EQ601 GrupoA Relatório1

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Química


EQ601-A Laboratório de Engenharia Química I

EXPERIMENTO 1: REOLOGIA DE FLUIDOS

Grupo A
Ana Cristine Boniatti Zilio RA: 231059
Deborah Leal Pedrassoli RA: 237858
Isabela Soares Antunes RA: 238008
Leandro Barbosa RA: 238108
Letícia Marques Rosa RA: 247892
Sabrina Megumi Hayata RA: 238274

Campinas
01 de abril de 2024
SUMÁRIO

1. DECLARAÇÃO DE AUTORIA E RESPONSABILIDADE................................................3


2. RESUMO............................................................................................................................... 4
3. OBJETIVOS...........................................................................................................................4
4. INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 4
5. MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................................6
6. DADOS EXPERIMENTAIS..................................................................................................8
7. MEMÓRIA DE CÁLCULO.................................................................................................. 9
7.1. DIÂMETRO DO CAPILAR......................................................................................... 9
7.2. REOLOGIA DA ÁGUA............................................................................................. 10
7.3. REOLOGIA DA SOLUÇÃO POLIMÉRICA.............................................................11
7.4. MASSA ESPECÍFICA DA SOLUÇÃO POLIMÉRICA............................................13
8. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................... 13
8.1. DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO DO CAPILAR............................................... 13
8.2. PARÂMETROS DE K’ E n’ DO MODELO DE METZNER E REED..................... 15
8.2.1. ÁGUA................................................................................................................ 15
8.2.2. SOLUÇÃO DE CMC.........................................................................................18
8.3. CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO REOLÓGICA.....................................20
8.4. REOGRAMAS............................................................................................................21
9. CONCLUSÕES E SUGESTÕES.........................................................................................25
10. DISTRIBUIÇÃO DE ATIVIDADES.................................................................................26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... 27

2
3
1. DECLARAÇÃO DE AUTORIA E RESPONSABILIDADE

Os integrantes do grupo A (Ana Cristine Boniatti Zilio, Deborah Leal Pedrassoli,


Isabela Soares Antunes, Leandro Barbosa, Letícia Marques Rosa e Sabrina Megumi Hayata)
da disciplina de EQ601 - Laboratório de Engenharia Química I, turma A, declaram que o
conteúdo apresentado neste relatório é original e foi escrito pelos participantes supracitados.
Asseguramos, também, que todo o material consultado para a escrita do relatório está
devidamente referenciado neste documento.

Campinas, 01 de abril de 2024

4
2. RESUMO
A caracterização reológica dos fluidos é de grande importância na engenharia
química, já que permite compreender o comportamento de fluidos em tubulações e
dimensionar equipamentos. Nesse contexto, o Experimento 1 busca caracterizar
reologicamente a água e uma solução de carboximetilcelulose (CMC) utilizando um
viscosímetro de tubo capilar descartável. Como resultados, foram obtidos os parâmetros
−4
𝑛 = 1, 0153 e 𝐾 = 7, 19 · 10 para a água, correspondendo ao comportamento
−3
newtoniano esperado, e 𝑛 = 1, 1055 e 𝐾 = 7, 16 · 10 para a solução de CMC,
divergindo do comportamento pseudoplástico descrito na literatura. Os motivos para a
divergência de resultados no segundo caso serão discutidos ao longo deste relatório. Foram
obtidos, também, os reogramas para a água e para a solução de CMC.

3. OBJETIVOS
O experimento possuiu como objetivo o estudo reológico de uma solução polimérica
de carboximetilcelulose (CMC) a partir da caracterização de sua viscosidade. Para tal, o
viscosímetro utilizado foi um viscosímetro indireto, o viscosímetro de tubos capilares, que
nos forneceu a relação entre a taxa de deformação e a tensão de cisalhamento.

4. INTRODUÇÃO
A reologia é uma ciência que busca estudar o fluxo e a deformação da matéria em
todos os estados físicos (sólido, líquido e gasoso). Quando tratando-se de fluidos (estados
líquido e gasoso), um dos parâmetros mais importantes para seu estudo e classificação na
área de reologia é a viscosidade. A viscosidade dinâmica de um fluido é entendida como uma
propriedade que qualifica sua capacidade de resistência em relação ao movimento do mesmo,
interligando, então, a tensão de cisalhamento aplicada sobre o fluido no escoamento e a taxa
de deformação que este fluido sofre. Podemos, de acordo com a relação entre a tensão de
cisalhamento e taxa de deformação, classificar os fluidos em fluidos newtonianos e fluidos
não-newtonianos. Para fluidos classificados como newtonianos, tem-se que a taxa de
deformação é linearmente proporcional à tensão de cisalhamento e para os não-newtonianos
tem-se uma relação não linear entre estes dois fatores. Fluido não-newtoniano é aquele cujo
diagrama de escoamento (tensão de cisalhamento em função da taxa de deformação) não é
linear ou não passa através da origem, ou seja, é aquele cuja viscosidade não é constante à

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uma dada temperatura e pressão, mas dependente de condições como, por exemplo,
geometria do fluxo ou vazão de fluido e taxa de deformação (PEREIRA, 2006).
Fluidos não-newtonianos podem ainda ser classificados de acordo com a dependência
ou independência de seus fatores reológicos (como a viscosidade) em relação ao tempo.
Fluidos não-newtonianos dependentes do tempo classificam-se entre reopéticos e
tixotrópicos, enquanto os que independem do tempo são divididos em dilatantes,
pseudoplásticos, plásticos de Bingham e fluidos de Herschel-Bulkley.
Tratando-se de fluidos dependentes do tempo, temos que fluidos reopéticos são
aqueles nos quais a viscosidade aparente aumenta conforme o tempo ao qual este fluido está
sendo submetido à tensão de cisalhamento aumenta, enquanto que fluidos tixotrópicos são
aqueles nos quais a viscosidade aparente diminui conforme o tempo de exposição à tensão
cisalhante aumenta. Um exemplo de fluido reopético é a argila bentonita e de fluido
tixotrópico é o petróleo cru.
Plásticos de Bingham e fluidos de Herschel-Bulkley são fluidos independentes do
tempo que possuem uma tensão cisalhante limite, ou seja, aguentam até certo valor de tensão
de escoamento antes de começarem a sofrer deformação plástica. Em plásticos de Bingham,
após o atingimento da tensão cisalhante limite, há deformação e essa se relaciona de forma
linear com a tensão de cisalhamento, enquanto que para fluidos de Herschel-Bulkley temos
uma associação não linear entre esses dois fatores.
Fluidos dilatantes e pseudoplásticos são fluidos independentes do tempo que não
possuem tensão cisalhante limite. Possuem comportamentos diferentes frente ao aumento da
tensão de cisalhamento, os dilatantes têm sua viscosidade aumentada , enquanto os fluidos
pseudoplásticos apresentam comportamento contrário (viscosidade diminui conforme a
tensão de escoamento aumenta). A solução de carboximetilcelulose (CMC), utilizada no
experimento realizado, classifica-se como um fluido pseudoplástico.
É importante citar, ainda, o grupo dos fluidos viscoelásticos. Fluidos viscoelásticos
são fluidos não-newtonianos que não podem se classificar nem como fluidos dependentes do
tempo e nem independentes, isso porque possuem comportamento viscoso (tal como fluidos
viscosos) e elástico (como sólidos elásticos) ao mesmo tempo. O que ocorre na prática é que
fluidos viscoelásticos, ainda que possuam taxa de deformação não nula, são capacitados para
atenuar, ainda que não integralmente, os efeitos dessa deformação.
A maneira experimental de se medir a viscosidade de um fluido conta com o auxílio
de um viscosímetro - aparelho que, através da simulação de um escoamento, fornece
informações reológicas do fluido em questão. Há diversos tipos de viscosímetros, podendo

6
estes serem primários ou secundários a depender da forma de funcionamento dos mesmos.
Viscosímetros primários medem a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação de forma
direta, enquanto que viscosímetros secundários realizam a medida de forma indireta
(fornecem a relação entre a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação). O viscosímetro
escolhido para utilização no experimento é um viscosímetro secundário: viscosímetro de tubo
capilar.
O viscosímetro de tubo capilar é composto de um tubo capilar de comprimento e área
transversal constantes pelo qual o fluido irá escoar de forma com que ele nos forneça a
diferença de pressão entre o fluido em sua entrada e em sua saída, a qual está relacionada
com o atrito do escoamento. Através dessa queda de pressão, pode-se calcular a viscosidade
do fluido por meio de equações que relacionam a queda de pressão às condições do processo
e à viscosidade.
É importante ressaltar, por fim, a importância prática dos aspectos reológicos
estudados. Na área de engenharia química é necessário que conheçamos a reologia dos
fluidos a serem aplicados em processos, pois é a partir destas características que torna-se
possível prever o comportamento e o escoamento dos mesmos. A viscosidade se faz essencial
para a classificação do escoamento, pois é um parâmetro necessário para o cálculo do número
de Reynolds. Um exemplo prático de aplicação é o dimensionamento de equipamentos como
bombas e turbinas, que são especialmente planejadas para fornecer/retirar energia de fluidos.

5. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização do experimento, utilizou-se um viscosímetro capilar de tubo


descartável e uma escala graduada que possibilita a variação da queda de pressão, além de um
picnômetro, uma balança analítica, um termômetro, um cronômetro, um béquer e uma
proveta de 10 mL. O aparato experimental está representado na Figura 5.1.

7
Figura 5.1 - Esquema do aparato experimental para o experimento 1. Fonte: roteiro do experimento.

Primeiramente, utilizou-se água destilada no viscosímetro para determinar o diâmetro


do capilar. Para isso, foi preciso colocar a água até completar o volume do viscosímetro e
fixar o tubo capilar, garantindo que ele estivesse à mesma altura do tubo de admissão de ar. A
outra ponta do capilar foi fixada a diferentes alturas (a cada 2 cm) por uma borboleta com a
ajuda da escala graduada e, para cada altura fixada, mediu-se a vazão após certificar que o
escoamento ocorre em estado estacionário, aguardando cerca de 1 minuto após a mudança de
altura. Somente então, coletou-se cerca de 9 mL de água na proveta, registrando o tempo de
coleta. Foram registrados 12 pontos, em duplicata.
O procedimento anterior foi, então, repetido para uma solução de
carboximetilcelulose (CMC) à concentração de 2000 ppm. É importante ressaltar que, nesse
caso, a resistência ao escoamento é maior do que no caso da água e, portanto, o viscosímetro
não foi preenchido totalmente antes de dar início ao escoamento. Além disso, o volume
coletado nesta parte do experimento foi de cerca de 3 mL, já que a vazão da solução é inferior
à da água. Foram coletados 12 pontos, em medição única.
Paralelamente aos escoamentos no viscosímetro, foi determinada a densidade da
solução polimérica com o picnômetro. O volume real do picnômetro foi determinado por
meio da massa de água destilada e, então, a massa específica da solução de CMC foi
calculada. As temperaturas da água e da solução foram medidas com um termômetro.

8
6. DADOS EXPERIMENTAIS

Tabela 6.1 - Dados coletados para o escoamento da água.

Altura Volume 1 Tempo 1 Volume 2 Tempo 2 Volume médio Tempo médio


(m) (10-6 m3) (s) (10-6 m3) (s) (10-6 m3) (s)

0,20 9,2 13,79 9,4 13,63 9,30 13,71

0,22 9,4 13,55 9,4 13,34 9,40 13,45

0,24 9,2 12,63 9,3 12,63 9,25 12,63

0,26 9,4 12,06 9,2 11,53 9,30 11,80

0,28 9,2 11,04 9,2 10,87 9,20 10,96

0,30 9,0 10,29 9,0 10,19 9,00 10,24

0,32 9,0 9,86 9,0 9,73 9,00 9,80

0,34 9,0 9,58 9,0 9,20 9,00 9,39

0,36 9,0 8,77 9,2 8,82 9,10 8,80

0,38 9,0 8,48 9,0 8,4 9,00 8,44

0,40 9,2 8,12 9,0 7,98 9,10 8,05

0,42 9,0 7,56 9,0 7,64 9,00 7,60

Tabela 6.2 - Dados coletados para o escoamento da solução de CMC.

Altura (m) Volume (10-6 m3) Tempo (s)

0,20 3,0 92,70

0,22 3,0 73,61

0,24 3,0 68,07

0,26 3,0 66,70

0,28 3,0 58,32

0,30 3,1 59,80

0,32 3,0 53,32

0,34 3,0 51,21

9
0,36 3,0 51,22

0,38 3,0 47,60

0,40 3,0 47,47

0,42 3,0 45,57

Tabela 6.3 - Dados coletados para cálculo da massa específica da solução de CMC.

Parâmetro Valor

Massa do picnômetro (kg) 0,0298623

Massa do picnômetro + água (kg) 0,081187

Massa do picnômetro + CMC (kg) 0,0813115

Tabela 6.4 - Dados adicionais coletados.

Parâmetro Valor

Temperatura da água (°C) 26,0

Temperatura do CMC (°C) 24,3

Comprimento do capilar (m) 1,505

7. MEMÓRIA DE CÁLCULO
7.1. DIÂMETRO DO CAPILAR
O cálculo do diâmetro do capilar foi feito a partir do escoamento da água. Para fins de
cálculo, será utilizado como exemplo o ponto em que a altura é 0,30 m, apresentado na
Tabela 6.1.
Primeiramente, foram calculados a vazão e a queda de pressão para cada ponto,
segundo as equações abaixo. Com base na temperatura da água obtida na Tabela 6.3, é
3
possível obter a massa específica da água ρ𝐻2𝑂(26°𝐶) = 996, 783 𝑘𝑔/𝑚 (Perry, 1997).

10
−6
𝑉 9,00·10 −7 3
𝑄= 𝑡
= 10,24
= 8, 78906 · 10 𝑚 /𝑠

Δ𝑃 ρ𝐻2𝑂 𝑔∆ℎ 996,783·9,81·0,30


𝐿
= 𝐿
= 1,505
= 1949, 19 𝑃𝑎/𝑚
∆𝑃
Os valores calculados foram utilizados para obter o gráfico 𝐿
× 𝑄. Um ajuste linear

foi, então, aplicado ao gráfico, de modo a obter a seguinte equação de reta:


∆𝑃 9
𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏 ⇒ 𝐿
= 3 · 10 𝑄 − 488, 6

Comparando a equação acima à equação de Hagen-Poiseuille (para escoamento


laminar de fluido newtoniano em tubo liso), é possível determinar o diâmetro D do tubo,
−4
usando a viscosidade da água a 26°C como µ = 8, 72 · 10 𝑃𝑎. 𝑠 (Perry, 1997).
∆𝑃 128 µ 128 µ
𝐿
= 4 𝑄⇒ 4 = 𝑎⇔
π𝐷 π𝐷

−4
4 128 µ 4 128 · 8,72·10 −3
⇔𝐷 = π𝑎
= 9 = 1, 8553 · 10 𝑚
π · 3·10

A fim de validar a utilização da equação de Hagen-Poiseuille, deve-se, por fim,


determinar o número de Reynolds para cada ponto coletado, calculando, primeiro, a
velocidade de escoamento.
−7
𝑄 𝑄 4 ·8,78906·10
𝑣= 𝐴
= 𝐷 2
= −3 2
= 0, 3251 𝑚/𝑠
π( )2 (
π · 1,8553·10 )
−3
ρ𝑣𝐷 996,783 · 0,3251 · 1,8553·10
𝑅𝑒 = µ
= −4 = 689, 2
8,72·10

Como Re < 2300, então o escoamento é laminar (Çengel, 2006) e a equação de


Hagen-Poiseuille pode ser usada.

7.2. REOLOGIA DA ÁGUA


Com os valores coletados para a água (Tabela 6.1), é possível, então, calcular os
parâmetros K e n da Lei de Potência, expressa abaixo. Novamente, o ponto em que a altura é
0,30 m será utilizado para exemplificar os cálculos feitos.
𝑛
τ = 𝐾γ

Tendo calculado os valores da vazão (𝑄), da velocidade (𝑣) e da queda de pressão


(∆𝑃/𝐿) no item 7.1., deve-se realizar o ajuste para a queda de pressão, utilizando o
coeficiente linear (b) da equação de reta obtida no item anterior. Dessa forma, obtém-se:

( )
∆𝑃
𝐿
𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎
=
∆𝑃
𝐿
− 𝑏 = 1949, 19 − (− 488, 6) = 2437, 79 𝑃𝑎/𝑚

11
Como o escoamento é laminar, conforme calculados os números de Reynolds para os
pontos experimentais, utiliza-se a equação de Metzner e Reed. Linearizando essa equação,
obtém-se uma equação reta em que o coeficiente angular é o parâmetro n’ e o linear é ln(K’):
𝐷
4 ( )
∆𝑃
𝐿
𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜
= 𝐾' ( ) 8𝑣 𝑛'
𝐷
⇒ 𝑙𝑛 ( 𝐷
4 ( )
∆𝑃
𝐿
𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜
) = 𝑛' 𝑙𝑛 ( ) + 𝑙𝑛(𝐾') ⇔ 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏
8𝑣
𝐷

É possível plotar, então, o gráfico 𝑙𝑛 ( 𝐷


4 ( ) ∆𝑃
𝐿
𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜
) × 𝑙𝑛 ( ) e fazer o ajuste
8𝑣
𝐷

linear dos dados, de forma que obtemos:

𝑙𝑛 ( 𝐷
4 ( )
∆𝑃
𝐿
𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜
) = 1, 0153 𝑙𝑛 ( )
8𝑣
𝐷
− 7, 2418

Com isso, obtém-se os valores de K’ e n’:


− 7,2418 −4
𝐾'á𝑔𝑢𝑎 = 𝑒 = 7, 16 · 10

𝑛'á𝑔𝑢𝑎 = 1, 0153

Podemos, por fim, calcular K e n:


3𝑛'+1 𝑛' 3 · 1,0153+1 1,0153
𝐾' = 𝐾 ( 4𝑛' ) ⇒ 7, 16 · 10
−4
= 𝐾á𝑔𝑢𝑎 ( 4 · 1,0153 ) ⇒ 𝐾á𝑔𝑢𝑎 = 7, 19 · 10
−4

𝑛á𝑔𝑢𝑎 = 𝑛'á𝑔𝑢𝑎 = 1, 0153

Utilizando a Lei da viscosidade de Newton para descrever o comportamento reológico


da água e aplicando uma relação vinda da equação de Metzner e Reed para cada termo da
equação, pode-se obter os gráficos 8.4 e 8.5, apresentados na seção 8.4.
τ = µγ
em que:
𝐷 ∆𝑃 𝑣
τ= 4
· 𝐿
e γ=8 · 𝐷

Para a altura 0,28 m, calcula-se:


−3
τ=
𝐷
4
· ( )
∆𝑃
𝐿
𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜
=
1,8553·10
4
· 2437, 79 = 1, 1307
𝑘𝑔
𝑚𝑠
2

𝑣 0,3251 −1
γ=8 · 𝐷
=8 · −3 = 1401, 85 𝑠
1,8553·10

𝑛−1 −4 1,0153−1 −4
µ = 𝐾γ = 7, 19 · 10 · (1401, 85) = 8, 03 · 10 𝑃𝑎. 𝑠

12
7.3. REOLOGIA DA SOLUÇÃO POLIMÉRICA
O mesmo procedimento matemático para obtenção dos parâmetros K e n da água foi
repetido para a solução de CMC. Para fins de exemplificação, o ponto de altura 0,28 m do
escoamento da solução polimérica será utilizado nos cálculos.
Primeiramente, foram calculadas a vazão, a velocidade e a queda de pressão para cada
um dos pontos apresentados na Tabela 6.2., utilizando o diâmetro calculado no item 7.1 e a
massa específica da solução polimérica, calculada no item 7.4.
−6
𝑉 3,00 · 10 −8 3
𝑄= 𝑡
= 58,32
= 5, 144 · 10 𝑚 /𝑠
−8
𝑄 𝑄 4 ·5,144·10
𝑣= 𝐴
= 𝐷 2
= −3 2
= 0, 0190 𝑚/𝑠
π( )2 (
π · 1,8553·10 )
Δ𝑃 ρ𝐶𝑀𝐶 𝑔∆ℎ 999,20 · 9,81 · 0,28
𝐿
= 𝐿
= 1,505
= 1823, 66 𝑃𝑎/𝑚

Então, é possível obter o gráfico 𝑙𝑛 ( ) × 𝑙𝑛( ) para a solução polimérica e fazer


𝐷∆𝑃
4𝐿
8𝑣
𝐷

o ajuste linear dos dados, de forma que obtemos a equação de reta:

𝑙𝑛 ( )
𝐷∆𝑃
4𝐿
= 1, 1055 𝑙𝑛 ( ) 8𝑣
𝐷
− 4, 9662

Da equação de Metzner e Reed linearizada, sabe-se que o coeficiente linear dessa reta
é ln(K’) e o coeficiente angular é o parâmetro n’:
8𝑣 𝑛'
𝐷∆𝑃
4𝐿
= 𝐾' ( )𝐷
⇒ 𝑙𝑛 ( ) = 𝑛' 𝑙𝑛( ) + 𝑙𝑛(𝐾') ⇔ 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏
𝐷∆𝑃
4𝐿
8𝑣
𝐷

Dessa forma, calcula-se K’ e n’ para a solução de CMC, bem como K e n:


− 4,9662 −3
𝐾'𝐶𝑀𝐶 = 𝑒 = 6, 970 · 10

𝑛'𝐶𝑀𝐶 = 1, 1055

3𝑛'+1 𝑛' 3 · 1,1055+1 1,1055


𝐾' = 𝐾 ( 4𝑛' ) ⇒ 6, 970 · 10
−3
= 𝐾𝐶𝑀𝐶 ( 4 · 1,1055 ) −3
⇒ 𝐾 = 7, 16 · 10

𝑛𝐶𝑀𝐶 = 𝑛'𝐶𝑀𝐶 = 1, 1055

Calculando também a viscosidade dinâmica e o número de Reynolds para atestar a


hipótese de escoamento laminar – adotada para que a equação de Metzner e Reed fosse
utilizada. Aproximando o escoamento do CMC (fluido não-newtoniano), descrito pela Lei de
Potência de Ostwald-de-Waele, ao escoamento de fluidos newtonianos, descrito pela Lei da
viscosidade de Newton, obtém-se:
τ = µγ
𝑛
τ = 𝐾γ

13
𝑛 𝑛−1
µγ = 𝐾γ ⇔ µ = 𝐾γ
em que τ é a tensão de cisalhamento, μ é a viscosidade dinâmica, γ é a taxa de deformação, K
é o índice de consistência e n é o índice de comportamento.
A tensão de cisalhamento e a taxa de deformação podem ser calculadas da equação de
Metzner e Reed pelas relações:
−3
𝐷 ∆𝑃 1,8553·10 𝑘𝑔
τ= 4
· 𝐿
= 4
· 1823, 66 = 0, 8459 2
𝑚𝑠

𝑣 0,0190 −1
γ=8 · 𝐷
=8 · −3 = 82, 05 𝑠
1,8553·10

Portanto a viscosidade dinâmica para o ponto de altura 0,28 m é:


1,1055−1
µ=𝐾
8𝑣 𝑛−1
( )
𝐷
= 7, 158139 · 10 ·
−3
( 8·0,0190
1,8553·10
−3 ) = 0, 0114 𝑃𝑎. 𝑠

Com os valores de tensão de cisalhamento, taxa de deformação e viscosidade é


possível gerar os gráficos 8.6 e 8.8, apresentados na seção 8.4
−3
ρ𝑣𝐷 999,20 · 0,0190 · 1,8553·10
𝑅𝑒 = µ
= 0,0114
= 3, 0954

Como Re < 2300, então o escoamento é laminar (Çengel, 2006) e a equação de


Metzner e Reed pode ser usada.

7.4. MASSA ESPECÍFICA DA SOLUÇÃO POLIMÉRICA


Para calcular a massa específica da solução de CMC, primeiro se calibra o volume do
picnômetro com água destilada. Como apresentado na Tabela 6.3, as massas do picnômetro
vazio e com água foram obtidas, de forma que se calcula a massa de água no picnômetro:
𝑚á𝑔𝑢𝑎 = 𝑚𝑝𝑖𝑐𝑛ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜+á𝑔𝑢𝑎 − 𝑚𝑝𝑖𝑐𝑛ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 = 0, 0812 − 0, 0299 = 0, 0513 𝑘𝑔

Com a massa específica da água a 26°C, pode-se determinar o volume do picnômetro:


𝑚á𝑔𝑢𝑎 0,0513 −5 3
𝑉𝑝𝑖𝑐𝑛ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 = 𝑉á𝑔𝑢𝑎 = ρá𝑔𝑢𝑎
= 996,783
= 5, 149 · 10 𝑚

Com as massas do picnômetro vazio e com a solução de CMC, também apresentada


na Tabela 6.3., obtém-se a massa de solução no picnômetro:
𝑚𝐶𝑀𝐶 = 𝑚𝑝𝑖𝑐𝑛ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜+𝐶𝑀𝐶 − 𝑚𝑝𝑖𝑐𝑛ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 = 0, 0813 − 0, 0299 = 0, 0514 𝑘𝑔

Por fim, é possível calcular, utilizando a massa da solução de CMC, a massa


específica da solução de CMC a 24,3°C:
𝑚𝐶𝑀𝐶 0,0514 3
ρ𝐶𝑀𝐶 = 𝑉𝑝𝑖𝑐𝑛ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜
= −5 = 999, 20 𝑘𝑔/𝑚
5,149·10

14
8. RESULTADOS E DISCUSSÃO
8.1. DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO DO CAPILAR
Os dados experimentais coletados para água (diferença de altura, volume de água e
tempo de coleta e suas médias) estão apresentados na Tabela 6.1. A partir desses valores,
foram calculadas as vazões e as quedas de pressão por comprimento do capilar para cada
ponto, apresentadas na tabela 8.1 a seguir. É importante ressaltar que o número de Reynolds
foi calculado após determinação do diâmetro do capilar, a fim de comprovar o regime
laminar, assim, permitindo a utilização das equações enunciadas no memorial de cálculo

Tabela 8.1 - Parâmetros calculados com os dados experimentais da água

Vazão Queda de pressão por Velocidade Nº de Reynolds (-) Regime


(m³/s) comprimento (ΔP/L) (Pa/m) (m/s)

6,78E-07 1,30E+03 2,51E-01 5,32E+02 Laminar

6,99E-07 1,43E+03 2,59E-01 5,48E+02 Laminar

7,32E-07 1,56E+03 2,71E-01 5,74E+02 Laminar

7,88E-07 1,69E+03 2,92E-01 6,18E+02 Laminar

8,40E-07 1,82E+03 3,11E-01 6,59E+02 Laminar

8,79E-07 1,95E+03 3,25E-01 6,89E+02 Laminar

9,19E-07 2,08E+03 3,40E-01 7,20E+02 Laminar

9,58E-07 2,21E+03 3,55E-01 7,52E+02 Laminar

1,03E-06 2,34E+03 3,83E-01 8,11E+02 Laminar

1,07E-06 2,47E+03 3,94E-01 8,36E+02 Laminar

1,13E-06 2,60E+03 4,18E-01 8,86E+02 Laminar

1,18E-06 2,73E+03 4,38E-01 9,29E+02 Laminar

15
Com os valores de queda de pressão por comprimento (ΔP/L) e vazão, foi gerado um
gráfico de perfil linear representado na Figura 8.1 a seguir, na qual o eixo y corresponde à
queda de pressão por comprimento e o eixo x, à vazão. Realizando um ajuste linear, foi
obtida a seguinte equação de reta, com coeficiente de determinação (R²) igual a 0,9934, o que
comprova a eficiência da linearização:
9
𝑦 = 3 × 10 𝑥 − 488, 6
No entanto, vale evidenciar as incertezas relacionadas às medidas dos dados
experimentais, como os erros de paralaxe, associado à diferença de altura, e humano, ao aferir
o tempo com o cronômetro. Tais erros culminaram na aparição de um coeficiente linear na
equação de reta, que, pelo modelo matemático utilizado (Lei de Hagen-Poiseuille), deveria
ser nulo. Com isso, foi necessário realizar a correção dos valores de queda de pressão para
cálculo de n’ e K’.

Figura 8.1 - Gráfico de queda de pressão por vazão para a água

Finalmente, o coeficiente angular da equação encontrada pode ser relacionado com a


equação de Hagen-Poiseuille. Dessa relação de reta, encontra-se um diâmetro de 1,86 mm.
Também é calculada a área de seção transversal do capilar, que corresponde a
−6 2
2, 70 · 10 𝑚 , para, posteriormente, calcular a velocidade e o número de Reynolds.

16
8.2. PARÂMETROS DE K’ E n’ DO MODELO DE METZNER E REED
8.2.1. ÁGUA
Como mencionado no item anterior, os valores de queda de pressão obtidos devem ser
corrigidos utilizando o coeficiente linear da equação gerada pelo gráfico da Figura 8.1. Já que
o coeficiente linear é negativo, soma-se esse valor às quedas de pressão, obtendo o resultado
expresso na Tabela 8.2, a seguir.

Tabela 8.2 - Quedas de pressão corrigidas

Queda de pressão por comprimento ∆P/L Queda de pressão por comprimento corrigida
(Pa/m) (Pa/m)

1299,461 1788,061

1429,407 1918,007

1559,353 2047,953

1689,299 2177,899

1819,245 2307,845

1949,191 2437,791

2079,137 2567,737

2209,083 2697,683

2339,029 2827,629

2468,975 2957,575

2598,921 3087,521

17
2728,867 3217,467

Para efeito de comparação, foi aplicado o modelo de Metzner Reed para as quedas de
pressão antes e depois da correção. Dessa forma, calculou-se os termos y e x,
correspondentes, respectivamente, a ln(DΔP/4L) e ln(8v/D), da equação linearizada, sendo D
o diâmetro do capilar, L o comprimento do capilar, ΔP a queda de pressão e v a velocidade.
Os valores obtidos são representados na Tabela 8.3 adiante.
Devido a correção, ao gerar o gráfico com os valores corrigidos e obter a equação de
ajuste linear, encontra-se uma equação com coeficiente linear mais próximo de zero. Além
disso, é importante notar que a correção altera apenas o termo y, já que x independe da queda
de pressão.

Tabela 8.3 - Parâmetros y e x para a queda de pressão corrigida e não corrigida

Antes da correção Depois da correção


Altura (cm)

y x y x

20 -0,5063 6,9865 -0,1871 6,9865

22 -0,411 7,0167 -0,117 7,0167

24 -0,324 7,0632 -0,0514 7,0632

26 -0,2439 7,137 0,0101 7,137

28 -0,1698 7,2000 0,0681 7,2000

18
30 -0,1008 7,2455 0,1228 7,2455

32 -0,0363 7,2900 0,1748 7,2900

34 0,0243 7,3322 0,2241 7,3322

36 0,0815 7,4087 0,2712 7,4087

38 0,1356 7,4389 0,3161 7,4389

40 0,1868 7,4972 0,3591 7,4972

42 0,2356 7,5437 0,4003 7,5437

Com esses valores de y e x foram gerados dois gráficos, apresentados na Figura 8.2,
cujos ajustes lineares geraram as equações abaixo, para o gráfico não-corrigido e o corrigido,
respectivamente.
𝑦 = 1, 2762𝑥 − 9, 3632
𝑦 = 1, 0153𝑥 − 7, 2418
Os ajustes lineares apresentaram R² de, respectivamente, 0,9886 e 0,9921, sendo
assim comprovada a eficiência do ajuste.
Dessa forma, utilizando o coeficiente linear e o coeficiente angular da equação com a
correção, obtém-se n’ de 1,0153 e K’ de 0,0007. Esses resultados serão explorados na análise
do comportamento reológico da água e da solução de CMC.

19
Figura 8.2 - Gráficos de ln(DΔP/4L) por ln(8v/D) para as quedas de pressão a) não corrigidas e b) corrigidas

8.2.2. SOLUÇÃO DE CMC


Com os dados experimentais de diferença de altura, volume coletado e tempo de
coleta para a solução de CMC, são calculados os parâmetros expressos na Tabela 8.3,
calculados para a utilização do modelo de Metzner Reed, a fim de encontrar os valores de n’
e K’. Nota-se que para o CMC não é feita a correção das quedas de pressão obtidas.

20
Tabela 8.3 - Parâmetros calculados com os dados experimentais do CMC

Vazão Velocidade Queda de pressão por Nº de Reynolds Regime


(m³/s) (m/s) comprimento ∆P/L (Pa/m) (-)

3,24E-08 0,012 1302,6128 2,045 Laminar

4,08E-08 0,0151 1432,8740 2,5134 Laminar

4,41E-08 0,0163 1563,1353 2,6957 Laminar

4,50E-08 0,0166 1693,3966 2,7451 Laminar

5,14E-08 0,019 1823,6579 3,0954 Laminar

5,18E-08 0,0192 1953,9192 3,1169 Laminar

5,63E-08 0,0208 2084,1804 3,3538 Laminar

5,86E-08 0,0217 2214,4417 3,4772 Laminar

5,86E-08 0,0217 2344,7030 3,4766 Laminar

6,30E-08 0,0233 2474,9643 3,7121 Laminar

6,32E-08 0,0234 2605,2255 3,7212 Laminar

6,58E-08 0,0244 2735,4868 3,8597 Laminar

Aplicando o modelo de Metzner Reed, foram calculados os termos y e x,


correspondentes a ln(DΔP/4L) e ln(8v/D) da equação linearizada, sendo D o diâmetro do
capilar, L o comprimento do capilar, ΔP a queda de pressão e v a velocidade. Os valores
obtidos estão representados na Tabela 8.4, a seguir.

Tabela 8.4 - Parâmetros y e x para o CMC

Altura (cm) y x

20 -0,5039 3,9439

22 -0,4086 4,1745

24 -0,3216 4,2527

26 -0,2415 4,273

28 -0,1674 4,4073

30 -0,0984 4,415

21
32 -0,0339 4,4969

34 0,0268 4,5373

36 0,0839 4,5371

38 0,138 4,6104

40 0,1893 4,6131

42 0,2381 4,654

Com os valores de y e x obtidos é produzido, na Figura 8.3, um gráfico, cujo ajuste


linear resultou na equação de reta abaixo.
𝑦 = 1, 1055𝑥 − 4, 9662
O ajuste linear apresentou R² de 0,9493, sendo assim comprovada a eficiência do
ajuste.
Dessa forma, utilizando o coeficiente linear e o coeficiente angular da equação com a
correção obtém-se n’ de 1,1055 e K’ de 0,0070. Esses resultados serão explorados na análise
do comportamento reológico da água e do CMC.

Figura 8.3 - Gráfico de ln(DΔP/4L) por ln(8v/D) para o CMC

8.3. CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO REOLÓGICA


Primeiramente, em relação à água, era esperado que o valor de n encontrado fosse
igual a 1, já que a água é um fluido newtoniano. O valor de n encontrado foi de 1,0153, valor
suficientemente de 1, de modo que se pode afirmar que a coleta de dados e a correção das

22
quedas de pressão foram satisfatórias. Além disso, o valor de K encontrado foi de 0,0007.
Como n deveria ser igual a 1, então, pela Lei da Viscosidade de Newton,
𝐾 = μ = 8, 724 · 10⁻⁴ 𝑃𝑎. 𝑠, 26°C (Perry, 1997). Portanto, o valor de K obtido também
se mostra satisfatório em relação à literatura.
Para a solução de carboximetilcelulose (CMC), era esperado que o valor de n
encontrado fosse menor que 1, já que o CMC é um fluido do tipo pseudoplástico. No entanto,
o valor de n encontrado foi de 1,1055, colocando o CMC como um fluido dilatante (n > 1).
Nesse caso, entende-se que os erros no registro da diferença de altura (paralaxe) e o erro
humano ao utilizar o cronômetro afetaram o resultado final. O valor de K encontrado foi de
0,0070, o que se distancia dos valores encontrados na literatura, de n = 0,843 e K = 0,00560
para uma solução de CMC com concentração de 0,2 (% p/v), a 26 °C (Leal, 2005).
Portanto, os resultados experimentais obtidos para a água estão de acordo com a
literatura, já que se obteve que a água é um fluido newtoniano (n próximo de 1) e o valor de
K foi próximo a viscosidade dinâmica tabelada a 26°C. Contrariamente, os resultados
experimentais referentes ao CMC não estão alinhados com a literatura devido às incertezas
associadas à coleta dos dados experimentais. Essas imprecisões acarretaram em pontos no
gráfico da Figura 8.3 que se distanciam do ajuste linear, que poderiam ser considerados como
outliers e retirados da análise, a fim de melhorar o ajuste linear e não perturbar os valores dos
coeficientes linear e angular da equação de reta gerada.

8.4. REOGRAMAS
Inicialmente, analisa-se o reograma referente a água, apresentado na Figura 8.4 a
seguir. É notável um comportamento linear da tensão de cisalhamento pela taxa de
deformação, o que é esperado para um fluido newtoniano (n = 1). O ajuste linear aplicado
apresentou R² de 0,9934, confirmando a eficiência do ajuste aplicado. Além disso, obteve-se
𝐾 ≃ µ (𝑇 = 26°𝐶), o que confirma o perfil do gráfico.

23
Figura 8.4 - Gráfico de tensão de cisalhamento por taxa de deformação para a água

Analisando, agora, o perfil da viscosidade pela taxa de deformação, é esperado que a


taxa de deformação não afete a viscosidade para um fluido newtoniano, de modo que a
viscosidade permaneça constante. Como pode ser visto na Figura 8.5 o gráfico gerado é
muito próximo ao de uma reta constante, com coeficiente angular na ordem de 10-9. A
pequena variação na viscosidade (de 0,00080 a 0,00081) pode ser justificada pelos erros de
medição citados anteriormente.

Figura 8.5 - Gráfico de viscosidade por taxa de deformação para a água

Seguindo a análise para o CMC, esperava-se um comportamento não-linear para o


reograma de tensão de cisalhamento por taxa de deformação, uma vez que a solução é
caracterizada como um pseudoplástico (n < 1). Apesar disso, o comportamento do gráfico

24
obtido (Figura 8.6) é praticamente linear, o que ocorreu devido ao valor de n encontrado
experimentalmente ter sido próximo de 1. É importante ressaltar que, quanto mais distante de
1 for o valor de n, menos linear se torna o comportamento do gráfico. Isso pode ser
observado na Figura 8.7, em que são comparadas soluções de CMC com diferentes
concentrações. Conforme a concentração da solução aumenta, menor o valor de n obtido por
Oliveira (2018) e, consequentemente, menos linear é o perfil do reograma obtido.

Figura 8.6 - Gráfico de tensão de cisalhamento por taxa de deformação para o CMC

Figura 8.7 - Gráfico de tensão de cisalhamento por taxa de deformação para diferentes concentrações de CMC.
Fonte: Oliveira, 2018.

Como última análise, observa-se a relação entre a viscosidade e taxa de deformação.


Visto que a solução de CMC é um fluido pseudoplástico, espera-se que que a viscosidade

25
decresça com o aumento da taxa de deformação, como pode ser observado na Figura 8.9.
Porém, os resultados da Figura 8.8 apresentaram leve crescimento na viscosidade com o
aumento da taxa de deformação, assim como ocorreu para a água. No entanto, pelo valor de n
encontrado para o CMC ter sido maior que o encontrado para a água, o aumento na
viscosidade foi comparativamente maior. Além disso, do mesmo modo que foi analisada a
linearidade do comportamento da tensão de cisalhamento pela taxa de deformação conforme
a concentração, a viscosidade por taxa de deformação pode ser analisada analogamente na
Figura 8.9.
Dessa forma, não foi possível caracterizar o CMC corretamente, como um
pseudoplástico, neste experimento, uma vez que não se atendeu os requisitos esperados de n
< 1 e o decrescimento da viscosidade com o aumento da taxa de deformação, fatores
característicos de um pseudoplástico.

Figura 8.8 - Gráfico de viscosidade por taxa de deformação para o CMC

26
Figura 8.7 - Gráfico de viscosidade por taxa de deformação para diferentes concentrações de CMC.
Fonte: Oliveira, 2018

9. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
O experimento funcionou muito bem para demonstrar a reologia da água, uma vez
que foram obtidos parâmetros n e K muito semelhantes aos teóricos, conforme apresentado
na seção 8.3. Além disso, era esperado que, após os ajustes de queda de pressão, o gráfico de
tensão de cisalhamento por taxa de deformação fosse praticamente linear e, conforme
apresentado na seção 8.4, foi obtido um R² muito próximo de 1, indicando mais uma vez o
sucesso do experimento em evidenciar as propriedades reológicas da água.
Sendo assim, para atingir resultados ainda melhores, seria necessário associar e
calcular as incertezas relacionadas à medição da marcação da borboleta, da temperatura do
ambiente, da medição de água na proveta e do cronômetro.
Para solução de CMC, no entanto, o experimento falhou em demonstrar seu
comportamento pseudoplástico, uma vez que apresentou valores de n e K muito divergentes
da literatura. Além dos erros citados anteriormente, associados às incertezas de medição,
também é possível que o tempo para troca de fluido no capilar tenha sido muito curto – como
a viscosidade do CMC é muito maior que a da água, os dois minutos esperados para que o
CMC escoasse no capilar podem não ter sido suficientes para que a solução percorresse o
capilar em sua totalidade. Sendo assim, há a possibilidade da amostra coletada estar
contaminada com água nas primeiras medições.
Outra suposição é que o capilar dentro do frasco contendo a solução não estivesse
completamente alinhado com o fundo, já que após o nivelamento do capilar, foi necessário

27
afundar a rolha no frasco para que não houvesse escapamento de ar por cima do viscosímetro.
Ao fazer esse ajuste, o instrumentador pode ter falhado em alinhar o capilar prejudicando o
experimento. Mais uma hipótese é que, como a solução polimérica é um fluido mais viscoso
que a água, o tempo para atingir o regime permanente após alteração na altura seria superior a
1 minuto.
Portanto, para obter melhores resultados no experimento contendo CMC, seria
necessário determinar as incertezas associadas às medições de altura, volume, massa e
temperatura; deixar a solução escoar por mais tempo antes de iniciar as medições; aumentar o
tempo de escoamento entre pontos medidos; e realizar as medições em duplicata ou triplicata.

10. DISTRIBUIÇÃO DE ATIVIDADES


Tabela 10.1 - Distribuição de atividades do relatório.

Nome Atividade

Ana Cristine Conclusão

Deborah Memória de cálculo; planilha

Isabela Materiais e métodos

Leandro Resultados e discussão; planilha

Letícia Introdução

Sabrina Memória de cálculo; planilha

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ÇENGEL, Yunus A; CIMBALA, John M. Fluid mechanics: fundamentals and applications.


1. ed. Nova Iorque: McGraw-Hill, 2006. 2036 p.

COSTA, Camila Moreira; NACCACHE, Monica Feijó; VARGES, Priscilla. Caracterização


reológica de fluidos complexos. Revista Brasileira de Iniciação Científica, p. 3-28, 2017.

FOX, R.W. E MCDONNALD, A. T. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 8. ed., Editora LTC,
2010.

LEAL, A. Estudo do escoamento de fluidos não-newtonianos em dutos. Universidade Federal


Rural Do Rio De Janeiro, 2005.

MAEGAVA, L. M. Escoamento de soluções poliméricas: a redução do arraste. 1986. 251f.


Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia
Química, Campinas, SP. Disponível em
http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/267227 . Acesso em: 22/03/2024.

OLIVEIRA, G. Reologia de fluidos não newtonianos à base de carboximetilcelulose (cmc).


Universidade Federal De Uberlândia Faculdade De Engenharia Química, 2018.

PEREIRA, Fabio de Assis Ressel et al. Escoamento laminar de líquidos não-newtonianos em


seções anulares: estudos de CFD e abordagem experimental. 2006.

PERRY, R. H.; GREEN, D. W. Perry's Chemical Engineers' Handbook. 7. ed. [S. l.]:
McGraw-Hill, 1997. 2640 p.

STAKE, L. Reologia dos Fluidos. Universidade de Caxias do Sul. 2016.

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