EQ601 GrupoA Relatório1
EQ601 GrupoA Relatório1
EQ601 GrupoA Relatório1
Grupo A
Ana Cristine Boniatti Zilio RA: 231059
Deborah Leal Pedrassoli RA: 237858
Isabela Soares Antunes RA: 238008
Leandro Barbosa RA: 238108
Letícia Marques Rosa RA: 247892
Sabrina Megumi Hayata RA: 238274
Campinas
01 de abril de 2024
SUMÁRIO
2
3
1. DECLARAÇÃO DE AUTORIA E RESPONSABILIDADE
4
2. RESUMO
A caracterização reológica dos fluidos é de grande importância na engenharia
química, já que permite compreender o comportamento de fluidos em tubulações e
dimensionar equipamentos. Nesse contexto, o Experimento 1 busca caracterizar
reologicamente a água e uma solução de carboximetilcelulose (CMC) utilizando um
viscosímetro de tubo capilar descartável. Como resultados, foram obtidos os parâmetros
−4
𝑛 = 1, 0153 e 𝐾 = 7, 19 · 10 para a água, correspondendo ao comportamento
−3
newtoniano esperado, e 𝑛 = 1, 1055 e 𝐾 = 7, 16 · 10 para a solução de CMC,
divergindo do comportamento pseudoplástico descrito na literatura. Os motivos para a
divergência de resultados no segundo caso serão discutidos ao longo deste relatório. Foram
obtidos, também, os reogramas para a água e para a solução de CMC.
3. OBJETIVOS
O experimento possuiu como objetivo o estudo reológico de uma solução polimérica
de carboximetilcelulose (CMC) a partir da caracterização de sua viscosidade. Para tal, o
viscosímetro utilizado foi um viscosímetro indireto, o viscosímetro de tubos capilares, que
nos forneceu a relação entre a taxa de deformação e a tensão de cisalhamento.
4. INTRODUÇÃO
A reologia é uma ciência que busca estudar o fluxo e a deformação da matéria em
todos os estados físicos (sólido, líquido e gasoso). Quando tratando-se de fluidos (estados
líquido e gasoso), um dos parâmetros mais importantes para seu estudo e classificação na
área de reologia é a viscosidade. A viscosidade dinâmica de um fluido é entendida como uma
propriedade que qualifica sua capacidade de resistência em relação ao movimento do mesmo,
interligando, então, a tensão de cisalhamento aplicada sobre o fluido no escoamento e a taxa
de deformação que este fluido sofre. Podemos, de acordo com a relação entre a tensão de
cisalhamento e taxa de deformação, classificar os fluidos em fluidos newtonianos e fluidos
não-newtonianos. Para fluidos classificados como newtonianos, tem-se que a taxa de
deformação é linearmente proporcional à tensão de cisalhamento e para os não-newtonianos
tem-se uma relação não linear entre estes dois fatores. Fluido não-newtoniano é aquele cujo
diagrama de escoamento (tensão de cisalhamento em função da taxa de deformação) não é
linear ou não passa através da origem, ou seja, é aquele cuja viscosidade não é constante à
5
uma dada temperatura e pressão, mas dependente de condições como, por exemplo,
geometria do fluxo ou vazão de fluido e taxa de deformação (PEREIRA, 2006).
Fluidos não-newtonianos podem ainda ser classificados de acordo com a dependência
ou independência de seus fatores reológicos (como a viscosidade) em relação ao tempo.
Fluidos não-newtonianos dependentes do tempo classificam-se entre reopéticos e
tixotrópicos, enquanto os que independem do tempo são divididos em dilatantes,
pseudoplásticos, plásticos de Bingham e fluidos de Herschel-Bulkley.
Tratando-se de fluidos dependentes do tempo, temos que fluidos reopéticos são
aqueles nos quais a viscosidade aparente aumenta conforme o tempo ao qual este fluido está
sendo submetido à tensão de cisalhamento aumenta, enquanto que fluidos tixotrópicos são
aqueles nos quais a viscosidade aparente diminui conforme o tempo de exposição à tensão
cisalhante aumenta. Um exemplo de fluido reopético é a argila bentonita e de fluido
tixotrópico é o petróleo cru.
Plásticos de Bingham e fluidos de Herschel-Bulkley são fluidos independentes do
tempo que possuem uma tensão cisalhante limite, ou seja, aguentam até certo valor de tensão
de escoamento antes de começarem a sofrer deformação plástica. Em plásticos de Bingham,
após o atingimento da tensão cisalhante limite, há deformação e essa se relaciona de forma
linear com a tensão de cisalhamento, enquanto que para fluidos de Herschel-Bulkley temos
uma associação não linear entre esses dois fatores.
Fluidos dilatantes e pseudoplásticos são fluidos independentes do tempo que não
possuem tensão cisalhante limite. Possuem comportamentos diferentes frente ao aumento da
tensão de cisalhamento, os dilatantes têm sua viscosidade aumentada , enquanto os fluidos
pseudoplásticos apresentam comportamento contrário (viscosidade diminui conforme a
tensão de escoamento aumenta). A solução de carboximetilcelulose (CMC), utilizada no
experimento realizado, classifica-se como um fluido pseudoplástico.
É importante citar, ainda, o grupo dos fluidos viscoelásticos. Fluidos viscoelásticos
são fluidos não-newtonianos que não podem se classificar nem como fluidos dependentes do
tempo e nem independentes, isso porque possuem comportamento viscoso (tal como fluidos
viscosos) e elástico (como sólidos elásticos) ao mesmo tempo. O que ocorre na prática é que
fluidos viscoelásticos, ainda que possuam taxa de deformação não nula, são capacitados para
atenuar, ainda que não integralmente, os efeitos dessa deformação.
A maneira experimental de se medir a viscosidade de um fluido conta com o auxílio
de um viscosímetro - aparelho que, através da simulação de um escoamento, fornece
informações reológicas do fluido em questão. Há diversos tipos de viscosímetros, podendo
6
estes serem primários ou secundários a depender da forma de funcionamento dos mesmos.
Viscosímetros primários medem a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação de forma
direta, enquanto que viscosímetros secundários realizam a medida de forma indireta
(fornecem a relação entre a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação). O viscosímetro
escolhido para utilização no experimento é um viscosímetro secundário: viscosímetro de tubo
capilar.
O viscosímetro de tubo capilar é composto de um tubo capilar de comprimento e área
transversal constantes pelo qual o fluido irá escoar de forma com que ele nos forneça a
diferença de pressão entre o fluido em sua entrada e em sua saída, a qual está relacionada
com o atrito do escoamento. Através dessa queda de pressão, pode-se calcular a viscosidade
do fluido por meio de equações que relacionam a queda de pressão às condições do processo
e à viscosidade.
É importante ressaltar, por fim, a importância prática dos aspectos reológicos
estudados. Na área de engenharia química é necessário que conheçamos a reologia dos
fluidos a serem aplicados em processos, pois é a partir destas características que torna-se
possível prever o comportamento e o escoamento dos mesmos. A viscosidade se faz essencial
para a classificação do escoamento, pois é um parâmetro necessário para o cálculo do número
de Reynolds. Um exemplo prático de aplicação é o dimensionamento de equipamentos como
bombas e turbinas, que são especialmente planejadas para fornecer/retirar energia de fluidos.
5. MATERIAIS E MÉTODOS
7
Figura 5.1 - Esquema do aparato experimental para o experimento 1. Fonte: roteiro do experimento.
8
6. DADOS EXPERIMENTAIS
9
0,36 3,0 51,22
Tabela 6.3 - Dados coletados para cálculo da massa específica da solução de CMC.
Parâmetro Valor
Parâmetro Valor
7. MEMÓRIA DE CÁLCULO
7.1. DIÂMETRO DO CAPILAR
O cálculo do diâmetro do capilar foi feito a partir do escoamento da água. Para fins de
cálculo, será utilizado como exemplo o ponto em que a altura é 0,30 m, apresentado na
Tabela 6.1.
Primeiramente, foram calculados a vazão e a queda de pressão para cada ponto,
segundo as equações abaixo. Com base na temperatura da água obtida na Tabela 6.3, é
3
possível obter a massa específica da água ρ𝐻2𝑂(26°𝐶) = 996, 783 𝑘𝑔/𝑚 (Perry, 1997).
10
−6
𝑉 9,00·10 −7 3
𝑄= 𝑡
= 10,24
= 8, 78906 · 10 𝑚 /𝑠
−4
4 128 µ 4 128 · 8,72·10 −3
⇔𝐷 = π𝑎
= 9 = 1, 8553 · 10 𝑚
π · 3·10
( )
∆𝑃
𝐿
𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎
=
∆𝑃
𝐿
− 𝑏 = 1949, 19 − (− 488, 6) = 2437, 79 𝑃𝑎/𝑚
11
Como o escoamento é laminar, conforme calculados os números de Reynolds para os
pontos experimentais, utiliza-se a equação de Metzner e Reed. Linearizando essa equação,
obtém-se uma equação reta em que o coeficiente angular é o parâmetro n’ e o linear é ln(K’):
𝐷
4 ( )
∆𝑃
𝐿
𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜
= 𝐾' ( ) 8𝑣 𝑛'
𝐷
⇒ 𝑙𝑛 ( 𝐷
4 ( )
∆𝑃
𝐿
𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜
) = 𝑛' 𝑙𝑛 ( ) + 𝑙𝑛(𝐾') ⇔ 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏
8𝑣
𝐷
𝑙𝑛 ( 𝐷
4 ( )
∆𝑃
𝐿
𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜
) = 1, 0153 𝑙𝑛 ( )
8𝑣
𝐷
− 7, 2418
𝑛'á𝑔𝑢𝑎 = 1, 0153
𝑣 0,3251 −1
γ=8 · 𝐷
=8 · −3 = 1401, 85 𝑠
1,8553·10
𝑛−1 −4 1,0153−1 −4
µ = 𝐾γ = 7, 19 · 10 · (1401, 85) = 8, 03 · 10 𝑃𝑎. 𝑠
12
7.3. REOLOGIA DA SOLUÇÃO POLIMÉRICA
O mesmo procedimento matemático para obtenção dos parâmetros K e n da água foi
repetido para a solução de CMC. Para fins de exemplificação, o ponto de altura 0,28 m do
escoamento da solução polimérica será utilizado nos cálculos.
Primeiramente, foram calculadas a vazão, a velocidade e a queda de pressão para cada
um dos pontos apresentados na Tabela 6.2., utilizando o diâmetro calculado no item 7.1 e a
massa específica da solução polimérica, calculada no item 7.4.
−6
𝑉 3,00 · 10 −8 3
𝑄= 𝑡
= 58,32
= 5, 144 · 10 𝑚 /𝑠
−8
𝑄 𝑄 4 ·5,144·10
𝑣= 𝐴
= 𝐷 2
= −3 2
= 0, 0190 𝑚/𝑠
π( )2 (
π · 1,8553·10 )
Δ𝑃 ρ𝐶𝑀𝐶 𝑔∆ℎ 999,20 · 9,81 · 0,28
𝐿
= 𝐿
= 1,505
= 1823, 66 𝑃𝑎/𝑚
𝑙𝑛 ( )
𝐷∆𝑃
4𝐿
= 1, 1055 𝑙𝑛 ( ) 8𝑣
𝐷
− 4, 9662
Da equação de Metzner e Reed linearizada, sabe-se que o coeficiente linear dessa reta
é ln(K’) e o coeficiente angular é o parâmetro n’:
8𝑣 𝑛'
𝐷∆𝑃
4𝐿
= 𝐾' ( )𝐷
⇒ 𝑙𝑛 ( ) = 𝑛' 𝑙𝑛( ) + 𝑙𝑛(𝐾') ⇔ 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏
𝐷∆𝑃
4𝐿
8𝑣
𝐷
𝑛'𝐶𝑀𝐶 = 1, 1055
13
𝑛 𝑛−1
µγ = 𝐾γ ⇔ µ = 𝐾γ
em que τ é a tensão de cisalhamento, μ é a viscosidade dinâmica, γ é a taxa de deformação, K
é o índice de consistência e n é o índice de comportamento.
A tensão de cisalhamento e a taxa de deformação podem ser calculadas da equação de
Metzner e Reed pelas relações:
−3
𝐷 ∆𝑃 1,8553·10 𝑘𝑔
τ= 4
· 𝐿
= 4
· 1823, 66 = 0, 8459 2
𝑚𝑠
𝑣 0,0190 −1
γ=8 · 𝐷
=8 · −3 = 82, 05 𝑠
1,8553·10
14
8. RESULTADOS E DISCUSSÃO
8.1. DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO DO CAPILAR
Os dados experimentais coletados para água (diferença de altura, volume de água e
tempo de coleta e suas médias) estão apresentados na Tabela 6.1. A partir desses valores,
foram calculadas as vazões e as quedas de pressão por comprimento do capilar para cada
ponto, apresentadas na tabela 8.1 a seguir. É importante ressaltar que o número de Reynolds
foi calculado após determinação do diâmetro do capilar, a fim de comprovar o regime
laminar, assim, permitindo a utilização das equações enunciadas no memorial de cálculo
15
Com os valores de queda de pressão por comprimento (ΔP/L) e vazão, foi gerado um
gráfico de perfil linear representado na Figura 8.1 a seguir, na qual o eixo y corresponde à
queda de pressão por comprimento e o eixo x, à vazão. Realizando um ajuste linear, foi
obtida a seguinte equação de reta, com coeficiente de determinação (R²) igual a 0,9934, o que
comprova a eficiência da linearização:
9
𝑦 = 3 × 10 𝑥 − 488, 6
No entanto, vale evidenciar as incertezas relacionadas às medidas dos dados
experimentais, como os erros de paralaxe, associado à diferença de altura, e humano, ao aferir
o tempo com o cronômetro. Tais erros culminaram na aparição de um coeficiente linear na
equação de reta, que, pelo modelo matemático utilizado (Lei de Hagen-Poiseuille), deveria
ser nulo. Com isso, foi necessário realizar a correção dos valores de queda de pressão para
cálculo de n’ e K’.
16
8.2. PARÂMETROS DE K’ E n’ DO MODELO DE METZNER E REED
8.2.1. ÁGUA
Como mencionado no item anterior, os valores de queda de pressão obtidos devem ser
corrigidos utilizando o coeficiente linear da equação gerada pelo gráfico da Figura 8.1. Já que
o coeficiente linear é negativo, soma-se esse valor às quedas de pressão, obtendo o resultado
expresso na Tabela 8.2, a seguir.
Queda de pressão por comprimento ∆P/L Queda de pressão por comprimento corrigida
(Pa/m) (Pa/m)
1299,461 1788,061
1429,407 1918,007
1559,353 2047,953
1689,299 2177,899
1819,245 2307,845
1949,191 2437,791
2079,137 2567,737
2209,083 2697,683
2339,029 2827,629
2468,975 2957,575
2598,921 3087,521
17
2728,867 3217,467
Para efeito de comparação, foi aplicado o modelo de Metzner Reed para as quedas de
pressão antes e depois da correção. Dessa forma, calculou-se os termos y e x,
correspondentes, respectivamente, a ln(DΔP/4L) e ln(8v/D), da equação linearizada, sendo D
o diâmetro do capilar, L o comprimento do capilar, ΔP a queda de pressão e v a velocidade.
Os valores obtidos são representados na Tabela 8.3 adiante.
Devido a correção, ao gerar o gráfico com os valores corrigidos e obter a equação de
ajuste linear, encontra-se uma equação com coeficiente linear mais próximo de zero. Além
disso, é importante notar que a correção altera apenas o termo y, já que x independe da queda
de pressão.
y x y x
18
30 -0,1008 7,2455 0,1228 7,2455
Com esses valores de y e x foram gerados dois gráficos, apresentados na Figura 8.2,
cujos ajustes lineares geraram as equações abaixo, para o gráfico não-corrigido e o corrigido,
respectivamente.
𝑦 = 1, 2762𝑥 − 9, 3632
𝑦 = 1, 0153𝑥 − 7, 2418
Os ajustes lineares apresentaram R² de, respectivamente, 0,9886 e 0,9921, sendo
assim comprovada a eficiência do ajuste.
Dessa forma, utilizando o coeficiente linear e o coeficiente angular da equação com a
correção, obtém-se n’ de 1,0153 e K’ de 0,0007. Esses resultados serão explorados na análise
do comportamento reológico da água e da solução de CMC.
19
Figura 8.2 - Gráficos de ln(DΔP/4L) por ln(8v/D) para as quedas de pressão a) não corrigidas e b) corrigidas
20
Tabela 8.3 - Parâmetros calculados com os dados experimentais do CMC
Altura (cm) y x
20 -0,5039 3,9439
22 -0,4086 4,1745
24 -0,3216 4,2527
26 -0,2415 4,273
28 -0,1674 4,4073
30 -0,0984 4,415
21
32 -0,0339 4,4969
34 0,0268 4,5373
36 0,0839 4,5371
38 0,138 4,6104
40 0,1893 4,6131
42 0,2381 4,654
22
quedas de pressão foram satisfatórias. Além disso, o valor de K encontrado foi de 0,0007.
Como n deveria ser igual a 1, então, pela Lei da Viscosidade de Newton,
𝐾 = μ = 8, 724 · 10⁻⁴ 𝑃𝑎. 𝑠, 26°C (Perry, 1997). Portanto, o valor de K obtido também
se mostra satisfatório em relação à literatura.
Para a solução de carboximetilcelulose (CMC), era esperado que o valor de n
encontrado fosse menor que 1, já que o CMC é um fluido do tipo pseudoplástico. No entanto,
o valor de n encontrado foi de 1,1055, colocando o CMC como um fluido dilatante (n > 1).
Nesse caso, entende-se que os erros no registro da diferença de altura (paralaxe) e o erro
humano ao utilizar o cronômetro afetaram o resultado final. O valor de K encontrado foi de
0,0070, o que se distancia dos valores encontrados na literatura, de n = 0,843 e K = 0,00560
para uma solução de CMC com concentração de 0,2 (% p/v), a 26 °C (Leal, 2005).
Portanto, os resultados experimentais obtidos para a água estão de acordo com a
literatura, já que se obteve que a água é um fluido newtoniano (n próximo de 1) e o valor de
K foi próximo a viscosidade dinâmica tabelada a 26°C. Contrariamente, os resultados
experimentais referentes ao CMC não estão alinhados com a literatura devido às incertezas
associadas à coleta dos dados experimentais. Essas imprecisões acarretaram em pontos no
gráfico da Figura 8.3 que se distanciam do ajuste linear, que poderiam ser considerados como
outliers e retirados da análise, a fim de melhorar o ajuste linear e não perturbar os valores dos
coeficientes linear e angular da equação de reta gerada.
8.4. REOGRAMAS
Inicialmente, analisa-se o reograma referente a água, apresentado na Figura 8.4 a
seguir. É notável um comportamento linear da tensão de cisalhamento pela taxa de
deformação, o que é esperado para um fluido newtoniano (n = 1). O ajuste linear aplicado
apresentou R² de 0,9934, confirmando a eficiência do ajuste aplicado. Além disso, obteve-se
𝐾 ≃ µ (𝑇 = 26°𝐶), o que confirma o perfil do gráfico.
23
Figura 8.4 - Gráfico de tensão de cisalhamento por taxa de deformação para a água
24
obtido (Figura 8.6) é praticamente linear, o que ocorreu devido ao valor de n encontrado
experimentalmente ter sido próximo de 1. É importante ressaltar que, quanto mais distante de
1 for o valor de n, menos linear se torna o comportamento do gráfico. Isso pode ser
observado na Figura 8.7, em que são comparadas soluções de CMC com diferentes
concentrações. Conforme a concentração da solução aumenta, menor o valor de n obtido por
Oliveira (2018) e, consequentemente, menos linear é o perfil do reograma obtido.
Figura 8.6 - Gráfico de tensão de cisalhamento por taxa de deformação para o CMC
Figura 8.7 - Gráfico de tensão de cisalhamento por taxa de deformação para diferentes concentrações de CMC.
Fonte: Oliveira, 2018.
25
decresça com o aumento da taxa de deformação, como pode ser observado na Figura 8.9.
Porém, os resultados da Figura 8.8 apresentaram leve crescimento na viscosidade com o
aumento da taxa de deformação, assim como ocorreu para a água. No entanto, pelo valor de n
encontrado para o CMC ter sido maior que o encontrado para a água, o aumento na
viscosidade foi comparativamente maior. Além disso, do mesmo modo que foi analisada a
linearidade do comportamento da tensão de cisalhamento pela taxa de deformação conforme
a concentração, a viscosidade por taxa de deformação pode ser analisada analogamente na
Figura 8.9.
Dessa forma, não foi possível caracterizar o CMC corretamente, como um
pseudoplástico, neste experimento, uma vez que não se atendeu os requisitos esperados de n
< 1 e o decrescimento da viscosidade com o aumento da taxa de deformação, fatores
característicos de um pseudoplástico.
26
Figura 8.7 - Gráfico de viscosidade por taxa de deformação para diferentes concentrações de CMC.
Fonte: Oliveira, 2018
9. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
O experimento funcionou muito bem para demonstrar a reologia da água, uma vez
que foram obtidos parâmetros n e K muito semelhantes aos teóricos, conforme apresentado
na seção 8.3. Além disso, era esperado que, após os ajustes de queda de pressão, o gráfico de
tensão de cisalhamento por taxa de deformação fosse praticamente linear e, conforme
apresentado na seção 8.4, foi obtido um R² muito próximo de 1, indicando mais uma vez o
sucesso do experimento em evidenciar as propriedades reológicas da água.
Sendo assim, para atingir resultados ainda melhores, seria necessário associar e
calcular as incertezas relacionadas à medição da marcação da borboleta, da temperatura do
ambiente, da medição de água na proveta e do cronômetro.
Para solução de CMC, no entanto, o experimento falhou em demonstrar seu
comportamento pseudoplástico, uma vez que apresentou valores de n e K muito divergentes
da literatura. Além dos erros citados anteriormente, associados às incertezas de medição,
também é possível que o tempo para troca de fluido no capilar tenha sido muito curto – como
a viscosidade do CMC é muito maior que a da água, os dois minutos esperados para que o
CMC escoasse no capilar podem não ter sido suficientes para que a solução percorresse o
capilar em sua totalidade. Sendo assim, há a possibilidade da amostra coletada estar
contaminada com água nas primeiras medições.
Outra suposição é que o capilar dentro do frasco contendo a solução não estivesse
completamente alinhado com o fundo, já que após o nivelamento do capilar, foi necessário
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afundar a rolha no frasco para que não houvesse escapamento de ar por cima do viscosímetro.
Ao fazer esse ajuste, o instrumentador pode ter falhado em alinhar o capilar prejudicando o
experimento. Mais uma hipótese é que, como a solução polimérica é um fluido mais viscoso
que a água, o tempo para atingir o regime permanente após alteração na altura seria superior a
1 minuto.
Portanto, para obter melhores resultados no experimento contendo CMC, seria
necessário determinar as incertezas associadas às medições de altura, volume, massa e
temperatura; deixar a solução escoar por mais tempo antes de iniciar as medições; aumentar o
tempo de escoamento entre pontos medidos; e realizar as medições em duplicata ou triplicata.
Nome Atividade
Letícia Introdução
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FOX, R.W. E MCDONNALD, A. T. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 8. ed., Editora LTC,
2010.
PERRY, R. H.; GREEN, D. W. Perry's Chemical Engineers' Handbook. 7. ed. [S. l.]:
McGraw-Hill, 1997. 2640 p.
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