(Resumos) DIP PDF
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Na antiguidade clássica havia o Estado em sentido histórico. Durante este período emergem a
noção de jus gentium (direito das gentes). Embarcava direito aplicado a estrangeiros, a
convenções, tratados ou acordos estabelecidos com outros povos. Era um direito aplicável a
estrangeiros, relações externas ou a zonas militares.
Durante este período tínhamos um direito muito eurocêntrico, muito centrado na Europa. Há
uma noção de que os estados cristão formariam a res publica cristiana onde emergia o papel
relevante do papado. O papado funcionava como uma espécie de organização das nações
unidas, já que determinavam o que eram guerras justas e guerras injustas; determinava
disposições relevantes em matéria religiosa; podia sancionar monarcas; reconhecia territórios a
descobrir, etc.
A jus gentium sofreu uma evolução por interferência da chamada Escola Clássica Espanhola com
Francisco Vitório e Consuares. Efetivamente, o jus gentium foi transformado no jus inter
gentium (entre os povos). Para esta reconstrução, de um direito entre povos, teve
particularmente importância os Descobrimentos. Esta ideia começou a ganhar corpo no DIP, e
as práticas e costumes começarem a ser elementos importantes de afirmação deste direito.
Surge a noção de DIP de Jeremy Bentham em Introduction to Principles and Morals Legislations.
Durante este período:
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Após o termos da I Guerra Mundial tentam substituir as Nações Unidas como estrutura
organizacional internacional. Tratar-se-ia das nações vencedoras da guerra, apenas
posteriormente iria alargar-se a outras tantas nações, mesmo as perdedoras.
Com a criação das NU sucede-se o movimento de autodeterminação dos povos coloniais, os que
se encontravam em colónias das potências europeias (a partir dos anos 50).
Portugal entendeu que não tinha colónias, mas potencias inter marítimas e por isso foi o último
estado a proceder à descolonização.
Durante este período o DIP tem um grande desenvolvimento e surgem novos sujeitos do direito
internacional e passa ter um cariz mais positivo e, portanto, temos várias escolas de DIP. Uma
escola anglo saxónica onde vigora o princípio da common law que valoriza imenso a
jurisprudência e a força do precedente. A partir do momento em que se criam tribunais
internacionais, criam-se tribunais arbitrais e tribunais ad oc.
O Muro de Berlim fazia uma separação entre o mundo comunista e o universo de livre mercado
e democrático.
Voltou-se a uma perigosa anarquia das relações internacionais. De qualquer forma, esta 3ª fase
que representa um certo enfraquecimento do DIP geral ou comum, teve como contraponto o
reforço do chamado DIP especial. Fortalecem-se organizações internacionais de tipo regional,
como a EU. Portanto, criam-se fundamentos para que os estados se agrupem em função de
interesses geográficos e económicos e estas organizações que os agrupam passam a relacionar-
se entre si como sujeitos do direito internacional: fenómeno do regionalismo internacional. Esta
3ª fase é uma fase de blocos internacionais onde o DIP é de facto importante.
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MLD: O DIP é o conjunto de normas e princípios gerais definidos no quadro da ordem jurídica
global que visam regular a existência e o funcionamento da comunidade internacional.
Corresponde à expressão de um ordenamento jurídico próprio, não é um ramo do direito.
Uma comunidade é uma realidade distinta: significa que os estados que integram uma
comunidade têm uma relação de pertença, tem elementos unitários e identitários que os
aproximam num projeto de cooperação, valorização e promoção do seu corpo político cultural,
económico e de natureza comum. A comunidade é algo mais coesivo que a sociedade. Ex.: O
Estado.
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Internacional, enquanto outra parte, incluindo André Gonçalves Pereira, prefere a expressão
Comunidade Internacional.
Quem sustenta a resposta negativa, diz que as normas internacionais não reúnem o conjunto
de características que integram o conceito de norma jurídica. A comunidade internacional é
extremamente diferente da comunidade estadual, visto que na escala internacional não existe
uma série de órgãos especificamente destinos à produção de direito, nem há um aparelho
coercivo para a sua imposição. Por isso, o direito internacional não é um verdadeira ramo de
direito, mas um simples conjunto de regras políticas.
A Escola Realista, bastante forte nos EUA, vê o DIP como uma cobertura daquilo que são as
relações de força internacionais. Aqueles que são os vencedores ou pelas potências dominantes
construem as regras de direito à sua medida. Blanco Morais, sendo uma espécie de neorealista,
discorda, dizendo que nem todo o DIP vem dessas relações de força, mas isso não serve para
negar a essência desse direito.
Posição da regência: O DIP é um direito incompleto pois faltam-se alguns atributos do direito
interno, nomeadamente a coercibilidade que permite distinguir a moral do direito. No DIP não
se pode dizer que não há mecanismo de imposição do direito. O problema é que há alguns
problemas a nível das organizações internacionais, nos quais os mecanismos são débeis. Por
isso, pode-se dizer que há uma incompletude do DIP. A ideia de que o DIP por não ter um único
legislador não é direito é uma realidade descentralizada.
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Nº1: As normas e princípios de direito internacional geral ou comum fazer parte integrante do
direito português.
→ Neste nº1 as normas e princípios referidos são recebidos através de uma cláusula geral
de receção plena. Surge o problema de saber qual o âmbito abrangente das ‘’normas e
princípios de direito internacional geral e comum’’. Para André Gonçalves Pereira o
âmbito de extensão será o mesmo que o de direito constitucional internacional:
1
Conceção adotada por André Gonçalves Pereira.
2
Pode conter restrições quanto à fonte de onde provém.
3
Para além de poder conter restrições quanto à fonte de onde provém, contém necessariamente
limitações quanto ao objeto.
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princípios gerais de direito, DUDH, tratados universais, carta da NU, etc. Contudo, para
a doutrina dominante, todas essas normas e princípios fazem parte do ius cogens
internacional, que constitui direito imperativa para os estados, pelo que não faria
sentido se não vigorassem na ordem jurídica portuguesa.
→ Também se tem discutido se o nº1 engloba os costumes bilaterais, particulares,
regionais e locais. Através de uma interpretação formal não, visto que o preceito já diz
‘’geral ou comum’’. Mas para a doutrina dominante, AGP inclusive, tem se fazer uma
interpretação extensiva do preceito, abrangendo também o costume regional,
atendendo à abertura do direito interno ao direito internacional.
Nº3: As normas emanadas dos órgãos competentes das organizações internacionais de que
Portugal seja parte vigoram diretamente na ordem interna, desde que tal se encontre
estabelecido nos respetivos tratados constitutivos.
1. Dizer que que o direito internacional geral cede perante as constituições dos estados é
negar que ele obrigue todos os estados, ou seja, ignorar que ele é geral ou comum;
O art.16º/1 da CRP reconhece um grau supraconstitucional a todo o direito
internacional dos direitos do homem, ou seja, em caso de conflito entre as
normas constitucionais e o direito internacional, em matéria de direitos
fundamentais, será este que prevalecerá. O nº2 do preceito também confere
um grau superior à declaração universal.
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2. O direito internacional geral ou comum é direito imperativo e, por isso, ius cogens. Se é
imperativo tem de prevalecer sobre todas as normas do direito interno;
3. No art.8º/1 da CRP estabelece-se que o direito internacional geral tem prevalência sobre
todo o direito interno português, mesmo o de grau constitucional.
Quanto ao direito internacional convencional particular, AGP pensa que este cede perante a
Constituição, mas não obstante tem valor supralegal, ou seja, prevalece sobre a lei interna,
anterior ou posterior.
- Direito comunitário
O direito comunitário detém um primado sobre todo o direito estadual. Este primado deverá
ser absoluta e incondicional, sob pena de não haver primado. Este primado decorre do art.5º -
que estabelece que os estados membros devem abster-se de medidas suscetíveis de pôr em
perigo a realização dos objetivos do tratado - e 189º CEE.
Para que o direito comunitário vigore na ordem interna dos estados-membros e tenha primazia
sobre o direito estadual, não é necessário que a constituição o diga: quando um estado adere
às comunidades aceita implicitamente a sua ordem jurídica.
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Estabelece a superioridade de todos os tratados sobre a constituição.
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A doutrina maioritária, inclusive CBM, entende que não existe uma hierarquia entre fontes, mas
sim uma relação paritária entre as várias fontes de DIP. Embora não exista uma hierarquia entre
fontes, existe uma hierarquia entre normas. Se tivermos um costume e um tratado, se o costume
tiver uma norma que é hierarquicamente superior ele irá prevalecer sobre o tratado. Mas não
prevalece por ser costume, mas sim por conter uma norma hierarquicamente superior.
Não existe um diploma com valor universal, mas o art.38º do Estatuto do Tribunal Internacional
de Justiça é uma norma de referência para as fontes de direito internacional.
Críticas ao artigo:
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Maria Luísa Duarte – considera as críticas injustas, visto que o artigo 38º é uma transposição
igual ao anterior estatuto do tribunal, e por isso deve haver uma interpretação atualista do
artigo integrando com as fontes que atualmente consideramos que exista. Ou seja, tem falhas e
incompletudes, mas devemos ter em conta que o artigo foi transposto de um estatuto de outra
época.
Mas não basta uma prática para que se forme um costume, uma mera prática enquadra-se nas
‘‘praxes diplomáticas’’ – usos que as chancelarias adotam nas suas relações recíprocas com vista
a uma boa convivência e relacionamento entre estados. É necessário o elemento psicológico, a
convicção de obrigatoriedade – estados que adotam dada conduta, para que haja costume, é
necessário que considerem que esse critério se tornou obrigatório e que, no futuro devem
continuar a assumir a mesma conduta. Passa do ser de uma determinada prática para o dever
ser – a convicção de que aquela prática se vai transformando em regra – opinion iuris.
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por um ato de vontade; nasce quando um conjunto de estados entender que aquela
prática se tornou obrigatória. A doutrina clássica diz que a formação do costume leva
10 anos, embora há quem fale em 5 anos. Há outros costumes que se formaram apenas
após 90 anos. Nunca sabemos exatamente o momento em que o costume nasce. O
Professor CBM adota esta corrente.
Tipos de costume:
➔ Costume local, ex.: direito de passagem que opôs Portugal da união indiana em 1960
no tribunal internacional de justiça, Portugal tinha territórios ultramarinos na Índia, Goa,
Damão e Diu, o território de Damão era um território nos Gates em que havia o Damão
e dois pequenos enclaves no território indiano. Havia um costume da altura do domínio
britânico na Índia, em que tropas portuguesas passavam de Damão por um rio que
banhava os pequenos territórios/enclaves. A união Indiano não contestou inicialmente
esse costume, continuou a permitir a passagem, até ao momento a que apoio a
incorporação do estado índia português na união indiana, e começaram os enclaves a
ser atacados por tropas indinas e o facto é que quando de Damão se procurou socorrer
os enclaves, a união não deixou passar as forças portuguesas. Caso levado a tribunal
onde se reconheceu o costume, em que a união indiana não podia bloquear as
comunicações entre os enclaves e o distrito de Damão, mas afirmou-se que a união
indiana podia bloquear o transporte de armas ou de forças de segurança e, portanto,
foi uma vitória pirrónica para Portugal. Posteriormente, Aniceto do Rosário morreu a
combater no posto policial dos enclaves de Dadrá e Nagar Aveli e num desses ataques.
➔ Costume regional, direito de asilo, da plataforma continental do mar do Norte e,
sobretudo o caso das pescas anglo norueguesas.
➔ Costume geral, relativo aos direitos dos mares, muito substituído atualmente pela
convenção de Montego Bay.
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1. O facto de serem transplantados na sua grande maioria a partir do direito interno dos
estados, a nível de princípios comuns, o princípio de boa-fé (‘’os tratados celebrados
validamente devem ser cumpridos’’ esse cumprimento que implica que as partes o
façam de forma honesta, consciente, ou seja, de boa fé); o princípio da
proporcionalidade, ou seja, a proibição do excesso; princípio pelo respeito do caso
julgado; o princípio do abuso de direito, presente em sede de responsabilidade
internacional; o princípio do ónus da prova; princípio da segurança jurídica; princípio
da competência (alemão), o princípio que atribui aos tribunais superiores de definirem,
em caso de dúvida, a sua própria competência, e isto nomeadamente encontrasse
previsto no estatuto do tribunal superior de justiça
2. Há princípios que são originários do próprio direito internacional público, derivam das
relações internacionais, da estabilização dessas relações na base de critérios gerais de
decisão:
Respeito pela integridade territorial e pela soberania dos estados – com a paz
de Vestefália, as fronteiras passaram a ser definidas, o soberano deixou de ser
apenas o monarca, para ser também o Estado e, portanto, a ideia de respeito e
de integridade dos estados é um princípio de direito internacional público,
mesmo que nem sempre observado;
Princípio da não agressão – os conflitos internacionais resolvem-se, em regra,
por via diplomática e não pelo uso da força; com a carta das Nações Unidas, a
guerra passou a ser proibida, apenas é aceite juridicamente como válida em
legítima defesa;
Princípio da não interferência/ingerência dos assuntos internos dos outros
estados – apesar de ser sempre proclamado, é muitas vezes derrogado e não
cumprido
Princípio da autodeterminação dos povos sobre ocupação estrangeira ou
domínio colonial (ex.: foi equacionado no séc. XIX aquando da independência
das colónias espanholas e do Brasil em relação a Portugal, mas ressurgiu em
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Tratados Internacionais
O tratado internacional é uma fonte formal – art.38º ETIJ. As normas de direito internacional
relativas à conclusão de tratados encontram-se codificadas na Convenção de Viena.
Embora a CV apresente uma definição de tratado do art.2º/1, a verdade é que uma convenção
internacional não dá definições e, por isso, a definição dada pelo preceito é só para fins da CV.
Isto significa que não fica excluída que possa haver tratados que não caibam naquela definição:
nesse caso não se aplicará a eles a CV, mas sim à regras costumeiras que lhes forem aplicáveis.
Segundo AGP e Fausto Quadros, tratado pode ser definido como um acordo de vontades, em
forma escrita, entre sujeito de direito internacional, agindo nesta qualidade, de que resulta a
produção de efeitos jurídicos. Assim:
→ É um ato voluntário;
→ Não se exclui a possibilidade de haveram tratados celebrados de forma verbal (art.3º
CV), ou até tratados tácitos e implícitos;
→ Os sujeitos de direito internacional devem agir nessa qualidade – não estão incluídos na
noção de tratado acordos celebrados entre estados que agem como pessoas coletivas
de direito interno;
→ Tem de produzir efeitos jurídicos – não estão incluídas declarações políticas e
gentlemen’s agreements.
Os tratados também podem ser designados de pacto, no caso da Sociedade das Nações, de
carta, no caso da ONU, de estatuto, no caso do TIJ, de constituição, no caso da Organização
Internacional do Trabalho, de acordo, etc.
A. Classificação de tratados
• Classificação material
▪ Tratados de leis – composto por regras de natureza geral, que se aplicam a uma
pluralidade de sujeitos com disposições uniformes, respeita aos chamados
acordos multilaterais;
▪ Tratados contrato – típicos de relações bilaterais, de reciprocidade, um estado
compromete-se a cumprir determinadas obrigações e o outro estado
compromete-se igualmente em contrapartida (ex.: fornecimento de gás natural
entre estados);
▪ Tratados mistos – disposições genéricas aplicáveis a todos os sujeitos mas
também algumas disposições aplicáveis apenas a determinados estados ou
que precludem que certas normas se apliquem a determinados estados (ex.:
Tratado de Lisboa, de Roma, da EU; anteriormente comunidade económica
europeia → tratados que são maioritariamente tratados de leis, mas que têm
determinadas disposições que apenas se aplicam a determinados estados ou
que têm cláusulas de ‘obting out’, em que o estado não se encontra vinculado
a essas obrigações, Reino Unido e Dinamarca, Suécia);
▪ Tratados gerais – equivalentes às leis gerais e abstratas, conjunto de
disposições indeterminadas com uma pluralidade de destinatários;
▪ Tratados especiais – disposições particulares que tratam com detalhe
determinada situação, que pode ter uma relação de cabimento com um tratado
geral.
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• Classificação formal
▪ A qualidade das partes permite distinguir 3 tipos de tratados: celebrados entre
Estados; celebrados entre Estados e organizações internacionais; celebrados
entre organizações internacionais;
▪ Bilaterais – tratados celebrados entre dois estados;
▪ Multilaterais – tratados celebrados entre mais de dois estados;
▪ Tratados sob a forma solene ou treaties – são sempre ratificados, o momento
de autenticação do tratado que é a fixação do texto é sempre separada do
momento em que o estado se vincula definitivamente a esse texto, pela
ratificação ou por outro tipo de instrumentos;
▪ Acordos sob forma simplificada ou executive agreements – o panorama anglo-
saxónico, que no momento em que se fixa o texto, o estado vincula-se – na
ordem jurídica portuguesa não existem, quer os tratados quer os acordos
internacionais que a constituição prevê os dois obedecem ao regime dos
tratados solenes da CV, porque no momento da assinatura que fixa o texto, da
autenticação, da fixação do texto distingue-se do momento em que o estado se
vincula posteriormente a essa convenção. Não carecem de ratificação.
Devido à influência anglo-saxónica, com especial relevo para os EUA, onde é muito difícil a
celebração de um tratado solene, demorando anos a ser ratificada pelo senado após ser até
assinada pelo presidente (ex.: convenção relativa à sociedade das nações) – uma convenção é
difícil ser terminada nos estados unidos quando assume a forma de tratado solene, pelo que nas
matérias que não são reserva do tratado entende-se que a administração pode vincular
diretamente o estado através da assinatura do poder potenciário, o presidente, o secretário de
estado, ministro dos negócios estrangeiros ou outros altos funcionários norte-americanos
(executive agreements), pelo que basta a assinatura sem necessidade de submissão ao
parlamento para a vinculação do estado.
1. Preâmbulo
→ São extensos e relevantes;
→ Não tem valor normativo, mas tem interpretativo;
→ Em caso de litígio, o preâmbulo pode ser chamado pelo tribunal ou até pelas partes,
fornecendo abono em certo posicionamento;
→ Disposições ou normas com certa ambiguidade, lacunas, conceitos indeterminados, e
como tal muitas vezes é necessário entender o contexto da celebração convenção
bilateral, os objetivos que presidiram à sua conclusão e o objeto;
2. Corpo normativo da convenção
→ Os artigos, as normas que a convenção contém a título principal;
→ O 1º artigo geralmente define o objeto, mas também na parte inicial no preceituado da
convenção existe um artigo de definições, que procura explicitar o que certas
expressões ou conceitos que são utilizados nas disposições normativas, o que é
importante uma vez que há conceitos polissémicos;
3. Anexos
→ Conjunto de documentos para as quais o corto normativo do tratado remete;
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→ São muito variados e têm valor normativo muito distinto: há anexos que são
clarificações do próprio preceituado, que são especificações e que por isso têm
valor normativo;
→ Ficam em anexo por questões de logística, de sistemática: para não desfigurar
o corto do tratado com normas muito extensas e detalhadas;
→ Noutras circunstâncias os anexos têm a ver com listagens;
→ Os anexos têm um valor jurídico variável: valor quase que idêntico ao do
tratado, nomeadamente a nível de definições;
→ Paravinculante: que executam aspetos do tratado;
→ Valor mais subsidiário de normas técnicas,
4. Disposições finais e transitórias da convenção
→ Quando entra em vigor;
→ Se entra em vigor simultaneamente para todas as partes, ou se a entrada em vigor é
diferida;
→ Quando entra em vigor, em que termos, qual a sua aplicação.
1) Negociação 1) Negociação
2) Autenticação Doutrina clássica + AGP
CBM 2) Assinatura
3) Vinculação 3) Ratificação
4) Produção de efeitos
1. Negociação
Todo e qualquer Estado tem capacidade para celebrar tratados. O direito de negociar e concluir
acordos internacionais faz parte dos atributos clássicos da personalidade jurídica internacional
do estado soberano (ius tractuum). O titular deste poder é o Estado soberano. A eventual
participação de entes estaduais não soberanos no procedimento de celebração dependerá de
previsão na Constituição do Estado.
A negociação pode ser feita: por via diplomática (no caso dos tratados bilaterais) ou por
conferência diplomática (no caso dos tratados multilaterais).
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Quando a conclusão do tratado é praticado por uma pessoa que, nos termos do art.7º da CV,
não tenha competências, a consequência é a não produção de feitos jurídicos, a menos que seja
confirmado posteriormente pelo Estado – art.8º da CV.
O objetivo desta fase é chegar ao consenso dos plenipotenciários quanto ao texto do tratado. A
aprovação do texto do tratado requer voto unânime de todos os Estados que o negoceiam,
exceto os tratados aprovados em conferência internacional, que basta maioria de 2/3 – art.9º
da CV (subfase da adoção).
Só o Ministério dos Negócios Estrangeiros pode negociar os tratados; e antes deles serem
rubricados ou assinados os plenipotenciários terão de obter para o efeito autorização
expressa da parte do PM.
2. Assinatura
A assinatura do tratado produz efeitos jurídicos diferentes conforme se trate de um tratado
solene ou de um acordo em forma simplificada – no tratado solene a assinatura não significa
ainda a vinculação do Estado ao tratado, ainda que exprima alguns efeitos jurídicos5; enquanto
nos acordos sobre forma simplificada a assinatura pode vincular imediatamente os Estados.
A regra subsidiaria consiste numa de três modalidades possíveis (art.10º, alínea b) CV) –
assinatura, assinatura ad referendum ou rubrica. Na assinatura ad referendum e na rubrica, o
efeito de autenticação é provisório, porque exige confirmação do órgão estadual competente
para este efeito ou assinatura a realizar em momento posterior. Nos tratados multilaterais, os
vários instrumentos negociados são reunidos na Ata ou Ata final da conferência diplomática,
autenticada pela assinatura dos representantes.
Em suma, a rubrica, que tanto vale com uma aceitação provisória do texto da convenção ou
como assinatura, depende do que se estabeleceu previamente. A assinatura ad referendum é
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- Exprime o acordo formal de plenipotenciários quanto ao texto do tratado;
- Produz para o Estado signatário o direito de ratificar o tratado;
- Faz surgir o dever para os Estados signatários de se absterem de ações ou omissões que privem o
tratado do seu objeto ou do seu fim (princípio da boa fé, art.18º da CV);
- Autentica o texto que fica definitivamente fixado, art.10º, al.b) CV;
- Marca a data e local de celebração do tratado, visto que a ratificação pode ser feita posteriormente e
em datas diferentes por cada um dos Estados.
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outra realidade, chega-se a um acordo sobre o texto final, mas com reservas e com dúvidas
sobre um ou outro preceito, não estando a negociação absolutamente concluída, uma vez que
é necessária aquiescência por parte dos órgãos políticos competentes das negociações do
estado, é um texto pré-final que necessita de confirmação por parte destes órgãos, não
ocorrendo confirmação, a negociação pode reabrir-se posteriormente, caso seja confirmada, a
assinatura ad referendum valerá como assinatura efetiva, fixando-se o texto final.
Depois de autenticado o texto só poderá ser modificado por acordo das partes, ou se for um
erro ou gralha, através do procedimento de retificação previsto no art. 79º CV.
Este é o momento jurídico que antecede o nascimento do tratado, coincidente com a entrada
em vigor. O acordo tem de ser manifestado de modo juridicamente adequado. A CV segue a
regra da escolha livre da forma de manifestação de consentimento, referindo a título indicativo:
assinatura; troca de instrumentos constitutivos de um tratado; ratificação; aceitação;
aprovação; adesão. A escolha de uma destas modalidades, juridicamente equivalentes para o
Direito de Viena, vai depender do conteúdo das cláusulas constitucionais em matéria de
vinculação internacional do Estado e, paralelamente, para as organizações internacionais, das
regras previstas nos tratados institutivos.
A ratificação é, pois, o ato jurídico individual e solene pelo qual o órgão competente do Estado
afirma a vontade deste de se vincular, nos termos do pacta sunt servanda, ao tratado cujo
texto foi por ele assinado.
A ratificação é um ato político e por isso insindicável pelos tribunais administrativos. É, também,
um ato livre, pelo que o Estado que não ratificar o tratado solene que previamente assinou, não
está a violar o direito internacional do Estado (possibilidade de recusa de ratificação). Este
caráter livre não impõe um prazo para o Estado ratificar o tratado (ratificações tardias).
Parte da doutrina que entende que deve haver um dever jurídico para o Estado que não ratificar
o tratado não tem tido sucesso. No máximo poderia dizer-se que o princípio geral da boa fé
exigiria que os Estados não assinassem tratados que não estavam preparados para ratificar, mas
a recusa de ratificação não significa que o Estado não tivesse de boa fé quando assinou o tratado.
Importa voltar a frisar que como não existem acordos sob forma simplificada, nenhuma
convenção vale na ordem jurídica interna portuguesa após assinatura do plenipotenciário, é
sempre necessário que governo ou AR aprovem e depois que o presidente a possa livremente
assinar ou ratificar.
→ Da troca de instrumentos entre os Estados (as duas partes cada uma tem um texto e
depois permutam os textos entre si; esta troca de instrumentos pode valer como
autenticação ou como vinculação);
→ Do depósito junto do depositário;
→ Da sua notificação aos outros estados Contratantes ou ao depositário.
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Em Portugal a ratificação também é um ato livre, pelo que o PR, após a AR ou o Governo terem
aprovado o tratado, pode optar por uma de 3 hipóteses: ratificar, não ratificar ou pedir a
fiscalização preventiva da sua constitucionalidade. Mas se o TC se pronunciar pela
inconstitucionalidade do tratado, o ato de ratificação deixar de ser um ato totalmente livre:
neste caso o PR só poderá ratificar o tratado se a AR o aprovar por maioria de 2/3 dos deputados
presentes, desde que superior à maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções
(art.279º/4).
AGP entende que o veto político só pode ser usado quanto a atos suscetíveis de promulgação
(art.139º) o que não é o caso.
Nos termos da CRP o decreto presidencial de ratificação carece de referenda do Governo, sob
pena de inexistência jurídica. Ratificado o tratado, o PR deverá emitir a carta de ratificação.
Ratificações imperfeitas
Há situações em que a convenção internacional sendo objeto de assinatura e depois de
vinculação e expressão definitiva do consentimento do estado, se verifica mais tarde que essa
convenção é inconstitucional, contrária a disposições constitucionais de direito interno. Pode a
convenção internacional violar estas disposições? (ex.: convenção que preveja a extradição de
pessoas criminosas para estados onde será necessariamente aplicada prisão perpétua ou
situações de asilo ou de inconstitucionalidade orgânica, em matéria que é de reserva de tratado
e foi aprovada pelo governo) – situações de vício da constitucionalidade da convenção e, como
tal as convenções podem ser declaradas inconstitucionais como normas que são, pelo tribunal
constitucional.
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A disposição em causa que está afetada pelo vício de competência tem de ser uma disposição
fundamental da ordem interna do estado ou ter um caráter ostensivo, manifesto e evidente
(art.46º/2) – caso contrário não preenche o requisito do art.46º, para estender a
inconstitucionalidade a toda ou quase toda a convenção , situações ambíguas ou não evidentes
não relevam para que esse estado possa invocar a invalidade da convenção devido à sua
inconstitucionalidade orgânica.
Isto levanta diversos problemas: e se o vício não for orgânico, mas for material ou formal?
Nesse caso, o estado não pode alegar o vício como motivo de invalidade, nulidade da convenção
internacional.
Fase de eficácia
→ Artigo 24º da convenção de Viena
→ Na falta das disposições ou de um acordo entre os Estados que participaram na
negociação, como o pressuposto do art.24º/1, entra em vigor que o consentimento
relativamente ao tratado seja manifestado por todos os estados que tenham
participado na convenção (aplica-se mais às convenções multilaterais)
→ As convenções internacionais celebradas entre os Estados têm eficácia jurídica entre
eles, mas também têm eventualmente uma eficácia jurídica internacional,
nomeadamente em questões que tenhas a ver com litígios entre esses dois estados, a
propósito do tratado -> art.102º da carta das Nações Unidas, obriga o registo de todas
as convenções bi ou multilaterais celebradas pelos Estados no secretariado geral das
Nações Unidas, como pressuposto de eficácia dessas convenções junto dos órgãos das
NU (ex. se dois estados tenham um litígio grave em consequência de uma convenção
que tenham celebrado e como tal se requeira a intervenção dos órgãos da ONU, esses
órgãos só podem intervir se o tratado estiver registado + tribunal internacional de
justiça pertence às Nações Unidas e, como tal só se pode submeter convenções
internacionais à esfera jurisdicional do tribunal internacional de justiça, ou seja, só em
tese será competente para dirimir litígios entre estados a propósito de uma convenção,
caso ela tenha sido devidamente registada no secretariado geral das NU (regras de
eficácia quanto à entrada em vigor do tratado, quer quanto à produção de efeitos
jurídicos junto de órgãos importantes, como é o caso da ONU).
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Consequentemente, o texto poderá resultar não de um acordo unânime, mas de uma votação
maioritária (maioria de 2/3). Daqui resultam as reservas.
Quando existe um consenso mínimo sobre o texto da convenção, temos então a fase da
autenticação que se designa por adoção, adoção do texto (art.9º da CV). Nas convenções
multilaterais não falamos em assinatura, mas em adoção. A adoção de uma convenção implica
uma maioria qualificada, a regra geral que o art.9º da CV estabelece é da unanimidade.
Contudo, não havendo a unanimidade é estabelecida a maioria de 2/3 para a adoção da
convenção. Todavia, podem os estados acordar necessariamente por 2/3 uma maioria agravada
ou mais reduzida.
• Convenções abertas – aquele que para lá dos estados que participaram na negociação
da convenção e que podem vincular-se à mesma num momento posterior, a convenção
é passível de ser objeto de vinculação superior por estados que não participaram nessa
negociação (ex.: carta das NU);
▪ Estes estados vinculam-se à convenção através da adesão: eles primeiro
autenticam (assinam), depois exprimem internamente a expressão definitiva do
seu consentimento e depois depositam os instrumentos de adesão a essa
mesma convenção e partir do momento que isso sucede ficam vinculados à
convenção.
• Convenções fechadas – há 4 ou 5 estados que celebram uma convenção e não
pretendem que outros estados se vinculam à mesma, ou seja, não há a impossibilidade
de aderirem a posteriori;
• Convenções mistas ou semi-aberta – para além os estados que negociaram a convenção
na sua origem, a convenção fica disponível para que um conjunto de outros estados,
mas limitados por um conjunto de critérios, possam aderir a posteriori.
A participação de Estados num tratado multilateral pode ter lugar através de:
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Instituto do depósito (artigo 76º, 77º e 78º) – função atribuída a um estado ou a um órgão de
uma organização internacional; função de custódio, de guardião dos tratados, dos seus
originais e de responsabilidade pela recolha das ratificações e adesões (convenções
multilaterais); função que fora do contexto das organizações internacionais é atribuída a um
determinado Estado que, depois fica com muitas incumbências, para lá dos instrumentos de
recolha das ratificações e adesões e respetivas verificações (se o Estado o faz de forma regular
e se cumpre um conjunto de critérios exigíveis pela convenção para que se possa tornar parte
dela), também tem outras funções como a disponibilidade de instrumentos de tradução e
esclarecimentos sobre o seu conteúdo. Em caso de divergência entre um depositário e um dado
Estado pode haver mais tarde uma conferência entre os vários estados para dirimir esse
eventual litígio.
A Professora MLD fala que a admissibilidade das reservas está sujeita a vários tipos de limites:
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53º CV). Também se deve questionar o fundamento e o sentido das reservas nos
tratados gerais de codificação de regras costumeiras. Em matéria de direito humanos, a
Convenção Europeia dos Direitos do Homem autoriza as reservas no art.57º, mas proíbe
reservas de caracter geral e condiciona a admissibilidade de reservas especificas à
identificação da lei interna que “estiver em discordância com aquela disposição”.
Limites temporais – a reserva deve ser comunicada durante o processo de conclusão do
tratado no momento da assinatura, da ratificação, da aceitação ou da aprovação
(art.19º, proémio, CV). O Estado só poderá limitar a eficácia jurídica do tratado através
da invocação do art.46º CV ou solução extrema, por via de denuncia.
Limites procedimentais – a reserva exige forma escrita e deve ser comunicada por
escrito aos Estados Contraentes e aos Estados que possam vir a ser Partes no tratado,
assim como os atos de aceitação, de objeção e de retirada (art.23º CV). Se o tratado
autoriza a reserva, esta não precisa de ser aceite pelos outros Estados, salvo se for outra
a solução prevista (art.20º/1). A reserva é uma declaração unilateral cujos efeitos resulta
da vontade das restantes partes, corolário da natureza contratual e concertada do
tratado. Em rigor, o critério principal é o da autonomia da vontade dos Estados que
podem, por unanimidade (art.20º/1 CV) ou por maioria aceitar uma reserva. No caso de
tratados constitutivos de organizações internacionais, a reserva exige a aceitação dos
órgãos competentes dessa organização (art.20º/3 CV).
Efeitos das reservas – como declaração recetícia, os efeitos jurídicos da reserva dependem da
reação dos outros Estados, no próprio tratado com uma autorização expressa ou em reação à
notificação especifica sobre a reserva. A reserva só é juridicamente relevante se for aceite, pelo
menos, por outro Estado Contraente (art.20º/4/c) CVDT-I). Os efeitos das reservas são relativos
ou relacionais, porque apenas se projetam na relação entre o Estado autor da reserva e os
Estados que a aceitaram ou rejeitaram (art.21º/2/ CVDT-I). Se a reserva exclui a aplicação de
uma parte do tratado os Estados que aceitaram a reserva não podem exigir ao Estado autor da
reserva o cumprimento das obrigações que afastaram.
→ Aceitação da reserva
Se um dos Estados formular uma reserva, sem objeção pelos outros Estados,
entende-se que a reserva é aceite pelas restantes partes e dai decorrem efeitos
jurídicos- a disposição sobre o qual incide a reserva, não se aplicará entre quem
formula e quem a aceitou, nas relações jurídicas reciprocas no contexto da
convenção.
Se o Estado que formula a reserva, pretende uma aplicação parcial da norma, ou
uma alteração do seu significado-reserva modificativa- e os restantes Estados não
objetarem, então esta norma será aplicada de acordo com a reserva, aplicada em
parte ou de uma forma modificada.
→ Objeção da reserva
Um ou mais estados formulam objeções simples a reserva- dizendo apenas que
não concordam com o conteúdo da reserva no sentido da não aplicação da
norma ou da sua aplicação alterada ou modificadas.
Consequências jurídicas- a norma objeto da reserva e da objeção a mesma
reserva não se aplicará nas relações estabelecidas entre o Estados que formula
a reserva e o Estado que objeta a reserva.
Questiona-se o sentido útil desta situação, pois a consequência é sempre a não
aplicação da norma, mas a situação é diferente se o objeto da reserva não a for
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a não aplicação da norma, mas a sua aplicação parcial ou modificada- neste caso
haverá diferenças- os Estados que aceitaram a reserva, a norma será aplicada
entre estes Estados, de uma forma modificada ou a titulo parcial. Nas relações
com os Estados que não aceitaram, a norma não produzirá efeitos modificativos
e parcelados, nem quaisquer efeitos jurídicos na relação entre estes Estados.
→ Objeção qualificada
Estado formulou uma reserva e outros Estados formulam uma objeção
qualificada- ou seja, uma objeção inequívoca ao sentido da reserva, clarificam
que a convenção não deve ser aplicada.
Consequência jurídica é que todo o tratado, não apenas a norma, não produzirá
efeitos jurídicos nas relações entre o Estado que formula e os que produziram a
objeção.
- Estados formulam uma reserva e mais tarde arrependem-se por pressão, por mudança de
governo que não concorda com o posicionamento anterior ou por alteração de circunstância e
a reserva antes formulada passa a prejudicar os interesses do estado, etc.- e decidem revogar
as suas reservas, devendo notificar expressamente e por escrito os restantes Estados.
O tratado é um contrato celebrado entre partes que assumem de boa fé e com vontade genuína
de o cumprir, as obrigações inerentes ao compromisso pactício. Mesmo antes da sua entrada
em vigor já o Estado que assinou o convénio “deve abster-se de atos que privem um tratado do
seu objeto ou do seu fim”. Assim se um Estado não ratificar ou mesmo solicitar a obliteração da
assinatura, estará impedido de contrariar o fim e objeto do tratado. Em contrapartida
enquanto manifestação de vontade soberana no caso dos Estados da autonomia de vontade do
ato de celebrar ou ratificar um tratado é, por natureza, livre. Do princípio da boa-fé podem
derivar limitações ao comportamento do Estado (art.18º CV).
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Outro importante corolário do princípio pacta sunt servanda consiste na não possibilidade de
invocar o direito interno como fundamento de descartar obrigações de fonte convencional –
art.27º CV.
A Prof. MLD entende que quando está em causa a violação de direitos fundamentais, que os
estados se podem desvincular do tratado, através de uma interpretação lata do art.46º, desde
que sejam observados os seguintes requisitos contidos no artigo: violação de uma norma de
competência, uma norma fundamental e violação manifesta (46º/2).
Os efeitos produzidos com base no tratado refletem-se sob a forma de direitos e obrigações,
na esfera da parte contratante. A eficácia dos tratados determina-se através de vários critérios:
→ Regra do efeito útil, que exclui que o tratado possa ser interpretado por forma a privá-
lo de efeito prático;
→ A interpretação não pode conduzir ao absurdo;
→ Efeitos implícitos dos tratados, deve entender-se que foi querido não só o que foi
estipulado como o indispensável para a realização da estipulação;
→ Interpretação teleológica, os tratados devem ser interpretados de harmonia com os fins
que prosseguem.
Quanto aos métodos de interpretação têm sido utilizados os tradicionais: elemento literal
(art.31º/1), sistemático (art.31º/1 e 2), teleológico (art.31º/1 in fine) e histórico (art.32º).
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As causas de invalidade dos tratados estão enumeradas e tipificadas na CV – arts 46º a 53º. O
regime da nulidade está ligado ao regime da responsabilidade internacional e à ideia, tão fértil
no campo da moral como do direito, da relação necessária entre crime e castigo, entre violação
e sanção. Em suma, um tratado internacional contrário ao direito internacional não deve de
produzir efeitos jurídicos.
Ente 8 causas de invalidade dos tratados, 7 referem-se a vícios do consentimento (art. 46º a 52º
CVD) e a última respeita à violação de norma substantiva e imperativa de direito internacional
geral (art 53º). Cabe distinguir duas modalidades:
→ Nulidade relativa: a causa de invalidade só pode ser invocada pela parte cujo
consentimento foi manifestado ou obtido o modo contrário ao Direito, o vício é sanável
(art45º CVDT-I) e este tipo de invalidades não afeta a vigência do tratado, salvo se for
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um bilateral, e não prejudica a sua aplicação nas relações entre as outras partes, no caso
de tratado multilateral.
Violação das disposições de direito relativas *a competência para concluir
tratados (art.46º CV).
Restrição especifica dos poderes de manifestação do consentimento de um
Estado, apenas invocável se a restrição em causa tiver sido notificada aos outros
Estados que participam na negociação (art.47º CV)
Erro relativo ao conteúdo do acordo, já que os erros de redação do texto
seguem o regime do art.79º CVDT-I; relevante de se respeitar a uma situação
ou facto que o Estado supunha existir no momento de conclusão do tratado e
que funcionou como base essencial do consentimento em ficar vinculado, sem
prejuízo de uma avaliação do comportamento do Estado prejudicado com o erro
à luz de exigências de boa-fé e da diligencia devida. (art.48º/1 e 2).
Dolo, no caso de um estado ter sido levado a concluir um tratado em virtude da
conduta fraudulenta de outro Estado que participou na negociação (art.49º CV).
Corrupção do representante do estado; se o consentimento foi obtido através
de aliciamento de outro Estado que participou na negociação através de
aliciamento por outro Estado que participou na negociação “direta ou
indiretamente” (art.50º CV); situação difícil de provar como problemática é a
distinção entre atos de corrupção e atos de cortesia. Eventualmente justificáveis
por padrões culturais ou corporativos, dependendo da própria evolução dos
usos diplomáticos.
→ Nulidade Absoluta: o vicio não é sanável (art.45º CV que exclui do seu âmbito de
aplicação os arts.51º, 52º e 53º, relativos às três situações mais graves de invalidade),
pode ser invocado em qualquer altura, pelo Estado prejudicado, por qualquer Parte no
tratado e, inclusive, por Estados e entidades que não estão vinculados pelo tratado nulo,
mas que, neste caso, exercem um direito de proteção de interesses públicos
internacionais. Será o caso de um tribunal internacional, mesmo que as partes não
aleguem a nulidade e de um órgão internacional competente para velar pela aplicação
de um tratado. Por força do art.44º/5 da CV, a proibição da divisibilidade do tratado é
uma consequência da nulidade absoluta resultante dos casos de coação (art.51º e 52) e
da violação de norma de ius cogens (art.53º)
Coação sobre representante de um Estado, quando manifestação do
consentimento foi alcançada por coação exercida sobre o seu representante,
através de atos ou ameaças dirigidas contra ele. (art.51º CVDT-I).
Coação sobre um estado pela ameaça ou pelo emprego da força: é nulo o
tratado cuja conclusão foi forçada (art.52º CVDT-I). O âmbito da coação ilícita
suscita dificuldades particulares de determinação. Parece-nos razoável concluir
que, à luz da Convenção de Viena e da CNU, existirão situações de uso da força
militar que não estão abrangidas pela proibição do art.52º CV, tal como existirão
situações que não envolvendo o uso da força militar, constituirão, ainda assim
uma coação ilícita sobre o estado.
o NOTA: O art.52º reclama uma interpretação atualista que possa
enquadrar e prevenir a coação singularmente contrários à ideia do
Direito oponível aos mais fortes.
Violação de norma imperativa de Direito Internacional Geral (ius cogens) – o
art.53º CV comina com o desvalor máximo da nulidade o tratado que, no
momento da sua conclusão, seja incompatível com uma “norma imperativa de
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→ Aceita-se que ela seja invocada para pôr fim a um tratado bilateral, para o recesso de
um tratado multilateral ou para a parte interessada suspender a vigência do tratado –
art.62º/1 e 3. Mas isto apenas ocorre em dois casos:
A alteração fundamental das circunstâncias respeitar a um facto ou a uma
situação que era a base essencial do consentimento das partes;
A alteração fundamental gerar a transformação radical da natureza das
obrigações que resultam do tratado – art.62º/1
→ Não pode ser invocada no caso dos tratados de delimitação de fronteiras nem no caso
dos tratados em que as partes tenham previsto ou provocado a alteração das
circunstâncias – art.62º/2.
Mesmo que preencha a previsão das duas alíneas do art.62º/1, a parte
interessada perde o direito de invocar a cláusula rebus se, expressa ou
tacitamente, aceitou a alteração fundamental das circunstâncias que alega –
art.45º.
A invocação da cláusula segue o processo dos arts.65º a 67º CV, que permite a fiscalização pelas
outras partes dos motivos alegados para a invocação da cláusula. Também é previsto o recurso
aos meios indicados no art.33º na Carta da ONU.
→ O art.53º exige que as normas em questão caibam dentro do direito internacional geral.
Contudo, parte da doutrina admite o ius cogens regional. Para André Gonçalves Pereia,
para o ius cogens regional ser admitido deve respeitar as regras gerais de ius cogens.
→ Para que uma norma seja considerada de ius cogens geral não precisa de ser aceite por
todos os Estados da Comunidade Internacional, basta que a norma seja aceite na
generalidade dos Estados.
→ Uma regra imperativa só poderá ser revogada por outra regra imperativa de grau igual
ou superior.
A baixo do ius cogens, cabe estabelecer a hierarquia que vai para além do art.38º do ETIJ. A
posição geral da doutrina é que o costume e o tratado estão no mesmo grau hierárquico,
podendo, portanto, revogar-se mutuamente. O tratado pode cair em desuso, sendo revogado
pelo costume. E o costume se não for cogente por ser derrogado por tratado celebrado entre
todos os Estados vinculados a prática costumeira.
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