Conservacao Pos Colheita Frutas e Hortalicas PDF

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COLEÇÃO

EmpreslI Brllsileinl dtt Pesquiu Agropecudrill • Embnlt»


Ministf!do da Agdcultura e do Abastecimento · MA

Conservação Pós-colheita:
Frutas e Hortaliças

Serviço de Produção de Informação · SPI


Brasnia . DF
1996
Co~S.bcr.l

CoonIcnaçlo Edilori al
Ar:o<l'lCm Calh"" Motta. "h.in. Ap.reei.h SO"'''' de Olr,-cir.
Edilor n çspond .. cl
C.r105 M. And'C{Hri. M. Se.• Soeiul,,):'.
Proje toGrúf.:;:o
MaY"'. Ii.",. C.",eiroe Si,len<:Si'l'l(:i,.
Copy Des!.; e Rc.-i.:lode T c.~lo
F•• nc;sroC. ~I.,,;n.
Edi!OnaÇlo Elctrônic.
JOS<! 11000 Sooares 8 ••1x>s:.
FlMografi.d. c:..,.
Joso! Ak:nco. 1'""", c Ana I ..,,,.. Rr.l:,' (l·rOO ......lo)

1" e<liçlo
I" impressão 1""1:
2.000 exempla.es
2" Impressão 1999 : 2.000 exemplares
3" Impressão 2004 : 1.000 exemplares
Reservados todos os direitos.
Fica expressamente proibido reproduzir eSla obra. totlll ou parcial-
mente, através de quaisquer meios, sem lIutonzaçAo expressa da
EMBRAPA-$PI

c U' . 8r.mI , C... ~~ .... "',bI ...-~


Scrv~ de I',od'oçlo de Inform<>ç-lo (SI'Il d.I·: mhr,f"<oI'

Gomes. M .... Sillc,e de OI;"·c,t:iI.


C.on5Crv-.açiopóH:olhcôt.: (n" •• e hor'.lrç•• / M.... Sillc.c de Oli"",r.
GOlO"' .•• IIr.. ~ .. : Embropo·Sf·J, 19%.
l.}4p, : ,I ; 16 cm. tCole,lus..bcr. Zl.

I. Frll'" • ( ;"n.crva,"'" '1 'écniCll. Z. I 1"".11\-, • (:o n,erv-'\'lo _T&nic •.


T1tlllo. II . Sóic.
cno U04 I!
Autor

Maria Salete de Oliveira Gomes


Eng". Agra., Mesuanda, Ciência dos Alimentos
Dedicatória:
Ao me/l esposo e aos nossos filhos
Aos meus pais
Apresentação

o Brasi l já d ispõe de um volume substan-


cia l de conhecimentos ge rados a panir da
pesqu isa agrícola. A inserção desses conhecimen-
(Os j untO a segmen tos mais amplos da soc iedade
te m ex igido cons id erável esforço, no senti d o de
assegurar a q uali dade técnica das informações e,
ao mesmo tempo, (Ornar d isponíve is texws que
possam ser consu midos por todas as pessoas in-
teressadas nos temas refe re n tes à agropecuá ria, à
agroind ústria e ao meio ambiente, independe n-
teme nte de os leiwres serem ou não especialis-
tas nesses assu ntos.
A exemplo da Coleção P/olltar, q ue tcm al-
ca nçado grande sucesso editorial, atendendo às
necessidades de info rmação de p rodutOres, (éc-
nicos, sitiantes, chaca re iros, donas-de -casa e
de mais interessados em práticas agrícolas q ue lhe
red uzam despe rdícios, pemitindo-l hes ma io r
sucesso em suas atividades rurais, a Embrapa lan-
çou a Cole{ão Saber.
Trata-se de tornar acessível, em linguagem
s imples, aos pú b licos já citados c ta mbé m a
estud antes e técnicos, conce icos q ue dão funda-
mento às reco menda.ções ori ginadas na .pesquisa
científica ou mesmo aprese ntar técnicas e pro-
cessos qu e pode m se r e mpregados e"rri negócios
agrícolas ou agroindustri ais"
\
A Em brapa, por meio de seus cen"uos de
pesquisa, do se u Serviço de Produção de Infor-
mação - SPI e de colaborad ores de ta ntas ouuas
instituições de pesquisa, espera es car contribu -
in do para a me lhori a do e nte ndime nto de q ues-
tões tão importantes para o dese nvo lvi me nto
sustentável de nosso País"

Lucio Brunale
Gerente-Geral
Sumário

Introdução .......................................... ... .. 9


Valor Nutritivo das
Hortaliças e Frutas ............................... \3
O ciclo dos nutrientes
easplantas ....... .. .... .................... ........... 16
Conservação de
Hortaliças e Frutas ............... .. .. ... ... ... ... 19
Fatores incemos ou biológicos
da conservação pós-colheita ... ... ... ... .... 20
Fatores externos ou ambientais
da conservação pós-colheita ... .............. 40
Práticas Adequadas à
Conservação Pós-colheita .... ............... 49
Colhe;ta .................. ... ............................ 50
Preparo das hortaliças e
frutas para comercialização ....... ..... ...... 60
Pré-resfriamenw .... .............. ............... ,. 71
ArmazenamentO .. .. ........ ... .................... 76
Transporte ........................................... . 102
Distúrbios que Podem
Ocorrer na Pós-colheita ...................... 105
Danos mecânicos ............. ..... ... ............ 105
Danos fisiológicos ... .. .. .... ......... ........... 106
Desenvolvimento e
disseminação de microorganismos ..... 118
Abastecimento e
Higiene de Hortaliças.. ...... .... ...... .... ... 128
Referências Bibliográficas .... ....... ....... 131
Introdução

Conservar os produtos agrícolas em boas


condições de comercialização ou de
industriatização é tão importante quanto
produzir bem. Em agronomia, as horcaliças ou
olerícolas (verduras, legumes, raízes, bulbos
e tubérculos) e as frutas são estudadas pela
disciplina Horticultura, sendo comum O uso
do termo hortícola como referência única para
ambas.
-Existe um grande número de espécies
e variedades de hortaliças e frutas produzi-
das para serem consumidas como vegetais
frescos e outras produzidas para constituírem
matéria-prima da indústria de alimentOs.
Dessa forma, em se tratando do Brasil, a im-
portância dessas espécies e variedades é
bastante significativa na alimentação do bra-
sileiro e na economia nacional.
Os produtos hortícolas são considerados
perecíveis por apresentarem alto teor de água

9
em sua composição química. São diferemes
dos demais produtos da linha dos perecíveis
(ca rne, leüe, etc) por serem orga nismos vivos
c que continuam vivos depois da colheita,
pois mantêm todos os se us processos bioló-
gicos vitais em atividade. Por isso, é neces-
sá ri o conhecer e utilizar práticas adequad as
de manuseio durante as fases de colheita,
arm azename nto, comercialização e consumo,
a fim de aumentar o tempo de conservação e
redu zi r as perdas pós-col heita de hortali ças e
frutas.
As perdas que ocorrem nas fases de
colheita e pós-colheita geralmente são e leva-
das, simplesmente porque as pessoas não
tomam o cuidado necessário para redu zí-Ias,
prejudicando assi m a competj tiv idade
agrícola.
Existem vários escudos sob re os índices
estjmados de pe rdas de hortaliças e fruta s
que, embora apresentem dados subjetivos e
muito di vergentes, são co nsensuais qu anto à
ocorrência d e perdas s ig ni ficativas que

10
podem ser evitadas desde que se tomem
medida s específicas para identificá-Ias e
reduzí-las.
A má-conservação de um produto pro-
voca perdas quantitativas (perda de peso ou
derrame, caixas quebrada s, sacos furados ,
etc), qualicati vas (perda do valor nutricional.
alteração no sabor, contaminação microbiana)
ou econômicas (pe rda do valor comercial).
Segundo dad os Brasil (1993), a estima-
tiva de perdas de frutas, em nosso País, é da
ordem de 30% e a de hortaliças, de 30,3%
Ptlra raíze s, ri zo mas e tubérculos; de 40,6%
para folhas , hastes c flores; e de 38, I % para
frutos. Dados do Projeto de Avaliação de Per-
das Pós-Colheita de Produtos Hortigranjeiros
no Estado de São Paulo (Abril/9S) informam
que , para uma produção estimada de
hortigranjeiros de 43 mi lhõe s de ton eladas,
no valor de US$ 13,262 bilhões, as perdas são
de 12,3 m ilhões de toneladas ao ano, aprox i-
madamente, represe ntando ce rca de US$ 3,8
bilhões.

11
É impo rtante que as pessoas estejam in-
fo rm ad as so bre os f atores biológicos e
ambientais qu e provoca m a de terior ação
pós-colheita das frutas e hortaliças, e que se
co nvença m da necess id ade de co n serva r
esses produtos, uma vez que conse rvação sig-
nifica manter a qualidade do produ to por mais
tempo e não melhorar a qu alidade.

12
Valor Nutritivo das
Hortaliças e Frutas

A saúde do ser humano depende de


uma alimentação e quilibrad a que se co nse-
gue co m bo ns hábitOS alimentares. Para o
bom fun cio name nto do o rganismo human o,
são necessários alguns princípios nurriciv os
essenciais forn ecidos pelos alimentos.
O homem se alimenta de produtos de
o rigem vegetal e animal , qu e co ntêm os prin-
cípios nutritivos necessários à vida. Cada um
desses princíp ios exe rce função definida c
pode ser ex ig id o em maior o u menor
qu antidade.Todos, porém, são igua lme nte
importantes. A falta de qu alque r um deles o u
s ua prese nça em quantid ade menor qu e a
necessá ria limitará o dcsenvo lvimenro de vida
sa udável. De acordo com sua função no
o rga ni smo hum ano, os princípios nutritivos
podem ser classificados em:
Ptástiros ou aJllstrutores - São os pri ncípios
nutriti vos responsáve is pelo crescimentO e

13
renovação das células. Os mais importantes
são as proteínas, mas podem ser consticuí-
dos, também, por carboidratos, gorduras,
mineraIs e água.
Energéticos - São os fornecedores da
energia necessária para a existência e ma-
nutenção da vida. São formados, principal-
mente, por carboid ratos (am ido, açúcares)
e gordura, mas podem ser consticuídos,
também, por proteínas.
REguladores - São os princípios nmritivos
que atuam para regu lar o funcionamento
dos diversos órgãos, garant ind o melhor
aproveitamento dos demais princípios nu -
tritivos. São constituídos, princ ipalmente,
por vitaminas e sais minerais, e também por
enzimas, água e hormôn ios.
As hortal iças e frutas são ind ispensáveis
na dieta alimentar, pois fornecem, principal-
mente , vitamI na s e sa is minerais que são
reguladores, e também as fibras que são
carboidratos insolúveis benéficos para o bom

14
funcionamento dos intestinos. As fibras pro-
porcionam massa para as fezes, absorvem e
fixam água, aumentam o vo lume fecal,
dando maciez e controlando o tempo de trân-
sito das fezes, o que facilita e regulariza a
eliminação intestinal.
Existem algumas espécies de hortaliças
e frutas que fornecem carboidratos como ba-
tata, mandioca, frutas doces ou que fornecem
gorduras, como O abacate.
As hortaliças e frutas são importantes
pelo fornecimemo de vitam inas e sais mine-
rais, podendo, eventualmente, fornecer
carboidratos. Raramemc fornecem gordura,
como é o caso do abacate, que possui o mais
alto tcor de go rdura enrre as fruta s frescas
conhecidas. Encontra-se, ainda, alto teo r de
gordura nas frutas secas, como nozes, avelãs
e castanhas.

15
b Ciclo dos
nutrientes e as plantas
Na natureza, todos os seres vivos neces-
sitam de elementos químicos essenciais
encontrados no ar, na água e no solo, também
chamados nutrientes. As plantas verdes são
as grandes responsáveis pela vida no Plane-
t3 , pois são capazes de sintetizar o seu pró-
prio alimento, partindo de nutrientes em sua
forma elementar, presentes no amb iente,
mais a energia solar. E las são aut6trofas ou
produtoras.
Os animais herbívoros, que se alimen-
tam das plantas e os carnívoros, que se
alimentam de outros animais recebem, de for-
ma indireta, a energia e os compostos orgâni-
cos de que necessi tam para viver, pois não são
capazes de sintetizar se u próprio alimento,
como as plantas verdes e, por isso, são consi-
derados hetcrótrofos ou consumidores.
Tanto as plantas como os animais, quan-
do morrem, se rvem de a limento para os

16
microorganismos. Estes transformam os com-
postos orgânicos, biol6gicamente úteis,
contidos nas plantas e animais mortos, nova-
mente em nutrientes em sua forma elemen-
ta r que, assim, voltam ao ambiente. Esses
microorganismos são conhecidos como
decompositores.
O processo descrito é o chamado ciclo
dos nutrientes (Fig. 1), em que as plantas que
realizam a fotossÍntese desempenham papel
de fundamental importância tanto quanto o
ar e a água que transportam os nutrientes en-
tre os componentes vivos e não vivos do
ecossistema.
Plantas verdes são aut6trofas ou produ-
toras, os animais (herbívoros e carnívoros) e
os microorganismos são heter6trofos ou con-
sumidores (Fig. 1).
As hortaliças e frutas são vegetais que
represe ntam pequena parte das plantas ver-
des responsáveis pela vida na Terra.

17
_ _ Produz oomposlos orgânicos
biologicamente úteis

t
Afmenlo para
Nutrientes (Ex: COJ
Animais hetbill'On;Js

utrientes Ex :

A'-men

!A.-menlO
Animais camiVOfO$


MicrooIpa,,;smos
deoonyJosifores
(aumentado!. 1000 veles)

Fig. 1 - Ciciados nutrientes. PlantasfMrdes sõo autótro!as


ou produtoras, os animais (lterófvoros e carnfvo-
ros) e os microorganismos sõo Iteterotrolos ou con-
sumidores.

18
Conservação de
Hortaliças e Frutas

As perdas de hor taliças e frutas são


devidas, em parte, a fatores decorrentes de
danos fisiológicos, causados por alterações no
funcionamenw normal das reações necessá-
rias à vida da planta. Essas alterações podem
se r internas, consideradas normais ou inevi~
táveis, como a respiração, a tran spiração, a
maturação e o bcorame m o, ou externas, co n-
sideradas anormais ou evitáveis, provocadas
por fatores ambientais como a te mperatura,
a umidade relativa do ar, a luz, a co ncentra-
ção de oxigênio. O gás ca rbôn ico ou O e ti le no
presentes no ar.
As pe rda s decorrem, também, de danos
mecâ ni cos causados por manuseio inad equa-
do (amassam e nto, rachaduras) e de dano s
biológicos causados por ataques de microo rga-
nismos, como fu ngos e bactérias, ca usadores
de doenças, c po r acaques de insetOs (produ-
tO "bichado" ). Os insetOs também são vetores
de doenças.

19
Fatores internos ou biológicos
da conservação pós-colheita

• F otossíntese - É o processo mais impor-


tante na natureza viva e de significado
decisivo para a existência da vida em nos-
so Planeta. A focossíntcse ocorre somente
nas células vivas das plantas verdes, que
contêm clorofila, e na presença da energia
da luz solar (Fig. 2).
Nessas condições, as plantas foto s-
sintctizadoras panem de substâncias simples
como gás carbônico (COZ) e água (HZO) e
produzem compostos ricos em energia e bio-
logicamente úteis para [Odas os se res vivos,
fixando o carbono, segundo a seguinte rea-
ção simplificada:

Energia + 6 CO, + 6 H, O =====> C,H ,,0,


(Sol) (gãs carbônico (solo) (glicose:
do ar) rica em energia)

As substâncias orgânicas resu ltantes da


fotD ss ínccse armazenam e n e rg ia que é

20
3

Figo 2: Esquema simplificado da fotossíntese


( 1) nutrientes vollam ao s% e slo absorvidos pelas raízes;
(2) égua e nutnO enttls sobttm para as fothas, que as utilizam para
promover o desenvolvimento da planta;
(3) gés csrb6nico (CO:z) absorvido PtI/as p/antas, mais a energia
solar 8 mais nutrientes (égua 8 oulros) do s%, sAo transfIXo
mados em compostos orgânicos ricos em energiao

21
canalizada para o metabolismo construtivo
das plantas ou de quem delas se alimentar,
fornecendo os compostos orgânicos necessá-
rios ao metabolismo construtivo ou energético
do organismo e, portamo, fornecendo a ene r-
gia necessária para a vida, que é liberada pela
respiração .
• Respiração - As plantas realizam a
fotossíntese e são, simu ltaneameme, orga-
.. .
OIsmos VIVOS que respiram e que exercem
outras atividades metabólicas para se man-
terem vivas e se desenvolverem.
Nas plantas, a resp iração equivale à
queima lenta dos compostos ricos em ener-
gia (um dos mais simples é a glicose) ,
obtidos pela fotOssíntese, canalisando essa
energia para as reações vitais da plama.
Nos vegetais, portanto, a respiração é o
processo inverso ao da fotossíntese e pode ser
grosseiramente comparada à queima do car-
bono existente na lenha que fornece energia
para aquecer o fogão.

22
Nos animais, a respiração correspo nd e
à quei ma lenta do ca rbono comido nos com-
postos orgânicos ricos em energia , obtidos
pela alimentação, mantendo seus corpos
aquecidos e fornecendo e nergia para seu me-
tabolismo.
Por ocasião da colhe ita, as hortaliças e
frutas são separadas da planta-mãe ou do solo,
mas as transformações q uímicas naturais con-
tinuam oco rrend o, levando-as à necessidade
de utilizar suas reservas de substrato ou de
compostos orgânICOS ricos em energia, como
aç úcares e amido, a fim de respirar e ass im
produzir a energia necessária para mamerem-
se vivas e com boa qualidade.
En tretanto, a respiração das honícolas,
depois da colheita, provoca a decomposição
dos tecidos, das células e de se us componen-
tes e o resultado é o e n velhecimento
acelerado.
De todos os processos metabólicos que
ocorrem nas hortaliças e nas fr utas, após a co-
lheita, a respiração é o maIs Importante e

23
pode ser afetado por fatores próprios da plan-
ta (internos) ou do ambiente (externos).
Quando a planta respira, ocorre a seguinte re-
ação simplificada:
Substrato + oxig!nio - gãs carbônico + água + energia
de reserva do ar para o ar para a
planta
(I) (2) (3) (4) (5)

Observando a reação acima, podemos


fazer algumas considerações sobre os fato res
envolvidos e que afetam a conservação das
hortaliças e frutas. Assim, durante a respira-
ção. ocorre:
1 - Consumo do substrato de rese rva,
levando à perda de peso seco, perda de va-
Iar nutritivo e também de aroma.
2 - Consumo de oxigênio do ar, necessá-
rio para a continuidade da respiração sem
alteração do sabor e da textura das plantas.
Na ausência de oxigênio atmosférico, a pro-
dução de energia necessária para a vida não
cessa, sendo fornecida pela chamada res-
piração intramolecular ou fermentação que,

24
além de energia, produz também álcoóis e
gás carbônico. Estes alteram o sabor e
causam o colapso dos tecidos, levando hor-
taliças e frutas à deterioração total.
Se o teor de oxigênio for reduzido de
maneira que a planta continue respirando em
nível mínimo, pode-se conservá-la por mais
tempo, porque a taxa de respiração foi redu-
zida.
3 - Produção de gás carbônico como
resultado da queima do substrato com o
oxigênio do ar.
O aumento de gás carbônico no ambi-
ente eleva também sua concentração no in-
terior da planta em quantidades superiores ao
necessário para a fotossíntese, chegando a
níveis tóxicos, alterando seu metabolismo e
produzindo álcool e tOxinas.
O aumentO controlado da concentração
de gás carbônico atmosférico ajuda a reduzir
a taxa de respiração e contribui para a me-
lhor conservação das plantas.

25
4 - Produção de água decorrente da
respiração tem pouca importância na con-
servação das hortaliças e frutas.
5 - Produção de energia decorrente da
respiração, sendo parte desta energia utili-
zada na manutenção da vida dos vegetais e
parte liberada para o ambiente, na forma de
calor. Esse [aco é de grande importância,
pois justifica o uso de baixas temperaturas
para reduzir a velocidade respiratória na
conse rvação desses produtos.
Pelas observações feitas, pode-se con-
cluir que a temperatura, a concentração de
oxigênio e de gás ca rbônico na atmosfera são
fatores ambientais que influenciam a inten-
sidade respirató ria das hortali ças e frutas .
Sabe-se, porém, que o etileno e os danos me-
câ n icos estimulam também a atividade
respiratória e o envelhecimenco das plantas.
Os fatores intern os relacionados à
intensidade respi ratória dos produtos
hortícolas, conside rados próprios das plantas,
são:

26
• Umidade do produto - Produtos com
maior conteúdo de água em sua composi-
ção química possuem maior at ividade
respiratória e menor tempo de conservação.
• Tipo de tecido - Tecidos mais jovens ou
plantas jovens têm maior atividade respi-
ratória e, portanto, tempo menor de
conservação.
• Espécie de produto - A perecibilidade e
o envelhecimento das hortaliças e frutas são
proporcionais à intensidade e ao tipo de
respiração ca racterístico de cada espécie
cultivada. Dessa forma , tem-se produtos
cujos frutos são classificados em c1imaté-
ricos e não-climatéricos, de acordo com sua
taxa respiratória.
Produtos c1imatéricos são aqueles que,
logo após O início da maturação, apresentam
rápido aumento na intensidade respiratóri a,
até atingir O ponto máximo denominado pico
c1imatérico.
A respi ração climatérica [em início
quand o a fruta aónge tamanho máxim o e sua

27
intensidade e duração variam com a espécie.
Nesses produtOs, as reações relacionadas com
O amadurecimento e envelhecimento ocor-
rem rapidamente e com grande demanda de
energia, responsável pela alta taxa resp i-
ratória.
Dentre as diferentes espécies de horta-
liças e frutas existentes, podem-se citar, como
climatéricos, os segu intes: maçã, damasco,
abacate, banana, goiaba, jaca, kiwi, manga,
nectarina, mamão, pêra, caqui, pêssego, me-
lancia, maracujá, ameixa e tomate.
De maneira ge ral, as frutas de respira-
ção climatérica amadurecem na árvore, com
exceção do abacate. Por isso, são usualmen-
te colhidas antes do pico c1imatérico, isto é,
ainda ve rdes, mas depois de at ingirem o
ponto de maturação, e armazenadas em con-
dições contro ladas, a fim de retardar a
maturação e o envelhecimento e aumenta r
seu período de conservação.
Produtos nâo-c1imatéricos são aqueles
que necessitam de longo período para

28
completar o processo de amadu recimenro
mais lemo nesses produtos e sem apresentar
mudança na demanda de energia fornecida
pela respiração que se mantém em declínio
comínuo até o envelhecimento. Nesse caso,
as transformações bioquímicas relacionadas
com a maturação são mais lemas, exigindo
que as frutas não-c1imatéricas estejam no es-
tágio ótimo de amadurecimento no momen-
(Q da colheita, o que se obtém deixando-as

amad urece r na plama. São fruras não-clima-


téricas, o cacau , cereja, uva, laranja, limão,
lima, tangerina, oliva, abacax i, romã, mo ran-
go, tamarindo, e as hortaliças como pepino,
berinjela, pimenta, alface, rfPolho, couve-flor
e aspargo.
A intensidade de respiração é alta em
hortaliças e fruras jovens, ainda imaturas, e
diminui com o tempo, com o crescimemo e
com a frutificação das plantas. Quando
cessa o es tágio de crescimenro e co meça
o de maturação, ocorre um aumenro na
taxa res piratória na s es pécies horríco la s

29
c1imatéricas, ao passo que as espécies não·
c1imatéricas apresentam taxa de respiraçãc
constante (Fig. 3).
• Produção de etileno - O etileno é um gás
orgânico simples, produzido pelas plantas
e por alguns microorganismos. É conside-
rado um hormônio de maturação e
envelhecimento de vegetais, sendo fisiolo-
gicamente ativo em quantidades muito
pequenas que variam de 0,01 a O,SOppm
(partes por milhão) de acordo com a sensi-
bilidade da planta . Seus efeitos nas
plantas, após a colheita, podem ser desejá-
veis ou não, pois um aumento na produção
de etileno eleva a intensidade respiratória
e, conseqüentemente, a maturação e o en-
velhecimento das hortaliças e frutas.
O aumento da produção natural de
etileno se dá naturalmente no amadureci-
mento dos frutos, principalmente nos
c1imatéricos, mas pode também ocorrer em
plantas doentes, plantas machucadas por da-
nos mecânicos ou por ataque de insetos, ou

30
~ ~B_-- ~~i=ro==cl::'m....
__1________ __-___ I

Fig. 3. Diferentes estágios de desenvolvimento dos frotos


nlacionados com a intensidade nspiratória para
produtos c/imatéricos e não-c/imatéricos.
(1)formação do fruto ou divislJo celular;
(2)crescimento ou alargamento celular;
(3)maturaçllo;
(4)amadurecimento ou climstério;
(5)senescéncia ou envelhecimento;
A: esquema de respiração de frutos não-climatéricos
(Ex: laranja);
B: esquema d~ respiração de frutos climatéricos (Ex: banana);
C: esquema do desenvolvimento de um fruto.

31
ainda em plantas expostas à ação de produ-
tos químicos, alta temperatura, baixa umida-
de relativa ou radiação.
A concentração de eti leno necessária
para estimular a maturação de alguns frutos
é de O,IOppm para o abacate, de 0,10 a
O,SOppm para a banana, conforme a varieda-
de, de 0,30ppm para o melão, O, 10ppm para
o limão, de O,40ppm para a manga e de
O,IOppm para a laranja (Bleinroth, 1973a).
• Desenvolvimento e maturação - As
hortaliças e frutas, organismos biologica-
mente vivos, passam por uma série de
transformações endógenas durante o seu
desenvolvimento, resultante do seu meta-
bolismo. Essas transformações podem ser
facilmente observadas pelas mudanças na-
turais que oco rrem nas plantas como
maturação, brotamento e enraizamento.
Maturação aqu i é entendida como a
maturação fisiológica das frutas e hortaliças
tipo frutos que , nessa fase, passam por diver-
sas transformações internas, responsáveis

32
pelas mudanças nas características re laciona-
das com a text ur a, co r, aroma e sabo r,
Indicativos do processo de ama du rec imento
e posterior envelhecimento.
Para que o produto ap rese nte boas
cond ições duran te o armazenamento e
comercialização, a maturação deve ser ade-
quada por ocas ião da colheita e cuidados
devem ser adotados para não aumema r a tem-
peratura ou a concentração de etileno no am-
biente, fatores estes que acele ram a
maturação das plantas, reduzindo seu tempo
de "vida de prateleira".
Brotamento e en raizame nto são altera-
ções fisio lógicas normais que ocorrem em
bulbos e cubérculos arm azenados. Os brotos
e raízes apa recem como forma de propagação
vegetativa das plantas e seu desenvolvimen-
to red uz o valor comercia l e nutritivo dessas
horta liças, acelerand o sua deterio ração e pro-
vocando murchamento, como na batatinha ou
aparec ime nto da forma oca, como na cebola.
Temperatura ambienta l de média a alta

33
favorece o brotamento, que pode ser inibido
com o uso de baixa temperatura, com produ-
tos químicos ou com aplicação de raios gama .
• Transpiração - A transpiração é um pro-
cesso físico de saída de água dos tecidos das
plantas para o ambiente, através da cutícula
ou de orifícios naturais conhecidos por
lenticelas (poros), estômatos e ainda pela
região de inserção do pedúnculo.
Os vegetais possuem ·de 85 a 95% de
água em seus tecidos e aproximadamente
100% em seus espaços intercelulares. Como
no meio ambiente a umidade relativa é me-
nor, ou cerca de 80%, a água passa, pela
transpiração da maior concentração nas plan-
tas, para a menor concentração no meio
ambiente.
Uma transpiração excessiva ca usa efei-
tos na aparência dos produtos que se tornam
enrugados e opacos; na textura, que se apre-
senta mole, flácida e murcha; e no peso, po-
dendo chegar a perdas de até 10% do peso

34
inicial , afetando assim, a aparência e a
aceitabilidade das hortaliças e fruca s.
• Fatores endógenos que afetam a
transpiração - Quanto maior a superfície
exposta da hortaliça ou fruta, maior será a
cranspiração, como ocorre na melancia.
Características da superfície externa das
hortaliças e frutas como pêlos, estômatos,
cutícula, lencicelas e região de inserção do
pedúnculo, incerferem na transpiração.
Os pêlos retardam a perda de água,
como aconcece com O pêssego. Os estômatos,
responsáveis por 50% da perda de água livre
da superfície, fecham-se a baixas temperatu-
ra s, diminuindo assim a transpiração. Após a
colheita, os estômatos das hortaliças folhosas
permanecem abertos, causando aumento na
transpiração.
Os frutor. não têm estômatOs e apresen-
tam uma cutícula cerosa que os protege da
transpiração excessiva. A cutícu la ou pelícu-
la da superfície externa das plantas (existe

35
cutícula em coda a superfície das plantas.
Cutícula cerosa, porém, s6 é comum em fru-
tas e horta li ças tipo fruto) dificulta a
transpiração quando cerosa, como na berin-
je la, pimentão e outros.
As lenticelas ou poros existentes na su-
perfície externa das plantas (toda superfície
de plantas, inclusive dos frutos e tubérculos,
tem poros) são importantes ape nas para a
batatinha, que perde muita água por trans-
piração pelos poros.
A região de inserção do pedúnculo é im-
portante na transpiração das frutas, pois é o
local por onde e las perdem muita água, já que
não têm eStômatos e sua cu[ícu la é cerosa, o
que dificu l[a a saída de água pelos poros .
• Fatores ambientais que afetam a
transpiração - Aumentos na [emperatu-
ra-amb ien[e ou na ven[i lação, exceto
vent ilação com ar saturado de umidade,
provocam maior transpiração. Aumentos na
umidade relativa do ar farão, porém, com
que a diferença entre a gradiente pressão

36
do vapor d'água (diferença entre a quanti-
dade de água existente dentro das plantas
e a quantidade de água existente no ambi-
ente, expressa em %) no interior da planta
com o ambiente seja reduzida, reduzindo
também, a taxa de transpiração.
O controle da transpiração em horcali-
ças e frutas, por ser um processo físico, pode
ser considerado relativamente fácil, se respei-
tadas as seguintes condições:
• manter os produtos em locais com alta
umidade relativa do ar e com pequenas
variações de temperatura;
• rápido resfriamento do produto a ser con-
servado, fazendo de preferência, o
pré- resfriamento no campo;
• evitar danos mecânicos e exposição a ven-
tilação desnecessária que aumentam a
transpiração;
• lavar os produtos e embalá-los em sacos de
polietileno, ou envolvê-los em papel de
seda e colocá-los em embalagens apropria-
das;

37
• armazenar em atmosfera controlada;
• armazenar em atmosfera fornecida por
filmes flexíveis .
Mudanças na composição química -
Muitas mudanças na composição química
das frutas e hortaliças ocorrem durante seu
desenvolvimento e maturação. Essas mu-
danças afetam o sabor, o aroma, a textura,
a cor e o aspectO externo dos produtos e
podem continuar ocorrendo depois da co-
lheita, tOrnando-se um fator desejáve l ou
indesejável, dependendo da espécie.
A perda da clorofila, pigmento que con-
fere a cor verde, é desejável para frutas, mas
não para hortaliças folhosas. O desenvolvi-
mento de carotenóides, que conferem a cor
amarela ou laranja , é desejáve l em frutas
como damasco, pêssego e citros, ao passo
que o desenvolvimentO do licopeno ou
carotenóide específico, que confere a cor ver-
melha, é desejável em tOmates. A existência
do beta caroteno ou pró-vitamina A nas fru-
tas e honaliças é muito imponance do ponto

38
de vista da qualidade nmricional, que deve,
ponamo, ser preservada.
O desenvolvimenw das amocianinas,
pigmentO que confere a cor vermelha aos
frutos, é desejável em frutOS como maçã ver-
melha, cereja, morango c ou tros. Quando
ocorrem mud anças químicas nas antocianinas,
o resultado são produtos de cor caramelo ou
acastan hado, indesejável do pomo de vista da
qualidade apare me.
Mudanças nos carboidratOs, componen-
tes de hortaliças e frmas, podem provocar a
co n versão do amido em açúcar, muiw
desejável nas frutas , porém indesejável nas
batatas. A conversão do açúcar em am ido é
indesejável em ervilhas e milho verde. Mu-
danças em proteínas, lipídios e ácidos orgâ-
nicos podem al tera r o sabor e o aroma das
hortícolas, causando problemas (a lteração,
redução ou produção de aroma difereme do
normal), pois durante o amadurecimento dos
frutos, a produção de aromas voláteis é mui-
to importante. Essas mudanças e a perda de

39
vitaminas, especialmente da vitamina C, re-
duzem o valor nutritivo desses produtos.

Fatores externos ou ambientais


da conservação pós-colheita
• Temperatura - A temperatura é o fator
ambiental mais importante na conservação
das hortaliças e frutas, pois afeta diretamen-
te a respiração, a transpiração e oU[ros as-
pectos fisiológicos das plantas. Sabe-se que
a cada aumento de 10°C na temperatura-
ambiente, ocorre um aumento de duas a
três vezes na velocidade de deterioração
desses produtos e a conseqüente redução
do tempo de "vida de prateleira" ou de
conservação.
A diminuição na temperatura-ambien-
te implica na redução da respiração,
prolongando o período de conservação dos
produtos, que é limitado pela resistência es-
pecífica ao frio de cada espécie hortícola.
Assim, a temperatura na conservação desses

40
produtos deve respeitar os limites mínimos
característicos de cada espécie, a fim de não
congelar seus tecidos, levando-os à deterio-
ração, e evitar os danos causados pelo frio nas
hortaliças e frutas sensíveis a temperaturas
acima do seu pomo de congelamemo (Chil/ing
injury), como acontece com muitas frutas de
clima [Copical e subtropical (Fig. 4).
O armazenamento das hortícolas em
temperaturas abaixo daquelas toleradas por
cada espécie pode causar distúrbios fisioló-
gicos, escurecimento da casca ou polpa, per-
da da capacidade de maturação, facilidade de
deterioraçãq por microorganismos e perda do
sabor e do aroma natural.

41
Produtos O Produtos
hortículas hortlculas
não-senslveis senslve/s
ao frio 'C - ao frio
60-
55--
Danos pelo calor
50- Danos pelo calor
45-
40-
35-
Faixa de 30-
temperatura
ótima para 25
amadurecimento 20 Faixa de temperatura
dos frutos 15- ótima para trânsito
10- e armazenamento
Faixa de temperatura
ótima para trânsito
05- - Oaf'lOS pelo frio
e armazenamento
00
-5-
Danos pelo Danos pelo
congelamento congelamento

,,_/)
Fig. 4. Comp ortamento de p rodutos agrlcolas sensíveis
t nõo-stnsfvns ao frio, mz difmnltS Imperaturas.

42
Exemplos de hortículas Exemplos de hortlculas
nlo-sensíveis ao frio : sensíveis ao frio :
maçã · abacate
damasco banana
ce reja citeos
figo goiaba
uva manga
kiwi oliva
necta rm a mamão
pêssego maracujá
caqu i· abacaxi
ameixa romã
mora ngo vage m
aspargo pepi no
beterraba berinjela
br6colo quiabo
repolho pimenta
cenou ra batata
couve-flor batata-doce
aipoou salsão tomate
milho verde melancia
alho
alface
cebola
e rv ilha
espinafre
nabo
( e ) Algumas tHJritdades sõo S,1IsÍtltis ao frio

43
• Umidade relativa do ar - Umidade do
arê a presença de vapor d'água no ar e umi-
dade relativa do ar (UR) é a percentagem
de umidade existente no ar, sendo igual a
100% quando o ar está saturado de vapor
d'água.
O controle da umidade relativa do ar é
fator importante na conservação pós-colheita
dos produtos hortícolas. Arseco, com percen-
tagem de umidade abaixo daquela requerida
pelo vegetal, significa perda rápida de umi-
dade pelo produtO e conseqüente mUf-
chamento e enrugamento, depreciando-o co-
mercialmente. Ar próximo da saturação, isto
é, percentagem de umidade próxima de
100%, mantém a turgidez do produw e re-
duz a perda de água, mas favorece o desen-
volvimento e dis se minação de microor-
ganismos e o enraizamento de hortaliças,
como o alho e a cebola. Para sua conserva-
ção, essas hortaliças requerem ambiente seco,
com umidade relativa entre 6S e 75%, dife-
rente da maioria das hortaliças e fruras, que
requerem umidade re lativa do ar entre 8S e
95% para mantera qualidade.

44
A umidade relativa do ar afeta, princi-
palmente. a transpiração, mas també m afeta
a respiração. pois em altas um idades relati-
vas ocorre a máxima respiração e o rápido
amadu recimento dos frutos (frutas e hortali-
ças ti po feu to) .
• Composição atmosférica - O ar atmos-
férico é composto de nitrogênio (78%),
oxigênio (2 1%), gás carbônico (0,03%) e de
outros gases em menor quantidade. A co n-
ce ntração de oxigênio e gás carbônico no
ar é a que exerce maior influência na co n-
servação dos vegetais.
A red ução contín ua na conce ncração de
oxigênio no ar promove a redução. também
contínua, na taxa de respiração. Na ausência
desse gás, a planca deixa de respi rar, passa a
re al iza r a fermencação, que é seguida da pro-
dução de alcoóis e da destruição das células,
favorecendo o ataque de microorgan ismos.
O aumenw na concentração de gás
ca rbônico no ambiente reduz a re spiração e
aum e nt a sua concentração nas cé lulas. Ao

45
atingir níveis tóxicos, essa concentração pro-
voca alterações fisiológicas, como inibição das
atividades enzimáticas e das reações de ama-
durecimento, e a perda da cor ve rde dos
frutos, levando hortaliças e frutas à deterio-
ração.
Concentrações baixas de oxigênio (O,)
e altas de gás carbônico (CO,) podem ser uti-
lizadas como forma de conservação, desde
que se observe a tOlerância das hortaliças e
frutas a esses gases, variável conforme a es-
pécie hortícola .
• Etileno na a tmosfe r a - Em 1937, obser-
vou-se que determinado produtO químico
podia interfer i r no metabolismo das
plantas e uniformizar sua maturação. Tra-
tava-se de um composto orgânico si mples,
chamado etileno, produzido e liberado por
frutas e alguns microorganismos. Sabe-se,
atualmente, que o etileno atua no aumen-
to da imen sidade respiratória de várias hor-
taliças e frutas. A presença do eti leno em
pequenas quantidades (de 0,0 1 a O,Sppm)

46
acelera a respiração dos produtos de respi-
ração climatérica e o amadurecimento.
Uma vez iniciada, essa aceleração perdura
sem necessidade de novo contato com o
gás. Produtos com respi ração não-clima-
térica, porém, só aumentam a respiração
enquanto perdura O gás etileno no ambi-
ente, voltando ao normal quando este se es-
gota.
O fato do etileno acelerar a maturação
dos frutos pode ou não ser desejável, depen-
dendo das condições em que se encontre o
produto e do destino imediato que se lhe
queira dar. É desejável para frutos ainda
verdes destinados à comercialização e não-de-
sejável para frutos que serão armazenados. A
produção de etileno aumenta em frutos ma-
duros, em órgãos feridos e em folhas e flores
cortadas .
• Luz - A incidência direta de luz sobre tu-
bérculos, bulbos e raízes pode promover o
desenvolvimento da clorofila e o conse-
qüente esverdeamento de algumas partes

47
desses produtos, depreciando-os comerci-
almente. Isto acontece com a batata e a
cenoura, entre outros.
Na batata, o esverdeamento vem acom-
panhado da substância chamada solanina,
tóxica ao ser humano, quando ingeri da em
grandes quantidades.

48
Práticas Adequadas à
Conservação Pós-colheita

A conservação pós-colheita não melho-


ra as qualidades de hortaliças e frutas ,
apenas as conserva por mais tempo, dimi-
nuind o o ritmo de envel hecimento nacucal, a
fim de que o produto chegue ao co nsu mid or
final sem alterações em seu va lor nutriüvo.
em seu aspecto e gosto.
Assim, esses vegetais são conservados
por períodos mais longos, evitando grandes
perdas e aume ntando os lucros.
Por essa razão, o processo de con-
servação eficiente deve pare ie sempre de
produtOs com boa qualidade na hora da
colhe ita e co lhi dos no grau de maturação
adeq uad o para a espécie. É preciso a inda
conhecer a resistência de cada produco à tem-
peratura e às va ri ações nas concentrações de
oxigên io e gás carbôn ico.
Colheita
o ser humano nasce, cresce, torna-se
adulto, se reproduz, envelhece e morre. Com
as plantas, acontece algo semelhante, pois são
organismos vivos que germinam, crescem,
florescem, frutificam, envelhecem e morrem.
A colheita das horta liças e frmas deve
ser feita quando as plantas atingem O máxi-
mo de qualidades organoléricas (sabor, cor,
aroma e textu ra) e nutrit ivas, que varia com
a espécie e variedade cultivada, a época de
plantio, o clima, o tipo de solo, com as p ráti-
cas cu lturais , etc. A fim de conhecer o
momento certo da colheita, é preciso conhe-
cer cada espécie cu ltivada e seu estágio
ideal de maturação, pois as características de
boa qua lidade de cada hortaliça ou fruta e sua
vida de prateleira (tcmpo de conservação pós-
colheita) estão re lacionadas com a época de
colheita.
As frutas e hortaliças, tipo frutO maduro
(tOmate, pimentão, abóbora, etc) não devem
ser colhidas antes de seu desenvolvimentO

50
completO, pois isso prejudicaria tOdo o pro-
cesso de amadurecimento. Mas também não
devem ser colh idas muito maduras, O que
reduziria seu tempo de conservação e torna-
ria suscetíveis a danos pós-colheita e a
perdas. Entre esses dois extremos, existe o
pOntO ideal, chamado ponto de maturação,
em que a colheita pode ser feita sem a ocor-
rência de danos e com maior tempo de
conservação dos produtos.
O ponto de maturação ocorre quando os
frutos estão formados e prontos para amadu-
recer. Neste momento, todos os fatores
físicos e químicos necessários ao processo de
amadurecimento estão presentes no fruro.
A colheita das frutas é fcita levando-se
em conta a maturação fisiológica da planta
com a formação do fruto, ao passo que a de
hortaliças não é feita em função da época de
maior rendimento da planta e sim de deter-
minadas fases de seu crescimento em que
apresentam as melhores caracterís[Ícas de sa-
bor, aparência e qualidade.

51
as hortaliças, a colheita é feita, portan-
to, de acordo com a maturidade comercial
(Tabela 1), relacionada com a parte da planta
que será utilizada para consumo, podendo
ocorrer em qua lquer estágio de seu desenvol-
vimento vegetativo, até perto do envelheci-
mento (Figs. 5 e 6).

MaturaçSo fisiológica das frutas

t'=~~~==================j~J:.
~
I
··· ....
Desenvolvimento :;

3
4

Fig. 5. Maluração fisiológica das Imlas (adaplado dt


Kadtr, t I 01., /985).

(1) crescimento da planta e "orescimento;


(2) maturaçSO fisiOlógica;
(3) amadurecimento:
(4) senescência.

52
Maturaçl!lo comercial das hortaliças
'0\61';/ .,;;
~::
~

ti ==,==========~l
Desenvolvimento /
:
3
4
5

Fig. 6. Maturação comercial dos hortaliças (adaptado de


Kader, ti 01., /985).
(1) crescimento da planta: colhem-se hortaliças de brotos. caule.
folhas 8 frotos;
(2) maluraç!o fisiológica: colhem-se frutos verdes;
(3) fase de amadurecimento: colhem-se frolos maduros;
(4) completo desenvolvimento: colhem-s8 hortaliças tipo raizes,
tubérculos e sementes;
(5) senescéncia ou envelhecimento.

53
Colhidas com base na maturação comer·
eial (Tabela 1), as hortaliças podem ser
classificadas segundo a pane da planta ucili·
zada na alimentação.
Em função disso, pode.se dizer que as
hortaliças de folhas e hastes (aspargo, por
exemplo) devem ser colhidas quando ainda
tenras; as de flores, quando os botões ainda
estiverem fechados; as frutas. quando as se·
mentes não estiverem totalmente formadas:
e as rafzes, os bulbos e as sementes, quando
as plantas estiverem completamcnte dcscn·
volvidas.

50
Tabela 1. ClassifleaçAo das hortaliças segundo sua
maturaçAo comerciaI.
Tlpo de hOrtaliça Exemplos
(segundo a matoraçAo
comerdll)

Haste ou broto Aspargo, funcMo. aipo, couve e rébano


Folha Acelga, agrião, alface, almeirão.
cebolinha, coentro, couve. chlcóna.
espinafre, repolho. nkula. salsa e
salsao.
Flores Couve-ftof, alcachofra. br6c:olos
Frutos Abóbora, abobrinha, berinjela. chuchu,
jil6, melancia. melA0, moranga,
morango. pimenta. pimentão. pepIno.
quiabo e tomate
Raizes Mandioquinha, batata-doce, beterraba,
cer\OUr8, cara, nabo, rabanete e aIpo
TuWrculos Batata.
Bulbos Alho e cebola
Sementes Ervilha e vagem

• Época de colheita - A melhor época de


colheita de hortaliças e frutas geralmente
é determinada com base nas observações
práticas do próprio agricultOr. Ela pode,
também, ser determinada por métodos
físicos como a medição do tamanho, do di·
âmetro ou da textura dos rrutos, ou por

55
métodos químicos como a determinação da
acidez, da percentagem de açúcares, de
amido, de fibras, do conteúdo de suco e da
quantidade de tanino, substância esta que
confere adstringência, como no caqui.
Visando sempre a obtenção de produ-
toS de qualidade com o maior tempo
possível de conservação depois de colhidos,
deve-se considerar não apenas a época ade-
quada de colheita, mas também o período do
dia em que esta será reali zada. Assim, as co-
lheitas devem ocorrer prefe rencialmente em
dias nublados ou nos períodos mais frescos
do dia, geralmente pela manhã, evitando co-
lheitas após chuvas fortes .
• Tipo de colheita - Quando se pe nsa em
conservação de hortaliças e frutas, é preci-
so pensar, também, no tipo de colheita que
se vai empregar, pois o manuseio inadequa-
do dos produtos provoca danos mecânicos
que irão afeta r a intensidade de respira-
ção do vegetal e facilitar o ataque de

56
microorganismos, levando-os rapidamente
à deterioração .
• Colheita manual- Para a maioria das hor-
taliças e frutas, a colheita manual é o
método mais utili zado mesmo em países
desenvolvidos.
A colheita manual propicia melhor se-
leção dos produtos quanto à maturidade, pro-
voca menos danos físicos que a mecanizada,
requer pouco investimento de capital e seu
rendimento pode ser fac ilmente aumentado,
para um mesmo período, se mais pessoas tra-
balharem durante a col heita. Os in trumentos
mais utilizados na colheita manual são facas,
tesouras, baldes e sacos .
• Colheita mecânica - As máquinas rara-
mente conseguem realizar uma col he ita
seletiva. A colheita mecâ nica praticamen-
te não é ut ilizada para horta liças e frutas
destinadas ao consum o in natura, send o re-
comendada para vegetais mais resistentes
a danos físicos, como ra ízes e tubé rculos, e

57
para aqueles destinados às indústrias de
processamento. As máquinas não conse-
guem selecionar produtos hortícolas,
principalmente quanto ao grau de matu-
ração, causam danos físicos aos vegetais e
têm alto custo. Conferem, porém, maior
rendimento à colheita, mais rapidez,
melhores condições de trabalho aos agricul-
tores e exigem pouca mão-de-obra .
• O que ocorre depois da colheita - A
colheita das hortaliças e frutas é o processo
pelo qual elas são separadas da planta-mãe
ou do local de crescimento e retiradas do
campo.
Essa operação provoca, com freqüência,
a formação de lesões ou amassamentos nos
vegetais, decorrentes de manuseio inadequa-
do, o que pode reduzir o período de conser-
vação desses produtos.
Como se sabe, as atividades biológicas
das hortaliças e frutas continuam depois de
colhidas, e necessitam de energia obtida pela
respiração, para manterem-se vivas e com boa

58
qualidade. Como estão desligados de suas
fontes de nutrientes, esses produtos, que ago·
ra têm vida independente, necessitam quei·
mar suas reservas orgâ ni cas para respirar,
acelerando ass im seu amadurecimento e en·
vel hecimento, perdendo suas qualidades
nutricionais, e alte rando seu aspecto e sabor
(Fig. 7).
Fruto

P/anta
(retira nu/rientes do Hortaliça
,"~pa"O'f,"~

S% (fornece nutn'entes â p/anta)

Fig. 7, A planto e o jnlfo colhido

59
Depois da colheita, as frutas e as horta-
liças são separadas de sua fonte de nutrien-
tes, utilizando suas reservas para respirarem
e manterem-se vivas, acelerando o amadure-
cimento e o envelhecimento (Fig.7).

Preparo de hortaliças e
frutas para comercialização
Todos os produtos agrícolas perecíveis,
depois de colhidos, devem ser manuseados
o mínimo possível, para que sua qualidade
seja preservada. Algumas espécies, porém,
devem ser submetidas a operações de preparo
para melhor conservação. O comportamento
das hortaliças e frutas durante o armazena-
mento e a comercialização depende do
manuseio correto durante essas operações.
O preparo dos produtos hortícolas para
comercialização e armazenagem deve respei-
tar as características pr6prias de cada espécie,
que precisa estar em perfeitas condições
fisiol6gicas quando colhida e isenta de
microorganismos e doenças.

60
As operações mais comuns utilizadas
para a conservação de hortaliças, de acordo
com as características da espécie, são as se-
gUlOtes:
• Cura ou secagem superficial da hortaliça,
a fim de evitar O brotamento e a deteriora-
ção. Em épocas e regiões secas, essa
operação é realizada no campo ou em
galpões, por dois ou três dias, podendo es-
tender-se por até cinco dias, quando a
colheita é fe ita em épocas chuvosas. Essa
prática é recomendada para alho e cebola .
• Limpeza ou remoção da terra grudada na
superfície dos produtos, por meio de lava-
gem, escovação ou ambos. Essa p rática é
usada para rabanete, beterraba, cenoura,
batatinha, aipo, etc.
Para a lavagem, recomenda-se acrescen-
tar cloro à água, sobretudo se esta for
reciclada. A proporção do cloro a ser utiliza-
do é de 60 a 70ppm, (60 a 70mg por litro de
água) não devendo ultrapassar os 80ppm, para

61
que o cloro co minue agindo como desinfe-
tame. Na operação de limpeza faz-se, tam-
bém, o desbaste ou reti rada de raízes, ramos
e folhas secas da alface, aipo, aspa rgo e co u-
ve-flo r, por exe mplo (Blei nroth et aI., 1982).
• Seleção o u eliminação das hortaliças de-
feituosas, danificadas ou colhidas fora do
ponto de maturação (ima tu ros ou maduros
dema is), podendo a seleção se r manual ou
mecanizada para alguns produto s. A
seleção deve se r reali zada em rodas as ho r-
taliças.
• Separação - Depois da seleção, as horta-
liças são se paradas por classe ou tamanh o,
por estágio de maturação e por tipo ou qua-
lidade.
• C lassificação - O Ministério da Agricul -
tura, por meio de di ve rsas port aria s,
estabelece as normas a se rem observadas
na classificação de vá ri as espécies de hor-
taliças c frut as, fe ita s co m base em
sua classe ou tamanh o e em seu tipo ou

62
qualidade, levando em consideração o for-
maw característ ico de cada variedade
hortícola.
A classificação é uma organização qua-
litativa dos prod utos, com o objetivo de faci-
lita r o processo de comerc ia lização da
hortaliça em todas as etapas, do produtor ao
co nsumi do r final. Existem po rtarias estabe-
lece ndo norm as pa ra a c la ss ificaçã o do
tomate, batata, ce noura, chuchu, berinjela, pi-
mentão, pe pino, alho e cebola.
A conse rvação das hortali ças e fruta s
deve co meçar no campo, com práticas cultu-
rai s adequadas e co ntinu ar até o consumo
para que aprese ntem boa aparê ncia durante
a come rcialização.
Assim, para as frutas, as operações de
preparo devem co meçar du rante a colheita,
quando são aco n d icion adas em sacos de
estopa, baldes, sacolas, cestas ou ca ixas e, em
seguida, transfe rid as para recipientes maio-
res, como caixa, barril ou rec'l11cnce para
carregamento meca nizad o.

63
As frutas, em sua maioria, depois de co-
lhidas, são pré-resfriadas e lavadas em água
c1orada. A concentração de cloro na água dos
tanques de pré-resfriamento de frutas é
mantida entre 50 e 200ppm, porém a tolerân-
cia à toxicidade do cloro deve ser conhecida
para cada espécie de fruta. (Kader et ai.,
1985).
Após a lavagem, as frutas devem ser
secadas, a fim de evitar doenças decorrentes
de au mento de umidade e podem receber,
conforme a espécie, uma camada de cera para
maior proteção. Em seguida, são separadas
manual ou mecanicamente, por tamanho e
qualidade, e classificadas em diferentes clas-
ses e tipos, para facilitar o processo de
comercialização .
• Embalagem - Depois do preparo, as hor-
taliças e frutas são aco ndicion adas em em-
balagens adequadas, muito importantes no
transporte, armazenamento e come r-
cialização. O uso de embalagem apropria-
da é indispensável desde a colheita.

64
o uso de embalagem apropriada é
tanto mais importante quanto mais aperfei-
çoado for o sistema de comercialização,
quanto maior a manipulação do produto e a
distância até o ponto de consumo. As emba-
lagens têm, como função, facilitar o transpor-
te, proteger seu conteúdo, favorecer a
conservação e manter a integridade da
hortaliça ou fruta. Para tanto, precisam ter
frestas ou furos para trOcas gasosas e estar
sempre limpas e serem confeccionadas com
material de qualidade.
A Portaria N0 127, de 4 de outubro de
1991, do Ministério da Agricultura, estabele-
ce normas de embalagem para acondiciona-
me mo, manuseiO, transporte, armazenagem
e comercia li zação de produtos horrícolas
(Brasil, 1991). O objetivo dessas normas é
disciplinar a utilização de embalagens no mer-
cado interno, definindo a matéria-prima e as
dimensões internas específicas para cada
honaliça e fruta.

65
As embalagens padronizadas pela refe-
rida portaria são basicamen te sacarias e
ca ixas. As saca ria s devem ser de j ut a,
polietile no e polipropi leno de ma lha plana,
para batata, batata-doce, mandioca, abóbora,
re polho, laranja, limão, maracujá, abó bora ja-
ponesa, abóbora paulista, broto de bambu,
e rvilh a (grão) , feijão-fava , mi lho verde,
mo ranga, bete rraba, ca rá, cebola, ce nou ra,
in hame, al ho e coco seco.
As caixas devem se r confeccionadas em
madeira (Fig. 8) o u papelão ondulad o,
existindo 39 tipos de embalagens, com dife-
re n t e s di m en sõe s recomen d ad as para a
m a ioria da s fruta s e hortaliça s comer-
c ia li zadas. Co mo exemp lo, pode mos citar
produtos como alcach ofra, am e ixa, ma çã,
neccarina, pêssego, acondic ionados normal -
me nte e m embalagens de pape lão, ao passo
qu e as horta liças de fo lhas, as fl ores d e
mane ira ge ral , be m como to mate e uva são
acondicionados e m e mba lage ns de made ira.

66
Fig.8. Difrmrtts tipos Ut ~bologt"s. d~ mlJdtirlJ t d~
fJI1fNMo.

o mercado atacadista fa rã a comer-


cialização de maneira mais eficaz e
avançada. no momento em que os produtos
forem classificados e as embalagens padroni-
zadas de acordo com normas apro priadas.
Estão disponíveis resultados de cstudos so-
bre a adequação da embalagem ao produto
(para um certo número, pelo menos) ainda
não incorporados ~os documenlOS oliciais.
desconhecidos, portanto, dos produtores e do
mercado atacadista e varejista.
A embalagem de madeira para tomate,
conhecida como Caixa K e utilizada para de-
zenas de outros produtos, principalmente
para hortaliças do tipo fruto, era utilizada,
originariamente, para embalar latas de que-
rosene. S6 depois, foi reaproveitada para o
tomate.
Atualmente, as normas de embalagem
recomendam a Caixa K para uma série de
produtos horrÍColas. Feita especialmente para
essa finalidade (a Caixa K, idealizada inici
almente para transportar latas de querosene,
continua sendo fabricada para embalar frutas
e hortaliças, como se entre estas últimas e as
latas de querosene não hovesse nenhuma
diferença). Para algumas espécies, porém,
recomendam-se caixas de papelão que pro-
tegem mais os produtos, mas no mercado
ainda predominam as caixas de madeira.
Recomenda-se o uso das embalagens
indicadas para cada hortaliça ou fruta, pois

6.
quando não se adaptam ao produto ou apre-
sentam-se deformadas, irregulares ou com
arestas cortantes, provocam grandes perdas
durante o transporte e a comercialização.
A falta de embalagem na comercia-
lização a granel de produtos como abacaxi,
couve-flor e outros, também é responsável
por perdas na fase de pós-colheita.
O local para embalar hortaliças e frutas
deve estar próximo da produção, ser coberto
para evitar a incidência direta do sol, com
acesso fácil para veículos de transporte e dis-
por ainda de água e energia elétrica.
As operações realizadas nesse local de-
vem ser programadas, no intuito de se obter
maior eficiência, com manuseio mínimo e no
menor espaço de tempo, a fim de evitar da-
nos físicos e prolongar a conservação desses
produtos.
A pré-embalagem de hortícolas no cam-
po não é prática comum em nosso País. É
utilizada, há muito tempo, em países desen-
°
volvidos, pois assegura transporte apenas da

69
parte do produto que será comercializado,
uma vez que produtos danificados e partes
não comercializáveis são descartados criando,
assim, condições para a melhor conservação
dos produtos .
• Tratamento fitos sanitário pós-colheita
- Esse tratamento é feito com produtos
químicos, a fim de impedir o desenvolvi-
mento de microorganismos nas etapas
seguintes de armazenamento e comercia-
lização. Para a maioria das hortaliças e
frutas não se recomenda tratamentO
fitossanitário específico de pós-colheita
com produtos químicos, com exceção do
tratamento com cloro. Isco porque, na fase
de produção, esses produtos são tratados
com defensivos agrícolas, suficientes para
°
inibir crescimento de microorganismos
durante a fase de pós-colheita. Por outro
lado, por serem producos agrícolas perecí-
veis, de curto período de armazenamento,
um tratamenco fitossanitário comprome-
teria a comercia li zação, em função do

70
período de carência de cada defensivo quí-
mico, que deve ser respeitado.
Existem, também, produtOs como o
alho, a cebola e a batata que não podem ser
umedecidos antes da armazenagem, sem ris-
co de desenvolvimento de fungos. Algumas
frutas tropicais suportam temperaturas altas,
podendo ser submetidas a tratamento com
água a 50 ·C, por 15 ou 20 minutos.

Pré-resfriamento
O pré-resfriamentO proporciona o rápi-
do resfriamenw das hortaliças e frutas depois
da colheita, para que haja uma rápida remo-
ção do calor do campo. É uma operação
distinta da operação de armazenamentO, que
requer instalações e equipamentos especiais,
sendo a primeira etapa da conservação em
que se ap lica a redução da temperatura. Cada
produto tem sua temperatura específica, a
partir da qual o desenvolvimento e a disse-
minação de microorganismos são inibidos e

71
que limita a atividade merabólica da planca,
aumentando seu período de conservação.
A temperatu ra é o fatOr ambiencal mais
importante na conservação de produtOS agrí-
colas perecíveis. A cada aumenw de 10 °C na
temperatura-am biente, a ve locida de de
maturação e enve lhecimentO aumenta de
duas a três vezes. Como é um fatOr que pode
ser controlado, grande parte dos métodos de
conservação desses produtOS está associada ao
uso de baixas temperaturas.
O tempo necessário para reduzir à me-
tade a temperatura de um produtO independe
de sua temperatura inicial. Essa redução ocor-
re de forma inversa e logarítmica (Fig. 9), ou
seja, a redução da temperatura inicial cai ra-
pidamente à metade, tornando-se mais lenta
quantO mais se aproxima da temperatura do
ambiente de refri ge ração.
A temperat ura do produtO se reduz ra-
pidamente à metade, quando em concato com
o meio refri gera nre, tornando-se mais lenta

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aproxima do tempero/um do meio.
(Adaptado de Kader, /985).

A: temperatura inicial do produto


B: temperatura do meio refrigerante igual à temperatura final do pro_
duto resfriado.

73
quanto mais a temperatura do produto se
aproxima da temperatura do meio ambiente.
Os produtos colhidos devem ser remo-
vidos do campo, rapidamente, para um local
adequadamente sombreado, de preferência
em galpão ou área próxima da plantação,
onde os produtos possam ser cobenos com
folhas. A rápida remoção do calor das hortali-
ças e frutas pode se r feita de várias maneiras,
dependendo do meio refrigerante utilizado
no pré-resfriamento, que pode ser de água,
ar ou gelo .
• Pré-resfriamento com água - esse
processo, resfria-se o produto com água fria ,
por aspersão ou imersão. Trata-se de um
método rápido e eficiente, quando utiliza-
do de maneira adequada. A mais indicada
é a água co rrente, evitanto que se torne
poluída e se transforme em fonte de con-
taminação. A utilização de água reciclada
é, muitas vezes, inevitáve l devendo ,
porém, ser [racada com cloro, antes de ser

74
usada. As hortaliças que podem se r resfri a-
das com água são: cenoura, aspargos, raba-
nete, sa lsão e milho verde . (Bleinroth
ec aI., 1982).
• Pré-resfriamento com ar forçado -
Esse processo utili za o ar frio em flu xo co n-
tínuo sobre a superfície das hortaliças e fru-
tas. Pode, porém, provocar perda de peso
por transp iração. Trata-se de métOdo sim-
ples e prático, podendo ser utilizado no
pré-resfriamento de [Odos os eipos de hor-
taliças de frutos como tomate, pimentão,
berinjela, etc; de raízes como ce nou ra,
mandioquinha, beterraba, batata-doce,
rabanete, etc; e bulbos como ce bola e alho,
bem como de frutas, co mo a uva (Bleinroth
ec aI., 1982) .
• P ré -resfriamento com ar e água -
Nesse p rocesso, a água fria é aspergida
sob re os produ tOS e o ar fri o ap licado em
sentido co ntrár io ao da água. Tal processo
é va ntajoso, por ev itar o ressecamento das

75
hortaliças e frutas. Quando se usa água
reciclada, entretanto, é preciso tratá-la com
cloro. Seu uso é indicado para produtos que
podem ser umedecidos após a colheita .
• Pré-resfriamento a vácuo - Nesse mé-
todo, O resfriamento ocorre pela rápida
evaporação da água em câmaras de baixa
pressão. Este processo é van tajoso por ser
rápido e promover resfriamento uniforme,
se ndo indicado para hortaliças com grande
área supe rficial em relação a seu vo lume,
tais como alface, sal são, couve-flor e repo-
lho. Não é indicado para frutas, pois sua
área superficial é pequena em relação ao
volume. (B leinroth et aI., 1982).

Armazenamento
Como as atividades biológicas vitais das
hortaliças e frutas continuam após a colheita,
é preciso armazenar essas hortaliça s de
maneira adequada, a fim de evitar a rápida
perda de qualidade.

76
Os cuidados no armazenamento evitam
ou minimizam os problemas causados por
danos fisiológicos decorrentes da respiração,
transpiração, matu ração, brotamento ou
enraizamento, os causados por danos mecâ-
nicos, pela luz, pelo calor e pela umidade do
ar, e os causados por microorganismos ou in-
setos.
Dependendo das condições financeiras
e estruturais, do tempo e da espécie honícola
a ser armazenada, pode-se optar por arma-
zenamento com controle da temperatura e da
circulação e umidade relativa do ar ou por
armazenamento com controle da composição
atmosférica do local de armazenagem.
O armazenamento pode ser feito com
uso de baixas temperaturas, refrigeração ou
congelamento. uso de atmosfera controlada
ou de atmosfera modificada com filmes fle-
xíveis. Faz-se o armazenamento de hortali-
ças e frutas com o objetivo de manter sua
qualidade até a época mais adequada de co-
locação no mercado.

77
• Uso de baixas temperaturas (refri-
geração e congelamento) - O uso de
baixas temperaturas, durante determinado
período, retarda a transformação química ou
microbiológica que leva à perda de quali-
dade dos producos hortícolas, resultando
em maior tempo de conservação. Já foi
visto, aliás, que o aumento da temperatu-
ra-ambiente leva, em pouco tempo , à
deterioração total do produto.
A refrigeração ou armazenamento
frigorificado é O métOdo melhor e o mais
econômico para atender as exigências de con-
servação de hortali ças e frutas. O uso de
baixas temperaturas, adequadas a cada espé-
cie hortícola, conserva suas células vivas e
possibilita seu processamento industrial. Na
refrigeração, como forma de conservar produ-
toS armazenados, devem-se observar os
seguintes aspectos:
A temperatura é o principal aspecto a ser
considerado, pois deve manter o produto em

78
níveis suficientemente baixos, a fim de
inibir os processos que causam a redução na
qualidade e o envelhecimento dos produtos.
A uti lização de baixas tempera turas para
conse rvar horta liças e frutas está limitada pela
sensibilidade de cada espécie ao frio. Alguns
produtOs resistem a temperaturas de até OoC,
enquanto outros, em temperaturas inferiores
a l OoC, apresentam danos ca usados pelo frio,
co mo qu eimadu ras.
As queimaduras causadas pelo frio con-
sistem no amo lecimento do produto pelo
rompimento das suas célu las. O produto apre-
senta aspecto mo lhado e com manchas na
casca e em seu I ntenor.
Depois de definida a temperatura da
câmara de armazenamento, eS[3 deve perma-
necer constante, pois uma variação de I °C
pode provocar aumentO na intensidade res·
piratória e danificar o produtO.
No caso de armazenamento por curtO
prazo, como ocorre no varejo, diferentes

79
produtOS são agrupados na mesma faixa de
temperatura, pois não seria possível uma re-
frigeração adaptada a cada produtO.
Por isso, a temperatura das câmaras ou
balcões refrigerados é geralmente regulada
entre 8 °C e 10 oC, faixa de temperatura em
que é possível armazenar maior número de
produtos (Tabelas 2 e 2A) .

• Umidade relativa - Durante o armaze-


namento, o controle da umidade re lativa do
ar deve ser feito para evitar ressecamentos
ou perda de umidade pela transpiração,
quando a umidade relativa for menor que
a requerida, ou a fim de evitar rachaduras,
desenvolvimentO e disseminação de
microorganismos patogênicos, quando a
umidade relativa estiver muito alta, isto é,
em torno de 98 a 100% (Tabelas 2 e 2A).

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Tabela 2. Continuação.
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cuidadoso para evitlJr dano. na

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samanas d90% melhof oonservaç60.
10 · 10( COmara Muito peJeClveI. NAo'
Espinafre 92.7 ·0.3 O 95 · 100 8 · 10
dias d9O% r'IOfTNllmente armazenado.

L~' La",ar e secar 110 ar por 2 a 3 diu


\0( . 18
Gangibre 87,0 O e · 1.0
" 65 6 meses
Fresco antas M armazenar as raizes,
Tendência a endurecer rapida·

Mandioca
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O e . 1.0
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da ser annazenado a curto prazo
em local "asco, mas ~u tempo
de oonservaçlo sen1I menor.

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91
Tabela 2A. Contlnuaç:lo.
Ponto Armazenamento Tempo Arm.ztn.mento
HortIllCII T : d. alongo pruo do a curto pruo Oqlrv.çoe.
'gua congal. conaer-
(OC) TtOC)URt%) yaçlo T tOC) UR ("lo)

Principal problema no 2.lT1'IUena-

U" 81 .8 -2. 1 ." 90 - 95


,., 8 - 10
c amara
manto' a pocIlklao por
Bottytis sp. Recomenda-se o uso
Vlnlfel'll -0.5 ~~. d 90% de sulfito. bissulfito ou meta-
bissulfito de &Odio ou pot{Issio.
aplicado a cada 7 ou 15 dias_
Fontes: Elabonda . pani, de dados ob,idOlr de: Hlnde.burg, e •• 1. 11986). Ctli ... nl. &Chi .... ro (1990). Neve. Fill>o(I99I ),
~ Ambrosino 119--1 e 81einrottl 0913b).

Símbolos: UR(%) - umidade relativa expressa em percentagem


T (O C) _ temperatura expressa em graus centígrados
• Dados não disponíveis
•• Temperatura de armazenamento a longo prazo para a batata: 13 a 15 OC por IS
dias, durante o período de cicatrizaçao e reduzir gradativamente 2 0e até che·
gar à temperatura de 4 a 5°C. Ao final do armazenamento, fazer o
recondicionamento, aumentando a temperatura em 2 OC por dia, até 15 a 200C,
permanecendo nessa temperatura por 10 dias .
••• O alho também pode ser armazenado a longo prazo, na temperatura de 28 a
30 oe, com umidade relativa (UR) de 70 %, conservando-se por um mês, nessas
condições.
• Circulação do ar - A circulação do ar
deve ser mantida no armaze name mo refri-
gerado, a fim de distribuir igualmeme o frio
e a umidade re lati va por todo o ambieme
e remover o calor do a :erno, provenJ-
eme tanto da respiração UQS hortaliças e fru-
tas qua nto das paredes. teto, piso e das por-
tas de entrada e saída.
O ar da câ mara de refrige ração deve não
apenas circu lar, mas deve, também, ser reno-
vado, a fim de evitar que o gás carbônico, o
eti leno, gases li berados por embalagens como
as de pinho e Outros gases relacionados com
a produção de aroma e de sabor provoquem
a deterioração dos produ tos armazenados. O
ar pode ser renovado por infil tração de ar
externo ou simplesmente abrindo a porta da
câmara.
Para que a circulação e a renovação do
ar dos locais de refrigeração sejam eficientes,
mantendo iguais a temperatura do ar e dos
produtos, é preciso que as embalagens ou cai-
xas seja m empilhadas espaçadas e ntre si e

93
entre as fileiras. As embalagens, como já foi
mencionado, devem ter orifícios ou frestas
para que o ar frio e a umidade atinjam todos
os produtos (Fig. lO) .

• 1

Fig./O. Produ/os empilhados corretamente no local de


annazenamen/o. (As setas indicam a existincia de
espaços para a cirrolação do ar entre os produtos
nas caixas (/restas), entre as caixas empilhadas
sobre pale/es, entre as pilhas de caixas e entre as
pilhas e os paredes).

94
As secas indicam espaços para a circula-
ção de ar entre os produtos nas caixas (fres-
cas), as caixas empilhadas sobre paletes, as
pilhas de caixas e entre as embalagens
empilhadas e as paredes (Fig. 10).
Se a passagem do ar frio ou da umidade
relativa ficar bloqueada por acúmulo de em-
balagens empilhadas muico perco umas das
outras, haverá produms armazenados a tem-
peraturas maiores que a da câmara e cuja
qualidade e cempo de conservação estarão
comprometidos.
O espaçamento mínimo entre as pilhas
deve ser de 5 a Sem, no sentido da circulação
do ar, e a distância encre a pilha e a parede
deve ser, no mínimo, de 10 a ZOem, para que
haja uniformidade na distribuição do ar frio
dentro do recinto (Rocha & Spagnol, [19--]) .
• Produtos incompatíveis - Várias são as
horcaliças e frutas que liberam substâncias
odoríferas voláteis, que podem contaminar
outrOS producos sensíveis a odores, ou
mesmo impregnar as paredes da câmara

95
capazes de absorvê-los e de transmiti-los a
outros produtos que ali forem armazenados.
A contaminação pelo odor pode ocorre r,
também, encre as diferentes es pécies de
produtos como abacaxi, batata, cebo la,
pimentão e pêssego. A contaminação entre
frutas tem pouca importância, mas a coma-
minação entre frutas e hortaliças, como
maçãs e pêras, por um lado, e batatas, cenou-
ras e cebolas, por outro, deve se r evitada,
so bretudo se o arm azenamento for por tem-
po prolongado.
As fruta s maduras de respiração não
c1imatérica, igualmente, que liberam etileno,
não devem ser arm aze nadas com frutas de
respiração c1 imaté rica que ainda não amadu-
receram, pois o e tileno libe rado pelas do
prime iro gr u po ( lara nj as, por exemp lo)
ace le ra a maturação daque las do seg und o
(ma ngas, por exemplo), que já ocorre normal-
mente em tempo muito curto. O et il eno
liberado pelas frutas maduras, armazenadas

••
juntO com cenouras, irá alterar a composição
destas pela produção da substância chamada
isocumarina, que lhes confere gosto amargo.
Além dos cuidados mencionados em
relação a cada fator que afeta a refrigeração,
deve-se fazer o repasse constante nos
vegetais armazenados, eliminando os que es-
tiverem deteriorados ou atacados por
microorganismos, a fim de não contaminar os
produtos sadios, bem como a desinfecção sis-
temática das câmaras com sabão neutro e água
clorada a 0,3 ou 0,5%.
O congelamento consiste na alta conver-
são de água em gelo e em sua manutenção
durante o armazenamento. Nesse estado, cer-
ca de 80% da água livre do produto passa para
estado sólido. Esse tipo de armazenamentO
usa temperaturas abaixo do ponto de co nge-
lamentO das hortaliças e frucas. Em geral,
esses produtos contêm, em sua composição
química, de 75 a 95% de água, de 4 a 23% de
sólidos so lúvei s e de 0,5 a 8% de sólidos

97
insolúveis. Devido à grande variação na quan-
tidade de sólidos solúveis nas diferentes
espécies de produtos hortícolas, a tempe-
ratura de início de congelamento pode variar
de O DC a -3,5 DC (Tabelas 2 e 2A)
(Neves Filho, 1991).
O processo de congelamento de vege-
tais deve ser feito com equipamentos
projetados para essa finalidade, de forma a
conservar o produto com suas qualidades ini-
ciais e dentro de custos compatíveis com os
objetivos da armazenagem.
O congelamento é letal às células, que
não conseguem recuperar suas atividades
fisiológicas, motivo pelo qual as frutas e hor-
taliças, quando descongeladas, devem ser
destinadas para consumo imediato .
• Uso de atmosfera controlada - O
armazenamento por atmosfera controlada
consiste em diminuir e controlar as concen-
trações de gases, principalmente oxigênio
e gás carbônico, ao mínimo necessário
para que os produtos vegetais estocados

••
mantenham-se vivos, mas com atividade
metabólica reduzida ao máximo.
O ar atmosférico é composto por 78%
de nitrogênio, 21% de oxigênio e 0,03% de
gás carbônico, aproximadamente, e por ou-
tros gases em quantidades muito menores.
O uso de atmosfera controlada consiste
em reduzir a concentração de oxigênio e au-
mentar a concentração de gás carbônico, em
quantidades conhecidas, contro ladas e ade-
quadas a cada espécie hortícola, balanceadas
com nitrogênio, que é um gás inerte.
Trata-se de um método de conservação
vancajoso, pois o produto mantém as carac-
terísticas de qua lidade, sendo adequado para
produtos que não suportam baixas tempera-
turas.
Nas câmaras de controle atmosférico,
gases como e tileno, que acele ram a maturação
não cêm efeiw, havendo també m maior con-
servação contra ataque de microorganismos,
o que permite usar no ambiente umidade
re lativa mais e levada tend o, ass im , menor

99
perda de água pelo produco, que mantém
suas q ualidades ex tern as.
Depois de retirad as das câma ras de
armaze namen co controlado, as hortaliças c
frutas aprese ntam boa duração em tem-
peratura-ambience. O uso de atmosfe ra
controlada, associada a baixas temperawras,
resulta em maior eficiê ncia na conservação de
hortaliças e frutas não-sensíveis ao frio, po-
dendo duplicar o tempo de arm azenamento.
Usa-se atmosfera controlada para arma-
zename nco ou uansporte de maçã, pêra,
banana, morango, alface, couve-flor, vagem,
pepino, repolho, cenoura, rabanete, pimen-
tão e milho doce .
• Uso de atmosfera modificada - O
armazenamento em atmosfera modificada
baseia-se na diminuição da concentração de
oxigênio e no aumento da concenuação de
gás carbônico decorren tes da respi ração do
produto que uti liza oxigênio e libera gás
carbônico no ambie nte.

100
Nesse método, a concentração desses
gases não é con hecid a nem contro lada.
Sabe-se apenas que a atmosfera é alte rada o
suficiente para reduzi r o metabolismo e a res-
pi ração das plantas, aumemando se u tempo
de conservação.
A atmosfera modificada para hon aliças
e frutas é obtida por meio de filmes flexíveis,
como embalagens plásticas, semipermeáveis
aos gases, de polietileno de diferentes espes-
suras, ou de cloreto de polivinila (PVC),
basta nte delgados e mais permeáveis que os
de polietileno.
Emba lage ns com fi lmes fl exíveis man-
tê m altas umidades relativas em se u interior,
por isso é conveniente qu e se façam orifícios
para liberar o excesso de umidade que pode
prejudicar o produto e favorecer o ataque de
. .
microo rga nismos.
O uso de atmosfera mod ificada como
métOdo de conservação traz grandes benefí-
c ios quando associada à re fri ge ração. O
sucesso do pré-cond icionamento em filmes

101
flexíveis depende de fawres como o
pré-resfriamentO do produto no campo, o
tratamento das hortaliças ou frutas para o con-
trole de moléstias como o uso de água de
lavagem ciorada, a escolha do filme de plás-
tico fl exível adequado para cada produto a ser
acondicionado, a adequação à temperatura de
armazenamento e o conhecimento das ca rac-
terísticas da espécie hortícola quanto a
perecibilidade, atividade respiratória, tolerân-
cia à umidade, teor de oxigê ni o e de gás
carbônico, e deve haver perfurações nos
filmes em número e tamanho adequados ao
tipo e à q uantidade do produto a ser armaze-
nado.

Transporte
Produtos perecíveis como hortaliças e
fr ut as podem ser transportados tantO
embalados como a granel, dependendo das
suas características e desde que em veículos
apropriados.

102
A qual idade do produro honícola deve
ser preservada durante o transporte, que pode
ser feiro por caminhões, trens, aviões e navi-
os, sendo o transporte por caminhões o mais
utilizado. Durante o transporte, algumas pre-
cauções devem ser tomadas, a fim de não
expor os vegetais a temperaturas ou outros
fatOres ambientais que favoreçam a deterio-
ração.
Deve-se evitar, igualmente, o transpor-
te simultâneo de produtos incompatíveis,
como os que liberam gás et il eno (frutas
maduras), que acelera a maturação de outras
ainda verdes ou que conferem sabor indese-
jado a outros produtos (ce nou ra).
Nas condições brasileiras, a maior pane
das hortaliças e fruras é transportada sem re -
frigeração. Cuidados mínimos, como cobrir a
carga para evitar a incidência direta do sol e
abenuras para aeração , contribuem muitO
para prolongar o tempo de conservação des-
ses produtOs.

103
A adoção de práticas de conservação de
honaliças e frutas durante o transporte, seja
por refrigeração, congelamento ou controle
atmosférico, seria o ideal. Essa medida,
porém, eleva muito o preço dos produtos, tor-
nando essas práticas inviáveis, dependendo
do destino desses produtos.
Associando os diferentes meios de
transportes e as diferentes práticas de
conservação, tem-se diferentes sistemas de
transporte que são selecionados de acordo
com a distância do mercado, as característi-
cas da espécie e a qualidade do produto,

104
Distúrbios que Podem
Ocorrer na Pós-colheita

Danos mecânicos
Os danos mecânicos são aqueles causa-
dos por manuseio inadequado do produto
durante as fases de colheita e pós-colheita de
hortaliças e fru tas, como amassamen tos e
rachaduras.
Danos mecânicos depreciam comercial-
mente o produto, aceleram sua respiração,
maturação e envelhecimento, e são portas de
entrada para o ataque de microorganismos.
É muito comum a ocorrência de danos
mecânicos (Fig. 11) em produtOs acondicio-
nados em embalagens não apropriadas ou
com quantidade excessiva de produtos.

105
F". 11. T-"Mf"".ifiutIti_~._.
FD"".· Cnztpp {"••{.

Danos fisiológicos
Os danos fisiológicos que ocorrem nas
hortaliç~1S
e frutas do decorrentC5 de altera-
çôcs no metabolismo normal ncccss:irio 1 vida
das pbntlls e ousam dIferentes sintomas de
acordo com sua causa e com a espécie
"egetal. apresentando mOrte du células dos
tecidos da polpa ou CUCa. maluuç~o

,..
irregular e formação de sabor estranho e
desagradável em hortaliças.
Esses danos podem ser causados por
fatores como frio, congelamento, calor, umi-
dade relativa do ar, luz, baixas concentrações
de ox igên io, altas conce ntrações de gás
carbônico, gás etileno, ou em decorrência de
mudanças fi siológ icas naturais, co mo
brotamento e enraizamento .
• Danos causados pelo frio - Esse tipo de
dano ocorre pelo resfri ame nto das hortali-
ças ou frutas, a temperatur as baixas ,
inferiores àq uelas suportadas peJa espécie
vegetal, porém maiores que a temperatura
de co nge lamento da planta. O d ano
ca usado pelo fri o (Chilliflg iflJi,ry) , ocorre
quando ' não se obse rva a temperatura de
arm aze name nto adequada, co nstitu indo
um dos maiores proble mas de ar ma ze-
namemo, principalmeme para os produtos
de origem trop ical, mais sensíveis a baixas
te mperaturas.

107
Esse dano pode ocorrer ainda no cam-
po, durante a produção, na colheita, na
pós-colheita, armazenamento, transporte,
come rcialização ou me smo em casa, no
refrigerador, com efeitos maléfi cos que se so-
mam (Tabelas 3 e 4).

Tabela 3, Danos causados pelo frio em alguns


produtos·horttcolas.
Hortaliças Sintomas
Aspargo As extremidades da haste tomam-SfI pálidas,
verde-acinzentadas e Nicidas.
a.rtnjela Areas superficiais com pequenas def>reu6es
marrons, que podem se tomar profundas.
Escurecimento do cálice, da polpa e das
sementes.
Quiabo Escurecimento do fruto, áreas aquosas e com
pequenas depressões e suscelibilidade ao
ataque de microofganlsmos
Plmentlo Depress6es dteuJares e superficiais, pequenas
OY grandes, e escurecimento do cálice e das
sementes.
Abobrinha Pequenas depressões aquosas na superficie do
fruto. Susoetibilidade ao ataque de
microorganismos.
Tomate Depress6es aquosas na superficie do fruto,
enrugamento, amolecimento e
nJo-amadurecimento. Suscetíbilidade ao ataque
de mictoorganismos.
Co ntinua ...

,.8
Tabela 3. Continuação.
Hortaliças Sintomas

Melancia Depress6es aquosas na superfície que podem se


aprofundar no fruto . Sabor desagradével.
Mandioca Oestruiçao dos tecidos intemos, maior perda de
égua, inibiçao do brotamento.
Batata-doce Escurecimento dos tecidos internos que se
tornam marrons ou prelos. acelerando a
deterioração.
Batata Escurecimento dos tecidos internos que se
tom am marrom·avermelhados.
Gengibre AmOlecimento e enrugamento da raiz.
Va~m Pequenas depressOes escuras na superfície.
listras diagonais marrons e escurecimento da
vagem e das sementes.
Pepino Pequenas depressões na superficie do truto.
manchas aquosas e suscetibilidade ao ataque de
microorganismos.
Fonte: Bleinroth et ai. ( 1982).
Observação: a horr.diça suscetível ao ataque de microorganismos
sofre uma delcriornçlo mais rá pida.

109
Tabela 4. Danos causados pelo frio em algumas
frutas.
Frutas Sintoma.
A~t. Oepresslo na casca, escurecimento na polpa e nos
canais va$CU[ares.
Abacaxi Manchas verdes, opacas ou marrons na casca.
ressecamento e perda do sabor.
Banana Escurecimento da casca, -empedramento· da polpa
e perda de sabol".
llmlo Are... com depress6es marrons na casca.
Manga Casca opaca e com manchas marrons e maturaçto
irregular.
Fonte: Rocha & Spagnol (19 •• ] .

• Danos causados pelo congelamento -


Esse tipo de dano fisiológico ocorre no
transporte e no armazenamento refrigera-
do de honaliças e frutas, cuja temperatura
interna não é adequada para a espécie ou,
no campo, por ocasião das geadas.
Nesse caso, a temperatura-ambiente
chega a atingir o ponto de congelamento da
planta, congelando a água que faz parte da
sua composição, que é rapidamente perdida

110
quando o produto volta à temperatura-ambi-
e nte.
o dano causado pelo congelamento é
muito comum em hortaliças bastame sensí-
veis como alcac hofra, alface, aipo, brócolos e
milho-doce, e em ou tras menos se nsíveis
como repolho, cenou ra, couve-flor, escarola,
ervilha e tOmate.
O aparecimento de áreas aquosas, per-
da da rigidez normal e suscetibilidade à ação
microbiana são alguns dos sintomas que esse
tipo de dano apresenta .
• Danos causados pelo calor - Esses da-
nos ocorrem pelo aquecimemo dos tecidos
da plama, devido ao aumen to na tempera-
tura-ambiente, provocam lesões como
amolecimento, escurecimento, colapso ou
mesmo secagem dos tecidos, e faci litam o
ataqu e de microorganismos.
O aparecimentO e a intensidade do sin-
toma variam com a sensibilidade da espécie
hortícola. Cebola, batata, alface, couve-flor,

111
tomate, repolho, alho e vagem são exemplos
de hortaliças sensíveis ao calor. Já se
mencionou que o uso de práticas adequadas
de manuseio durante a colheita e pós-colheit3
dessas cu lturas pode reduzir os efeitos cau-
sados por esses danos .
• Danos causados pela umidade relativa
do ar - Ocorrem por variação na quanti-
dade de vapor d'água na atmosfera.
Concentrações muito baixas provocam o
murchamento e enrugamento da maior
parte das hortaliças e frutas armazenadas.
Concentrações altas ou alta umidade
relativa do ar favorecem o desenvolvimen-
to e a disseminação de microorganismos
nesses produtos e o enraizamento de algu-
mas hortaliças, como o alho e a cebola .
• Danos causados pela luz - A ação da luz
em hortaliças produzidas debaixo do solo
provoca o desenvolvimento da clorofila nas
camadas superficiais, causando apareci-
mento da cor verde. Pode ocorrer por ação
da luz solar sobre o produto, antes ou

112
depo is da colheita, e por iluminação artifi-
cial durante a exposição das hortaliças para
comercialização.
Esse tipo de problema ocorre principal-
mente em batata, cebola e cenoura, sendo
que na batata, associada ao aparecimento da
cor verde, ocorre a formação da solanina,
substância considerada tóxica ao ser humano
e que confere sabor amargo ao produto. Cui-
dados em manter esses produtos protegidos
da luz, em locais escuros ou sombrios, ou bem
cobertos de terra quando ainda no campo,
evitam o aparecimento desse tipo de dano .
• Danos causados por concentrações
inadequadas de oxigênio e de gás
carbônico - As hortaliças e frutas arma-
zenadas em ambiente com baixas concen-
trações de oxigênio, abaixo da quantidade
necessária à espécie, deixam de respirar e
entram em processo de fermentação com
produção de álcool e acetaldeido, substân-
·cias que destroem as células e favorecem o
ataque de microorganismos. As hortaliças

113
mais sensíveis li baixa quantidade de oxi-
gênio no ar são a ba tata, a alface e o tOma-
te. A batata apresenta escurecimento
nos tecidos internos, conhecido por
Coração-negro; a alface apresenta manchas
marrom-avermelhadas nas nervuras cen-
trais das folhas internas, manchas aquosas
e cinzas ou tecidos mo rtos nas folhas mais
externas; e o tOmate apresenta manchas
irregulares e escuras, superficiais ou
ligeiramente profundas em frutos que já
atingiram o ponto de maturação, mas ain-
da de coloração verde.
O aumento na concentração de gás
carbônico no ar, acima daquela suportada pela
espécie honícola, também aumenta a quan-
tidade desse gás no interior das células, com
alterações no metabolismo dessas plantas,
como a inibição de algumas atividades
enzimáticas, alterações nas reações de ama-
durecimentO e inibição da perda da cor
verde nos frutOs maduros.

114
As hortaliças mais sensíveis a altas con-
centrações de gás carbônico são alface, tOmate
e ce bola . A alface aprese nta manchas
marrom-avermelhadas na nervura central das
folhas; o tomate apresenta maturação irregu-
lar e demorada; e a cebola fica com as
escamas transparentes.
• Danos causados por ação do etileno -
O etileno tem s ido utilizado como
horm ônio para acelerar e uniformizar o
amadurecimento das frutas. Seu e mprego,
porém, pode tornar-se indesejado por ace-
lerar o envelhecimento dessas frutas.
Em sua maioria, as hortaliças são sensÍ-
veis ao CO ntatO com gás etileno, ocorrendo os
maiores problemas em alface, que se apresen-
ta co m manchas marrons nas folhas; em
br6colos, couve e pepino, que amare1ecem;
em cenoura, que produz a substância chama-
d a isocumarina, de sabor amargo; em
aspargo, que se torna rijo; e em hortaliças
folh osas, que perdem a cor verde e envel he-
cem rapidame nte.

115
• Danos causados por alterações fisioló-
gicas normai s - O brotame nro e o
e nra izame nto são mu da nç as f is io ló -
gicas norm ais, que oco rrem em bulbos e
cubé rculos armazen ados, mas que são in -
desejáveis por deprec iar come rcialmen te o
produto. Esse dano é mu ito co mum e m
batata, (Fig. 12) q ue murcha q uando apa-
recem os brotos e raízes; e em ce bola, em
que aparece a cham ada fo rm a oca, espaço
formad o no ce ntro co m o apa rec imento do
broto da cebola.
O controle do brotamento pode ser fei-
ro co m produ tos qu ími cos, como hi drazid a
maléica, apl icada de do is a qua tro meses
a ntes da co lh e ita da ce bo la ou C IP C
(lsop ropi l-N-(3 cloro fe nil) carba mato), ap li-
cado após a co lhei ta da bata ta. O uso de
dete rminados produtos quími cos, para inib ir
a b rotação, pode ser proi bido pela legislação
sa nitária de cada pa ís, devendo esse as pecto
se r observado quando se pretende fazer esse
tipo de contro le.

116
Ainda pan. evitar brota.mcmos. pode ser
feita a aplicaç~o de: irradiaçõcs com raios
gama. porém cssa aplicação pode: causar

Fit. IZ. 8rof(lmr~1O tulBn/Ofa. "'-0"": Cmtppf 19--/.


escurec imento no ponto de cresc ime n to
(onde ocorre o brotamento) do produto, de-
preciando-o comercialmente.

Desenvolvimento e
disseminação de microorganismos
A maior deterioração das hortaliças e
fr utas, por ataque de microorganismos, acon-
tece no período pós-colh eita. Os agentes
causadores de doenças são fungos e bactéri-
as. Durante a produção, ai nda no campo, e
durante as fases de colheita, preparo, armaze-
namento e transporte, os prod utOS hortícolas
podem igualmente ser contaminados por
microorganismos. A ma~ifestação das doen-
ças depe nde da interação entre o produto, o
patógeno (microorganismo) e as condições
ambientais favoráveis.
A contaminação que ocorre antes da co-
lheita pode ficar latente, manifestando-se
depois da colheita em condições ambientais
favoráveis. Nesse caso, a entrada de

118
microorganismos pode ser direta, através da
superfície do produto, por aberturas naturais,
como estômatos, lenticelas ou através de
ferimentos causados por danos mecânicos ou
ataques de insetos.
Após a colheita, o patógeno penetra atra-
vés de ferimentos (rachadu ras, esfoladuras,
amolecimentos) causados po r danos mecân i-
cos ou fisiológicos decorrentes de manuseio
inadequado. A doença tem início imediato e
progride quando as cond ições forem favorá-
ve is.
o controle das doenças na pós-colheita
pode ser preventivo, seja pelo manuseio ade-
quado do produto desde a produção, seja pelo
uso de cloro na água uti lizada no pré-resfri-
amento e, também, pela desinfecção da água
de lavagem dos materia is e equipamentos
utilizados no preparo para comercia lização
(seleção, classificação e embalagem).
O cracamcntO de frutas com água
quente pode ser uti lizado como métOdo

119
preventivo, desde que respeitada a sensibili-
dade específica de cada espécie, se ndo
admitido o uso de fungicida de baixo poder
residual. Sempre que o uso de fungicida for
adotado, deve-se levar em conta o tempo de
carência, isto é, o tempo necessário para que
os resíduos químicos cheguem a um nível
permitido para aquele determinado produto
químico, reduzindo, assim, os riscos para o
consumidor.
Quando os microorganismos já estão es-
tabelecidos nas hortaliças ou frutas, o controle
é curativo, ou seja, é a ação cujo objetivo é
inibir ou eliminar a doença ou o efeito da ati-
vidade dos microorganismos. No preparo para
a comercialização, esse controle pode ser fei-
·to seja à base de calor, seja pelo uso de arma-
zenamento em baixa temperatura ou em
atmosfera controlada.
Para que os tratamentos, tanto preven-
tivo quanw curativo, sejam eficientes contra
as doenças causadas por microorganismos, é

120
imporcance conhecer as características do
patógeno, as condições favoráveis para seu
desenvolvimento, o defensiv o químico
mais adequado e o vegetal que está sendo
afetado.
As doenças mais com uns causadas por
fun gos durante a pós-colhe ita de produtos
hortícolas são:
• Podridão por AI/emaria - Doença causa-
da pelo fungo Alur/Jor;a sp, oco rre,
principalmente, em repol ho, couve-flor e
br6colos, podendo afetar, também, pepino,
melão, abobrinha , acelga, berinjela e pi-
mentão. Ca racteriza-se pe lo apareci men to
de manchas cinza-escu ras típicas. conheci-
das co mo Pinta-preta. Esse fungo pode
afetar também batata, to mate, alho e cebo-
la. apresen tando Podridão-marrom.
Temperaturas supe ri ores a 20 °C e umi-
dade relativa superi or a 75%, favorecem o
desenvolvimento dessa doença. Para seu con-
trole, recomenda-se refrigerar os produtos,

121
quando possível, a temperaturas inferiores a
4,5 °C, na qual não ocorre o desenvolvimen-
[Q do fungo .

• Podridão por Anlracnose - Doença cau-


sada por fungo do gênero Colletotricum sp,
que contamina as hortaliças e fruras no
campo, ficando latente até a maturação do
produto, quando se manifesm apresentan-
do manchas negras na casca. Com O
tempo, essas manchas formam depressões
que se aprofundam na polpa.
Essa doença ocorre com freqüência em
pepino, melancia, pimentão, abobrinha,
tomate, berinjela, vagem, chuchu, cebola,
manga, banana, abacate, maçã e melão. A
podridão causada por antracnose pode ser
controlada com uma ou duas aplicações de
fungicida antes da colheita, com a lavagem
das frutas em água contendo cloro ou
fungicida sistêmico e com armazenamento
em atmosfera controlada .
• Podridão por Botrytis - Doença causada
pelo fungo Botritys sp, que ocorre, princi-

122
palmentc, em hortaliças c frutas com
baixos tcores de ácidos e altos teores de
açúcares co mo moran go, uva, pêra, alcacho-
fra, aipo, b rócolos, repol ho, couve-flor,
a lface, ervilha e cenoura. O si ntoma
característico dessa doença é o aparecimen-
tO de bolor-cinzento e de umidade na su-
perfície do produtO.
A primeira contaminação do produtO
ocorre no cam po e se desenvolve, principal-
mente, durante o armazenamento. Esse tipo
de fungo passa de um frutO para outro, por
co ntato, causa a deterioração de outrOS
produtOs arm azenados próximos; penetra,
principalme nte, por ferimentOs e se desen-
volve em ambientes com alta umidade
relativa e baixas temperaturas, chegando a se
desenvolver em temperaturas de - ) oCo
Depois de iniciada, a doença progride rapi-
damente a uma temperatura de 27 °C.
Para seu controle preventivo, recomen-
da-se evitar ferimentos e altos va lores de
umidade (ac im a de 95%) durante °
123
armazenamento, além de e stocar os produtos
com refrigeração adequ ada à espécie. Para O
co ntrole curativo em frutas . recomenda-se
aplicação di reta de fungicida s sistêmicos.
• Podridão por PeniciJlium - Ca usada pelo
fungo Penicillium sp, essa doen ça ocorre,
principalmente, na fase de armazenamentO
de produtos que sofreram danos mecânicos,
como esfoladuras. Essa pod ri dão oco rre
com freqüência e m citros (la ranjas. limões)
podendo ocorrer. também, no alho. O si n-
toma ca racte rístico é um mofo az ul ou
ve rd e.
Os es poros desse fun go espalham-se por
todo o ambiente, através da circu lação do ar
e co ntaminam os prodt,JtQs danifi cados me-
ca nicamente, desenvolve nd o-se mesmo em
baixas temperatu ras.
Para seu controle, reco menda-se trata-
mento co m água quente a 52°C ou o uso de
fungicidas sistêmicos aplicados sob re as fru-
caso

124
No caso do alho maduro e bem curado,
recomenda-se armazená-lo a O °e em ambi-
ente com umidade relativa entre 60 e 70% .
• Podridão por Rhizopus - Doença causa-
da pelo fungo Rhizopus sp. em fruros de
polpa mole, como mamão, melão, caju c em
pepino, repolho, couve-flor, pimentão, to-
mate e cenoura.
o sintoma dessa podridão nos produtOs
maduros é a polpa mole revestida por
micélios (talo dos fungos , composto por hifas
ou filamentos destituídos de clorofila. Esses
formam uma trama que representa o corpo
vegetativo dos fungos) negros na superfície.
Os esporos desse fungo provêm do solo,
são transportados pelo ar, desenvolvem-se em
temperaturas acima de 6,5 oC, atingi ndo cres-
cimento ótimo entre 26,5 c 29,5 oC, em local
com umidade relativa elevada. Para seu con-
nole, recomenda-se o uso de cloro na água
de lavagem ou o uso de água quente, cuja
temperarura varia de acordo com o produto.

125
• Podrid ão· m o le bacteri a n a - Doença
causada pela bactéria Erw;ll;o sp. Causa
amolecimento por destruição das células e
perda de água mal-cheirosa que umedece
a superfície do produto. Ocorre freqüe n-
temente na batata, ceno u ra, pimentão,
tomate, berinje la, couve-flo r, repolho,
brócolos, alface, cebola, espinafre, salsa,
aipo, acelga, aspargo, sendo agravada quan-
do ocorrem danos pelo fri o.
Seu controle é feito pelo man useio cui-
dadoso, a fi m de evitar da nos mecân icos ou
pelo frio, usa ndo-se água de lavagem c1ora-
da (de 70 a 100ppm), armaze namento e m
baixas tempe raturas c em loca is com umida-
de relativa adequada para o produto .
• P odrid ão-negr a - Doença causada pela
bactéria Xalll0mOflOs sp. O sintoma é uma
pústula negra que se espalha pelo sistema
vascu lar de hortaliças como repolho, cou-
ve-fi ar, pimentão , to mate e rabanete.
Essas bactérias penetram por ferimentos e

126
dese nvolvem-se em temperaturas supe-
riores a 10 °C e alta umidade re lat iva do ar.
Para co ntrolar essa doen ça, recomenda-
se ev ita r fe rim e n tos, armazenar a baixas
temperaturas e separar os produtos atacados
dos sadios.

127
Abastecimento e
Higiene das Hortaliças

As horta li ças podem atuar como


transmissoras de doenças, ca usadas por
mi croo rga ni smos (como o cólera), por
enteroparasitas (como verminoses) ou formas
intermediárias de enteroparasitas como cis-
tos causadores da cisticercose humana.
Além disso, as hortaliças podem carre-
gar consigo resíd uos químicos (como metais
pesados, que poluem os rios ou resíduos de
defensivos qu ímicos) aplicados indiscrimina-
damente ou quando se u prazo de carência
não é respeitado.
Esses fatos ocorrem po rque as
hortaliças são produzidas e m pequenas pro-
priedades localizadas, ge ralmente, próximas
dos centros consu midores.
Por ser cultura de ciclo curto, que exige
pequena área e in ves tim entos re lativa-
mente baixos, a horticultura desenvolve-se

128
naturalmente em forma de cinturões verdes,
nas regiões de solos férteis e próximas à área
urbana ou área de consumo.
Freqüentemente, o crescimento da zona
urbanizada dos grandes centros consumido-
res provoca o afastamento do cinturão verde
e a interseção ou mescla de áreas de produ-
ção de hortaliças e áreas urbanizadas.
Quando as áreas recém-urbanizadas não
dispõem de infra-estrutura de saneamento,
criam condições favoráveis para a contamina-
ção de rios e riachos utilizados para a
irrigação das hortas, contribuindo assim para
a contaminação das hortaliças.
As hortaliças são culturas que necessi-
tam de irrigação constante, sendo de
fundamental importância o uso de águas
despoluídas e com qualidade controlada.
No tratamento pós-colheita, reco-
menda-se o uso de água c1ora~a e renovada
constantemente, que con[rola a presença
dos microorganismos. Ovos e cistos (fase

129
intermediária entre O ovo e o parasita adul-
to) , porém, resistem às dosagens de cloro
utilizadas na desinfecção da água.
Pode-se controlar a presença de
enteroparasitas (parasitas intestinais, como
lombriga. solitária e giárdia) nas águas de ir-
rigação. por meio de tanques de decantação,
onde a água fica em repouso por 20 dias,
tempo suficiente para que ovos e cistos se de-
positem no fundo dos tanques e morram,
reduzindo a níveis seguros a contaminação
(quando a água disponível não garante a qua-
lidade higiênica das hortaliças, esta é uma
forma de tracar a água sem adição de produ-
[Os químicos).

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134
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