Apontamentos Direito Da UE
Apontamentos Direito Da UE
Apontamentos Direito Da UE
Introduo1
Noo e Natureza do Direito da Unio Europeia
- Para Maria Lusa Duarte, o Direito da Unio Europeia o conjunto de
regras e princpios que regulam a existncia e o funcionamento da
Unio Europeia.
- O Direito da Unio Europeia no um ramo de Direito, como o
Direito Civil ou o Direito Administrativo uma rvore, uma ordem
jurdica per se, sendo a expresso do ordenamento jurdico europeu.
- Um ordenamento jurdico pleno (para Maria Lusa Duarte) tem de
preencher os seguintes pressupostos:
- Sistema de fontes
- Autonomia
- Hierarquia
- Unidade
- Plenitude
- A Unio Europeia tem um sistema prprio de fontes, como as
directrizes, os regulamentos, etc.
- Autonomia o Direito da Unio Europeia tem autonomia face aos
ordenamentos jurdicos com que se relaciona
- No entanto, a sua relao com outros ordenamentos
(nomeadamente o Direito Interno) no inexistente os
ordenamentos jurdicos podem ser autnomos mas no estanques,
funcionando em rede a chamada internormatividade
- Hierarquia no seio da Unio Europeia verificam-se, de facto,
relaes de subordinao e, especialmente, de supraordenao
- Exemplo: princpio do primado do Direito da Unio Europeia,
princpio da prioridade aplicativa
1 Maria Lusa Duarte, Unio Europeia: Esttica e Dinmica da Ordem
Jurdica Eurocomunitria, pp 17-23, 1 Edio, Almedina, 2011
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Concluso
- Direito da Unio Europeia a expresso de um ordenamento jurdico
prprio, no sendo, portanto, um ramo de Direito. Contudo, existem
ramos de Direito da Unio Europeia, como o Direito Europeu da
Concorrncia, Direito do Mercado nico, etc., sendo o Direito da Unio
Europeia a rvore.
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At 1 Guerra Mundial
- Maria Lusa Duarte chama a esta fase pr-histria da integrao
europeia
- difcil definir Europa. Geograficamente no nada mais do que
uma pennsula asitica mas desde a Idade Mdia que se foi
perdendo a noo puramente geogrfica de Europa, e com o
humanismo renascentista, j se caracteriza a Europa como entidade
histrico-cultural e poltica.
- Desde a Antiguidade Clssica que tem havido um desejo de uma
Europa unida, Europa unida essa que tem sido tentada pela fora das
armas e pela fora das palavras. Depois de uma Idade Mdia onde
houve uma certa unidade sob a autoridade do Papa, a chamada Res
Publica Christiana, a Idade Moderna das soberanias nacionais
absolutas e das guerras religiosas fratricidas cria uma nostalgia de
unidade europeia.
- Pela fora das armas, j vrios imprios tentaram unir a Europa o
Imprio Romano, Imprio Carolngio, Sacro-Imprio RomanoGermnico, Frana Napolenica, III Reich, etc.
- Pela fora das palavras, a ideia de unidade europeia j h algum
tempo que vinha a ser proposta, havendo muitos filsofos e
pensadores a apresentarem projectos de congregao europeia
variados, numa era em que os Estados eram deixados aos seus
impulsos beligerantes.
- Ainda numa base muito precoce, pensadores como Antoine
Marini, o Duque de Sully, William Penn, o Abade Saint-Pierre, entre
outros, foram os prmeiros a propor proto-projectos de uma Europa
Unida.
- No sculo XVIII vrios pensadores, como Jean-Jacques Rousseau,
Jeremy Bentham e Immanuel Kant, fazem passar pela unidade de
Estados europeus a possibilidade de uma paz perptua.
- No sculo XIX, essas ieias so divulgadas, atravs de autores
como Saint-Simon, Benjamim Constant, Ernest Renan, e at se
realizaram Congressos da Paz, em 1849 e 1850. No primeiro, o
escritor francs Victor Hugo props uma unio europeia com capital
em Paris, o que mostra que, apesar das intenes, havia muita
dificuldade em conseguir erguer o europesmo no meio de
nacionalismos. No entanto, todos estes pensadores pensaram a
integrao poltica europeia em torno dos seguintes valores
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Princpio do Primado
- Ele confirmado, mas no formalmente consagrado no Tratado de
Lisboa, ao contrrio da Constituio. No entanto, a jurisprudncia
uniformizadora do Tribunal de Justia reafirma o princpio,
especialmente atravs do famoso acrdo Costa v. ENEL: A fora
executiva do Direito Comunitrio no pode variar de um Estado para
outro devido a leis domsticas posteriores sem prejudicar a
concretizao dos objectivos do Tratado.
- A razo da remoo do princpio do primado do Tratado foi
principalmente poltica, depois dos referendos falhados em Frana e
na Holanda.
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O Conselho Europeu
Composio
- Tem uma legitimidade inter-governamental, de forma a
preservar o equilbrio de poderes dentro da Unio.
- Rene Chefes de Estado e de Governo, representando os
Estados-Membros a mais alto nvel art. 15/2 TUE
- Maria Lusa Duarte acha que o Conselho a instituio que mais
beneficia com o regime institudo no Tratado de Lisboa.
- Jean-Claude Piris concorda, afirmando que o Tratado de Lisboa
consagra o papel do Conselho Europeu como nica instituio que
tem liderana poltica geral da Unio Europeia.
- Mesmo assim, o Tratado de Lisboa tornou-o uma instituio, o
que tambm significa que os seus actos jurdicos podem ser
fiscalizados pelo Tribunal de Justia art. 263 e 265 TFUE
Funes e Procedimento de Deciso
- Art. 15 TUE define principal funo do Conselho Europeu: dar
impulso poltico e estabelecer as orientaes gerais e
prioridades da Unio
- O Conselho Europeu conserva a sua tradicional funo de
instncia superior de impulso poltica da Unio, reforada pela
atribuio de poderes efectivos de conformao de outras
instituies, que antes no tinha. Assim, deixa de ser s uma
instituio de impulso poltico.
- Define a composio do Parlamento Europeu art. 14/2
- Define as formaes do Conselho e o sistema de presidncias
rotativas art. 236 TFUE
- No que toca Comisso, define o sistema de rotao de
Comissrios art. 244 TFUE, e, alm disso, nomeia e pe termo ao
mandato do Alto Representante (18/1 TUE) e prope o cargo de
Presidente da Comisso (17/7 TUE). Alm disso, nomeia a Comisso
Executiva do BCE (art. 283/2 TFUE)
- De frisar tambm as chamadas clusulas de passerelle, em que
o Conselho Europeu tem competncia para alargar os domnios de
deciso por maioria qualificada no Conselho (31/3 TUE), bem como
no processo de reviso simplificada (48/2 e 6 TUE)
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A Comisso Europeia
Composio
- Legitimidade integrativa (defender interesses da Unio)
- Os comissrios so indicados pelos Estados, aprovados pelo
Presidente da Comisso e pelo Parlamento Europeu
- Supostamente o art. 17/5 TUE mudou o nmero de comissrios
(inc. o Presidente e o Alto Representante) de um por Estado-Membro
para 2/3 dos Estados-Membros. Contudo, aps o referendo irlands, o
Conselho Europeu decidiu abandonar essa deciso.
- Comissrios no representam os Estados, mas sim o
interesse colectivo da Unio art. 17/1 com a excepo da
PESC
Funes e Procedimentos de Deciso
- Supostamente, o Tratado de Lisboa d-lhe mais poderes,
com a comunitarizao do ex-terceiro pilar e com o art. 293
TFUE que requer unanimidade do Conselho para emendar uma
proposta da Comisso quando a Comisso no concorda com ela, o
que d mais relevncia Comisso no procedimento de tomada de
deciso.
- Tem um poder de iniciativa que, para Mota de Campos,
fundamental. S excepcionalmente que os Tratados prevem que o
Conselho e o Parlamento tenham iniciativa ver art. 289/1 TFUE e
17/2 TUE
- Quando os tratados prevejam que o Conselho ou o Conselho e o
Parlamento decidem sobre proposta da Comisso, no lhes
permitido deliberar seja o que for enquanto a Comisso no lhes tiver
submetido uma porposta nesse sentido. Caso contrrio, a adopo do
acto ser ferida de nulidade, ilegalidade ou inaplicabilidade.
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- Ela vista como a guardi dos tratados (v. art. 17/1 TUE),
tendo poderes de controlo como o poder de fiscalizao (337
TFUE) e o direito de aco. O direito de aco composto por aces
por incumprimento (258 TFUE), recursos de anulao (263 e 264
TFUE), recursos de anulao, quando o Conselho, o Parlamento ou o
BCE, em violao dos tratados, se abstenham de agir (265 TFUE).
- Tem ainda poderes para autorizar a adopo de medidas
derrogatrias das disposies dos tratados, como autorizaes
de medidas de salvaguarda (44 e 347 TFUE), fiscalizao da
concesso de ajuda estatal a empresas nacionais (107 TFUE),
derrogao de certas regras de concorrncia 101/3 TFUE
- Detm ainda poderes de sano contra operadores do mercado
interno, poderes de gesto e, atravs do Alto Representante, que
seu Vice-Presidente, participar na elaborao e aplicao da poltica
externa e de segurana comum da Unio.
- Teoricamente tambm, o Tratado de Lisboa d mais poder ao
Presidente:
- Como o Alto Representante Vice-Presidente da Comisso, o
Presidente tem de aceitar a sua nomeao 18/1 TUE
- Pode pedir demisses de qualquer comissrio 17/6 TUE
- Presidente eleito pelo Parlamento Europeu art. 17/5 assim,
mandato do Presidente da Comisso depende muito da configurao
poltica em Estrasburgo.
- De sublinhar tambm que o Tratado dispe uma regra geral segundo
a qual a Comisso com excepo da PESC e outros casos previstos
nos tratados assegura a representao externa da Unio art. 17/1.
- Contudo, pode-se afirmar que a Comisso a instituio que
mais sai prejudicada do Tratado de Lisboa em termos
comparativos, pois no ganha tantos poderes quanto as outras
instituies.
- Quanto ao Alto Representante, Maria Lusa Duarte acha que tem
poucas hipteses de se afirmar como verdadeiro representante
externo da Unio Europeia, perdido no labirinto de competncias e
apanhado na sobreposio de poderes entre o Conselho e a
Comisso.
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O Tribunal de Contas
- Patinho feio da Unio Europeia. E sim, foi a Maril que disse isto.
- Composto por 27 membros, um por cada Estado, escolhidos por
quem j tenha exercido funes semelhantes nos Tribunais
Constitucionais nacionais art. 286/1 ss TFUE
- Estatuto de independncia
- Funes de controlo financeiro muito amplia, pois abrange a
fiscalizao da totalidade das receitas e despesas da Unio art. 287
TFUE. Controla tanto a legalidade como a oportunidade das contas
art. 287/2 TFUE
- O controlo levado a cabo pelo Tribunal de Contas externo,
competindo o controlo interno estrutura competente de cada
instituio, rgo ou organismo, e feito a posteriori, porque incide
sobre as contas.
- Apesar de no ter poderes de natureza decisria ou sancionatria
pode defender as suas prerrogativas atravs da interposio de
recursos de anulao art. 263 TFUE e de recursos por omisso
art. 265
- Funes Consultivas exercidas a pedido de outras instituies sob
a forma de pareceres. A consulta pode ser obrigatria art. 322
TFUE por exemplo ou facultativa art. 287 TFUE p ex.
rgos Complementares
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Organismos
- Aqueles observatrios e agnicas estranhos que s servem pa
gastar dinheiro.
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O Princpio da Transparncia
- A actuao institucional segundo critrios de transparncia
recente. A declarao n 17 anexa ao Tratadode Maastricht registava
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Primeira Leitura
- Olhando para a proposta da Comisso, o Parlamento estabelece a
sua posio que transmite ao Conselho.
- Se o Conselho disser que sim, o acto considera-se adoptado
com a formulao correspondente a essa posio e o processo
termina.
- Se o Conselho no aprovar a posio do Parlamento Europeu,
vai adoptar a sua prpria posio, transmitindo-a ao
Parlamento, devidamente fundamentada.
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Concluso
- Com o Tratado de Lisboa, houve um reforo na natureza
democrtica do procedimento de deciso, com uma maior
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- Apesar da distino operada pelo art. 290 e 291 TFUE entre actos
delegados e actos de execuo, a sua distino depende dos
procedimentos de comitologia, devidamente adaptados o art.
290 tem a vantagem de enunciar o direito de participao do
Parlamento Europeu, enquando co-autor do acto legislativo, no
procedimento de delegao, embora uma tal participao nos suscite
reservas do ponto de vista funcional como rgo parlamentar no
deveria o Parlamento, na opinio de Maria Lusa Duarte, intreferir no
exerccio da funo executiva, ainda que de forma difusa de acto
delegado, o que levanta uma srie de questes em relao ao
exerccio de poderes pelo Parlamento Europeu, pela Comisso e pelos
Estados-Membros.
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Direito Primrio
Noo
- O Direito Primrio (ou originrio) formado pelos tratados e
instrumentos afins. E de que tratados falamos? Todos os tratados
que sejam relevantes para a definio da estrutura jurdica da Unio
Europeia, Tratados de Adeso e Protocolos art.51 TUE.
- Ao contrrio do direito derivado, que unilateral, o direito
primrio convencional
- Aqui, os Tratados so convenes internacionais de tipo
clssico, produto exclusivo da vontade soberana dos Estados
contratantes, concludas sob as regras de DIP e respectivas normas
constitucionais.
17 Joo Mota de Campos, MDE, pp. 296-351
18 Jean-Claude Piris, The Treaty of Lisbon..., pp 92-104
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Direito Derivado
Actos Tpicos 288 TFUE
- Para Maria Lusa Duarte, o Tratado de Lisboa fez uma espcie de
milagre, alterando e ao mesmo tempo conservando os actos tpico,
mantendo no art. 288 a nomenclatura dos actos tradicionais
comunitrios.
- Alis, ainda afirma, com base dos arts. 289 ss TFUE que a
definio de um acto como legislativo ou no no feita em
funo da matria, nem do rgo que o aprova, mas sim do
procedimento de aprovao. Na opinio de Maria Lusa Duarte,
este critrio ser claro e fcil de aplicar, mas curto como critrio de
definio de acto legislativo. Sublinhe-se que este formalismo
restritivo da noo de acto legislativo tem implicaes prticas, por
exemplo, no exerccio de poderes de controlo do princpio da
subsidariedade pelos Parlamentos nacionais.
Regulamentos
- Actos gerais e abstractos, obrigatrios e directamente
aplicveis correspondem a actos de funo normativa
- Impe obrigaes ou estabelece direitos a todos os que se
incluam ou possam no futuro a incluir-se na categoria de destinatrios
que o regulamento define em abstracto e objectivamente.
- O regulamento, sem visar quem quer que seja, impe-se a todos
aqueles UE e instituies, Estados-Membros e rgos, pessoas
pblicas e privadas.
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Actos Atpicos
- So todos os actos da Unio Europeia que no esto no 288.
- H que fazer uma distino: os actos fora do 288 como
aqueles que esto no 295; e outros que esto fora dos tratados
(exemplo: orientaes gerais).
- Regulamentos internos, que organizam a vida interna das
instituies. Podem tambm ser regulamentos financeiros e
processuais no so regulamentos normais porque no tm alcance
geral, no tm aquelas exigncias de formae porque respeitam
organizao interna dos rgos. Cada caso est previsto nos tratados.
- Actos preparatrios nos processos, integrando-se aqui as
propostas da Comisso, projectos que desencadeiam as revises dos
tratados, etc.
- Actos que no estejam previstos: decises de criao de comits
consultivos, por exemplo.
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- No que toca s convenes celebradas entre EstadosMembros, temos as convenes anteriores concluso dos
Tratados Comunitrios elas subsitem na medida em que sejam
compatveis com eles. Caso contrrio, verifica-se uma ab-rogao
implcita dos acordos anteriores.
- No que toca s convenes celebradas depois dos Tratados,
devem respeitar o art. 4/3, sendo resolvidas pelo TJUE com base
nesse artigo, sujeitando-se, caso no procedam, a que contra eles
seja instaurada uma aco por incumprimento (258 TFUE).
- A questo das convenes celebradas com Estados terceiros
antes da concluso dos Tratados foi resolvida pelo art. 351 TFUE:
na medida em que tais convenes no sejam compatveis com o
presente Tratado o Estado ou os Estados-Membros em causa
recorrero a todos os meios adequados para eliminar as
incompatibilidades verificadas.
- Quanto s convenes posteriores concluso dos Tratados
no de prever que em convenes celebradas com terceiros
posteriormente concluso dos Tratados, os Estados-Membros
assumam compromissos incompatveis com as obrigaes
decorrentes dos Tratados, sem prejuzo da competncia exclusiva da
Unio para concluir, em certos domnios, acordos com terceiros pases
ou organizaes internacionais.
- Finalmente, as convenes concludas por todos os EstadosMembros no seio de uma organizao internacional a Unio
respeitar ela prpria, no desenvolvimento da sua aco, os
compromissos anteriormente assumidos pelos Estados-Membros, na
medida em que tais compromissos tenham por objecto matrias que
passaram a ser da competncia da UE e da esfera de aco das suas
instituies foi o que sucedeu com a Conveno Europeia dos
Direitos do Homem, subscrita por todos os Estados-Membros e que a
Unio se obrigou a respeitar enquanto ela prpria no aderir
formalmente Conveno.
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Outras Fontes
A Jurisprudncia
- Fausto de Quadros diz que o papel que a jurisprudncia teve na
formao do Direito da Unio Europeia afasta-se da funo que
assume nos pases da famlia jurdica romano-germnica para se
aproximar mais da sua funo nos pases de famlia anglo-saxnica.
Assiste-se, assim, a uma criao de Direito por via pretoriana se o
direito comunitrio alcanou a densidade e o progresso que hoje
apresenta, isso deve-se muito jurisprudncia comunitria que soube
suprir, tantas vezes, a paralisia dos rgos polticos de deciso.19
O Costume
- uma fonte residual e no tem grande expresso. Isto porque,
ao contrrio do Direito Internacional Pblico, que exprime a vontade
de uma Comunidade internacional pouca institucionalizada na qual
faltam centros de criao normativa
- Na Unio Europeia, pelo contrrio, h uma institucionalizao clara
dos actos desta congregao de 27 estados h um direito
vertebrado mais perto do direito estadual do que do Direito
Internacional Pblico. O costume, para se afirmar como fonte
relevante e autnoma, precisa de espaos e no quadro da Unio
tendem a diminuir-se os espaos por via do controlo judicial da
legalidade, como, por exemplo, o costume contra legem.
- So raras as situaes em que se verifique costume. Os acordos do
Luxemburgo so um exemplo de aplicao de costume. Mas a sua
verificao bastante pontual e residual. No Direito da Unio
europeia predominam a fontes escritas e jurisprudenciais.
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Tem por base um caso bem conhecido em que se pretendia atacar a lei italiana de
nacionalizao da energia elctrica, denunciada como incompatvel com algumas
das disposies do Tratado de Roma. Tendo o juiz milans submetido ao Tribunal ao
abrigo do ento 177 CEE, agora art. 267 TFUE, a questo da interpretao das
disposies comunitrias em causa, o Governo italiano contestou a admissibilidade
do recurso ao Tribunal de Justia sustentando que a funo do juiz italiano era
aplicar a lei italiana.
O Acrdo afirma que, o primado da regra comunitria se manifesta em relao a
todas as normas nacionais, quaisquer que elas sejam, anteriores ou posteriores,
tornado inaplicveis de pleno direito todas as disposies nacionais existentes.
A Aplicabilidade Directa
- A doutrina distingue aplicabilidade directa de efeito. Partindo-se de
que o direito da Unio no apenas fonte de direitos para os Estados,
este direito fonte tambm para os particulares e
instituies europeias, entre outros sujeitos que recebem
este direito da Unio. Os particulares tem portanto, direitos
baseados nessa mesma fonte de direito europeu. A anlise
parte de saber se a norma precisa de mediao ou se tem
aplicabilidade directa. O ideal comunitrio o ideal de normas que
tenham aplicabilidade directa para poderem ser invocadas pelos
sujeitos que as recebem sem ter que esperar por a transformao em
norma nacional.
- Tradicionalmente a doutrina distinguia a aplicabilidade directa
de efeito directo, distino que se mantem at hoje em parte.
- A base desta distino: a aplicao directa caracteriza-se
pela norma ser susceptvel de incorporao directa na ordem
jurdica interna, e a fonte do conceito o art. 288 TFUE, quando
diz que os regulamentos so directamente aplicveis, e no se
deve confundir com a aplicabilidade imediata diz que pode haver
regulamentos no susceptveis de aplicao imediata porque ficam
dependentes de normas de execuo (desta forma a sua aplicao
fica suspensa, mediante a aplicabilidade dessas normas de execuo
- art. 4/3 TUE). O regulamento directamente aplicvel no
transposto, porque seira contrrio ao principio de
aplicabilidade directa, mas devem-se aplicar normas
favorveis sua aplicao.
Acrdo Van Gend en Loos de 5/2/1963
O Tribunal considerou que as razes vlidas para recorrer no plano do DIP no o so
necessariamente no quadro dos Tratados Comunitrios, acabando por considerar
que: 1- os Tratados, cuja finalidade organizar um mercado comum, afectam no
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Questes Prejudiciais
- um processo anunciado no artigo 267 TFUE - no um recurso,
um mecanismo de cooperao entre tribunais cujo objectivo
pretende-se em garantir a aplicao e interpretao
uniformes do direito da Unio. Pretende-se evitar a divergncia
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Os Tribunais Competentes
- A competncia principal de tutela judicial pertence aos
tribunais nacionais artigo 274 TFUE, sem prejuzo da
competncia do Tribunal de Justia, a Unio no fica subtrada
competncia dos tribunais nacionais para dirimir os litgios isto
significa basicamente que o Tribunal de Justia tem uma
competncia atribuda ou tipificada, sendo que o juiz
comunitrio s pode apreciar as questes tipificadas nos
tratados.
- Fora dessas questes a apreciao cabe aos tribunais
nacionais, tendo eles competncia de princpio, sendo eles
dados como os rgos comuns de aplicao das normas da
unio, de acordo com o processo judicial vigente em cada
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Mtodos de Proteco
- Nos Tratados Institutivos, nada se dizia em relao ao Direitos
Fundamentais, fazendo o Tribunal de Justia adoptar uma posio
negacionista em relao a estes.
- Esta posio do Tribunal uma posio de rigidez que recusa a
aplicao de normas constitucionais, negando a importncia desta
matria.
- Entretanto, o Tribunal Constitucional Federal Alemo (BVG),
proferiu dois acrdos importantes, os chamados acrdos
Solange (que em alemo significa enquanto), em que se estatua
que o Tribunal s iria decidir se legislao da UE respeita ou no os
direitos fundamentais, enquanto a Unio Europeia no tivesse um
parlamento democraticamente eleito. Mais tarde, j havendo esse
parlamento democraticamente eleito, foi proferido um mais suave
Acrdo Solange II, em que se estatua que, enquanto a legislao
da Unio garantir proteco efectiva dos direitos
fundamentais, qualquer caso contra uma norma ser
rejeitado.
- S em 1989 que aprovado um instrumento chamado Carta
Comunitria dos Direitos Sociais Fundamentais dos Trabalhadores, um
acordo intergovernamental inspirado pela Organizao Internacional
do Trabalho.
- O segundo marco importante a assinatura do Tratado de
Maastricht, em que os Estados-Membros assumem um compromisso,
encarando os Direitos Fundamentais como algo de cimeira
importncia no Direito da Unio.
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http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?
uri=CELEX:62009J0434:PT:HTML
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