Resenha Cap. 2 GIAMBIAGI EBC

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RESENHA DO CAPTULO 2 DO LIVRO: Economia Brasileira

Contempornea
(Fbio Giambiagi)
Dos Anos Dourados de JK Crise no Resolvida (1956-1963)

1. Introduo: O Contexto Histrico


Aps a volta de Getlio Vargas ao poder em 1951, apresentando
um governo com uma poltica econmica intervencionista, no qual
marcou a criao do BNDE, Petrobrs, alm de uma forma de governo
com domnio direto do Estado, entra no poder Juscelino Kubitschek em
1956, aps o perodo conturbado de ps-morte de Getlio Vargas. O
governo de JK representou um grande marco para o pas, atravs do seu
Plano de Metas, visando o desenvolvimento do pas, nas reas da
indstria, transportes, educao e energia, alm da construo de
Braslia.
Aps o governo de JK, Jnio Quadros assume num momento de
grande instabilidade poltica, alm de um grande problema no ambiente
econmico, deixado por JK, principalmente no que tange inflao,
dficit pblico e a grande desvalorizao do cmbio. Em decorrncia
desta problemtica, ele renuncia, assumindo Joo Goulart.
Neste momento, h a mudana no sistema de governo para
parlamentarista, ocasionado pelo cenrio poltico intenso, restringindo o
poder de Goulart. O ambiente econmico tambm no era favorvel.
Como algumas medidas tiveram resultados negativos e com a
articulao dos militares, Goulart deposto, fato conhecido como o
Golpe Militar de 1964, marcando o incio do Regime Militar brasileiro,
sendo um governo de generais, iniciando-se com Castelo Branco e
terminando com Joo Figueiredo.

2. Descrio do Assunto
2.1 Crescimento e Transformaes Econmicas
Juscelino Kubitschek deu nfase na transio do pas (agrrio
para industrial) durante sua candidatura em 1955, falando sobre seu
plano de governo em acelerar o desenvolvimento econmico, exigindo
uma enrgica poltica de industrializao. Como seu vice, foi eleito Jango
(partido herdeiro do getulismo). O slogan de campanha de JK "50 anos
em 5 de governo" j demonstrava os objetivos que tinha para o Brasil,
de transform-lo em um grande pas, favorecendo o desenvolvimento
do parque industrial brasileiro, trazendo consigo outros setores.
Juscelino realizou investimentos pblicos e privados nos setores
industrial e de infraestrutura econmica, reunidos em seu Plano de
Metas. Com isso, o pas viveria o apogeu do desenvolvimentismo. O
resultado foi um salto no PIB. Por outro lado, a inflao (em torno de
30%-40% ao final do mandato), as finanas pblicas e as contas
externas no iam bem. Nesse perodo, o dficit dobrou. Em suma,
Juscelino entregou a seus sucessores uma economia maior e mais
desenvolvida, porm com a piora de alguns dos principais indicadores
econmicos internos e externos.
2.2 Os anos JK
2.2.1 A Poltica Cambial
Devido s dificuldades de se praticar polticas fiscal e
monetria ativas na poca, a poltica cambial acabou sendo o
principal instrumento de poltica econmica do governo na
dcada de 1950. Por causa da escassez de dlares (ps-

Segunda Guerra), era necessria a criao de mecanismos de


alocao de divisas escassas (como a anterior Instruo 70 da
Sumoc).
A poltica cambial no perodo no apenas procurava lidar com a
restrio de divisas da poca (agravada pelo decrescimento das
exportaes

de

caf),

mas

tambm

funcionava

como

um

instrumento de poltica de desenvolvimento econmico ao alargar


as possibilidades de investimento em um contexto de escassez de
divisas.

2.2.2 O programa de Metas


O Plano contemplava investimentos nas reas de energia,
transporte, indstria de base, alimentao e educao, com maior
nfase na energia e no transporte. Alm dessas metas, havia uma
meta autnoma de JK a construo de Braslia, considerado um
projeto prioritrio.
A implementao do Plano dependeu da adoo de uma tarifa
aduaneira protecionista, complementada por um sistema cambial
que subsidiava a importao de bens de capital e insumos
bsicos, que atraa o investimento direto do estrangeiro. Sua
execuo estava sob coordenao do Conselho.
Muitas metas foram cumpridas. A produo de automveis
impulsionou o crescimento do setor de bens de consumo
durveis, que liderou essa etapa da substituio de importaes
junto com os bens de capital. Ao lanar o Plano, o governo se
esquivou de apresentar uma proposta de financiamento (procurar
soluo ao longo do programa). Uma fonte importante para os
setores de energia e transporte acabou sendo os fundos setoriais
de vinculao oramentria, criados na dcada. O financiamento
dos projetos viria de fundos pblicos (principal), do setor privado
e de agncias creditcias governamentais.

O principal financiador do Plano foi a inflao, resultante da


expanso monetria que financiava o gasto pblico e do aumento
de crdito, que viabilizaria os investimentos privados. Ou seja, era
uma extrao de poupana forada da sociedade e seu
redirecionamento aos agentes pblicos e privados. Para tanto,
contribuiu

estrutura

complexa

de

execuo

da

poltica

monetria do pas na poca, na qual o Banco do Brasil cumpria


funes e banco central e comercial.
2.2.3 O Plano de Estabilizao Monetria
O governo reagiu ao aumento da inflao mediante o
encaminhamento

ao

Congresso

do

Plano

de

Estabilizao

Monetria (PEM). Optaram por uma estabilizao gradual, que


no foi aceita pelo presidente do BB, que se recusava a cortar o
crdito concedido pelo banco para financiar o capital de giro das
indstrias. Mesmo assim, JK deu incio sua aplicao.
Com a oposio poltica ao PEM, JK rompeu negociaes com o
FMI, e entre crescer ou estabilizar, optou pelo primeiro.
2.3 Os Governos Jnio Quadros e Joo Goulart
Jnio Quadros vence as eleies, prometendo varrer para
longe a inflao e a corrupo. Jnio lanou um pacote de medidas de
cunho ortodoxo, que incluam desvalorizao cambial e unificao do
mercado de cmbio, conteno do gasto pblico, poltica monetria
contracionista e reduo dos subsdios concedidos s importaes de
petrleo e trigo, porm sem base parlamentar de sustentao, Jnio
renunciou a seu mandato.
Sobe ao poder Joo Goulart, com seus poderes diminudos em
um regime parlamentarista, por causa de um forte movimento
legalista. Tem como primeiro-ministro, Tancredo Neves.
Os resultados no primeiro ano foram bons, com bom
crescimento do PIB. A inflao, por outro lado, continuava a crescer. A
taxa de investimento caiu, num indcio de que o auge dos

investimentos

pesados

havia

passado.

Houve

aumento

das

exportaes e reduo da relao dvida externa lquida/exportaes.


Volta ao regime presidencialista. Antes, porm, era publicado
o Plano Trienal de Desenvolvimento Econmico e Social, cujos
objetivos eram: conciliar o crescimento econmico com reformas
sociais e combate inflao, garantir taxa de crescimento do PIB de
7%a.a em 1963 e aumentar para 1965, garantir crescimento real dos
salrios mesma taxa do aumento da produtividade, realizar a
reforma agrria, renegociar a dvida externa. Com relao inflao:
era resultado de excesso de demanda causado pelo dficit pblico. A
fim de conter a escalada de preos: correo de preos pblicos
defasados, realismo cambial, corte de despesas, controle da expanso
de crdito ao setor privado e aumento do compulsrio sobre depsitos
vista.
A

estratgia

aprofundamento
substituio

de

do

de

desenvolvimento

processo

importaes

de

dava

industrializao

como

forma

de

nfase
pela

via

enfrentar

ao
da
o

estrangulamento.
Os Estados Unidos no se mostrou disposto a negociar ou
ajudar (Lei da Remessa de Lucros limitava a 10% sobre o capital
registrado as remessas de lucros ao exterior; aproximao do Brasil
com Cuba e outros pases socialistas). Em suma, no foi conseguido o
dinheiro que o pas precisava, e no houve renegociao de prazos
para pagamento da dvida.
Com isso, Jango abandona a ortodoxia econmica. Restitui os
subsdios ao trigo e ao petrleo, aumentou em 60% os vencimentos
do funcionalismo e reajustou o salrio mnimo em 56%. A taxa de
inflao voltou a acelerar.
Descontrole das contas pblicas, permanncia do dficit do
balano de pagamentos (em meio reduo das entradas autnomas
de capitais) e forte desacelerao da atividade econmica. Agrava-se
a radicalizao no pas invases de terras, expropriao de
empresas estrangeiras e acirramento da conspirao militar contra

Joo Goulart que culminaria com o golpe civil militar de 31 de maro


de 1964 que derruba Joo Goulart.
3. Anlise Crtica
No processo poltico-econmico da histria recente do Brasil, fase
esta com incio do governo Juscelino Kubitschek e finalizando no Regime
Militar, representou um perodo de muitas singularidades, uma vez que
o governo de Juscelino Kubitscheck, dito como desenvolvimentista,
preparava-se para substituir uma economia agroexportadora, em
virtude de atrelar sua economia s exportaes do caf.
Apesar de proporcionar crescimento do pas, principalmente nos
setores da indstria de base, transportes e energia, que possibilitou a
construo de rodovias, como tambm o setor privado automobilstico,
empregando vrios trabalhadores, como tambm a construo de
Braslia e a criao da SUDENE, atravs do seu Plano de Metas, o
governo

de

JK

deixou

grandes

lacunas,

dentre

elas

plano

desenvolvimentista que foi avassalador para com a indstria nacional,


assim como tambm no resolveu efetivamente os problemas quanto
inflao e ao grande dficit pblico, ocasionado pelo Plano de Metas,
deixando estes problemas aos sucessores do poder.
A partir do quadro apresentado, podemos estabelecer a anlise
de que Jnio Quadros e Joo Goulart herdaram posteriormente um
cenrio econmico desestabilizado, pois havia escassez de divisas e
elevado dficit pblico. Com algumas medidas, conseguiram retomar os
capitais estrangeiros, com emprstimos externos. No entanto, com um
ambiente de extrema instabilidade poltica, os militares assumem o
poder em maro de 1964. Este perodo ficou marcado principalmente
uso excessivo da fora, alm de obstruir quaisquer direitos sociais,
arrocho salarial, violncia contra manifestaes anti-regime, dentre
outros. Mas tambm houve progressos no pas, como por exemplo, na

chamada fase do Milagre Econmico, com crescimento prximo dos


11%, alm de melhorar nos aspectos educacionais.

4. Consideraes Finais
A resenha possibilitou agregar conhecimento no mbito da
economia brasileira contempornea, tendo em conta principalmente o
perodo de 1956 a 1963. Perodo esse que compreende o governo de JK
at os bastidores que antecedem o governo militar.
Pudemos ento analisar que o Plano de Metas, implementado
durante a gesto do presidente Juscelino Kubitschek considerado a
primeira tentativa bem sucedida de planejamento econmico no Brasil.
O plano teve no capital estrangeiro seu agente primordial, por isso
houve, durante esse perodo, uma profunda internacionalizao da
economia brasileira. Apesar do seu sucesso, o plano teve algumas
limitaes. Os gastos pblicos foram financiados por expanso dos
meios

de

pagamento,

gerando

inflao.

Os

investimentos

se

concentraram na regio sudeste do pas, acentuando ainda mais os


desequilbrios regionais.
Dessa forma conclui-se a resenha do segundo capitulo da obra
analisada, com o objetivo de se ter agregado conhecimento suficiente
para continuar a anlise da Economia Brasileira Contempornea.

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