Cartilha Patrimonio

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Expediente

Prefeitura Municipal de Campinas

Prefeito Municipal
Dr.Hélio de Oliveira Santos

Secretário Municipal de Cultura


Francisco de Lagos Viana Chagas

Coordenadora Setorial do Patrimônio Cultural


Daisy Serra Ribeiro

Equipe técnica

Pesquisa e texto
Rita Francisco
Juliana Siqueira
Fabíola Rodrigues

Edição Revisada Patrimônio Cultural:


Outubro de 2007 Entenda e preserve
Apresentação
A cultura de um povo é algo vivo, marcado pelas relações sociais e
em constante mutação. Manifesta-se sob diferentes aspectos,
simbólicos e materiais, e revela a essência de uma sociedade:suas
características, contradições e valores. Faz-se no dia-a-dia.Consolida-
se e transforma-se ao longo do tempo e das gerações.A herança que
fica constitui seu patrimônio cultural.

Parte importante de sua identidade, o patrimônio cultural permite


compreender o passado e a dinâmica de uma sociedade. Conhecê-lo
é, portanto, instrumento fundamental para a ação dos diversos
grupos sociais, bem como para o planejamento urbano e a elaboração
de políticas públicas. Para isso, é preciso promovê-lo e preservá-lo.

A consciência a respeito da preservação do patrimônio cultural ainda


é recente no Brasil, mas vem crescendo com a implantação de órgãos
como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN
(criado em 1937 com o nome de SPHAN) e dos conselhos regionais de
defesa do patrimônio. No Estado de São Paulo, a criação do
CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Arqueológico, Artístico e Turístico) data de 1968 e, em Campinas, o
CONDEPACC (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas)
surgiu em 1987.

A atuação desses órgãos, cada vez mais, interfere na dinâmica urbana


e na vida do cidadão. Surge, assim, a necessidade de estabelecermos
um diálogo franco e aberto com a população, nosso aliado mais
importante tanto no reconhecimento quanto na preservação dos bens
culturais.

A presente cartilha vem cumprir essa missão. Destinada ao cidadão


comum, aos estudantes, professores e não-especialistas, ela deve
introduzir conceitos básicos, solucionar dúvidas freqüentes e,
principalmente, desfazer os mitos e distâncias que os afastam da
discussão sobre o patrimônio. Ao difundir a informação sobre os bens
culturais, como ocorrem os processos de tombamento e suas
conseqüências, esperamos abrir caminho para uma relação cada vez
mais próxima e transparente com a sociedade. Afinal, todos somos Daisy Serra Ribeiro
co-responsáveis por defender e preservar nossa herança cultural. Coordenadora Setorial do Patrimônio Cultural
Bens culturais: o produto da ação humana Produto da ação humana, o patrimônio cultural é bastante
diversificado e sofre permanentemente alterações. Assim, ele pode
originar-se de tempos remotos ou ser mais recente. Quando um
patrimônio é representativo da cultura de gerações passadas,
dizemos que é um patrimônio histórico. Um exemplo são as
Em seu cotidiano, os seres humanos produzem e trabalham com
construções antigas e seus pertences.
diferentes objetos. Constroem edifícios, máquinas, ferramentas,
obras de arte. Também desenvolvem técnicas, culinárias, músicas,
O patrimônio cultural, porém, é mais abrangente e engloba também
danças, saberes e modos de ver o mundo. Os produtos dessas ações
as produções contemporâneas. Ele não se limita apenas ao aspecto
podem ser materiais (tangíveis), ou imateriais (intangíveis), e suas
histórico ou arquitetônico.
características variam de acordo com cada povo e cada cultura.
Dizemos, por isso, que são bens culturais.

Bens culturais são, portanto, todos os artefatos, construções, obras Uma nova visão sobre o patrimônio
de arte, enfim, todos os objetos produzidos artesanal ou
industrialmente,bem como as manifestações que constituem os Por muito tempo, predominou uma visão histórica limitada a respeito
modos específicos de criar,fazer e ser de um povo. do patrimônio cultural. Restringindo-se à historiografia oficial, ela
considerava patrimônio apenas os bens de origem aristocrática,
Os bens culturais podem ser: religiosa ou estatal. Seu reconhecimento baseava-se em critérios
como antigüidade, monumentalidade ou excepcionalidade. Assim,
Ì Tangíveis ,quando se referem a objetos concretos,sejam eles dava-se ênfase aos bens materiais, sobretudo aos arquitetônicos,
móveis (objetos e artefatos diversos) ou imóveis (construções, característicos de um modo de vida das elites.
conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico ou ecológico), ou Recentemente, contudo, essa visão tem sido ampliada. Os critérios
para o reconhecimento dos bens patrimoniais foram revistos e
Ì Intangíveis ,quando se referem ao conhecimento,às técnicas, ao passaram a englobar a multiplicidade dos modos de vida em uma
saber e ao saber fazer, às manifestações como a música, a dança, o sociedade.
canto, as representações e histórias populares e aos usos e
costumes. Um exemplo é o estabelecimento da modalidade do patrimônio
industrial, que passou a ser visto como parte fundamental da
memória coletiva e da identidade das populações urbanas. As
edificações e complexos fabris, habitações operárias, estações
Patrimônio cultural ferroviárias e todo tipo de maquinário, implementos ou obras de
infra-estrutura relacionadas ao processo industrial de produção têm
Patrimônio cultural é o conjunto de bens materiais e práticas sido objeto de estudos visando à sua preservação.
culturais que se destacam no ambiente urbano e nas manifestações
populares por representarem heranças técnicas, estéticas e culturais Outro avanço é o entendimento de que as obras arquitetônicas não
de diferentes épocas e gerações. Em outras palavras, para um bem devem ser vistas como objetos isolados, mas contextualizados física,
ser considerado patrimônio cultural, é preciso que ele preserve social e culturalmente, tornando relevante os conjuntos urbanos e
elementos da memória coletiva. territoriais.
Nesse período instituiu-se o processo chamado catalogação
Preservação compulsória, que mais tarde daria origem ao tombamento.

Em 1937, por iniciativa do então Ministro da Educação, Gustavo


Capanema, foi promulgado o Decreto n º 25//37, redigido por Rodrigo
O patrimônio cultural desempenha papel fundamental no Mello Franco de Andrade, a partir de anteprojeto de Mário de
desenvolvimento e enriquecimento cultural de um povo. Os bens Andrade. O decreto regulamenta o mecanismo do tombamento, assim
culturais guardam informações e significados essenciais para o como dá início à organização do Serviço do Patrimônio Histórico e
registro e resgate da história humana. Artístico Nacional (SPHAN), hoje transformado em Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Esses registros culturais nos propiciam a oportunidade de refletir,
criticar e compreender melhor o grupo social a que pertencemos. A partir de sua criação, o SPHAN teve como prioridade definir as
Também permitem conhecer outras expressões culturais cujas restrições decorrentes do tombamento e consolidá-las em lei. Além
semelhanças complementam e cujos contrastes dão forma à nossa disso, deu início ao inventário sistemático dos bens culturais
cultura. brasileiros e procurou salvaguardar aqueles que se encontravam
ameaçados de desaparecimento.
Para formar o patrimônio cultural e interpretar os bens que o Durante mais de duas décadas, o SPHAN permaneceu como único
constituem, é preciso perceber, reconhecer e valorizar. órgão de preservação no país. Como conseqüência, sua atuação
Preservá-lo é registrar, resguardar e conservar o seu vasto repertório regional era limitada.
de elementos, de modo a consolidar a memória e a identidade
coletiva. Essa situação começou a mudar a partir do final da década de 60,
quando começam a surgir órgãos estaduais. O Conselho de Defesa do
Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de
São Paulo (CONDEPHAAT) foi criado em 1968, contando com a
Os órgãos de preservação do patrimônio estrutura de um presidente e um colegiado de conselheiros.

Nos municípios, a iniciativa de instituição de conselhos locais de


A constituição do patrimônio cultural gera a necessidade de se criar
preservação do patrimônio ocorreu ainda mais tardiamente, a partir
leis e instituições para garantir a preservação de seus bens.
dos anos 80, como é o caso do Conselho de Defesa do Patrimônio
No Brasil do século XIX, a preservação do patrimônio cultural ainda
Cultural de Campinas (CONDEPACC), criado em 1987.
não se manifestava como uma preocupação social, sendo ignorada
pelas políticas públicas. As primeiras iniciativas nesse sentido datam
do início do século XX. O CONDEPACC: funções e estrutura

Entre 1920 e 1930, a legislação brasileira sobre preservação O CONDEPACC foi criado pela Lei n º 5885 de 17 de dezembro de
patrimonial começou a ser elaborada seguindo modelos de outros 1987. Sua função é definir a política municipal de defesa e proteção
países, especialmente a França e a Itália. As primeiras leis apontavam do patrimônio histórico, artístico, estético, arquitetônico,
conceitos, definiam a noção de patrimônio e as possíveis categorias arqueológico, documental e ambiental do município de Campinas.
de bens a serem catalogados e assinalavam as disposições mais Ainda,ele coordena,integra e executa as atividades públicas
eficazes para proteger a visibilidade e o destaque dos monumentos. referentes a essa política.
A política de preservação definida pelo CONDEPACC resulta em uma 19. Associação das Empresas do Setor Imobiliário e de Habitação
série de exigências que devem ser obedecidas pela sociedade. Assim, de Campinas e Região (Habicamp);
o conselho é também responsável por sugerir ao poder público 20. Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes
estadual ou federal as medidas necessárias para garantir esse Estruturas do Estado (Sinduscon);
cumprimento, o que pode incluir até mesmo a modificação da 21. Associação Regional de Escritórios de Arquitetura (Area);
legislação em vigor. 22. Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci);
23. Área de Museologia.
Com relação às entidades privadas, o conselho deve, em caso de 24. Sociedade dos Amigos da Cidade de Campinas;
necessidade, efetuar gestões conjuntas e solicitar-lhes a colaboração 25. Associação de Engenheiros e Arquitetos de Campinas (AEAC)
na execução da política municipal de defesa e proteção do
patrimônio cultural.

O CONDEPACC não é um órgão governamental. Presidido pelo Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural (CSPC)
Secretário Municipal de Cultura, é composto por pessoas de
comprovada idoneidade moral e com notórios conhecimentos A CSPC foi criada juntamente com o CONDEPACC pela Lei n º 5885 de
relativos às suas finalidades. 17 de dezembro de 1987. Ela é o órgão de apoio técnico do conselho,
fornecendo-lhe os recursos humanos e materiais necessários às suas
Os conselheiros são nomeados pelo Prefeito Municipal e representam atividades.
os seguintes órgãos e entidades civis:
Diretamente subordinada ao Secretário de Cultura, a CSPC é
1. Gabinete do Prefeito Municipal; composta por um coordenador de nível superior, pessoal
2. Secretaria Municipal de Urbanismo; administrativo e especialistas em diversas áreas de conhecimento,
3. Secretaria Municipal de Infra-estrutura; como Arquitetura e Urbanismo, História, História das Artes, Ciências
4. Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Sociais, Geografia, Ciências Biológicas, Documentação e Arqueologia.
Urbano e Meio Ambiente;
5. Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos e Cidadania; São atribuições da CSPC:
6. Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural;
7. Sindicato Rural de Campinas; Ì localizar, identificar e inventariar os bens culturais do município;
8. Conselho Municipal de Turismo; Ì instruir os processos de tombamento e os referentes às áreas
9. Conselho Municipal de Meio Ambiente (Condema); envoltórias dos bens tombados;
10. Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) Seção Campinas; Ì propor ao conselho normas para a regulamentação dessas áreas;
11. Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puccamp); Ì analisar solicitações para intervenções (construções,reformas,
12. Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Ì restauros,etc.)em áreas tombadas ou envoltórias;
13. Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA); Ì apresentar pareceres para apreciação do CONDEPACC.
14. Academia Campineira de Letras e Artes;
15. Academia Campinense de Letras; As decisões finais sobre todos os procedimentos (abertura de
16. Instituto Agronômico de Campinas (IAC); processos de tombamento, resoluções de tombamento,
17. Entidades ambientalistas; regulamentação de áreas envoltórias e análise de solicitações) cabem
18. Associação Campineira de Imprensa (ACI); sempre ao CONDEPACC.
O tombamento, mecanismo de preservação Mitos sobre o tombamento

Ao contrário do que muita gente acredita, o tombamento não


significa desapropriação, isto é,não anula o direito de propriedade
Tombamento é um ato legal do poder público que determina a sobre os bens.
preservação dos bens culturais de reconhecido valor histórico,
artístico, estético, arquitetônico, arqueológico, documental, O tombamento apenas protege o bem, evitando que ele venha a ser
ambiental ou afetivo, impedindo sua destruição ou mutilação. destruído ou mutilado. Por exemplo, o proprietário de um imóvel
tombado pode vendê-lo ou alugá-lo.
O tombamento é o principal mecanismo capaz de preservar e
consolidar a memória e a identidade coletiva, conservando os Outra idéia enganosa é a de que o tombamento de bairros ou cidades
elementos componentes do patrimônio cultural e garantindo às históricas inteiras impede seu crescimento e modernização. Muito
gerações futuras o direito de conhecer as origens de sua formação pelo contrário, o reconhecimento dos valores culturais das áreas
cultural e histórica. tombadas pode vir a auxiliar em sua revalorização e revitalização.

O ato do tombamento é necessariamente um processo transparente e


não-arbitrário. Se ele estabelece limites aos direitos individuais Instâncias do tombamento
(definindo critérios para intervenções físicas em bens tombados), o
faz para resguardar e garantir direitos e interesses do conjunto da A Constituição Brasileira determina que a proteção dos bens culturais
sociedade. é responsabilidade conjunta dos poderes municipal, estadual e
federal.Assim, de acordo com os critérios de abrangência,
Sua aplicação é avaliada e deliberada por um conselho de importância e representatividade de cada bem, o tombamento é
representantes da sociedade civil e de órgãos públicos, com poderes feito:
estabelecidos pelo Poder Legislativo Municipal. Ì na esfera municipal:pelo CONDEPACC;
Ì na esfera estadual:pelo CONDEPHAAT;
Ì na esfera federal:pelo IPHAN.

Bens que podem ser tombados

Há uma grande diversidade de bens passíveis de tombamento. Eles Processo de tombamento


podem ser bens móveis (fotografias, acervos arquivísticos, mobiliário,
obras de arte, utensílios), imóveis (edificações, ruas, praças, 1. O processo de tombamento se inicia com o pedido de tombamento.
conjuntos urbanos, sítios arqueológicos ou bens naturais) ou Qualquer cidadão, pessoa física ou jurídica pode pedir o tombamento
imateriais (costumes, manifestações culturais, ofícios). de um bem cultural.
Para o tombamento seja realizado, é necessário que o bem cultural Em Campinas, os pedidos de tombamento devem ser feitos por
apresente-se em potencial estado de conservação ou em pleno uso ou escrito ao CONDEPACC e encaminhados à CSPC por meio do Protocolo
atividade. Em outras palavras, o bem deve estar em condições de Geral da Prefeitura Municipal de Campinas. Conforme o Decreto nº.
oferecer a leitura dos elementos da memória coletiva nele presentes. 15.471 de 16 de maio de 2006, eles devem conter seguintes
Informações: função de garantir sua ambiência ou não-isolamento. No caso do
CONDEPACC, essa área envoltória restringe-se aos imóveis lindeiros
Ì do interessado: identificação e endereço; àqueles em estudo. Durante o estudo, a necessidade da área
envoltória é revista e, na resolução de tombamento, pode ser
Ì do bem: ampliada até um raio de 300 metros ou mesmo limitada ao próprio
a) descrição; bem tombado.
b) localização;
c) estado de conservação (bom, regular, ruim, péssimo); O processo de estudo de tombamento fica a cargo da CSPC. Durante
d) atual utilização ou função; esse período de estudo, qualquer intervenção (novas construções,
e) documentação fotográfica, datada. reformas, demolições, instalação de equipamento urbano ou
publicidade e outras) que se pretenda realizar dentro dos limites da
Ì Justificativa: informação preliminar sobre o valor do bem, do ponto área envoltória deverá ser encaminhada em forma de projeto
de vista mais relevante em cada caso, da história, da identidade específico para análise da CSPC e posterior deferimento do
sócio-cultural, da significação para a memória, para o CONDEPACC.
desenvolvimento do conhecimento, para a preservação da qualidade
de vida e da paisagem natural e urbana do município, ou por manter 5. Concluído o estudo, a CSPC apresenta relatório ao CONDEPACC
relação significativa com outro bem preservado oficialmente. para que emita sua decisão final sobre o tombamento.

2. O pedido é analisado pela CSPC. Dependendo da necessidade, a 6. O tombamento é efetivado através de resolução de tombamento
equipe técnica deve complementar as informações apresentadas com do CONDEPACC, publicada no Diário Oficial do Município. Quando a
uma instrução preliminar. iniciativa do tombamento de bens não partir dos seus proprietários,
estes serão notificados. Se quiserem, eles poderão contestar a
3. O pedido é então encaminhado ao CONDEPACC. Nos casos em que o medida junto ao CONDEPACC, dentro de 15 dias a partir da data da
CONDEPACC entender pertinente o pedido, a CSPC deverá encaminhá- notificação. Se a decisão de tombamento for impugnada, o conselho
lo à Secretaria Municipal de Urbanismo, à Secretaria Municipal de poderá recorrer ao Prefeito Municipal, tendo também um prazo de 15
Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente e à dias.
Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos, para elaboração de
pareceres técnicos. Em seguida, deve retornar à CSPC para realização
dos estudos competentes e posterior encaminhamento ao Duração do processo de tombamento
CONDEPACC, que irá analisar e decidir sobre a abertura do processo
de estudo de tombamento. Não há prazos estabelecidos por lei para a conclusão de um processo
de tombamento, visto que muitos estudos devem ser efetuados para
4. A abertura do estudo de tombamento do bem é publicada no Diário a instrução do processo. Conforme sua complexidade, cada caso
Oficial do Município e seu proprietário é notificado. Essa comunicação exigirá prazos diferenciados.
assegura a proteção legal do bem até o seu tombamento definitivo
pelo conselho. Entretanto, por se tratar de uma decisão em que há vários envolvidos
(diversos segmentos da sociedade ou cidadãos individualmente) é
A abertura do estudo de tombamento também define a área importante que esse estudo seja agilizado, devendo ser criterioso e o
envoltória, isto é, uma área ao redor do bem estudado, que tem a mais aprofundado possível.
Graus de tombamento Garantindo a preservação
No caso do tombamento de edificações, a Lei Municipal n º 9149 de
17 de dezembro de 1996 estabelece três graus possíveis de proteção
do bem:
A tarefa de garantir a preservação do patrimônio cultural é de toda a
sociedade.
Grau de Proteção 1 (GP1): aplicável aos bens imóveis de alto valor
histórico, arquitetônico e ambiental. Determina que a preservação
Assim, qualquer cidadão pode denunciar a demolição ou existência de
das edificações seja integral. O imóvel deve ser utilizado para
obras irregulares em bens protegidos. Basta comunicar o fato à
funções compatíveis com as de sua construção.
Prefeitura Municipal ou diretamente à CSPC, através do telefone 156
ou do Protocolo Geral. O cidadão também pode dirigir sua denúncia
Grau de Proteção 2 (GP2): aplicável aos bens imóveis de valor
ao Ministério Público ou à Delegacia de Polícia Civil.
histórico, arquitetônico e ambiental cuja importância não abrange
todo o bem. Determina que a preservação se refira apenas a partes
As vistorias nos bens de interesse do CONDEPACC, bem como suas
delimitadas do imóvel. A utilização do imóvel não pode degradar a
áreas envoltórias, são realizadas pelo setor de fiscalização da CSPC.
parte protegida.

Grau de Proteção 3 (Gp3): aplicável aos bens imóveis de valor


histórico, arquitetônico e ambiental cujo principal valor reside em Obras em bens tombados
suas características externas, ou em que a proteção da fachada seja
suficiente para assegurar a preservação dos valores,ou cujo Qualquer intervenção em um bem tombado, em estudo de
tombamento integral ou parcial não seja adequado,por retirar tombamento ou situado em área envoltória deve ser previamente
desnecessariamente a vocação e utilização natural do bem. analisada pela CSPC e aprovada pelo CONDEPACC. O proprietário do
Determina que a preservação se refira à conservação das fachadas, bem deve, antes de tudo, informar-se junto a esses órgãos sobre as
componentes arquitetônicos externos e cobertura. As edificações diretrizes de preservação e sobre os documentos necessários para a
poderão sofrer alterações internas desde que respeitadas as análise e parecer técnico.
restrições anteriores.
A CSPC fornece gratuitamente assessoria técnica aos interessados em
Uso de imóvel tombado reformar, restaurar ou manter os bens culturais tombados.

A utilização adequada de um imóvel tombado é fundamental para sua Caso sejam realizadas intervenções não autorizadas em bens
preservação. Assim, para melhorar o aproveitamento do edifício ou protegidos, o responsável pelo imóvel pode sofrer as sanções
adequá-lo ao ambiente cultural ou social da área no qual ele está previstas em lei. A legislação municipal prevê multas que pode chegar
inserido, o uso original pode ser modificado. a até 50%do valor do imóvel, incluindo o terreno em que está situado.

Entretanto, em alguns casos, o tombamento poderá ser efetuado em Quando há uma irregularidade...
função do uso do imóvel (por exemplo, imóveis tombados pelo Grau
de Proteção 3) e, para alterá-lo, é preciso solicitar autorização ao 1. Os fiscais da CSPC entregam uma intimação ao responsável pela
CONDEPACC. obra para que ele apresente um requerimento de regularização,
dentro de 15 dias. Incentivos
2. Se o responsável não atender à solicitação, receberá outra Os proprietários interessados em conservar bens tombados podem
intimação, com prazo de um dia para se manifestar. obter incentivos fiscais. A Lei Municipal n º. nº. 12.445 de 21 de
dezembro de 2005, regulamentada pelo Decreto n°. 15.358 de 28 de
3. Caso, novamente, o interessado não se manifeste, a CSPC, dezembro 2005, estabelece a isenção de IPTU para imóveis tombados
juntamente com o Departamento de Urbanismo da Prefeitura pelo CONDEPACC. Além deste, existem os incentivos estaduais (Lei de
Municipal realizam uma visita ao imóvel, lavram o auto de infração e Incentivo à Cultura da Secretaria de Estado, LINC) e federais (Lei de
embargam a obra. Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, Lei Rouanet).

4. O auto de infração é enviado ao CONDEPACC, que decidirá sobre as Para obter esses incentivos, o proprietário deve encaminhar a
penalidades. O conselho encaminha a multa à Secretaria de Finanças, solicitação aos órgãos competentes, já que os benefícios não são
para que seja executada. automáticos nem vinculados ao tombamento.

5. Até a quitação da dívida, o débito permanece assinalado no ********


registro do imóvel. A obra só poderá ser retomada após a
regularização das intervenções pretendidas.

Multas

Conforme o Decreto n º 10073 de 5 de fevereiro de 1990, as infrações


praticadas contra o patrimônio histórico e artístico de Campinas são
sujeitas às seguintes penalidades:

Ì obras que impliquem mutilação, destruição ou modificação de bens


tombados:multa de 50% de seu valor;

Ì obras que impliquem mutilação, destruição ou modificação de bens


em processo de tombamento:multa de 45% de seu valor;

Ì obras que impliquem mutilação, destruição ou modificação de bens


indicados para preservação que se encontrem em áreas envoltórias
de bens tombados:multa de 30%de seu valor;

Ì obras que impliquem mutilação, destruição ou modificação de bens


não indicados, mas que se encontrem em áreas envoltórias de bens
tombados:multa de 25% de seu valor.
Saiba mais sobre patrimônio Na Internet

www.iphan.gov.br
www.cultura.sp.gov.br/condephaat.htm
www.campinas.sp.gov.br
ARANTES, Antonio Augusto (org.). Produzindo o Passado: estratégias
de construção do patrimônio cultural. São Paulo:Brasiliense
/Secretaria de Estado da Cultura, 1984.

Cartas patrimoniais. Rio de Janeiro: IPHAN, 1999.

CASTRO, Sonia Rabelo. O Estado na preservação de bens culturais: o


tombamento. Rio de Janeiro: Renovar, 1991.

CHUVA, Márcia (org.). A invenção do patrimônio: continuidade e


ruptura na constituição de uma política oficial de preservação no
Brasil. Rio de Janeiro: IPHAN, 1995.

CUNHA, Maria Clementina Pereira (org.) O direito à memória


patrimônio histórico e cidadania. São Paulo: Departamento do
Patrimônio Histórico do Município de São Paulo (DPH), 1992.

CURY, Isabelle (org.). Cartas Patrimoniais. Rio de Janeiro: IPHAN,


2000.

FONSECA, Maria Cecília Londres. O Patrimônio em Processo Trajetória


Política

Federal de Preservação no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ /MinC /IPHAN,


1997.

RODRIGUES, Marly. Imagens do Passado: a Instituição do Patrimônio


em São Paulo: 1969-1987. São Paulo: UNESP /Imprensa Oficial
/Condephaat /FAPESP, 2000.

Tombamento e participação popular. São Paulo, Departamento do


Patrimônio Histórico do Município de São Paulo (DPH)/CONPRESP, 2a.
edição, 2001.

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