Mecanica Dos Fluidos
Mecanica Dos Fluidos
Mecanica Dos Fluidos
1
Mecnica dos Fluidos
2
Mecnica dos Fluidos
FSICA APLICADA
MECNICA DOS FLUIDOS
LUIZ FERNANDO FIATTE CARVALHO
EQUIPE PETROBRAS
Petrobras / Abastecimento
UNS: REPAR, REGAP, REPLAN, REFAP, RPBC, RECAP, SIX, REVAP
3
CURITIBA
2002
Mecnica dos Fluidos
Apresentao
Nome:
Cidade:
Estado:
Unidade:
5
Mecnica dos Fluidos
Sumrio
1 CONCEITOS DE HIDROSTTICA APLICADOS ....................................................... 7
1.1 Conceito de fluido ..................................................................................................... 7
1.2 Propriedades gerais dos fluidos e diferena entre lquidos e gases ........................... 7
1.2.1 Propriedades gerais dos fluidos ....................................................................... 7
1.2.2 Diferena entre lquidos e gases ...................................................................... 8
1.3 Conceitos de massa especfica, peso especfico e densidade .................................... 9
1.3.1 Massa especfica .............................................................................................. 9
1.3.2 Peso especfico ............................................................................................... 10
1.3.3 Densidade relativa .......................................................................................... 10
1.4 Variao da densidade de lquidos com a temperatura ............................................ 11
1.5 Presso nos fluidos .................................................................................................. 12
1.5.1 Conceitos bsicos de presso ......................................................................... 12
1.5.2 Experincia de Torricelli ................................................................................ 13
1.5.3 Variao da presso com relao profundidade .......................................... 13
1.5.4 Medidores de presso ..................................................................................... 14
1.6 Princpio dos vasos comunicantes ........................................................................... 15
1.7 Princpio de Pascal (prensas hidrulicas) ................................................................ 16
1.8 Princpio de Arquimedes (empuxo) ........................................................................ 17
1.9 Princpio de funcionamento de densmetros ........................................................... 18
1.9.1 Os densmetros ............................................................................................... 18
1.9.2 Mtodo da balana hidrosttica ..................................................................... 18
1.9.3 Vaso de Pisani ................................................................................................ 18
1.9.4 Hidrmetro (densmetro) ............................................................................... 19
Conceitos de
hidrosttica aplicados 1
Como vimos, a propriedade comum a es-
1.1 Conceito de fluido
tes dois estados fsicos, de forma indefinida,
Antes de estudarmos fluidos, devemos
(lquido e gasoso) escoar ou "fluir", com fa-
lembrar que a matria, como a conhecemos,
cilidade, atravs de um condutor ou duto. Es-
se apresenta em trs diferentes estados fsicos,
tudaremos aqui os "fluidos ideais", tambm
de acordo com a agregao de partculas: o esta-
chamados fluidos perfeitos.
do slido, o estado lquido e o estado gasoso.
Nos fluidos ideais, consideremos que no
O estado slido caracteriza-se por confe-
existe atrito entre as molculas que se deslo-
rir a um corpo forma e volume bem definidos.
cam quando o fluido escoa, nem atrito entre o
Os lquidos e os gases, ao contrrio dos sli-
fluido e as paredes do condutor. De qualquer
dos, no possuem forma prpria: assumem,
maneira, este problema de atrito s ser im-
naturalmente, a forma do recipiente que os con-
portante no estudo dos fluidos em movimento
tm. Os lquidos tm volume definido, enquanto
(hidrodinmica) e, basicamente, no influir
os gases, por serem expansveis, ocupam todo
sobre os fluidos em equilbrio, cujo estudo
o volume do recipiente que estejam ocupando.
(hidrosttica) objeto inicial destes primeiros
Fluido uma substncia que pode escoar
captulos.
(fluir) e, assim, o termo inclui lquidos e gases,
Podemos adiantar, entretanto, que a gran-
que diferem, notavelmente, em suas
deza que caracteriza o atrito entre as molcu-
compressibilidades; um gs facilmente com-
las de um fluido a viscosidade. Por exem-
primido, enquanto um lquido , praticamente,
plo, voc certamente j percebeu a diferena
incompressvel. A pequena (mnima) variao
marcante quando despejamos uma lata de leo
de volume de um lquido sob presso pode ser
em um tanque ou no cho e outra igual cheia
omitida nas situaes iniciais desta apostila.
de gua. Dizemos que o leo mais viscoso
Como vimos acima, os lquidos tm volu-
que a gua, pois "flui" com maior dificuldade
me definido, enquanto os gases, por serem
que a gua.
expansveis, ocupam todo o volume do reci-
piente em que estejam contidos. Estes aspec-
tos so importantes, pois em refinarias a apli-
1.2 Propriedades gerais dos fluidos e
cao destes conceitos fundamental no estu- diferena entre lquidos e gases
do das caractersticas fsicas e qumicas, de A Hidrosttica, como j foi citado anterior-
vapores, gasolina, petrleo, GLP e outros de- mente, trata de estudar os fluidos em equil-
rivados. brio. Caracterizaremos, agora, algumas das
Estado Forma Volume
propriedades dos fluidos em equilbrio, dando
Slido Definida Definido nfase especial aos lquidos. Mostraremos al-
Lquido Indefinida Definido gumas diferenas entre lquidos e gases e dei-
Gasoso Indefinida Indefinido xaremos os gases para serem estudados com
maior detalhe, posteriormente.
H2O
Exemplo prtico
Um bloco de alumnio possui, a 0C, um Quando voc exerce, com a palma da mo,
volume de 100 cm3. A densidade do alumnio, uma fora sobre uma superfcie (uma parede,
a esta temperatura, 2,7 g/cm3 . Quando vari- por exemplo), dizemos que voc est exercen-
amos a temperatura do bloco de 500C, o vo-
do uma presso sobre a parede. A figura re-
lume aumenta de 3%. Calcular a densidade do
alumnio na temperatura de 500C. presenta a fora F aplicada em um determina-
do ponto da superfcie, onde a componente nor-
0C = m/V m = 0C . V mal (Fx) da fora atua realizando presso.
m = 2,7 x 100 m = 270 g Observe, porm que, na realidade, a fora apli-
Variando a temperatura de 500C, o volu- cada pela mo distribui-se sobre uma rea,
me cresceu 3% e passou a ser 103 cm3. Ento: exercendo a presso.
500C = 270/ 103 500C = 2,6 g/cm3 Definimos a presso de uma fora sobre
uma superfcie, como sendo a razo entre a for-
Observao Importante a normal e a rea da superfcie considerada.
Na prtica, a medida da densidade uma Ento: p = F/A
tcnica de grande importncia, em muitas
p = presso
circunstncias. O estado da bateria de um
automvel pode ser testado pela medida da A = rea da superfcie,
densidade de eletrlito, uma soluo de ci- no qual F representa uma fora normal su-
do sulfrico. medida que a bateria des- perfcie.
carrega, o cido sulfrico (H2 SO4) combi- Sendo a presso expressa pela relao
na-se com o chumbo nas placas da bateria e P = F/A, suas unidades sero expressas pela
forma sulfato de chumbo, que insolvel, razo entre as unidades de fora e as unidades
decrescendo, ento, a concentrao da so- de rea, nos sistemas conhecidos.
luo. A densidade varia desde 1,30 g/cm3,
Grandeza Presso
numa bateria carregada, at 1,15 g/cm3, Sistema rea (A) Fora (F) (P = F/A)
numa descarregada. Este tipo de medida CGS
12 rotineiramente realizado em postos de ga- (prtico)
cm2 dina dina/cm2
solina, com o uso de um simples hidrme- MKS/SI
tro, que mede a densidade pela observao m2 N N/m2
(internacional)
do nvel, no qual um corpo calibrado flutua MKGFS
m2 kgf kgf/m2
numa amostra da soluo eletroltica. (tcnico)
Mecnica dos Fluidos
A unidade SI tambm conhecida pelo Presso Atmosfrica = 1 atm = 760 mmHg = 10,3 m (H2O) = 105 N/m2
nome PASCAL, abreviando-se Pa.
1 N/m2 = 1 Pa
Outras unidades utilizadas
Libras fora por polegada quadrada =
Lbf/pol
Atmosfera tcnica mtrica = atm
Milmetros de mercrio = mmHg
P atm
g
P2 = Pa
A B h2 h1
PA = PB < PC
h2 h1 h2 h1
(h) (h)
Presso P y2
C
escala
P1 = Pa
P1 = P
h1
y1
hA hB hC
gua
A B C (A)
Patm
Na figura, os pontos A,B, e C esto situa- Patm
h A1 A2
0h0 = AhA ou 0 = A
A h0
Com esta expresso, podemos calcular a
densidade absoluta do leo de qualquer outro JJG
no miscvel. F2
f
Plataforma
Voc j sabe que: p = F/A Fa /Aa= Fb/Ab
mvel
h H
P
17
P=E P=E
Corpo em equilbrio, corpo em equilbrio,
totalmente imerso parcialmente imerso. leo = 0,90 g/cm3
Mecnica dos Fluidos
Se o corpo flutua, significa que ele est
em equilbrio. Portanto, vlido escrever que:
P = E.
altura.
Vc = A x H e O corpo pesado dentro e fora d'gua, in-
Vd = A x h dicando, respectivamente, as massas m e m'.
Quando o corpo est totalmente imerso no l-
Lembre-se de que Vd o volume de lqui- quido, temos que:
do deslocado que, neste caso, igual ao volu- Vc = Vd
me da parte imersa do corpo. Reescrevendo a Vc = m/c Vd = mL/L
expresso (1), obtemos: Portanto: m/c = mL/L
cA x H = LA x h
c x H = L x h, ou ainda, c = m/mL x L
c = L x h/H Observe que mL a massa do lquido des-
locado quando o corpo foi imerso; se o corpo
Aplicando os dados numricos tinha massa m e passou a ter massa m, signi-
L = 0,90 g/cm3, h = 30 cm, H = 40 cm fica que mL = m m.
c = 0,90 x (30/40) Portanto, a expresso acima pode ser es-
C = 0,675 g/cm3 crita:
c = m/m m . L
1.9 Princpio de funcionamento de
densmetros 1.9.3 Vaso de Pisani
1.9.1 Os densmetros O vaso de Pisani mostrado na figura abaixo:
Os densmetros so aparelhos destinados
a medir a densidade dos corpos.
Vimos os mtodos analticos de calcular e
analisar a densidade. Alm destes mtodos, ve-
jamos aparelhos destinados a medir a densi-
dade dos corpos e que tambm se baseiam no
princpio de Arquimedes.
Haste graduada
Lastro
Anotaes
19
Mecnica dos Fluidos
Conceitos de
hidrodinmica aplicados 2
No incio de qualquer escoamento, o mes-
2.1 Introduo
A hidrodinmica o estudo de fluidos em mo instvel, mas, na maioria dos casos, pas-
movimento. um dos ramos mais comple- sa a ser estacionrio depois de um certo pero-
xos da Mecnica dos Fluidos, como se pode do de tempo. A velocidade em cada ponto do
ver nos exemplos mais corriqueiros de flu- espao, no escoamento estacionrio, perma-
xo, como um rio que transborda, uma barra- nece constante em relao ao tempo, embora a
gem rompida, o vazamento de petrleo e at velocidade de uma determinada partcula do
a fumaa retorcida que sai da ponta acesa de fluido possa variar ao longo da linha de escoa-
um cigarro. Embora cada gota d'gua ou par- mento.
tcula de fumaa tenha o seu movimento de- Linha de corrente definida como uma
terminado pelas leis de Newton, as equaes curva tangente, em qualquer ponto, que est
resultantes podem ser complicadas demais. na direo do vetor velocidade do fluido na-
Felizmente, muitas situaes de importncia quele ponto. No fluxo estacionrio, as li-
prtica podem ser representadas por mode- nhas de corrente coincidem com as de es-
los idealizados, suficientemente simples para coamento.
permitir uma anlise detalhada e fcil com-
preenso.
2.2.1 O escoamento
O movimento de fluidos pode se proces-
2.2 Conceitos fundamentais sar, fundamentalmente, de duas maneiras di-
Inicialmente, vamos considerar apenas o ferentes:
que chamado fluido ideal, isto , um fluido escoamento laminar (ou lamelar);
incompressvel e que no tem fora interna de escoamento turbulento.
atrito ou viscosidade. A hiptese de incom-
pressibilidade vlida com boa aproximao
O escoamento laminar caracteriza-se pelo
quando se trata de lquidos; porm, para os
gases, s vlida quando o escoamento tal movimento ordenado das molculas do flui-
que as diferenas de presso no so muito do, e todas as molculas que passam num dado
grandes. ponto devem possuir a mesma velocidade. O
O caminho percorrido por um elemento movimento do fluido pode, em qualquer pon-
de um fluido em movimento chamado li- to, ser completamente previsto.
nha de escoamento. Em geral, a velocidade
do elemento varia em mdulo e direo, ao
longo de sua linha de escoamento. Se cada
elemento que passa por um ponto tiver a
mesma linha de escoamento dos preceden-
tes, o escoamento denominado estvel ou
estacionrio.
O escoamento turbulento o contrrio do
escoamento laminar. O movimento das mol-
20 culas do fluido completamente desordena-
do; molculas que passam pelo mesmo ponto,
em geral, no tm a mesma velocidade e tor-
na-se difcil fazer previses sobre o compor-
tamento do fluido.
Mecnica dos Fluidos
fluido, em dada seo do condutor, pela rea
(A) da seo considerada, ou seja:
Q = Av
Para demonstrar, suponhamos um condu-
tor de seo constante.
L
1 2
Exemplo prtico
Um condutor de 20 cm2 de rea de seco
reta despeja gasolina num reservatrio. A ve-
locidade de sada da gua de 60 cm3/s. Qual
a vazo do fluido escoado?
Q = V/t
Onde V o volume escoado no tempo t, e
Q a vazo.
As unidades de vazo, voc pode obser-
var, so resultantes da razo entre unidades de
volume e unidades de tempo.
Assim:
Soluo
Grandeza
Sistema Volume (V) Tempo (t) Vazo (Q) Sabemos que a vazo Q dada por Q = V/T
CGS (prtico) cm3 S cm3/s ou Q = Av
MKS (internac) SI m3 S m3/ Neste caso, torna-se evidente que deve-
MKGFS (tcnico) m3 S m3/s mos usar a relao Q = Av, porque conhece-
mos a velocidade do fluido e a rea da seco
So ainda muito usadas as unidades litro reta do condutor.
por segundo e metro cbico por hora (m3/h). V = 60 cm3/s A = 20 cm2 21
Se tivermos num condutor um fluido em es-
Q = Av
coamento uniforme, isto , o fluido escoando
com velocidade constante, a vazo poder ser Q = 20 x 60
calculada multiplicando-se a velocidade (v) do Q = 1.200 cm3/s
Mecnica dos Fluidos
Suponha que, no exemplo, o reservatrio obrigao que vb e vc sejam iguais a va. O im-
tenha 1.200.000 cm3 de capacidade. Qual o portante que toda partcula que passe por B
tempo necessrio para ench-lo? tenha a mesma velocidade vb e por C a mesma
Soluo velocidade vc.
Temos V = 1.200.000 cm3 Se unirmos os pontos A, B e C, temos a
Q = 1.200 cm3/s trajetria de qualquer partcula que tenha pas-
T=? sado pelo ponto A. Esta trajetria conhecida
pelo nome de linha de corrente.
Aplicando a relao Q = V/t, tiramos t = V/Q Suponhamos, agora, um fluido qualquer
t = 1.200.000/1.200 t = 1.000 segundos escoando em regime permanente no interior
t = 16 minutos 40 s de um condutor de seco reta varivel.
Exemplo prtico
Uma bomba transfere leo diesel em um
reservatrio razo de 20 m3/h. Qual o vo-
lume do reservatrio, sabendo-se que ele est
completamente cheio aps 3 horas de funcio-
namento de bomba?
va
1A1v1 = 2A2v2
Assim, considerando A como um ponto Esta a equao da continuidade nos
22 qualquer no interior de um fluido, este estar escoamentos em regime permanente. Se o flui-
em regime permanente, desde que toda part- do for incompressvel, no haver variao de
cula que chegue ao ponto A passe com a mes- volume e, portanto, 1 = 2 e a equao da
ma velocidade e na mesma direo. O mesmo continuidade toma uma forma mais simples,
vlido para os pontos B e C, porm no h qual seja A1v1 = A2v2 ou Q1 = Q2.
Mecnica dos Fluidos
Esta relao nos mostra que onde a rea da Exemplo prtico
seco do condutor for maior, a velocidade de escoa- Calcular a velocidade do fluido na parte mais
mento da massa fluida menor e vice-versa. larga do condutor mostrado na figura abaixo:
Exemplo prtico
Considere um fluxo de gua num condu- v1 = 5,0 cm/s
tor de 15 cm de dimetro com velocidade de v2 = ?
8,5 cm/s. Em determinado ponto, h um A1 = 40 cm2
estreitamento de dimetro igual a 10 cm. Qual
A2 = 150 cm2
a velocidade da gua neste estreitamento?
Soluo
Aplicamos a equao da continuidade:
Av
A1v1 = A2v2 v2 = 1 1
A2
40 x 5 200
v2 = v2 = v2 = 1,3 cm/s
150 150
g acelerao da gravidade
Exemplo prtico
Benzeno flui num medidor Venturi que
tem 20 cm de dimetro na sua parte mais larga
e 8 cm na garganta. A presso manomtrica A velocidade das partculas fluidas nas
lida no manmetro de 10 cm Hg. Calcular a diferentes camadas vai aumentando gradativa-
vazo do benzeno, sabendo-se que sua massa mente, medida que maior a distncia da
especfica vale 0,90 g/cm3 e que Hg = 13,6 g/cm3; camada em relao superfcie da placa.
g = 10 m/s2. As camadas sucessivas do fluido tm, por-
Soluo tanto, diferentes velocidades. Isto implica que
Apliquemos a equao de vazo para o cada camada tende a retardar o movimento da
medidor Venturi: vizinha, que se move com maior velocidade e,
a = R2 = x (20/2)2 = 100 cm2 ao contrrio, acelerar a camada vizinha com
a = R2 = x (8/2) = 16 cm2 menos velocidade. Assim, numa determinada
24 ' = Hg = 13,6g/cm3; = 0,90 g/cm3 camada de fluido atuam duas foras: uma na di-
h = 10 cm; g = 10 m/s2 = 1.000 cm/s2 reo do escoamento e outra em sentido oposto.
2g ( ' ) h F2 F1
Q=a
Escoamento
Mecnica dos Fluidos
Estas foras surgem devido ao que cha- 2.2.6 Viscosmetros
mamos de viscosidade do fluido. A viscosi- Um viscosmetro ou viscmetro um ins-
dade , para fluidos, uma grandeza anloga ao trumento para medir viscosidades. A opera-
atrito, ou seja, a viscosidade uma espcie de o de um viscosmetro depende da realiza-
atrito entre as partculas do fluido que se mo-
o de um escoamento laminar sob certas con-
vem com velocidades distintas.
Em geral, expressamos este atrito entre as dies controladas.
partculas dos fluidos pela grandeza denomi-
nada coeficiente de viscosidade ou simples- Viscosmetro Saybolt
mente viscosidade, que caracterstica para Este tipo de instrumento de medida e afe-
cada fluido. rio muito utilizado em indstrias, princi-
Denotaremos o coeficiente de viscosida- palmente para produtos de petrleo e lubrifi-
de pela letra grega (eta). cantes em geral.
tenso de cisalhamento F/A
O lquido a ser testado introduzido
= =
taxa de variao da deformao de cisalhamento /l num tubo com uma rolha na extremidade
inferior. Este tubo imerso num banho l-
F = A quido para manter a temperatura do lquido
l a testar. Quando o equilbrio trmico esta-
belecido, a rolha retirada e o tempo neces-
Lei de Poiseuille
evidente, pela natureza geral dos efeitos srio para 60 mililitros de fluido escoarem,
viscosos, que a velocidade de um fluido visco- medido. Este tempo, medido em segundos,
so, que escoa atravs de um tubo, no ser cons- chamado de leitura universal Saybolt. En-
tante em todos os pontos de uma seco reta. A tra-se num grfico viscosidade x tempo e
camada mais externa do fluido adere s paredes obtm-se o valor da viscosidade. Um des-
e sua velocidade nula. As paredes exercem so- ses grficos mostrado a seguir, para a tem-
bre ela uma fora para trs e esta, por sua vez, peratura de 38C.
exerce uma fora na camada seguinte na mesma
direo e assim por diante. Se a velocidade no g/cm3
for muito grande, o escoamento ser lamelar, a
velocidade atingir um mximo no centro do
tubo, decrescendo a zero nas paredes.
0
Como vimos, o escoamento semelhante
ao do movimento de vrios tubos telescpios = 38oC
que deslizam um em relao ao outro: o tubo
central avana mais rapidamente, enquanto o
externo permanece em repouso. o
C
T
Considere a variao de velocidade em t0
relao ao raio de um tubo, cujo raio interno
R, atravs do qual escoa um fluido coaxial, com Correlao entre a leitura universal
um tubo, de raio r e comprimento. A fora, na Saybolt (leos) e a Viscosidade
extremidade esquerda do tubo, 1 r2 e, na
direita, 2 r2. A fora propulsora :
F = (1 2 ) r 2
Unidades de viscosidade
CGS ......................................dina.s/cm2
MKS .....................................N.s/m2
MKgfS ..................................kgf.s/m2
A unidade dina.s/cm2 conhecida pelo 38oC 25
nome de POISE.
Outras unidades de viscosidade so:
o centipoise 1 cp = 102 poise 38
A unidade de viscosidade cinemtica o Como hBC maior que hDB, para a igualda-
cm /s (no CGS).
2
de acima ser verdade, a presso que empurra
o lquido em A deve ser maior que a presso
Exemplo prtico que suporta o lquido em C.
A leitura Saybolt para um leo a 38C,
tendo massa especfica 0,92 g/cm3 100 se- PA PC = g (hBC hDB)
gundos. Qual a viscosidade dinmica do Estabelece-se, portanto, uma corrente de
leo? lquido desde A at C, enquanto o extremo
Soluo: C permanea mais baixo que o nvel do l-
Sabemos que: = / , da vem que = . quido (D).
O valor de obtido do grfico. Entramos Para fazer o sifo funcionar, necess-
com t = 100 s e obtemos = 0,20 cm2/s. rio ench-lo, previamente, com o lquido ou,
= 0,20 x 0,92 ento, depois de introduzi-lo no recipiente,
= 0,18 poise aspirar pelo outro extremo.
Arete hidrulico o Arete hidrulico
2.2.7 Princpio de funcionamento do Sifo e ou martelo hidrulico, ou ainda carneiro hi-
drulico, um dispositivo para elevar um
efeitos do Golpe de Arete (martelo hidrulico)
lquido, que aproveita a prpria energia do
Sifo um sifo nada mais que um tubo
lquido.
encurvado, aberto nos extremos e com um
ramo maior que o outro.
Nvel de
B montante
hDB
D
Ar
hBC
A
Altura Recalque
da queda
Vlvula B
Enchendo o tubo com lquido e introdu-
Vlvula A
zindo o extremo da parte mais curta num re-
cipiente contendo o mesmo lquido com que Quando se fecha bruscamente a vlvu-
se encheu o sifo, d-se incio a um escoa- la A, a parada do lquido produz um cho-
mento sem que haja necessidade de bombas que brusco (golpe de Arete) e a presso
ou outro equipamento qualquer. O fenme- aumenta instantaneamente, provocando a
no pode ser explicado da seguinte maneira: abertura da vlvula B. O lquido ento
a presso em A, que empurra o lquido para empurrado para o reservatrio superior, sob
26 cima dentro do tubo, igual presso at-
o efeito da sobrepresso. Quando a vlvula
mosfrica, menos o peso da coluna de lqui- B se fecha, abre-se a vlvula A, estabele-
do DB. cendo o escoamento e o fenmeno pode ser
PA = Patm ghDB reproduzido.
Mecnica dos Fluidos
a) H1 x R1 = H2 x R2
b) R21 x H1 = R22 x H2
H1 H1 b)
c) =
R1 R 2
gua
d) R1 = R2
e) H1 = H2
1,0 m gua
33
Mecnica dos Fluidos
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