Arritmias Medcel 2019
Arritmias Medcel 2019
Arritmias Medcel 2019
CLÍNICA MÉDICA
ARRITMIAS
CARDÍACAS
CLÍNICA MÉDICA
SUMÁRIO
1. AVALIAÇÃO DO
ELETROCARDIOGRAMA................................3
2. BRADIARRITMIAS.......................................6
3. TAQUIARRITMIAS.....................................11
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ARRITMIAS CARDÍACAS
1. Avaliação do eletrocardiograma
O eletrocardiograma (ECG) frequentemente fornece diagnósticos
sem necessidade de exames adicionais, principalmente se realizado
no momento oportuno, como durante as crises arrítmicas.
A análise do ECG deve ser roteirizada a fim de avaliar seus segmen-
tos e identificar a alteração responsável pelas manifestações clínicas.
Em casos de pacientes que apresentam taquicardia de início súbito,
de rápida duração, por exemplo, a presença de intervalo PR curto
com onda delta sugere a síndrome de Wolff-Parkinson-White.
A interpretação do ECG começa pela análise dos planos: o plano
frontal engloba as derivações DI, DII, DIII, aVR, aVL e aVF. O plano
horizontal, por sua vez, engloba as derivações de V1 a V6.
A verificação do ritmo faz parte da avaliação inicial e poderá ser sinu-
sal se todo complexo QRS for precedido de uma onda P. Nos casos
em que não houver onda P, poderá tratar-se de um ritmo de Fibri-
lação Atrial (FA).
A frequência cardíaca fornece informações sobre a variação de bati-
mentos cardíacos em 1 minuto, em casos de bradiarritmia se inferior
a 50 ou taquiarritmia se superior a 100.
Na sequência, virá a análise dos segmentos do ECG: amplitude, du-
ração, eixo e morfologia. Por exemplo: a onda P apresenta amplitude
máxima de 2,5mm e duração de 0,12 segundo (3 quadradinhos), e o
intervalo PR, de 0,12 a 0,20 segundo (de 3 a 5 quadradinhos). O au-
mento do intervalo PR, por exemplo, pode acontecer em bloqueios
atrioventriculares. A duração do complexo QRS também deverá ser
analisada quando se avaliam bloqueios divisionais ou bloqueios de
ramos, em casos de aumento do intervalo superior a 0,12 segundo.
Na análise do eixo cardíaco, verifica-se se o complexo QRS está loca-
lizado dentro do 1º quadrante no plano frontal, considerado normal
quando entre 0° e 90°. A localização dos demais quadrantes sugere
desvio do eixo, que pode ser secundário a sobrecargas ventriculares,
por exemplo.
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CLÍNICA MÉDICA
7 Avaliar segmento ST
Desnivelamentos (supra ou infra) podem significar isquemia cardíaca
8 Avaliar intervalo QT
O aumento desse intervalo pode levar a taquiarritmias ventriculares
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ARRITMIAS CARDÍACAS
Eletrocardiograma normal
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CLÍNICA MÉDICA
2. Bradiarritmias
As bradicardias são definidas como FC < 50 bpm e incluem disfun-
ções sinusais e bloqueios atrioventriculares. Quando o estímulo que
se origina do nó sinusal está comprometido, podem surgir mani-
festações indefinidas como fadiga, tontura e astenia, ou mesmo
síncope ou pré-síncope, e as situações que se relacionam ao seu
aparecimento englobam uma série de doenças que desenvolvem
essa disfunção, como hipóxia, hipertensão intracraniana e hipoter-
mia. Intoxicação medicamentosa (betabloqueadores e antiarrítmi-
cos, por exemplo) e estímulos vagais como vômitos e aumento da
sensibilidade do seio carotídeo podem se manifestar com disfun-
ções sinusais.
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ARRITMIAS CARDÍACAS
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CLÍNICA MÉDICA
Tipos
Bradicardia sinusal
P semelhante ao P sinusal. Toda onda P leva a um complexo
QRS. Em geral, é secundária ao uso de drogas, doença cardíaca
intrínseca, hipotireoidismo, envelhecimento devido à degene-
ração do nó sinusal. Na maioria das vezes, não requer tratamen-
to específico
Bradicardia atrial
É semelhante à bradicardia sinusal, porém com onda P diferen-
te da sinusal
Bradicardia juncional
Origina-se do nó atrioventricular, sem onda P ou com onda P
retrógrada (após o QRS com orientação invertida)
BAV de 1o grau
Aumento do intervalo PR > 200 ms. A alteração benigna, na
maioria das vezes, é ligada ao uso de medicações ou degenera-
ção senil
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ARRITMIAS CARDÍACAS
BAV de 2o grau
Mobitz I
O intervalo PR aumenta gradativamente, até que uma onda P
deixa de conduzir, ou seja, não é seguida de um complexo QRS;
isso é conhecido como fenômeno de Wenckebach. Também é
de caráter benigno e relacionado a fatores externos ao sistema
de condução
Mobitz II
Nesse tipo de bloqueio, as ondas P são ou não conduzidas, po-
rém, quando conduzidas, há um intervalo P-R constante
Causas
Medicações
Compreendem betabloqueadores, bloqueadores dos canais de
cálcio, antiarrítmicos, antidepressivos tricíclicos, e mais recente-
mente a ivabradina
Intoxicação digitálica
Em geral, cursa com o aparecimento de ritmos juncionais
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CLÍNICA MÉDICA
Distúrbios eletrolíticos
Deve-se dar atenção para potássio, magnésio, cálcio e função renal
Reflexo vagal
Algumas bradicardias podem ser iniciadas após esforço mic-
cional, vômitos, manobra de Valsalva etc. Costumam responder
bem à administração de atropina
Doenças cardíacas
São geralmente irreversíveis: degeneração senil, doença do nó
sinusal, doença de Chagas, alterações congênitas, sarcoidose,
amiloidose
2 - Diagnóstico
É feito por ECG de 12 derivações
4 - Medidas farmacológicas
Pode-se tentar a administração de atropina, dopamina ou epi-
nefrina como ponte até a passagem do marca-passo
5 - Passagem de marca-passo
Está indicada na presença de sinais de instabilidade clínica. O
marca-passo deve ser sempre solicitado. Enquanto se prepara
para passar o transvenoso temporário, pode-se utilizar o trans-
cutâneo
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ARRITMIAS CARDÍACAS
3. Taquiarritmias
As arritmias supraventriculares originam-se acima do feixe de His
e englobam aquelas que requerem tecido atrial ou do nó atrio-
ventricular para seu início e manutenção. São exemplificadas por
extrassístoles e taquicardias atriais, flutter e fibrilação atriais, e ta-
quicardias dependentes do nó atrioventricular, como a taquicardia
por reentrada nodal.
As extrassístoles atriais são uma causa comum de palpitações, reco-
nhecidas por meio de uma onda P prematura em geral diferente da
onda P sinusal, que gera batimento precoce. Em geral, são desenca-
deadas por fatores extracardíacos como infecção ou ingestão de cafeí-
na e álcool, e o tratamento é clínico, com a remoção do fator, se possível.
A taquicardia atrial caracteriza-se pela ativação de um ponto qualquer
com ativação subsequente de ambos os átrios. Nas focais, a morfolo-
gia das ondas P é homogênea e constante, sugerindo apenas um foco
de ectopia, porém diferentes da P sinusal; nas multifocais, as ondas P
são de traçados diferentes entre si, com morfologias variadas, sugerin-
do a origem multifocal da arritmia. A taquicardia atrial multifocal, em
geral, decorre de distúrbios eletrolíticos e hipóxia.
O mecanismo da taquicardia por reentrada nodal envolve uma via
funcional de condução atrioventricular, levando à arritmia por reen-
trada, ou seja, uma via de condução rápida intranodal ativa os átrios
concomitantemente à ativação ventricular. Dessa forma, a onda P
poderá se manifestar como um pseudo R na derivação V1, ao final
do complexo QRS. A persistência da reentrada provoca a taquicar-
dia clínica típica, gerando crises fugazes, que poderão ser identifica-
das por meio de estudo eletrofisiológico. A terapêutica mais eficaz é
a ablação por radiofrequência.
As arritmias ventriculares originam-se a partir de estímulos elétri-
cos anormais nas fibras do miocárdio ventricular, que podem ser
idiopáticas ou secundárias a fibrose, devido a anomalia estrutural
ou doença genética, gerando extrassístoles ou taquicardias ventri-
culares. As Taquicardias Ventriculares (TVs) podem ser monomórfi-
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CLÍNICA MÉDICA
Abordagem
TV monomórfica
Definida por 3 batimentos consecutivos ou mais, com FC > 120
bpm e QRS alargado (> 0,12s de duração). Tem ritmo regular, e
a onda P geralmente não é visualizada (se presente, não deve
gerar batimento ventricular). TV não sustentada é aquela que
possui duração < 30 segundos. TV sustentada é aquela que tem
duração > 30 segundos ou necessita de cardioversão/desfibrila-
ção (gera comprometimento hemodinâmico)
Torsades de pointes
Os complexos QRS aparentam constante mudança de eixo a
cada 5 a 20 batimentos. Precisa apresentar 3 morfologias dife-
rentes e durar mais de 30 segundos. Em geral, é desencadeada
por distúrbios metabólicos, como deficiência de magnésio, po-
tássio ou alargamento do intervalo QT (congênito ou adquirido)
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ARRITMIAS CARDÍACAS
Taquicardia sinusal
O coração apresenta-se com ritmo normal, porém com fre-
quência aumentada. É secundária a outras condições clínicas,
como desidratação, febre, anemia, entre outros, e o tratamento
deve ser instituído de acordo com o fator causal
Taquicardia atrial
É uma taquicardia gerada por atividade elétrica atrial organiza-
da, com ondas P não sinusais. Pode ter gravidade variável
FA
Caracteriza-se por ausência de onda P e atividade elétrica irre-
gular na linha de base do ECG e é causada por múltiplas áreas
de reentrada nos átrios, o que gera uma contração irregular. A
FA é considerada aguda quando iniciada há menos de 48 horas;
após esse período, pode ser vista como crônica. É a arritmia sus-
tentada mais frequente na população em geral
Flutter atrial
Trata-se de uma arritmia desencadeada por macrorreentrada in-
tra-atrial. As ondas F são observadas “em dente de serra”, com fre-
quência entre 250 e 350 despolarizações por minuto. No entanto,
o estímulo sofre um bloqueio fisiológico no nó atrioventricular,
caracterizando os bloqueios 2:1 e 3:1. Em geral, o ritmo é regular
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CLÍNICA MÉDICA
2 - Diagnóstico
É feito por ECG de 12 derivações
5 - CVE
A CVE sincronizada é o tratamento de escolha para a reversão de
taquicardias instáveis e está indicada para a reversão imediata
da arritmia
6 - Tratamento clínico
Tratar as causas-base das arritmias que podem ser revertidas.
Por exemplo, em casos de taquicardia sinusal em que o paciente
se encontra em choque séptico ou hipovolêmico e necessita da
administração de volume
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ARRITMIAS CARDÍACAS
Exemplos de eletrocardiogramas
de taquiarritmias
Taquiarritmia supraventricular
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CLÍNICA MÉDICA
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ARRITMIAS CARDÍACAS
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CLÍNICA MÉDICA
4. Cardioversão elétrica
Cuidados gerais
Paciente monitorizado na sala de emergência com acesso veno-
so e material para controle das vias aéreas à mão;
O procedimento requer analgesia e sedação;
A sincronização é necessária, pois visa evitar o fenômeno Q sobre T.
Analgesia
Morfina ou fentanila
Sedação
Etomidato: droga de escolha, se instabilidade hemodinâmica;
Propofol: droga mais miocardiodepressora dentre as sedativas, que
exige muito cuidado com hipotensão e depressão respiratória;
Midazolam: cuidado com hipotensão e depressão respiratória.
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ARRITMIAS CARDÍACAS
Cuidados pós-CVE
Após a reversão das taquiarritmias ventriculares monomórficas,
prescrição de antiarrítmico para evitar a recorrência da arritmia
Amiodarona
Indicações: compreendem TV monomórfica hemodinamicamente
estável, pacientes estáveis com taquicardias atriais ou ventriculares,
com disfunção ventricular esquerda; efeitos colaterais: hipotensão e
bradicardia, relacionados principalmente com a infusão rápida
Betabloqueadores
Indicações: controle de frequência de taquiarritmias em pacien-
tes com função ventricular preservada, como FA e flutter, e após
a reversão de taquicardias atriais paroxísticas, prevenindo recor-
rência. Efeitos adversos: hipotensão, BAV, broncoespasmo
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CLÍNICA MÉDICA
6. Fibrilação atrial
A prevalência da FA está aumentando muito nas últimas décadas
em razão do envelhecimento populacional e é a arritmia mais fre-
quente entre os idosos. Pode ser secundária a comorbidades crô-
nicas, como obesidade, e à síndrome da apneia obstrutiva do sono,
entre outras causas, como libação alcoólica e hipertireoidismo. Seu
tratamento deve ser direcionado para a retirada do fator desenca-
deante se possível, antes de se cogitar o uso de drogas antiarrítmicas
ou terapia anticoagulante.
Seu tratamento leva em conta o tempo de instalação da arritmia, divi-
dida em aguda e crônica. Nos casos agudos, a terapêutica preferencial
envolve a CVE, para aqueles que evoluem com insuficiência cardíaca
aguda, síncope, hipotensão, angina ou outros indícios de instabilida-
de hemodinâmica que necessitem de rápido retorno ao ritmo sinusal;
ou cardioversão química, incluindo as drogas amiodarona e propafe-
nona. Para casos de FA crônica, geralmente, opta-se pelo controle
da resposta ventricular visando à melhora dos sintomas, ou mesmo
a manutenção do ritmo sinusal com uso de antiarrítmicos (amioda-
rona, propafenona) ou isolamento elétrico das veias pulmonares em
casos refratários a medicamentos, bem como terapia antitrombótica.
Na prevenção dos fenômenos tromboembólicos, o escore de
CHA2DS2VASC deve ser aplicado para estimar o risco de o paciente
portador de FA evoluir com acidente vascular cerebral ou outros fe-
nômenos trombóticos. Caso a pontuação seja igual ou superior a 2, a
terapia estará indicada e inclui a varfarina e os novos anticoagulantes
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ARRITMIAS CARDÍACAS
Dicas
Sempre que proceder com CVE, primeiramente realizar o “ISASC”:
I: Informar o paciente sobre o procedimento;
S: Sedar o paciente;
A: “Ambuzar”;
S: Sincronizar o choque;
C: realizar Choque com energias escalonadas.
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