Psicologia Do Esporte Na Infância e Adolescência
Psicologia Do Esporte Na Infância e Adolescência
Psicologia Do Esporte Na Infância e Adolescência
Infncia e Adolescncia
Braslia-DF.
Elaborao
Produo
APRESENTAO................................................................................................................................... 4
INTRODUO...................................................................................................................................... 7
UNIDADE NICA
PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA.................................................................... 9
CAPTULO 1
ASPECTOS PSICOLGICOS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL..................................................... 9
CAPTULO 2
ASPECTOS PSICOLGICOS DA ADOLESCNCIA...................................................................... 19
CAPTULO 3
INICIAO ESPORTIVA E A PSICOLOGIA DO ESPORTE.............................................................. 25
CAPTULO 4
FATORES PSICOLGICOS QUE CAUSAM A EXCLUSO NO ESPORTE ......................................... 29
CAPTULO 5
ASPECTOS PSICOLGICOS DA APRENDIZAGEM MOTORA........................................................ 32
REFERNCIAS..................................................................................................................................... 63
Apresentao
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organizao do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrio dos cones utilizados na organizao dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocao
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou aps algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questes inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faa uma pausa e reflita
sobre o contedo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocnio. importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experincias e seus sentimentos. As
reflexes so o ponto de partida para a construo de suas concluses.
Praticando
5
Ateno
Saiba mais
Sintetizando
6
Introduo
Esta disciplina visa propiciar ao aluno a reflexo crtica acerca das relaes entre os
temas da psicologia do desenvolvimento e as prticas pedaggicas no esporte e na
atividade fsica.
Objetivos
Aprofundar os conhecimentos tericos sobre a disciplina em pauta.
7
8
PSICOLOGIA DO UNIDADE
ESPORTE NA INFNCIA NICA
E ADOLESCNCIA
CAPTULO 1
Aspectos psicolgicos do
desenvolvimento infantil
9
UNIDADE NICA PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA
10
PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA UNIDADE NICA
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UNIDADE NICA PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA
Para Piaget, a partir de sua Teoria dos Estgios Cognitivos, as quatro fases do
desenvolvimento infantil consistem em:
14
PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA UNIDADE NICA
que a criana comea se comparar com seus colegas e pares. Logo, a tarefa
fundamental desse perodo desenvolver um repertrio de habilidades
sociais e escolares para se sentir segura em relao a si mesma. Caso
ocorra alguma falha na aquisio desses importantes atributos, a criana
ser levada a desenvolver a sentimentos de inferioridade. Vale destacar
que os agentes sociais significativos, nesta fase, so os professores, colegas
e pares.
Portanto, no devem ser vistos apenas como divertimento e entretenimento para gastar
energia ou tempo, pois os jogos favorecem o desenvolvimento fsico, cognitivo, afetivo,
social e moral.
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UNIDADE NICA PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA
O ldico, cujo significado em latim ludus jogo, pode ser considerado como uma
atividade livre, espontnea, capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total tendo
em vista seu carter atrativo. uma ferramenta que contribui para o desenvolvimento
da formao corporal, cognitiva, social e afetiva da criana, pois atravs dos jogos
que se torna possvel exercitar os processos mentais, o desenvolvimento da linguagem
e os hbitos sociais. Agindo sobre os objetos, as crianas, desde pequenas, ampliam o
raciocnio lgico, a expresso das linguagens gestual, falada ou escrita, como tambm
estruturam seus espaos, desenvolvem a noo de tempo e de casualidade. Enquanto
brinca o ser humano garante a integrao social e exercita seu equilbrio emocional e a
atividade intelectual.
16
PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA UNIDADE NICA
Nota-se que a criana em seus primeiros passos prefere o cho, assim como na tentativa
de imitar a fala adulta emite os primeiros sons. Ela dedica-se a observar suas mos
e seus ps, descobrindo dessa maneira, o seu corpo. Diante dessas manipulaes e
experincias, a criana percebe o prazer que acompanha tais aes cuja repetio
fazem funcionar e exercitar o que j havia aprendido.
Na fase dos jogos de regras, o prazer est associado ao convvio social e aos resultados
alcanados, bem como no cumprimento das normas, ao contrrio das primeiras
brincadeiras infantis e naquelas que envolvem situaes imaginrias cujo prazer est
no processo. Os jogos de regras continuam sendo uma atividade ldica, contudo, h
um conjunto de regras e procedimentos, estabelecido priori, em que devem ser
considerados o uso de estratgias a serem adotadas, a tomada de deciso, a anlise dos
erros e acertos, o sucesso e o fracasso diante dos resultados entre outros fatores que
favoreceram aos integrantes e participantes o desenvolvimento da estrutura cognitiva,
uma autoavaliao de suas habilidades e uma auto regulao dos seus comportamentos
e atitudes. H de se destacar a necessidade dos jogos de regras, pois atravs dessa
prtica que as convenes sociais e os valores morais de uma cultura sero transmitidos
(BEE, 1997, p.216).
17
UNIDADE NICA PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA
18
CAPTULO 2
Aspectos psicolgicos da adolescncia
O que adolescncia?
H grandes transformaes na vida do ser humano, seja do ponto de vista fsico, seja do
ponto de vista intelectual, emocional e social (BEE, 1997).
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UNIDADE NICA PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA
concebida por Erik Erikson. Para este terico, a adolescncia consiste em uma crise
normativa, que diz respeito organizao e estruturao psquica do indivduo. No
atribui a essa etapa um perodo de tempestade ou tormenta, mas como um perodo de
crise normativa, que, por sua vez, est vinculada ao conceito de moratria psicolgica.
Isto , um perodo de espera concedido a algum que no est pronto para enfrentar uma
obrigao ou, nesse caso, dos compromissos da vida adulta, da faz-se necessria uma
tolerncia seletiva por parte da sociedade e uma atividade ldica por parte do jovem.
Alm disso, a forma como esses sete conflitos foram resolvidos refletir psiquicamente
no modo como o indivduo percebeu e interiorizou significativamente o seu passado e,
em funo dessa conscincia perceptiva e psquica, que ele ir se preparar para o futuro.
20
PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA UNIDADE NICA
Todavia, a tarefa bsica mais rdua desta fase a aquisio do sentimento de identidade
pessoal, por isso denominam-na de crise da identidade. Nesse perodo esto em jogo
duas situaes distintas, Identidade versus Confuso de Papis, que se caracterizam
pelo intercruzamento da infncia com a maturidade. Os adolescentes se deparam com
a questo Quem sou eu? e so arremetidos incansvel jornada de estabelecer uma
identidade social e ocupacional bsica, acerca de si prprios, sob pena de se manterem
confusos sobre o papel que devem desempenhar como adultos. Caso haja uma
permanncia ou resqucios dessa confuso da sua identidade haver certas implicaes
no desenvolvimento psicolgico do indivduo. Logo, o equilbrio psiclogo dele, nessa
fase, depender de uma imagem integrada de si mesmo, como uma pessoa nica. H de
se destacar que um dos principais agentes sociais presentes na construo da identidade
desses adolescentes a comunidade de pares.
Conforme visto, esse perodo trata de um estgio intermedirio entre a infncia e a fase
adulta, quando ento o adolescente passa por profundas alteraes em todas as reas.
Esse ciclo marcado por muita ansiedade, apreenso, agressividade e muitas dvidas,
sendo que tais sentimentos e angstias so reflexos, das dvidas dos adolescentes sobre
si prprios, sobre seu corpo, do que dizem sobre ele e do que ele prprio sente e pensa.
Essas indagaes e questionamentos geram novas formas de se perceber, pensar, sentir
e agir.
Em suma, uma fase de grandes oscilaes entre posturas infantis e adultas, em busca
da constituio de uma identidade prpria que, uma vez estabelecida, caracterizaria o
final da adolescncia.
Diante dessa transio da vida social do pr-adolescente, ainda gregria, para uma
vida social cada vez mais complexa, que a vida do adulto, importante o trabalho
conjunto de vrios segmentos sociais e culturais. Nesse sentido os esportes podero
fornecer valiosas contribuies para a sade psicolgica do adolescente. O esporte
um fenmeno social que inclui as instituies: famlia, escola, clube esportivo, entre
outras, e que, por sua vez, afeta os indivduos em relao s suas potencialidades e sua
formao esportiva.
A participao dos jovens no esporte tem sido considerada como um fator primordial para
o desenvolvimento do ajustamento social, pessoal e emocional. Melhora o autocontrole,
a autoconfiana, a autoestima, a autodisciplina, a motivao, a concentrao, o controle
emocional, a reduo do nvel de tenso, a sociabilidade e outras caractersticas da
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UNIDADE NICA PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA
Contudo, o envolvimento dos jovens com o esporte pode ter consequncias benficas ou
no, pois isso depende de duas condies: da forma ativa ou passiva e da atitude desse
envolvimento.
A forma ativa consiste na adeso ntima ao processo esportivo e, dessa forma, o adolescente
posiciona-se como sujeito singular objetivando ser bem sucedido. Nesse sentido, seus
esforos caminham para a superao, a autoafirmao, a integrao social e a aprendizagem.
Em relao atitude, trata-se do jeito de ser, bem como dos processos ou sistemas
fundamentais, mediados pelos componentes cognitivos e afetivos, dos quais o
adolescente se apropria para estruturar o seu meio e o seu comportamento. Esta maneira
de ser exerce determinada influncia sobre as aes do jovem, face o enfrentamento das
diversas situaes cotidianas. (SAMULSKI, 2002).
Diante disso, h de se considerar que o esporte pode vir a ser um recurso importante
no favorecimento de formao de atitudes, sejam elas positivas ou negativas, conforme
os valores e simbologias impressos nessa prtica. A atividade esportiva propicia aos
indivduos a oportunidade de minimizar o controle exercido pela sociedade j que
o esporte consiste de objetivos prprios, com uma realidade especfica, no sendo
superado por qualquer outra.
1 Dimenso fsica
2 Dimenso intelectual
3 Dimenso emocional
4 Dimenso social
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UNIDADE NICA PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA
( ) 4, 1, 3, 2
( ) 4, 2, 3, 1
( ) 3, 2, 4, 1
( ) 1, 2, 3, 4
24
CAPTULO 3
Iniciao esportiva e a psicologia
do esporte
No que concerne ao incio dessa prtica o professor ou treinador esportivo deve ter
conhecimento das vrias fases do desenvolvimento do indivduo, pois a motricidade,
a afetividade, a sociabilidade e a inteligncia passam por alteraes distintas, gerando
caractersticas individualizadas em cada momento. Todos esses aspectos devem ser
trabalhados de maneira completa e equilibrada com vistas ao melhor rendimento e
desenvolvimento psicolgico da criana.
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UNIDADE NICA PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA
Essa atividade, durante os anos iniciais da infncia, deve ser a mais prazerosa possvel,
com vistas aprendizagem e ao desenvolvimento da cooperao. Devem ser evitadas
competies esportivas regulares, exigncia tcnica, fsica ou ttica e relaes de
excluso, portanto, h de se promover uma prtica coletiva com a participao dos mais
habilidosos e menos habilidosos, sem distines.
Por gerar vrios benefcios recomenda-se a prtica de esportes desde cedo. indicado
que a criana participe da maioria das modalidades esportivas possveis, permitindo-a
conhecer as tcnicas de cada uma, tanto na vertente coletiva como na individual,
propiciando dessa maneira uma ampliao do seu repertrio motor.
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PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA UNIDADE NICA
at porque nessa fase o esporte ser um instrumento essencial para formao da sua
identidade, conforme visto no captulo anterior.
O incio da prtica esportiva nesse patamar deve ser guiado pelas seguintes condies:
perodos sensveis de desenvolvimento, crescimento e maturao; idade biolgica;
situao social, cultural, psicolgica e fisiolgica da criana. (Ibid. p.47)
VILANI, L.H.P. ; SAMULSKI, Dietmar. Famlia e esporte: uma reviso sobre a influncia
dos pais na carreira esportiva de crianas e adolescentes. In: SILAMI, E. G; LEMOS,
K. L. M. Temas Atuais VII: Educao Fsica e esportes. Belo Horizonte: Health, 2002.
Disponvel em: <http://www.cbtm.org.br/> Acesso em agosto de 2010.
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UNIDADE NICA PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA
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CAPTULO 4
Fatores psicolgicos que causam a
excluso no esporte
H de se ficar atento para saber quais os motivos pelos quais as crianas ou jovens
chegam at um dado esporte, uma vez que, a excluso ou o abandono pode estar
associado a esses fatores. A prtica de esporte pelos jovens geralmente mobilizada por
fatores tais como aprendizagem, sade, divertimento, prazer, popularidade, ascenso
social, competitividade, recompensa financeira, entre outros. Sua continuidade estar a
depender da expectativa atribuda e retorno de cada fator.
Alm disso, Samulski (2002) aponta para a questo da motivao. Trata-se de um processo
ativo e intencional dirigido para uma meta e sua continuidade estar a depender da interao
tanto de fatores pessoais (intrnsecos) quanto de fatores ambientais (extrnsecos).
Outro fato no mbito relacional e afetivo com implicaes psicolgicas que levam ao
abandono do esporte diz respeito influncia da famlia principalmente nas questes
relativas a cobranas excessivas, regras rgidas, metas irreais, desestruturao familiar
entre outras, j que ela pode influenciar ou determinar a insero da criana na iniciao
esportiva, ignorando as suas reais necessidades e condies.
Essa precocidade geralmente ocorre com mais frequncia nos pases que possuem uma
certa hegemonia esportiva como tambm naqueles com tradio em determinadas
modalidades especficas.
Essa antecipao provavelmente levar a possveis danos sade tais como os riscos de
tipo fsico, motriz e psicolgico.
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PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA UNIDADE NICA
MENONCIN JNIOR., Wilson Antonio. Estudos dos fatores que levam os jovens
ao abandono do basquetebol competitivo em Curitiba. 82 f. Dissertao de
mestrado no publicada- Programa de Ps-Graduao em Engenharia da
Produo, UFSC, Florianpolis, 2003. Disponvel em: <www.educacaofisica.com.
br>. Acesso em: agosto de 2010.
31
CAPTULO 5
Aspectos psicolgicos da
aprendizagem motora
O que aprendizagem?
Nesse captulo faremos uma leitura sobre a aprendizagem motora e suas implicaes
psicolgicas no desenvolvimento, com base nos conceitos tericos da psicomotricidade,
cuja cincia tem como objeto o estudo o homem, atravs do seu corpo em movimento,
nas relaes com seu mundo interno ou externo. Tal campo de conhecimento permite
superar a noo cientfica dualista clssica que concebia o corpo dissociado da mente.
Os fundamentos tericos da psicomotricidade passa, ento, a estudar a dimenso
psicolgica do movimento tendo em vista as manifestaes complexas do organismo
que so modificadas pelas aes e reaes motoras. Portanto trata-se de compreender
o movimento humano sob a perspectiva psquica e mental.
A nossa cultura, no que se refere ao corpo, origina-se das cidades gregas. Filsofos
como Plato fizeram do corpo um lugar de transio da existncia no mundo, de uma
alma imortal. Os mais racionalistas como Aristteles entendiam o homem como certa
quantidade de matria-corpo, moldada numa forma-alma. Para Descartes, a alma (EU)
inteiramente distinta do corpo, mas no pode existir sem ele (LUSSAC, 2008).
O precursor da psicomotricidade foi Dupr, por volta dos anos de 1909-1913, e desde
ento ocorreram importantes contribuies que devem ser consideradas como marcos
para a psicomotricidade, tais como:
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PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA UNIDADE NICA
Esquema corporal
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UNIDADE NICA PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA
A coordenao global refere-se atividade dos grandes msculos que, por sua vez,
depende da capacidade de equilbrio postural do sujeito. Atravs da movimentao
e da experimentao o sujeito procura seu eixo corporal visando adaptar e buscar
um equilbrio cada vez melhor. Tais domnios possibilitam que ele coordene seus
movimentos e adquira uma maior conscincia de seu corpo e das suas posturas.
Portanto, quanto maior o equilbrio, mais econmica ser a atividade do sujeito e mais
coordenadas sero as suas aes.
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PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA UNIDADE NICA
exemplo, quando uma pessoa toca piano, a mo direita executa a melodia, a esquerda,
o acompanhamento o p direito, a sustentao. So trs movimentos que so realizados
juntos para uma mesma atividade.
Lateralidade
A dominncia ocular se observa quando se pede para uma criana olhar por um
caleidoscpio ou por um buraco de fechadura. J a dominncia dos membros inferiores
pode ser notada durante uma brincadeira de amarelinha, por exemplo. Verifica-se qual
o lado que a criana tem mais facilidade, ou seja, qual apresentou mais preciso, mais
fora, mais rapidez e mais equilbrio.
permite criana fazer uma relao entre as coisas existentes em seu meio. Uma vez a
lateralidade definida pela prpria criana, ela adquirir a conscincia dos lados direito
e esquerdo do seu corpo e da est apta para identificar esses conceitos no outro e no
espao que a cerca. Portanto, um processo de descoberta e de aprendizagem, assim,
importante que ela experencie os dois lados sem interferncia de outras pessoas.
m postura;
Orientao espacial
atravs do espao e das relaes espaciais que o sujeito situa-se no meio que vive,
assim como consegue estabelecer relaes entre as coisas e objetos que ele observa,
comparando-as e identificando suas caractersticas, semelhanas e diferenas. Tais
anlises se desenvolvem por meio de um trabalho mental do indivduo que seleciona,
compara, classifica, categoriza, conceitualiza e agrupa os diferentes objetos e fatos
levando a generalizao e a abstrao.
Em razo dessas construes mentais, a criana percebe a posio de seu prprio corpo
no espao, depois a posio dos objetos em relao a si mesma, e, por ltimo, aprende
a identificar as relaes das posies dos objetos entre si. Portanto, sem essa percepo
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PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA UNIDADE NICA
Orientao temporal
Contudo, existem dois tipos de tempo, quais sejam: esttico e dinmico. O primeiro
refere narrativa de um acontecimento e o segundo trata-se do tempo experiencial
ou real, no qual esto presentes as noes de tempo passado, presente e futuro.
essencial que o sujeito adquira a capacidade para lidar com o conceito de ontem,
hoje e amanh.
37
UNIDADE NICA PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA
38
PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA UNIDADE NICA
39
UNIDADE NICA PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA
dilogo tnico. Assim, relaciona o movimento ao afeto, a emoo ao meio ambiente e aos
hbitos da criana. Para o terico o conhecimento, a conscincia e o desenvolvimento
geral da personalidade no podem ser isolados das emoes. Portanto, h uma vinculao
recproca desses atributos de modo que o desenvolvimento da personalidade resultado
da integrao da motricidade, emoo e pensamento, logo, a motricidade tem um papel
fundamental na constituio psquica do sujeito.
Desde a sua concepo, o indivduo adquire e aprende diversas funes motoras que
facilitaro o seu organismo a alcanar a maturidade. Os movimentos infantis surgem
em razo de a criana imitar os adultos que a rodeiam e outras crianas.
Graas s manipulaes que os adultos fazem no corpo da criana, ela passar a se conhecer,
num primeiro momento, pelas mos de outras pessoas. Essa descoberta uma conquista
ascendente e gradativa e ao longo do seu desenvolvimento possuir um conhecimento
do corpo, como um instrumento no s de movimento, mas principalmente como uma
ferramenta para agir.
Esta etapa est relacionada fase do perodo sensrio-motor de Jean Piaget. Caracteriza-
se pelo conhecimento das partes do corpo e pelas experincias vividas da criana, tais
como correr, pular, brincar, explorar o seu corpo de maneira geral. Suas atividades so
intensas, espontneas e incessantes. A criana possui uma necessidade muito grande de
movimentao e explorao do meio. Ela precisa ter suas prprias experincias e no se
guiar pelas do adulto, pois pela sua prtica pessoal, pela sua explorao que se adapta,
domina, descobre e compreende o meio. Este ajuste significa que a criana ajusta suas
aes s situaes novas, ou seja, ela desenvolve a funo de ajustamento adquirindo
uma memria corporal. Essa vivncia inicial da criana promove o enriquecimento da
experincia subjetiva de seu corpo ampliando a sua experincia motora.
No final desta etapa, pode-se falar da noo da imagem do corpo, pois o eu se torna
unificado e individualizado.
Fase em que a criana amplia e organiza seu esquema corporal, pois j adquiriu as
noes do todo e das partes do seu corpo, conhece as posies e consegue locomover-se
41
UNIDADE NICA PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA
Fonte: <http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=10624
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PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA UNIDADE NICA
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UNIDADE NICA PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFNCIA E ADOLESCNCIA
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Para (no) finalizar
Textos Complementares
Texto 6 A iniciao esportiva e a especializao precoce luz da teoria da
complexidade: notas introdutrias
Resumo
A especializao precoce o termo utilizado para expressar o processo pelo qual crianas
tornam-se especializadas em um determinado esporte mais cedo do que a idade apropriada
para tal. A partir da problemtica exposta que se prope este estudo bibliogrfico. A
questo principal aqui discutida no desfazer a importncia do fenmeno esporte na
vida da criana, mas questionar a forma como ele vem sendo pedagogicamente conduzido
dentro da iniciao esportiva, desconsiderando a complexidade desse sistema.
Introduo
A especializao precoce entendida por Kunz (1994) como um processo que acontece
quando crianas so introduzidas antes da fase pubertria a um treinamento planejado
e organizado em longo prazo, e que se efetiva em um mnimo de trs sesses semanais,
com o objetivo do gradual aumento do rendimento, alm, de participao peridica em
competies esportivas.
Essa temtica tem sido estudada h algum tempo. Alguns estudiosos criticam e
outros defendem o programa de esportes organizados para crianas. Nos estudos de
45
PARA (NO) FINALIZAR
A Iniciao Esportiva
46
PARA (NO) FINALIZAR
que a iniciao esportiva marcada pela prtica regular e orientada de uma ou mais
modalidades esportivas, e o objetivo imediato dar continuidade ao desenvolvimento
da criana de forma integral, no implicando em competies regulares.
Almeida (2005) defende que a iniciao esportiva deve ser dividida em trs estgios. O
primeiro deles, chamado de iniciao desportiva propriamente dita, ocorre entre oito e
nove anos. Nessa fase, o objetivo do treinamento a aquisio de habilidades motoras
e destrezas especficas e globais, realizadas atravs de formas bsicas de movimentos e de
jogos pr-desportivos. De acordo com o autor, nessa faixa etria, a criana encontra-se
apta para a aprendizagem inicial dos esportes, contudo, ainda no est apta para o
esporte coletivo de competio. Entende-se, assim, que o esporte coletivo atrai as
crianas muito mais pelo prazer da atividade em si do que pela prpria competitividade.
O professor que percebe como o desenvolvimento motor e cognitivo das crianas
dessa faixa etria tem a possibilidade de planejar o seu trabalho de forma a torn-lo
interessante e motivador, baseado em atividades ldicas e recreativas, na busca de um
aprendizado objetivo, eficiente e pouco montono. O ideal, nessa fase, oferecer um
grande nmero de oportunidades para o desenvolvimento das mais variadas formas de
habilidades criana, instrumentalizando-a com atividades motoras que podero ser
utilizadas em diversos esportes coletivos.
A Especializao Precoce
Uma questo bastante discutida e refletida nos meios acadmicos a especializao
esportiva precoce, realizada atravs da proposio de atividades esportivas competitivas
que, via de regra, so precedidas de rigorosos comportamentos inadequados ao
desenvolvimento infantil com o objetivo do mximo desempenho esportivo.
Com a mesma concepo de Kunz (1994), Barbanti (apud FUZIHARA; SOUSA, 2005)
diz que especializao precoce o termo utilizado para expressar o processo pelo qual
crianas tornam-se especializadas em um determinado esporte, mas numa idade
no apropriada para tal. A prtica especializada das habilidades de um determinado
esporte, sem a prtica das atividades motoras, quase sempre traz como consequncia o
abandono prematuro da prtica esportiva.
48
PARA (NO) FINALIZAR
A respeito disso, Kunz (1994) diz que os maiores problemas que um treinamento
especializado precoce provoca sobre a vida da criana e especialmente seu futuro, aps
encerrar a carreira esportiva, podem ser enumerados como:
A iniciao esportiva um marco na vida do ser humano. Moreira (2003) diz que
dependendo desse primeiro contato, um simples empurro na piscina, por exemplo,
pode levar a traumas, assim como uma base motora construda satisfatoriamente
49
PARA (NO) FINALIZAR
pode gerar segurana. Porm, para que os benefcios aconteam, esta tem que ser
realizada levando em considerao a fase de desenvolvimento do iniciante, pois se
deve respeitar a necessidade de experincias para a maturao somtica e ainda
tomar cuidado com traumas e/ou impactos longitudinais nos membros da criana
que est em crescimento.
Assim, pode-se dizer que o esporte na infncia um fenmeno muito complexo, que
no pode ser reduzido a um pensamento simplista, como a tradicional seleo esportiva
e a tradicional eleio de um modelo ideal de atleta.
No aspecto social, a iniciao esportiva pode ajudar a criana a estabelecer relaes com as
pessoas e com o mundo; no aspecto filosfico, pode ajud-la a questionar e compreender o
mundo; no aspecto biolgico, conhecer, utilizar e dominar o seu corpo; no aspecto intelectual,
auxiliar no seu desenvolvimento cognitivo (ALVES, 2004).
Ainda sobre o domnio social, com base na teoria da aprendizagem social, prope
Rappaport (apud VILANI, 1998) que as experincias, diretas do sujeito e as observadas
em outras pessoas, determinam a gama de comportamentos disponvel no repertrio
de um dado organismo.
Assim, uma aula de Educao Fsica ou um treino desportivo, pode ser percebido como
um microssistema que apresenta diversas variveis de ordens psicossociais inerentes
ao desenvolvimento afetivo-social e, portanto, extremamente complexo.
Consideraes Finais
53
PARA (NO) FINALIZAR
Textos Complementares
Resumo
Introduo
Em uma pesquisa com jovens americanos entre sete e 14 anos, Butcher, Lindner e Johns
(2002) observaram que quase 95% deles que comeavam a praticar uma modalidade
esportiva aos sete anos de idade, a abandonavam pelo menos uma vez at os 14 anos.
Assim, quase a totalidade de crianas que comeam o esporte o abandonam de alguma
maneira. Somente 5% dos atletas ainda estavam praticando a modalidade que haviam
comeado. Completam comparando que os principais motivos do abandono em
55
PARA (NO) FINALIZAR
Em outro estudo, Sarrazin et al. (2002) indicam que 50% de jogadoras francesas de
handebol abandonam este esporte entre os 13 e 15 anos de idade, considerando esta
etapa como crtica para o desenvolvimento do esporte. Mencionam tambm que fatores
como os treinadores so determinantes no processo de motivao e, consequentemente,
do abandono.
No entanto, a grande parte dos estudos sobre o abandono precoce dentro do campo
da Psicologia do Esporte tem sido realizada em pases como os Estados Unidos,
Inglaterra e Frana, demonstrando que h uma lacuna no conhecimento neste tema em
pases de lngua espanhola e portuguesa. Este fato constatado no estudo de Gomez,
Coimbra, Garca, Miranda e Bara Filho (2007) que indicou a incidncia de menos de
1% dos estudos de abandono dentro do universo de temas da Psicologia do Esporte nas
publicaes dos ltimos anos nas produes cientficas no Brasil e nos peridicos de
lngua espanhola e inglesa nos ltimos anos.
56
PARA (NO) FINALIZAR
Metodologia
Sujeitos
A amostra do presente estudo foi composta por 332 jovens que haviam abandonado
seus respectivos esportes na Espanha (Futebol, basquete, natao, ginstica artstica
e handebol). Na Tabela 2, esto dispostos o nmero de sujeitos (n = 332; 179 meninos
e 153 meninas) e a idade segundo cada modalidade.
Tabela 2.
Ginstica
Handebol Basquete Natao Futebol Geral
artstica
N 59 80 70 80 43 332
Idade 15,56 + 3,58 13,56 + 2,10 14,63 + 2,57 15,79 + 2,61 12,79 + 3,41 14,58 + 3,01
Instrumento
Butcher, Lindner e Johns (2002) indicam que a utilizao de uma metodologia com
desenho retrospectivo uma das alternativas para investigar o abandono esportivo,
mtodo semelhante ao escolhido no presente estudo.
Anlise de Dados
57
PARA (NO) FINALIZAR
Resultados
Motivos Frequncia %
1. Estudos 113 34
2. Falta de tempo para amigos/namoro/lazer 58 17,5
3. Outros interesses 53 16
4. Monotomia dos treinos 45 13,6
5. Problemas com o treinador 45 13,6
6. Leses/problemas de sade 45 13,6
7. Falta de resultados e participao 41 12,3
8. Desmotivao 37 11,1
9. Esgotamento 33 9,9
10. Falta de companherismo 33 9,9
11. Excessivo tempo de dedicao 29 8,7
12. Mau condicionamento 17 5,1
13. Deciso dos pais 16 4,8
14. Distncia casa/treinamento 15 4,5
Observa-se uma grande variedade de motivos com distintas origens. No entanto, faz-
se necessria uma anlise mais detalhada, comparando os motivos entre diferentes
subgrupos- sexo, modalidade esportiva e faixa etria.
58
PARA (NO) FINALIZAR
Tabela 4 Freqncia, percentual e qui-quadrado dos principais motivos do abandono divididos por sexo.
Homens Mulheres
Motivos Qui-quadrado P
Frequncia % Frequncia %
1. Estudos 41 26,8 72 40,2 8,504 0,004*
2. Falta de tempo para amigos/namoro/lazer 26 17 32 17,9 0,621 0,431
3. Outros interesses 17 11,1 36 20,1 6,811 0,009*
4. Monotomia dos treinos 18 11,8 27 12,8 0,022 0,881
5. Problemas com o treinador 22 14,4 23 12,8 0,022 0,881
6. Leses/problemas de sade 26 17 19 10,6 1,089 0,297
7. Falta de resultados e participao 22 14,4 19, 10,6 0,220 0,630
8. Desmotivao 18 11,8 19 10,6 0,027 0,869
9. Esgotamento 13 8,5 20 11,2 1,458 0,223
10. Falta de companherismo 20 13,1 13 7,3 1,458 0,223
11. Excessivo tempo de dedicao 14 9,2 15 8,4 0,034 0,853
12. Mau condicionamento 9 5,9 8 4,5 0,059 0,808
13. Deciso dos pais 8 5,2 8 4,5 0,000 1,000
14. Distncia casa/treinamento 12 7,8 3 1,7 5,400 0,020*
15. Problemas familiares/falta de apoio 9 5,9 4 2,2 1,923 0,116
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PARA (NO) FINALIZAR
Tabela 5 Freqncia (F) e qui-quadrado dos principais motivos do abandono divididos por modalidades
individuais e coletivas.
Na anlise realizada em relao idade, os ex-atletas foram divididos por trs faixas
etrias - at 14 anos (n = 167), entre 14 e 17 anos (n = 118) e maiores de 17 anos (n = 74)
- para verificar as possveis diferenas estatisticamente significativas (p < 0,05) entre
eles nos motivos do abandono.
60
PARA (NO) FINALIZAR
Discusso
O presente estudo teve como objetivo avaliar os motivos do abandono dos jovens no
esporte competitivo, comparando modalidades esportivas, gnero e faixas etrias. Esta
pesquisa realizada com uma amostra de ex-atletas espanhis demonstrou, em uma
primeira anlise, uma diversidade de motivos que levam os jovens ao abandono. Estes
motivos podem ser divididos em subgrupos: mtodos e estrutura do treinamento, a
figura do treinador, os estudos, a famlia entre outros.
Esta diferena parece indicar um outro fator importante para as pesquisas sobre o tema.
Apesar de vrios estudos apresentarem resultados semelhantes, algumas diferenas
entre os motivos do abandono so encontradas em amostras de distintas realidades. Este
fato deve ser considerado relevante, pois indica que no se deve generalizar os resultados
encontrados sobre o presente tema, pois diferentes atletas de diferentes localidades e/
ou realidades scioculturais podem apresentar distintos motivos para o abandono do
esporte. Cada grupo deve ser analisado especificamente. Isto refora a necessidade da
realizao de pesquisas sobre o tema em amostras de esportistas brasileiros para que se
possa comparar e caracterizar os motivos do abandono desta amostra.
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PARA (NO) FINALIZAR
Entre as principais causas nos individuais esto outros interesses, monotonia dos
treinos e excessivo tempo de dedicao que corroboram alguns dos motivos apontados
por Salguero et al. (2003). Nos coletivos, as leses e falta de companheirismo so os
principais motivos. Em seu estudo com jogadores de handebol, que haviam abandonado
o esporte, Sarrazin et al. (2002) indicaram o treinador como um dos fatores centrais do
abandono. Apesar de aparentemente no coincidir com o presente estudo, observa-se
que o treinador pode influenciar diretamente nos fatores do abandono.
Em nosso ponto de vista, nos esportes coletivos se deve enfatizar o trabalho em grupo
para evitar a falta de companheirismo. Enquanto que nos esportes individuais deve-se
buscar estratgias motivacionais, por parte dos treinadores, para eliminar a monotonia,
a falta de motivao, o esgotamento e a excessiva dedicao. Observa-se que todas essas
causas esto muito relacionadas com o processo motivacional do treinamento desportivo.
Consideraes Finais
Neste sentido, o conhecimento dos motivos para o abandono precoce pode auxiliar os
envolvidos no esporte competitivo a minimizar a incidncia deste fenmeno no esporte
infanto-juvenil.
A partir disso, sugere-se para futuros estudos sejam realizados com ex-atletas de
diferentes pases e contextos e, tambm, um aprofundamento de estudos separados por
cada modalidade esportiva especfica para identificar motivos nicos para cada grupo.
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Referncias
BARRETO, J. L. Psicologia do esporte: para o atleta de alto rendimento. Rio de
Janeiro: Shape, 2002.
VILANI, L.H.P.; SAMULSKI, Dietmar. Famlia e esporte: uma reviso sobre a influncia
dos pais na carreira esportiva de crianas e adolescentes. In: SILAMI, E. G; LEMOS, K.
L. M. Temas Atuais VII: educao fsica e esportes. Belo Horizonte: Health, 2002.
Disponvel em: <http://www.cbtm.org.br/> Acesso em agosto de 2010.
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