Tema 1 - Patrimonio Cultural - Texto 1 PDF
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EDUARDO
MONDLANE
Faculdade
de
Letras
e
Ciências
Sociais
Departamento
de
Arqueologia
e
Antropologia
Curso
de
Graduação
em
Arqueologia
e
Gestão
do
Património
Cultural
Disciplina:
Gestão
do
Património
Cultural
em
Moçambique
Por:
Albino
Jopela
TEMA
I
-‐
PATRIMÓNIO
CULTURAL
1.
Conceitos
de
Património
Cultural
Segundo
Clara
Cabral
(2011:25),
a
palavra
património
passou
actualmente
a
fazer
parte
do
nosso
dia-‐
a
-‐dia.
Usado
na
área
da
cultura,
do
ambiente,
do
turismo
e
em
muitos
outros
contextos,
o
património
é
percebido
como
algo
positivo
e
relevante
na
nossa
vida,
um
bem
precioso
que
devemos
preservar
a
todo
o
custo.
Mas,
afinal,
o
que
é
o
património?
O
geógrafo
David
Lowenthal
(1998b:7)
afirma
que
património
não
é
história,
mas
sim
uma
ideia.
A
história
é
o
registo
da
lembrança
do
passado,
enquanto
património
é
um
bem
contemporâneo,
propositadamente
criado
para
satisfazer
as
necessidades
de
consumo
contemporâneo
(Ashworth
1994:16).
Apesar
de
geralmente
definir-‐se
património
como
a
"nossa
herança
do
passado,
algo
com
o
qual
vivemos
no
presente,
e
que
deixamos
às
gerações
futuras"
(UNESCO
2005:2),
o
património
não
é
apenas
o
legado
do
passado:
é
também
algo
criado
e
constantemente
alterado
de
acordo
com
as
necessidades
da
sociedade
ou
grupos
sociais
do
presente
(Graham
&
Howard
2008).
Assim,
património
deve
entender-‐se
como
sendo
um
processo
em
que
"o
presente
seleciona
uma
herança
de
um
passado
imaginado
para
o
uso
actual
e
decide
o
que
deve
ser
repassado
para
um
futuro
imaginado"
(Tunbridge
&
Ashworth
1996:6).
Portanto,
o
Desde
2008,
o
Gwaza
Muthine
tem
sido
associado
ao
espetáculo
musical
denominado
“Festival
Marrabenta
Gwaza
Muthini”.
Mais
recentemente,
adicionou-‐se
um
outro
atrativo
a
edição
do
Festival
Marrabenta,
o
Comboio
Marrabenta.
Geralmente,
a
locomotiva
parte
entre
as
13:00
e
14.00
horas
da
Estação
Central
dos
Caminhos
de
Ferro
de
Moçambique
(CFM)
com
destino
ao
distrito
de
Marracuene
transportando
parte
dos
artistas
que
actuaram
no
festival
em
interacção
com
os
passageiros
num
ambiente
de
festa.
De
acordo
com
os
seus
promotores,
o
Festival
Marrabenta
tem
como
objectivos
valorizar
e
promover
a
cultura
moçambicana,
em
particular
a
marrabenta,
sem
se
dissociar
das
questões
sociais
bem
como
a
promoção
da
cidadania,
entretenimento
e
promoção
de
intercâmbio
e
diálogo
entre
a
velha
e
nova
geração
(Noticias,
4
de
Fevereiro
de
2009).
Contudo,
algumas
vozes
da
arena
artístico-‐cultural
(
por
exemplo,
o
músico
moçambicano
e
fundador
da
banda
Eyuphuru,
Gimo
Remane)
questionam
a
realização
do
Festival
da
Marrabenta.
Para
estes,
a
diversidade
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