Processos Psicológicos Básicos No Esporte

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Processos Psicolgicos Bsicos

No Esporte

Braslia-DF.
Elaborao

Alessandra Monteiro

Produo

Equipe Tcnica de Avaliao, Reviso Lingustica e Editorao


Sumrio
APRESENTAO................................................................................................................................... 4

ORGANIZAO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA...................................................................... 5

INTRODUO...................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
EMOO NO ESPORTE......................................................................................................................... 9

CAPTULO 1
EMOES NO CAMPO ESPORTIVO.......................................................................................... 9

CAPTULO 2
EMOES NA FASE PR-COMPETITIVA, DURANTE E APS A COMPETIO............................... 12

UNIDADE II
ATENO E CONCENTRAO NO ESPORTE........................................................................................ 16

CAPTULO 1
ATENO.............................................................................................................................. 17

CAPTULO 2
CONCENTAO.................................................................................................................... 19

UNIDADE III
FUNES COGNITIVAS E ESPORTE....................................................................................................... 21

CAPTULO 1
IMAGINAO E MEMRIA NO ESPORTE................................................................................. 22

UNIDADE IV
INTELIGNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE......................................................................................... 23

CAPTULO 1
INTELIGNCIA........................................................................................................................ 23

CAPTULO 2
CRIATIVIDADE........................................................................................................................ 28

UNIDADE V
ANSIEDADE E ESTRESSE NO ESPORTE.................................................................................................... 33

CAPTULO 1
ANSIEDADE E ESTRESSE........................................................................................................... 34

PARA (NO) FINALIZAR....................................................................................................................... 39

REFERNCIAS .................................................................................................................................... 40
Apresentao
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa rene elementos que se entendem
necessrios para o desenvolvimento do estudo com segurana e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinmica e pertinncia de seu contedo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas metodologia da Educao a Distncia EaD.

Pretende-se, com este material, lev-lo reflexo e compreenso da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos especficos da rea e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convm ao profissional que busca a formao continuada para
vencer os desafios que a evoluo cientfico-tecnolgica impe ao mundo contemporneo.

Elaborou-se a presente publicao com a inteno de torn-la subsdio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetria a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organizao do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os contedos so organizados em unidades, subdivididas em captulos, de
forma didtica, objetiva e coerente. Eles sero abordados por meio de textos bsicos, com questes
para reflexo, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradvel. Ao
final, sero indicadas, tambm, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrio dos cones utilizados na organizao dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocao

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou aps algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questes inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faa uma pausa e reflita
sobre o contedo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocnio. importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experincias e seus sentimentos. As
reflexes so o ponto de partida para a construo de suas concluses.

Sugesto de estudo complementar

Sugestes de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discusses em fruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugesto de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didtico de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Ateno

Chamadas para alertar detalhes/tpicos importantes que contribuam para a


sntese/concluso do assunto abordado.

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Saiba mais

Informaes complementares para elucidar a construo das snteses/concluses


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informaes relevantes do contedo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exerccio de fixao

Atividades que buscam reforar a assimilao e fixao dos perodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relao a aprendizagem de seu mdulo (no
h registro de meno).

Avaliao Final

Questionrio com 10 questes objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (h registro de meno). a nica
atividade do curso que vale nota, ou seja, a atividade que o aluno far para saber
se pode ou no receber a certificao.

Para (no) finalizar

Texto integrador, ao final do mdulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderaes complementares sobre o mdulo estudado.

6
Introduo
Os processos psicolgicos que permeiam a prtica dos esportes, apesar de, didaticamente, serem
chamados bsicos, devem ser estudados e compreendidos em toda a sua complexidade. Alm disso, o
objeto de estudo da Psicologia do Esporte o atleta e seus diversos comportamentos durante a prtica
esportiva. De acordo com a Associao Americana de Psicologia, o psiclogo que atua no cenrio
esportivo deve nortear sua prtica para dois grandes objetivos: orientar o atleta na compreenso dos
princpios psicolgicos, visando a um nvel timo de sade mental e melhorando sua performance;
esclarecer sobre os benefcios que a prtica regular de atividades fsicas e esportes acarreta para o
desenvolvimento psicolgico e bem-estar geral (fsico, cognitivo e emocional) do indivduo.

Objetivos
Aprofundar os conhecimentos acerca dos processos psicolgicos bsicos que
permeiam a prtica esportiva.

Contribuir para a compreenso dos diferentes conceitos que abordam a temtica


dos processos psicolgicos.

Possibilitar reflexo e discusso acerca dos processos mentais e psicolgicos que


influenciam a prtica esportiva.

7
8
EMOO NO UNIDADE I
ESPORTE

CAPTULO 1
Emoes no campo esportivo

O esporte tem sua prtica impregnada de emoes, desde a alegria em conseguir realizar determinados
movimentos at o medo de superar obstculos. A emoo um aspecto presente em todas as prticas
esportivas modernas, mas, por que o esporte desperta diferentes emoes nas pessoas?

A Psicologia do Esporte, segundo Samulski (2002), representa uma das disciplinas da Cincia
do Esporte e tem como objeto de estudo as dimenses psicolgicas do comportamento humano
(afetiva, cognitiva ou motrcea), sempre relacionada aos diferentes contextos esportivos.

Segundo Vieira e colaboradores (2008), a personalidade tem papel significativo na psicologia do


esporte, pois est diretamente relacionada ao comportamento humano. Portanto,

[...] as emoes, os sentimentos, os afetos e o humor so os quatro elementos


bsicos que constituem a vida afetiva do indivduo e que fornecem brilho,
cor e calor a todas as vivncias humanas. As emoes so reaes afetivas
agudas e momentneas, provocadas por um estmulo significativo sempre
acompanhado por uma descarga somtica, ao passo que os sentimentos so
estados afetivos e, quando comparados s emoes, so mais estveis e menos
intensos (VIEIRA, et al., 2008, p. 63).

O esporte um fenmeno econmico e social no mundo inteiro e, apenas por isso, no podemos
negar o papel fundamental que tem na formao humana e social das diferentes culturas. A prtica
esportiva leva tona diferentes emoes, sentimentos, estados de humor, de uma forma que
nenhuma outra manifestao humana capaz de fazer. Alm disso,

[...] o esporte um poderoso fator mobilizador; influencia o comportamento


dos jovens em qualquer parte do planeta, fazendo com que se espelhem em
seus dolos e transformem-nos em cones capazes de criar e destruir padres,
moldar comportamentos e ditar modas que se espalham em uma velocidade
espantosa (SOUZA FILHO, 2000, p. 33).

Para compreendermos o significado do conceito emoo, necessrio, mesmo que brevemente, que
transitemos pelo campo da neurocincia, uma vez que essa a rea da cincia que apresentou os
maiores avanos cientficos sobre o assunto nos ltimos anos.

9
UNIDADE I EMOO NO ESPORTE

As emoes sempre se mostraram misteriosas s pessoas. Apresentam-se como


algo bvio e, ao mesmo tempo, desconhecido; algo que sabemos o que , mas que
dificilmente conseguimos descrev-lo [...]. O que mais compreendemos que elas
permeiam nossa vida, pois sempre buscamos vivenciar situaes que nos causem
prazer, alegria, evitando dores, sofrimentos e tristezas (HIRAMA, 2002, p. 6).

Contudo, necessrio diferenciarmos emoes de sentimentos. Damasio (2000) apresenta-nos


trs etapas do processo que relaciona emoes e sentimentos, desde a sensao inconsciente
e incontrolvel da emoo, at conhecer e compreender o sentimento, que acontece de forma
consciente. Um dos aspectos mais interessantes relacionados emoo, segundo Hirama (2002),
a expressividade, haja vista que ... por ser totalmente corporal, ou seja, toda resposta desencadeada
pelo indutor no ser humano corprea, de forma voluntria ou no. (p. 9).

A tomada de conscincia e, o consequente controle das emoes tem incio na primeira infncia,
desde pequenos aprendemos, e nem sempre entendemos, que no podemos ter tudo o que desejamos.

Os estados emocionais humanos se manifestam nas mais variadas prticas esportivas. Porm,
trataremos nesse texto, do esporte competitivo, haja vista sua busca por resultados, melhores
desempenhos e vitrias.

Para Granell e Cervera (2003), pelo aperfeioamento da capacidade fsica e psquica que o
atleta alcana essas metas no esporte competitivo. Alm do treinamento fsico, fundamental o
treinamento psicolgico que, segundo Bompa (2002), necessrio para garantir o desempenho
fsico, a disciplina, a confiana e a coragem. O objetivo geral do treinamento psicolgico
desenvolver e aperfeioar as habilidades psicolgicas de todos os sujeitos envolvidos no
treinamento. Para Lavoura, Zanetti e Machado (2008, p. 116), os principais objetivos do treinamento
psicolgico so:

[...] desenvolver e melhorar as capacidades cognitivas, emocionais, motivacionais


e sociais de atletas e tcnicos; estabilizar o comportamento emocional durante
a competio (autocontrole emocional); acelerar e otimizar o processo de
reabilitao e recuperao e melhorar os processos de comunicao (liderana
e comunicao).

As emoes presentes no esporte esto envoltas antes, durante e aps a ao da competio e podem
ser de caractersticas positivas, como alegria, felicidade, contentamento, bem como negativa, como
decepo, resignao, raiva e medo.

Nos ltimos dias, pudemos acompanhar a transmisso ao vivo dos jogos pan-americanos: a decepo
das atletas do futebol de campo feminino ao perder o jogo para as canadenses na disputa dos
pnaltis; a alegria dos ginastas masculinos ao vencer a somatria de pontos na ginstica artstica; a
alegria das jogadoras de vlei ao conquistar a medalha de ouro.

Apesar de poucos estudos sistemticos sobre a sua relao com os esportes (KUHL; SCHULZ, 1986;
HANIN, 1999), seus estudos no podem ser ignorados j que a emoo est diretamente relacionada
a interaes entre processos psicofisiolgicos e psicossociais.

10
EMOO NO ESPORTE UNIDADE I

Figura 1. Emoo como um processo de interao segundo Hackford (1993, p.144)

Para melhor compreendermos as funes das emoes no esporte, preciso levar em considerao
o contexto a qual se situa, ou seja, a interao entre as pessoas, entre a tarefa e o meio ambiente.
Hackford (1993, apud SAMULSKI, 2009, p. 213) apresenta duas funes fundamentais da expresso
no contexto esportivo.

Autorregulao: demonstrar reaes emocionais pode ajudar a superar altos


nveis de estresse e ansiedade e mudar o estado emocional; expressar um estado
emocional oposto ao que atualmente vivenciado e utiliz-lo para superar um
estado negativo. Demonstrar autoconfiana parece ser uma estratgia efetiva
para controlar o nvel de ansiedade em situaes sociais; no demonstrar reaes
emocionais uma estratgia utilizada para proteger a prpria imagem.

Regulao de relaes sociais: no demonstrar emoes uma estratgia


utilizada no esporte para esconder informaes e irritar o adversrio; por meio da
expresso das emoes positivas, possvel motivar os colegas do prprio time e
irritar e desmotivar o time adversrio; a expresso de emoes negativas fortalece
a confiana do adversrio. s vezes, os atletas utilizam essa estratgia a fim de
induzir uma sensao de culpa no adversrio; demonstrar sensaes como tristeza
e abatimento uma estratgia para provocar no adversrio a sensao de pena e
apoio social.

Deve-se considerar, tambm, a relao entre emoo e rendimento num nvel mais profundo, em que
se considera a emoo que produzida (qualidade, intensidade e forma), a situao em si (pessoa,
meio ambiente e tarefa), o efeito (negativo ou positivo) e o rendimento (qualidade/quantidade,
gasto/efeito).

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CAPTULO 2
Emoes na fase pr-competitiva,
durante e aps a competio

Fase pr-competitiva
O estado pr-competitivo, ou seja, pouco antes da competio propriamente dita, o atleta
encontra-se em um estado de intensa carga psquica. Conhecida como momento de antecipao,
o atleta antecipa, psicologicamente, estados de oportunidades, dos riscos e das consequncias
(SAMULSKI, 2009).

Diferentes estados pr-competitivos podem ser verificados atravs de caractersticas psicofisiolgicas


dos atletas, quais sejam (PUNI, 1961, modificado por EBERSPACHER, 1982, p. 48).

Estado de febre
Caractersticas fisiolgicas: intensa irradiao de processos centrais de
excitao, mudanas vegetativas, taquicardia, tremores corporais e sensao de
debilidade.

Caractersticas psicolgicas: nervosismo, incapacidade de concentrao, falta


de estabilidade emocional, falta de controle psicomotor, medo do adversrio.

Condutas competitivas: perda da direo ttica, perda do ritmo e da velocidade,


perda da direo e do controle sobre os movimentos.

Estado de apatia
Caractersticas fisiolgicas: irradiao interna de processos centrais de inibio,
excitabilidade diminuda, mudanas vegetativas (fadiga, sensao de debilidade
corporal).

Caractersticas psicolgicas: intensidade diminuda da percepo e da


concentrao, apatia mental, estado de mau humor, averso competio.

Conduta competitiva: no pode mobilizar toda a energia, falta de motivao


para competir, reaes lentas, cansa-se muito rpido, no se esfora bem.

Estado timo de ativao


Caractersticas fisiolgicas: equilbrio entre os processos centrais de exerccio e
inibio e tima intensidade dos processos fisiolgicos.

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EMOO NO ESPORTE UNIDADE I

Caractersticas psicolgicas: nvel timo de ativao e disposio tima para


a competio, orientao para o xito, autoconfiana, concentrao tima, alta
capacidade de controle psicomotor.

Conduta competitiva: se compete com base em um plano ttico, se controla a


situao, se alcana as expectativas, tima conduta tcnica-ttica.

Durante a competio
Durante a competio esportiva, podemos observar duas reaes emocionais tpicas: as emoes
positivas e as emoes negativas.

As emoes positivas apresentam dois conceitos a serem analisados: o flow-feeling (sensao de


fluidez) de Csiksentmihalyi (1985) e a anlise do winning-feeling (sensao de ganhar) de Unestahl
(1983; 1986).

O primeiro autor, aps entrevistar jogadores de xadrez, cirurgies, bailarinos profissionais e


alpinistas sobre o que sentiram em suas atividades profissionais e esportivas bem sucedidas,
descobriu diferentes elementos que compem o flow-feeling, quais sejam: equilbrio entre habilidade
e desafio; absoro total na atividade; unio entre conscincia e ao; concentrao total; perda da
autoconscincia; sensao de controle total; motivao intrnseca, movimentos soltos e fluidos. Vale
destacar que flow uma sensao de alegria durante a atividade, a total e absoluta identificao e
concentrao na tarefa que se realiza, esquecendo-se de si mesmo (SAMULSKI, 2009, p. 217).

O segundo autor apresenta o winning-feeling com as seguintes caractersticas (SAMULSKI, 2009,


p. 218).

Amnsia: frequentemente, aps um bom rendimento, os atletas no podem


recordar o transcurso da competio. Por esse motivo, s vezes tm problemas para
descrever o estado emocional experimentado durante a atividade.

Concentrao: o esportista dirige sua ateno exclusivamente ao, protegendo-


se de estmulos externos perturbadores.

Aumento de tolerncia a dor: nesse caso, o nvel de tolerncia dor se encontra


aumentado de tal maneira que o esportista no sente fadiga, debilidade ou dor.

Mudanas na percepo: nesse caso, pode-se observar nos esportistas mudanas


na percepo de tempo e de espao.

Importante salientarmos aqui que no so situaes objetivas que determinam o estado emocional
de um atleta, e sim a avaliao subjetiva que o esportista tem da situao em si.

Allmer (1985) apresenta um rol de emoes negativas, tpicas de irritao durante a competio
esportiva. Para o autor, o esportista irrita-se em situaes de rendimento quando o resultado
negativo poderia ter sido evitado por ele mesmo; quando outras pessoas impediram o alcance de um
bom resultado; depois de um bom resultado no se apresenta o efeito esperado; quando impedem
sua participao em uma competio ou quando surgem dificuldades durante a competio.

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UNIDADE I EMOO NO ESPORTE

Alm disso, o esportista ir se irritar em situaes sociais quando outras pessoas se comportam
de forma injusta e no digna ou quando outras pessoas se comportam de forma no confivel
e irracional.

O sentimento de raiva , por vezes, experimentado quando a causa do fracasso o no cumprimento


das expectativas que se supunham seguras, mas no puderam ser concretizadas.

Aps a competio
As experincias de xito e de fracasso iro guiar e conduzir as atividades ps competio.

As experincias repetidas de fracasso conduzem primeiro a modificaes


negativas das expectativas de rendimento, e, por ltimo, a modificaes na
personalidade do esportista. As experincias de xitos atuam como catalisadores,
estimulam os processos mentais e emocionais, preparam e capacitam para o
rendimento. O maior efeito psicolgico do xito esportivo que ele estimula o
esportista a continuar treinando (SAMULSKI, 2009, p. 221).

Os estudos de Kuhl e Schulz (1986) apresentam os diferentes estados emocionais depois de uma
competio como o resultado da interao entre estados de motivao (orientao para o xito/
orientao ao fracasso) e a relao entre expectativa e resultado obtido. Assim, os autores analisaram
duas situaes a serem consideradas (apud SAMULSKI, 2009, p. 222).

Que estados emocionais so esperados se o esportista se sente DESAFIADO pelas


exigncias do esporte?

Satisfao: a emoo de satisfao ser experimentada se uma expectativa


positiva se confirmar no decorrer do transcurso e do resultado da ao.

Raiva: a raiva aparece quando uma meta desejada que se pensou pode ser
atingida e no alcanada.

Alegria: a alegria apresenta-se somente diante de condies estimulantes.


provocada pelo transcurso de uma ao positiva que foi considerada negativa ou
insegura, particularmente se apresenta em forma repentina ou inesperada.

Interesse, esperana: resultam quando a retroinformao sobre o transcurso


das aes esportivas no representa uma segurana de que a meta ser alcanada.

Decepo: uma emoo difcil de diferenciar da raiva. A decepo aparece se


o esportista no alcanou uma meta, quando existe a esperana de ter xito. A
emoo de decepo encontrada com frequncia na literatura, diante do termo
da frustrao.

Indiferena: tal estado emocional ser esperado quando uma expectativa negativa
diante de condio de estmulo confirma-se por meio de um resultado negativo.

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EMOO NO ESPORTE UNIDADE I

Que estados emocionais so esperados se o esportista se sente AMEAADO pelas


exigncias do esporte?

Tranquilidade: essa emoo apresenta-se quando a expectativa de evitar


uma consequncia negativa confirmada no decorrer da ao, bem como a
partir do resultado;

Tristeza, vergonha, abatimento, agresso: dependendo do contexto da


situao, da atribuio causal e do tipo de consequncias ameaadoras, o resultado
so estados emocionais, qualitativamente diferentes, quando uma expectativa
positiva conduz a resultados negativos. A tristeza aparece com as experincias de
perda; a vergonha como consequncia de culpa; o abatimento e a agresso podem
ser observados em pessoas que no tm alcanado um resultado esperado.

Alvio: quando um resultado ameaador pode ser evitado com xito.

Medo: quando a expectativa permanece insegura tambm durante o transcurso


da superao de exigncias. O medo ser to mais forte quanto mais inseguro
o desenvolvimento da ao.

Resignao e agresso: quando o resultado da ao depois de uma expectativa


insegura negativo, o efeito, diante de condies ameaadoras, ser de resignao
e agresso.

Desamparo: quando a expectativa negativa confirmada por um resultado


negativo.

Durante todo o processo competitivo (antes, durante ou aps a competio em si), possvel
controlar as condies e os sintomas do esportista (seja pela autorregulao seja pelo treinamento
(controle externo).

[...] todas essas tcnicas de controle emocional podem ser aplicadas de forma
preventiva ou compensatria (tcnicas de preveno e compensao). possvel
combinar e variar as diferentes tcnicas de controle, considerando as necessidades
individuais do atleta, a estrutura da tarefa e a complexidade e importncia da
situao (SAMULSKI, 2009, p. 227).

SAMULSKI, D. Emoes no esporte. In: SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte:


conceitos e novas perspectivas. Barueri: Ed. Manole, 2009.

SIQUEIRA, M. M. M.; PADOVAM, V. A. R. Bases tericas de bem-estar subjetivo, bem-


estar psicolgico e bem-estar no trabalho. Psicologia: Teoria e Pesquisa. v. 24, n. 2,
p. 201-209, 2008.

SOUZA FILHO, P. G. O que a Psicologia dos Esportes. Revista Brasileira de Cincia


e Movimento. Braslia, v. 8, n. 4, p. 33-36, set. 2000.

15
ATENO E
CONCENTRAO UNIDADE II
NO ESPORTE

Alguns atletas, ao vivenciarem uma situao de presso, como acontece no momento da competio,
tm maus desempenhos ou perdem a concentrao. Diante disso, muitos acreditam que bastam
aumentar a intensidade, a frequncia e a durao dos treinos para alcanar o resultado esperado,
depositando toda a responsabilidade de vitrias ou fracassos nas habilidades fsicas e esquecendo que
o homem um ser biopsicossocial constitudo de valncias psquicas imprescindveis na sua atuao.

Para um bom desempenho do atleta, necessria a preparao psicolgica direta para a execuo
imediata da ao. Essa preparao tem como meta garantir o timo funcionamento dos processos
de ateno do atleta e subdivide-se em duas fases: a primeira dedicada orientao da ateno e, a
segunda, a sua concentrao.

Os termos ateno e concentrao so extremamente comuns em nosso meio. Ao observarmos


o ambiente de competies, escutamos sempre tcnicos, atletas e at a torcida verbalizar em
determinados momentos dos jogos que certo atleta deve ter ateno ou deve se concentrar no jogo.
Porm, muitas vezes, o atleta no compreende o que significa esses dois conceitos e nem como
utiliz-los de forma precisa e adequada.

Para exigirmos de um atleta nveis adequados de ateno e concentrao, no


basta simplesmente dizer: concentre-se!, preste ateno no jogo!. Isto deve fazer
parte de seu treinamento, que dever dar suporte necessrio para a compreenso
dos processos inerentes ateno e concentrao, em virtude das caractersticas
especficas da modalidade. fundamental que o atleta conhea essas caractersticas
e seja flexvel para ater-se aos estmulos relevantes das situaes de jogo mais
comuns em cada modalidade.

Existem vrios fatores internos e externos que podem influenciar o estado de ateno e de
concentrao. De acordo com Cratty (1989), os fatores internos so: sistema sensorial (visual
e auditivo); capacidade de processar informaes; comportamento aprendido em situaes
especficas; caractersticas da personalidade. Os fatores externos so: quantidade de informaes;
estresse social; complexidade dos estmulos.

16
CAPTULO 1
Ateno

Para Schimdt (1993), o conceito de ateno relaciona-se s capacidades de processamento de


informao que colocam limites sobre o desempenho humano habilidoso, definido ateno com as
seguintes caractersticas: seriada, mudando de uma fonte para outra ao longo do tempo; limitada
em capacidades; requer esforo e est relacionada com a excitao; limita a capacidade de fazer
certas partes da tarefa ao mesmo tempo.

Magill (1984) conceitua a ateno como o estudo do estado de alerta que implica preparar-se para
a informao sensorial e manter o estado de alerta. Est relacionada ideia de que ns temos uma
capacidade limitada de processar a informao. Cita, ainda, que o desempenho bem sucedido de
habilidades motoras requer a capacidade de selecionar e prestar ateno a sinais ou informaes
significativas oriundos de uma grande variedade de sinais.

Os tipos de ateno, de acordo com Konzag (1981) apud Samulski (2002), so estas.

Concentrada: a capacidade de dirigir conscientemente a ateno a um ponto


especfico no campo da percepo ou a focalizao da ateno a um determinado
objeto ou a uma ao.

Distributiva: a distribuio da concentrao sobre vrios objetos e situaes.


menor em comparao com a ateno concentrada, pois so observados
simultaneamente vrios objetos e aes.

Alternncia da ateno: a orientao rpida e adequada a situaes em funo


das exigncias do meio, como uma tima adaptao da direo, da intensidade e do
volume da ateno.

De acordo com Gabler (1986) apud Samulski (2002), a ateno tem algumas funes.

Identificar informaes: identificao primria de informaes que antecedem


a ateno focal.

Selecionar informaes: escolha entre as vrias informaes no ambiente;


ateno seletiva.

Ativar a ateno: estado geral do organismo, no qual se pode agir ativamente em


situaes de exigncias especficas.

Rejeitar estmulos irrelevantes: contedos indesejveis devem ser remprimidos.

As formas de ateno so as seguintes.

Amplitude: ampla e estreita.

Uma ateno ampla requer ateno simultnea a diferentes informaes percebidas,


enquanto a ateno restrita dirige a concentrao a um nico aspecto da situao.

17
UNIDADE II ATENO E CONCENTRAO NO ESPORTE

Direo: externa e interna.

Na ateno externa, a pessoa dirige a concentrao somente a estmulos externos, e


na ateno interna, concentra nas prprias percepes, sentimentos e pensamentos.

Quatro diferentes tipos de foco de ateno

Direo da ateno
Externo Interno
Amplo-externo Amplo-interno
Amplo Conscincia da posio na quadra, da Pensar sobre a estratgia geral da
bola e da posio do adversrio partida
Amplitude da Ateno Esterito-interno
Amplo-externo
Esterito Utilizar a visualizao para simular
Conscincia visual da bola antes de
uma situao especfica ou um estado
realizar um golpe
emocional positivo

(adaptado de MURRAY, 2002)

De acordo com Samulski (2002), para um atleta ser bem-sucedido, necessrio que ela seja capaz
de perceber e integrar simultaneamente as informaes de diferentes aspectos de uma situao no
esporte e reagir adequadamente.

Devemos lembrar, tambm, que fundamental, durante os treinamentos, a avaliao dos processos
de ateno do atleta. Assim, recomendamos, durante determinados exerccios, a variao de
estmulos que o atleta dever verbalizar.

18
CAPTULO 2
Concentao

Esclarecido o conceito de ateno, podemos definir a concentrao que, segundo Weiberg e


Gould (2001)
[...] a capacidade de manter o foco da ateno sobre os estmulos relevantes
do meio ambiente. Quando o ambiente se altera , consequentemente, o foco
de ateno precisa ser modificado tambm. Pensamentos sobre aspectos
irrelevantes podem aumentar a frequncia de erros durante a competio.

A concentrao pode ser definida como a focalizao da ateno em um determinado objeto ou


em uma ao (SAMULSKI, 2002), ou seja, a capacidade de dirigir com conscincia a ateno a um
ponto especfico no campo da percepo.

No mbito esportivo, ela pode ser considerada como a habilidade de focalizar em estmulos
relevantes do ambiente e de manter esse foco ao longo do evento esportivo (WEINBERG; GOULD,
2001). Os atletas que descrevem seus melhores desempenhos, inevitavelmente, mencionam que
esto completamente absorvidos no presente, focalizados na tarefa e realmente conscientes de seus
prprios corpos e do ambiente externo.

Portanto, importante ressaltar que o atleta dever ser capaz de detectar e captar em um jogo os
estmulos mais importantes, de acordo com as diversas alternativas que o meio ambiente oferece.

Segundo Samulski (2002), pensar em aspectos irrelevantes durante um jogo, como dirigir a ateno
aos espectadores, pode tirar o atleta do ritmo de jogo e tambm desvi-lo de seu comportamento
ttico.

Para desenvolver nos atletas a capacidade de concentrao, Samulski (1995) evidencia as seguintes
regras bsicas.

Identificao de estmulos relevantes: analisar juntamente com os atletas as


situaes e a escolha adequada da forma de ateno, buscando a identificao dos
estmulos relevantes, que so indicaes, observaes e percepes dos detalhes
e aspectos da situao. Assim, a flexibilidade da ateno depende da percepo e da
interpretao adequada dos estmulos.

Percepo do nvel da ativao interna: atravs de tcnicas psico-regulativas,


como biofeedback e relaxamento muscular progressivo, o atleta pode aprender a
perceber melhor seu prprio nvel de ativao. Assim, o atleta dever ser capaz de
identificar o mais rpido possvel seu nvel interno de ativao de forma adequada,
visando a maior eficincia de controle da ativao num estado timo.

Reduo do estresse emocional: atravs de tcnicas de relaxamento e cognitivas


de controle do estresse, por exemplo, desenvolvendo pensamento positivo e
programas individuais de concentrao.

19
UNIDADE II ATENO E CONCENTRAO NO ESPORTE

Para Rbio (2000), o treinamento da concentrao constitui a melhoria da capacidade de focalizar


a ateno em um ponto especfico do campo da percepo e a capacidade de manter um bom nvel
de concentrao durante um longo perodo de tempo (resistncia de concentrao).

As recomendaes de Eberspcher (1990) apud Samulski (2002) constituem as diretrizes bsicas


para a programao do treinamento da concentrao.

Concentre-se nos momentos decisivos de sua ao esportiva.

Concentre-se na situao presente.

Evite o pensamento negativo.

Concentre-se na tarefa a realizar.

Durante a competio, no pense sobre o sentido de suas aes.

Evite pensamentos sobre resultados futuros e sobre consequncias negativas


futuras.

Segundo Samulski (1995), a concentrao de um atleta pode ser aprimorada por meio de tcnicas de
concentrao, de visualizao ou de exerccios de relaxamento. Essas tcnicas podem ser utilizadas
periodicamente, durante o perodo de treinamento e antes de uma competio.

RUBIO, K. (Org.). Psicologia do esporte: interfaces, pesquisa e interveno. So


Paulo: Casa do Psiclogo, 2000.

WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exerccio.


2. ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

20
FUNES COGNITIVAS UNIDADE III
E ESPORTE

O exerccio fsico e a prtica esportiva so conhecidos pelas inmeras alteraes que provocam
no corpo humano, desde benefcios cardiorrespiratrios, reduo do percentual de gordura, at a
reduo de incidncia de doenas crnico-degenerativas. Recentemente, alguns estudos, apesar das
controvrsias, tm relatado a melhora das funes cognitivas, sugerindo que a prtica regular protege as
funes cerebrais.

Isso mostra que a participao em programas de exerccios fsicos exercem benefcios


nas esferas fsica e psicolgica e que, provavelmente, indivduos fisicamente ativos
possuem um processo cognitivo mais rpido. [...] Dessa forma, o uso do exerccio
fsico como alternativa para melhorar a funo cognitiva parece ser um objetivo a ser
alcanado [...] (ANTUNES et al., 2006, p.108).

Entende-se por funes cognitivas as fases de processamento da informao, tais como percepo,
aprendizagem, memria, ateno, vigilncia, raciocnio e soluo de problemas (ANTUNES, et al.,
2006). A prtica esportiva e de exerccios fsicos influencia nas funes cognitivas atravs de mecanismo
diretos, aumentando a velocidade dos processos cognitivos, aumentando o fluxo sanguneo cerebral, alm
do aumento dos nveis de neurotransmissores. Ferreira (2007) relata que o exerccio fsico aumenta a
atividade da enzima mitocondrial citocromo oxidase, contribuindo para a preveno de neuropatologias,
com Alzheimer e Parkinson, uma vez que essas patologias esto associadas reduo da atividade
dessa enzima.

21
CAPTULO 1
Imaginao e memria no esporte

O treinamento mental, como contributo prtica esportiva, um consenso entre atletas, tcnicos e
estudiosos da Psicologia do Esporte. So inmeros os relatos e estudos que demonstram esse fato,
atravs do aperfeioamento do gesto tcnico ou da realizao de provas, ensaiadas mentalmente
exausto pelos atletas. Nesse sentido, a compreenso dos estados mentais e das emoes,
antigamente relacionados apenas s patologias, volta tona, seja atravs das neurocincias ou pelos
pressupostos da Teoria da Complexidade (MORIN, 2003).

Portanto, no esporte, tornou-se fundamental para a vida do atleta, a compreenso dos estados
mentais e das emoes, bem como seu controle, uma vez comprovada a relao entre eles (MARTIN;
MORITZ; HALL, 1999). O controle sobre os pensamentos e sobre as emoes pode ser a diferena
entre o primeiro e o segundo lugar nas competies, pode, inclusive, determinar o desempenho do
atleta, tanto nas modalidades esportivas coletivas quanto nas individuais.

Segundo Rubio (2006), os atletas vencedores utilizam a imaginao para atingir diferentes objetivos
que podem envolver desde a criao de um ambiente tranquilo e propcio para o relaxamento,
at os detalhes de uma competio. Ressaltamos que o termo imaginao, nesse contexto, diz
respeito elaborao de imagens mentais relacionadas prtica esportiva. Para Weinberg e Gould
(2001), esse processo de mentalizao implica recriar situaes vivenciadas pelo atleta a partir de
informaes retidas na memria. Durante muito tempo, essa prtica esteve associada ao misticismo,
s religies que, atravs da mentalizao, buscavam alcanar a transcendncia. Por essa razo, ainda
encontramos pessoas que entendem a prtica da mentalizao como uma alternativa de trabalho.

Segundo Weinberg e Gould (2001), a mente humana pode imaginar e criar situaes que ainda
no aconteceram e, para isso, a mentalizao deve envolver o mximo possvel de sentidos, com o
intuito de imaginar a situao o mais real possvel. Os mesmos autores afirma que, para os atletas,
o sentido cinestsico extremamente importante, uma vez que trata da sensao do gesto motor,
desde sua elaborao mental at sua execuo.

RUBIO, K. Medalhistas olmpicos brasileiros: memrias, histria e imaginrio. So


Paulo: Casa do Psiclogo, 2006.

________. Psicologia do esporte: interfaces, pesquisa e interveno. So Paulo:


Casa do Psiclogo, 2000.

22
INTELIGNCIA E
CRIATIVIDADE UNIDADE IV
NO ESPORTE

CAPTULO 1
Inteligncia

O interesse pelos estudos relativos inteligncia humana datam dos primrdios gregos, tais
como Scrates, Plato, Aristteles, e iniciam-se, principalmente pelos mtodos de elaborao de
investigao sobre a natureza da inteligncia como, por exemplo, o raciocnio dedutivo e o silogismo.

J no Perodo Moderno, encontramos Descartes (XVII) e sua aluso inteligncia como inata, ou
seja, as formas de conhecimentos representavam um dom de Deus. Contrariando esse pensamento,
Locke (XVII) argumenta a inteligncia como originalmente advinda das experincias vividas pelo
sujeito. No sculo seguinte, Kant defendia a ideia de inteligncia como provido de natureza intrnseca
do intelecto somada experincia sensorial vivida, conciliando as duas ideias ora apresentadas.

Nessa poca tambm se iniciam as pesquisas relativas ao crebro e sua relao com a inteligncia,
surgindo contribuies de conhecimentos anatmicos, como os estudos de Franz Gall, em que se
estudava as dimenses e as salincias do crnio de seres humanos considerados inteligentes.

No sculo XIX, representado por Darwin, os estudos da origem das espcies e da seleo natural,
apresentava a inteligncia e outras caractersticas dos seres humanos caractersticas herdadas.

No sculo XX, essas teorizaes ganham fora com a ampliao de estudos das rea da Psicologia
e Matemtica. Para ilustrar tal conhecimento, podemos citar os estudos de Charles Spearman
(1904) e a psicometria. J nas dcadas de 1920 a 1940 desse sculo, Skinner e sua abordagem
comportamentalista acrescenta que o meio ambiente exercia influncia para o aprendizado e
relacionava-o inteligncia.

At o incio do sculo XX, considerava-se que a criana apresentava os mesmos processos cognitivos
bsicos dos adultos, isto , esses processos se mantinham os mesmos ao longo da vida; destarte, as
crianas pensavam e raciocinavam como adultos (ZYLBERBERG, 2007).

Na metade do sculo XX, os estudos de Jean Piaget contriburam para ligar a inteligncia ao
processo de crescimento, no qual quatro estgios so elencados: estgio sensrio-motor, que
vai do nascimento at os 2 anos de idade, com o uso de reflexos, reaes e combinaes mentais;
estgio semitico (pr-operacional), que vai dos 2 anos aos 6 anos de idade, com o uso de
smbolos, figuras e palavras; estgio de operaes concretas, que compreende o incio da

23
UNIDADE IV INTELIGNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE

poca escolar, dos 7 aos 8 anos at os 11-12 anos, com o uso do conjunto de operaes; estgio de
operaes formais, que corresponde ao incio do ensino secundrio, dos 11-12 aos 15 anos, quando
o adolescente consegue formar um mundo hipottico, faz uso de proposies, teorias e conceitos.
Seus estudos apontavam que o conhecimento no era algo predeterminado desde o nascimento,
mas, resultado da interao do sujeito com os objetos e com o contexto em que est inserido.

Um dos maiores estudiosos da inteligncia, Howard Gardner (1996), apresenta que, oficialmente,
somente em 1956 surgiu a cincia cognitiva como o esforo contemporneo, com fundamentao
emprica, para responder questes epistemolgicas relativas natureza do conhecimento, seus
componentes, seu desenvolvimento, seu emprego (GARDNER, 1996, p.20).

Neste sentido, ampliaram-se estudos e pesquisas em busca do entendimento da inteligncia nos


quais diferentes concepes e tentativas de definies foram encontradas:

A inteligncia a capacidade de solucionar problemas abstratos (STERNBERG,


1986 a, citado por GARDNER,1998 ).

Um indivduo inteligente na medida em que capaz de pensar em termos


abstratos... (TERMAN, 1921).

Inteligncia aquilo que os testes [ de inteligncia] testam (BORING, citado por


JENKINS; PATTERSON, 1961, p. 210).

Para Almeida, citado por Alves (2002), a inteligncia pode ser compreendida por diferentes
correntes.

Corrente psicomtrica: pautada na existncia de fatores ou aptides intelectuais


internas. Defende estruturas mentais comuns a todos os sujeitos . Destacam-se
nesta linha Binet e Simon, que elaboraram uma escala mtrica ou quantitativa de
inteligncia, os famosos testes de Q.I. (quociente de inteligncia).

Corrente desenvolvimentista: considera a inteligncia como produto da


compreenso dos fenmenos. Como destaque, citamos Piaget e tambm Vygotsky,
que destaca o papel da cultura no desenvolvimento intelectual e relaciona o ser
humano com o ambiente fsico e social, as formas de atividades e o desenvolvimento
da linguagem.

Corrente cognitivista: busca explicar os fenmenos e as competncias


operacionais do processamento da informao, no qual, por meio da mudana
de programas, condies, mtodos e instrumentos, busca-se a explicao dos
fenmenos individuais e a melhoria nos nveis de realizao de tarefas cognitivas
(como, por exemplo, os trabalhos de Chomsky).

Nessa trajetria, surgem os estudos de Gardner, atualmente, o pesquisador que mais tem se
destacado nesse tema e sua Teoria das Inteligncias Mltiplas.

Ao formular meu depoimento em favor das inteligncias mltiplas, revisei


evidncias de um grande e at agora no relacionado grupo de fontes: estudos

24
INTELIGNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE UNIDADE IV

de prodgios, indivduos talentosos, pacientes com danos cerebrais, idiots


savantis, crianas normais, adultos normais, especialistas em diferentes linhas
de pesquisa e indivduos de diversas culturas (GARDNER, 1994, p.7).

O autor avana de uma ideia singular de inteligncia para uma ideia plural e multidimensional, ou
seja, a inteligncia vista como um potencial biopsicolgico para processar informaes que pode
ser ativado num cenrio cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados
numa cultura (GARDNER, 2001, p. 47). Para o autor a inteligncia est relacionada ao contexto
cultural e

[...] um potencial que trazemos conosco e que se evidencia mediante as


oportunidades que encontramos para manifest-la, mas sempre de acordo com a
cultura em que vivemos. [...] a inteligncia no uma entidade que est dentro do
crebro, mas sim que ela uma capacidade humana processada cerebralmente.
(NISTA-PICCOLO, 2010, p. 51).

Para melhor esclarecer seus estudos sobre o tema, Gardner props, inicialmente sete inteligncias
e, atualmente mais duas so elencadas, como mostramos a seguir.

1. Inteligncia lingustica: manifestada atravs de fala, leitura, escrita e escuta.


O dom da linguagem universal e seu desenvolvimento constante em todas as
culturas poetas, escritores, advogados (GARDNER, 1995).

2. Inteligncia lgico-matemtica: manifestada na soluo de problemas e no


desenvolvimento de raciocnios dedutivos. a facilidade em lidar com nmeros e
com clculo matemtico engenheiros, fsicos, matemticos (GARDNER, 1995).

3. Inteligncia espacial: manifestada na percepo e na administrao do mundo


viso-espacial. necessria na navegao e no sistema notacional de mapas. As
evidncias da pesquisa do crebro apontam para o hemisfrio direito nas pessoas
destras como o local de processamento arquitetos, gegrafos, marinheiros
(GARDNER, 1995).

4. Inteligncia corporal-cinestsica: manifestada na soluo de problemas


relacionados ao corpo. Nos destros, a dominncia encontrada no hemisfrio
esquerdo do crebro. Constitui-se tambm a percia de trabalhar com objetos
envolvendo o corpo bailarinos, atletas, cirurgies (GARDNER, 1995).

5. Inteligncia musical: manifestada nas diferentes formas de expressar sons


naturais, musicais, na facilidade em utilizar instrumentos musicais, na distino de
timbres, melodias, tons, ritmos e frequncias sonoras maestros, msicos em geral
(GARDNER, 1995).

6. Inteligncia interpessoal: manifestada no relacionamento com os outros,


na percepo e na compreenso pela distino das sensaes alheias (humor,
motivao). Os lobos frontais desempenham um papel importante no conhecimento
interpessoal (GARDNER, 1995).

25
UNIDADE IV INTELIGNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE

7. Inteligncia intrapessoal: manifestada no autocontrole, no conhecimento dos


prprios limites, em estar bem consigo mesmo, na administrao de suas prprias
sensaes. Para Gardner (1995), uma das mais maravilhosas invenes humanas
o senso do eu, uma caracterstica observada em psiclogos, assistentes sociais,
e outros.

possvel que uma oitava inteligncia tenha surgido. Segundo Gardner (2001), aps longo perodo
de provas e identificaes, a inteligncia naturalista refere-se ao reconhecimento e classificao
de numerosas espcies da flora e da fauna e aplicada s pessoas de vasto conhecimento sobre o
mundo vivo.

H indcios tambm de uma nona inteligncia, a inteligncia espiritual, que revela trs formas
diferentes de manifestao: na preocupao com as questes csmicas ou existenciais (perguntas
como: Quem somos? De onde viemos?); no campo espiritual, como a conquista de um estado (saber
como, o know-how); e enquanto efeito que causa nos outros (exemplos de Buda, Cristo). O autor
considera que a inteligncia espiritual ainda poder ser definida como inteligncia existencial,
pois est relacionada com o significado da vida e com o sentido da morte.

No campo esportivo, encontramos muitos discursos que referem determinados atletas como
extremamente inteligentes, tais quais Falco no futsal, Carl Lewis no atletismo, Diego Maradona no
futebol de campo, entre outros. Fica a pergunta: como se d a inteligncia neste campo?

Inteligncia no esporte
Os aspectos cognitivos do uso do corpo para expressar uma emoo (como na dana), jogar um jogo
(como no esporte) ou mesmo para criar um novo produto (como no planejamento de uma inveno)
so considerados por Gardner (1995) como a inteligncia corporal cinestsica. Nesta, dois
elementos centrais esto presentes: o desenvolvimento do domnio sobre os movimentos
de seu corpo e a manipulao de objetos com refinamento.

Vimos ao longo da Histria que diferentes reas do conhecimento tentaram


encontrar o local onde estava guardada a inteligncia humana. Quase todos os
tericos pensavam que ela estava localizada no interior do crebro do indivduo.
Procuravam dentro do corpo o rgo que controlava seu funcionamento. Os
comportamentos inteligentes eram enaltecidos pela expresso dos processos
internos : na fala retrica, na escrita sbia e nos clculos complexos. Raramente
consideraram o corpo uma expresso da inteligncia e os movimentos corporais
eram tidos apenas como resultados dos desejos conscientes dos mecanismos
cerebrais, porque a alma o movia (ZYLBERBERG, 2007, p.89).

Podemos exemplificar a ginstica artstica, a corrida de velocidade, o salto em distncia e altura


como a necessria inteligncia do domnio do corpo e a ginstica rtmica, futsal, basquetebol como
representantes da necessria inteligncia de ambas caractersticas corporais cinestsicas.

Gardner (1995) apresenta essas manifestaes como formas maduras de expresso corporal e, ao
aceitar esse fato, destaca que movimentos padronizados ignoram potenciais criativos, singulares

26
INTELIGNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE UNIDADE IV

e culturais que podem ser manifestados atravs da inteligncia corporal cinestsica. Os jogos e os
esportes, em geral, ricos em situaes-problemas, improvisaes, entre outros, exigem que esses
corpos se adaptem e respondam de forma eficiente e eficaz a essas situaes.

Neste sentido, o professor, o tcnico e o atleta em si devem buscar metodologias e processos de


aprendizagem em que essa inteligncia elencada e constantemente trabalhada, tais como pela
insero de desafios motores no ensino e na utilizao de tcnicas e habilidades motoras.

27
CAPTULO 2
Criatividade

Embora h alguns anos sendo estudada, a criatividade est longe de ser claramente definida
e completa de informaes tcnico e cientficas sobre a sua importncia e influncia na vida das
pessoas, tanto no mbito individual quanto no mbito social, econmico e mesmo poltico.

Grandes gnios tiveram sua parcela de contribuio em busca de um mundo melhor, por mais
que isso parea utpico, tais quais Einstein, Henry Ford, Leonardo da Vinci, Van Gogh e Steve
Jobs. Independentemente da poca, a busca pelo novo, pelo nunca antes pensado, pelo diferente
tem alavancado invenes que auxiliam, facilitam e at mesmo modificam a nossa forma e nossos
hbitos cotidianos.

Sternberg e Lubart (1999) acrescentam que a criatividade relevante no nvel individual quando
o sujeito consegue resolver problemas no trabalho e na sua vida diria; relevante no nvel social,
pois leva a novos achados, novos movimentos artsticos, novos programas sociais, novas invenes
tecnolgicas; importante no nvel econmico, pois novos produtos e servios podem ser criados.

Com caracterstica multidimensional, Wechsler (2008, p.91) define a criatividade como uma
caracterstica multidimensional, composta por aspectos cognitivos e emocionais, e passa a ser
entendida como o resultado da interao entre processos cognitivos, caractersticas da personalidade,
variveis ambientais e elementos inconscientes.

Avaliar diretamente a criatividade passa a ser o grande desafio de pesquisadores da rea, j que
no h um consenso da prpria natureza do fenmeno criativo, pois, por vezes, considerado um
processo cognitivo e, por outras, como caractersticas da prpria personalidade.

Os autores Minicucci (1998), Mitjns-Martinez (1995;2000) e Azambuja (2005) acrescentam a


dificuldade em encontrar um conceito fechado de criatividade, j que mltiplas so as teorias e os
enfoques possveis de trat-la, mas consenso que ela signifique, basicamente, a descoberta e a
expresso de algo indito e surpreendente.

Mednick (1962) apresentou a criatividade como perspectiva comportamental cognitiva. Para tanto,
considerou o processo de pensar criativamente como o produto de elementos que se associavam
em novas combinaes, visando atender situaes especficas. Para o autor, quanto mais distantes
os elementos a serem combinados, mais criativo o processo ou a soluo encontrada. Cabe aqui
a ideia da competncia para fazer associaes, j que quanto maior for o nmero de associaes
que a pessoa conseguir estabelecer em relao a um dado problema, maior a probabilidade
dela conseguir resposta criativa e que esta dependente da histria de vida do sujeito e de suas
aprendizagens anteriores.

Masi (2005) salienta que a criatividade pode ser influenciada por fatores genticos, culturais e
ambientais e Csikszentmihalyi (1998) a considera influenciada pela pessoa, sua rea de conhecimento
(domnio) e de especialistas de reas especficas que tm o poder de decidir a estrutura do domnio

28
INTELIGNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE UNIDADE IV

(campo), ou seja, a criatividade efetiva quando uma pessoa, usando o smbolo de um domnio, tem
uma nova ideia e essa ideia aceita e includa no campo oportunamente.

Ainda nessa linha de pensamento, Sens (1998), aps anlises comportamentais da criatividade, relatou
que a mesma resultante de quatro etapas: conhecimento, habilidade, necessidade e valor e que o
ambiente e a personalidade da pessoa so relevantes para que se expresse sua criatividade, sendo preciso
estimul-la constantemente.

Para melhor exemplificar o termo, Guilford (1972; 1999) sugeriu oito habilidades que estariam na
base da criatividade.

1. Sensibilidade a problemas: habilidade de ver problemas onde os outros


no veem.

2. Fluncia: produo de um grande nmero de ideias.

3. Flexibilidade: habilidade de fazer rpidas mudanas na direo do pensamento.

4. Originalidade: habilidade de produzir ideias incomuns.

5. Elaborao: quantidade de detalhes presentes em uma ideia.

6. Complexidade: nmero de ideias inter-relacionadas, que o indivduo pode manipular


de uma s vez).

7. Redefinio: habilidade de efetuar mudanas na informao.

8. Avaliao: determinao do valor de novas ideias.

Interessante apontar aqui os argumentos de Torrance (1965), que salienta que a criatividade
envolve todos os sentidos (viso, olfato, audio, sensao, paladar), todos os aspectos advindos do
meio ambiente e da personalidade (expresso das emoes, capacidade de fantasiar e expressar-
se espontaneamente, capacidade de olhar o mundo numa perspectiva incomum, capacidade de
entender o significado de uma ideia num contexto mais amplo, entre outros).

Assim, a criatividade exige um processo integrado das habilidades supracitadas e podem e devem
ser estimuladas durante todo o viver humano, em todas as suas dimenses: educativas, profissionais
e no mbito esportivo.

Criatividade no esporte
A criatividade no esporte tambm se manifesta pela inovao, pelo inesperado e
pela novidade, pois bem: estaria essa caracterstica presente somente nos esportes
que exigem, mais diretamente, formas diferenciadas de movimentos, tais como
a ginstica artstica ou a ginstica rtmica com suas coreografias e ligaes de
elementos? Estaria a criatividade relacionada somente ao basquetebol e ao voleibol
e suas jogadas inusitadas, que surpreendem o adversrio? Estaria a criatividade
sob responsabilidade de um jogador que solucione problemas tcnico-tticos no
decorrer do jogo?

29
UNIDADE IV INTELIGNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE

Como j relatado, podemos encontrar vrias correntes e possibilidades de estudos da criatividade,


a pergunta que nos fica : como essas diferentes concepes de criatividade se relacionam com o
esporte? o que buscaremos tratar adiante.

Baseadas na tradio do misticismo e do espiritismo e associadas a elas, os mais antigos relatos


de criatividade pautaram-se nas influncias divinas. O sujeito criativo seria reconhecido como um
vaso vazio que um divino encheria com inspirao. Posteriormente, o sujeito exteriorizaria as ideias
inspiradas, formando um produto para o mundo (STERNBERG & LUBART, 1999).

comum observarmos, em entrevistas com atletas criativos, a aluso de suas qualidades a uma
graa divina, algo que foge do alcance das explicaes conceituais advindas, sobretudo, dos
estudos cientficos.

Tal fato pode ser comprovado com o trabalho de Hamsen & Samulski (1999) que, aps entrevistarem
jogadores de futebol brasileiros, constataram que estes definem sua criatividade no esporte como um
dom divino que eles receberam no nascimento e lhes proporciona realizar jogadas geniais.

De bono (1992) salienta a criatividade de forma pragmtica, ou seja, que a estuda na utilizao de
mtodos e tcnicas que estimulam as pessoas a desenvolverem aes criativas em um determina
do ambiente.

Inseridos nessa perspectiva, os pesquisadores dessa corrente buscam, primeiramente, desenvolver


a criatividade para, depois, buscarem sua compreenso conceitual, ou seja, caminham para a sua
compreenso prtica para depois terica.

O autor apresenta como um dos mtodos o chapu de pensamentos, no qual se estimula o sujeito a
ampliar o seu pensamento sobre determinado tpico e, ento, ser capaz de interpretar uma situao
sob diferentes ticas.

Com forte trabalho no mbito empresarial, especialmente em agncias de publicidade, Osborn


(1953) desenvolveu a tcnica da tempestade cerebral (brainstorming) para encorajar pessoas a
resolver problemas de criatividade. Sem criticidade e desinibio, possibilitado que, num primeiro
momento, vrias solues possveis dentro de um problema sejam elencadas.

Samulski, Noce e Costa (2001) apresentam que a manifestao dessa linha de pensamento da
criatividade acontece quando so ofertadas aos atletas dinmicas e tcnicas neurolingusticas
que alimentam o potencial criativo dos mesmos. Um exemplo est no convite a profissionais e a
pessoas de sucesso para ministrarem palestras para seu grupo de atleta, antes de jogos decisivos,
por exemplo. Os autores defendem que essa atitude busca, atravs de tcnicas neurolingusticas,
oferecer motivao, confiana, inspirao criativa para que os atletas possam apresentar nveis de
rendimentos satisfatrios e melhores que o habitual.

Apresentamos, tambm, a corrente psicodinmica de estudos da criatividade, cujo trabalho intenso


no sculo XX, tornou-a a maior linha de estudos do fenmeno criativo.

Maduro (1976) salienta que essa corrente, atravs de estudos de casos ( como de Leonardo da
Vinci, Freud, Picasso) sustentam que o subconsciente atua no processo de desenvolvimento da

30
INTELIGNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE UNIDADE IV

criatividade. No entanto, essa metodologia tem sido criticada devido a dificuldade em se medir as
construes tericas propostas e a quantidade de selees e interpretaes que podem ocorrer nos
estudos de casos (WEISBERG, 1993).

Ressaltamos que Moraes et al. (1999) e Salmela (1995) defendem que estudar a vida de atletas como
Pel, Garrincha, Michael Jordan, Oscar Schmidt pode favorecer o nosso entendimento a respeito
dos processos que os destacaram em suas respectivas modalidades.

Uma outra possibilidade de estudos da criatividade e os esportes d-se pela corrente cognitiva.
Esta busca compreender as representaes mentais e a criatividade atravs de sujeitos e
simulaes computadorizadas. Finke, Ward & Smith (1992) propuseram o modelo Geneplore,
que apresentam duas fases: a fase generativa, em que o sujeito constri representaes mentais
referentes a estruturas prvias e a fase exploratria, em que essas propriedades so usadas
para propor ideias criativas.

Dentro dessas fases de invenes criativas so inclusos os processos de recordao, associao,


sntese, transformao, transferncia por analogia e reduo categorial.

Nos esportes, de um modo geral, o produto criativo ou a jogada criativa relaciona-se fortemente
eficincia e preciso que um jogador possui para executar ou variar determinada tcnica.

Alguns tcnicos utilizam, por exemplo, processos mentais de recordao, associao, antecipao,
transferncia por analogia e tomada de deciso atravs de exerccios e mtodos em que essas
habilidades sejam trabalhadas.

Caractersticas relacionadas a traos de personalidade, aspectos motivacionais e envolvimento


sociocultural so variveis importantes dentro da personalidade social, outra possibilidade de linha
de pensamento da criatividade. Amabile (1983), Gouch (1979) e Mackinnon (1965) apresentam
que pessoas com traos de julgamento independente, autoconfiana, atrao pela complexidade,
orientao para o carter esttico (beleza, plasticidade) possuem maior probabilidade de serem
pessoas criativas.

Tais caractersticas so fortemente observveis em atletas de ginstica rtmica e de dana, por


exemplo. Constantemente influenciadas por questes relativas composio coreogrfica (coerncia
de movimento, visualizao pelo pblico, variedade de aes, originalidade de movimentos, beleza
de combinaes e movimentaes), esses profissionais so constantemente levados aos trabalhos de
sensibilidade perceptiva, fluidez de movimentos, j que o processo criativo entre uma coreografia e
outra tem se sustentado como diferencial entre o atleta do primeiro e segundo lugar (PEREIRA &
VIDAL, 2006).

Na tentativa de buscar uma medio da criatividade, a corrente psicomtrica vem propor


algumas tarefas simples (verbal e figural) que envolvem pensamento divergente e habilidades
para solucionar problemas. Sob esta perspectiva, Torrence (1974) organizou um teste com quatro
variveis fundamentais.

1. Fluncia e continuidade: refere-se ao nmero total de respostas relevantes


sua adequao.

31
UNIDADE IV INTELIGNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE

2. Flexibilidade: observa-se o nmero de diferentes categorias de respostas


relevantes.

3. Originalidade: destaca-se particularmente as novidades, os aspectos incomuns,


a inovao.

4. Elaborao: quantidade e qualidade de detalhes das resposta.

Um exemplo de trabalho sob essa perspectiva pode ser dada pelos estudos de Geco et al. (1998). Os
procedimentos utilizados pelos autores constaram de coesaes tpicas de jogo nas modalidades
futsal, handebol, voleibol apresentadas em formas de diagramas, fotos, slides e vdeo, no qual
os atletas (614 jovens do sexo masculino e feminino, na faixa etria de 14 a 17 anos de idade,
participantes dos Jogos da Juventude de 1997) deveriam escolher alternativa de soluo ou
resposta ao problema e posteriormente justific-la. Essas justificativas foram analisadas dentro
dos parmetros de Torrance (1974) no qual os autores concluram que o conhecimento ttico de
jogo depende de processos cognitivos envolvendo parmetros relacionados a pensamento criativo,
inteligncia de jogo, tomada de deciso, entre outros.

GARDNER, H. Inteligncias: mltiplas perspectivas. Porto Alegre: Artmed, 1998.

___________. Estruturas da mente: a teoria das inteligncias mltiplas. Porto Alegre:


Artes Mdicas, 1994.

MORIN, E. Introduo ao pensamento complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 2003.

NISTA-PICCOLO, V. L. Educao Fsica, escola e as inteligncias humanas. In:


MOREIRA, W. W. et al. Educao Fsica, Esporte, Sade e Educao. Universidade
Federal do Tringulo Mineiro. Uberaba: UFTM, 2010.

ZYLBERBERG, T. P. Possibilidades corporais como expresso da inteligncia


humana no processo de ensino-aprendizagem. 280p. Tese (Doutorado). Faculdade
de Educao Fsica, Universidade Estadual de Campinas, 2007.

32
ANSIEDADE E ESTRESSE UNIDADE V
NO ESPORTE

A importncia do estudo de estresse, da ansiedade e de outros fatores emocionais e de personalidade


no esporte competitivo reconhecida h muitos anos, porm, os estudos sistematizados com
profissionais em Psicologia do Esporte tomaram impulso a partir dos anos 1960 (BRANDO, 2000).

Do ponto de vista da psicologia cognitiva, estresse e ansiedade so fenmenos inter-relacionados


que consistem basicamente de quatro elementos: a situao estressora, a cognio ou o pensamento,
a reao emocional e as suas consequncias. Assim, a ansiedade uma reao emocional resultante
de uma interpretao cognitiva ou pensamento, que pode ser negativo ou positivo, relacionado
com determinada situao geradora de estresse. Esta reao pode, ento, facilitar ou dificultar um
determinado desempenho (BRANDO, 2000).

33
CAPTULO 1
Ansiedade e estresse

Ansiedade
A palavra ansiedade vem do latim axieta, anxietatis, que significa preocupar-se, desejar. Em ingls,
o termo correspondente ansiety, em francs anxiet e, em alemo, angst.

Na obra Princpios da Psicologia, de Willian James, datado de 1890, aparece referncia ao


problema da ansiedade, mas foi Freud, em sua obra O problema da Ansiedade, em 1926, quem
deu ao fenmeno a posio de destaque que tem at hoje entre as cincias do comportamento, em
especial na psicologia.

Na linha de pensamento Freudiana (FADIMAN; FRAGER, 1979), a ansiedade um dos principais


problemas da psique de encontrar maneiras de lidar e enfrentar sentimentos de tenso ou desprazer.
Pode se desenvolver em qualquer situao, real ou imaginria.

Os psiclogos do esporte vm estudando a relao entre ansiedade e desempenho h dcadas.


Eles no chegaram a concluses definitivas, mas esclarecem aspectos do processo que tm vrias
implicaes para ajudar os atletas a reagirem e terem melhor desempenho, em vez de se deixarem
abater e atuarem mal (WEINBERG; GOULD, 2001).

Segundo Weinberg e Gould (2001), ansiedade um estado emocional negativo caracterizado por
preocupao, apreenso e nervosismo, estando ligado com a ativao ou agitao do corpo. Para
Machado (1997), a ansiedade caracterizada como sendo o medo de perder alguma coisa, quer seja
esse medo real ou imaginrio. A intensidade desta ansiedade depender da severidade da ameaa e
da importncia da perda para o indivduo.

A ansiedade consiste em um grau elevado de apreenso vivido por uma pessoa diante de uma
ameaa ao seu bem-estar. Surge diante do fugir ou lutar. um estado emocional caracterizado
por nervosismo, preocupao, associado com ativao e/ou agitao do corpo.

O atleta pode ter seu desempenho afetado positivamente ou negativamente em decorrncia do


estado emocional pr-competitivo.

Cratty (1989) afirma que nem toda ansiedade prejudicial. O bom desempenho requer um nvel
de ansiedade timo. Brando (1995) concorda dizendo que, quando isto acontece, o atleta est
psicologicamente em controle.

Para Fleury (2005), certo grau de ansiedade pode melhorar o desempenho desde que os nveis
fisiolgicos no sejam excessivos. Um pouco de tenso aumenta o esforo e a concentrao de um
atleta, o desempenho deteriora-se apenas sob as condies combinadas de preocupao mais ativao
fsica excessiva (ativao fsica = tenso, batimento cardaco, respirao alterada, sudorese etc.).

34
ANSIEDADE E ESTRESSE NO ESPORTE UNIDADE V

Para Becker Jnior (2000), a ansiedade pode ser positiva ou negativa. Ela positiva quando a
ansiedade est adequada, existe uma estabilidade emotiva e o atleta possui uma personalidade
sadia. Negativa quando existem tenses emocionais excessivas ou, ento, o atleta no apresenta
nenhum quadro de tenso emocional, ele se mostra ausente em relao competio.

Segundo Becker Jnior (2000), nveis baixos de ansiedade podem resultar em falhas, devido
a demasiadas informaes que chegam conscincia: nveis moderados parecem auxiliar os
indivduos a selecionar os estmulos que consideram importantes e nveis elevados tendem a
deteriorar a performance devido ao estreitamento da ateno, fazendo com que sinais relevantes
no sejam detectados.

Classifica a ansiedade, conforme Weinberg e Gould (2002), em ansiedade-trao e ansiedade-estado.

Estado: sentimentos subjetivos percebidos conscientemente como inadequados e


tenso acompanhada por um aumento de ativao, ou seja, uma condio emocional
temporria que varia de intensidade e instvel no decorrer do tempo.

Weinberg e Gould (2001) concordam que a ansiedade-estado uma variao de emoes em


situaes de apreenso e tenso e que so conscientemente percebidos e estimulados pelo sistema
nervoso autnomo. O estado de ansiedade ativado quando o indivduo se sente pressionado por
um estressor ou uma situao nova a ser enfrentada, ou seja, uma situao temporria que
ativada s nos momentos de apreenso e tenso.

Samulski (2002) refora que a ansiedade de estado uma predisposio para situaes de apreenso
e perigo, independente do tempo que o indivduo percebe as situaes perigosas como ameaas.

Trao: predisposio adquirida no comportamento, independente do tempo, que


provoca um indivduo a perceber situaes objetivamente no muito perigosas,
como ameaas, ou seja, tendncia para perceber um amplo espectro de situaes
como perigosas ou ameaadoras.

Para Weinberg e Gould (2001), este trao faz parte da personalidade do indivduo e cria uma pr-
disposio antes de situaes ameaadoras, gerando circunstncias que afetam a pessoa, tanto fsica
quanto psicologicamente.

As pessoas com ansiedade-trao percebem as situaes perigosas com mais facilidade e respondem
a elas com uma ansiedade-estado desproporcional.

Existem algumas estratgias que podem auxiliar o atleta a lidar com o excesso de ansiedade e tenso,
como aprender a reconhecer e a mudar pensamentos negativos, utilizar afirmaes positivas, regular
a respirao, manter o senso de humor e fazer relaxamento.

Segundo Fleury (2005), a ansiedade pr-competitiva um estado emocional que se caracteriza


por nervosismo, preocupao e apreenso; pode ser gerado por nossos pensamentos (ansiedade
cognitiva) ou por reaes fisiolgicas (ansiedade somtica).

Existem muitas causas para o aparecimento da ansiedade antes da competio, mas, em geral, elas
reduzem-se a dois fatores: a incerteza que os indivduos possuem acerca do resultado e a importncia
que o resultado representa para os indivduos.

35
UNIDADE V ANSIEDADE E ESTRESSE NO ESPORTE

Atualmente numerosos esforos tm sido feitos na tentativa de definir, operacionalmente, e avaliar


o construto ansiedade, objetivando instrumentos de medidas mais confiveis. Segundo Keedwell e
Snaith (1996), as escalas de ansiedade medem vrios aspectos que podem ser agrupados de acordo
com os seguintes tpicos.

Humor: experincia de uma sensao de medo no associado a nenhuma situao


ou circunstncia especfica; a apreenso em relao a alguma catstrofe possvel ou
no identificada.

Cognio: preocupao com a possibilidade de ocorrncia de algum evento


adverso a si prprio ou a outros; pensamentos persistentes de inadequao ou de
incapacidade de executar adequadamente suas tarefas.

Comportamento: inquietao, ou seja, incapacidade de se manter quieto e


relaxado mais do que alguns minutos, andando de um lado para o outro, apertando
as mos ou outros movimentos repetitivos sem finalidade.

Estado de hipervigilncia: aumento da vigilncia, explorao do ambiente,


resposta aumentada a estmulos (sustos), dificuldade de adormecer (no devida
inquietao ou preocupao).

Sintomas somticos: sensao de constrio respiratria, hiperventilao e suas


consequncias, tais como espasmo muscular e dor (sem outra causa conhecida),
tremor; manifestaes somticas de hiperatividade do sistema nervoso autnomo
(taquicardia, sudorese, aumento da frequncia urinria).

Outros: categoria residual que pode incluir estados como despersonalizao, baixa
concentrao e esquecimento, bem como sintomas que se referem a um desconforto,
no necessariamente especfico de ansiedade.

Segundo Fioravanti (2006), com o aumento das pesquisas nesta rea, muitas escalas foram
desenvolvidas para tal avaliao, entre elas se destaca as seguintes.

O Inventrio de Ansiedade de Beck (1988)

Escala de Ansiedade de Hamilton (1959)

Escala Breve de Ansiedade (1984)

Escala Clnica de Ansiedade (1982)

Inventrio de Ansiedade Trao-Estado (1979)

Escala de Ansiedade Manifesta de Taylor (1953)

Escala de Ansiedade de Welsh (1965)

Escala de Ansiedade IPAT (1963)

36
ANSIEDADE E ESTRESSE NO ESPORTE UNIDADE V

Estresse
Segundo Delboni (1997), a palavra estresse um termo que foi usado inicialmente na Fsica para
traduzir o grau de deformidade sofrido por um material quando submetido a um esforo ou tenso.
Hans Selye (mdico) transps este termo para a Medicina e a Biologia, significando esforo de
adaptao do organismo para enfrentar situaes que considere ameaadoras sua vida e ao seu
equilbrio interno.

De acordo com Weinberg e Gould (2001), estresse definido com um desequilbrio substancial
entre as demandas fsicas e psicolgicas impostas ao indivduo e sua capacidade de resposta, sob
condies em que esta falha na satisfao de tais demandas gerem consequncias importantes.

Segundo o modelo de Smith (1986), o estresse competitivo composto por trs fatores.

A situao que envolve uma interao entre as demandas do meio e os recursos


pessoais. Quando h um equilbrio entre esses dois fatores, o estresse mnimo.
Mas quando ocorre um desequilbrio significativo em um deles, ento o estresse
pode acontecer em nveis prejudiciais. As demandas podero ser tanto de ordem
interna (determinadas pelo prprio indivduo), quanto externas (determinadas
pelo meio competitivo).

A avaliao cognitiva tem uma importncia muito grande nesse processo, pois a
intensidade das respostas emocionais acontece em funo de como os atletas
interpretaro as situaes, seu significado e a habilidade que ele ter para lidar
com elas. As interpretaes dependero de uma srie de atributos pessoais, como
crenas, autoconceito, nvel de habilidade, nvel de condicionamento fsico e nvel
de expectativa.

As respostas (que podero ser fisiolgicas, motoras ou psicolgicas), por sua vez
estaro diretamente relacionadas avaliao cognitiva. Quando essa avaliao indicar
que a situao pode representar uma ameaa ao atleta, ento haver uma mobilizao
de recursos para que ele possa lidar com ela. No conseguindo, o atleta poder sofrer
uma influncia negativa e ter, entre outras coisas, seu desempenho prejudicado.

Todos esses fatores sero diretamente afetados pelas caractersticas de personalidade do atleta e por
fatores motivacionais presentes no processo competitivo.

Barbosa e Cruz (1997) afirmam que, no esporte, o estresse ocorre independentemente de idade, sexo,
posio especfica ou nvel competitivo dos atletas. Ele poder ser positivo quando representado por
uma necessidade de alcanar ou manter uma ativao tima antes e durante o evento, levando o
atleta a mobilizar energias para alcanar seus objetivos.

Uma vez que a relao entre o esporte competitivo e o estresse considerada importante para se
entender determinados comportamentos que podem afetar o desempenho dos atletas, o estudo dos
instrumentos que possibilitam analisar esta relao fundamental.

37
UNIDADE V ANSIEDADE E ESTRESSE NO ESPORTE

A forma mais comum de medir ou ter acesso ao estresse esportivo por meio de listagens de
situaes de estresse relacionadas a uma determinada modalidade esportiva (DE ROSE JUNIOR et
al., 1993; SAMULSKI; CHAGAS, 1996; BRANDO, 2000). Alguns trabalhos, entretanto, focalizam
o interesse do estudo nas reaes emocionais dos atletas (DE ROSE JUNIOR, 1997), provavelmente
pela estreita relao que existe entre o agente estressor e a reao emocional de um atleta em
determinada situao.

Segundo De Rose Junior (2002), a competio uma fonte inesgotvel de situaes causadoras
de estresse. [...] representa um constante desafio que, muitas vezes, [...], acaba por se tornar uma
ameaa ao atleta. Ainda, segundo o mesmo autor, existe uma srie de fatores que podem influenciar
o rendimento do atleta. Nesse sentido,

resta aos atletas e aos profissionais do esporte e da psicologia terem


conhecimento desses fatores e dos atributos dos atletas para que se lhes
proporcione a melhor forma de lidar com tantas variveis e manter um nvel
de desempenho que lhes permita atingir os objetivos determinados individual
e coletivamente (p.25).

BRANDO, M.R.F. Fatores de stress em jogadores de futebol profissional. Tese


(Doutorado). Faculdade de Educao Fsica, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2000.

DE ROSE JUNIOR, D. A competio como fonte de estresse no esporte. Revista


Brasileiro de Cincia e Movimento. Braslia, v. 10, no 04, p. 19-26, out. 2002.

SAMULSKI, D.; CHAGAS, M.H. Anlise do estresse psquico na competio em


jogadores de futebol de campo das categorias juvenil e jnior. Revista da Associao
dos Professores de Educao Fsica de Londrina, II, 19, 3-11, 1996.

38
Para (no) finalizar

No possvel encerrarmos um estudo do processo de ensino e aprendizagem, uma vez que o mesmo
no finito.

A Psicologia do Esporte uma rea de conhecimento que a cada dia que passa renova suas temticas
e estende para mais longe seu campo de atuao. O que esperamos que com os conceitos e os
temas propostos e discutidos nesse Caderno de Estudos, o olhar de vocs vislumbre um horizonte
infindvel para desbravar.

Nesse Caderno de Estudos, em um primeiro momento, tentamos subsidiar a compreenso dos


processos psicolgicos que permeiam a prtica esportiva, mas, que um olhar mais cuidadoso
percebe que esto alm do cenrio esportivo, que envolvem o cotidiano no s de atletas, mas
de todos os sujeitos envolvidos com o fenmeno do esporte. Ao longo do Curso, em um segundo
e terceiro momentos, procuramos discutir os diferentes processos psicolgicos, que tambm
podemos entender como contedos clssicos da Psicologia do Esporte, diretamente relacionados
prtica esportiva, discutindo e analisando um processo que de mo dupla, haja vista que esses
processos psicolgicos tambm sofrem influncias (positivas e/ou negativas) da prtica do esporte
e das atividades fsicas.

No sentido de instigar ainda mais o interesse sobre o assunto, indico um texto sobre inteligncia
humana que contribuir sobremaneira para o entendimento da rea:

ZYLBERBERG, T. P.; NISTA-PICCOLO, V. L. As contribuies dos estudos sobre inteligncia


humana para a pedagogia do esporte. Pensar a Prtica. v. 11, n. 1, p. 59-68, jan./jul. 2008.

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