Eja Livro 01
Eja Livro 01
Eja Livro 01
JOVENS E ADULTOS
Segundo Segmento do Ensino Fundamental
(5 a 8 srie)
Volume 1
Introduo
Ministrio da Educao
Braslia 2002
Aos professores
SUMRIO
A PRESENTAO ..................................................................................................................... 7
Parte I
A LGUMAS CARACTERSTICAS ESPECFICAS DA EJA ............................................................11
Trajetria da educao de jovens e adultos ......................................................................................... 13
Suporte legal da educao de jovens e adultos ................................................................................... 17
Funes da educao de jovens e adultos ............................................................................................ 18
Recomendaes internacionais .............................................................................................................. 18
Dados estatsticos sobre a EJA no Brasil .............................................................................................. 21
Caractersticas do Segundo Segmento do Ensino Fundamental ........................................................... 24
As condies de oferta e a organizao curricular ................................................................. 25
Perfil dos alunos ....................................................................................................................... 26
Perfil dos professores ............................................................................................................... 38
As prticas pedaggicas ........................................................................................................... 45
Arte .............................................................................................................................. 45
Cincias Naturais .......................................................................................................... 48
Educao Fsica ............................................................................................................. 51
Geografia ..................................................................................................................... 53
Histria ......................................................................................................................... 60
Lngua Estrangeira ....................................................................................................... 65
Lngua Portuguesa ....................................................................................................... 68
Matemtica .................................................................................................................. 71
Algumas consideraes .......................................................................................................................... 74
Parte II
V OLUME 2
V OLUME 3
Lngua Portuguesa
Lngua Portuguesa na Educao de Jovens e Adultos
Objetivos do ensino de Lngua Portuguesa
Contedos do ensino de Lngua Portuguesa
Orientaes didticas
Matemtica
Matemtica na Educao de Jovens e Adultos
Objetivos do ensino de Matemtica
Contedos do ensino de Matemtica
Orientaes didticas
Lngua Estrangeira
Lngua Estrangeira na Educao de Jovens e Adultos
Objetivos do ensino de Lngua Estrangeira
Contedos do ensino de Lngua Estrangeira
Orientaes didticas
Cincias Naturais
Cincias Naturais na Educao de Jovens e Adultos
Objetivos do ensino de Cincias Naturais
Contedos do ensino de Cincias Naturais
Orientaes didticas
Avaliao
Histria
Histria na Educao de Jovens e Adultos
Objetivos do ensino de Histria
Contedos do ensino de Histria
Orientaes didticas
Geografia
Geografia na Educao de Jovens e Adultos
Objetivos do ensino de Geografia
Contedos do ensino de Geografia
Avaliao
Arte
Arte na Educao de Jovens e Adultos
Objetivos do ensino de Arte
Contedos do ensino de Arte
Artes visuais na EJA
Dana na EJA
Msica na EJA
Teatro na EJA
Orientaes didticas
Educao Fsica
Educao Fsica na Educao de Jovens e Adultos
Objetivos do ensino de Educao Fsica
Contedos do ensino de Educao Fsica
Orientaes didticas
Apresentao
equipes
escolares,
pois
trazem
PARTE 1
Algumas caractersticas
especficas da EJA
14
O papel do educador
Paulo Freire foi
fundamental no
desenvolvimento da
educao de jovens
e adultos.
15
16
17
18
Recomendaes internacionais
Um marco importante para a educao de jovens e adultos foi a 5a Conferncia
Internacional sobre Educao de Jovens e Adultos (Confintea), realizada em julho
de 1997, em Hamburgo, na Alemanha, e precedida por uma Conferncia Regional
Preparatria da Amrica Latina e Caribe (realizada no Brasil), em janeiro de 1997.
19
20
21
22
Tabela 1
Classes de anos de estudo (%)
Grupos
de idade
8 anos
ou mais
Sem
informao
Menos
de 4 anos
4 anos
10 a 14
53,1
18,7
26,4
0,9
15 a 19
21,7
12,8
32,2
32,4
20 a 24
20,1
13,1
22,7
43,3
0,8
25 a 29
21,9
14,8
19,9
42,7
0,7
30 a 39
25,7
17,6
15,4
40,2
1,1
40 a 49
36,1
19,9
11,2
32,3
0,6
50 a 59
49,7
20,6
8,0
21,2
0,5
60 ou mais
63,0
17,8
5,8
12,9
0,5
5 a 7 anos
Total
1995
11.879
1997
Federal
Estadual
Municipal
Privada
7.455
2.995
1.422
16.100
11
8.279
5.813
1.997
1999
17.250
15
6.973
8.187
2.075
2000
21.241
27
7.788
11.414
2.012
281,1
41,4
Taxa de crescimento
1995/2000
Fonte: Inep/MEC
77,8
285,7
4,4
Tabela 3
Alunos matriculados por dependncia administrativa
Perodo
Total
Federal
Estadual
Municipal
Privada
1995
2.752.214
594
1.657.384
563.296
530.940
1997
2.881.770
1.609
1.808.161
683.078
388.922
1999
3.069.684
1.978
1.871.620
821.321
374.765
2000
3.410.830
11.573
2.018.504
1.005.218
375.535
Taxa de crescimento
1995/2000
23,9
1.848,3
21,8
-29,2
78,5
Fonte: Inep/MEC
Menos
de
15 anos
De
De
15 a 17 18 a 24
anos
anos
De
25 a 29
anos
De
De
30 a 34 35 a 39
anos
anos
Mais
de 40
anos
Centro
Centro-Oeste
103.071
1.471
17.976
43.159
15.654
10.750
7.349
6.712
Norte
210.428
6.671
59.239
86.045
25.775
15.229
8.997
8.472
Nordeste
220.266
6.537
46.559
91.200
31.061
20.597
12.163
12.149
Sudeste
629.288
10.888
104.276 231.231
99.629
71.843
51.958
59.463
Sul
265.591
9.717
82.420
40.141
30.092
22.259
21.791
1.428.644
35.284
287.221 534.055
212.260
Brasil
59.171
Fonte: Inep/MEC.
Nota: A idade foi obtida a partir do ano de nascimento informado no Censo Escolar, sendo considerada a idade que o aluno
completou em 2000.
23
24
Total
Federal
Estadual
Municipal
Privada
Grfico 2
Formao docente - 2000
Fundamental incompleto 1%
Fundamental completo 2%
Tabela 5
Disciplinas
Percentual em
relao
carga horria
total
Lngua Portuguesa
20 a 25
Matemtica
20 a 25
Cincias
10 a 15
Histria
10 a 15
Geografia
10 a 15
freqncia livre.
Lngua Estrangeira
5 a 10
Arte
5 a 10
Educao Fsica
0 a 5
Outros*
0 a 5
25
26
1930 a 1960
1961 a 1980
53
1981 a 1987
41
Ano de nascimento
CO
SE
14
11
55
62,5
76
61
38
23,5
13
36
Em porcentagem
Tem filhos?
CO
SE
No
64
42
41
58
63
Sim
36
58
59
42
37
Em porcentagem
Residncia
Mudou de cidade
37,5
Mudou de estado
9,5
No mudou
53
CO
SE
11,5
33
26
20
50
44
27
17
38,5
23
47
63
Em porcentagem
NE
CO
SE
Pai
Me Pai
Me
Nunca foram
escola
28
22
44
34,5 49
31
At 1/2 srie
18
15
11
14,5 17
10
At 3/4 srie
17
29
23
33
32,5
At 5/6 srie
10
16
11
6,5
5,5 19,5
At 7/8 srie
17
11
6,5
9,5
11
Alm do EF
10
Pai
19
Me Pai
Me Pai
Me
38
20
23
10
24
23
38
20
20,5
19
10,5
17
17
23
10,5
10
37
5,5
Em porcentagem
27
28
CO
SE
Sim
44
47
63
68
60
No
56
53
37
32
40
Est empregado?
Em porcentagem
NE
CO
SE
81
73
Carteira de trabalho
assinada
42
23
61,5
12,5
11,5
14
Funcionrio pblico
11,5
37,5
54
8,7
15,8
11
27
Em porcentagem
NE
CO
SE
Menos de 1 ano
36
30,5
37,5
29
25
1 a 2 anos
25
39
27
26
31
3 a 5 anos
14,5
19,5
12,5
13
25
Mais de 6 anos
24,5
11
23
32
19
Em porcentagem
Quadro 1
Profisses exercidas pelos alunos
NE
CO
SE
NE
1a5
14
6a8
38
69
9 a 12
27
11
Mais de 12
26
CO
SE
63
57
57
30
19
33,5
19
9,5
3,5
3,5
Em porcentagem
NE
Menos de 10 anos
16
10 a 14 anos
15 a 18 anos
Mais de 18 anos
CO
SE
29,5
13
3,5
3,5
43
42,5
58
53,5
43
32
20,5
17,5
34
50
7,5
11,5
3,5
Em porcentagem
29
30
Quadro 2
Principais ocupaes no primeiro trabalho
NE
CO
SE
NE
CO
SE
Sim
92
83,5
93
92
79
No
16,5
21
Em porcentagem
CO
SE
* A expresso ter mais educao, nas citaes apresentadas pelos alunos, estava vinculada idia de padres
de convvio social e tambm ao domnio do conhecimento formal.
Aluguel
12
3,5
Alimentao
41
55,5
Vesturio
24
Outros
23
Gastos
CO
SE
14
8,5
43
26
40,5
24,5
24,5
27
25,5
16,5
20
33
25,5
12,5
Em porcentagem
NE
No tm renda
36
Menos de 1 SM
CO
SE
28
18
30
31,5
33
18
25
1 a 2 SM
19,5
18
42
25
50
3 a 4 SM
16,5
20,5
18
14,5
5 a 6 SM
4,5
Mais de 6 SM
3,5
1,5
1,5
S
21
3,5
3,5
2
SM - Salrio mnimo
7,5
Em porcentagem
NE
CO
SE
Sim
81
91
89
86
85
No
19
11
14
15
Em porcentagem
31
32
Quadro 4
Profisses mais visadas
NE
CO
SE
CO
SE
Tabela 19
NE
CO
SE
Jornal
23
21
25
29
28,5
Revista
25
22
17,5
24
27
Bblia
24
26
31,5
24
27
Livros
28
29
24
22
14
Outros
3,5
Em porcentagem
Tabela 20
O que assiste na TV
NE
CO
SE
Filmes
23,5
20,5
19
22
33
Novelas
20,5
19
14
13
Esportes
15
12
10
15
14
11
11
31
35
48
36
36
Programas de
auditrio
Telejornais
Outros
0,5
2,5
Em porcentagem
Vida escolar
Analisando a idade em que foram escola pela primeira vez, constata-se que a
maioria ingressou entre 6 e 8 anos, sendo que poucos freqentaram a educao
infantil ou pr-escolar. Um nmero significativo de alunos iniciou sua vida
escolar entre 9 e 11 anos (Tabela 21).
Tabela 21
Faixa etria
em que iniciou
a vida escolar
NE
CO
SE
3 a 5 anos
29
6 a 8 anos
54
70
53
76,5
84
9 a 11 anos
11
17,5
29
9,5
11
3,5
Mais de 12 anos
11
Em porcentagem
33
34
NE
CO
SE
3,5
3,5
3,5
8,5
10
17
19
19
20
15
34,5
29
37
16
25
15
11
11
25
10
13
10
13,5
14,5
10
11
20
5,5
14,5
4,5
Em porcentagem
Quadro 6
Motivos para interromper os estudos
NE
CO
SE
35
Tabela 23
Idade em
que voltou a
estudar
NE
13 a 15 anos
19,5
16 a 21 anos
40
22 a 25 anos
6,5
CO
SE
8,5
38
17
47,5
31
11,5
15
12
25 a 35 anos
19,5
31,5
47
32
36 a 50 anos
9,5
19
18,5
26
18,5
Em porcentagem
Quadro 7
Motivos para voltar a estudar
NE
CO
SE
Foi pedido para indicarem a matria que consideram a mais fcil e a mais
difcil de aprender (Tabela 24).
Tabela 24
Matria
Lngua Portuguesa
25
Matemtica
47
Matemtica
23
Lngua Portuguesa
21,5
Cincias
21
Ingls
10
Histria
16
Histria
Geografia
12
Geografia
Cincias
4,5
Ingls
Matria
36
CO
SE
NE
Saem-se bem
62
No se saem bem
Razoavelmente
CO
SE
57,5
84,5
59
53
20,5
26
11
23,5
23,5
19,5
16,5
4,5
17,5
23,5
Em porcentagem
NE
CO
Saem-se bem
45
40
44,5
39
44
No se saem bem
40
45
38
55
24
Razoavelmente
15
15
17,5
32
SE
Em porcentagem
NE
CO
SE
Saem-se bem
63
72
76
74
69
No se saem bem
33
23
20
21
27,5
3,5
Razoavelmente
Em porcentagem
37
38
NE
CO
SE
Anterior a 1956
42
28
14
45
50
1956/65
31
54
33
32
35
1966/75
26
18
35
20
15
1976/83
18
0
Em porcentagem
NE
CO
SE
Solteiros
38
19
44
48
45
Casados
53
62
38
37
45
Separados
14
18
15
Vivos
2
Em porcentagem
NE
CO
SE
Sim
71
80
56
47
40
No
29
20
44
53
60
Em porcentagem
NE
Mudou de cidade
44
10
Mudou de estado
10
No mudou
46
CO
SE
30
29
45
60
56
18
28
30
14
53
27
Em porcentagem
NE
CO
SE
1 a 2 SM
14
21
15
3 a 4 SM
66
67
53
55
47
5 a 6 SM
20
27
26
30
Mais de 6 SM
38
Em porcentagem
39
40
NE
CO
SE
Alimentao
28
37
28
25
30
Vesturio
22
16
24
18
20
Livros
17
16
16
17
13
Aluguel
10
10
Outros
25
21
24
30
32
Em porcentagem
NE
CO
SE
0 a 5 anos
46
53
65
44
62
6 a 10 anos
18
37
25
36
21
11 a 15 anos
20
10
Mais de 16 anos
16
12
8
Em porcentagem
NE
CO
SE
Sim
29
35
25
15
15
No
71
65
75
85
85
Em porcentagem
NE
CO
SE
Curso de capacitao
13
19
13
15
22
Leitura de revistas
educativas
20
20
21
16
18
Leitura de livros
19
23
18
15
16
Programas de tev
16
12
13
14
10
Programas de rdio
Programas da
Secretaria de Educao
14
10
20
24
18
Encontros,
congressos e simpsios
12
11
10
10
12
1
Em porcentagem
NE
CO
SE
Gostar da profisso
30
27
27
58
27
Preencher carga
horria/necessidade
financeira
14
16
11
33
Necessidade do
sistema de ensino
18
16
15
22
18
13
Devido ao horrio
noturno
10
11
14
16
21
Outros
10
Devido ao interesse
dos alunos
Em porcentagem
41
42
NE
CO
SE
Sim
85
80
96
92
88
No
15
20
12
Em porcentagem
NE
CO
SE
1 a 2 horas
26
14
3 a 4 horas
23
37
43
5 a 6 horas
15
69
18
18
Mais de 6 horas
57
37
16
68
30
Em porcentagem
CO
SE
NE
CO
SE
Matria
Geografia
20
Matemtica
60
Cincias
18
Lngua Portuguesa
24
Histria
17
Cincias
Lngua Portuguesa
16
Histria
Matemtica
Ingls
Ingls
Geografia
43
44
Quadro 11
Atividades mais freqentes nas horas de folga
NE
CO
SE
Tabela 41
Leitura
NE
CO
SE
Jornais
23
22
19
26
24
Revistas
22
26
24
19
22
Bblia
10
12
12
12
Livros
22
21
20
20
23
Revistas educativas
e cientficas
17
14
21
19
17
Outros
Em porcentagem
Quanto ao ltimo livro que declaram ter lido, a anlise das maiores
freqncias permite organizar a categorizao apresentada na Tabela 42.
Tabela 42
ltimo livro lido
NE
CO
SE
Literatura em geral
62
46
43
35
58
Sobre educao
15
26
26
15
Tcnico
20
26
25
17
Auto-ajuda
10
10
Religioso
10
Outros
10
5
Em porcentagem
NE
CO
SE
Telejornais
23
25
22
17
21
Documentrios
18
17
17
21
18
Entrevistas
16
20
15
19
14
Programas
educativos
15
18
15
15
12
Filmes
12
14
16
15
Esporte
Novelas
Programas
de auditrio
Outros
8
Em porcentagem
As prticas pedaggicas
A seguir apresentada uma sntese dos resultados do levantamento,
elaborada a partir das respostas dos professores de cada uma das reas do
conhecimento, nas diferentes regies do pas, particularmente a respeito de
suas prticas pedaggicas.
Arte
A consulta s secretarias de educao em relao prtica da rea de Arte
em educao de jovens e adultos nas diferentes regies do pas mostrou
dificuldades e avanos, nas mais variadas formas e situaes.
No que se refere a materiais e mdias, 59% dos professores entrevistados
no adotam livro didtico de arte em educao de jovens e adultos e 56%
utilizam apostilas. Quanto aos equipamentos mais usados nas aulas de Arte:
vdeo (50%); aparelho de som (39%) ; retroprojetor (7%); e computador (3%).
Questionados quanto a montar ou organizar material de apoio didtico para
45
46
ministrar suas aulas, 79% responderam sim, e 12%, no. Entre os que
responderam afirmativamente, 52% utilizam material impresso (recorrendo
a textos em proporo bem maior do que a imagens), vindo a seguir material
audiovisual, com 18%; recortes/cartazes/lbum, 10%; imagens/textos
projetados, 3%. Constata-se, portanto, que os professores se apiam menos
em imagens do que em textos, em uma rea em que a linguagem visual a
mais trabalhada em todo o pas
Quanto aos espaos em que se desenvolvem as aulas, 55% do aulas
em salas, incluindo-se a salas-ambiente, salas de vdeo e outras; 25% ocupam
outros espaos da escola, como o ptio, a quadra, a biblioteca.
Referindo-se aos eixos do ensino de Arte propostos nos PCN de 5 a 8
srie produo, apreciao, contextualizao , a produo lidera a lista
dos contedos trabalhados em artes visuais, linguagem artstica mais
utilizada no pas. Na dana, o eixo da produo o que vem em primeiro
lugar. E, em msica, o eixo mais citado apreciao. Em dados extrados
da mesma questo que aborda os contedos, so citados outros
componentes bsicos curriculares que se articulam nas aulas de arte:
objetivos, contedos, mtodos/procedimentos, mdias, e no apenas
contedos, como foi perguntado.
Em outra questo, na qual se solicitou a indicao de estratgias e
procedimentos didticos utilizados com maior freqncia, 34% responderam:
aulas expositivas; discusses, debates, seminrios, conversa, dilogo sobre
o tema com a participao do aluno; e pesquisa. Quanto aos demais, 19%
relacionaram materiais e mdias; 11%, contedos; 2%, objetivos; outros 2%,
contexto do conhecer Arte (sala ambiente).
Na pergunta sobre as principais dificuldades para realizar o trabalho
com Arte, apenas 5% registraram dificuldades relacionadas s linguagens
artsticas. Outras respostas: falta de material, 30%; falta de espao fsico,
28%; tempo reduzido, 15%; dificuldades relacionadas aos alunos de EJA
(falta de interesse, inibio), 9%; dificuldades para ir com os alunos a
exposies e eventos artsticos, 5%; e outras menos citadas.
Em resposta pergunta sobre a orientao oferecida pelas secretarias
estaduais ou municipais de educao, 47% responderam que no h (o que
se reflete no panorama exposto e aponta para a grande necessidade de
investimento na formao contnua desses profissionais).
Cerca de 57% responderam afirmativamente pergunta sobre trabalhos
de Arte realizados em datas festivas, e as respostas podem ser agrupadas
nas seguintes categorias: folclore/cultura popular, 28%; festas, manifestaes
populares, exposies, 14%; festas religiosas, 11%; datas comemorativas,
47
48
Cincias Naturais
A respeito do conhecimento que detm sobre os PCN para o Ensino
Fundamental, de 5 a 8 srie, 48% dos professores entrevistados declaram
conhec-los e 40% dizem ter um conhecimento razovel. Os demais no
responderam, ou deram resposta negativa.
Quase a metade dos participantes adota livro didtico que, em 38%
dos casos, est de acordo com os PCN e em 21% est apenas razoavelmente
de acordo. Apenas 4,5% dos professores identificam o livro didtico adotado,
mostrando que so os mesmos mais adotados no ensino regular nas ltimas
49
50
Tabela 44
Sade
79%
Trabalho e
Consumo
24,82%
Orientao
Sexual
67,16%
Meio
Ambiente
75,92%
Pluralidade
21,9%
tica
43,8%
interessante
refletir
se
os
Educao Fsica
Os dados obtidos a respeito da Educao Fsica na educao de jovens
e adultos confirmam uma das suposies iniciais: a de que h poucas
propostas realmente desenvolvidas nessa modalidade da educao bsica.
O nmero de questionrios enviados em relao quantidade de retornos
descrevendo trabalhos realizados demonstra essa limitao. E a anlise das
respostas recebidas aponta algumas tendncias ou concepes que merecem
destaque.
51
52
Geografia
A consulta realizada com os professores da rea permitiu perceber o que
se ensina em Geografia em diferentes lugares e realidades do pas, quais
53
54
55
56
57
58
59
60
Histria
A anlise dos instrumentos respondidos pelos professores de Histria
evidenciou que 63% seguem um programa de Histria do Brasil e do mundo
em tempo linear, enquanto 37% trabalham contedos de Brasil e do mundo,
procurando estimular o aluno a compreender os problemas contemporneos,
para um posicionamento diante da realidade.
O programa reproduzido a seguir assemelha-se muito ao que a maioria
dos professores pesquisados alega adotar:
61
62
63
64
Lngua Estrangeira
Nas respostas dadas pelos professores de Lngua Estrangeira que atuam
na Educao de Jovens e Adultos, nas diversas regies do pas, 46%
responderam que conhecem os PCN de 5 a 8 srie do Ensino Fundamental;
11,2% declararam no os conhecer; e 42,8% disseram conhec-los razoavelmente.
Cerca de 32,6% dizem utilizar livro didtico e, destes, 58,9% consideram
o livro adotado coerente com as orientaes dos PCN. Em relao a material
apostilado, 56,7% afirmam utiliz-lo e, entre estes, 52,1% consideram esse
material coerente com as orientaes dos PCN. Alm disso, 50,46% informam
que a Secretaria de Educao orienta o trabalho com EJA; 6,1% mencionam o
uso do computador com seus alunos.
Entre os contedos geralmente trabalhados em Lngua Estrangeira, os
mais mencionados pelos professores so :
5 srie: expresses de cumprimento; dias da semana; meses; profisses;
cores; o verbo to be; to have; pronomes pessoais; nacionalidades;
nmeros; artigos; adjetivos; preposies; formas interrogativas;
respostas curtas.
6 srie: cumprimentos; dias da semana; meses; artigos; o verbo to be; to
have; there to be; o presente simples e continuous; adjetivos; possessivos;
preposies; how much; how many; horas.
7 srie: os cumprimentos; plural dos substantivos; nmeros;
determinantes; possessivos; conjunes; advrbios de freqncia;
presente simples; futuro (going to e will); imperativo; passado simples;
modal can; question tag; respostas curtas; would like.
65
66
NE
CO
SE
Total
Sade
10
38
Trabalho e
consumo
12
32
Sexualidade
17
Meio ambiente
10
12
41
11
18
46
17
44
Pluralidade cultural
tica e cidadania
Em porcentagem
67
68
Lngua Portuguesa
A anlise das respostas dos professores mostra que o contedo
gramatical norteia a estrutura do curso de Lngua Portuguesa. O trabalho
converge mais para o carter prescritivo e normativo da gramtica que para
aspectos descritivos da lngua. Dos professores que responderam ao
questionrio, 86,3% alegam corrigir a fala de seus alunos e 85,1% consideram
a correo ortogrfica, e outros aspectos relacionados ao emprego da norma
de prestgio, como fator decisivo para que um texto seja considerado bom.
Esses indicadores so preocupantes, pois a maioria dos alunos de EJA
pertence a segmentos populares cuja fala no coincide com a imagem
idealizada da lngua nica descrita pelas gramticas. Na realidade, o curso
de Lngua Portuguesa deve privilegiar questes mais pertinentes ou essenciais
da linguagem, fundamentais para o bom desempenho do aluno principalmente
nas prticas de leitura e produo de textos. Esses dados de certa forma
tambm denotam a dificuldade da escola em lidar com as variedades que
no correspondem norma de prestgio.
Quando os professores relacionam os tpicos gramaticais privilegiados
em seus cursos, mais uma vez prevalecem os aspectos normativos: ortografia,
acentuao, pontuao, concordncia, regncia e colocao pronominal so
os assuntos mais lembrados.
69
70
Matemtica
Cerca de 45% dos professores de Matemtica declaram conhecer os PCN
de 5 a 8 srie do Ensino Fundamental; 55% afirmam que usam livros didticos;
e 42% consideram que o livro adotado coerente com as orientaes dos PCN;
39% afirmam que usam material apostilado e 22% consideram que esse material
coerente com as orientaes dos PCN. Alm disso 50% informam que a
Secretaria de Educao orienta o trabalho com educao de jovens e adultos.
Duas questes dessa consulta se referiam a contedos matemticos.
Perguntou-se aos professores quais contedos matemticos priorizam em seu
trabalho e quais julgam importantes; e qual o grau de relevncia desses
contedos para o ensino de jovens e adultos. Para responder a esta segunda
questo, foi apresentada uma listagem de contedos baseada nos PCN de
Matemtica para os 3 e 4 ciclos (5 a a 8a srie) do Ensino Fundamental. Havia
uma grande diferena entre as duas questes. A primeira se referia aos
contedos desenvolvidos em sala de aula pelos professores. A segunda pedia
para o professor indicar o que, em sua avaliao, deveria idealmente fazer
parte de um bom trabalho com jovens e adultos, nessa etapa da escolaridade.
Quanto aos contedos ensinados, os resultados obtidos foram os seguintes,
no perodo que corresponde 5 srie:
cerca de 90% dos professores indicaram as quatro operaes, mas apenas
14% afirmaram que trabalham problemas que utilizam as quatro operaes;
cerca de 60% indicaram nmeros fracionrios; 41%, potenciao; 32%,
radiciao; 29%, teoria de conjuntos
cerca de 30% afirmaram tambm que trabalham divisibilidade, mltiplos e
divisores, m.m.c., m.d.c., sistema mtrico decimal;
rea e permetro foram contedos indicados por apenas 5% dos
professores.
No perodo correspondente 6 srie:
cerca de 76% afirmaram trabalhar com os nmeros inteiros, mas apenas
34% indicaram as operaes com nmeros inteiros;
cerca de 70% responderam que trabalham equaes, mas apenas 16%
ensinam como resolver problemas com equaes;
outros indicadores: 45% se referiram a nmeros racionais; 43%, a razo;
53%, a proporo; e 35%, a porcentagem.
71
72
73
74
Algumas consideraes
As informaes obtidas a partir do levantamento trazem contribuies de
grande importncia e interesse para a construo de uma proposta curricular
sobre diferentes aspectos da EJA no segundo segmento do Ensino Fundamental.
Um primeiro ponto que se destaca o fato de que os professores de EJA
tm, hoje, um nvel de formao bem mais elevado do que h algumas dcadas.
Mesmo assim, essa formao ainda no especfica para esse trabalho,
preocupao explicitada nas Diretrizes Curriculares para a Formao de Professores
da Educao Bsica, do Conselho Nacional de Educao, estimulando os cursos
de licenciatura que tratem da especificidade da EJA.
Embora enfrentem problemas e faam reivindicaes quanto s condies
de trabalho, os professores falam das vantagens de lidar com um grupo de
75
PARTE 2
Construo de uma
proposta curricular
para EJA
Introduo
Esta Proposta Curricular, destinada a subsidiar o trabalho desenvolvido no
Segundo Segmento do Ensino Fundamental da Educao de Jovens e Adultos,
orientada pelas proposies da LDBEN n. 9.394/96 e das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educao de Jovens e Adultos, do Conselho Nacional
de Educao, segundo as quais esse processo deve ser construdo em diferentes
nveis de concretizao, envolvendo as secretarias de educao estaduais e
municipais e as escolas em que a EJA se insere, chegando ao detalhamento
mximo nos planos especficos dos cursos e do planejamento de cada professor.
LDBEN n. 9.394/96
Diretrizes Curriculares para a Educao de Jovens
e Adultos/CNE
Proposta
PropostaCurricular
Curricularpara
paraooSegundo
Segundo
Segmento
Ensino
Segmento Ensino Fundamental
Fundamental
COEJA/SEF/MEC
COEJA/SEF/MEC
Proposta curricular
Secretaria Estadual de Educao
Proposta curricular
Secretaria Municipal de Educao
Plano especfico do
curso de Ensino Mdio
Planos de aula,
semanrios ou dirios
dos professores que atuam
no Primeiro Segmento do
Ensino Fundamental
Planos de aula,
semanrios ou dirios dos
professores que atuam no
Segundo Segmento do
Ensino Fundamental
Planos de aula,
semanrios ou dirios
dos professores que atuam
no Ensino Mdio
80
O projeto educativo
no um documento
formal elaborado no
incio de cada ano
letivo para ser
arquivado. Ele se
realiza mediante um
processo contnuo de
reflexo sobre a
prtica pedaggica.
81
82
83
84
alunos muitas vezes ocupam somente a sala de aula, sem poder usufruir
de outros espaos da escola que tambm so importantes para sua
formao, como biblioteca, sala de artes, laboratrios. Isso muitas vezes
ocorre em funo de essa modalidade de ensino no estar includa na
discusso do projeto educativo da escola. Esse fator, entre outros, pode
dificultar a troca de experincias entre os professores e muitas vezes
impossibilita o contato e o intercmbio entre alunos que convivem no
mesmo espao.
Vrios autores tm apontado transformaes significativas no chamado
espao do conhecimento, levando aos seguintes questionamentos:
necessrio repensar de forma mais dinmica a questo do universo de
conhecimentos a trabalhar;
nesse universo de conhecimentos, as metodologias assumem maior
importncia, reduzindo-se ainda mais dimenso estoque de
conhecimentos a transmitir;
deve-se aprofundar a transformao da cronologia do conhecimento: a
viso de homem que primeiro estuda, depois trabalha e depois se
aposenta torna-se cada vez mais anacrnica, e a complexidade das
diversas cronologias aumenta;
modificou-se profundamente a funo do aluno, em particular do
adulto, como sujeito da prpria formao diante da diferenciao da
riqueza dos espaos de conhecimento dos quais dever participar;
a luta pelo acesso aos espaos de conhecimento vincula-se ainda mais
profundamente ao resgate da cidadania, como parte integrante das
condies de vida e de trabalho, em particular para a maioria pobre da
populao.
Ainda com referncia ao processo de discusso de seu projeto educativo,
importante que a equipe escolar reflita sobre pontos como:
A escola atual continua a se organizar internamente segundo um modelo
concebido na era industrial, dividindo o trabalho entre especialistas
das diferentes disciplinas, sem a intercomunicao efetiva entre eles e
sem a fixao clara de objetivos comuns a serem atingidos este um
aspecto fundamental a ser revisto.
O uso cada vez mais disseminado de calculadoras, computadores e outras
tecnologias provocou uma drstica mudana em todos os campos da
85
86
A perspectiva do acolhimento
A permanncia dos alunos na escola hoje um dos grandes problemas a
serem enfrentados por todos na educao brasileira: este um diagnstico
amplamente aceito por rgos governamentais, no-governamentais,
comunidades e equipes escolares. Embora as causas da no-permanncia sejam
87
88
mltiplas, cabe enfatizar entre elas a falta de acolhimento dos alunos pela escola,
uma vez que, de certo modo, esse fator condiciona os demais.
A falta de acolhimento pode ser originada, muitas vezes, pelo fato de a
escola no reconhecer a diversidade da populao a ser atendida, com a
conseqente diferenciao na demanda. Os
alunos jovens e adultos fazem parte de uma
demanda peculiar, com caractersticas especficas,
pois muitas vezes esto inseridos no mundo do
trabalho e suas experincias pessoais, bem como
sua participao social, no so iguais s de uma
criana. preciso que o professor esteja atento
para no encarar essas especificidades como algo
negativo, mas entend-las e respeit-las, a fim de
Estimular, valorizar e
oferecer subsdios para
enriquecer as manifestaes
e produes dos alunos
contribui para que eles se
reconheam como
produtores de cultura.
ensino comprometido com a aprendizagem, que considere a situao real dos alunos,
dando sentido e plenitude humana sua existncia, respondendo a problemas de
seu dia-a-dia e tambm para sua atuao mais ampla.
O desenvolvimento das potencialidades dos alunos jovens e adultos
pressupe que se tome como ponto de partida o respeito por suas necessidades
especficas e seus saberes construdos ao longo da vida, e como meta o acesso
a conhecimentos relevantes, o que uma contraposio idia de que preciso
fazer uma seleo de contedos que preencha vazios daquilo que no estudaram
quando crianas.
O acesso escolaridade deve proporcionar aos alunos jovens e adultos,
inseridos em uma sociedade letrada, a possibilidade de analisar, criticar e
enfrentar questes que fazem parte de seu contexto. Mas isso no basta.
preciso tambm contribuir para sua formao intelectual, estimulando seu
pensamento, seu raciocnio, para que possam transferir aprendizagens de uma
situao a outra, abstraindo propriedades, fazendo generalizaes, usando
conhecimentos em novos contextos.
O acolhimento aos jovens e adultos se traduz tambm nas oportunidades
dadas a eles, tanto no sentido de se manifestarem das mais diferentes formas
como no de produzirem e partilharem suas produes (de conhecimentos,
expresses artsticas, performances esportivas e as criadas fora do espao
escolar). Estimular, valorizar e oferecer subsdios para enriquecer as
manifestaes e produes dos alunos contribui para que eles se reconheam
como produtores de cultura, como seres capazes de propor, criar e participar.
Alm disso, todo o processo de ensino e aprendizagem precisa estar
relacionado conscientizao e participao, visto que alunos e professores
fazem parte de um processo dialgico para a superao da ordem sociocultural
e socioeconmica deficiente. O acesso educao deve permitir a reflexo e a
ao do indivduo sobre o mundo para atuar e transformar a realidade.
89
90
Quem so os adultos
At o final dos anos 70, a psicologia evolutiva tradicional entendia que os
processos de desenvolvimento cognitivo terminavam com o fim da adolescncia,
que as crianas e os adolescentes cresciam e se desenvolviam, enquanto os
adultos se estabilizavam e os velhos se deterioravam.
Em estudos posteriores, psiclogos interessados no processo evolutivo
da idade adulta e da velhice apontaram que essas fases so etapas substantivas
do desenvolvimento psicolgico, um processo que dura a vida toda.
A idade adulta rica em transformaes e d continuidade ao
desenvolvimento psicolgico do indivduo. O adulto algum que evolui e se
transforma continuamente. Seu desenvolvimento cognitivo relaciona
aprendizagem, interao com o meio sociocultural e os processos de mediao.
Em geral, mostra maior capacidade de reflexo sobre o conhecimento e sobre
seus prprios processos de aprendizagem.
Alm do desenvolvimento cognitivo, uma caracterstica marcante dos
alunos adultos refere-se ao autoconceito quanto s suas possibilidades e limites.
Muitas vezes manifestam insegurana, medo de se expor ao ridculo, dizem
que se consideram incapazes de aprender. Expressam ainda certa resistncia a
mudanas, talvez porque no cmodo negar concepes arraigadas,
construdas ao longo da vida. Parecem ter uma relao bastante imediatista
com o conhecimento, querendo saber onde e como iro utiliz-lo,
Quem so os jovens
Assim como os adultos apresentam algumas caractersticas especficas que
os diferenciam, os jovens tambm possuem especificidades que vo alm da
idade cronolgica e mudanas biolgicas pelas quais passam. Eles tm interesses,
motivaes, experincias e expectativas importantes a serem consideradas pelo
professor para o desenvolvimento de seu trabalho pedaggico.
Cada sociedade, em cada poca histrica e de acordo com os diferentes
grupos que a constituem, define a durao, as caractersticas e os significados
das fases da vida (infncia, juventude, maturidade e velhice). Por exemplo, as
culturas indgenas brasileiras possuem ritos que demarcam com clareza a
passagem da condio de criana para a de adulto. Geralmente, ao atingir a
91
92
93
94
95
96
Concepes norteadoras de
uma proposta curricular
Delineado o cenrio mais amplo em que se insere a EJA, impe-se a
necessidade de abordar as questes que colocam em foco o processo de ensino
e aprendizagem, nessa modalidade de ensino.
Ao buscar identificar concepes que fundamentam uma proposta
curricular para a EJA, a contribuio do educador brasileiro Paulo Freire ganha
destaque. Mas necessrio interpretar as idias desse educador, extraindo
delas as marcantes concepes do mbito poltico-ideolgico, inseridas na ao
educativa e agregando contribuies de novos estudos como por exemplo as
das chamadas teorias socioconstrutivistas, que orientam hoje grande parte das
prticas pedaggicas.
97
98
A educao pode
contribuir para que
as pessoas se
acomodem ao mundo
em que vivem ou se
envolvam na
transformao dele.
99
100
imaginam que o Sol, a Lua e as estrelas fazem parte da Terra. Para outros vivemos
101
102
Em geral, os alunos
buscam corresponder s
expectativas de
aprendizagem quando
encontram um clima
favorvel de trabalho,
no qual a avaliao e a
observao do caminho
por eles percorrido sejam,
de fato, instrumentos de
auto-regulao do processo
de ensino e aprendizagem.
Concepo de conhecimento
Nas ltimas dcadas, em diferentes campos do conhecimento, crescem as
investigaes sobre os saberes gerados por diferentes grupos culturais referentes
linguagem, aos procedimentos matemticos (a etnomatemtica um exemplo),
s crenas religiosas, aos rituais, s tcnicas de produo, dana, msica
etc. No entanto, esses conhecimentos ainda no so tratados como tal e sua
presena nos currculos escolares ainda bastante pequena. Esses
conhecimentos tambm no fazem parte dos livros e textos, em que apenas os
chamados saberes cientficos so veiculados. Mas eles fazem, de fato, parte
do mundo dos alunos, particularmente do aluno da EJA. Desse modo,
necessrio romper a preconceituosa barreira que separa saberes populares
de saberes cientficos, pondo em discusso a prpria concepo de
conhecimento.
Outro mito relacionado concepo de conhecimento refere-se idia de
que ele concebido como algo que pode ser transmitido, ou passado, de uma
pessoa (mais sbia) para outra. Ou seja, o conhecimento visto como um bem
103
104
105
106
Concepo de avaliao
O termo avaliao tem sido adjetivado de mltiplas formas,
evidenciando uma ampla gama de significados a ele atribudos: avaliao
somativa, formativa, diagnstica, prognstica, processual, de produto etc.
Essa multiplicidade de significados, por um lado, tem um aspecto
positivo na medida em que revela, por exemplo, que a avaliao no se
refere apenas ao desempenho do aluno num dado momento, mas envolve
tambm o trabalho do professor, da escola e do sistema de ensino, no
deve ter carter punitivo etc.; por outro lado, essa diversidade de
significados pode levar idia de que a todo momento, tudo se avalia,
generalidade essa que pode descaracterizar e esvaziar o processo de
avaliao.
Para muitos autores, o processo de avaliao consiste essencialmente
em determinar em que medida os objetivos educacionais esto sendo
realmente alcanados, de acordo com propostas curriculares e planos de
ensino. Esse posicionamento porm no nico. Outros autores consideram
que vantajoso que o professor avaliador, pelo menos num primeiro
momento, ignore as metas do programa para analisar os resultados da
avaliao tais como eles se apresentam, sem vieses.
Ao se analisar a questo da avaliao, necessrio reconhecer que as
prticas rotineiras para ela muitas vezes so utilizadas como atos de uso e
abuso de poder e, de modo geral, contribuem para que o fracasso escolar
seja encarado como fracasso pessoal do aluno.
Assim, imprescindvel discutir idias sobre a construo de uma
107
108
109
110
O termo contrato didtico cada vez mais vem sendo utilizado como
uma forma de explicitao de papis, combinados, intenes e contedos
que orientam e/ou permeiam o trabalho pedaggico.
De acordo com os Referenciais de Formao de Professores, o contrato didtico
caracteriza-se pelas regras que regem, entre outras coisas, as relaes que alunos
e professores mantm com o conhecimento e com as atividades escolares,
estabelecem direitos e deveres em relao s situaes de ensino e de
aprendizagem e modelam os papis dos diferentes atores do processo educativo
e suas relaes interpessoais. O contrato representa o conjunto de condutas
111
112
Propus que arrumssemos as carteiras em forma circular para que todos pudessem
se ver e contar suas experincias escolares e eu, minha proposta de trabalho.
Percebi certa movimentao na classe e ouvi alguns comentrios:
Isto no jeito de sentar em uma escola.
E como ?
Um sentado atrs do outro e voc passando coisas na lousa pra gente copiar.
Quanto disposio das carteiras, no se sentiam vontade sentados prximos
uns dos outros, j que tinham receio de errar e mostrar isso ao outro. Aprender
a trabalhar em grupos ou duplas foi outro grande desafio, pois acreditavam que
pretende instaurar, pois, nessa situao, cabe ao aluno se dispor a aprender, a ter
coragem de arriscar, expressar o que sabe, testar suas hipteses, confrontar seus
conhecimentos e no esperar que estes venham prontos e acabados do professor.
Muitas vezes, necessrio que o professor discuta e explicite seu conceito de
escola e educao. Isso pode ajudar o aluno a entender alguns elementos que
integram o contrato didtico esteja ou no explcito, o contrato existe e regula as
relaes entre professor, aluno e conhecimento. A definio dessas condutas, bem
como a determinao do que os alunos esperam ou podem esperar dos professores,
e vice-versa, permite que cada um saiba como as coisas devem ou no acontecer,
e pode minimizar ou eliminar eventuais resistncias dos alunos jovens e adultos
diante de situaes em que no sabem como proceder, ou estranham uma proposta
que rompe com suas representaes e expectativas anteriores.
A explicitao do contrato didtico fundamental no processo de ensino
e aprendizagem, pois produz mudanas qualitativas no papel desempenhado
por professores e alunos, na medida em que favorece o compromisso com
todo o processo de trabalho e se concretiza no dia-a-dia da sala de aula.
O contrato didtico acaba tendo um carter decisivo para o sucesso do processo
de ensino e aprendizagem. Com freqncia os professores relatam sua dificuldade
em trabalhar com alunos de idades, interesses, expectativas e necessidades muito
diversificados. Talvez, alm da dificuldade, esse fato possa ser visto e revisto
como uma possibilidade de trabalho, que contemple o contedo do respeito mtuo.
H muitas maneiras de abordar essa questo na sala de aula. Alm do dilogo,
tambm a organizao dotrabalho pedaggico se mostra imprescindvel.
Organizao curricular
Invertendo a lgica da organizao curricular
[] propor algo que ainda no existe, mas que uma
possibilidade real, da qual o nosso esforo poder nos
aproximar gradativamente. Isto supe um duplo
posicionamento: poltico e pedaggico. Poltico, no sentido de
uma viso do ideal de organizao da convivncia social e do
tipo de homem que se quer formar; pedaggico, no sentido de
definir as aes educativas e as caractersticas necessrias s
instituies escolares numa perspectiva de fazer com que o
possvel e desejvel se tornem realidade. (Danker, 1990)
113
114
115
116
117
118
Do ponto de vista da
educao, especialmente
em termos do Ensino
Fundamental, o
significado curricular de
cada disciplina resulta,
em grande parte, do
modo como ela se
articula com as demais.
119
120
A seleo de contedos
No processo de seleo de contedos, o desafio que se apresenta identificar,
dentro de cada um dos vastos campos de conhecimento das diferentes reas,
quais so socialmente relevantes e em que medida
contribuem para o desenvolvimento intelectual do aluno,
ou seja, que contedos permitem a construo e a
coordenao do raciocnio, o desenvolvimento da
criatividade, da intuio, da capacidade de anlise e de
crtica, e constituem esquemas lgicos de referncia para
interpretar fatos e fenmenos.
Os contedos a serem trabalhados podem ser
selecionados em uma perspectiva mais ampla,
Nesta proposta,
os contedos esto
dimensionados
no s em conceitos,
mas tambm
em procedimentos
e atitudes.
121
122
A incluso de
contedos
procedimentais
permite tomar a
prtica como objeto
de aprendizagem,
contribuindo para
que os alunos
tenham participao
mais ativa e aes
transformadoras.
contedos escolares faz com que estes sejam transmitidos sobretudo de forma
inadvertida, sendo aprendidos sem uma deliberao clara.
Por isso, imprescindvel que a equipe escolar adote uma posio crtica
em relao aos valores que a escola transmite, explcita e implicitamente, em
suas atitudes cotidianas. A considerao positiva de certos fatos ou personagens
histricos em detrimento de outros um posicionamento de valor, o que
contradiz a pretensa neutralidade que caracteriza a apresentao escolar do
saber cientfico.
Ensinar e aprender os contedos atitudinais requer um posicionamento
claro e consciente sobre o que e como se ensina na escola. Esse posicionamento
s pode ocorrer a partir do estabelecimento das intenes do projeto educativo,
para que se possa adequar e selecionar contedos bsicos, necessrios e
recorrentes. Atitudes so bastante complexas, pois envolvem tanto a cognio
(conhecimentos e crenas) quanto os afetos (sentimentos e preferncias) e as
condutas (aes e declaraes de inteno). Normas e regras, por sua vez, so
dispositivos que orientam padres de conduta a serem definidos e compartilhados
pelos membros de um grupo. Os valores orientam as aes e possibilitam fazer
juzo crtico sobre o que se toma como objeto de anlise. Vale lembrar que existem
diferenas e at conflitos entre sistemas de normas na sociedade, que respondem
de maneiras variadas s distintas vises e interpretaes do mundo.
H valores e atitudes referentes aos contedos especficos das reas (como,
123
124
As diferentes naturezas
dos contedos escolares
devem ser contempladas
de maneira integrada no
processo de ensino e
aprendizagem, e no em
atividades especficas.
125
126
Orientaes didticas
A consecuo dos objetivos propostos e das capacidades a serem
desenvolvidas na EJA depende de uma prtica educativa que tenha como eixo a
formao de um cidado autnomo e participativo. Essa prtica pressupe que
os alunos sejam sujeitos de seu processo de aprendizagem e que construam
significados para o que aprendem, por meio de mltiplas e complexas interaes
com os objetos de conhecimento, tendo, para tanto, o professor como mediador.
A interao dos alunos entre si outro aspecto essencial nesse processo.
A anlise das diferentes interaes que ocorrem na relao entre professor,
aluno e conhecimento, e das variveis didticas presentes no processo de ensino
e aprendizagem, apresentada nas Orientaes Didticas de cada uma das
reas do conhecimento, nos Volumes 2 e 3 desta Proposta. No so receitas de
como ensinar, mas fundamentalmente reflexes que possam orientar a ao
do professor na criao de situaes de aprendizagem.
Em cada rea de conhecimento, as orientaes didticas permeiam as
explicaes sobre o ensinar e o aprender e sobre os blocos de contedo, ou
eixos temticos, uma vez que a opo de seleo de contedos para uma
situao de ensino e aprendizagem tambm determinada pelo enfoque didtico
da rea.
Seguem-se algumas orientaes didticas gerais, presentes nas diferentes
reas curriculares.
127
128
Projetos de trabalho
Atualmente, vrios autores tratam dessa modalidade organizativa.
Propondo diferentes nuanas no modo de lidar com os projetos de trabalho,
alguns se voltam mais para a questo de como definir e compartilhar com os
alunos o tema a ser trabalhado; outros se direcionam mais para o trabalho com
a lngua escrita, ou com a possibilidade de interdisciplinaridade. Entretanto,
alguns pontos so comuns e auxiliam na aprendizagem de contedos
conceituais, procedimentais e atitudinais.
A organizao dos contedos que inspira os projetos de trabalho est
vinculada perspectiva de um conhecimento no-compartimentado.
Os projetos de trabalho caracterizam-se por seqncias de situaes
contextualizadas, que se articulam em funo da conquista de um objetivo e
da compreenso das estruturas internas de um contedo que intencionalmente
se quer ensinar. O contedo pode ser organizado seguindo um determinado
tema, a definio de um conceito, um problema geral ou particular, um conjunto
de perguntas inter-relacionadas ou um tema que merea tratamento especial.
O importante o processo de tomada de decises do que est se passando na
classe e uma reflexo sobre a atuao e o trabalho de cada aluno.
A idia de se organizar o conhecimento escolar em forma de projeto objetiva,
entre outras coisas, que o aluno se inicie numa aprendizagem de procedimentos
que lhe permita organizar informaes, realizar pesquisas, documentar o que j
se construiu etc. Os projetos apresentam flexibilidade quanto sua durao e
podem ser realizados em dias, semanas ou meses, dependendo do que se quer
que os alunos aprendam. Quando de longa durao, possvel compartilhar
com os alunos o planejamento das tarefas e sua distribuio no tempo. Durante
o desenvolvimento, cabe ao professor selecionar fontes de informao que
trabalho em grupo.
O planejamento do projeto leva em conta uma seqncia de evoluo que
parte de um patamar inicial (o que os alunos sabem sobre o tema) para um
formativo (o que os alunos esto aprendendo), chegando ao final (o que os
alunos aprenderam em relao proposta inicial). No projeto, cada etapa
executada tem relao com a etapa seguinte, ou seja, a atividade anterior deve
favorecer uma base de conhecimentos e competncias para a prxima atividade.
Ao vivenciar o compartilhamento do planejamento dos projetos, os alunos
tm a oportunidade de aprender a planejar com o propsito de transformar
uma idia, uma proposta, em realidade, na medida em que precisam elaborar
cronogramas com objetivos parciais e finais, nos quais o trabalho em direo
aos objetivos avaliado permanentemente, de modo a corrigir erros de processo
ou mesmo de planejamento.
A possibilidade de compartilhar tem dois sentidos: explicar
adequadamente as razes de uma deciso quando esta tomada pelo professor
e orientar claramente a deciso quando ela for tomada pelos alunos. As
decises compartilhadas so escolhidas em funo de seu potencial para ensinar
e aprender.
Geralmente, os professores manifestam dvidas em relao escolha do
projeto, ou seja, se o tema escolhido por eles ou pelos alunos, e o que cabe ao
professor e aos alunos decidirem. Essa questo relaciona-se com o
desenvolvimento da autonomia. No caso dos projetos, preciso estabelecer,
em primeiro lugar, o que os alunos podem decidir sozinhos, em cada momento
do projeto, tendo por critrio os objetivos educativos escolhidos pelo professor.
Antes de se iniciar esse tipo de trabalho, sempre bom lembrar que um
projeto uma forma de ao pedaggica. Para coloc-la em prtica preciso,
antes, ter um planejamento pedaggico, isto , fazer escolhas sobre o que ser
ensinado, como ser ensinado e o que, quando e como ser feita a avaliao
129
130
desse ensino, mesmo que essas decises sejam iniciais e que o desenrolar dos
acontecimentos transforme o projeto original.
Outra questo muitas vezes apontada pelos professores refere-se
necessidade de o projeto ser obrigatoriamente interdisciplinar. Muitos
professores interpretam a proposta do trabalho com projetos como a escolha
de um tema, cujo intuito motivar o aluno para a realizao de um conjunto
de atividades nas diversas reas do conhecimento, sem ligao entre si e sem
considerar o conhecimento epistemolgico de cada rea, o que pode esvaziar e
empobrecer o contedo.
O projeto uma modalidade organizativa que possibilita aos alunos dar
sentido ao esforo de aprender algo. Assim, o que determina a interdisciplinaridade
no a vontade do professor de juntar diversas reas, mas sim os conhecimentos
que esto sendo construdos durante o desenvolvimento do projeto. Dependendo
de seu enfoque didtico, ele se torna simplesmente uma nova organizao externa,
um novo nome atribudo a uma antiga forma, ou a concepes ultrapassadas.
Leitura e escrita:
uma responsabilidade a ser compartilhada
O domnio da escrita traz inmeros benefcios: ajuda a articular e
organizar o pensamento; a aperfeioar o contedo e a forma do discurso; a
dar desenvoltura para operar questes da vida cotidiana; a abrir novas
possibilidades de acesso a lazer, bens culturais e formas mais efetivas de
participao social e poltica. Em suma, ajuda a conviver, em condies de
igualdade social, com pessoas que possuem essas capacidades.
Saber ler e escrever representa um dos mais altos graus de metacognio.
Mas, como aprender bem essas prticas de leitura e escrita? Como ajudar o
aluno de EJA a perceber que o processo de aquisio e domnio da escrita
longo e pode durar a vida inteira, sem que isso signifique para ele incapacidade
ou inaptido? Como redimensionar esse trabalho na escola e fazer com que ele
transcenda o crculo escolar?
Geralmente, os alunos de EJA que ingressam no Segundo Segmento do
Ensino Fundamental tm pouco domnio da escrita e da leitura, j que, muitas
vezes, o tipo de trabalho ou as situaes sociais das quais participam no
favorecem o desenvolvimento dessas atividades. Esse fato, alm de ser
determinante para sua excluso sociocultural, torna-se um obstculo para sua
aprendizagem.
Definir estratgias e procedimentos que envolvam leitura e escrita para
fazer do aluno um leitor competente e autnomo, capaz de reconhecer e utilizar
textos de diferentes gneros, e fazer com que ele desenvolva a capacidade de
expor seus pensamentos na forma escrita so tarefas em que devem estar
empenhados os professores de todas as reas, no apenas os de Lngua
Portuguesa.
Para cumprir essa meta fundamental a integrao de todas as reas em
projetos comuns de leitura e produo de textos. A escola como um todo deve
se preocupar com as principais questes da lngua escrita; deve estimular os
alunos a ler e a produzir textos de diversos gneros respondendo s diversas
situaes comunicativas; deve orient-los nessas atividades, fazendo com que
leiam, falem e registrem suas idias.
Textos do gnero de imprensa ou de divulgao cientfica, por exemplo,
podem ser lidos e escritos em Cincias, Geografia, Histria, Lngua
131
132
mas voltadas para os interesses dos alunos, de modo que se sintam envolvidos
em sua realizao.
Essa estratgia tem uma dupla funo: situ-los quanto ao que se pretende
que aprendam, determinando os contedos pelos quais se inicia o estudo, e
permitir a cada um construir uma primeira representao do que se quer atingir
com a seqncia didtica proposta. Desse modo, o carter unidimensional e
esttico dos objetivos, que so formulados pelo professor, torna-se
multidimensional. Cada aluno os percebe de maneira pessoal e evolutiva, uma
vez que suas percepes se modificam durante a aprendizagem e incorporam
novos elementos. Esse processo, que tem por base a comunicao, conduzido
mediante negociaes constantes entre professor e alunos e por meio de acordos
visando o aprimoramento da aprendizagem.
133
134
135
136
Os critrios de avaliao
A equipe escolar precisa definir critrios de avaliao que explicitem as
expectativas de aprendizagem, considerando objetivos e contedos propostos
para a rea e o ciclo ou a etapa, a organizao lgica e interna dos contedos,
as particularidades de cada momento da escolaridade e as possibilidades de
Organizao institucional
Para viabilizar um projeto educativo necessrio garantir condies
institucionais. Questes relativas organizao dos espaos, ao gerenciamento
do tempo, disponibilidade e uso de recursos didticos so fundamentais e,
se negligenciadas, podem comprometer toda a execuo do projeto educativo.
137
138
139
140
141
142
para que possam, junto com outros colegas, tematizar sua prtica, construir
conhecimentos sobre seu fazer, aperfeioando-se constantemente. Os
professores tm o direito de experimentar em seu prprio processo de
aprendizagem o que, do ponto de vista metodolgico, lhes sugerido como
necessrio e bom para os alunos prticas orientadas para o desenvolvimento
do pensamento crtico, da aprendizagem ativa, da criatividade, da autonomia,
dos valores democrticos, do exerccio da cidadania.
Alm das reunies pedaggicas e de estudos com outros professores e
coordenadores, orientadores ou supervisores pedaggicos,* os professores
podem contar com espaos de ensino a distncia Salto para o Futuro e Escola
Aberta, da TV Escola, ou teleconferncias oferecidas por instituies
governamentais e no-governamentais.
Programas desenvolvidos localmente pelas secretarias de educao
municipais e estaduais e aes de mbito nacional, como o Programa de
Desenvolvimento Profissional Continuado Parmetros em Ao de EJA e o
PROFA Programa de Formao de Professores Alfabetizadores, do Ministrio
da Educao, que visam proporcionar momentos de construo coletiva do
conhecimento pedaggico e de aprofundamento de estudos, devem ser
divulgados, estimulando a participao dos professores de EJA.
Propostas como as vinculadas neste documento, que objetivam a criao
de novas possibilidades de trabalho com os alunos, a fim de melhorar a qualidade
de suas aprendizagens, tm seu sucesso condicionado a bons programas de
desenvolvimento pessoal e profissional dos professores.
* Existem diferentes denominaes dadas aos parceiros mais experientes que desempenham a funo de
organizador de situaes de aprendizagem e reflexes da prtica do professor.
143
Bibliografia
BALESTER, M. (org.). Evaluacin como ayuda al aprendizaje. Barcelona, Gra, 2000.
BARRETO, Vera. Paulo Freire para educadores. So Paulo, Arte & Cincias, 1998.
. Alfabetizao Permanncia e mudana. So Paulo, Centro de Estudos em Educao
Vereda, 1998.
BEISIEGEL, Celso de Rui. Estado e educao popular: um estudo sobre educao de adultos no estado de
So Paulo. Rio de Janeiro, Pioneira, 1974.
CALVO, F. Projecto. Enciclopdia Einaudi, vol. 25 (Criatividade/Viso). Porto, Casa da Moeda, 1992.
CAPRA, Fritjof et al. Belonging to the Universe. Londres, Penguin Books, 1993.
COLL, Csar. Psicologia e currculo: uma aproximao psicopedaggica elaborao do currculo escolar.
So Paulo, tica, 1996.
; PALACIOS, Jess & MARCHESI, lvaro (orgs.). Desenvolvimento psicolgico e educao:
psicologia evolutiva. Porto Alegre, Artmed, 1995.
DAMKER, H. et al. Planejamento participativo nas escolas: retomando aspectos essenciais. In:
Revista da Educao, vol. 19, n. 75. Braslia, 1990.
DEHEINZELIN, Monique. A fome com a vontade de comer. Petrpolis, Rio de Janeiro, Vozes, 1995.
DI PIERRO, Maria Clara. As polticas pblicas da educao bsica de jovens e adultos no Brasil do perodo
1985-1999. Tese de doutorado. So Paulo, PUC, 2000.
DOWBOR, L. O espao do conhecimento. In: A revoluo tecnolgica e os novos paradigmas da sociedade.
Belo Horizonte, IPSO/Oficina de Livros, 1994.
DURANTE, Marta. Alfabetizao de adultos Leitura e produo de textos. Porto Alegre, Artmed, 1998.
et al. Formao de educadores alfabetizadores de jovens e adultos em empresas/escolas. So
Paulo, Centro de Estudos da Escola da Vila/Fundao Kellogg, 1999.
DRUCKER, Peter F. Sociedade ps-capitalista. So Paulo, Pioneira, 1993.
FAZENDA, Ivani C. Arantes. Interdisciplinaridade no ensino brasileiro. So Paulo, Edies Loyola, 1979.
FERREIRO, Emlia. Os filhos do analfabetismo. Porto Alegre, Artmed, 1992.
. Cultura, escrita e educao. Porto Alegre, Artmed, 2001.
. Atualidade de Jean Piaget. Porto Alegre, Artmed, 2001.
FREIRE, Paulo. Conscientizao Teoria e prtica da libertao. So Paulo, Moraes, 1980.
. Professora sim, tia no Cartas a quem ousa ensinar. So Paulo, Cortez, 1995.
. Pedagogia do oprimido. So Paulo, Paz e Terra, 1996.
. Pedagogia da esperana: um reencontro com a pedagogia do oprimido, 6.ed. So Paulo, Paz
e Terra, 1999.
. Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica educativa. So Paulo, Paz e Terra, 2001.
GADOTTI, Moacir. Paulo Freire: uma biobibliografia. So Paulo/Braslia, Cortez/Instituto Paulo Freire/
Unesco, 1996.
GARDNER, Howard. Estruturas da mente A teoria das inteligncias mltiplas. Porto Alegre, Artmed, 1994.
GUERRERO, Miguel Escobar. Trabalhos de Freire: desafios, no receitas. In: GADOTTI, M., op.
cit.
HERNNDEZ, Fernando. Transgresso e mudana na educao: projetos de trabalho. Porto Alegre,
Artmed, 1998.
& VENTURA, Monserrat. A organizao do currculo por projetos de trabalho, 5.ed. Porto
Alegre, Artmed, 1998.
JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro, Imago, 1976.
JIA, Orlando (org.). Relatrio da Ao Educativa sobre a educao de jovens e adultos de 5 a 8 srie.
Mimeo. So Paulo, Ao Educativa, s.d.
HADDAD, Srgio. Estado e educao de adultos (1964-1985). Tese de doutorado. So Paulo,
Universidade de So Paulo, 1991.
& DI PIERRO, Maria Clara. Escolarizao de jovens e adultos. In: Revista Brasileira de
Educao, n. 14, pp.108-130. So Paulo, 2000.
KIDD, J.R. El processo del aprendizaje: como aprende el adulto. Buenos Aires, Editorial El Ateneo, 1973.
KLEIMAN, Angela B. (org.). Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prtica social da
144
145
Ficha tcnica
Coordenao
Clia Maria Carolino Pires, Miriam Orensztejn, Roberta Leite Panico,
Sandra Mayumi Murakami Medrano.
Elaborao
Antonio Aparecido Primo, Caio Martins Costa, Carla Newton Scrivano, Clia
Maria Carolino Pires, Cludio Bazzoni, Daniela Padovan, Dirce Maria Moreira
Batista de Souza, Edda Curi, Fernanda Liberali, Hugo Luiz de Menezes
Montenegro, Isabel Azevedo Marques, Iveta Maria Borges A. Fernandes, Leda
Maria Lucas, Luiza Esmeralda Faustinoni, Marcelo de Magalhes Papaterra
Limongi, Maria Jos da Nbrega, Maria Ambile Mansutti, Maria Ceclia
Condeixa, Miriam Orensztejn, Paulo Eduardo Dias de Mello, Roberta Leite Panico,
Rosa Iavelberg, Rubens Nogueira Filho, Sandra Mayumi Murakami Medrano,
Snia Carbonell lvares, Suraya Cristina Darido.
Consultoria
Antnia Terra, Circe Bittencourt, Egon de Oliveira Rangel, Helosa Ferraz, Jelsa
Ciardi Avolio, Lus Carlos Menezes, Luiz Percival Leme de Britto, Maria
Antonieta Alba Celani, Maria da Conceio Fonseca, Maria Terezinha
Figueiredo, Ruy Csar Pietropaulo, Sueli ngelo Furlan.
Colaborao
Ana Paulo Calvo, Aparecida Solange Cirineu, Eliane Lousada, Eliete Silva
de Oliveira, Glria Corts Abdalla, Leila Taeko Jin Brando, Marcelo
Barros da Silva, Maria Cristina Fonseca, Marta Arantes, Marta Durante,
Sueli Oliveira, Telma Weisz, Vera Lcia Nory Almansa Iurif, Zilda Louro.
Agradecimentos
Coraci do Amaral Oliveira, Eila de Arajo Almeida, Elisabeth Bruno Ribeiro Vale,
Joo Raimundo Alves dos Santos, Maria Helen Andrade Diniz, Mrio Monteiro
Neto, Simone Tavares de Oliveira, Vinicius Signorelli, Walter Takemoto.
Agradecimentos especiais
s secretarias de educao estaduais e municipais que responderam aos
questionrios enviados e elaboraram pareceres sobre a segunda verso
preliminar do documento.