O documento discute os conceitos de patrimônio material e imaterial, como a noção de patrimônio foi evoluindo ao longo do tempo e as diferentes formas de preservação desses bens culturais.
O documento discute os conceitos de patrimônio material e imaterial, como a noção de patrimônio foi evoluindo ao longo do tempo e as diferentes formas de preservação desses bens culturais.
O documento discute os conceitos de patrimônio material e imaterial, como a noção de patrimônio foi evoluindo ao longo do tempo e as diferentes formas de preservação desses bens culturais.
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A compreensão sobre o que deve ser considerado patrimônio
foi sendo expandida progressivamente. Antes, limitava-se às
construções oficiais ou históricas, igrejas, palácios e a objetos de alto valor artístico ou histórico. Com o tempo, essa herança cultural passou a incluir imóveis particulares e objetos populares, acrescentando-se, posteriormente, os próprios espaços urbanos e ambientes naturais relevantes do ponto de vista paisagístico, histórico, arqueológico ou cultural. Finalmente, as tendências contemporâneas passaram a acrescentar a essa herança a ser preservada a noção de patrimônio imaterial, ou seja, o imaginário, os saberes e os fazeres – técnicas e práticas – dos quais o homem se utiliza para estruturar o espaço mental e material de sua sociedade. O senso comum entende arte como artes plásticas (tradicionalmente conhecidas como “belas-artes”, incluindo arquitetura, pintura, escultura e gravura) e artes cênicas (teatro, dança ou qualquer atividade que se realiza em um palco) O IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Tombamento: um ato administrativo realizado pelo Poder Público com o objetivo de preservar, por intermédio da aplicaçãode legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados” a memória histórica ampara-se na materialidade dos objetos, que servem como testemunho tangível da narrativa relativa a fatos e personagens. O patrimônio artístico, por sua vez, representa o capital criativo, deixando explícitas a ideologia e a inclinação estética de grupos e sociedades Assim, quando falamos em cultura, estamos nos referindo a todo um conjunto de informações, habilidades e costumes, aprendidos e aprimorados por indivíduos de um mesmo grupo, que funciona como um elo de identidade entre eles. A cada sociedade corresponde um conjunto de valores próprios e insubstituíveis, que delimitam sua identidade cultural. E essa identidade, passível de descartes e incorporações, comporta-se como um organismo vivo, que se transforma e se desenvolve a partir do diálogo e do intercâmbio com culturas diferentes: todas elas partes integrantes de um imenso patrimônio, comum a toda a humanidade. O patrimônio material pode ser visto a partir de valores histórico, estético, científico e/ou social, compreendendo desde os mais simples objetos do cotidiano, artefatos, maquinaria até raras peças arqueológicas, espécies botânicas e fósseis, valiosos objetos de arte, assim como documentos importantes e únicos. Esses objetos, representantes de uma rica reserva de memória cultural, podem ficar tanto sob a guarda de instituições públicas – museus, galerias, arquivos e bibliotecas –, como pertencer a instituições particulares ou mesmo a um único colecionador. O fundador do movimento moderno, Mário de Andrade, colocou naquela época a questão: “Quem primeiro manifestou a idéia moderna e brasileira na arquitetura? São Paulo, com o estilo colonial” (AMARAL, 1970, p. 140). Mesmo que, logo depois, o movimento moderno tenha decidido optar pela arquitetura funcionalista e sem referências históricas – preconizada pelo francês Le Corbusier. O patrimônio material organizou-se em quatro Livros de Tombo, que são mantidos no Arquivo Noronha Santos – localizados à Rua da Imprensa, 16, sala 810 / Rio de Janeiro –, com os registros de todos os bens protegidos pela União: 1. Livro de Tombo Arqueológico, Paisagístico e Etnográfico (artes arqueológica, ameríndia e popular). Esse livro é relativo ao registro de bens que pertencem às categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular. Definidos e protegidos pela Lei nº 3.924/61 Nesses locais, junto a assentamentos, sepulturas ou aldeamentos, podem ser encontrados restos de utensílios, inscrições rupestres em superfícies de rochas ou outros vestígios de atividade humana
2. Livro de Tombo Histórico (arte histórica).
Esse livro relaciona os bens cujo interesse seja notadamente histórico, por seu vínculo a acontecimentos ou a personagens importantes da história nacional ou internacional. Casa de Santos Dumont, na cidade de Petrópolis – tombada em 1952 e transformada em Museu Santos Dumont em 1956
3. Livro de Tombo das Belas Artes (arte erudita nacional e
estrangeira). Os tombamentos feitos nesse livro dizem respeito a obras consideradas como pertencentes à arte erudita, nacional ou estrangeira, reconhecidas por seu grande valor artístico, seja no campo da arquitetura, pintura ou escultura. Estão registrados 682 bens nesse livro, entre eles obras como uma imagem em terracota do século XVI de Nossa Senhora do Rosário, localizada em Angra dos Reis – RJ, tombada em 1969; e o Aqueduto da Carioca, conhecido como Arcos da Lapa, inaugurado em 1750 para abastecer com as águas do rio Carioca a cidade do Rio de Janeiro.
4. Livro de Tombo das Artes Aplicadas (artes aplicadas
nacionais e estrangeiras). é dedicado aos registros das artes aplicadas nacionais e estrangeiras, constando dele poucos tombamentos: algumas jarras de louça da cidade de Cachoeira, Bahia, confeccionadas pela fábrica de Santo Antônio do Porto, tombados em 1939; e 24 imagens de santos e de Nossas Senhoras, esculpidas em madeira, datadas da segunda metade do século XVII, do Rio Grande do Norte, que formam dois conjuntos tombados em 1964.
A preservação de núcleos urbanos e de paisagens reflete a nova
visão abrangente de patrimônio material, que inclui arquitetura, monumentos, história e vida cultural num contexto amplo, envolvendo todo o espaço material e o imaginário do tecido urbano. As cidades históricas merecem ser preservadas quando seu conjunto arquitetônico apresentar uma notável qualidade estética; for representativo de determinada época ou estilo; quando seus prédios, monumentos ou locais vincularem-se a personagens ou fatos importantes da história regional ou nacional; ou quando possuírem características culturais específicas, que se mostrem importantes para a identidade regional ou nacional.
O objetivo do Monumenta se concretiza quando essas áreas
conseguem, sem ajuda de recursos federais, preservar suas características por meio da participação espontânea das autoridades e da sociedade local. Um núcleo urbano recuperado pode transformar-se em pólo de atração para atividades voltadas ao lazer, à cultura e ao turismo, favorecendo a economia da região e a inclusão social e econômica da sociedade local. O tombamento de uma cidade histórica deve ter como objetivo fundamental estabelecer um equilíbrio entre os interesses econômicos,o aspecto físico e o valor cultural desses núcleos antigos. Conseguir conciliar o dinamismo urbano dos dias de hoje com a antiga estrutura dos locais a serem preservados não é tarefa das mais simples. Muitas vezes, o desejo de preservar sítios urbanos tem origem na inquietação diante do crescimento rápido da cidade e da ameaça que ele oferece à integridade desses espaços. A consciência de que só se protege o que se ama e só se ama o que se conhece mostra a importância de se trabalhar junto aos habitantes dessas regiões de forma positiva em relação a esses núcleos históricos. A sociedade deve ser convocada, em seus diversos estratos – administradores, comerciantes, professores, estudantes etc. – para que todos se vejam envolvidos num esforço preservacionista, garantindo ao espaço um cuidado vigilante e duradouro.
O patrimônio cultural imaterial refere-se a um conjunto de tradições
mantidas por algumas comunidades que foram repassadas por seus ancestrais e que serão, por sua vez, transmitidas aos descendentes. A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) define patrimônio cultural imaterial como: “As práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural” Patrimônio material feito pelo IPHAN no Livro de Registro dos Saberes, em dezembro de 2002: Ofício das Paneleiras de Goiabeiras. O pedido desse registro, feito pela Associação das Paneleiras da localidade de Goiabeiras Velha e pela Secretaria Municipal de Cultura de Vitória, Espírito Santo, considerou a importância da atividade para a identidade cultural das mulheres daquela comunidade e dentro do contexto da tradição local. Não foi o objeto panela – uma em especial ou um conjunto delas – que foi alvo de tombamento, e sim o Ofício das Paneleiras de Goiabeiras que foi reconhecido como patrimônio do saber local. O que do ponto de vista cultural se deseja preservar, portanto, é o conjunto de processos, técnicas e de habilidades especiais que atuam na produção dessas panelas.
Até o final de 2007, o IPHAN já realizou o registro de 12
manifestações culturais imateriais, sendo que há mais de 25 inventários em andamento. A seguir, os bens já registrados: Arte Kusiwa dos Índios Wajãpi; Ofício das Paneleiras de Goiabeiras; Samba-de-Roda no Recôncavo Baiano; Círio de Nossa Senhora de Nazaré; Ofício das Baianas de Acarajé; Viola-de-Cocho; Jongo do Sudeste; Frevo; Samba do Rio de Janeiro.
Com o objetivo de preservar os patrimônios de caráter imaterial de
forma sustentável, considerando sua condição dinâmica, o IPHAN trabalha para que haja uma melhoria das condições materiais e sociais dos grupos envolvidos nessas atividades, contribuindo para que a permanência e a transmissão desse patrimônio imaterial seja garantida. Enquanto são destinadas salvaguardas para manter as matrizes do samba carioca, as Escolas de Samba representam um fenômeno de vitalidade, com desfiles que reelaboram e transformam sua própria tradição, inserindo-se no lucrativo circuito turístico e comercial da cidade do Rio de Janeiro. Nada pode impedir que uma manifestação cultural seja reinterpretada por seus próprios integrantes, já que são eles que a elaboram e a executam. Entretanto, quando um bem é prestigiado e valorizado por suas características e quando a comunidade percebe que a importância de sua existência encontra-se exatamente em ser como é, fica mais fácil compreender seu sentido de continuidade como tradição.
Por esse motivo, a política federal de salvaguardas atua
na promoção e proteção dessas manifestações, tarefa que conta com a participação ativa de membros da comunidade diretamente vinculados à produção, manutenção e transmissão dessas expressões culturais. Articulando-se com as áreas de educação, de meio ambiente e de desenvolvimento econômico e social, a salvaguarda dos bens imateriais busca desenvolver a autonomia dos responsáveis pela produção desses fazeres e saberes, tentando capacitá-los a preservar esse patrimônio cultural de forma consciente e atuante.
O conceito de patrimônio ambiental, conforme trata a Constituição de
1988, elege como bens que merecem preservação as paisagens de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Ao ambiente natural, percebido pelo alcance do olhar, convencionou-se chamar de paisagem. A paisagem consiste, portanto, na aparência de um território específico, do qual podem fazer parte tanto elementos naturais quanto humanos em suas múltiplas inter-relações.
A Floresta da Tijuca atual resulta, em parte, de um reflorestamento
feito em zonas ocupadas por cafezais a partir de 1860, com o objetivo de recuperar os mananciais que abasteciam de água a cidade, constituindo-se atualmente em um dos maiores patrimônios naturais do estado.
Até o momento, sete sítios brasileiros – que serão discriminados a
seguir – foram reconhecidos pelo Comitê do Patrimônio Mundial como Patrimônio Mundial Natural. Ao governo brasileiro cabe a responsabilidade de coordenar e gerir esses bens, tarefa que fica a cargo da Diretoria do Programa Nacional de Áreas Protegidas, que é vinculada à Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente. Essas unidades de conservação (UC), que incluem os recursos ambientais desses espaços territoriais e, caso haja, de suas águas jurisdicionais, passam a ter preservados seus recursos naturais, sua biodiversidade biológica e os bens culturais que lhes são associados.
Parque Nacional do Iguaçu;
Parque Nacional da Serra da Capivara; Reserva da Mata Atlântica; Complexo do Pantanal Mato-grossense; Reservas do Cerrado: Parque Nacional Chapada dos Veadeiros e Parque Nacional das Emas; Ilhas Atlânticas — Reservas Fernando de Noronha e Atol das Rocas; Complexo de Conservação da Amazônia Central;
Os territórios naturais ou artificiais podem ou não se constituir em
patrimônio para a totalidade da região, sendo que esses locais só são reconhecidos como sítios merecedores de preserva- ção quando retêm uma relação afetiva com a comunidade – ou pelo menos com parte dela –, constituindo-se em um espaço de memória. Dessa forma, o sentido de patrimônio não assume um caráter generalizante, já que as memórias não são homogêneas. Entretanto, devemos ter em mente que é tão importante preservar o caráter de identidade comum da coletividade quanto as especificidades das diferenças dos vários grupos que a formam.
Os jardins botânicos, que haviam sido criados como espaços de
cultivo para plantas de uso medicinal, tiveram sua função ampliada para servir ao estudo e à adaptação de espéciesexóticas trazidas de regiões distantes. D. João trouxe para serem aclimatadas no Horto Real na cidade do Rio de Janeiro diversas espécies frutíferas, que se tornaram típicas do ambiente natural brasileiro, entre elas: abacateiro, caramboleira, jaqueira, tamarindeiro. Existem hoje espalhados pelo mundo 1.700 jardins botânicos. No Brasil, o levantamento realizado pelo Relatório Nacional para a Conservação sobre a Diversidade Biológica no Brasil, data-do de 1999, listou 36 jardins botânicos. O primeiro foi o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, criado em 1808 por D. João quando da chegada da Corte portuguesa na cidade, com o objetivo de aclimatar as especiarias vindas das Índias Orientais. Patrimônios ameaçados (as datas entre parênteses indicam o ano de inclusão na lista) África: Costa do Marfim: Parque Nacional Comoé (1983); Reserva Natural Integral del Monte Nimba (1981). República Democrática do Congo: Parque Nacional Garamba (1996), Parque Nacional Kahuzi-Biega (1997); Reserva de fauna de Okapis (1997); Parque Nacional de Salonga (1999); Parque Nacional Virunga (1994). Egito: Abu Mena (2001). Etiópia: Parque Nacional de Simen (1996). Guiné: Reserva Natural Integral do Monte Nimba (1992). Níger: Montanhas de Aïr e Reservas Naturais (1992); Senegal: Parque Nacional de Niokolo-Koba (2007). Tanzânia: Ruínas das Cidades de Kilwa Kisiwani e Songo Mnara (2004). América do Sul: Equador: Ilhas Galápagos (2007). Chile: Oficinas Salitreras de Humberstone y Santa Laura (2005). Peru: Sítio Arqueológico de Chan Chan (1986). Venezuela: Cidades de Coro ou Santa Ana de Coro (2005). Ásia: Índia: Parque Nacional de Manas (1992). Paquistão: Complexo do Forte e Jardins de Shalimar (2000). Filipinas: Arrozais em terraços das Cordilheiras das Filipinas (2001). Europa: Alemanha: Vale do Elba (2006). Sérvia: Monumentos Medievais da Cidade de Kosovo (2006). Oriente Médio: Irã: Cidade de Bam e sua paisagem cultural (2004). Iraque: Cidade de Azur (2003); cidade arqueológica de Samarra (2007). Península Arábica: Iêmen: Cidade Histórica de Zabid (2000) Atualmente, dos 812 bens considerados patrimônio mundial, cerca de 30 estão inscritos na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo, qualificando-se, portanto, aos programas de monitoramento e de aplicação de medidas corretivas Lista dos Patrimônios da Humanidade no Brasil, precedidos pela data de inscrição: Patrimônios Culturais (1980) Cidade Histórica de Ouro Preto (MG) (1982) Centro Histórico da Cidade de Olinda (PE) (1983) Ruínas Jesuíticas-Guarani, em São Miguel das Missões (RS) (1985) Centro Histórico de Salvador (BA) (1985) Santuário de Bom Jesus de Congonhas (MG) (1987) Cidade de Brasília (DF) (1991) Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) (1997) Centro Histórico de São Luís (MA) (1999) Centro Histórico da Cidade de Diamantina (MG) (2001) Centro Histórico da Cidade de Goiás (GO) Patrimônios Naturais (1986) Parque Nacional do Iguaçu (PR) (1999) Mata Atlântica: Reserva do Sudeste (PR / SP) (1999) Reservas de Mata Atlântica da Costa do Descobrimento (BA/ES) (2000) Parque Nacional do Jaú (AM) (2000) Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal (MT/MS) (2001) Áreas protegidas do Cerrado: Chapada dos Veadeiros e Parque Nacional das Emas (GO) (2001) Ilhas Atlânticas Brasileiras: Reservas de Fernando de Noronha (PE) e Atol das Rocas (RN)
O patrimônio cultural do Rio Grande do Sul é bastante característico
e variado. A região da Serra Gaúcha, ainda que represente apenas 1,67% do território, transformou-se num grande pólo turístico, exatamente por seu caráter cultural diversificado e clima agradável. A convivência de diferentes influências numa região pouco extensa colocou o espírito gaúcho dos pampas – com suas influências indígena, portuguesa e espanhola – ao lado das referências trazidas pelos imigrantes europeus. O desenvolvimento da viticultura e da vinicultura pela colonização italiana conferiu uma personalidade singular à região montanhosa da Rota do Vale dos Vinhedos. O Rio Grande do Sul teve a riqueza de seu patrimônio reconhecida em 1983, quando a Unesco incluiu na lista de Patrimônio Cultural da Humanidade as ruínas das Missões jesuíticas de São Miguel das Missões. O estado do Rio Grande do Sul possui diversos bens tombados nacionalmente pelo IPHAN: vinte quatro inscritos no Livro Histórico, três no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico e dezoito no Livro das Belas-Artes Os estados do Paraná e de Santa Catarina, ao lado do Rio Grande do Sul, tiveram a ocupação de seu território disputada por espanhóis e portugueses, que visavam colonizar, em nome de seus respectivos reinos, as novas terras do Rio da Prata. Todos os três estados receberam imigrantes, principalmente alemães e italianos, que somaram suas referências culturais às ibéricas, indígenas e negras. Foi, entretanto, o grande comércio de muares e eqüinos – que eram tocados pela estrada Viamão-Sorocaba, do Rio Grande do Sul até São Paulo, onde eram comercializados – que desempenhou papel determinante no desenvolvimento da região. Nas paradas de descanso do caminho das tropas, foram sendo criadas diversas cidades que hoje guardam preciosos testemunhos da formação cultural e da memória desses estados. Com o declínio da mineração das Minas Gerais ocorreu uma crise no comércio de gado que resultou no esvaziamento progressivo da região. Uma política imperial, na segunda metade do século XIX, incentivou a imigração para reocupar a área, estimulando o desenvolvimento da agricultura. A partir de então, chegaram imigrantes açorianos, alemães, italianos, poloneses, cujos costumes mesclados à cultura indígena e negra dariam forma às culturas dos estados da região Sul do Brasil.Os governos desses três Estados empenham-se atualmente em incentivar o ensino das línguas alemã e italiana nas escolas públicas, além do inglês, na intenção de incrementar as relações comerciais e culturais com Itália e Alemanha.
Formada pelos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e
Goiás (e o Distrito Federal, Brasília), a região Centro-Oeste localiza- se no imenso Planalto Central brasileiro. Seu cenário natural é exuberante e variado, compondo-se de florestas, chapadões, planaltos e planícies alagadas, que, com o auxílio do clima semi- úmido, serve de criadouro para uma flora e fauna de grande variação e riqueza. As cidades da região surgiram ao longo dos caminhos abertos pelos bandeirantes durante os séculos XVII e XVIII, em busca de minérios e de índios, pelas ferrovias que, no século XX, dariam novo impulso à região, e pelo recente desenvolvimento acelerado do agronegócio. Na região, há áreas ainda selvagens – algumas autênticos santuários ecológicos –, como as reservas naturais que abrigam tribos indígenas como o Parque do Xingu e do Araguaia e que enfrentam invasões de suas terras por garimpeiros, madeireiros, pecuaristas e agricultores. Há também modernos centros urbanos, cidades de grande desenvolvimento econômico, como Brasília, a capital do país. Uma região de contrastes, o Centro-Oeste é um pólo turístico em pleno desenvolvimento, com ênfase nos visitantes que buscam os atrativos de seu rico patrimônio natural. Esta diversidade cultural e crescimento acelerado necessitam de monitoramento para que toda a imensa riqueza – natural, material e cultural – da região não venha a se perder.
Formada pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondô-
nia, Roraima e Tocantins, a região Norte do Brasil abriga, em sua grande extensão territorial, uma baixa densidade populacional, decorrente do ecossistema de florestas tropicais com imensas bacias hidrográficas que causam alagamentos extensos em porções de seu território. A baixa densidade populacional, mescla de populações indígenas, colonizadores portugueses e exploradores de outras regiões da Europa, conferiu uma cultura rica e exótica que, com o grande desenvolvimento da exploração da borracha, assumiu características mais eruditas, acompanhando o gosto da burguesia européia. Dessa forma, o imenso patrimônio natural, representado pelas inúmeras áreas de preservação integral e pelas de desenvolvimento sustentável, reúne-se ao expressivo patrimônio histórico-arquitetônico.