Apostila de Introduc3a7c3a3o Ao Agronegc3b3cio PDF
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FORMAÇÃO
TÉCNICA
Introdução ao
Agronegócio
ISBN: 978-85-7664-080-6
Inclui bibliografia.
CDU: 806.90-5
Sumário
Introdução à Unidade Curricular –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 6
Encerramento –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 4
Encerramento ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8 7
Encerramento –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––122
Dessa forma, a presente unidade curricular, com carga horária de 75 horas, está organizada
em quatro temas que se subdividem nos seguintes tópicos e sub-tópicos:
1: Soja
2: Café
Tema 2: Panorama Geral
3: Cana-de-Açúcar
do Agronegócio no Brasil
4: Algodão
e no Mundo
5: Arroz
6: Milho
7: Carnes
8: Fruticultura
9: Feijão
Tópico 7: Logística
Introdução ao Agronegócio
01
Agronegócio
Tema 1: Agronegócio
Este primeiro tema é uma apresentação completa dos principais fundamentos do setor,
elaborado para que você desenvolva as seguintes competências:
• compreender e fazer uso dos conceitos de Agronegócio utilizados no curso;
Introdução ao Agronegócio
O quadro a seguir mostra a Balança Comercial do Brasil no biênio 2012-2013. Repare que o
agronegócio, ao contrário dos outros setores, fechou o período com saldo positivo.
10
Balança Comercial
Observe que no período de 2012 e 2013 ocorreu um aumento das exportações do agronegócio,
que passaram de 95,8 bilhões de dólares para 99,97 bilhões de dólares. Veja também que o
saldo da Balança Comercial foi superavitário passando de 79,4 bilhões de dólares em 2012,
para 82,91 bilhões de dólares em 2013.
Superavit
Situação em que o valor total das exportações de certo país supera o valor total das importações
realizadas por este mesmo país, em dado período de tempo.
Agora, observe os números dos demais setores da economia brasileira. Percebe-se que nesses
setores houve um deficit entre importação e exportação. Não fosse o resultado positivo
do agronegócio, o resultado da Balança Comercial brasileira seria negativo. Esses dados
comprovam a importância do agronegócio para a economia brasileira e o porquê de tanto se
falar a respeito desse setor.
Situação em que o valor total das importações de certo país supera o valor total das exportações
realizadas por este mesmo país, em dado período de tempo.
Commodity
Número de Uso da
Região Culturas Perfil
produtores tecnologia
Pequenos e médios
Cana, café, milho, produtores, grandes
Tradicional e
Sudeste 250.000 horticulturas e usinas de açúcar e álcool e
empresarial
vegetais indústria processadora de
suco de laranja
Fonte:IBGE (2011)
Introdução ao Agronegócio
Note que, na região Sul, o perfil é outro. Observa-se o predomínio de pequenos e médios
produtores, em áreas menores de produção e com o uso mais tradicional da tecnologia.
12 As principais culturas da região Sul são o arroz, o trigo, o milho, e frutas, como a uva e os
citros. É preciso considerar, também, as propriedades com pecuária de corte e de leite, e a
suinocultura, ambas baseadas na agricultura familiar.
Depois de ver rapidamente como se divide a produção agrícola em certas regiões do Brasil e os
números que as constituem, fica fácil entender porque atualmente o país é grande produtor
e exportador de soja, suco de laranja, açúcar, café e outros. Observe a posição brasileira na
produção e na exportação mundial de produtos agrícolas, no período de 2013 a 2014.
Açúcar 1º 1º 48,6%
Café 1º 1º 26,8%
Milho 3º 2º 18,1%
Comentário do autor
Com o passar do tempo, esses homens entenderam que, se eles lançassem as sementes ao solo,
elas germinariam, cresceriam e dariam frutos que serviriam para a sua alimentação. Além disso,
eles descobriram que era possível domesticar os animais e que eles poderiam ajudá-los em
suas tarefas no campo (ARAÚJO, 2010). Podemos considerar que esse é o início da agropecuária,
o que permitiu que o homem se fixasse em lugares preestabelecidos, deixando de se deslocar 13
por grandes distâncias em busca de comida, um marco significativo na história da humanidade.
Todo o necessário para a produção de subsistência estava disponível nesses espaços fixos,
ainda que na época fossem muito precárias as condições em termos de infraestrutura, o que
impossibilitava, por exemplo, a conservação dos alimentos.
Avançando séculos e mais séculos nessa história, com a diversificação da produção de várias
culturas, as criações de animais e o desenvolvimento tecnológico, foi ocorrendo a integração
das atividades agropecuárias com as atividades industriais (ARAÚJO, 2010). E como será que
se desenvolveu essa integração e onde estamos hoje nesse importante capítulo da história do
homem e do agronegócio?
Evolução da agricultura
Para contar esta parte recente da história da agricultura, veremos quatro marcos temporais:
as décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990.
Introdução ao Agronegócio
1960 – A modernização da agricultura
Um exemplo de como era o processo agrícola no Brasil na década de 1960 são as propriedades
14
rurais de Minas Gerais, que produziam café, milho, e cana-de-açúcar, e também criavam
porcos, e gados de corte e de leite. Nessas propriedades, o leite era utilizado para a produção
de queijos e manteiga; o algodão, para o tecido, que se transformava em roupas; e, ainda, da
cana-de-açúcar se faziam a cachaça e o melaço.
J Modernização da agricultura
15
Introdução ao Agronegócio
fato acabou prejudicando os pequenos produtores no mercado e favorecendo os médios e
grandes produtores com maior poder de capitalização.
16
O crédito fácil para os agricultores impulsionou a expansão de culturas de larga escala e a
utilização de grandes áreas em uma mesma propriedade, devido à mecanização e ao aumento
do consumo de insumos agrícola, ocorrendo também um incentivo à exportação (KAGEYAMA
ET AL., 1987; GRAZIANO DA SILVA, 1998; RAMOS, 2007).
É importante lembrar que, no período entre 1950 e 1975, o Estado Brasileiro promoveu a
política de Substituição de Importações (SI), pela qual se implantaram as indústrias de insumos
e as máquinas para a agricultura no território brasileiro.
Nos anos 1980, o mundo e o Brasil passavam por uma forte crise econômica, e nesse período
foi realizada a Reforma da Política Agrícola Brasileira, que levou a uma drástica redução do
crédito oficial do SNCR. Com a crise dos mecanismos tradicionais de apoio ao setor (crédito
governamental, política de garantia de preços mínimos, estoques reguladores etc.), o Estado
passou a priorizar ações estratégicas dirigidas a segmentos específicos, como:
• as linhas especiais para agricultores familiares;
Informações extras
Neste período há um aumento da ação dos capitais privados no campo, que proporcionam
um aumento do financiamento privado da agricultura, substituindo em parte o crédito do
governo. Em paralelo, cresce os mecanismos privados de financiamento para a agricultura
vindos das agroindústrias, tradings e de outros agentes financeiros.
Tradings
Empresas que financiam o produtor nas atividades de produção e que geralmente recebem
produtos, como, por exemplo, os grãos, em troca da disponibilização ao produtor de recursos
financeiros, assistência técnica e insumos.
17
Dica
O agronegócio da soja no Brasil cresceu a partir da Lei Kandir (1996) que isenta de
' ICMS produtos primários e semi-elaborados destinados à exportação. Essa lei foi
um marco no incentivo à produção agrícola do país, contribuindo fortemente com o
aumento da produção e a expansão da cultura em diversas regiões do Brasil.
Introdução ao Agronegócio
Tópico 3: Definição de Agronegócio
18 O conceito de agronegócio vem do inglês agribusiness, proposto por Davis e Goldberg, em 1957.
Ao estudar os Sistemas Agroindustriais (SAG), os autores desenvolveram uma ferramenta
para analisar a importância de cada elo do agronegócio e concluíram que um dependia do
outro. Isso levou à definição de agribusiness como:
Podemos citar como exemplo, a questão da carne bovina. O consumidor, ao exigir uma
carne com qualidade melhor ou da qual o animal a ser abatido sofra o menos possível,
está influenciando diretamente na produção da carne. Se o frigorífico não atender a essas
exigências, poderá perder mercado. Alguns países importadores como os da União Europeia,
exigem que toda a carne que for exportada pelo Brasil seja certificada e rastreada desde o
início do processo de produção, que ocorre na propriedade rural. Ou seja, é uma tendência
do mercado mundial da qual não se pode ficar para trás.
Consumidor
Industrial Institucional
Varejista
Processador
ESTRUTURAS DE INFRA-ESTRUTURA
COORDENAÇÃO DE APOIO
Produtor
Mercado Trabalho
Mercado de Futuros Crédito
Programas governamentais Transporte
Agências governamentais Energia
Fornecedor
Cooperativas Tecnologia
Joint Ventures Propaganda
Integração Armazenagem
- Contratual Outros Serviços
Produtor
Vertical
Agências de Estatística
Matéria-Prima
Trendings
Filmes Individuais
Fonte: SHELMAN, 1991 apud ZYLBERSZTAJN, 2000, p. 6.
Ao analisarmos uma cadeia produtiva, é preciso ter uma visão sistêmica; todos os elos estão
interligados e são monitorados pelo governo, sob a pressão exercida pelos consumidores. 19
Observe com atenção a figura anterior pois ela exemplifica a visão sistêmica do agronegócio.
Repare que há vários elementos interligados e interdependentes, como os dos fornecedores de
insumos agropecuários (fertilizantes, defensivos, rações, crédito e sementes), dos produtores
rurais, dos processadores, dos transformadores, dos distribuidores e das revendas de
produtos agropecuários.
Também fazem parte desse complexo os agentes que afetam e coordenam o fluxo dos
produtos, como o governo, os mercados, e as entidades comerciais, financeiras e de serviços
(MENDES; PADILHA JUNIOR, 2007, p. 48). E você? A qual parte desse sistema pertence?
Ao analisar novamente a figura anterior, observamos que existe uma interligação entre os
elementos da cadeia produtiva, havendo a necessidade de uma coordenação da cadeia,
Introdução ao Agronegócio
pois como todos os elementos estão relacionados, caso ocorra algum problema em algum
deles, toda a cadeia será afetada. Os sistemas agroindustriais assemelham-se às redes de
20 relacionamento, sendo que nestas cada agente tem contato com um ou mais agentes.
Informações extras
O Rio Grande do Sul que causou impactos em todos os elos da cadeia produtiva.
Acesse no AVA a reportagem que foi publicada em um jornal do RS para saber
mais sobre o assunto.
Pode-se, também, definir o agronegócio de uma maneira mais esquemática de modo a facilitar
sua compreensão. Sendo assim, podemos considerá-lo baseado em cinco setores principais
(MENDES,2007):
• fornecedores de insumos e bens de produção;
• produção agropecuária;
• processamento e transformação;
• distribuição e consumo;
• serviços de apoio.
Fornecedores de Processamento
Produção Distribuição e Serviços de
insumos e bens e
agropecuária consumo apoio
de produção transformação
Motores
1. Ter uma visão sistêmica do agronegócio ou seja, jamais um elo pode ser analisado
separadamente. Por exemplo, no SAG da laranja é preciso analisar o elo dos insumos de
produção, como fertilizantes, o elo do fornecedor de matéria-prima, o elo da produção de
laranja e, depois, o elo da indústria processadora de suco de laranja. Também devem ser
analisados os elos da distribuição (que farão a venda do suco) e o consumidor.
A expressão “agricultura familiar” passou a ser utilizada no Brasil a partir de meados da década
de 1990. Nesse período, ocorreram dois eventos que impactaram social e politicamente o
meio rural, em especial a região Centro-Sul (SCHNEIDER, 2006).
21
Introdução ao Agronegócio
O primeiro deles refere-se à questão política, pois, nesse período, ocorreu a mobilização de
diversos movimentos sociais no campo liderados pelo sindicalismo rural ligado à Confederação
22 Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG.
Esses movimentos produziram diversas formas de manifestação (que ocorrem até hoje,
basta acompanhar os noticiários), como o “Grito da Terra”, e os principais motivos eram
(SCHNEIDER, 2006):
• a falta de crédito do governo para o meio rural;
Como resposta às manifestações sociais da década de 1990, foi criado o Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF com o objetivo principal de prover crédito
agrícola e apoio institucional às categorias de pequenos produtores rurais, que estavam sendo
preteridas das políticas públicas desde a década de 1970, e por conta disso não estavam
conseguindo se manter na atividade (SCHNEIDER, 2006). O PRONAF firmou a agricultura
familiar no cenário político e social do Brasil.
A agricultura familiar, então, pode ser definida a partir de três características principais
(INCRA,1995):
A propriedade dos meios de produção, mas nem sempre a terra, deve pertencer
à família e deverá ser feita no interior da propriedade a transmissão desses meios
de produção caso ocorra o falecimento ou a aposentadoria dos responsáveis.
No Brasil, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
– FAO, 84,4% dos estabelecimentos rurais pertencem à agricultura familiar, que emprega
quase 75% da mão de obra do setor agropecuário, mas somente 24,3% das áreas ocupadas
por estabelecimentos agrícolas são administradas por pequenos proprietários. A produção
oriunda da agricultura familiar é direcionada principalmente para o mercado interno, sendo
responsável pela produção de 70% dos alimentos consumidos no país: cerca de 70% do feijão,
87% da mandioca, 58% do leite e 46% do milho (SALCEDO, 2014). Estes são números altamente
relevantes para todo o abastecimento interno.
A agricultura familiar ganhou uma importância tão grande que o ano de 2014 foi escolhido
pela FAO para ser o Ano Internacional da Agricultura Familiar. “Com o aumento dos preços
dos alimentos e as mudanças climáticas, percebemos que o modelo de grandes fazendas não
é um modelo para ser seguido no futuro”, afirma Salcedo (2014).
23
Introdução ao Agronegócio
Mas como é a produção dentro desse sistema mais familiar? Na maioria das propriedades
de agricultores familiares, são plantadas grandes variedades de produtos, além de serem
24 utilizadas sementes e espécies tradicionais existentes há centenas de anos, consideradas
mais resistentes às pragas e às mudanças climáticas (SALCEDO, 2014).
De acordo com dados do MDA, o segmento da agricultura familiar conta com mais de 4,3
milhões de unidades produtivas, que correspondem a 84% do número de estabelecimentos
rurais brasileiros. Segundo a FAO, considerando apenas os países do MERCOSUL, o segmento
da agricultura familiar emprega diretamente cerca de 10 milhões de pessoas.
No mundo, a Organização das Nações Unidas estima que existam cerca de 500 milhões de
pequenas propriedades, sendo que, na América Latina e no Caribe, elas representam cerca
de 80% das propriedades agrícolas e produzem mais de 60% dos alimentos consumidos na
região, além de empregar mais de 70% da mão de obra do setor.
Encerramento
Neste tema, você pôde aprender os conceitos mais gerais acerca do agronegócio. Essa primeira
parte foi fundamental para lhe dar base não somente para avançar nos demais temas, como
também para aplicar em sua jornada prática. Como ponto a se destacar até agora, temos
a importância das políticas públicas e econômicas do Brasil para o desenvolvimento do
agronegócio no país
Para você compreender melhor o que isso representa no mundo, veja a seguir alguns dados
dos principais produtos que são produzidos e comercializados, assim como dados referentes
à produção agrícola e aos estoques mundiais de grãos.
A figura abaixo mostra a produção agrícola e os estoques mundiais de grãos, na qual podemos
observar que, desde 2000, a produção de grãos vem aumentando, mas os estoques oscilam
sempre na faixa de 500 milhões de toneladas.
3000
Milhões de toneladas
2500
2000
1500 Produção
1000 Estoques Finais
500
0
1
3
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/1
/1
/1
/1
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
27
Mas por que os números relativos aos estoques não variam muito? Podemos dizer que eles
estão, inclusive, diminuindo.
Isso vem ocorrendo em função do aumento da demanda por grãos, que pode ser justificado
por fatores como o crescimento da população mundial, por exemplo. No entanto, a produção
de grãos não acompanha esse ritmo devido a fatores climáticos adversos.
Os principais grãos produzidos na safra 2012/2013 foram o arroz, o milho, a soja, o trigo, a
cevada e o sorgo. A imagem a seguir apresenta o percentual de produção de cada um desses
produtos.
Introdução ao Agronegócio
Principais produtos (Safra 2012/2013)
28
9%
Arroz
20%
Milho
Soja
27%
Trigo
11%
Como lei básica do mercado, quando os estoques começam a diminuir muito, os preços no
mercado internacional de grãos aumentam, prejudicando em maior escala a população dos
países menos favorecidos.
Para exemplificar melhor esse cenário, a seguir serão abordadas algumas das questões mais
importantes no cenário internacional e que afetam todos os países, incluindo o Brasil. As
questões a serem discutidas estão relacionadas ao protecionismo dos países ricos, como os
subsídios e as barreiras fitossanitárias.
Comentário do autor
Os subsídios agrícolas são incentivos pagos (em valores) pelo governo para
os agricultores de seu país, sendo que uma das principais motivações pelo
Como visto no tema anterior, na década de 1970 no Brasil, os agricultores receberam subsídios
oferecidos pelo governo na forma de financiamentos bancários oficiais em um período no
qual havia crédito abundante do governo, com uma parcela de subsídios incluída. Esse tipo
de financiamento foi muito criticado, pois priorizou a liberação de crédito para os grandes
proprietários de terra em detrimento dos pequenos.
O governo brasileiro também forneceu subsídios para o setor do trigo, em especial aos
moinhos, com o objetivo de limitar os preços pagos pelos consumidores. No início da década
Após esse breve histórico, é importante refletir sobre questões que são permanentes no
universo da agricultura. Por exemplo:
• A instabilidade de preços;
Todos esses aspectos levam os países a adotarem uma série de políticas agropecuárias de
proteção aos seus agricultores. Além de assegurar renda aos produtores, o protecionismo
agropecuário objetiva garantir a segurança alimentar e, muitas vezes, a soberania alimentar: ter
alimentos suficientes para todos e, de preferência, produzidos no próprio país (ALMEIDA, 2009).
Farm Bill é o nome popular dado à legislação agrícola dos EUA, geralmente renovada a cada
quatro anos, que possui como objetivo consolidar em um único documento os programas de
política agrícola do Departamento de Agricultura dos EUA – USDA. A Farm Bill aprovada em maio
de 2008 teve gastos com a agricultura de até US$ 307 bilhões, e os Estados Unidos forneceram
subsídios para diversas culturas, como a soja e o milho, levando ao aumento da produção.
29
Introdução ao Agronegócio
A estimativa é de que o Brasil perca cerca de 700 a 800 milhões de dólares com esses subsídios
americanos, o que também afeta os preços internacionais, já que os EUA são o maior mercado
30 e a sua produção excedente é exportada (ALMEIDA, 2009).
Como visto, a Farm Bill fornece bilhões de dólares em subsídios, cuja maior parte vai para
grandes agronegócios produtores de milho, soja, trigo, algodão e arroz (os dois primeiros
são usados na alimentação do gado). Ou seja, esses subsídios “agrícolas” acabam indo para
a produção de carne. Dessa forma, agricultores que produzem frutas e vegetais recebem
menos de 1% de apoio governamental.
A União Europeia também fornece grandes subsídios para os seus agricultores – estima-se
que sejam fornecidos cerca de 70 bilhões de euros por ano, sendo que 45% do orçamento da
UE são destinados a subsídios agrícolas.
A Política Agrícola Comum - PAC europeia é definida e aplicada pelos governos dos Estados-
membros. O seu objetivo é apoiar os rendimentos dos agricultores ao mesmo tempo em que
os incentiva a produzir produtos de alta qualidade, de acordo com as exigências do mercado,
e a procurar novas oportunidades de desenvolvimento, nomeadamente fontes de energia
renováveis mais sustentáveis (COMISSÃO EUROPEIA, 2014).
Atenção
` nos mercados mundiais. Sua pretensão é fazer a economia girar com foco na
produção local. Cerca de um terço da renda dos agricultores europeus provém
dos subsídios, e isso faz com que eles produzam mais e tenham preços mais
competitivos no mercado internacional (COMISSÃO EUROPEIA, 2014).
A renovação da PAC europeia, em vigor de 2014 a 2020, está gerando uma expectativa de
redução dos subsídios devido ao alto preço das commodities no mercado internacional e,
também, à crise dos países da zona do euro.
O Brasil não tem condições de garantir os mesmos níveis de subsídios de países como EUA
e da UE, e convive no mercado internacional pautado por preços internacionais gerados por
essas nações. O país é afetado principalmente nos setores da cana-de-açúcar e da pecuária
de corte:
• cana-de-açúcar: o nosso mercado será atingido se eles aumentarem os incentivos para a
produção de açúcar de beterraba;
Link
31
A Para saber mais sobre protecionismo da União Europeia, leia uma reportagem
disponibilizada no AVA.
Como e onde o Brasil e outros países podem se defender do protecionismo nas nações mais
ricas?
Essa resposta está relacionada com a Organização Mundial do Comércio – OMC, entidade
internacional criada em 1995 para coordenar e administrar questões referentes ao comércio
mundial. O seu principal objetivo é apoiar os produtores de bens e serviços, assim como os
exportadores e os importadores no desenvolvimento de suas atividades.
Introdução ao Agronegócio
Por meio desse acordo, pretende-se (ICONE, 2014):
• fornecer maior transparência dos mercados agrícolas;
32
• promover a liberalização gradual do comércio pela redução das barreiras tarifárias e não
tarifárias;
A título de exemplo prático, veja algumas ações já realizadas pelo Brasil na OMC:
Suco de Laranja: a disputa entre Brasil e EUA teve início na OMC em 2009 e
se encerrou em junho de 2011. O Brasil saiu vitorioso, e os norte-americanos
desistiram de recorrer da decisão favorável que questionou medidas antidumping
impostas ao suco de laranja brasileiro.
1: Soja
A soja é a principal oleaginosa produzida no mundo, sendo utilizada como commodity na
produção de óleo, na formulação de rações e na produção de carnes. A imagem a seguir
Insumos
(sementes, defensivos, máquinas etc.)
Produção
Centro-Oeste, Sul, Sudeste, Nordeste e Norte
Originadores
Armazéns Gerais, Cooperativas e trading companies
Esmagadores
Empresas privadas e cooperativas
Distribuição
Atacado, Varejo, Mercado Institucional
Consumidor
300
Milhões de toneladas
250
200 Produção
150 Consumo
100 Estoques
50
0
A
do
si
ro
in
in
EU
un
nt
Ch
ut
Br
ge
M
O
Ar
Introdução ao Agronegócio
Na safra 2012/2013, a produção mundial foi de 267 milhões de toneladas de soja, sendo
que Brasil, Estados Unidos e Argentina respondem por grande parte do total produzido.
34 Foram consumidas no mundo 258,8 milhões de toneladas de soja, sendo a China o principal
importador da commodity.
1000.000
90.000
80.000
70.000
Mil. Ton.
60.000 Soja
50.000
40.000 Farelo
30.000 Óleo
20.000
10.000
0
2013 (E)
2014 (E)
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Note que o complexo soja (soja em grão, farelo e óleo) tem grande destaque no agronegócio
brasileiro, já que 26,1 bilhões de dólares foram gerados como divisa pelo setor da soja em 2012.
Esse mesmo setor representou 10,8% do total exportado pelo Brasil. Em 2013, observa-se um
salto de 2% na participação do complexo soja nas exportações do Brasil: 12,8%.
15
10
0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
0 5 10 15 20
China
União Europeia
2013
Outros Destinos
2012
A China, que faz parte do BRICs, é o segundo maior produtor de grãos do mundo (530 milhões
de tonelada/ano), sendo igualmente o maior consumidor, e, por isso, busca a autossuficiência
com claras intenções de ficar independente do mercado internacional.
Aliás, o comércio de mercadorias entre Brasil e China apresentou, em 2002, duas características
principais:
35
• a concentração das pautas de exportação e importação (soja, minério de ferro, produtos
siderúrgicos e óleo de soja) respondeu por 67,53% das exportações brasileiras destinadas
à China em 2002;
• a China foi o principal país de destino das exportações brasileiras de soja, tendo essas
operações representado 27,19% do total exportado (superando a Holanda, 17,96%, e a
Alemanha, 10,17%).
Uma das razões para a elevada concentração da pauta nesses produtos foi a demanda por
soja e óleo de soja, itens que fazem parte dos hábitos alimentares dos chineses, pois são
usados na produção de tofu, shoyu e óleo de cozinha.
A China entrou na OMC em 2001. Por ser um dos maiores importadores do complexo soja,
causou mudanças importantes no mercado internacional do grão, como o maior acesso ao
mercado chinês e a limitação dos subsídios do governo desse país aos produtores domésticos
Introdução ao Agronegócio
36
Atenção
PIB
O Produto Interno Bruto mede o valor monetário total dos bens e serviços finais
produzidos para o mercado durante determinado período de tempo dentro das fronteiras
de um país.
No Brasil, a produção de soja concentra-se nas regiões Centro-Oeste e Sul, nos estados de
Mato Grosso, com 29% da produção nacional; Paraná, com 19,5%; Rio Grande do Sul, com
15,4%; e Goiás, com 10,5%. Mas as regiões Norte e Nordeste também estão aumentando a
sua área de plantio, e áreas no Maranhão, em Tocantins, no Piauí e na Bahia, no período de
2012-2013, responderam por 8,4% da produção brasileira. A seguir, veja a participação da soja
por região no Brasil.
3%
6%
7%
Norte
Nordeste
37%
47%
Sul 37
Centro-Oeste
Sudeste
Abaixo tem-se uma panorama da cadeia produtiva da soja, na qual podem-se identificar os
seus pontos fortes, os pontos fracos, as oportunidades e as ameaças.
Introdução ao Agronegócio
Análise SWOT da cadeia produtiva da soja
38
Pontos Fortes Pontos Fracos
Oportunidades Ameaças
Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados da ABIOVE (2014).
Pontos fortes
Neste item, observa-se que um dos grandes pontos fortes está na geração de renda nas
regiões produtoras de soja, principalmente nos estados de Mato Grosso e Goiás, e também por
possuírem áreas agricultáveis para expansão do plantio. Igualmente é necessário considerar
a tecnologia empregada nas propriedades rurais, como o uso de agricultura de precisão e
sementes altamente produtivas.
Pontos fracos
Podemos citar como principal ponto fraco a logística deficiente nas regiões produtoras, o que
aumenta o custo de produção, dificultando o escoamento da oleaginosa para os portos que a
levarão para o exterior.
Oportunidade
Como uma oportunidade está a possibilidade de se pesquisarem novos usos para a soja, como
sabão, tintas e biocombustível, gerando valor e produzindo produtos que serão vendidos por um
valor superior para a commodity.
Após analisar o quadro anteriormente exposto, temos como avançar e pensar a respeito das
tendências futuras. Qual é o seu palpite a respeito da cadeia de soja? Confira, abaixo, algumas
projeções.
39
De acordo com o MAPA, a produção de soja em grão em 2013 foi de 81,3 milhões de toneladas,
com uma produtividade média projetada para os próximos anos de 3,3 toneladas por hectare.
Existe uma forte tendência da produtividade de aumentar devido ao aumento da tecnificação
das lavouras, em especial daquelas que se encontram na região Centro-Oeste.
Estima-se que em 2023 a produção de soja seja de 99,2 milhões de toneladas, o que
representará um acréscimo de 21,8% em relação à produção de 2013.
Introdução ao Agronegócio
Estima-se, também, que o consumo interno de
soja em grão chegue a 50,6 milhões de tonela-
40 das ao final da projeção, sendo que se espera
um aumento de 19,4% no consumo até 2023.
De acordo com o MAPA, deve haver um consu-
mo adicional de soja em relação ao período de
2012-2013 de 8,2 milhões de toneladas.
A seguir, veja uma projeção de produção, consumo e exportação de soja em grão, mostrando
uma perspectiva positiva de crescimento do mercado.
120.000
100.000
80.000
Mil ton.
60.000 Produção
40.000 Consumo
Exportação
20.000
0
3
3
/1
/1
/1
/1
/2
/2
12
14
16
18
20
22
20
20
20
20
20
20
A cadeia da soja apresenta alto potencial de crescimento, mas ainda possui grandes gargalos (em
logística, impostos e barreiras tarifárias e não tarifárias) e necessita de maiores investimentos
em marketing, além de incentivos governamentais para a geração de valor. Esta proporciona
mais renda para as regiões produtoras e para o país, assim como mais empregos, tecnologia
e impostos a serem arrecadados.
Informações extras
O
laborais, restrições quantitativas (quotas e contingenciamento de importação).
Normalmente, as BNTs visam a proteger bens jurídicos importantes para
os Estados, como a segurança nacional, a proteção do meio ambiente e do
consumidor, e ainda, a saúde dos animais e das plantas.
O Brasil precisa investir em geração de valor produzindo produtos diferenciados, pois isso
trará benefícios aos produtores rurais e, em especial, ao pequeno e ao médio produtor, que
não tem condições de concorrer com uma grande empresa.
É mais interessante gerar valor e obter mais lucros do que exportar commodities e deixar
o lucro do desenvolvimento de produtos para os outros países. Aliás, o Brasil é conhecido
como o celeiro do mundo, mas, de que adianta produzir tanto, se as estradas e os portos não
conseguem escoar a produção? Coverse sobre esse assunto com o tutor e demais colegas e
aprofunde seu conhecimento!
O governo tem uma parcela de responsabilidade importante nisso, mas não basta: o produtor
precisa se organizar, informar-se e tratar a sua propriedade como uma empresa rural, deixar
alguns conceitos no passado e partir em busca de novos desafios.
2: Café
O Brasil é o maior produtor e exportador da commodity e conta, atualmente, com 37% do
mercado mundial cafeeiro, sendo que os principais países importadores de café brasileiro
são: Alemanha, Estados Unidos, Itália, Japão e Bélgica.
41
Participação (%) dos países na produção mundial de café em grão: safra 2012/13
Outros
México 3%
17%
Peru 3% Brasil
37%
Índia 4%
Honduras 4%
Vietnã
Etiópia 4% 17%
Colômbia 5%
Indonésia 6%
O gráfico acima nos mostra que, na safra 2012/13, os três principais produtores foram o
Brasil, o Vietnã e a Indonésia. Somos o primeiro na produção mundial de café em grão.
Introdução ao Agronegócio
É importante observar que, devido à sua grande extensão, pela qual a produção cafeeira está
espalhada em 2,3 milhões de hectares no território nacional, o Brasil possui a vantagem de
42 desenvolver diversos tipos e qualidades de cafés – um diferencial que possibilita atender às
diferentes demandas.
O país conta atualmente com 2.341,73 hectares voltados à cultura de café dos tipos arábica e
robusta. Conforme a Conab (2013), houve um acréscimo, no ano de 2013, de 12.370 hectares,
o que representa um crescimento de 0,54% da área utilizada em relação à safra de 2012.
É importante ressaltar que estão ocorrendo significativos aprimoramentos na tecnologia de
produção, no manejo, nos aperfeiçoamentos genéticos e nas reduções de custos na logística.
Arábica
A variedade de café mais apreciada no mundo é a arábica e ela representa 59% da produção
mundial da cultura de café. Trata-se de um grão bastante achatado e alongado, que gera um
café fino e com alto valor comercial. A qualidade desse grão está relacionada com a altitude em
que é plantado (altitudes superiores a 900 metros).
O maior produtor de café arábica no Brasil é o Estado de Minas Gerais. Outros estados, como
São Paulo, Paraná, Bahia, Espírito Santo e Rondônia, também produzem essa variedade. O
cultivo de café arábica totaliza 74,9% da quantidade de café nacional.
Robusta Conilon
O café robusta conilon tem a sua origem na África Central e pode ser produzido em altitudes que
variam entre o nível do mar e 600 metros. É mais utilizado na fabricação de café solúvel. Essa
variedade tem uma grande aceitação na Europa e nos Estados Unidos, pois é utilizada para fazer
o blend com a variedade arábica.
Os principais estados brasileiros produtores dessa variedade são: Espírito Santo (maior produtor
de conilon), Rondônia, Pará, Minas Gerais e Mato Grosso. A produção nacional de robusta em
maio de 2013, por exemplo, representou cerca de 25% da cultura nacional de café.
Arábicas
Conillon (Robusta)
2012
600.000
2013
400.000
200.000
0
Minas Gerais
Espírito Santo
São Paulo
Paraná
Bahia
Rondônia
Mato Grosso
Pará
Goiás
Rio de Janeiro
Outros
Introdução ao Agronegócio
a esse conceito, surge outro estudo que indica que a cadeia de café brasileira é constituída pelos
seguintes segmentos (SAES E FARINA, 1999):
44
Cadeia produtiva do café no Brasil
Insumos
(mudas, defensivos, máquinas etc.)
Produção
MG, ES, SP, PR, BA, RO, MT
1º Processamento do Café
Maquinistas e Cooperativas
2º Processamento do Café
Empresas de torrefação e moagem
Vendedores Nacionais
Cooperativas, Exportadores e Atacadistas
Compradores Internacionais
Empresas de solúvel, torrefação e dealers
Consumidor
A maioria dos produtores de café no Brasil são membros de alguma associação de interesse
privado, e os insumos, em grande parte, são obtidos por meio das cooperativas, que os
disponibilizam com menor preço por operarem em grande escala.
Apenas grandes cafeicultores vendem os grãos para compradores diretos, pois a maioria dos
produtores se relaciona com a cooperativa para entregar seus produtos. Zilbersztajn (1993)
acredita que “em geral os produtores trabalham com um nível de incerteza e insegurança
muito alto em relação às informações disponíveis no mercado”. Mas por que essa incerteza
acontece para os produtores de café?
Essa situação ocorre em função de fatores como distância física entre produtor e cooperativa,
desinteresse em participar das transações e dificuldade de comunicação com as fontes.
Nesse sentido, o produtor mantém uma relação instável com a cooperativa, já que ele possui
a possibilidade de vender a sua produção para outros atores da cadeia (ZILBERSZTAJN, 1993).
Dealers
É importante destacar que algumas cooperativas atuam, também, nos processos de torrefação
e moagem. A comercialização e a distribuição de café no Brasil são realizadas “por meio
dos exportadores, maquinistas, corretores, atacadistas e varejistas em geral, como bares,
restaurantes, padarias, supermercados e as próprias torrefadoras” (ZYLBERSZTAJN, 1993).
Informações extras
Perspectivas futuras
Consumo de café
Segundo a Organização Internacional do Café – OIC, o consumo de café no Brasil tem crescido 45
a uma taxa média anual de 4,8%. Segundo a ABIC (2012), “os brasileiros estão consumindo mais
xícaras de café por dia e diversificando as formas da bebida durante o dia, adicionando ao café
filtrado também os cafés espressos, os cappuccinos e outras combinações com leite”. Veja como
vem ocorrendo a evolução do consumo interno no Brasil durante o período de 1990 a 2012.
7
6
kg/habitantes
5
Kg café verde
4
Kg café torrado
3
2
1
0
il/ 1
06
90
92
94
96
98
00
02
04
08
- A ai 0
br o/1
M 1
12
20
19
19
19
19
19
20
20
20
20
20
Introdução ao Agronegócio
Outro fato curioso é que, desde 2004, observa-se o aumento do consumo de café fora do lar
em função da popularização das cafeterias em diversas cidades brasileiras. Isso incrementa
46 os hábitos de consumo do grão, bem como sua economia. Aliás, já se observa essa tendência
ocorrendo em países da Europa e também nos Estados Unidos. Nestes, a preferência é por
cafés especiais, geralmente de melhor qualidade.
As projeções feitas pelo MAPA para o café estimam o aumento da produção até 2023, bem
como das exportações. A previsão do MAPA é de que o país continue como o maior produtor
mundial e o principal exportador, e que também mantenha os compradores habituais e os
parceiros estimados em mais de cem mercados – cenário bastante promissor!
Observa-se que o crescimento estimado para o consumo da bebida é de 28,6% até 2023.
A título de observação, e ainda de acordo com a ABIC, esse panorama teve uma pequena
diminuição em 2013 devido ao café disputar a preferência dos consumidores com os produtos
prontos, tais como sucos e achocolatados
60
Milhões de toneladas
50
40
Produção
30
Exportação
20
Consumo
10
0
3
3
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/2
/2
/2
/2
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
De acordo com a associação, as inúmeras novas opções prontas para o consumo no café da
manhã (que incluem bebidas à base de soja, cuja penetração no mercado ainda é pequena
comparada ao tradicional cafezinho) têm apresentado crescimento bastante elevado.
Essas categorias com maior valor agregado desafiam a indústria de café para que busque
a inovação e, também, para que procure voltar a ter altos índices de crescimento, o que se
espera alcançar com a oferta de cafés de melhor qualidade, diferenciados e certificados.
E, para finalizar esta análise sobre perspectivas futuras do café, a ABIC estimou em 2014 a
retomada do crescimento do consumo interno de café entre 3% a 4%, com maior procura
por cafés de melhor qualidade, desde os tradicionais até os cafés gourmet – informação
importante a se considerar não só como tendência futura, mas obviamente de mercado.
47
200.000
Milhões de toneladas
180.000
160.000
140.000
120.000
100.000
0
1
20 11
20 2
3
0
/1
0/
1/
2/
3/
4/
5/
6/
7/
8/
9/
0/
1/
12
0
01
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Introdução ao Agronegócio
Uma informação importante é a de que, em alguns países da União Europeia, o açúcar vem
da beterraba, e esse açúcar é utilizado também na produção de refrigerantes, ao contrário do
48 Brasil, que só utiliza o açúcar de cana-de-açúcar.
Brasil
Outros 22%
26%
Paquistão 3%
Índia
Rússia 3% 15%
México 3%
EUA 5%
União Europeia 9%
Tailândia 6%
China 8%
Fonte: USDA (2013)
500.000
400.000 Brasil
100.000
0
1
20 11
20 2
3
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/1
/1
/
1/
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
12
01
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
O tema biocombustível tornou-se uma discussão extremamente relevante no século XXI. Você
sabe por quê?
Informações extras
O etanol (nome técnico do álcool etílico combustível) pode ser produzido a partir da
sacarose da cana-de-açúcar, no Brasil, da sacarina da beterraba, do amido de milho,
Para entender melhor como funciona a cadeia de produção do etanol, observe o diagrama
a seguir. Ele nos mostra os canais de distribuição, a produção nas usinas, a distribuição e o
varejo até chegar ao consumidor final.
Postos
Automobilistas
Revendedores
Bases das
Usinas
Distribuidoras
Destilarias
e Terminais
Transportador,
Pequenas empresas,
Revendedor
Grandes consumidores
e Retalhista 49
Terminais Mercado
Portuários Externo
Você sabia que, no período de 1976 a 2005, a utilização de álcool combustível permitiu ao
Brasil economizar US$ 69,1 bilhões em divisas com a importação de petróleo (ETH, 2008)? E
que, no início de 2008, o setor comemorava o crescimento da sua produção e das exportações,
prevendo a geração de um milhão de empregos, com investimentos de US$ 30 bilhões até
2012? Definitivamente, um mercado promissor.
Introdução ao Agronegócio
além da movimentação de uma grande indústria nacional de máquinas e equipamentos (JANK,
2008) – ordens de grandeza bem interessantes.
50
Porém, em setembro de 2008, ocorreu a grande crise financeira mundial, levando à cessão
dos investimentos do setor. Dessa forma, o crédito diminuiu bastante, comprometendo a
expansão dos canaviais, o investimento em pesquisas e os cuidados fitossanitários.
Podemos observar que o período de 1999 a 2007 foi de crescimento da produção brasileira,
mas, a partir de 2008, a produção passou a ser instável, alternando períodos de retração com
crescimento moderado.
30.000
25.000
20.000 Brasil
mil m²
3
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/1
/1
/1
/1
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Todo esse quadro pessimista levou ao endividamento de grande parte do setor e, também,
ao aumento dos custos de produção. A recuperação dos preços internacionais do açúcar e do
etanol na safra 2009/2010 não foi suficiente para a retomada do setor, levando à venda das
empresas endividadas, que foram compradas por grandes grupos nacionais e internacionais.
Durante esse processo, os grandes grupos familiares deram lugar a grandes empresas
multinacionais, tradings e fundos de investimento. Essas empresas passaram a delinear
outra forma de gestão do setor, buscando a eficiência e se voltando para uma gestão mais
profissional a fim de gerar maior rentabilidade.
É nas regiões Sudeste e Centro-Oeste que está concentrada a maior parte da produção e das
usinas de açúcar e etanol. De acordo com o estudo Outlook Fiesp, a região Sudeste deverá ter
um aumento de área de 11% até 2023 em relação a 2013 (o que representa 616 mil hectares),
resultado próximo ao estimado para o Centro-Oeste.
8%
7%
Nordeste
19% Sul
66% Centro-Oeste
Sudeste
Informações extras
O •
•
receita do setor: superior a R$ 50 bilhões;
divisas externas: US$ 13,8 bilhões (2010);
• porcentagem na matriz energética nacional: 18% (segunda fonte:
hidroeletricidade);
• redução de emissões de CO2: 600 milhões de toneladas desde 1975.
51
Perspectivas futuras
De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar – UNICA, o setor pretende trazer tecnologias
que elevem a produtividade dos atuais 7.000 para 13.000 L/ha até o final da década de 2010.
• o manejo agrícola;
• o etanol celulósico.
A demanda mundial por energia vem aumentando, e o Brasil está retomando os investimentos
em tecnologia e na construção de novas fábricas. No entanto, países como China e Índia, que
representam um quarto da população mundial, também estão investindo em novas unidades
de produção de etanol, o que pode representar forte concorrência para o país.
Introdução ao Agronegócio
52
Em paralelo a isso, também devem ser estimuladas as pesquisas sobre fontes renováveis
de energia, sendo feitas de maneira global por meio da troca de experiências entre os
pesquisadores de diversos países. Por outro lado, órgãos governamentais internacionais
divulgam que o biocombustível poderá afetar a capacidade de produção de alimentos no
mundo. Ou seja, o debate sobre o futuro do biocombustível é bastante complexo.
Hoje, temos o Brasil em situação privilegiada, pois o país necessita de apenas 2% de suas
terras cultiváveis para mover toda a frota nacional de veículos leves exclusivamente a etanol.
De acordo com Goldemberg (2007), desde 1960 a área colhida com cana-de-açúcar apresentou
uma taxa de crescimento de 3% ao ano, sem prejudicar o avanço de outras culturas. A maioria
das destilarias concentra-se no Estado de São Paulo, havendo uma expansão em Minas Gerais,
Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O Brasil utiliza 62 milhões de hectares, dos quais 19,7% com milho e 8,9% com cana-de-açúcar.
A título de comparação, os Estados Unidos empregam 99 milhões de hectares, sendo que o
milho representa 30% dessa área.
Comentário do autor
50.000
45.000
40.000
35.000 Produção
Mil ton.
30.000 Exportação
25.000 Consumo
20.000
15.000
10.000
5.000
0
3
3
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/2
/2
/2
/2
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
4: Algodão
O algodão é considerado uma das mais importantes culturas de fibras no mundo! Estima-se
que, todos os anos, cerca de 35 milhões de hectares de algodão sejam plantados no globo
terrestre. Além disso, desde a década de 1950, está ocorrendo um aumento da demanda
mundial a um crescimento anual médio de 2%.
Introdução ao Agronegócio
Atualmente, o algodão é produzido por mais de 60 países nos cinco continentes, sendo que
apenas cinco países (China, Índia, Estados Unidos, Paquistão e Brasil) aparecem como os
54 principais produtores da fibra. Mais uma vez, o Brasil entre os primeiros produtores, o que só
comprova a vocação agrícola do país.
Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão – Abrapa, nas últimas três safras,
a produção do Brasil foi de um volume médio próximo de 1,7 milhão de toneladas de pluma.
8.000
7.000
6.000
2011/12
5.000
4.000 2012/13
3.000
2.000 2013/14
1.000
0
a
ão
il
ão
s
ro
as
in
di
EU
st
st
Ch
Ín
ut
Br
i
ui
qu
O
sq
Pa
be
U
Insumos
(sementes, defensivos, máquinas etc)
Produtores de algodão
(algodão em caroço)
Algodoeira
(fardo de algodão em pluma)
Fiação
(tecido bruto)
Estamparia e Acabamento
(tecido estampado)
Indústria de confecção
Comércio atacadista
Comércio varejista
Consumidores finais
• O número de trabalhadores chegou a 1,6 milhão de pessoas em 2012, sendo 1,2 milhão de
empregos somente em vestuário (IEMI, 2013).
Comentário do autor
3%
30%
Nordeste
Centro-Oeste
67% 0%
Sudeste
Introdução ao Agronegócio
A produção do algodão ocorre principalmente nas regiões Centro-Oeste e Nordeste (representa
95% da produção nacional), sendo que os estados do Mato Grosso e da Bahia produziram
56 cerca de 65% e 30% da safra 2012/2013, respectivamente.
100 - 20.000
20.001 - 60.000
60.001 - 138.000
138.001 - 314.000
314.001 - 526.310
Outros municípios
5: Arroz
O arroz é o terceiro cereal mais consumido no mundo, ficando atrás apenas do milho e do
trigo. A produção mundial de arroz concentra-se na Ásia e representa 68% dos 465 milhões
de toneladas produzidos atualmente no mundo. Os principais países produtores são: China,
Índia, Indonésia e Bangladesh.
160
140
120
100
80
60
40
20
0
China
Índia
Indonésia
Bangladesh
Vietnã
Thailandia
Philipinas
Fonte: MAPA (2013)
Dessa vez, o Brasil não figura no topo da lista. A produção nacional de arroz é tradicionalmente
concentrada na região Sul, nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, o que
representa 78% da produção nacional. Na safra 2012/2013, a produção brasileira foi de 11,7
milhão de toneladas.
1%
6% 9%
6% Norte 57
Nordeste
Sul
78% Centro-Oeste
Sudeste
As projeções de produção e consumo para 2015/2016 feitas pelo MAPA mostram uma situação
tênue entre essas duas variáveis, indicando necessidade de importação para os próximos
anos. Para o período de 2015/2016, estima-se o seguinte cenário:
• produção em 12,9 milhões toneladas;
Introdução ao Agronegócio
A partir da projeção do MAPA para o período de 2012/2013 a 2020/2022, pode-se observar a
previsão de aumento da produção na área plantada. Por outro lado, vê-se também a redução
58 dessa mesma área. O que pode ser preocupante.
Para evitar esse quadro, deve-se focar em investimentos em tecnologia que levem a um
aumento de produtividade, de modo que esse acréscimo de produção ocorra especialmente
por meio do crescimento do arroz irrigado.
Projeção arroz
Projeção
(em arroz (em
milhares de milhares
toneladas) de toneladas)
14.000
12.000
10.000
8.000
Produção
6.000
4.000 Consumo
2.000 Importação
0
3
1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/2
/2
12
13
14
15
16
17
18
19
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Fonte: MAPA (2013)
De acordo com o MAPA, estima-se uma produtividade de 5,5 toneladas por hectare, cerca de
600 quilos a mais do que a atual produtividade de 4,9 toneladas por hectare. Hoje, a maior
parte da produção de arroz do Brasil se concentra no Rio Grande do Sul, com produtividade
de 7,5 toneladas por hectare.
Cultivo do arroz
• nas outras regiões, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a produção do arroz de sequeiro
é pequena e ocorre em áreas de formação de pastagens.
Esse processo de abertura de área alcançou o seu ponto máximo no período entre 1975 e
1985, no qual a cultura chegou a ocupar uma área superior a 4,5 milhões de hectares. Nessa
época, o sistema de exploração era caracterizado pelo baixo custo de produção, em que os
agricultores não adotavam as práticas recomendadas, como os plantios tardios.
É fato que na última década houve o aumento da massa salarial e do poder aquisitivo da
população brasileira e a ascensão da classe C (também chamada “nova classe média”). Essa
classe tem como padrão de consumo ser exigente em relação aos produtos que consome e,
ao mesmo tempo, tem consciência de que não pode errar na compra por não possuir uma
segunda oportunidade de aquisição.
Essa mudança nos padrões de consumo está levando à sua diminuição per capita de cereais
básicos e ao aumento da demanda por produtos com valor agregado, como massas, pães e
arroz para uso gourmet, como o arbóreo, o basmati, o com certificação de origem etc.
Introdução ao Agronegócio
Comentário do autor
p Acesse o AVA para ler um texto sobre estocagem de arroz no mundo e responda
às questões propostas.
6: Milho
O milho é o principal cereal produzido no mundo. Ele é consumido em diversos países de
forma in natura ou em produtos industrializados, como rações, xaropes, farinhas etc. O Brasil
possui um mercado regido pela oferta e pela demanda doméstica, desse modo não possui
posição de competitividade no âmbito mundial, seja por meio do próprio grão ou por seus
derivados (ração e produtos destinados à indústria de alimentos).
32%
60%
3%
5%
61
Suinocultura
Pecuária
Indústria de Sementes
Avicultura
Introdução ao Agronegócio
Cadeia produtiva do milho
62
Fornecedores Produção Comercialização e 1º 2º Distribuição e
de Insumos, Primária Armazenamento Processamento Processamento Varejo
Máquinas e Nacional e
Equipamentos Internacional
Rações
(Petfood) Supermercado
Máquinas e
Equipamentos Cooperativas
Aves, Suínos
Rações e e Bovinos
Farelo
Pequeno
Varejo
Moagem via Indústria de
Armazenagem cervejas,
úmida: amido,
Sementes Produção de refrigerantes e
óleo,
Milho outros.
amilopectina,
highmaltose.
Mercado
Snacks, sopas, Institucional
Moagem via cereais,
Governo seca: fubá, misturas para
Indústria de farinha, bolo, matinais
Defensivos e cuscuz, canjica, e outros.
Fertilizantes outros
produtos.
1000
900
800
700
600
500 2012/13
400
2013/14
300
200
100
0
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em
Br
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M
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ão
ni
U
Observa-se que houve uma diminuição da produção brasileira. Mas por quê?
Observa-se que houve uma diminuição da produção brasileira. Mas por quê? Devido à redução da
área plantada de milho e ao aumento da área de produção de soja.
Na safra 2013/2014, as exportações mundiais do milho foram estimadas pelo USDA em 114,4
milhões de toneladas e elas terão um aumento maior ainda se comparadas com o volume
exportado no ano anterior (94,5 milhões de toneladas).
Introdução ao Agronegócio
Exportações mundiais de milho
64 120
100
80
60
40
20
0
A
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do
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Br
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M
O
U
Ar
2012/13
2013/14
2% 6%
3%
Norte
Nordeste
33%
Sul
43%
Centro-Oeste
Sudeste
7: Carnes
Sabe-se que a carne é um dos produtos agrícolas mais amplamente consumidos ao redor do
mundo. Para se ter ideia, de 2001 a 2013, a produção pecuária mundial foi de, em média, 58
milhões de toneladas/ano.
59
58
57
Milhões de toneladas 56
55
54
53
52
51
50
49
1
3
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/0
/1
/1
/1
/1
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Fonte: USDA (2013)
De acordo com o USDA, em 2013, o Brasil era o segundo maior produtor mundial de carne
bovina, com 9,38 milhões de toneladas (os Estados Unidos ficaram em primeiro lugar, com
11,27 milhões de toneladas).
Os principais países produtores são Estados Unidos, China, Brasil, Índia e a União Europeia.
60
Milhões de toneladas
50
40
65
30
20
10
0
A
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do
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pe
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Br
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Ch
Ín
ro
M
Eu
ão
ni
U
Segundo especialistas do setor, o Brasil é o país que possui a maior capacidade de aumentar
a produção de carne bovina pelos seguintes motivos:
• sistema de criação quase 100% no pasto;
Introdução ao Agronegócio
• altas taxas de produtividade;
Em 2012, a produção brasileira foi de 9,3 milhões de cabeças de gado. A região que apresentou
o maior percentual foi a Centro-Oeste, com 38,5% do abate nacional. A região Sul participou
com 12%, a Sudeste com 20%, a Norte com 19% e a Nordeste com 10% (IBGE, 2012).
Nordeste
10%
Sul
Sudeste
• 7 milhões de empregos;
• 560 curtumes;
Pecuaristas
produção de animais para abate
Indústria de frigorífica
(carnes in natura, couros, miúdos e glândulas, outros
subprodutos da carne)
Distribuição
distribuirdor, atacado, varejo, indústria de alimentos e food
service, grandes redes varejistas, lojas próprias de frigoríficos
Consumidores finais
• Segundo a FAO, até 2050 a população mundial crescerá de 7 bilhões para 9 bilhões de habi-
tantes, e a oferta de carnes precisará aumentar de 200 milhões para 470 milhões de toneladas
em 2050.
67
• O aumento populacional e a evolução econômica dos países em desenvolvimento levaram à
elevação do consumo per capita de carnes: 9,02 kg/hab/ano em 2000 para 9,21 kg/hab/ano
em 2010 (USDA).
• O Brasil está estrategicamente posicionado para suprir essa demanda adicional, pois
possui o maior rebanho de gado comercial do mundo, sendo também o maior exportador
de carne bovina no globo (ABIEC, 2011).
Carne suína
A carne suína é a fonte de proteína animal mais importante no mundo. Em 2013, a produção
mundial foi de 107.514 milhões de toneladas e a produção vem crescendo com o passar dos anos
(em 2005, foram produzidos 94.328 milhões de toneladas). Conheça, agora, a produção mundial
de carne suína no período de 2005 a 2013.
Introdução ao Agronegócio
Produção mundial de carne suína
68 108.000
106.000
104.000
102.000
100.000
Mil toneladas
98.000
96.000
94.000
92.000
90.000
88.000
86.000
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Existe uma forte concentração na produção mundial, pois a China responde por cerca da metade
da produção e o restante está dividido entre União Europeia , Estados Unidos e Brasil.
Somos o quarto maior produtor e exportador, com o montante de 3.370 milhões de toneladas em
2013. Veja como foi a produção mundial de carne suína por países no ano de 2013.
60.000
50.000
1.000 ton.
40.000
30.000
20.000
10.000
0
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27
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Co
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U
No mercado de carne suína, o Brasil ainda tem pouca participação mundial em comparação às
carnes bovina e de frango. O principal motivo são as barreiras sanitárias impostas por alguns
importadores, como Japão, México, Coreia do Sul, Estados Unidos e Canadá.
Veja, agora, como foi a produção brasileira de carne suína no período de 2005 a 2013.
4.000
3.500
69
3.000
Mil toneladas
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0
05
06
07
12
13
0
1
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Mercado interno
A suinocultura está concentrada na região Sul do Brasil e gera 186.606 empregos diretos e
405.272 empregos indiretos. Ou seja, mais de meio milhão de pessoas envolvidas na produção.
Nos empregos diretos, a suinocultura industrial possui 49.932 trabalhadores, a suinocultura
de subsistência, 50.010, e a agroindústria, 86.663 empregados (ABIPECS, 2012).
Introdução ao Agronegócio
Apresenta-se, a seguir, a participação de cada região do Brasil na produção de carne suína.
70
Carne suína: participação por região do Brasil
1%
18%
Nordeste
16% Sul
65%
Centro-Oeste
Sudeste
Nos últimos dez anos, vem ocorrendo um crescimento do consumo de carne suína no Brasil. Em
2005, o consumo era de 1.949 milhões de toneladas e, em 2013, passou a ser 2.771 milhões de
toneladas. E por que esse aumento?
De acordo com a ABIPECS, o consumo doméstico vem crescendo devido ao aumento populacional
e do poder aquisitivo, às ações de promoção da carne suína realizada para os consumidores e
para as redes de varejo, à busca de padrões de qualidade na produção e na industrialização, ao
desenvolvimento de cortes especiais e aos investimentos em linhas de corte e em logística de frio.
O consumo per capita de carne suína atualmente no Brasil é de 13,4 kg/ano (valor ainda baixo
em relação a outros países, como Hong Kong, que tem um consumo de 66,50 kg/ano por
pessoa). Estimativas do setor esperam que nos próximos anos o consumo brasileiro passe
para 16,2 kg/ano.
Veja como se comportou o consumo mundial per capita de carne suína em 2011.
50,00
Kg per capita
40,00
30,00
20,00
10,00
0
g
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No Brasil, a avicultura é responsável pelo emprego, direto e indireto, de mais de 3,6 milhões de
pessoas e responde por quase 1,5% do Produto Interno Bruto – PIB nacional. Uma participação
impressionante!
1% 3%
Norte
22%
Nordeste
Sul
14%
60%
Centro-Oeste
Sudeste
Em 2012, a produção de carne de frango foi de 12,645 milhões de toneladas. Aqui, constata-
se uma redução de 3,17% em relação a 2011, ano no qual foram produzidos 13,050 milhões
de toneladas. Os Estados Unidos estão na liderança da produção mundial de carne de frango,
seguidos pela China e pelo Brasil, que aparece em terceiro lugar. 71
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
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Br
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Introdução ao Agronegócio
Sobre a produção brasileira, 69% foram destinados ao consumo interno e 31%, às exportações.
Nas exportações por produto, observa-se que os produtos mais exportados são os cortes.
72
37% Cortes
Industrializados
54%
Salgado
Inteiros
4%
5%
Houve um aumento do consumo per capita entre 2002 e 2012, tendo passado de 34 quilos em
2002 para 45 quilos em 2012, aumentando a demanda em 3,3 milhões de toneladas.
Desde 2004, o Brasil é o maior exportador mundial, seguido pelos Estados Unidos e pela China.
Em 2012, as exportações brasileiras de carne de frango foram de 3,7 bilhões de toneladas, o
que representa um montante de US$ 7,2 bilhões.
Projeções futuras
O cenário é promissor: as projeções de carnes para o Brasil feitas pelo MAPA mostram que
esse setor deve apresentar intenso crescimento nos próximos anos. Entre as carnes, são
estimadas maiores taxas de crescimento da produção no período de 2013 a 2023. A carne
de frango deve ter um crescimento anual de 3,9%, e a carne bovina, de 2% ao ano. Para a
produção de carne suína, o MAPA projetou um crescimento 1,9% ao ano, que representa um
valor relativamente alto, já que conseguirá atender ao consumo doméstico e às exportações
(MAPA, 2013).
25.000
Mil toneladas
20.000
15.000
10.000
5.000
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2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
Frango
Bovina
Suína
14.000
12.000 73
Mil toneladas
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
Bovina
Suína
Frango
Introdução ao Agronegócio
Em relação às exportações, as projeções do MAPA indicam elevadas taxas de crescimento para
os três tipos de carnes analisados, sendo esperado um cenário favorável para os próximos anos.
74
5.000
4.500
4.000
3.500
Mil toneladas
3.000
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
Bovina
Suína
Frango
O Brasil tem exportado carnes para diversos países. Acompanhe os números coletados sobre
o ano de 2012:
• a carne bovina foi destinada a 142 mercados, sendo a Rússia o principal deles;
• a carne de frango foi destinada a 152 países, tendo a Arábia Saudita como principal
comprador;
• a carne suína teve 75 países de destino, voltando a ter a Rússia como o principal importador.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne – ABIEC fez uma análise sobre
o mercado da carne brasileira no mundo. O quadro a seguir mostra as oportunidades de
mercado, os problemas enfrentados atualmente pelo setor e a imagem que a associação quer
passar em relação à carne, mais relacionada à confiabilidade, à variedade e à saudabilidade.
Vende muito
Vende pouco
Não vende
Introdução ao Agronegócio
o país enfrenta problemas com a venda de carnes no mercado
76 Angola
clandestino, sem nenhuma fiscalização sanitária. A venda da carne
só é permitida em açougues credenciados pelo governo e, em
supermercados, ainda não é disseminada.
8: Fruticultura
Panorama mundial
900
800
700
77
Milhões toneladas
600
500
400
300
200
100
0
1991/1992 1996/1997 2000/2001 2007/2008 2009/2010 2010/2011
Em 2011, a produção mundial foi de 822 milhões de toneladas, e as principais frutas produzidas
foram bananas, melancias, maçãs e uvas.
Introdução ao Agronegócio
Percentual de produção das principais frutas produzidas no mundo
78 Bananas
4%
5% Melancias
7% 19% Uvas
Maçãs
10%
Laranjas
18%
12% Côcos
Mangas e goiabas
12% 13%
Melões
Abacaxis
Panorama Brasileiro
Em 2012, a cadeia produtiva das frutas do Brasil destacou-se como um dos mais importantes
segmentos econômicos do agronegócio brasileiro, sendo que o país é o terceiro maior produtor
de frutas frescas do mundo, com uma produção estimada em 43,6 milhões de toneladas.
45
40
35
Milhões de toneladas
30
25
20
15
10
5
0
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
00/ 01/ 02/ 03/ 04/ 05/ 06/ 07/ 08/ 09/ 10/ 11/
20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20
A área cultivada para as frutas em todos os estados brasileiros passou dos 2,2 milhões de hectares
(em pequenas e médias propriedades), com o setor empregando cerca de cinco milhões de
pessoas, o que representa 27% da mão de obra agrícola do agronegócio (IBRAF, 2013).
Laranjas
32% Bananas
40% Uvas
Abacaxis
4% Maçãs
7%
3% 14% Outras
Em relação à produção geral de frutas, a distribuição desse segmento é feita em cinco estados
brasileiros. O volume total dessa produção representa 71% no contexto nacional.
4%
5%
9% São Paulo
Bahia
Comentário do autor
Em 2012, foram produzidos 43,6 milhões de toneladas de frutas no Brasil e, desse total, 47% foram
destinados ao sistema agroindustrial para o processamento de sucos e frutas desidratadas.
Introdução ao Agronegócio
Distribuição da comercialização de frutas
80
Produção
Comercial das Frutas
Mercado de Mercado de
Frutas Frescas Frutas Processadas
53% 47%
Informações extras
Por meio do Pronatec são oferecidos cursos gratuitos nas escolas públicas
federais, estaduais e municipais, bem como nas unidades de ensino do Senai,
Mercado externo
Neste segmento, foram exportadas em 2012 o total de 693 mil toneladas de frutas frescas
e, em 2011, o volume exportado foi de 681 mil toneladas. Mas como se configuram esses
números em detalhes?
• as principais frutas exportadas são melões, mangas, limões e bananas;
• os principais estados exportadores são Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e São Paulo;
• os principais destinos são Holanda, Reino Unido, Espanha, Estados Unidos e Uruguai.
Entre as frutas importadas pelo Brasil, destacam-se peras, maçãs, ameixas e uvas frescas.
800
700
500
400
300
200
100
0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Exportações
Importações
Atenção
Introdução ao Agronegócio
Estrutura da cadeia produtiva de frutas brasileira
82 Fornecedores de insumos
(mudas, defensivos, máquinas etc.)
Comercialização
(Ceasas, intermediários e exportadores)
Varejo
(Supermercados, mercado institucional, bares e restaurantes)
Consumidor
Tendências futuras
Existe uma tendência mundial relacionada aos hábitos alimentares que é a saudabilidade e
a sustentabilidade. Nessa proposta de vida, consomem-se alimentos saudáveis e produzidos
em regiões próximas à área de comercialização. Desse modo, os produtos são consumidos
frescos e o seu transporte não encarece o preço final. Esse conceito já foi tratado há um
tempo pelo professor Dr. Milton Santos, quando ele escreveu que:
Dentro desse conceito, podemos também citar a agricultura familiar, pois grande parte da
produção de frutas vem desse modo de produção, visto que são pequenas áreas de cultivo e a
mão de obra é constituída por pais, mães e filhos.
A presença do Brasil no mercado internacional de frutas frescas ainda é pequena, mas estudos
e campanhas de promoção da fruta vêm sendo desenvolvidos, entre elas se destaca o projeto
Brazilian Fruit, parceria entre o IBRAF e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações – Apex-
Brasil. O programa está sendo desenvolvido desde 1998 para promover e divulgar no exterior a
qualidade, a diversidade e a sustentabilidade da produção brasileira de frutas, e posicionar o país
como grande supridor mundial de frutas frescas e processadas.
Essas características podem ser tratadas como problemas ou dificuldades, mas, se for feita a
devida coordenação, podem gerar sinergias e aumento de competitividade para todo o setor.
9: Feijão
O feijão é cultivado em várias regiões do mundo. Existe uma característica particular nesse setor,
pois tudo o que é produzido é consumido internamente. Isso ocorre devido aos hábitos de
consumo da população de cada país e também porque existe grande variedade de tipos de grãos.
Atualmente, a produção mundial é de 23 milhões de toneladas, e os principais países produtores
são Índia, Brasil, Mianmar e China.
Introdução ao Agronegócio
O Brasil é considerado um grande produtor e consumidor de feijão, sendo responsável por 16%
da produção mundial. Na safra 2012/2013, foram produzidos 2,8 milhões de toneladas (OUTLOOK
84 FIESP, 2013). O consumo médio anual tem sido de 3,5 milhões de toneladas, exigindo pequenas
quantidades de importação (CONAB, 2013).
As projeções realizadas pelo MAPA mostram que a produção terá um aumento, partindo de 2,8
milhões da safra 2012/2013 para 3,262 milhões na safra 2022/2023.
4.500
4.000
3.500
Mil toneladas
3.000
Consumo
2.500
Produção
2.000 Importação
1.500
1.000
500
0
3
3
01
01
01
01
01
01
01
02
02
02
02
/2
/2
/2
/2
/2
/2
/2
/2
/2
/2
/2
12
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14
15
16
17
18
19
20
21
22
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Fonte: MAPA, com dados da CONAB (2013)
Estima-se que o consumo passará de 3,598 milhões de toneladas para 3,985 milhões de
toneladas, e, segundo o MAPA, se confirmadas as projeções de produção, não haverá
necessidade de importação de feijão nos próximos anos.
Quando o feijão sai da propriedade rural onde foi produzido, ele é entregue a um intermediário,
que irá revender para o atacadista. Este irá empacotá-lo e vendê-lo ao supermercado
(FUSCALDI & PRADO, 2010).
Agente financeiro
Governo
A cadeia produtiva do feijão é caracterizada por existirem grande incerteza nas transações
entre os vários elos e assimetria de informação, e pela inexistência de transparência no preço.
É uma cultura de risco, pois em alguns anos a produção é alta, em outros, há quebras de
safras devido ao baixo uso de tecnologia e à necessidade de água, e por ser uma leguminosa
muito suscetível a doenças e pragas (SPERS & NASSAR, 1989).
O produto é produzido em três safras, que ocorrem em diferentes locais e épocas do ano.
A primeira safra ocorre no Sul do Brasil, a segunda, no Nordeste, e a terceira, no Sudeste
(principalmente em Minas Gerais).
4%
85
16% Sul
31%
Sudeste
Centro-Oeste
20%
Nordeste
29%
Norte
Como o feijão é produzido em locais e épocas diferentes, ocorre uma grande movimentação
do produto pelo país. Por ser transportado quase que totalmente pelas estradas, têm-se altos
custos de transporte.
Introdução ao Agronegócio
a colheita mecanizada). A disponibilidade e o avanço genético dos cultivares também são
fatores restritivos na cadeia do produto. Porém, está começando a ocorrer um maior acesso
86 dos produtores a variedades cultivadas e desenvolvidas por instituições de melhoramento
genético, como universidades e a Embrapa (FUSCALDI & PRADO, 2010).
Nesse mercado, ocorrem fortes oscilações de preços entre os anos – em período de quebra
de safra acontece muita especulação e elevação do preço – e nos períodos de superprodução
– quando há o aumento da oferta, ocorre uma redução significativa do preço.
Nessas duas situações, pode ser necessária a intervenção governamental, já que se trata de
um produto de cesta básica, na qual os preços não podem ficar muito elevados. O contrário
também (preços muito baixos) necessita de intervenção para evitar prejudicar o pequeno
produtor.
De acordo com Spers & Nassar (1989), os produtores de feijão precisam assumir uma postura
empresarial, buscando incorporar novas tecnologias e irrigação às culturas, bem como ter
um planejamento de longo prazo em relação à comercialização e à rotação de cultura. Uma
importante orientação para quem pretende investir no setor está, no checklist de boas práticas
sugeridas pelos autores:
• estar ciente das informações sobre a formação do preço;
Encerramento
Neste tema, você pôde se aprofundar no entendimento de mercado do agronegócio em nível
nacional e internacional, e teve a oportunidade de conhecer as principais cadeias produtivas
brasileiras e como elas estão em comparação com o mundo, além das perspectivas futuras
para cada uma delas.
87
Introdução ao Agronegócio
03
Meio Ambiente e
Desenvolvimento
Sustentável
Tema 3: Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável
Neste terceiro tema da unidade curricular Introdução ao Agronegócio, analisaremos os
principais pontos de relação entre o agronegócio mundial, o meio ambiente e o desenvolvimento
sustentável para que você, ao final deste tema, desenvolva as seguintes competências:
• aprofundar seu conhecimento sobre as principais questões e os debates acerca do
desenvolvimento sustentável;
89
• conhecer as principais questões sobre meio ambiente e o agronegócio, bem como suas
perspectivas futuras.
Introdução ao Agronegócio
Para os teóricos que defendiam o crescimento zero, os limites ambientais levariam a catástrofes
caso o crescimento econômico não cessasse. Dentro desse contexto, começou a aparecer
90 outra visão a partir da publicação, com o apoio do Clube de Roma, do relatório preparado pelo
casal Meadows, do MIT, sobre os limites ambientais ao crescimento econômico (MEADOWS
ET AL., 1972).
1: Breve Histórico
1972 – Estocolmo
Na primeira Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente realizada em Estocolmo,
também no ano de 1972, ocorreram grandes discussões sobre as maneiras de se pensar
sobre o meio ambiente e o crescimento econômico.
No período da publicação do relatório, alguns países, como os Estados Unidos, passavam por
grande crescimento econômico, outros da Europa ainda se recuperando da Segunda Guerra
Mundial e o Brasil também atravessava um período de prosperidade devido ao chamado
“milagre econômico”. Nesse época, o mundo também assistia ao crescimento de países emer-
gentes, como os “Tigres Asiáticos”.
As primeiras reações da ONU após a Conferência de Estocolmo contaram com o apoio dos
ecodesenvolvimentistas e foram direcionadas para a defesa da necessidade do crescimento
econômico dos países pobres.
Para a Organização, a pobreza seria uma das causas fundamentais dos problemas ambientais
desses países (ROMEIRO, 2012).
1974 – Cocoyok
Comentário do autor
O crescimento econômico eficiente é considerado condição necessária, mas isso não basta
para que ocorra a melhoria do bem-estar da população – é preciso que ocorram políticas
públicas específicas direcionadas para quem realmente precisa.
1982 – Nairóbi
Introdução ao Agronegócio
1987 - Brundtland
Nesse relatório, o desenvolvimento sustentável foi definido como: “aquele que atende às
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem
às suas necessidades.”
No ano de 1992, ocorreu a II Conferência da ONU sobre Meio Ambiente, no Rio de Janeiro, na
qual foi discutida intensamente a questão do aquecimento global nos anos 1990.
O desenvolvimento sustentável pode ser atingido com um conjunto de políticas capazes de,
simultaneamente, garantirem o aumento da renda nacional, o acesso a direitos sociais bási-
cos (segurança econômica, acesso à saúde e à educação) e, também, a redução do impacto do
aumento da industrialização e do consumo sobre o meio ambiente.
Esse aumento na demanda por produtos saudáveis faz parte de uma das tendências mundiais na
alimentação, sendo que também tem destaque o consumo de alimentos éticos, a praticidade e a
busca por produtos gourmet. O consumo de produtos verdes não é apenas uma “onda” passagei-
ra – esse tipo de consumo representa uma mistura de orientação de compra com valores sociais.
Nos Estados Unidos, esse mercado representa US$ 20 bilhões. Já o mercado europeu é
estimado em US$ 15 bilhões, sendo a Alemanha o principal país consumidor.
De acordo com a FAO (2007), a previsão é de que esse mercado mundial atinja US$ 70 bilhões
em 2012. Produtos orgânicos não são mais apenas uma tendência, mas sim realidade.
Introdução ao Agronegócio
De acordo com a Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica – Ifoam,
entre os anos de 1999 e 2012, a área destinada ao cultivo de alimentos orgânicos cresceu
94 300%, totalizando 3,7 milhões de hectares.
Informações extras
Infelizmente, a procura por alimentos locais e orgânicos ainda está limitada aos que têm
condições financeiras favorecidas, principalmente porque esses alimentos são mais caros.
Dessa forma, a maior parte da população acaba ingerindo uma dieta rica em proteínas,
gordura e carboidratos simples, que, somados à falta de atividade física, levam aos altos
índices de obesidade que afetam especialmente os menos favorecidos. O governo americano
vem tomando medidas para combater esse quadro, que já se transformou em grande
preocupação social.
2. agricultura orgânica, sendo que o seu conceito teve início em 1925 na Inglaterra e se
espalhou pelos Estados Unidos na década de 1940;
3. agricultura biológica, que teve início na década de 1930 na Suíça e anos mais tarde foi
difundida pela França;
Todas essas vertentes possuem um objetivo em comum: desenvolver uma agricultura ecologi-
camente equilibrada e socialmente justa, mas que também precisa ser economicamente viável.
De acordo com Elhers (1996), citado em Souza (2000), os principais princípios são a diminuição
do uso de produtos químicos e a valorização de processos biológicos e vegetativos no sistema de
produção, que estão relacionados à utilização de práticas agrícolas como a adubação orgânica de
origem animal ou vegetal, a rotação de culturas e o controle biológico de pragas.
Segundo Souza (2000), o termo “orgânico” deve ser utilizado quando é possível visualizar “o
conceito da unidade produtiva como um organismo, no qual todas as partes componentes – solo,
minerais, micro-organismos, matérias orgânicas, insetos, plantas, animais e homens – interagem
para criar um todo coerente.”
Essa disposição dos consumidores está promovendo mudanças no comportamento das redes de
varejo de alimentos, que passaram a aumentar o seu volume de compra desses produtos.
As motivações para o consumo variam em função do país, da cultura e dos produtos analisados,
mas, observando países como Alemanha, Inglaterra, Austrália, Estados Unidos, França e Dinamarca,
identifica-se uma tendência de o consumidor orgânico privilegiar, em primeiro lugar, aspectos
relacionados à saudabilidade, em segundo lugar, aspectos relacionados ao meio ambiente e, na
sequência, a questão do sabor dos alimentos orgânicos (DAROLT, 2009).
Segundo o mesmo autor, no Brasil parece existir uma tendência semelhante, segundo
pesquisa realizada pelo Ibope e que analisou de maneira mais geral a questão ambiental.
Esse estudo mostrou que o consumidor brasileiro está disposto a pagar mais caro por um
produto que não causa danos ambientais e que uma faixa de 68% do universo pesquisado fez
essa afirmativa, enquanto outra, de 24%, mostrou-se contrária à ideia. Essa tendência pode
ser verificada mesmo na população com baixa renda familiar. Ou seja, a hora do negócio de
orgânicos é agora!
Introdução ao Agronegócio
Comentário do autor
96 De acordo com Giordano (2000), o consumo de produtos verdes não é apenas uma
“onda” passageira – esse tipo de consumo representa uma mistura de orientação
Como se pode observar, um novo mercado para pequenas empresas e produtores de agricultu-
ra familiar está se delineando. Trata-se de fazer parte de um mercado exigente, com demanda
crescente por seus produtos e sem concorrência das grandes empresas do setor (já que estas
produzem um produto homogêneo e trabalham com grandes escalas de produção). As pequenas
empresas operam em uma escala menor de produção, trabalham com agricultura familiar e ter-
ceirizam a sua produção.
Essa mudança nos hábitos de consumo aumenta os cuidados que as empresas precisam ter
com a qualidade dos seus produtos para poderem estar sempre oferecendo os produtos
adequados a esses novos nichos de consumo, que estão cada vez mais exigentes (FARINA;
ZYLBERSZTAJN, 1991).
Outra ideia que vem ganhando força é a do comércio solidário. Essa proposta é baseada
em princípios básicos, como: justiça social, transparência, preço justo, solidariedade,
desenvolvimento sustentável, respeito ao meio ambiente, transferência de tecnologia e
aumento da renda dos produtores. Nesse tipo de comércio, há uma sensibilização dos
consumidores para adquirirem um produto que tenha compromisso com o desenvolvimento
da comunidade e os grupos de pequenos produtores pobres.
Geralmente, o preço determinado para esse tipo de produto está acima do preço de
mercado, sendo conhecido como “preço prêmio”, e esse valor retorna à comunidade, que
irá discutir a sua melhor utilização (DINIZ, 2006).
Comentário do autor
d
do mercado aos fornecedores, geralmente agricultores do terceiro mundo, e as
companhias que utilizam o selo garantem que não utilizam trabalho escravo e
também mão de obra infantil.
Está havendo uma expansão da linha de produtos com certificação orgânica e fair trade das
grandes redes de supermercados, e é possível encontrá-la em vários tipos de produtos,
como frutas, legumes, vinho, chocolate, mel, cerveja, aves etc. Comece a observar!
97
Tópico 5: O Novo Código Florestal
A Lei nº 12.651 (Novo Código Florestal) foi publicada no Diário Oficial da União em 25 de
maio de 2012. Seu processo de homologação foi árduo, envolvendo anos de discussões
políticas e interesses diversos.
Porém, a lei publicada é bem diferente da lei aprovada pelo Congresso Nacional. Há ainda
conflitos a serem resolvidos, como as discussões e as negociações políticas sobre os vetos, e
a Medida Provisória pelo Congresso.
Introdução ao Agronegócio
1: Evolução Histórica do Código Florestal Brasileiro
98 Brasil Colônia
Sabe-se que ainda no período colonial, a coroa portuguesa colocou diversas normas para
conservar o estoque florestal da colônia brasileira. Além das regras, foram definidas severas
penalidades, como o exílio, para todos que desrespeitassem as regras de utilização do solo e
das florestas existentes no país.
Dando um enorme salto na história brasileira, foi em 1934, por meio do Decreto no 23.793,
que se instituiu o Código Florestal Brasileiro.
Esse código destacou, entre outros pontos, o conceito de florestas protetoras (conceito
parecido ao das Áreas de Preservação Permanente – APPs). Nesse decreto não era prevista uma
distância mínima para a proteção dessas áreas e também não foi definida como obrigatória a
ocorrência de uma espécie de “reserva florestal” nas propriedades.
O conceito de reserva florestal, que havia sido instituído anteriormente pelo Código Florestal
de 1934, vigorou até 1986. A Lei Federal no 7.511/86 modificou o regime da reserva florestal.
Anteriormente a essa lei, as áreas de reserva florestal podiam ser 100% desmatadas, mas
seria necessário plantar espécies exóticas em substituição dessas florestas.
A Lei no 7.511 alterou o conceito de reserva florestal, não permitindo mais o desmatamento
das áreas nativas, porém manteve a autorização para que o proprietário das terras fizesse a
reposição das áreas desmatadas (até o início da vigência dessa lei) com espécies exóticas e as
utilizasse com fins econômicos. “Essa lei também alterou os limites das APP’s, originariamente
de cinco metros para 30 metros, sendo que nos rios com mais de 200 metros de largura a APP
passou a ser equivalente à largura do rio” (CANAL DO PRODUTOR, 2014).
Em 1989, a Lei Federal no 7.803 determinou que as reposições das florestas fossem feitas
prioritariamente com espécies nativas (não era proibida a utilização de espécies exóticas).
Foi instituída nessa lei a Reserva Legal, que é um percentual de limitação de uso do solo na
propriedade rural. Nessa área, não pode ocorrer conversão às atividades que demandem
a remoção da cobertura vegetal. Também foi estabelecida que fossem destinados
obrigatoriamente 20% de Reserva Legal para áreas de cerrado.
A Lei no 7.803 alterou novamente o tamanho das APPs nas margens dos rios e criou
novas áreas localizadas ao redor das nascentes, olhos d’água, bordas dos tabuleiros
ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, ou ainda se a propriedade estiver
em altitude superior a 1,8 mil metros; ou se ocorrer qualquer das situações previstas
no artigo 3º, da Lei Florestal (CANAL DO PRODUTOR, 2014)
Essa Medida Provisória restringiu a abertura de área em florestas, e passou a permitir apenas
o desmatamento de 20% nos ambientes que possuem uma floresta típica.
Essa lei também alterou dispositivos do Código Florestal e transformou diversas infrações
administrativas em crimes, alterando assim a lei de 1965.
Nessa Medida Provisória, as APPs sofreram diversas modificações e passaram a ser a faixa
marginal dos cursos d’água cobertos ou não por vegetação.
Nas pequenas propriedades ou posse rural familiar, ficou definido que podem ser
computados no cálculo da área de reserva legal os plantios de árvores frutíferas
Introdução ao Agronegócio
ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema
intercalar ou em consórcio com espécies nativas (CANAL DO PRODUTOR, 2014).
100
2010 – Aprovação da proposta em comissão
Áreas consolidadas são as Áreas de Preservação Permanente - APP e a Reserva Legal, ocupadas
antes de 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias, atividades agrossilvipastoris,
ecoturismo ou turismo rural. Exemplos: várzeas ocupadas com arroz, encostas ocupadas com
café, uva, aviários, entre outros.
São permitidas a manutenção e a continuidade dessas atividades desde que não estejam
em área que ofereça risco às pessoas e ao meio ambiente, e que sejam observados critérios
técnicos de conservação do solo e da água indicados pelo Programa de Regularização
Ambiental - PRA.
Está proibida a utilização de novas áreas em APP e Reserva Legal além dessas ocupadas até
22 de julho de 2008. O órgão ambiental poderá comprovar a situação de área consolidada
por meio de fotos de satélite que possui em seus arquivos, referentes a período anterior
a 22 de julho de 2008 (SISTEMA FAEP, 2012).
1. nas faixas marginais de qualquer curso d’água natural (mata ciliar de beira de rio);
É um registro eletrônico de abrangência nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, sendo
indispensável para aderir ao Programa de Regularização Ambiental - PRA. A inscrição no Cadastro
Ambiental Rural é feita no órgão ambiental municipal ou estadual. Os objetivos do CAR são:
• receber informações ambientais das propriedades e das posses rurais, compondo base de
dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico, e combate ao
desmatamento;
Introdução ao Agronegócio
Programa de Regularização Ambiental - PRA
Encerramento
Neste tema, foi possível verificar a importância do desenvolvimento sustentável para garantir
não somente o futuro do agronegócio, mas também do planeta. Você aprendeu boas práticas
e conheceu novas ideias sobre o segmento de orgânicos, agora estando apto a avaliar a
melhor forma de aplicá-las em seu dia a dia.
Como ponto de partida para esta reta final, veja alguns fatos para inspirar a nossa reflexão.
• De acordo com a FAO, até 2050 a população crescerá de sete para nove bilhões de
habitantes.
• O volume produzido de alimentos, ração e fibras deverá dobrar até 2050, ao mesmo tempo
em que as lavouras serão utilizadas para produzir bionergia e para fins industriais.
Dessa forma, podemos concluir que a agricultura e todos os envolvidos em suas cadeias terão
os seguintes desafios:
Nos próximos anos os desafios da agricultura estarão relacionados ao fato de que, na maior parte
das regiões do mundo, menos pessoas viverão da agricultura e menos ainda serão os agricultores.
O crescimento populacional agravará a desigualdade, pois o grupo dos mais ricos cresce
menos que o grupo dos mais pobres.
Como resultado dessa reunião, foi divulgado o relatório do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas da ONU (IPCC1, na sigla em inglês), no qual integrantes do IPCC apontam
que “até agora os efeitos do aquecimento são sentidos de forma mais acentuada pela natureza,
mas que haverá um impacto cada vez maior sobre a humanidade” (IPCC, 2014).
105
1 O IPCC é uma pequena organização, sem fins lucrativos, sediada em Genebra e possui uma equipe de funcionários que
trabalham em turno integral. Todos os cientistas que colaboram com o painel o fazem de forma voluntária. A função do Painel
Intergovernamental da ONU para Mudanças Climáticas é “suprir o mundo com visões científicas claras sobre o estado atual
do conhecimento em mudanças climáticas e seus potenciais impactos ambientais e socioeconômicos”. Até hoje, com o aval da
ONU, a entidade já produziu quatro grandes relatórios.
Introdução ao Agronegócio
As análises apontam que, nos próximos 20 a 30 anos, sistemas como o mar do Ártico estarão
ameaçados pelo aumento da temperatura em dois graus Celsius, prejudicando o ecossistema
106 dos corais desse mar e dos outros existentes na Terra.
Atualmente, é cada vez mais comum ouvirmos falar de períodos de seca nunca registrados
antes, como também de grandes inundações.
A perspectiva é extremamente preocupante. É necessário agir desde já. Todos, sem exceção,
precisam colaborar, mas como isso pode ser feito?
• preservando os recursos naturais não renováveis;
• reciclando embalagens.
De acordo com o relatório, “na medida em que avançamos [as previsões] no futuro, os riscos só
aumentam, e isso acontecerá com as pessoas, com as colheitas e com a disponibilidade de água”.
Então, como resolver isso? Como produzir mais e de maneira sustentável considerando que
os recursos naturais como água e terra são escassos, que também estão ocorrendo mudanças
climáticas e as legislações são cada vez mais restritivas ao dano ambiental? É necessário
proporcionar mais produtividade ao agronegócio e conseguir produzir muito mais alimentos
sem destruir o que restou do seu patrimônio natural.
Há 30 anos, o Brasil era um grande importador de commodities como carne bovina, arroz e
feijão – a população usava 43% da renda apenas para comprar comida (SCHREINER, 2014).
107
Atualmente, o país é um grande exportador de soja, café e açúcar (são exportados aproxima-
damente 50% de tudo o que é produzido).
O agronegócio precisará investir cada vez mais em tecnologia e inovação. Nas últimas quatro
décadas, a incorporação de novas técnicas agrícolas provocou um verdadeiro salto de
eficiência no setor.
Até os anos 1970, a produtividade média da soja era de menos de duas toneladas por hectare
– atualmente, chega a 4,7 toneladas.
Introdução ao Agronegócio
Crescimento em produtividade (%)
Milho 17 73
Arroz 8 30
Sorgo -0,7 49
Algodão 23 49
Trigo 11 8
1997 13,8
No ano de 2008, outros fatos também contribuíram para a estagnação do mercado, como os
aumentos elevados nos preços dos fertilizantes no mercado internacional (que trouxeram
consequências para o Brasil) e dos custos de fretes marítimos (que alteraram a relação entre
demanda e oferta de matérias-primas utilizadas).
23%
Outras 25%
Soja
5%
Algodão
6%
109
Café
15% 15%
Cana-de-açúcar Milho
Introdução ao Agronegócio
Consumo de fertilizantes por região do Brasil (2010)
110
14%
30%
29%
28%
Brasil 3% 9% 14% 6%
CAGR
246 246
Área Plantada
190
181 183
177 175 170 4.5%
167
159
150 148 147
142
132
129
121 122
119
117
115 112 133 138
132
4.5%
128
108 122
111
108 104 106 106
100 103 104
98
92/93 93/94 94/95 95/96 96/97 97/98 98/99 99/00 00/01 01/02 02/03 03/04 05/06 06/07
Como já exposto, o cenário futuro exige intensificar o uso de tecnologias que resultem em
maior produtividade e que, também, reduzam o impacto sobre os recursos naturais do
planeta.
Introdução ao Agronegócio
Atividade prática
112
p O Brasil é altamente dependente dos fertilizantes importados, pois a nossa
produção é pequena. A partir dessa afirmação, pesquise e responda às
questões abaixo.
Após o término da Segunda Guerra Mundial, o governo observou que havia a necessidade de
aumentar a produção do campo, elevando a produtividade e também expandindo áreas de
produção e promovendo o uso de insumos modernos (sementes selecionadas, fertilizantes,
defensivos e, principalmente, maquinário) (MOURA ET AL., 2002).
2
Em 2012 a estimativa da frota de tratores no Brasil é de 664.041unidades, considerando os tratores de alta potência e os com
potência abaixo de 100hp.
Diante desse cenário (com o aquecimento da demanda devido ao aumento do crédito), a 113
indústria nacional de máquinas agrícolas passou a aumentar a capacidade instalada das
unidades existentes e, também, a construir novas plantas.
Isso possibilitou oferecer uma ampla linha de produtos, atendendo desde às operações
realizadas com tração animal até às operações que exigem tratores equipados com alto
grau de tecnologia (MOURA ET AL., 2002).
Atualmente, esse setor possui tecnologia de ponta, como, por exemplo, a produção de
colheitadeiras que monitoram a produtividade da área que está sendo colhida e também
a umidade dos grãos. Ao final de uma jornada de trabalho, ela emite um mapa de
produtividade da área por meio de sistemas controlados por satélite.
Introdução ao Agronegócio
• irrigação com pivô-central;
• controle da compactação;
114
• automação de mecanismos;
Mas alguns países como os EUA e os da Europa apresentam uma tecnologia de produção mais
desenvolvida que a brasileira. Por quê?
A adoção da agricultura de precisão foi intensificada nos anos 1980, quando foi gerado na
Europa o primeiro mapa de produtividade e nos EUA foi realizada a primeira adubação com
doses variadas. No início da década de 1990, os norte-americanos transformaram a agricultura
de precisão em um grande negócio, com o lançamento no mercado de sensores, softwares
e serviços (MOLIN, 2003). Em 1990, foi desenvolvido o sistema de posicionamento global por
satélites – GPS, que trouxe grandes contribuições para as lavouras.
Atualmente no Brasil, as soluções existentes têm como foco principal a aplicação de fertilizantes
e corretivos em taxa variável, mas é preciso sempre considerar que a agricultura de precisão
é um sistema de gestão da propriedade rural e deve ser utilizada em todos os seus aspectos,
como produtividade, solo (características físicas, químicas etc.), infestação de ervas daninhas,
pragas e doenças (MAPA, 2011).
Comentário do autor
Uma questão polêmica refere-se à tecnologia das sementes geneticamente modificadas – GM.
Hoje, os transgênicos são uma ferramenta fundamental para a agricultura de commodities
brasileira e mundial.
Introdução ao Agronegócio
De acordo com Paolinelli (2014), a pesquisa e o desenvolvimento de novas variedades GM
mostram que novas culturas também podem se beneficiar dessa tecnologia, como a cana-de-
116 açúcar e as frutas cítricas:
Link
Tópico 7: Logística
Definição
A logística é uma das mais antigas atividades econômicas, e, desde o processo de mudança de
economias exclusivamente extrativistas para as atuais, sua importância vem só aumentando.
Nas economias com atividades organizadas, em que ocorre especialização de produção e comer-
cialização de excedentes, as três principais funções logísticas (estocagem, armazenagem e trans-
porte) passaram a ser fundamentais para que o consumo pudesse acontecer (FLEURY, 2000).
A evolução do comércio faz com que produtos, antes comercializados próximos aos locais de
produção, passem a percorrer distâncias cada vez maiores para serem disponibilizados aos con-
117
sumidores (BALLOU, 2001).
Na economia mundial, sistemas logísticos eficientes formam bases para o comércio, pois pos-
sibilitam que as diferentes regiões geográficas se especializem naquilo que melhor produzem,
explorando suas vantagens de produção para posteriormente trocarem entre si (BALLOU, 2001).
Modais de Transporte
Introdução ao Agronegócio
• dutoviário;
• aéreo.
118
Os modais rodoviários são os mais utilizados no Brasil e na Argentina. Já os modais ferroviário
e aquaviário são os mais utilizados pelos Estados Unidos (em especial estes últimos, visto que
parte da produção é transportada por balsas e navios).
Além disso, segundo Caixeta Filho (2010), ao permitir que os produtos sejam comercializados
em locais distantes das propriedades agrícolas, a logística é um elemento integrador de pro-
dutores, inclusive de pequenos produtores, nos sistemas agroindustriais.
Conforme Caixeta Filho (2010) afirma, os produtos agrícolas, ao saírem das propriedades,
seguem em distâncias relativamente curtas até as unidades de processamento e armazenagem.
Dessas unidades, os produtos já processados ou beneficiados são transportados até as áreas
de armazenamento e comercialização, próximas ao consumo.
Argentina-Córdoba 36 66 102
EUA-Saint Louis 25 46 71
Podemos observar que os custos de transporte do Brasil são muito maiores que os custos
dos EUA e da Argentina.
A logística é um dos grandes gargalos do agronegócio brasileiro, que perde muito com
toda essa ineficiência, prejudicando todos os elos de todas as cadeias produtivas, em
especial aquelas que são voltadas à exportação.
O custo médio de frete nos principais países produtores de soja mostra que os custos logísticos
do Brasil são muito mais altos que os custos da Argentina e dos EUA. O que dificulta a nossa
competitividade no mercado.
Introdução ao Agronegócio
Comparativo Custo Logístico Básico Soja (US$/ton)
120 Brasil Argentina EUA
Armazenagem
A produção de grãos no Brasil é dividida por regiões: as regiões Sul e Centro-Oeste são as
maiores produtoras.
Produção
Região
Mil toneladas Unidades
Sudeste
Norte 3%
4%
Nordeste
7%
Sul Centro
33% Oeste
53%
As taxas de armazenagem nas fazendas em diversos países mostram que o Brasil possui uma
capacidade muito pequena em relação aos Estados Unidos, por exemplo.
Região Participação
Europa 35%
Canadá 85%
Brasil 35%
Essa é uma realidade que precisa ser bem administrada pelos setores público e privado,
pois a armazenagem é uma ótima estratégia de comercialização, especialmente quando
ocorre um excesso de oferta devido a uma supersafra, momento no qual o produtor pode
armazenar a sua produção e esperar o melhor momento para vendê-la no mercado.
Introdução ao Agronegócio
O Plano Safra atual reservou R$ 30 bilhões para a construção de armazéns nos próximos
seis anos (R$ 5 bilhões por ano), levando ao aumento da capacidade estática para 65
122 milhões de toneladas, mas ainda será insuficiente para cobrir toda a produção.
Encerramento
Nesta unidade, você pôde aprender sobre os principais conceitos e desafios do agronegócio,
bem como suas configurações no Brasil e no mundo. É importante não parar por aqui e
continuar a investigar a respeito do tema e, principalmente, manter-se atualizado, pois os
números apresentados mudam a cada ano. Utilize bem os novos conhecimentos adquiridos.
BRUM, Argemiro Luis; MULLER, Patricia K. Aspectos do Agronegócio no Brasil. Unijui, 2009.
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