Manual de Boas Maneiras No Consultório
Manual de Boas Maneiras No Consultório
Manual de Boas Maneiras No Consultório
Já tem algum tempo que estou para escrever este post. Acredito que ele será útil para
aqueles seres humanos desprovidos de bom senso no cotidiano de suas vidas. Convido
vocês a adentrarem comigo pela porta de um consultório dentário. Come on, please.
Marcando a consulta
O paciente pode marcar a consulta pessoalmente, por telefone e até pela internet,
utilizando para isso recursos como msn, g-talk, skype, orkut, e-mail e por aí vai. É
DIREITO do paciente escolher o horário que melhor lhe convir, desde que esse exista
na agenda do profissional. Não atormente a vida da secretária para arrumar um encaixe,
a não ser em caso de urgência (abordarei sobre o significado desse e de outros termos
mais adiante), nem tente inventar um horário de atendimento estrambólico, tipo às 6 da
manhã, só porque você é loira de olhos azuis. Eu também sou e nem por isso cogito
pedir que venham consertar meu chuveiro de madrugada. E se vierem, bem, certamente
É PORQUE EU SOU LOIRA DE OLHOS AZUIS. Problema do eletricista.
Confirmando a consulta
Alguns consultórios tem, por hábito, realizar algum tipo de confirmação da consulta
agendada (o meu, por exemplo). Sabendo disso, o paciente deve estar atento para isto e
colaborar. De que forma? Atendendo ou retornando assim que possível o telefonema,
sms ou e-mail que a clínica lhe enviar. Assim, temos como controlar a agenda e, em
caso de desistência, até fazer aquele encaixezinho que você tanto queria. Não esqueçam:
somos profissionais AUTÔNOMOS, na grande maioria. Em outras palavras, SÓ
GANHAMOS DINHEIRO SE TRABALHAMOS. É de direito do profissional cobrar a
falta do paciente, desde que isso seja acertado antecipadamente. Ninguém deve sair
perdendo. Já dizia minha mãe: “O combinado nunca sai caro”.
Chegando ao consultório
Seu dia e hora marcados chegaram e você confirmou direitinho a sua consulta, certo? Se
for a primeira vez que vai ao estabelecimento, certifique-se de quanto tempo leva do seu
ponto de partida até o local, se no horário escolhido há muito trânsito nesse trajeto,
enfim, programe-se para chegar ADIANTADO à consulta. Assim, você responde com
calma ao provável questionário que a atendente lhe pedirá para responder, não entrará
todo esbaforido na consulta e terá até um tempinho extra para um copo d’água, um
xixizinho, dar uma lida rápida na revista de fofocas, whatever… Só não vale atrasar! O
atraso de um paciente atrasa a vida de todos e até você perde com isso, pois a atenção
que o dentista planejou lhe dar não será mais a mesma, tendo em vista que ele terá
menos tempo para você, a fim de não prejudicar os próximos da agenda por sua culpa.
Pense nisso.
Você entra na sala. Você pode E DEVE reparar em TUDO à sua volta, afinal está
pagando por tudo aquilo. Além do mais, assim que abrir a boca, seu dentista irá reparar
em TUDO que está dentro dela. E criticar se estiver em mau estado. Nada mais justo
que você possa fazer o mesmo, né? Não gostou do que viu? Se tiver vontade de
reclamar, reclame. Na verdade, você está AJUDANDO aquele profissional a enxergar
as falhas que o consultório dele tem. Não se sente à vontade para fazer isso? De duas,
uma: ou se contenta com a sujeira, a infiltração na parede, os respingos de sangue no
jaleco do dentista, a cuspideira fedendo… ou cai fora e, além de nunca mais por os pés
na pocilga, queima o Dr. Porcão pra cidade inteira. Mas lembre-se: o universo é uma
coisa bem doida, mística, de causa e efeito. Fazer o mal é o melhor caminho para
desencontrar do bem. Você escolhe.
É de bom tom que seu dentista lhe deixe o mais confortável possível. Isso pode ser
obtido através de música ambiente, cromoterapia, acupuntura, hipnose, uma recepção
amigável, um sorrisão, um abraço, um papo descontraído… Todos sabemos o quanto é
incômodo ter alguém com a mão dentro da nossa boca. Muita gente – mas muita
mesmo!!!- tem pânico só de ouvir a palavra “dentista”. E isso deve ser respeitado.
Como TUDO que é RECÍPROCO é bom, o paciente deve ter a mesma consideração
com o seu dentista. Como? Da seguinte maneira: antes da consulta, faça a melhor
higiene bucal que já fez em toda sua vida. Não é porque você marcou uma profilaxia
(nome chique de ‘limpeza’) que vai ficar uma semana sem escovar os dentes! E se sua
consulta estiver marcada para depois do almoço, NUNCA – eu disse NUNCAAAAA –
coma cebola ou alho cru nessa refeição. Aliás, essa exata situação foi o que motivou a
escrever este post. Quer sacanear seu dentista? Pergunte-me como…
O orçamento/ os valores
O odontólogo já examinou sua cavidade oral. Sim! Odontólogo e cavidade oral. Topou
ser examinado, agora os olhos são de profissional. E os honorários também. Jamais
deixe dúvidas pairarem no ar. Ainda mais, quando isso pesar na sua conta bancária.
Pergunte, pergunte, pergunte. Além de profissional da saúde, ele é um prestador de
serviço, um comerciante. Se concordar com os valores e a forma de pagamento, negócio
fechado. Não concordou, mas gostou do profissional? Negocie. A situação ‘tá braba’
pra todo mundo. Mas de maneira alguma, sob hipótese nenhuma PECHINCHE após o
atendimento, principalmente na recepção. Além de causar um surto de “vergonha
alheia” generalizado em quem presenciar a cena, tá errado, meu amigo. Topou fazer
sem perguntar o preço? O erro é seu. Pague por ele. Simples.
O tratamento em si
Você contratou um serviço, pagou (ou está pagando) por ele e está satisfeito com o
tratamento. Confere? Parabéns! Você é um felizardo e inteligente, porque fez uma ótima
escolha. Esse profissional, provavelmente, garantiu aí a escola, faculdade e pós-
graduação dos seus filhos de, atualmente 5 e 7 anos de idade, respectivamente. Paciente
satisfeito é garantia de retornos futuros, indicações de parentes e amigos, praticamente o
nirvana dentário. Não confere? Ui! Paciente insatisfeito pode ser o inferno. Melhor, o
capeta na terra. E o capeta está errado? A resposta é um sonoro NÃO. A não ser que
seja um ser totalmente desequilibrado mentalmente (o que existe, acreditem, aos
montes. Simplesmente, bateram no consultório errado. “Meu senhor, a psicóloga é na
sala ao lado. Com licença, passar bem.”), ele tem a seu favor, o Código de Defesa do
Consumidor. É assim: contrata-se um serviço, paga-se por ele, recebe-se pelo que se
paga. E ponto final. O consumidor sentiu-se lesado? Coitado do dentista se o advogado
do paciente for bom…
1) Seres humanos devem ser tratados como tal. Classe social, econômica, raça, credo ou
cor são NADA. Muitos dos que procuram meus serviços estão carente de cuidados, não
sendo estes, necessariamente, odontológicos. Tenha sensibilidade para perceber o que
seu paciente foi procurar em você. E, se puder, dê. É gratificante, acredite.
2) A sensibilidade e a intuição também devem servir para observar e, se preciso for,
negar-se à atender certos tipos, tais como: o caloteiro, o xavecador (vulgo Don Juan-
que-não-se-enxerga), o porquinho (que nunca escova os dentes e tem um bafo de
zumbi), o cachaceiro ( que pode ter um treco na sua cadeira e dar um puuuuta trabalho),
a mocinha-que-só-vai-de-mini-saia ( comer a carne onde se ganha o pão costuma ser um
péssimo negócio), o velhinho tarado (nessa eu já caí. Jurava que o velhinho era inocente
e quase fui beijada por uma boca banguela-recém-implantada. ARGH!) e todo tipo de
paciente que lhe fizer disparar a sirene de “Ihh, essa é fria!”. Se optar por atender, pelo
menos cobre bem caro para valer as dores de cabeça futuras, ok?
3) Evite a todo custo sair com paciente ou dar em cima da secretária. Razões óbvias… =
vai dar merda.
4) E, por último, nunca, jamais, em tempo algum, perca a compostura. Seja lá o que
aconteça, o consultório é o seu lugar sagrado. Eu até já usei esta justificativa para fazer
uma paciente desistir de dar um barraco com meu sócio. Respeite seu local de trabalho,
trate-o como um santuário. Afinal, quem tira, com as mãos e a intenção, as dores de seu
semelhante pode ser chamado de quê? Somos privilegiados com esse dom, acredite
nisso. Acredite muito, pois isso é um privilégio para poucos.
E não pensem que esqueci da definição de Urgência. Ela conflita, e muito, com a
Emergência. Vamos, lá, que Ane também é cultura!
Entenderam a diferença?