História Do Sistema Prisional

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BATISTELA, Jamila Eliza , AMARAL, Marilda Ruiz Andrade. Breve histria do Sistema Prisional. 2008. Disponvel em: <http://intertemas.unitoledo.br/revista/>.

Acesso
em 17 mar. 2015.

BREVE HISTRICO DO SISTEMA PRISIONAL


Jamila Eliza BATISTELA1
Marilda Ruiz Andrade AMARAL2
RESUMO: O presente trabalho trata da
questo do sistema prisional. Neste trabalho
ser feito um breve esboo histrico, iniciando
pela antiguidade clssica (Grcia e Roma),
posteriormente a Idade Mdia e a Idade
Moderna. Na seqncia foi analisada a questo
do sistema prisional brasileiro, iniciando no
Brasil Colnia. Assim, foram analisadas as
ordenaes Afonsinas, Manuelinas e Filipinas.
Na seqncia foram analisadas as questes do
Brasil Imprio e do Brasil Colnia.
Palavras-chave: Sistema Prisional. Histrico
do Sistema Prisional.
1 ANTIGUIDADE CLSSICA

1.1 GRCIA

Faltam notcias seguras, de fontes jurdicas, sobre o Direito punitivo


entre os gregos, e o mais importante que se sabe adveio de seus poetas, oradores
ou filsofos.
Dos costumes primitivos, a fonte de informao so os poemas
homricos, onde os deuses participam da vida e das lutas dos homens, submetidos
todos no s ao destino, mas s paixes e fraquezas humanas. A pena era uma
fatalidade que decorria do crime que, por sua vez, tambm era uma fatalidade.
O Direito Penal Grego era fundamentado na obra de dois grandes
filsofos: Plato e Aristteles.

Discente do 5 ano do curso de Direito das Faculdades Integradas Antonio Eufrsio de Toledo de
Presidente Prudente-SP [email protected]
2
Docente do curso de Direito das Faculdades Integradas Antonio Eufrsio de Toledo de Presidente
Prudente-SP [email protected]

Plato, em sua obra Georgias, mostrou que a pena tinha um carter


expiatrio, ou seja, que o castigo era a retribuio ao mal cometido.
Em sua obra Poltica, Aristteles apresentava a pena como carter
intimidatrio, porque o castigo alm de intimidar o ru para que no voltasse
novamente a cometer delitos, devia tambm servir de exemplo para os demais que
por ventura estivessem prestes a cometer um crime. Este filsofo fez penetrar, por
fim, nas suas construes ticas e jurdicas, a idia do livre arbtrio, sem que se
saiba que papel teve nas prticas gregas. Esta idia, entretanto, veio exercer
considervel influncia no Direito Penal do Ocidente.
A pena alcanou o seu fundamento civil tornando-se pblica, e no
Direito de Atenas distinguia-se o que defendia um bem do Estado ou da religio, ou
apenas um bem particular, reservando-se para o primeiro o mximo rigor penal.
Finalmente, os filsofos gregos trouxeram a debate uma questo
geralmente ignorada pelos povos anteriores: a da razo e fundamento do direito de
punir e da finalidade da pena, questes que preocuparam pensadores diversos e
que vieram a ser mais detidamente considerada no movimento iniciado por Scrates,
com o particular interesse que ento se tomou pelos problemas ticos. As opinies
mais ponderveis so de Plato e Aristteles, sendo que aquele se baseava nas
leis, j este na tica. Estas questes se constituram em objeto de preocupao por
parte dos filsofos, mas deve-se observar que no houve Cincia do Direito na
Grcia antiga.

1.2 ROMA

O Direito Penal Romano , at hoje, a maior fonte originria de


inmeros institutos jurdicos.
Roma deixou abundante cpia de documentos jurdicos, que permitem
seguir, com uma informao precisa, a sua longa histria, desde a fundao da
cidade, desde a Lei das XII Tbuas, at os tempos de Justiniano, na decadncia do
Imprio.

Os firmes conhecimentos que podemos colher mostram o carter


religioso do Direito punitivo inicial, lembrando que os romanos foram um dos raros
povos da antiguidade que cedo libertaram o Direito do domnio religioso,
distinguindo, nitidamente, na doutrina e na prtica, o jurdico do sacral.
Em 509 a.C., ocorreu separao entre a religio e o Estado, com a
implantao da Repblica, o que provocou o surgimento de duas espcies de crime,
o perduellio e o parricidium. O primeiro se apresentava como negcio do Estado por
se constituir em fato contra a existncia e a segurana da cidade, sendo punido com
pena pblica. O segundo sendo, primitivamente, a morte dada a um pater. So os
crimina publica, que se distinguem dos delicta privata, cuja represso fica entregue
iniciativa do ofendido junto justia civil, para reconhecimento do seu direito a
composio. Para os crimes pblicos, a pena era severa, geralmente a capital ou o
banimento.
As principais caractersticas do Direito Penal Romano eram:
a)

A afirmao do carter pblico e social do Direito Penal;

b)

amplo

desenvolvimento

alcanado

pela

doutrina

da

imputabilidade, da culpabilidade e de suas excludentes;


c)

elemento

subjetivo

doloso

se

encontrava

claramente

diferenciado. O dolo, que significava a vontade delituosa, que se aplicava a todo


campo do direito, tinha, juridicamente, o sentido da astcia, reforada, a maior parte
das vezes, pelo requisito da conscincia da injustia;
d)

A teoria da tentativa, que no teve um desenvolvimento

completo, embora se admita que fosse punida nos chamados crimes extraordinrios;
e)

O reconhecimento, de modo excepcional, das causas de

justificao (legtima defesa e estado de necessidade).


f)

A pena constitua uma reao pblica, cabendo ao Estado a

sua aplicao;
g)

A distino entre crimina publica, delicta privata e a previso dos

delicta extraordinria;
h)
e a participao;

A considerao do concurso de pessoas, diferenciando a autoria

Os romanos foram grandes juristas, que, entretanto, no cuidavam da


doutrina sistemtica de conceitos fundamentais porque o seu direito era uma prtica
do justo em relao a fatos cotidianos.

2 IDADE MDIA

O Direito Penal Medieval foi caracterizado por sua crueldade,


porquanto as pessoas viviam situaes de extrema insegurana, porque sendo o juiz
dotado de plenos poderes, ele poderia aplicar penas que no estavam previstas nas
leis, no havendo a observncia do princpio da legalidade. No havia tambm
nenhuma garantia quanto ao respeito integridade fsica do condenado ou mesmo
daquele que era investigado.
Foi trazida pelos germanos a influncia das ordlias ou juzos de
Deus que consistia na invocao do pronunciamento dos deuses atravs de duelo,
prova de fogo, entre outros, para apontar o criminoso.
Surgiram neste momento dois tipos de prises: a priso do Estado e a
priso eclesistica. A primeira com a modalidade de priso-custdia, utilizada no
caso em que o delinqente estava espera de sua condenao, para os casos de
priso perptua ou temporal ou, at receber o perdo. J a segunda, era destinada
aos clrigos rebeldes, que ficavam trancados nos mosteiros, dentro de um aposento
subterrneo, para que, por meio de penitncia e meditao, se arrependessem do
mal causado e obtivessem a correo.
O termo penitenciria tem antecedentes no Direito Penal Cannico,
que a fonte primria das prises. Este direito era dotado de peculiaridades, como,
por exemplo, os gastos com manuteno e subsistncia que ficavam por conta do
prprio encarcerado.
Os cristos entendiam que a pena deveria servir de penitncia, para
que o condenado reconhecesse seus pecados, arrependesse e no delinqissem
mais. No entanto, viam a necessidade do ru recolher-se em locais cujo ambiente
contribuiria para sua correo.

O que se pode verificar que na alta Idade Mdia a sociedade viveu


sob um sistema de terror e insegurana, pois a aplicao de penas cruis
evidenciava a falta do princpio da dignidade humana e da legalidade, que s
comearam a ser delineados com a baixa Idade Mdia.

3 IDADE MODERNA

Em meados do sculo XVI, a populao europia era formada, em sua


maioria, de indivduos pobres. No havia poltica criminal que pudesse minimizar a
situao de pobreza, pois havia se perdido a segurana, j que a pena de morte no
era mais eficaz para punir os delinqentes.
Foi na segunda metade do sculo XVI que surgiu um importante
movimento para desenvolver as penas privativas de liberdade: a criao de prises
para correo dos condenados. Cita-se o House of Corretion, construda em
Londres, na Inglaterra, entre 1550 e 1552, tendo por objetivo a reeducao dos
delinqentes, atravs de disciplina e trabalho severo.
Em 1556 surgiu em Amsterdam, na Holanda, a casa de correo para
homens; e no ano de 1557, uma casa de correo para mulheres; e em 1600 uma
priso especial para homens.
Como esses modelos prisionais tiveram xito, vrios pases europeus
os adotaram.
Um fato importante na era moderna foi a mudana da priso- custdia
para priso-pena, cuja motivao foi econmica. O Estado tinha a necessidade de
possuir um instrumento que permitisse a submisso do delinqente ao capitalismo.
Com isso, a privao da liberdade do indivduo gerou o surgimento de
estabelecimentos organizados como as casas de deteno e as penitencirias. Esta
populao carcerria deu origem ao denominado sistema penitencirio.
Nos Estados Unidos, no sculo XVII, surgiram importantes sistemas: o
Celular Pensilvnico ou Filadlfico e o Sistema Auburniano.

BATISTELA, Jamila Eliza , AMARAL, Marilda Ruiz Andrade. Breve histria do Sistema Prisional. 2008. Disponvel em: <http://intertemas.unitoledo.br/revista/>. Acesso
em 17 mar. 2015.

No Sistema Pensilvnico ou Filadlfico era utilizado o isolamento


celular absoluto, no podendo os presos manter qualquer forma de comunicao
com seus companheiros. Este sistema foi muito criticado porque era retirado do ser
humano uma necessidade humana: a de se comunicar. No dizer de Edgar
Magalhes Noronha, a cela um tmulo do vivo.
O Sistema Auburniano, que prevaleceu nos Estados Unidos, surgiu em
Auburn em 1818, tambm chamado de Silent System. Neste sistema, o isolamento
era noturno, o trabalho era inicialmente realizado nas suas prprias celas e,
posteriormente, em tarefas grupais, durante o dia, isso tudo em absoluto silncio,
sendo proibido visitas, lazer e prtica de exerccios.
Depois da criao do sistema de Auburn, surgiu na Inglaterra a gnese
do que viria a ser denominado sistema progressivo que, de certo modo, atendia
precariamente aos movimentos emergentes e as presses de matizes humanitrias
em relao aos sistemas prisionais.
O capito da Armada Inglesa, Alexander Maconochie, introduziu na Ilha
de Norfolk o Mark System (sistema de marcas), sob o qual os condenados tinham
em seus pronturios marcas que poderiam ser positivas ou negativas conforme seu
comportamento em razo do trabalho ou conduta disciplinar.
Importante ressaltar que foi a partir do aparecimento do sistema
progressivo complementado por Alexander Maconochie, que o sistema penitencirio
passou por grandes modificaes, trazendo consigo alteraes fundamentais que
lhe permitiram sobreviver at agora.

4 SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO


4.1 BRASIL COLNIA
4.1.1 ORDENAES AFONSINAS

As Ordenaes Afonsinas foram promulgadas em 1446, por D. Afonso


V, constituindo o primeiro cdigo completo de legislao a aparecer na Europa
depois da Idade Mdia.

Esta legislao vigorou por quase 70 anos, sendo substitudo por uma
nova codificao empreendida por D. Manuel, O Venturoso, que queria ajuntar aos
seus ttulos, o de legislador e divulgar pela imprensa, que ento comeava a
generalizar-se em Portugal, um cdigo mais perfeito.

4.1.2 ORDENAES MANUELINAS

Em 1514, foram editadas as Ordenaes Manuelinas, e de cuja


codificao foram incumbidos os juristas Rui Bato, Rui da Gr e Joo Cotrim.
Durante sete anos, recebeu reformas, sendo finalmente publicada em 1521.
Estas Ordenaes foram a real e efetiva legislao do incio do regime
colonial no Brasil.
Nas condies primitivas da colnia, no era fcil se ter um rigoroso
ajustamento s leis da metrpole, porque pessoas que vinham para o Brasil estavam
cheias de ambies, e em nenhum momento se preocupavam com o que estava
prescrito juridicamente, ou com o que a sociedade metropolitana considerava
moralmente correto.
Essa legislao no era apropriada para reger a sociedade dos
primeiros tempos coloniais, pois era uma legislao que representou a evoluo de
uma velha sociedade s necessidades da mesma, ao nela se acolher.
Na realidade, sobretudo no regime das capitanias, o que interessava
era o arbtrio do donatrio, representado por um direito informal e personalista, com
o qual se pretendia manter a ordem social e jurdica, em ncleos de homens
ambiciosos ou de delinqentes que longe da metrpole, no se sentiam presos s
limitaes jurdicas e morais desta.
J no tempo dos governos gerais, tornou-se um pouco mais efetivo o
imprio da lei, por se ter um quadro de funcionrios destinados aplicao e
execuo e medidas penais. Entretanto, na prtica, os abusos e injustias
continuaram existindo.

4.1.3 ORDENAES FILIPINAS

As Ordenaes Filipinas foram a mais longa das Ordenaes,


vigorando do tempo colonial at os primeiros anos do Imprio.
Essas ordenaes foram marcantes pela exorbitncia das penas, que
alcanavam com extremo rigor fatos s vezes insignificantes; pela desigualdade de
tratamento entre os infratores; pela confuso entre direito, moral e religio, e por
muitos outros vcios.
As execues efetivaram-se na forca, na fogueira, e em alguns casos
ocorria a amputao dos braos ou das mos do condenado. Essas penas ficaram
reservadas para os casos de homicdio, latrocnio e insurreio de escravos,
configurando uma mudana importante, pois no antigo regime, a pena de morte era
prevista para mais de setenta infraes. Em 1835, como reao ao levante de
negros muulmanos ocorrido na Bahia, uma lei draconiana ampliaria as hipteses de
pena capital para escravos que matassem, tentassem matar ou ferir gravemente seu
senhor ou feitor.
Tivemos no Brasil o caso de Tiradentes que, acusado de crime de lesamajestade (traio cometida contra a pessoa do Rei, ou seu Real Estado), foi
enforcado e esquartejado, demonstrando a crueldade excessiva da poca.
A permanncia da Corte Portuguesa no Brasil, por mais de 13 anos,
no trouxe nenhuma alterao nossa legislao penal, nem o fato da
independncia do pas veio marcar o incio de novo perodo na histria do nosso
Direito Penal. A evoluo, entretanto, foi se operando com o passar dos tempos, e
em plena vigncia das Ordenaes Filipinas, em Portugal, espritos adiantados
propugnaram pela renovao das leis.

4.2 BRASIL IMPRIO

Com a independncia e a Carta Constitucional de 1824, veio a


necessidade de se substituir a legislao do Reino.

O esprito que dominou o Cdigo Criminal do Imprio estava


antecipado na Constituio de 1824. Este cdigo estabelecia as relaes do
conjunto da sociedade, cuidando dos proprietrios de escravos, da plebe e dos
cativos.
Estabelecia trs tipos de crimes: os pblicos, entendidos como aqueles
contra a ordem poltica instituda, o Imprio e o imperador - dependendo da
abrangncia seriam chamadas de revoltas, rebelies ou insurreies; os crimes
particulares, praticados contra a propriedade ou contra o indivduo e, ainda, os
policiais, contra a civilidade e os bons costumes. Nestes ltimos incluam-se os
vadios, os capoeiras, as sociedades secretas e a prostituio. O crime de imprensa
era tambm considerado policial.
Em todos os casos o governo imperial poderia agir aplicando as penas
que continham no cdigo como, por exemplo, priso perptua ou temporria, com ou
sem trabalhos forados, banimento ou condenao morte.
As caractersticas mais importantes desse cdigo so: a) a excluso da
pena de morte para os crimes polticos; b) a imprescritibilidade das penas; c) a
reparao do dano causado pelo delito; d) ser considerado agravante o ajuste prvio
entre duas ou mais pessoas, para a prtica do crime; e) a responsabilidade
sucessiva nos crimes de imprensa.
Este cdigo transformou-se em lei, a 16 de dezembro de 1830, sendo o
primeiro Cdigo Penal autnomo da America Latina.
Na poca, as idias liberais encontravam-se no seu pice. A
propaganda individualista, desenvolvida quase simultaneamente na Frana e nos
Estados Unidos, estava em ebulio. Era natural que, nos princpios em foco, se
fundamentasse a Constituio Federal, revelando-se uma das mais adiantadas.
O seu art. 179 reuniu de forma completa, a enumerao dos direitos e
garantias individuais. Pelo que este preceito consignou, podia-se vislumbrar a
orientao do Cdigo Criminal por vir.
O inciso 2. desse artigo dizia: Nenhuma lei ser estabelecida sem
utilidade pblica. manifesto que o legislador se inspirava na doutrina de Bentham,
segundo a qual os sistemas legislativos deveriam se basear na utilidade das coisas.

O inciso 3. firmava o relevante princpio da irretroatividade da lei, cuja


incidncia no terreno repressivo consubstancia uma das essenciais garantias
liberdade dos cidados.
Assim dispunha outros incisos do art. 179, referentes, a matria penal:
Inciso 4.: Ningum pode ser perseguido por motivo de religio, uma
vez que respeite a do Estado, e no ofenda a moral pblica;
Inciso 5.: Ningum poder ser preso sem culpa formada, exceto nos
casos declarados na lei; e nestes, dentro de 24 horas, contadas da entrada na
priso, sendo em cidades, vilas, ou outras povoaes prximas aos lugares da
residncia do juiz; e nos lugares remotos dentro de um prazo razovel que a lei
marcar, atenta a extenso do territrio, o juiz, por uma nota por ele assinada, far
constar ao ru o motivo da priso, os nomes dos seus acusadores, e os das
testemunhas, havendo-as;
Inciso 6.: Ningum ser sentenciado seno pela autoridade
competente, por virtude de lei anterior, e na forma por ela prescrita;
Inciso 7.: Nenhuma pena passar da pessoa do seu delinqente.
Portanto, no haver em caso algum confiscao de bens, nem a infmia do ru se
transmitir aos parentes, em qualquer grau que seja;
Inciso 8.: As cadeias sero seguras, limpas e bem arejadas, havendo
diversas casas para separao dos rus, conforme suas circunstncias e natureza
dos seus crimes.
O Cdigo Criminal do Imprio revelou o acolhimento dado s idias
liberais.
Depois do Cdigo Criminal de 1830, adveio o Cdigo de Processo de
1832, tambm imbudo do esprito liberal, sendo este estatuto de suma importncia
para a legislao brasileira, porque constituiu, at o fim de 1941, a sua lei processual
em matria repressiva.

4.3 BRASIL REPBLICA

Proclamada a Repblica em 1889, intensificou-se a necessidade de se


promover reforma na legislao criminal, mesmo porque j haviam se passado 60
anos da promulgao do Cdigo do Imprio, e as suas leis ficaram envelhecidas por
no mais acompanhar a realidade.
O Ministro da Justia do governo provisrio, Campos Sales, confirmou
o trabalho que havia sido confiado a Batista Pereira na preparao do novo Cdigo.
Em pouco tempo o projeto foi estruturado e rapidamente entregue ao Governo,
sendo submetido ao juzo de uma comisso presidida pelo prprio Ministro da
Justia. Por decreto de 11 de outubro de 1890 foi aprovado, transformando-se em lei
passando o Brasil a ter um novo cdigo penal.
Como foi feito s pressas, apresentava vrios defeitos tcnicos, sendo
por isso objeto de crticas, que contriburam para abalar seu prestgio, o que
dificultou a aplicao do novo Cdigo.
Para solucionar o problema, o Poder Executivo fez um projeto para um
novo Cdigo. Depois de inmeras tentativas, em 1940 o projeto definitivo foi
apresentado, sendo promulgado em 7 de dezembro do mesmo ano. Entrou em vigor
em 1 de janeiro de 1942.
Vicente Piragibe coligiu toda a legislao penal posterior ao Cdigo de
1890 e elaborou uma Consolidao das Leis Penais, obra de grande valor, pois
facilitava a todos quantos tinham de indagar qual direito penal estava vigente.
Para fazer o Cdigo de 1940, o legislador brasileiro inspirou-se em um
Cdigo Italiano, de 1930, chamado Cdigo de Rocco, e tambm seguiu, como
exemplo, o Cdigo Suo de 1937, para inmeras solues adotadas.
Embora elaborado durante regime ditatorial, o Cdigo Penal unifica
fundamentalmente as bases de um direito punitivo democrtico e liberal. Na parte
geral do Cdigo, temos por base o princpio da reserva legal; o sistema de duplo
binrio; a pluralidade de penas privativas da liberdade; a exigncia do incio da
execuo para a configurao da tentativa; o sistema progressivo para o
cumprimento da pena privativa de liberdade; a suspenso condicional da pena e o

livramento condicional. Na parte especial, dividida em onze ttulos, a matria se


inicia pelos crimes contra a pessoa, terminando pelos crimes contra a administrao
pblica. No h mais pena de morte e nem de priso perptua, e o mximo da pena
privativa de liberdade de 30 anos.
Em 1961, o governo decidiu fazer uma reforma na legislao criminal, e
solicitou a Nelson Hungria, mestre de Direito Penal Brasileiro, para que a fizesse.
Modificou-se a parte geral, tendo como ponto marcante o abandono do
sistema do duplo binrio (medidas de segurana detentivas para imputveis),
adotando o sistema vicariante (pena ou medida de segurana), nos casos em que o
agente semi-imputvel.
Juntamente com a nova Parte Geral do CP, foi promulgada a Lei de
Execuo Penal, Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1984.

BIBLIOGRAFIA

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