Bento Teixeira - Prosopopéa - Ca.1560-1618 PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 103

Prosopopa

COM PRC1

Ai VARO PINTO, EDITO


(ANNUARIO DO BRASIL)
Rio De JANEIRO
RESERVADOS TODOS OS DIREITOS DE RE-
PRODUCO NOS PAIZES QUE ADHERIRAM
CONVENAO DE BERNE : BRASIL: LEI
N. 2577 DE 17 DE JANEIRO DE 1912;
PORTUOAL: DEC. 18 DE MARO DE 1911.
PROSOPOPA
PUBLICAES DA ACADEMIA BRASILEIRA

CLSSICOS BRASILEIROS
I LITERATURA

BENTO TEIXEIRA

Prosopopa
COM PREFACIO DE AFRANIO PEIXOTO

LVARO PINTO* EDITOR


(ANI^UARIO DO BRASIL)
Rio DE JANEIRO
PUBLICAES DA ACADEMIA BRASILEIRA

CLSSICOS BRASILEIROS
I LITERATURA

BENTO TEIXEIRA

Prosopopa
COM PREFACIO DE AIKANIO PEIXOTO

LVARO PINTO, EDITOR


(ANI^UARIO DO BRASIL)
Rio DE JANEIRO
PREFACIO

Bento Teixeira ou Bento Teixeira Pinto,


nascido em meiados do Sculo XVI ('), cm
Pernambuco (2), tem a honra de ser, chro-
nologicamentc, o primeiro poeta brasileiro, ou
filho do Brasil. Tem ainda a fortuna de ser
autor a quem muito se attribuiu e tambm tudo
se negou. Com effeito, o abbade Diogo Barboza

(') O Parnaso Brasileiro, Rio, 1843, publica-


do por Pereira da Silva, indica o anno 1580, eviden-
temente falso, diz Wolf (Histoire de Ia Lifterature
Brsilienne, Berlin, 1863, p. 9); os Vares i/lustres,
Paris, 1858, do mesmo autor, do o anno de 1515,
o que no est provado, conclue ainda Wolf.
(2) Em Pernambuco, esto todos os autores de
acoordo. O Padre Loureno do Couto, Xovo Orbe Sc-
rafico, Rio, 1858, XXV, 7,, acrescenta de Olinda ,
sem outra prova.

[9]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Machado da-lhe a autoria da Prosopopa, poema


dirigido a Jorge de Albuquerque Coelho, da
Relao do naufrgio que fez o mesmo em
1565, dos Dilogos das Grandezas do Brasil (3).
Negcu-lhe tudo Varnhagen, a principio a Pro-
sopopa e a Relao, finalmente os Dilogos ().
A penaencia continuou, pr e contra, tomando
parte nella, alm dos citados, o Padre Loureno
do Couto, Pereira da Silva, Joaquim Norberto,
Capistrano de Abreu, ficando hoje quasi certo
que a Bento Teixeira se pode apenas attribuir
a autoria da Prosopopa, sendo desconhecido o
autor dos Dilogos das Grandezas do Brasil.
No muito. A Prosopopa um poemeto
pico, em versos endecassylabos, oitava rima,
noventa e quatro estncias, entoado em louvor
de Jorge de Albuquerque Coelho, governador
de Pernambuco, no qual a imitao, as remi-
niscencias, imagens e talvez versos dos Lusadas
de Cames, constituem como que a intimidade
mesma da obra. A critica nacional no tem sido
benigna com o autor. Jos Verssimo mesmo
duro: chama-lhe <o patriarcha dos nossos ' cn-

(3) Bibliotheca Lusitana, Lisboa, 1741.


(*) Historia Geral do Brasil, Rio, 1854-7, 1.
ed., t. II, p. 53. Carta ao Ministro do Exterior no
Dirio Official de 6 nov. 1872.

110]
PREFACIO

grossadores literrios (5), e da obra diz: o


apreo da terra, mesmo uma exagerada admi-
rao delia, da sua natureza, das suas riquezas
e bens, uma impresso commum nos pri-
meiros que do Brasil escreveram, extranhos e
indgenas (). Ronald de Carvalho tambm
severo: poema de medocre feitio, no se
lhe percebe um grande sopro de inspirao, nem
ao menos qualquer relevo de estylo; freqen-
tes indecises de expresso, muita mesquinhez
de estro e de linguagem e raras partes de ba
poesia, concluindo, indulgentemente: em todo
caso, attendendo-se ao acanhamento do meio,
no se deve desprezar esse primeiro fruto en-
fezado e insipido da* natureza brasileira (7).
Ha autores e obras infelizes: o Cruguay,
de Basilio da Gama, fastidioso e scnsaboro,
apenas com algumas paisagens americanas, ainda
assim no inteiramente novas, um sculo depois,
teria nomeada que a mofina Prosopopa, de
Bento Teixeira, no alcanou: como que paga
a primazia que lhe cabe, na nossa historia lite-

(^) Jos Verssimo Historia da Literatura


Brasileira, Rio, 1916, p. 43.
(6) Id., id., pL .45.
C) Ronald de Carvalho Pequena historia da
literatura brasileira, Rio, 1922, 2. ed., p. 79.

[11]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRX

raria. Felizmente, Silvio Romero, citando dois


trechos do poema, o comeo da Narrao e a
discriptiva do Porto do Recife, declara: o
primeiro fragmento no deixa de ter uns longcs
de lvrismo e o final do segundo encerra uma
certa dose de humor satyrico uma censura
aos reis descuidados e inteis, cousas que se
folga de encontrar no mais antigo poeta nascido
no Brasil. J nesse tempo o critico philoso-
pho descobre a dupla tendncia de nossa litera-
tura: <a descripo da natureza e a do selvagem.
Bento Teixeira procura em seu rpido poemeto
ensejo para intercalar a descripo do Recife
e indicar palavras selvagens. A creao attri-
buida ao Sculo XIX no foi, pois, uma obra
original, no passando de uma prolao hist-
rica. O nosso nativismo tem quatro centos an-
nos de existncia (*).
A Bento Teixeira bastaria o logar que tem
assim, e dj primeira hora, nesse nativismo, alm
da primazia no tempo, entre os nossos poetas;
mas tem mais. A imitao camoneana que todos
lhe notam no seria defeito, e foi certamente
mrito no tempo, vinte annos apenas morto Ca-

(8) Silvio Romero Historia da Literatura Bra-


sileira, 2. ed., Rio, 1902, t. I, p. 132-133.

I 1"-* 1
PREFACIO

mes, e sob a dominao espanhola, tanto mais


que seria a primeira obra de um poeta que fa-
lava para a metrpole, de onde lhe viria o re-
nome. Na irradiao dos Lusadas somem-se,
como asteroides junto do sol, todos os picos
portuguezes depois de Cames. Bento Teixeira
no fugiu regra, mas se deve dizer a imitao
no fica, na sonoridade do verso, na fluiddz
do pensamento, to longe do modelo, que se
no sinta sempre a influio delle. No sei se
algum dos imitadores de Cames se lhe a vi-
storiou mais. E isso certamente mrito, em
falta da prpria originalidade.
Hoje Bento Teixeira no tem novidade e
ser desestimado, porque vulgar Cames: seu
consolo ser a impiedade de Castilho, quando
escreveu isto: nenhum bom poeta dos nossos
dias, ainda que inferior a Cames se resignaria,
cuido eu, a assignar como sua, uma nica es-
tncia inteira de todos os dez cantos (dos Lu-
sadas); se ha um, que diga que ousava, que
me aponte qual essa estncia phenix que ao
fim de quasi trs sculos est ainda to lustrosa
e juvenil ( 9 ). Ter ba companhia, mas, por

(9) A. F. de Castilho Conversao prearn-


bular ao D. Jayme, de Thomaz Ribeiro, 6. ed.,
Lisboa, 1881, p." CXII.

(13]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

justia, se dir que no est mal na companhia,


antes bem ao lado dos alumnos. Por vezes no
verso, ou no conceito, ao menos uma vez na
imagem herica, Cames havia de ter orgulho
do imitador. Leia-se esta estncia, de feliz des-
cripo e mctaphora felicssima:

As luzentes estrellas scintillavam


E no estanhado mar resplandeciam,
Que dado que no Ceu fixas estavam
Estar no licor falso pareciam.
Este passo os sentidos preparavam
A aquelles que de amor puro viviam
Que estando de seu centro e fim ausentes
Com alma e com vontade esto presentes.

O conceito desta ainda um echo do


outro, e elle o subscreveria, por certo:

Oh sorte, to cruel, corns mudavel,


Porque usurpas aos bons o seu direito?
Escolhes sempre o mais abominvel,
Reprovas e abominas o perfeito.
O menos digno, fazes agradvel,
O agradvel mais, menos acceito,
Oh frgil, inconstante, quebradia
Roubadora dos bens, e da justia.

[14]
PREFACIO

Mas, neste canto, que as noventa e quatro


estncias da Prosopopa tm a dimenso de
um, dos Lusadas, ha lance que vale por
tudo mais, e honraria ao mesmo Cames.
quando, em Alcacer-Quebir, destroados, os Por-
tuguezes, outr'ora invictos, debandam espavori-
dos, abandonando Rei e Ptria mourisma triun-
fante: o velho Duarte de Albuquerque, que em
vo os quer deter, exorta-os, antes que, para
no sobreviver vergonha, procure a morte:

Assim dir. Mas elles sem respeito,


A honra e ser de seus antepassados,
Com pallido temor no frio peito,
Iro por varias partes derramados.
Duarte vendo nclles tal defeito,
Lhes dir: Coraes efeminados,
L contareis aos vivos o que vistes,
Porque eu direi aos mortos que fugistes.

A sublimidade da ida destes dois ltimos


verso vale um poema: s lles bastam para
fazer da Prosopopa mais que um canto bas-
tardo camoneano. Em qual dos nossos picos
no Uruguay de Basilio da Gama, na Confedera-
ro dos Tamoyos de Gonalves Magalhes, n'Os *
Tymbiras de Gonalves Dias, ha ida herica,
que valha esta? Fica a pergunta, para a devida

[15]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

reviso do juizo fuimnario, e injusto, que des-


fruta a memorta de Bento Teixeira.
Alm da prima/ia, no tempo, no bastaria
isto mesmo para justificar o conhecimento de
sua obra, to ignorada dos nossos descuriosos
leitores?
A Prosopopa foi impressa em 1601, em
Lisboa, por Antnio Alvares. Silvio Romero,
no sei com qti2 fundamento, diz: cr-se que
a primeira edio foi de 1593 (10). Esta, de
1601, seria ento a segunda. Descobriu-a Var-
nhagen na Bibliotheca de Lisboa; pouco de-
pois, Ramiz Galvo, a essa luz, descobria outro
exemplar, na Nacional, na colleco Barboza
Machado, fazendo delia, em 1873, uma edio
fac-similar, hoje muito rara; desta, apenas mo-
dernizada a orthographia, que tiramos a pre-
sente, vulgarizando assim o primeiro poeta
brasileiro.

A. P.

(10) Silvio Romero Op. cit., t. I, p. 132.

116]
A IORQE DALBVQVERQVE
Coelho, Capito, Qonernador de Paranambaco.

9( Em Lisboa: Impresso com licena da Saneia Inquisio: Parjti


Antnio Aluara. Anno MOCCCCCI

117]
PRLOGO

Dirigido a Jorge de Albuquerque Coe-


lho, Capito, & Governador da Ca-
pitania de Pernambuco, das partes
do Brasil, da nova Lusitnia, &c.
E VERDADE, O QUE DIZ
Horacio, que Poetas, e Pin-
tores esto no mesmo pr-
dicamento: e estes para
pintarem perfeitamente uma
Imagem, primeiro na lisa taboa fa-
zem riscunhos, para depois irem pin-

[21]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

tando os membros delia extensamente,


at realarem as tintas, e ella ficar na fi-
neza de sua perfeio: assim eu que-
rendo dibuxar com obstardo pincel de
meu engenho a viva Imagem da vida, e
feitos memorveis de vossa merc, quis
primeiro fazer este riscunho, para depois,
sendo-me concedido por vossa merc,
ir mui particularmente pintando os mem-
bros desta Imagem, seno me faltar a
tinta do favor de vossa merc, a quem
peo humildemente, receba minhas Rimas,
por serem as primicias com que tento
servil-X): e porque entendo, que as acei-
tar com aquella benevolncia, e bran-
dura natural, que costuma, respeitando
mais a pureza do animo, que a vileza
do presente, no me fica mai que de-
sejar, seno ver a vida de vossa merc

[22]
PROSOPOPA

Dirigida a Jorge de Albuquerque Coe-


lho, Capito, e Governador de Per-
nambuco, nova Lusitnia, &c.
ANTEM Poetas o poder Romano,
Sobmettendo Naes ao jugo duro
O Mantuano pinte, o Rei Troyano,
Decendo confuso do Reino escuro.
Que eu canto um Albuquerque soberano
Da F, da cara Ptria firme imuro,
Cujo valor, e ser, que o Ceo lhe inspira,
Pode estancar a Lacia, e Grega lira.

[27]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

As Delphicas irms, chamar no quero,


Que tal invocao, vo estudo.
Aquelle chamo s, de quem espero,
A vida que se espera em fim de tudo.
Elle far meu Verso to sincero,
Quanto fora sem elle, tosco, e rudo,
Que por razo negar, no deve o menos,
Quem deu o mais, a mseros terrenos.

E vs sublime Jorge, em quem se esalta,


A Estirpe d'Albuquerques excellente,
E cujo ecco da fama corre, e salta,
Do Carro Glacial, Zona ardente,
Suspendei por agora a mente alta,
Dos casos vrios da Olindesa gente,
E vereis vosso irmo, e vs supremo,
No valor, abater Querino, e Rema

128]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Vereis um sinil animo arriscado,


A trances, e conflictos temerosos,
E seu raro valor executado,
Em corpos Lutheranos vigorosos.
Vereis seu Estandarte derribado,
Aos Catholicos ps victoriosos,
Vereis emfim o garbo, e alto brio,
Do famoso Albuquerque vosso Tio.

Mas em quanto Thalia no se atreve,


No Mar do valor vosso, abrir entrada,
Aspirai com favor Barca leve,
De minha Musa inculta, e mal limada.
Invocar vossa graa, mais se deve,
Que toda a dos antigos celebrada,
Porque ella me far que participe,
Doutro licor milhor, que o de Aganippe.

(29]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

O marchetado Carro do seu Phebo,


Celebre o Sol Muns, com falsa pompa,
E a ruina cantando do mancebp,
Com importuna voz, os ares rompa.
Que posto que do seu licor no bebo,
A fama espero dar to viva trompa,
Que a grandeza de vossos feitos cante,
Com som, que Ar, Fogo, Mar e Terra, espante.

NARRAO

A lmpada do Sol, tinha encuberto,


Ao Mundo, sua luz serena, e pura,
E a irmm dos trcs nomes descuberto,
A sua terga, e circular figura.
L do portal de Dite, sempre aberto,
Tinha chegado com a noite escura,
Morpheu, que com subtis, e lentos passos,
Atar vem dos mortaes os membros lassos.

[30]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Tudo estava quieto, e sossegado,


S com as flores Zephyro brincava,
E da varia fineza namorado,
De quando, em quando o respirar firmava.
At que sua dr damor tocado,
Per entre folha, e folha declarava,
As doces aves nos pendentes ninhos,
Cobriam com as asas seus filhinhos.

As luzentes Estrellas scintillavam,


E no estanhado Mar resplandeciam,
Que dado que no Ceo fixas estavam,
Estar no licor falso pareciam.
Este passo os sentidos preparavam,
A aquelles que de amor puro viviam,
Que estando de seu centro, e fim ausentes.
Com alma, e com vontade esto presentes.

131]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Quando ao longo da praia, cuja areia,


de Marinhas aves estampada,
E de encrespadas Conchas mil se arrea,
Assim de cr azul, como rosada.
Do Mar cortando a prateada veia,
Vinha Trito em colla duplicada,
No lhe vi na cabea casca posta,
(Como Cames descreve) de Lagosta.

Mas uma Concha lisa, e bem lavrada,


De rica Madre Prola trazia,
De fino Coral crespo marcheta,da,
Cujo lavor o natural vencia
Estava nella ao vivo debuxada,
A cruel, e espantosa bataria,
Que deu a temerria, e cega gente,
Aos Deoses do Ceo, puro, e reluzente.

[32]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Um Bzio desigual, e retrocido,


Trazia por Trcmbeta sonorosa,
De Prolas, e Aljofar guarnecido,
Com obra mui subtil, e curiosa,
Depois do Mar azul ter dividido,
Se sentou numa pedra Cavernosa,
E com as mos limpando a cabelleira
Da turtuosa colla fez cadeira.

Toca a Trombeta com crecido alento,


Engrossa as veias, move os elementos,
E rebramando os ares com o accento,
Penetra o vo dos nfimos assentos.
Os Plos que sustem o firmamento,
Abalados dos prprios fundamentos,
Fazem tremer a terra, e Ceo jucundo,
E Neptuno gemer no Mar profundo.

[ 33] s
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

O qual vindo da vm concavidade,


Em Carro Triumphal, com seu tridente,
Trs to soberba pompa, e magestade,
Quanta convm a Rei to excellente.
Vem1 Glauco, vem Nereu, Deoses Marinhos
Com barba branca, com1 cerviz tremente,
Vem Glauco, vem Nereu, Deoses Marinhos
Correm ligeiros Phocas, e Golphinhos.

Vem o velho Proteu, que vaticina,


(Se f damos velha antigidade)
Os males a que a sorte nos destina,
Nascidos da mortal temeridade.
Vem numa, e noutra forma peregrina,
Mudando a natural propriedade,
No troque a forma, venha confiado
Seno quer de Aristeu ser sogigado.

[34]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Thetis, que em ser formosa se recra,


Trs das Nimphas o coro brando, e doce,
Climene, Ephyre, Opis, Panopa,
Com1 Beroe, Thalia, Cymodoce.
Drymo, Xantho, Lycorias, Deyoa,
Arethusa, Cydippe, Philodoce,
Com Eristea, Espio, Semideas,
Aps as quaes cantando, vem Seras.

[35]
DESCRIPO

do Recife de Pernambuco.

ARA a parte do Sul onde a pequena


Ursa, se v de guardas rodeada,
Onde o Ceo luminoso, mais serena,
Tem sua influio, e temperada,
Junto da nova Lusitnia ordena,
A natureza, mi bem atentada,
Um porto to quieto, e to seguno,
Que para as curvas Nos serve de muro.

t 37 |
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Para entrada da barra, parte esquerda,


Est uma lagem grande, e espaosa,
Que de Piratas fora total perda,
Se uma torre tivera sumptuosa.
Mas quem por seus servios bons no herda,
Desgosta de fazer cousa lustrosa,
Que a condio do Rei que no franco,
O vassiallo faz ser nas obras manco.

Sendo os Deoses, lagem ja chegados,


Estando o vento em calma, o Mar qieto,
Depois de estarem todos sossegados,
Per mandado do Rei, e por decreto.
Proteu no Ceo, cos olhos enlevados,
Como que envestigava alto secreto,
Com voz bem entoada, e bom meneio,
Ao profundo silencio, larga o freio.

[39]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Canto de Proteu

Pelos ares retumbe o grave accento,


De minha rouca voz, confusa, e lenta,
Qual trovo espantoso, e violento,
De repentina, e horrida tormenta.
Ao Rio de Acheronte turbulento,
Que em sulfureas burbulhas arrebenta,
Passe com tal vigor, que imprima espanto,
Em Minos rigoroso, e Radamantho.

De lanas, e d'escudos encantados,


No tratarei em numerosa Rima,
Mas de Bares IIlustres afamados,
Mais que quantos a Musa no sublima.
Seus hericos feitos extremados,
Affinaro a dissoante prima,
Que no muito to gentil sujeito,
Supprir com seus quilates meu defeito.

[40]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

No quero no meu Canto alguma ajuda,


Das nove moradoras de Parnaso,
Nem matria to alta quer que alluda,
Nada ao essencial deste meu caso.
Porque dado que a forma se me muda,
Em falar a verdade, serei raso,
Que assim convm faz-lo, quem escreve,
Se justia quer dar o que se deve.

A fama dos antigos, com a moderna,


Fica perdendo o preo sublimado,
A faanha cruel, que a turva Lerna,
Espanta com estrondo d'arco armado.
O co de trs gargantas, que na eterna,
Confuso infernal, est fechado,
No louve o brao de Hercules Thebano,
Pois procede Albuquerque soberano.

[41]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Vejo (diz o bom velho) que na mente,


O tempo de Saturno renovado,
E a opulenta Olinda florescente,
Chegar ao cume do supremo estado.
Ser de fera, e bellicosa gente
O seu largo destricto povoado,
Por nome ter, Nova Lusitnia,
Das Leis isenta da fatal insania.

As rdeas ter desta Lusitnia,


O gram Duarte, valeroso, e claro,
Coelho por cognome, que a insania,
Reprimir dos seus, com saber raro.
Outro Troyano Pio, que em Dardania,
Os Penates livrou, e o padre caro,
Um Publio Scipio, na continncia,
Outro Nestor, e Fbio, na prudncia.

[42]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

O brao invicto vejo com que amansa,


A dura cerviz, barbara, insolente,
Instruindo na f, dando esperana,
Do bem que sempre dura, e presente,
Eu vejo co rigor da tesa lana,
Acossar o Francs impaciente,
De lhe ver alcanar uma victoria,
Tam capaz, e to digna de memria.

Ter o varo IIlustre, da consorte,


Dona Beatriz, preclara, e excellente,
Dous filhos, de valor, e dalta sorte,
Cada qual a seu Tronco respondente.
Estes se isentaro da cruel sorte,
Eclipsando o nome Romana gente,
De modo que esquecida a fama velha,
Faam arcar ao mundo a sobrancelha.

[43]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

O Principio de sua Primavera,


Gastaro seu destricto dilatando,
Os brbaros cruis, e gente Austera,
Com meio singular, domesticando.
E primeiro que a espada lisa e fera,
Arranquem, cem mil meios d'amor brando.
Pretendero tir-la de seu erro,
E seno poro tudo a fogo, e ferro.

Os braos vigorosos, e constantes,


Fendero peitos, abriro costados,
Deixando de mil membros palpitantes,
Caminhos, arraiaes; campos juncados.
Cercas soberbas, fortes repugnantes,
Sero dos novos Martes arrasados,
Sem ficar delles todos,, mais memria,
Que a qu'eu fazendo vou em esta Historia.

[44]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Quaes dous soberbos Rios espumosos,


Que de montes altssimos manando,
Em Thetis, de meter-se desejosos,
Vem com fria crescida murmurando.
E nas partes que passam furiosos,
Vem arvores, e troncos, arrancando,
Tal Jorge d'Albuquerque, e o gram Duarte
Faro destruio em toda a parte.

Aquelle branco Cisne venerando,


Que nova fama quer o Ceo que merque
E me est com seus feitos provocando,
Que delle cante, e sobre elle alterque,
Aquelle que na Idea estou pintando,
Jeronymo sublime d'Albuquerque,
Se diz, cuja inveno, cujo artificio,
Aos brbaros dar total exicio.

[45]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Deste, como de Tronco florescente,


Nascero muitos ramos, que esperana,
Prometero a todos geralmente,
De nos beros do Sol pregar a lana.
Mas quando virern que do Rei potente,
O pai por seus servios, no alcana,
O galardo devido, e gloria dina,
Ficaro nos alpendres, da Picinna.

sorte, to cruel, como mudavel,


Porque usurpas aos bons o seu direito?
Escolhes sempre o mais abominvel,
Reprovas, e abominas o perfeito.
O menos digno, fazes; agradvel,
O agradvel mais, menos acceito.
frgil, inconstante, quebradia,
Roubadora dos bens, e da justia!

146]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

No tens poder algum, se houver prudncia,


No tens Imprio algum, nem Magestade,
Mas a mortal cegueira, e a demncia,
E o titulo, te honrou de Deidade.
O sbio tem domnio na influencia,
Celeste, e na potncia da vontade,
E se o fim no alcana desejado,
por no ser o meio accommodado.

Este meio faltar ao velho invicto,


Mas no cometer nenhum defeito,
Que o seu qualificado, e alto esprito,
Lhe far a quanto deve ter respeito.
Aqui Belisario, e Pacheco afflicto,
Cerra com elle o numero perfeito,
Sobre os trs, uma duvida se excita,
Qual foi mais, ste o esforo, se a desdita?

[47]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Foi o filho de Anchises, foi Achateis,


A regio do Caos litigioso,
Com ramo douro fino, e de quilates,
Chegando ao Campo Eliseo deleitoso.
Quo mal por falta deste, a muitos trates
( sorte) neste tempo trabalhoso,
Bem claro no Io mostra a experincia,
Em poder mais que a justia a aderncia,

Mas deiaxndo (dizia) ao tempo avaro,


Cousas que Deos eterno, e elle cura,
Eternando ao Presagio, novo, e raro,
Que na parte mental se me figura.
De Jorge d'Albuquerque, forte, e claro,
A despeito direi da inveja pura:
Para o qual monta pouca a culta Musa,
Que Maeoneo em louvar Achilles usa.

[48]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Bem sei que se seus feitos no sublimo,


roubo que lhe fao mui notvel,
Se o fao como devo, sei que imprimo,
Escndalo no vulgo varivel.
Mas o dente de Zoilo, nem Minimo,
Estimo muito pouco, que agradvel,
impossvel ser, nenhum que canta,
Proezas de valor, e gloria tanta.

Uma cousa me faz difficuldade,


E o espirito prophctico me cansa,
A qual ter no vulgo authoridade,
S aquillo a que sua fora, alcan/a.
Mas se c um caso raro, ou novidade,
Das que de tempo em tempo, o tempo lana,
Tal credito lhe do, que me lastima,
Ver a verdade, o pouco que se estima.

[49]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

E proseguindo (diz) que Sol luzente,


Ve douro as brancas nuvens perfilando,
Que est com brao indomito, e valente,
A fama dos antigos eclipsando.
Em que o esforo todo juntamente,
Se est como em seu centro trasladando,
Jorge d'Albuquerque, mais invicto,
Que o que desceo ao Reino de Cocito.

Depois de ter o Brbaro diffuso,


E roto: as portas fechar de Jano,
Por vir ao Reino do valente Luso,
E tentar a fortuna do Oceano.
Um pouco aqui Proteu, como confuso,
Estava receando o grave dano,
Que havia de acrescer ao claro Heroe,
No Reino aonde vive Cimothe.

[50]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Sei mui certo do fado (prosseguia)


Que trar o Lusitano por designo,
Escurecer o esforo, e valentia,
Do brao Assrio, Grego, e do Latino.
Mas este presuposto, e phantasia,
Lhe tirar de inveja o seu destino,
Que conjurando com os Elementos,
Abalar do Mar os fundamentos.

Porque Lemnio cruel, de quem descende,


A Barbara progenie, e insolencia,
Vendo que o Albuquerque tanto offende,
Gente que dclle tem a descendncia.
Com mil meios illicitos pretende,
Fazer irreparvel resistncia,
Ao claro Jorge, varonil, e forte,
Em quem no dominava a varia sorte.

[51 ]
PROSOPOr>A DE BENTO TEIXEIRA

Na parte mais secreta da memria,


Ter mui escripta, impresisa, e estampada,
Aquella triste, o maranhada Historia,
Com Marte, sobre Venus celebrada,
Vera que seu primor, e clara gloria,
Ha de ficar em Lethe sepultada,
Se o brao Portugus victoria alcana,
Da nao, que tem nelle confiana,

E com rosto cruel, e furibundo,


Dos encovados olhos scintillando,
Frvido, impaciente, pelo mundo,
Andar estas palavras derramando.
Pode Nictelio s no Mar profundo,
Sorver as Nos Maeonias navegando,
No sendo mr Senhor, nem mais possante,
Nem filho mais mimoso do Tonante?

[52]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

E pode Juno andar tantos enganos,


Sem razo, contra Troya machinando,
E fazer que o Rei justo dos Troyanos,
Andasse tanto tempo o Mar sulcando?
E que vindo no cabo de dez annos,
De Scilla, e de Caribdis, escapando,
Chegasse desejada, e nova terra,
E com Latino Rei tivesse guerra?

E pode Pallas subverter no Ponto,


O filho de Oyleu per causa leve?
Tentar outros casos que no conto,
Por me no dar lugar o tempo breve?
E que eu por mil razes, que no aponto,
A quem do fado, a lei render se deve,
Do que tenho tentado, j desista,
E a gente Lusitana, me resista?

[53]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Eu por ventura sou Deos indigente,


Nascido da progenie dos humanos,
Ou no entro no numero dos sete,
Ccelestes, immortaes, e soberanos?
A quarta Esphera a mim no se comete?
No tenho em meu poder os Cetimanos?
Jove no tem o Ceo, o Mar Tridente?
O Pluto, o Reino da danada gente?

Em preo, ser, valor, ou em nobreza,


Quail dos supremos -mais qu'eu altivo?
Se Neptuno do Mar tem a braveza,
Eu tenho a regio do fogo activo.
Se Dite afflige as almas com crueza,
E vs Cyclopes trs, comi fogo vivo,
Se os raios, vibra Jove, irado, e fero,
Eu na forja do monte lhos tempero.

[54]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

E com ser de to alta Magestade,


No me sabem guardar nenhum' respeito?
E um povo to pequeno em quantidade,
Tantas batalhas vence a meu despeito?
E que seja aggressor de tal maldade,
O adltero lascivo do meu leito?
No sabe que meu ser ao seu precede,
E que prend-lo posso noutra rede?

Mas seu intento no por no fito,


Por mais que contra mim o Ceo conjure,
Que tudo tem em fim termo finito,
E o tempo no ha cousa que no cure.
Moverei de Neptuno o gram districto,
Pera que meu partido mais segure,
E quero ver no fim desta jornada,
Se vai a Marte, escudo, lana, espada.

[55]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Estas palavras taes, do cruel peito,


Soltar do Cyclpes, o tyranno,
As quaes procurar pr cm effcito,
s cavernas, descendo do Oceano.
E cem mostras d'amor brando, e acceito,
De ti Neptuno claro, e soberano,
Alcanar seu fim: o novo jogo,
Entrar no Reino d'agoa o Rei do fogo.

Logo da Ptria Elia viro ventos,


Todos como esquadro, mui bem formado,
Euro, Noto, os Martimos assentos,
Tero com seu furor demasiado.
Far natura vrios movimentos,
O seu Caos repetindo ja passado,
De sorte que os vares fortes, e vlidos,
De medo mostraro os rostos pllidcs.

[56]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Se Jorge de Albuquerque soberano,


Com peito juvenil, nunca domado,
Vencera da Fortuna, e Mar insano,
A braveza, e rigor inopinado.
Mil vezes o Argonauta deshumano,
Da sede, e cruel fome estimulado,
Urdir aos consortes morte dura,
Para dar-lhes no ventre sepultura.

E vendo o Capito qualificado,


Empresa to cruel, e to inica,
Por meio mui secreto, acommodado,
Delia como convm se certifica.
E duma graa natural ornado,
Os peitos alterados, edifica,
Vencendo com Tulliana eloqncia,
Do modo que direi, tanta demncia.

[57]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Companheiros leaes, a quem no Coro,


Das Musas, tem a fama enthronizado,
No deveis ignorar, que no ignoro,
Os trabalhos que haveis no Mar passado.
Respondestes t gora com o foro,
Devido nosso Luso celebrado,
Mostrando-vos mais firme contra a sorte.
Do que cila contra ns se mostra forte.

Vs de Scilla, e Caribidis escapando,


De mil baixos, e sirtes arenosas,
Vindes num lenho concavo cortando,
As inquietas ondas espumosas.
Da fome, e da sede, o rigor passando,
E outras faltas em fim1 difficultosas,
Convem-vos acquirir uma fora nova,
Que o fim as cousas examina, e prova.

[58]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Olhai o grande gozo, e doce gloria,


Que tereis, quando postos em descanso,
Contardes esta larga, e triste historia,
Junto do ptrio lar, seguro, immenso.
O que vai da batalha, a ter victoria,
O que do Mar inchada, e um remanso,
Isso ento haver de vossa estado,
Aos males que tiverdes j passado.

Ror perigos cruis, por casos vrios,


Hemos dentrar no porto Lusitano,
E supposto que temos mil contrrios,
Que se parcialidam com Vulcano.
De nossa parte os meios ordinrios,
No faltem, que no falta o Soberano,
Poupai-vos para a prospera fortuna,
E adversa, no temais por importuna.

[59]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Os hericos feitos dos antigos,


Tende vivos, e impressos na memria,
Ali vereis esforo nos perigos,
Ali ordem na paz, digna de gloria.
Ali com dura morte de inimigos,
Feita imortal a vida transitria,
Ali no mr quilate de fineza,
Vereis aposentada a Fortaleza.

Agora escurescer quereis o raio,


Destes Bares tam claros, e eminentes,
Tentando dar principio, e dar ensaio,
As cousas temerrias, e indecentes.
Imprimem neste peito, tal desmaio,
To graves, e terrveis accidentes,
Que a dr crescida, as foras me quebranta,
E se pega a voz dbil garganta.

[60]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

De que servem proezas, e faanhas,


E tentar o rigor da sorte dura?
Que aproveita correr terras estranhas,
Pois faz um torpe fim a fama escura?
Que mais torpe, que ver umas entranhas,
Humanas, dar humanos sepultura,
Cousa que a natureza, e lei impede,
E escassamente s Feras s concede?

Mas primeiro crerei, que houve Gigantes,


De cem mos, e da Mi Terra gerados,
E Chimeras ardentes, e flammantes,
Com outros feros monstros encantados.
Primeiro que de peitos to constantes,
Veja sair effeitos reprovados,
Que no podem (falando simplesimete)
Nascer trevas da luz resplandescente.

[6U
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

E se determinais a cega fria,


Executar, de to feroz intento,
A mim fazei o mal, a imim a injuria,
Fiquem livres os mais de tal tormento.
Mas o Senhor que assiste na alta Cria,
Um mal atalhar to violento,
Dando-nos brando Mar, vento galerno,
Com que vamos no Minho entrar paterno

Tais palavras do peito seu magnnimo,


Lanar o Albuquerque famosis&imo,
Do soldado remisso, e pusillanimo,
Fazendo com tal practica fortssimo.
E assim todos concordes, e num animo,
Vencero o furor do Mar bravssimo,
At que j a Fortuna de enfadada,
Chegar os deixe Ptria desejada.

[62]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Cidade de Ulysses destroados,


Chegaro da Fortuna, e Reino salso,
Os Templos visitando Consagrados,
Em procisso, e cada qual descalo.
Desta maneira ficaro frustados,
Os pensamentos vos, de Lemnio falso,
Que o mao tirar no pode o beneficio,
Que ao bom, tem prometido o Ceo propicio.

Neste tempo Sebasto Lusitano,


Rei, que domina as agoas do gram Douro,
Ao Reino passar do Mauritano,
E a lana tingir com sangue Mouro:
O famoso Albuquerque mais ufano,
Que Jaso na conquista douco Douro,
E seu Irmo Duarte valeroso,
Iro com o Rei altivo Imperioso.

[63]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRX

Numa Nao, mais que Pystris, e Centauro,


E que Argos, venturosa celebrada,
Partiro a ganhar o verde Lauro,
A regio da seita reprovada.
E depois de chegar ao Reino Mauro,
Os dous irmos, com lana, e com espada,
Faro nos Agarenos mais estrago,
Do que em Romanos fez o de Carthago.

Mas, ah invida sorte, quo incertos,


So teus bens, e quo certas as mudanas:
Quo brevemente cortas os enxertos,
A umas mal nascidas esperanas?
Nos mais riscosos trances, nos apertos,
Entre mortaes pelouros, entre lanas,
Prometes triumphal palma, e victoria,
Para tirar no fim, a fama, a gloria.

[64]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Assim succeder nesta batalha,


Ao mal afortunado, Rei ufano,
A quem no valer provada malha,
Nem escudo d^breiros de Vulcano.
Porque no tempo que elle mais trabalha,
Victoria conseguir do Mauritano,
Num momento se v cego, e confuso,
E com seu esquadro, roto, e diffuso.

Anteparou aqui Proteu, mudando,


As cores, e figura monstruosa,
No gesto, e movimenta seu, mostrando,
Ser o que ha de dizer, cousa espantosa.
E com nova efficacia comeando,
A soltar a voz alta, e vigorosa,
Estas palavras taes tira do peita,
Que cofre de prophetico conceito.

[65] s
PROSOPOPtA DE BENTO TEIXEIRA

Entre armas desiguaes, entre tambores,


De som, confuso, rouco, e redobrado,
Entre cavallos bravos corredores,
Entre a fria do p, que salitrado.
Entre sanha, furor, entre clamores,
Entre tumulto cego, e desmandado,
Entre nuvens de settas Mauritanas,
Andar o Rei das gentes Lusitanas.

No animal de Neptuno, j cansada,


Do prolixo combate, e mal ferido,
Ser visto por Jorge sublimado,
Andando quasi fora de sentido.
O que vendo o grande Albuquerque ousado,
De to trgico passo condodo,
Ao peito fogo dando, aos olhos agoa,
Taes palavras dir, tintas em magoa.

[66]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

To infelice Rei, como esforado,


Com lagrimas de tantos to pedido,
Com lagrimas de tantos alcanado,
Com lagrimas do Reino, em fim perdido.
Vejo-vos com cavallo j cansado,
A vs, nunca cansado, mas ferido,
Salvai em este meu, a vossa vida,
Que a minha, pouco vai, em ser perdida.

Em vs do Luso Reino, a confiana,


Estriba, como em base s fortssimo,
Com vs ficardes vivo, segurana,
Lhe resta de ser sempre florentissimo.
Entre duros farpes, e Maura lana,
Deixai este vassallo fidelissimo,
Que elle far por vs mais que Zopiro,
Por Dario, at dar final suspiro.

[67]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Assim dir o Heroe, c com destreza,


Deixar o ginete velocssimo,
E a seu Rei o dar: Portuguesa,
Lealdade do tempo florentissimo.
O Rei promete, se de tal empresa,
Sae vivo, o far senhor grandisisimo,
Mas t nisto lhe ser avara a sorte,
Pois tudo cubrir, com sombra a morte.

Com lagrimas d^mor, e de brandura,


De seu Senhor querido, ali se espede,
E que a vida importante, e mal segura,
Assegurasse bem, muito lhe pede.
Torna batalha sanguinosa, e dura,
O esquadro rompe, dos de Mafamede,
Lastima, fere, corta, fende, mata,
Decepa, apouca, assola, desbarata.

[68]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Com fora no domada, e alto brio,


Em sangue Mouro todo j banhado,
Do seu vendo correr um caudal Riio
De giolhos se ps debilitado.
Ali dando mortaes golpes desvio,
De feridas medonhas trespassado,
Ser captivo, e da proterva gente,
Maniatado em fim mui cruelmente.

JVJas, a donde me leva o pensamento?


Bem parece que sou caduco, e velho,
Pois sepulto no Mar do esquecimento,
A Duarte sem par, dicto Coelho.
Aqui mister havia um novo. alento,
Do poder Divinal, e alto Conselho,
Porque no ha que feitos taes presuma,
A termo, reduzir, e breve suma?

[69]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Mas se o Ceo transparente, e alta Cria,


Me for to favorvel, como espero,
Com voz sonora, com crescida fria,
Hei de cantar, Duarte, e Jorge fero.
Quero livrar do tempo, e sua injuria,
Estes claros Irmos, que tanto quero,
Mas tornando outra vez triste Historia,
Um caso direi digno de memria.

Andava o novo Marte destruindo,


Os esquadres soberbos Mauritanos,
Quando sem tino algum, vio ir fugindo,
Os timedos, e lassos Lusitanos.
O que de pura magoa, no sofrindo,
Lhe diz: Donde vos is homes insanos?
Que digo, homes, estatuas sem sentido,
Pois no sentis o bem que haveis perdido?

[70]
PKOSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Olhai aquelle esforo antigo, e puro,


Dos inclitosi, e fortes Lusitanos,
Da Ptria, e liberdade, um firme muro,
Verdugo de arrogantes Mauritanos.
Eexmplo singular para o futuro,
Ditado, e resplandor de nossos annos,
Sujeito mui capaz, matria dina,
Da Mantuana, e Homerica Buzina.

Pondo isto por espelho, por traslado,


Nesta to temerria, e nova empresa,
Nelle vereis, que tendes j manchado,
De vossa descendncia, a fortaleza.
A batalha tornai com peito ousado,
Militai sem receio, nem fraqueza,
Olhai que o torpe medo Crocodillo,
Que custuma, a quem foge, persegui-lo.

[71]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

E se o dito, a tornar vos no compelle,


Vede donde deixais o Rei sublime?
Que conta haveis de dar ao Reino delle?
Que desculpa ter to grave crime?
Quem haver, que por traio no, selle,
Um mal, que tanto mal, no mundo imprime!
Tornai, tornai, invictos Portugueses,
Cerceai malhas, e fendei arneses.

Assim dir: Mas elles sem respeito,


honra, e ser de seus antepassados,
Com pallido temor, no frio peito,
Iro por varias partes derramados.
Duarte vendo nelles tal defeito,
Lhe dir: Coraes effeminados,
L contareis aos vivos, o que vistes,
Porque eu direi aos mortos, que fugistes.

[72]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Neste passo carrega a Maura fora,


Sobre o Baro insigne, e bellicoso,
Elle onde v mais fora, ali se esfora,
Mostrando-s no fim, mais animoso.
Mas o fa'da que quer, que a razo tora,
O caminho mais recto, e proveitoso,
Far que num momento abreviado,
Seja captivo, preso e mal tratado.

Eis ambos as irmos em captiveiro,


De peitos to protervos, e obstinados,
Por copia inumervel de dinheiro,
Sero (segundo vejo) resgatados,
Mas o resgate, e preo verdadeiro,
Por quem os homens foram libertados,
Chamar neste tempo o gram Duarte,
Para no claro Olimpo lhe dar parte.

[73 1
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

O Alma, to ditosa, como pura,


Parte a gozar dos dotes, dessa gloria,
Donde ters a vida to segura,
Quanto tem de mudana a transitria.
Goza l dessa luz, que sempre dura,
No mundo gozars da larga historia,
Ficando no lustroso, e rico Templo,
Da Nimpha Gigantea por exemplo.

Mas em quanto te do a sepultura,


Contemplo a tua Olinda celebrada,
Coberta de fnebre vestidura,
Inculta, sem feio, descabellada.
Quero-a deixar chorar morte to dura,
T que seja de Jorge consolada,
Que por ti na Ulyssa fica em pranto,
Em quanto me disponho a novo canto.

[74]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

No mais esprito meu, que estou cansado,


Deste diffuso, largo, e triste Canto,
Que o mais ser de mim depoi<s cantado,
Por tal modo, que cause ao mundo espanto.
J no balco do Ceo, o seu toucado,
Solta Venus mostrando o rosto Sancto,
Eu tenho respondido co mandado,
Que mandaste, Neptuno sublimado.

Assim diz: e com alta Magestade,


O Rei do Salso Reino, ali falando,
Diz: Em satisfao da tempestade,
Que mandei a Albuquerque venerando,
Pretendo, que a mortal posteridade,
Com Hymnos o ande sempre sublimando,
Quando vir, que por ti o foi primeiro,
Com fatdico esprito verdadeiro.

[75]
PROSOPOPA DE BENTO TEIXEIRA

Aqui deu a tudo, e brevemente,


Entra no Carro de Cristal lustroso,
Aps delle, a demais Ccerulea gente,
Cortando a via vai do Reino aquoso.
Eu que a tal espectaculo presente,
Estive, quis em Verso numeroso,
Escreve-lo, por ver que assim convinha,
Para mais perfeio da Musa minha.

176]
<*X SONETO TEltjW
Eccos , ao me (mo Senhor Jorge
fDatbujuerqu Coelho.
RA N I O R G E , * * *
Porsu scr.Llamado 7 Amado,!
Querer mi Verso cele- * * *
brarte, CT Arte,
Ni quanto ei Cieloac "tf. T **
reparte, CT Parte,
Menor,diran, de tu sagrado: ? Grado,i
Por Io que has con valor sobrado, CT Obrado
So occupa si.eropre en subliroarte, C^ Marte,
T para en algo accomodarte, O* Darte,
Quiso tan alio,y requestado: CT Estado,\
To ercs Ia gloria, y Ia columna, Cf Luna,
De Lusitnia, y refulgenle, CT Gente,
Porquien llamarse, venlurosa: CT 0 sa
Y ei Cielo que tal don consiente, 3 Siente.l
Que te diopor suerle opportuna, Vr
cr a*
Sefibra cxcelsa,y grandiosa - CT Diosa ?M

r ^ L A V S D E 0 5V

[77]
EDIES
DO ANNUARIO DO BRASIL
RENASCENA PORTUGUESA
E
SEARA NOVA
BIBLIOTECA LUSITANA

Cancioneiro Popular Estudo crtico de Jai-


me Corteso . . . 2000
Crnica d'El-Rei D. Duarte, de Rui de Pina
Estudo, notas e glos. de Alfredo C. de
Magalhes (2. a ed. no prelo).
Tristo o Enamorado Quadros de conjunto
do romanceiro popular portugus Coor-
denao e prefcio de Tefilo Braga . . 28000
Trovas do Crisfal, carta, cantigas e esparsas
.de Cristvo Falco com um estudo
sobre sua vida, poesias e poca, por Te-
filo Braga 2S000
Anfitrio ou Jpiter c Alcmena Opera de
Antnio Jos da Silva. Pref. e not. de
Francisco Torrinha . . . . . 2f000
Autos de Oil Vicente seguidos de alguns ex-
certos Compilao, prefcio e glossrio
de Afonso Lopes Vieira . . . . . 33000
Carta de Ouia de Casados, de D. Francisco
Manuel de Melo Pref. e notas de Edgar
Prestage (2. ed. no prelo).
Os Amores de Cames Tefilo Braga ( 2 a
ed. no prelo).

BIBLIOTECA HISTRICA

O Cerco do Porto, contado por uoa testemu-


nha, o Coronel Owen.. Prefcio e notas de

[81]
CATALOOO

Raul Brando (2.a ed. com novos docu-


mentos) 4*000
A Praa Nova Alberto Pimentel (2. ed.
no prelo).
1317 Gomes Freire (3. edio) Raul
Brando 58000
D. Pedro Coelho de Carvalho . 33000
Duas Qrands Intrigas Alfredo Varela,
2 volumes . 108000
Memrias, l.o volume (2.^ edio) Raul
Brando . . . 38000
El-Rei Junot (2. ed.) Raul Brando . . 48000
Histria de um Fogo Morto (2. edio)
Jos Caldas 68000
Episdios Dramticos da Inquisio Portugue-
sa, l.o vol. Antnio Baio 58000
No prelo o 2.o volume.

BIBLIOTECA DE EDUCAO

Educao Cvica Antnio Srgio . 28000


O Mtodo Montessori Lusa Srgio (2. ed.) 38000
Consideraes Histrico-Pedaggicas Ant-
nio Srgio 15000
Cultura e Analfabetismo Adolfo Coelho 18000
Inausina e Sciencia, de Lc Chtelier Tra-
duo . . . 18000
A Funo Social dos Estudantes Ant-
nio Srgio . 18000
Noes de Zoologia, coordenadas por Ant-
nio Srgio . 38000
O ensino como factor do ressurgimento nacio-
nal Antnio Srgio . 18000
Escala de Pontos dos Nveis Mentais das
crianas portuguesas Lusa e Antnio
Srgio 18500

[82]
CATALOOO

BIBLIOTECA JURDICA

Tratado da Propriedade Literria e Artstica


Vise. de Carnaxidc 68000
Acrdos e Anotaes ao Cdigo do Processo
civil Jorge Utra Machado, encadernado 10S000

BIBLIOTECA TCNICA

Elementos de Mquinas Eugnio de Bar-


ros, l.o vol. 58000

BIBLIOTECA INFANTIL E POPULAR

Cantigas do Povo para as Escolas seleccio-


nadas por Jaime Coi teso 18000
Contos ire Mme. Aulnoy (A Bela dos cabelos
d'Ouro e Ave Azul) Traduo e prefcio
de Jos Teixeira Rego . 18000
Mina de Barnclm, de Lessing Traduo
e prefcio de Joaquim Aroso . 28000
Pequena Antologia Clssica (de Homero a
Tolstoi) Jos Teixeira Rego 38000

BIBLIOTECA INTERNACIONAL

Contos de Shakespeare, de Charles e Mary


Lamb Trad. e pref. de Janurio Leite,
(2 vol.) Cada 3SO0
As aventuras de Telmaco, de Fenelon Pre-
fcio de Jos Teixeira Rego l.o vol. 38000
No prelo o 2.o volume.

[83]
( ATALOOO

OBRAS DE W. SHAKESPEARE

lio Csar Traduo de A. J. Anselmo 28000


> Mercador deVene/.a Trad. de I. Aroso . 38000
Hamlet
prelo). Traduo de Janurio Leite (no

ANTHOLOOIA UNIVERSAL
(Volumes cartonados)

1Manuel Bernardcs Historias varias.


2 Soror Mariana Cartas de Amor, nova restitui-
o e esboo critico de Jaime Corteso.
os de Alencar Iracema, edio prefaciada
por Mario de Alencar.
4 Almeida Oarrett Frei Luiz de Souza.
5 Gonzaga Lyricas (Da Marilia de Dirccu), pie
fcio e notas de Alberto Faria.
6 Ferno Mendes Pinto Em busca do Corsrio.
7 Carlos Dickens Canto do Natal, traduo de
D. Virgnia de Castro c Almeida.
3 Cames Pensamentos, extrados das suas obras #
por J. Viana da Mota.
9 Cervantes Novelas exemplares (Cornelia
O ciumento) traduo de D. Virgnia de Castro
e Almeida.
10 Ferno Mendes Pinto A Ilha dos Tesouros.
11 Jos d'Alencar Diva, pref. de Mario d'Alencar.
12 Shakespeare O Mercador de Veneza tradu-
o de J. Aroso.
13/14 Imitao de Cristo traduo do latim pelo
P.e Valcrio Cordeiro.

No prelo
Os melhores Sermes de Vieira, prefcio e no-
tas de Afranio Peixoto.

[84]
CATALOOO

4A Moreninha, Joaquim Manuel de Macedo.


Contos de Imaginao e mysterio de Edgar
Poe, trad. de Janurio Leite.
Cada n.o 38000; dois nmeros
em 1 vol. 58000.

FILOSOFIA

O Criacionismo Leonardo Coimbra (Esgo-


tado).
A Morte Leonardo Coimbra 38000
O Pensamento Criacionista Leonardo Coim-
bra . 48000
A Luta pela Immortalidadc Leonardo Coim-
bra 18000

ECONOMIA

A Qrei Ezcquiel de Campos . 38000


Pela Espanha Ezequiel de Campos . . 5S000
A Evoluo; e a Revoluo AgrariaEzequiel
de Campos . . . 1S000
Leivas da Minha Terra Ezequiel de Campos 28000

SCIENCIA

A Teoria da Mutao Armando Corteso


(esgotado).
Trtgonpmctria plana (2. edio) Augusto
Martins . 48000
Higiene e Moral, pelo Dr. Good Traduo
de J. Aroso (2. edio) 28500

[85]
CATALOOO

OBRAS SOBRE A GUERRA

Portugal e Guerra Nmero especial de


A guia 18pO
O Conflicto Internacional sob o ponto de vista
portugus Jos de Macedo . . 58000
Cartas da Guerra Adelino Mendes (Esgo-
tado).
Nas Trincheiras da Flandrcs(4. a edio) Ca-
pito Augusto Casimiro . . . . 3S000
Vida Americana (3.^ edio) Alberto Amado 38000
O Flagelo dos Mares Bazilio Teles 38000
Da Flandres ao Hanover e Mecklenburg
Tenente-coronel Alexandre Malheiro . . . 48000
Ao Parapeito Tenente Pina de Morais (2.
edio) . . . . . 38000
O Amor na Base do C. E. P. Alexan-
dre Malheiro 28000
Memrias da Grande GuerraJaime Corteso 48000
A Ferro e Fogo Coronel Eduardo Pimenta 28000
Tropa d'Africa (2. edio) Capito Carlos
Selvagem 58000
Calvrios da Flandres Capito Augisto Ca-
simiro . 38000
A Batalha do Lys General Oomes da Costa 58000
O Soldado-Saudade Tenente Pina de Morais 48000

CULTURA PATRITICA

Arte de ser portugus Teixeira de Pas-


coaes (2. a edio) 38000

ETNOGRAFIA

Etnografia artstica Virglio Correia 58000

[86]
CATALOOO

SRIE LAEMMERT
Vmanak Laemmert para 1923 4 volumes 808000
llcctonario Chorographico 58000
Irifa das Alfndegas . . . . 108000
M\monal Fluminense para 1923 (Dois dias
por pagina) 58000
Aportfamentos Dirios para 1923 (um dia
por pagina) . 78000
Agenda Laemmert para 1923 a melhor e
mais pratica . . 68000
Folhinh* Laemmert para 1923 18500

COLLECAO EDUARDO PRADO


(CENTRO D. VITAL)

Serie A.
Pascal e a Inquietao moderna Jackson
de Figueiredo . . . . . 48000
O Clero Nacional e a Independncia do Bra-
sil D. Duarte Leopoldo da Silva. 4$000

OUTRAS OBRAS

Regresso ao Paraso Teixeira de Pascoaes 28000


A Evocao da Vida Augusto Casimiro,
(esgotado).
Esta H' 9 t o r i a " P ar * os AnjosJaime Corteso 500
O Espirito Lusitano Teixeira de Pascoaes 500
'Sinfonia da Tarde Jaime Corteso . . 500
Romarias Antnio Correia de Oliveira 500
A Educao dos povos peninsulares Ribera
y Rovira . 500
A Primeira Nau Augusto Casimiro 500
Cintra Mario Beiro 500

[87]
CATALOOO

O Doido e a Morte Teixeira de Pascoaes 1*000


. . . Daquem c dalem Morte (Contos com
Ilustraes de Ccrvnntes de Haro e Cris- ,
tiano de Carvalho) Jaime Corteso 3S00f
O Ultimo Lusada Atrio Beiro 3*000
O Gnio portugus na sua expresso potica,
filosfica e religiosa Teixeira de Pas-
coaes 21000
Elegias Teixeira de Pascoaes . . te000
Camilo Indito Prefcio c notaes do Vis-
conde de Vila-Moura (1. edio, esgotada).
S Antnio Nobre (3. edio, esgotada).
Doentes da Beleza Visconde de Vila-Moura
(esgotado).
Gloria Humilde Jaime Corteso 38000
Verbo Escuro Teixeira de Pascoaes 38000
A Catalunha Augusto Casimiro . . . . 18000
O Problema da Cultura Antnio Srgio 18000
Miss Doly Costa Macedo (2. edio) 500
A Era Lusada Teixeira de Pascoaes 18000
A Saudade. Portuguesaa Carolina Micaelis
de Vasconcelos (2. edio) . . . . 48000
Literatura Nacional Programa do curso
complementar dos liceus organisado por Al-
fredo Coelho de Magalhes 13000
O Gnio Peninsular Ribera Rovira 18000
Ankises Carlos Mal 500
Bohemios Visconde de Vila-Moura (esgot.)
O Navio dos Brinquedos Antnio Srgio 1SO0O
Sempre (3.* ed.) Teixeira de Pascoaes 38000
Ausente Mrio Beiro . . . 28000
Camadas nfimas (com ilustraes de San-
ches de Castro) Oldemiro Csar . 38000
A Esmeralda de Nero Carlos Parreira . 38000
Bemaventurados os que choram . . . Simes
de Castro . . . .. 3? 000
Fumo Rodrigo Solano 48000
Antnio Nobre Visconde de Vila-Moura (2.
edio) . . 58000
Primavera de Deus Augusto Casimiro 38000
A Morte da Emoo Carlos Mal 28000

[88]
CATALOOO

A Zagala Costa Macedo, com ilust. de


Correia Dias . . . 18000
Orandes de Portugal Visconde de Vila-
Moura e Antnio Carneiro (2. a ed. no
prelo).
Lricas e Stiras Joo Saraiva . 38000
Rapsdia do Sol-Nado, seguida do Ritual de
Amor - - Afonso Duarte , . . . 28000
A Beira num relmpago Teixeira de Pas-
coaes . . . . . 28000
A Alegria, a Dr c a Oraa Leonardo
Coimbra (2. edio) . . . . 48000
Sonetos (2. edio) Cndido Guerreiro 28000
A Viagem de Anthero de Quental America
do Norte Antnio Arroio 18000
Elogios Joo Luso , 28000
Sol d'Aquino (2. edio) Bernardo Ma-
dureira 28000
O Infante de Sagres, drama em IV actos
Jaime Corteso (3. edio) . . . 38000
Fialho de Almeida Visconde de Vila-Moura 38000
Fanv Owen ae Camilo Visconde de Vila-
Moura (2. ed. esgot.).
Pensamentos, Palavras e Obras Severo Por-
tela) > 21000
Teatro Julia Lopes de Almeida . 28000
Singularidades da Minha Terra Antnio
Arroyo . , 48000
O Aproveitamento das guas Jos Fer-
reira da Silva . 28000
O Inverno (Romance) Csar Porto . . . 58000
Emblemas de Alciati explicados em portugus
Prefcio e coordenao de Leite de Vas-
concelos . . . . 28000
Rosa de Papel Augusto Santa Rita 2S000
A Lingua Portuguesa Jaime Vasconcelos 18000
As Cinzas de Camilo Visconde de Vila-
Moura (esg.). . .
Lusitnia - Mario Beiro . 38000
O Enforcado Costa Macedo 38000
Bocage Olavo Bilac 28000

[89]
CATALOOO

English Prose a chosen by Ferreira Quedes


(para a 6. c 7. classe dos liceus) cartonado 38000
Como ensinei s minhas filhas o que a Ma-
ternidade ' J. Aliais, cart 38000
Lavores Femininos Amlia Teixeira de Sou-
za, (esg.).
Espelho Encantado Gomes dos Santos 28000
Hmus Raul Brando, (2.* edio) . . 51000
Po que o Diabo amassou Oldemiro Csar 38000
Os ltimosVisconde de Vila-Moura (2. ed.
~ no prelo).
Entre Giestas Carlos Selvagem (2. a ed.) 18000
Tratado da Pintura Antiga de Francisco
de Hollanda, comentado e anotado por Joa-
quim de Vasconcellos, (2. ed. no prelo).
Nova Teoria do Sacrifcio Jos Teixeira
Rego . . . . . 38000
Egas Moniz Jaime Corteso (2. edio) 38000
Feclon, de Plato Traduo de ngelo
Ribeiro (2.a ed.) 28500
Ultimas Rimas Joo Penha . . 38000
Raa e Nacionalidade Mendes Corra 38000
Ninho d'Aguias Carlos Selvegem 48000
Jesus (2. edio) D. Joo de Castro . 48000
O Reino da Traulilnia (2. edio) Cam-
pos Lima . 58000
Os Reis da Beli^ . . . . 58000
A Volta do ImperadorCarlos de Magalhes
Azeredo . . . . . 38000
Ensaios, Tomo I Antnio Srgio 68000
Remembranas Alfredo Varela 68000
Contos e Impresses Mario d'AIencar . 48000
Humilhados e Luminosos Jackson de Fi-
gueiredo . . 38000
Urze do Monte a Mario Monteiro . . 48000
Nova Sapho (2. ed.) Visconde de Vila-
Moura 58000
Adorao Leonardo Coimbra 38000
Figuras Constando Alves . . 48000
Flor de Manac Brenno Arruda 58000
Obstinados Visconde de Vila-Moura 38000

[90]
CATALOOO

Da Continncia e seu factor eugenico Ma-


rio de Vilhena . . . . 38000
Dentro da Vida Ranulpho Prata . . 38000
Lyra Franciscana Durval de Moraes 28000
Ado e Eva Jaime Corteso 3S000
Problemas Escolares Faria de Vasconcelos 48000
Alameda Nocturna Rodrigo Octavio Filho 35000
Italiu Azul Jaime Corteso 58000
Fausto Renato Almeida . . . 58000
Historia do Rio Orande do Norte Rocha
Pombo . . 1580C0
Cousas do Tempo Tristo da Cunha 58000
Conversas Coelho Netto . 4*000
Poesias Raymundo Corra . 58000
Por Terras Dalem Mar Faria de Vascon-
celos , 48000
Buclica Vieira de Almeida 28000
Atravez dos Estados Unidos Gomes Leite 4*000
Afonso Arinos Tristo de Athayde 48000
Os Basties da Nacionalidade Elysio de
Carvalho . . 68000
O Suave Convvio Andrade Muricy 5S000
Sciencia do Critrio Cesario Martins 58000
Epigramas irnicos e sentimentaes Ronald
de Carvalho, edio em papel de linho 88000
A Egreja Silenciosa Tasso da Silveira 58000
O Marqus de Pombal 1e a sua poca
Lcio de Azevedo (2.* ed.) . . . 108000
Poemas heroi-comicos portugueses Alberto
Pimentci . . 48000
A Paixo do Maestro Pina de Moraes 48000
Lzaro... Ezequiel de Campos . . 58000
A Reaco do Bom Senso Jackson de
Figueiredo 48000
Cannaviaes Alberto Deodato . 48000
A Margem dos Livros Jos Maria Belo 58000
O Omo rebelado Afonso Lopes de Al-
meida . . 58000
Retalhos e Bisalhos Eduardo Ramos 58000
O Livro de Tilda Jos Vieira . 48000
Ronda Crepuscular Silveira Netto 48000

[91]
CATALOOO

A Cruz de Guerra Jorge de Castro 18000


Horas Armando de Oliveira Santos . 38000
Sonata de Prola e Cinza Joo Ribeiio
Pinheiro . . . . . . 38000
Obras completas de Cruz e Souza:
1Poesias (Broqueis Phares lti-
mos Sonetos) . 68000
IIPaginas de Prosa . . . . , . .
O que tinha de Ser... (2. a ed.) Mario
de Alencar . . 48000
O Espelho de Ariel Ronald de Carvalho 58000
Margara (Romance) Matheus de Albu-
querque 58000

A PUBLICAR

Intelligcncia das Coisas Joo do Norte.


Idilios dos Reis Alberto Pimentel.
Cartas Gente Nova Nestor Victor.
Poeira da Vida Mozart Monteiro.
Um crime da lei Eneas Lintz.
Noites de Sahbado Augusto de Lima.
Dioramas Fbio Luz.
Portugal Amoroso D. Joo de Castro.
Gil Vicente Anselmo Braancamp Freire.
(2. ed. no prelo).
Paginas Mario d'Alencar.
O Rio de Janeiro de 1821 a 1921 Hermeto
Lima.
O Rio de Janeiro em 1922 Ferreira da
Rosa.
A frauta que eu perdi Guilherme d'Almcida.
Amphora de Argila Jorge Jobim.
Pedro Primeiro Antnio Guimares.
A Escrava que no Isaura (Ensaio sobre
a poesia modernista) Mario de Andrade.
Passiflora Jos Felix.
Tragdia Florentina, Edio ilustrada Ely-
sio de Carvalho.

[92]
CATALOOO

A Casa Verde romance-folhetim) D. Ju-


lia Lopes de Almeida e Filinto de Almeida.
O Barlo de Val-de-Maguas contos de D.
Virgnia de Castro e Almeida.
Trabalhos de Jesus, de Frei Tome de Jesus
revistos por Edgar Prestage e P. Valerio
' Cordeiro.
Iliada adaptao para crianas por D. Vir-
gnia de Castro e Almeida.
Introduco Historia de Portugal A. J.
Anselmo.
Historia do Brasil Rocha Pombo.
O Reconhecimento da Independncia do Bra-
sil Hildebrando Accioli.
Verbo Escuro (2. ed.)Teixeira de Pascoaes.
Terra Prohibida (3. ed.) Teixeira de
Pascoaes.

[93]
ACABOU DE SE IMPRIMIR
NA*tYPOORAPHIA DO ANNUARIO DO BRASIL,
(ALMANAK LAEMMERT)
R. D. MANOEL, 6 2 - R I O DE JANEIRO
AOS 23 DE MAIO DE 1923

BRASILIANA DIGITAL

ORIENTAES PARA O USO

Esta uma cpia digital de um documento (ou parte dele) que


pertence a um dos acervos que participam do projeto BRASILIANA
USP. Tratase de uma referncia, a mais fiel possvel, a um
documento original. Neste sentido, procuramos manter a
integridade e a autenticidade da fonte, no realizando alteraes no
ambiente digital com exceo de ajustes de cor, contraste e
definio.

1. Voc apenas deve utilizar esta obra para fins no comerciais.


Os livros, textos e imagens que publicamos na Brasiliana Digital so
todos de domnio pblico, no entanto, proibido o uso comercial
das nossas imagens.

2. Atribuio. Quando utilizar este documento em outro contexto,


voc deve dar crdito ao autor (ou autores), Brasiliana Digital e ao
acervo original, da forma como aparece na ficha catalogrfica
(metadados) do repositrio digital. Pedimos que voc no
republique este contedo na rede mundial de computadores
(internet) sem a nossa expressa autorizao.

3. Direitos do autor. No Brasil, os direitos do autor so regulados


pela Lei n. 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. Os direitos do autor
esto tambm respaldados na Conveno de Berna, de 1971.
Sabemos das dificuldades existentes para a verificao se um obra
realmente encontrase em domnio pblico. Neste sentido, se voc
acreditar que algum documento publicado na Brasiliana Digital
esteja violando direitos autorais de traduo, verso, exibio,
reproduo ou quaisquer outros, solicitamos que nos informe
imediatamente ([email protected]).

Você também pode gostar