Cartilha Patrimonio
Cartilha Patrimonio
Cartilha Patrimonio
Prefeito Municipal
Dr.Hélio de Oliveira Santos
Equipe técnica
Pesquisa e texto
Rita Francisco
Juliana Siqueira
Fabíola Rodrigues
Bens culturais são, portanto, todos os artefatos, construções, obras Uma nova visão sobre o patrimônio
de arte, enfim, todos os objetos produzidos artesanal ou
industrialmente,bem como as manifestações que constituem os Por muito tempo, predominou uma visão histórica limitada a respeito
modos específicos de criar,fazer e ser de um povo. do patrimônio cultural. Restringindo-se à historiografia oficial, ela
considerava patrimônio apenas os bens de origem aristocrática,
Os bens culturais podem ser: religiosa ou estatal. Seu reconhecimento baseava-se em critérios
como antigüidade, monumentalidade ou excepcionalidade. Assim,
Ì Tangíveis ,quando se referem a objetos concretos,sejam eles dava-se ênfase aos bens materiais, sobretudo aos arquitetônicos,
móveis (objetos e artefatos diversos) ou imóveis (construções, característicos de um modo de vida das elites.
conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico ou ecológico), ou Recentemente, contudo, essa visão tem sido ampliada. Os critérios
para o reconhecimento dos bens patrimoniais foram revistos e
Ì Intangíveis ,quando se referem ao conhecimento,às técnicas, ao passaram a englobar a multiplicidade dos modos de vida em uma
saber e ao saber fazer, às manifestações como a música, a dança, o sociedade.
canto, as representações e histórias populares e aos usos e
costumes. Um exemplo é o estabelecimento da modalidade do patrimônio
industrial, que passou a ser visto como parte fundamental da
memória coletiva e da identidade das populações urbanas. As
edificações e complexos fabris, habitações operárias, estações
Patrimônio cultural ferroviárias e todo tipo de maquinário, implementos ou obras de
infra-estrutura relacionadas ao processo industrial de produção têm
Patrimônio cultural é o conjunto de bens materiais e práticas sido objeto de estudos visando à sua preservação.
culturais que se destacam no ambiente urbano e nas manifestações
populares por representarem heranças técnicas, estéticas e culturais Outro avanço é o entendimento de que as obras arquitetônicas não
de diferentes épocas e gerações. Em outras palavras, para um bem devem ser vistas como objetos isolados, mas contextualizados física,
ser considerado patrimônio cultural, é preciso que ele preserve social e culturalmente, tornando relevante os conjuntos urbanos e
elementos da memória coletiva. territoriais.
Nesse período instituiu-se o processo chamado catalogação
Preservação compulsória, que mais tarde daria origem ao tombamento.
Entre 1920 e 1930, a legislação brasileira sobre preservação O CONDEPACC foi criado pela Lei n º 5885 de 17 de dezembro de
patrimonial começou a ser elaborada seguindo modelos de outros 1987. Sua função é definir a política municipal de defesa e proteção
países, especialmente a França e a Itália. As primeiras leis apontavam do patrimônio histórico, artístico, estético, arquitetônico,
conceitos, definiam a noção de patrimônio e as possíveis categorias arqueológico, documental e ambiental do município de Campinas.
de bens a serem catalogados e assinalavam as disposições mais Ainda,ele coordena,integra e executa as atividades públicas
eficazes para proteger a visibilidade e o destaque dos monumentos. referentes a essa política.
A política de preservação definida pelo CONDEPACC resulta em uma 19. Associação das Empresas do Setor Imobiliário e de Habitação
série de exigências que devem ser obedecidas pela sociedade. Assim, de Campinas e Região (Habicamp);
o conselho é também responsável por sugerir ao poder público 20. Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes
estadual ou federal as medidas necessárias para garantir esse Estruturas do Estado (Sinduscon);
cumprimento, o que pode incluir até mesmo a modificação da 21. Associação Regional de Escritórios de Arquitetura (Area);
legislação em vigor. 22. Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci);
23. Área de Museologia.
Com relação às entidades privadas, o conselho deve, em caso de 24. Sociedade dos Amigos da Cidade de Campinas;
necessidade, efetuar gestões conjuntas e solicitar-lhes a colaboração 25. Associação de Engenheiros e Arquitetos de Campinas (AEAC)
na execução da política municipal de defesa e proteção do
patrimônio cultural.
O CONDEPACC não é um órgão governamental. Presidido pelo Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural (CSPC)
Secretário Municipal de Cultura, é composto por pessoas de
comprovada idoneidade moral e com notórios conhecimentos A CSPC foi criada juntamente com o CONDEPACC pela Lei n º 5885 de
relativos às suas finalidades. 17 de dezembro de 1987. Ela é o órgão de apoio técnico do conselho,
fornecendo-lhe os recursos humanos e materiais necessários às suas
Os conselheiros são nomeados pelo Prefeito Municipal e representam atividades.
os seguintes órgãos e entidades civis:
Diretamente subordinada ao Secretário de Cultura, a CSPC é
1. Gabinete do Prefeito Municipal; composta por um coordenador de nível superior, pessoal
2. Secretaria Municipal de Urbanismo; administrativo e especialistas em diversas áreas de conhecimento,
3. Secretaria Municipal de Infra-estrutura; como Arquitetura e Urbanismo, História, História das Artes, Ciências
4. Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Sociais, Geografia, Ciências Biológicas, Documentação e Arqueologia.
Urbano e Meio Ambiente;
5. Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos e Cidadania; São atribuições da CSPC:
6. Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural;
7. Sindicato Rural de Campinas; Ì localizar, identificar e inventariar os bens culturais do município;
8. Conselho Municipal de Turismo; Ì instruir os processos de tombamento e os referentes às áreas
9. Conselho Municipal de Meio Ambiente (Condema); envoltórias dos bens tombados;
10. Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) Seção Campinas; Ì propor ao conselho normas para a regulamentação dessas áreas;
11. Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puccamp); Ì analisar solicitações para intervenções (construções,reformas,
12. Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Ì restauros,etc.)em áreas tombadas ou envoltórias;
13. Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA); Ì apresentar pareceres para apreciação do CONDEPACC.
14. Academia Campineira de Letras e Artes;
15. Academia Campinense de Letras; As decisões finais sobre todos os procedimentos (abertura de
16. Instituto Agronômico de Campinas (IAC); processos de tombamento, resoluções de tombamento,
17. Entidades ambientalistas; regulamentação de áreas envoltórias e análise de solicitações) cabem
18. Associação Campineira de Imprensa (ACI); sempre ao CONDEPACC.
O tombamento, mecanismo de preservação Mitos sobre o tombamento
2. O pedido é analisado pela CSPC. Dependendo da necessidade, a 6. O tombamento é efetivado através de resolução de tombamento
equipe técnica deve complementar as informações apresentadas com do CONDEPACC, publicada no Diário Oficial do Município. Quando a
uma instrução preliminar. iniciativa do tombamento de bens não partir dos seus proprietários,
estes serão notificados. Se quiserem, eles poderão contestar a
3. O pedido é então encaminhado ao CONDEPACC. Nos casos em que o medida junto ao CONDEPACC, dentro de 15 dias a partir da data da
CONDEPACC entender pertinente o pedido, a CSPC deverá encaminhá- notificação. Se a decisão de tombamento for impugnada, o conselho
lo à Secretaria Municipal de Urbanismo, à Secretaria Municipal de poderá recorrer ao Prefeito Municipal, tendo também um prazo de 15
Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente e à dias.
Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos, para elaboração de
pareceres técnicos. Em seguida, deve retornar à CSPC para realização
dos estudos competentes e posterior encaminhamento ao Duração do processo de tombamento
CONDEPACC, que irá analisar e decidir sobre a abertura do processo
de estudo de tombamento. Não há prazos estabelecidos por lei para a conclusão de um processo
de tombamento, visto que muitos estudos devem ser efetuados para
4. A abertura do estudo de tombamento do bem é publicada no Diário a instrução do processo. Conforme sua complexidade, cada caso
Oficial do Município e seu proprietário é notificado. Essa comunicação exigirá prazos diferenciados.
assegura a proteção legal do bem até o seu tombamento definitivo
pelo conselho. Entretanto, por se tratar de uma decisão em que há vários envolvidos
(diversos segmentos da sociedade ou cidadãos individualmente) é
A abertura do estudo de tombamento também define a área importante que esse estudo seja agilizado, devendo ser criterioso e o
envoltória, isto é, uma área ao redor do bem estudado, que tem a mais aprofundado possível.
Graus de tombamento Garantindo a preservação
No caso do tombamento de edificações, a Lei Municipal n º 9149 de
17 de dezembro de 1996 estabelece três graus possíveis de proteção
do bem:
A tarefa de garantir a preservação do patrimônio cultural é de toda a
sociedade.
Grau de Proteção 1 (GP1): aplicável aos bens imóveis de alto valor
histórico, arquitetônico e ambiental. Determina que a preservação
Assim, qualquer cidadão pode denunciar a demolição ou existência de
das edificações seja integral. O imóvel deve ser utilizado para
obras irregulares em bens protegidos. Basta comunicar o fato à
funções compatíveis com as de sua construção.
Prefeitura Municipal ou diretamente à CSPC, através do telefone 156
ou do Protocolo Geral. O cidadão também pode dirigir sua denúncia
Grau de Proteção 2 (GP2): aplicável aos bens imóveis de valor
ao Ministério Público ou à Delegacia de Polícia Civil.
histórico, arquitetônico e ambiental cuja importância não abrange
todo o bem. Determina que a preservação se refira apenas a partes
As vistorias nos bens de interesse do CONDEPACC, bem como suas
delimitadas do imóvel. A utilização do imóvel não pode degradar a
áreas envoltórias, são realizadas pelo setor de fiscalização da CSPC.
parte protegida.
A utilização adequada de um imóvel tombado é fundamental para sua Caso sejam realizadas intervenções não autorizadas em bens
preservação. Assim, para melhorar o aproveitamento do edifício ou protegidos, o responsável pelo imóvel pode sofrer as sanções
adequá-lo ao ambiente cultural ou social da área no qual ele está previstas em lei. A legislação municipal prevê multas que pode chegar
inserido, o uso original pode ser modificado. a até 50%do valor do imóvel, incluindo o terreno em que está situado.
Entretanto, em alguns casos, o tombamento poderá ser efetuado em Quando há uma irregularidade...
função do uso do imóvel (por exemplo, imóveis tombados pelo Grau
de Proteção 3) e, para alterá-lo, é preciso solicitar autorização ao 1. Os fiscais da CSPC entregam uma intimação ao responsável pela
CONDEPACC. obra para que ele apresente um requerimento de regularização,
dentro de 15 dias. Incentivos
2. Se o responsável não atender à solicitação, receberá outra Os proprietários interessados em conservar bens tombados podem
intimação, com prazo de um dia para se manifestar. obter incentivos fiscais. A Lei Municipal n º. nº. 12.445 de 21 de
dezembro de 2005, regulamentada pelo Decreto n°. 15.358 de 28 de
3. Caso, novamente, o interessado não se manifeste, a CSPC, dezembro 2005, estabelece a isenção de IPTU para imóveis tombados
juntamente com o Departamento de Urbanismo da Prefeitura pelo CONDEPACC. Além deste, existem os incentivos estaduais (Lei de
Municipal realizam uma visita ao imóvel, lavram o auto de infração e Incentivo à Cultura da Secretaria de Estado, LINC) e federais (Lei de
embargam a obra. Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, Lei Rouanet).
4. O auto de infração é enviado ao CONDEPACC, que decidirá sobre as Para obter esses incentivos, o proprietário deve encaminhar a
penalidades. O conselho encaminha a multa à Secretaria de Finanças, solicitação aos órgãos competentes, já que os benefícios não são
para que seja executada. automáticos nem vinculados ao tombamento.
Multas
www.iphan.gov.br
www.cultura.sp.gov.br/condephaat.htm
www.campinas.sp.gov.br
ARANTES, Antonio Augusto (org.). Produzindo o Passado: estratégias
de construção do patrimônio cultural. São Paulo:Brasiliense
/Secretaria de Estado da Cultura, 1984.