos de trabalho em nmero e qualidade necessrios ao melhor aproveitamento da populao economicamente ativa disponvel na sua rea metropolitana. E claro que a fragilidade torna-se mais aparente nas fases de desacelerao da atividade econmica. interessante apontar que, novamente, os impactos positivos gerados pela estabilizao promovida pelo Plano Real se fizeram sentir largamente nas vrias economias estaduais do pas. Nota-se (ver TABELA 5) que, a partir de 1994, a taxa de desemprego comeou a se desacelerar, depois de um perodo de incio da dcada em que elas (as taxas) estiveram num patamar considerado satisfatrio para padres internacionais de desemprego. Esta trajetria descendente durou somente at o ano de 1996, como resultante do aquecimento da economia promovido pela estabilidade macroeconmica e o controle da inflao. Por sua vez, j se nota que no ano seguinte, em 1997, aquela trajetria desfeita com a irrupo da crise asitica e da crise finan-
ceira internacional , o que faz a taxa de desemprego aumentar, em nveis parecidos com os do perodo pr-Plano Real. Este fenmeno no atingiu somente a RM do Recife cuja taxa passou de 5,5, em 1995, para 8,7, em 1998 mas todas as demais, em intensidade diferente, tambm foram fortemente afetadas. O ponto comum observado no conjunto das seis reas metropolitanas pesquisadas que a taxa de desemprego aberto que se estabeleceu no subperodo do ps-Real e aqui est-se referindo, em especial, aos anos de 1998 e 1999 tem sido superior em magnitude s mesmas do subperodo do anterior (Barros, 1997).
aos do Recife. No entanto, j em 1998, houve uma queda muito pronunciada, relativamente ao ano anterior, na renda mdia no Recife, que a conduziu para um patamar inferior ao obtido por um trabalhador mdio em Salvador. O que fica indicado pelos acontecimentos a ocorrncia de uma extremada fragilidade estrutural do mercado de trabalho na rea metropolitana pernambucana. De um lado, tem-se visto nas sees anteriores que a sua PEA no evoluiu satisfatoriamente nos anos 90; a taxa de desemprego aberto, por sua vez, aumentou nos anos ps-Real; e, de outro lado, os rendimentos mdios recebidos pelo conjunto dos trabalhadores (com carteira, sem carteira, conta prpria e os empregadores) locais so menores que os das demais seis RMs pesquisadas.
6 - OS RENDIMENTOS DO TRABALHO
Os dados relativos renda mdia da populao ocupada nas regies metropolitanas apresentados na TABELA 6 mostram um panorama bastante negativo no que toca posio da RM do Recife no contexto das demais cinco RMs. que, medido em valores reais constantes, o rendimento mdio do trabalho no Recife tem sido o menor do conjunto investigado. A situao no pior porque, nos anos de 1995 a 1997, os rendimentos mdios em Salvador foram inferiores
7 - A DESIGUALDADE DO RENDIMENTO
Uma faceta importante a ser considerada no mercado de trabalho a que toca diretamente distribuio da renda entre os seus participantes. Foi mostrado na seo anterior o nvel de renda mdia na RM do Recife que significativamente baixo em confronto com o das demais reas metropolitanas pesquisadas mas, naquele mo-
TABELA 5
TAXA DE DESEMPREGO ABERTO POR REGIO METROPOLITANA - (%) 1991 A 1999
Mdias Anuais (%) 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 RJ 3,6 4,0 4,1 4,1 3,4 3,7 3,7 5,4 5,4 SP 5,5 6,5 5,7 5,4 5,2 6,3 6,6 8,6 8,3 PA 4,4 5,5 4,0 4,1 4,5 5,9 5,5 7,3 7,2 BH 4,1 4,8 4,5 4,3 3,8 4,6 5,1 7,2 7,7 RE 5,9 8,5 8,9 6,8 5,5 5,7 5,9 8,7 8,2 SSA 5,9 6,8 6,6 7,1 6,7 6,8 7,7 9,3 9,9 Total 4,8 5,8 5,3 5,1 4,7 5,4 5,7 7,6 7,5
FONTE: Dados brutos: Pesquisa Mensal de Emprego, PME. IBGE. Revista Conjuntura e Anlise. Apud (2000). Rio de Janeiro/RJ. Revista Econmica do Nordeste, Fortaleza, v. 32, n. Especial p. 725-739, novembro 2001
734
TABELA 6
RENDA REAL MDIA POR REGIO METROPOLITANA EM R$ DE JAN/2000
Mdias Anuais 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 RJ 584 503 539 545 621 681 698 682 SP 792 682 766 841 882 900 902 901 PA 564 475 515 575 669 681 699 690 BH 543 483 525 500 570 587 613 590 RE 359 308 343 321 374 417 445 415 SSA 459 368 407 344 370 398 433 428 Total 646 554 612 643 701 732 745 734
FONTE: Dados brutos: Pesquisa Mensal de Emprego, PME. IBGE. Revista Conjuntura e Anlise. Apud (2000). Rio de Janeiro/RJ.
mento, pouco se pde inferir sobre a estrutura de distribuio da renda gerada. Os dados necessrios para que esta caracterstica seja desvelada so agora oportunamente apresentados para o conjunto das reas metropolitanas brasileiras, objeto da PME/IBGE. A TABELA 7 revela um retrato da distribuio da renda real mdia dos ocupados por decil no ano de 1999, para as referidas reas metropolitanas. Os dados evidenciam que para o conjunto do Brasil metropolitano o mercado apresenta diferenciaes de remuneraes do trabalho que so marcantes. Alm de ser possvel perceber que os nveis de renda dos decis inferiores so extremamente reduzidos particularmente isto verdadeiro no Recife, mas tambm nas demais reas metropolitanas a distncia entre o primeiro e o dcimo decil bastante elevada. Na RM do Recife a renda mdia do ltimo (10) decil cerca de 154 vezes maior que a renda do primeiro decil; em So Paulo, por exemplo, esta relao de apenas 56 vezes; e em Salvador a mesma relao de 45 vezes. Um fato preocupante do mercado de trabalho na RM do Recife que as remuneraes mdias em cada um dos primeiros oito decis , sistematicamente, inferior s mesmas nas demais 735
RMs do pas. O mesmo no ocorre, entretanto nos dois decis de rendimentos mais elevados, o nono e o dcimo, nos quais os valores chegam a ultrapassar (mas no substancialmente) os encontrados para a RM do Salvador mas no os das outras regies metropolitanas (Gabrielli, 1997). A TABELA 8, a seguir, explora melhor os aspectos da desigualdade com dados elaborados do ndice de Gini para cada regio metropolitana, no perodo de 1991 a 1998. Duas concluses podem ser levantadas de imediato, numa leitura dos dados apresentados. Uma a da alta desigualdade da remunerao do mercado de trabalho metropolitano do pas: todas as RMs e para todos os anos, o coeficiente de Gini foi maior que 0,5 que um valor representativo da existncia de alta desigualdade. Outra que o mercado de trabalho no Recife apresenta renda mdia mais desigual isto , seus coeficientes de Gini so superiores aos das demais regies metropolitanas em todos os anos do perodo 1991/ 1998 e, tambm, no coeficiente de Gini para a mdia dos meses de janeiro/novembro de 1999.
8 - A INFORMALIDADE
Esta outra caracterstica relevante para o entendimento da estreiteza estrutural do mercado de trabalho metropolitano em Pernambuco. De um lado, o mercado de trabalho formal, gera
TABELA 7
RENDA REAL MXIMA DOS OCUPADOS POR DCIMO DA DISTRIBUIO DE RENDA, POR REGIO METROPOLITANA EM R$ DE JAN/2000
Mdia Jan a Nov/99 1 Dcimo 2 Dcimo 3 Dcimo 4 Dcimo 5 Dcimo 6 Dcimo 7 Dcimo 8 Dcimo 9 Dcimo RJ 140 204 259 315 383 454 615 833 1.317 SP 152 259 310 410 496 621 820 1.035 1.890 PA 140 208 262 314 369 445 604 838 1.049 BH 92 139 206 252 313 371 508 676 1.216 RE 45 111 139 163 208 263 323 506 847 SSA 82 137 139 169 207 274 348 501 825
FONTE: Dados brutos: Pesquisa Mensal de Emprego, PME. IBGE. Revista Conjuntura e Anlise. Apud (2000). Rio de Janeiro/RJ.
TABELA 8
NDICE DE GINI PARA DESIGUALDADES DE RENDIMENTO, POR REGIO METROPOLITANA 1991 A 1998
Mdias Anuais 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Mdia Jan-Nov/1998 Mdia Jan-Nov/1999 RJ 0,592 0,604 0,612 0,633 0,610 0,602 0,603 0,614 0,614 0,611 SP 0,546 0,548 0,555 0,593 0,572 0,578 0,577 0,597 0,598 0,600 PA 0,590 0,594 0,607 0,618 0,610 0,601 0,605 0,618 0,618 0,614 BH 0,600 0,607 0,622 0,636 0,623 0,603 0,608 0,619 0,618 0,628 RE 0,633 0,649 0,674 0,665 0,639 0,640 0,647 0,658 0,657 0,661 SSA 0,638 0,632 0,646 0,669 0,665 0,636 0,646 0,644 0,644 0,653 Total 0,606 0,612 0,624 0,646 0,629 0,621 0,625 0,636 0,636 0,638
FONTE: Dados brutos: Pesquisa Mensal de Emprego, PME. IBGE. Revista Conjuntura e Anlise. Apud (2000). Rio de Janeiro/RJ.
postos de trabalho de baixa remunerao, relativamente ao que ocorre nas demais regies brasileiras pesquisadas; e, de outro, ainda revela possuir um grande contingente de mo-de-obra informal, os sem carteira e os conta prpria, no total da fora de trabalho local. A TABELA 9 coteja dados dos empregados nas duas categorias acima referidas no Recife, Salvador e para o conjunto de seis regies metropolitanas do pas. Algumas tendncias gerais
so captadas. A primeira refere-se ao fato de que o total de pessoas no setor informal metropolitano nacional aumentou desde o incio da dcada de 90, conforme os dados mostram. No caso do total das seis reas metropolitanas, objeto de estudo da PME, o total de informais aumentou perigosamente entre 1991 e 1999 respectivamente, de 34,6% para 42,2% e aqui fica claro que, no pas todo, a estabilizao econmica e a retomada do nvel de atividade no vm gerando empregos formais em velocidade necessria para 736
TABELA 9
PARTICIPAO (%) DOS EMPREGADOS SEM CARTEIRA ASSINADA E CONTA PRPRIA NA OCUPAO TOTAL NAS REGIES METROPOLITANAS DE RECIFE, SALVADOR E NO CONJUNTO DAS SEIS RMS PESQUISADAS 1991 A 1999
Mdias Anuais 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 RM Recife Sem Conta Carteira Prpria 19,4 24,2 19,8 26,0 20,0 27,2 20,6 27,1 20,1 28,7 19,8 28,2 19,7 27,7 20,9 27,1 21,3 27,5 RM Salvador Sem Conta Prpria Carteira 16,9 24,0 17,1 23,9 25,3 17,2 19,0 27,6 19,3 27,0 18,6 27,7 18,0 27,8 18,2 27,2 18,8 26,7 Total das 6 RMs Sem Conta Total Carteira Prpria 34,6 14,7 19,9 15,4 20,9 36,3 36,9 16,0 20,9 38,4 16,7 21,7 17,0 22,0 39,0 40,4 17,6 22,8 41,0 17,7 23,3 23,2 18,3 41,5 42,2 23,5 18,7
Total 43,6 45,8 47,2 47,7 48,8 48,0 47,4 48,0 48,8
Total 40,9 41,0 42,5 46,6 46,3 46,3 45,8 45,4 45,5
FONTE: Dados brutos: Pesquisa Mensal de Emprego, PME. IBGE. Revista Conjuntura e Anlise. Apud (2000). Rio de Janeiro/RJ.
uma melhoria no quadro geral do mercado de trabalho brasileiro. O que se observa para a regio metropolitana do Recife uma situao mais grave: pelo menos desde 1995 o que coincide com a implementao do Plano Real o patamar j vem se aproximando de maneira muito mais estreita dos 50% da ocupao total. A segunda tendncia do fenmeno da informalidade, seja representada pelos sem carteira, seja pelos conta prpria, que ela mais intensa nas duas reas metropolitanas do Nordeste (e o Recife sobressai-se a Salvador, com piores indicadores) que no conjunto metropolitano nacional. Novamente, o problema das disparidades regionais no mercado de trabalho fica, portanto, bem evidente, com as RMs nordestinas em pior situao, que as das demais regies brasileiras. Uma medida para a avaliao da desigualdade de rendimento entre o mercado formal e o informal pode ser a apresentada na TABELA 10 a seguir: o diferencial dos rendimentos dos empregadores com e sem carteira assinada. Cada dado na tabela deve ser lido da seguinte manei737
ra: tomando a regio metropolitana do Recife como exemplo, em 1991 o rendimento mdio dos com carteira foi 147% superior ao rendimento mdio dos sem carteira. Em cada ano, pode-se perceber que as RMs do Recife, Salvador e Belo Horizonte tm os diferenciais de rendimento mais expressivos que a mdia das seis RMs nacionais. Em Salvador, as discrepncias so as mais pronunciadas. Nas demais regies metropolitanas, os diferenciais esto abaixo da mdia nacional e em Porto Alegre que as desigualdades so as menores do Brasil metropolitano. De qualquer modo, deve ser notado que, ao longo da dcada de 90, os diferenciais vm, paulatinamente, sendo diminudos em todas as reas metropolitanas. Na seo anterior, foi visto que os trabalhadores informais (sem carteira + conta prpria) esto aumentando sua participao na ocupao total de cada regio metropolitana em detrimento da participao do trabalhador formalizado, isto , do com carteira. Esta ten-
TABELA 10
DIFERENCIAL DOS RENDIMENTOS DOS EMPREGADOS COM E SEM CARTEIRA ASSINADA POR REGIO METROPOLITANA (%) 1991 A 1999
Mdias Anuais 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Mdia Jan-Nov/1999 RJ 108,1 121,5 112,5 114,6 87,5 76,0 77,8 91,7 72,8 SP 92,1 112,7 114,7 102,2 84,5 86,4 81,0 84,6 81,7 PA 38,2 47,7 41,1 38,6 41,9 46,1 54,4 60,3 56,6 BH 125,3 167,4 143,7 142,5 103,3 97,1 88,6 76,8 72,1 RE 147,0 169,4 189,8 145,8 106,0 109,2 101,1 104,5 102,5 SSA 207,0 214,6 202,3 176,6 122,2 109,7 108,4 115,4 107,4 Total 105,8 124,3 120,6 111,3 88,3 84,5 81,2 85,3 78,3
FONTE: Dados brutos: Pesquisa Mensal de Emprego, PME. IBGE. Revista Conjuntura e Anlise. Apud (2000). Rio de Janeiro/RJ.
dncia para o aumento das relaes informais no mercado de trabalho metropolitano foi tomada como sendo um forte indcio de existncia de um processo de precarizao das relaes de trabalho no pas. No entanto, v-se, nesta seo, que outra tendncia recente tem-se tornado dominante no mercado de trabalho nos anos 90: a reduo do diferencial de rendimentos entre os com e os sem carteira. Ora, como o rendimento mdio em cada RM vem aumentando em termos reais desde 1991 at, pelo menos, 1999 (ver TABELA 6), ento, pode-se inferir que tambm os rendimentos mdios dos sem carteira aumentaram e, claro, o fizeram em magnitude maior que os dos com carteira, sem o que o diferencial acima aludido no teria sido reduzido. Este ltimo fenmeno constatado no nega que, um processo de precarizao esteja em curso no pas, mas suaviza e atenua os seus impactos sobre o conjunto dos mercados de trabalho metropolitanos.
tersticas reveladoras da fragilidade estrutural nele existentes. A baixa taxa de crescimento do emprego da dcada de 1990 um desses pontos negativos, menor at mesmo que a taxa de expanso do PIB no mesmo perodo. Foi constatado que algumas tendncias setoriais do emprego esto se consolidando tambm nesta dcada de 1990. O emprego no setor tercirio vem-se expandindo em ritmo mais veloz que nos demais setores (excetuando-se a agropecuria) e tem contrabalanado a reduo, em termos absolutos, do emprego no setor industrial. Particularmente no que se refere a este ltimo setor, seu componente da indstria de transformao que se caracteriza por ser o ncleo da atividade industrial vem apresentando um processo de decrescimento do nvel de emprego bastante firme, que sumamente preocupante para uma economia de baixo nvel de Produto per capita, como a de Pernambuco. Em adio, a baixa gerao de empregos, o mercado de trabalho da Regio Metropolitana do Recife (RMR), o mais importante do Estado, defronta-se com um dos mais baixos nveis de rendimento (mdio) do trabalho entre o conjunto de seis regies metropolitanas brasileiras (So Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo 738
Horizonte, Salvador e o Recife), segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, para os anos 1990. A desigualdade do rendimento do trabalho na RMR uma das maiores entre as RMs brasileiras, ao longo dos anos 90, sendo que, nos anos de 1996, 1997 e 1998, a desigualdade, medida pelo ndice de Gini, foi a maior, seguida imediatamente pela RM de Salvador. Um ponto importante para reflexo levantado por esta investigao do mercado de trabalho o que diz respeito ao crescimento de importncia do setor tercirio, seja na gerao de emprego seja na gerao de produto. Uma vez que este setor tem, com sua mais alta participao relativa na composio setorial do emprego, contrabalanado, em parte, os efeitos negativos da reduo de empregos pela indstria, o que esperar da trajetria futura do montante de salrios na economia, uma vez que comumente sabido que os rendimentos mdios dos servios so menores que os gerados na indstria? Se esta uma tendncia que se firma na economia pernambucana, resta especular se ela desejvel, e quais so as reais possibilidades de os ramos do setor de servios existentes nesta economia verem seu potencial de acumulao fortalecido para serem capazes de gerar empregos de altos salrios?
Key-words:
Labor Force; Employment and Unemployment; Earning Inequalities; Social and Economic Development
10 - BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BARROS, A. R. O setor informal e o desemprego na Regio Metropolitana do Recife. Revista Econmica do Nordeste, v. 28, p. 337-361, jul. 1997. BRASIL. Ministrio do Trabalho. Banco de dados Relao Anual de Informaes Socioeconmicas (RAIS). Braslia, [19]. GABRIELLI, J. S. Movimentos cclicos e respostas em mercados de trabalho perifricos: a RMS e a Bahia nos anos 90. Revista Econmica do Nordeste, Fortaleza, v. 30, p.744-763, dez. 1999. ______. Relao entre rendimentos e qualificao: explorando os dados da PED/ RMS. Revista Econmica do Nordeste, Fortaleza, v. 28, p. 363-378, jul. 1997. REVISTA CONJUNTURA E ANLISE. Rio de Janeiro, n. 7, fev. 2000. VERGOLINO, J. R.; MONTEIRO NETO, A. Desafios do desenvolvimento em Pernambuco: BNB - Prmio Novas Idias para um novo Nordeste. Fortaleza: Banco do Nordeste, 1998. ______. A economia de Pernambuco no limiar do sculo XXI: desafios e oportunidades para a retomada do desenvolvimento. Recife, 2001.
Abstract
This article shows an investigation on labor market in Pernambuco state. The dynamics of the growth of jobs in a sectoral and spatial view is studied, along with general characteristics of the labor market like the rate of open unemployment, the growth of earnings, inequalities in the formal employees earnings and the informal sector. Some conclusions were attained. One can point out the decreasing rates of employment in the manufacturing sector; the low level of salaries in the metropolitan region of Recife compared to another metropolitan regions, and finally, the existence of high levels of inequalities, measured by the index of Gini, in earnings. 739