Uma Escola para Todos
Uma Escola para Todos
Uma Escola para Todos
Coimbra, 2016
Dina Alexandra Saraiva das Neves
Constituição do júri
AGRADECIMENTOS
I
Escola Superior de Educação | Politécnico de Coimbra
II
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
Resumo:
A valorização da diversidade, o respeito pela diferença, os combates à desigualdade e
à exclusão são os pilares do paradigma educacional do século XXI, que preconiza
uma “escola para todos”. Nesta perspetiva, a inclusão de crianças com Necessidades
Educativas Especiais (NEE) no ensino regular assume-se como uma mudança
complexa uma vez que, tendo como objetivo melhorar a vida das crianças, fez com
que os estilos de vida e comportamentos dos indivíduos se alterassem.
III
Escola Superior de Educação | Politécnico de Coimbra
Title: The role of the operational assistant in the construction of inclusive school - a
contribution to the sketch of his profile.
Abstract:
The valuing of diversity, respect for difference, the fight against inequality and
exclusion are the pillars of the educational paradigm on the XXI century, which
advocates a "school for all". In this perspective, the inclusion of children with special
educational needs (SEN) in the mainstream education is assumed as a complex
change once that aims to improve the children´s lives, does the lifestyles and
behaviors of individuals became altered.
The collected data suggest that not all operational assistants face inclusion the same
manner, not all perform the same tasks and there is not a sufficiently clear functional
content. The operational workers feature and reveal intent and need of training to
acquire and /or optimize core competencies to their duties, taking up as a prime
target audience for future training opportunities. Therefore, we propose a training
action plan entitled "The action of the Operational Assistant in the construction of
the inclusion", which we believe that might contribute to the formation of these
educative agents.
IV
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS............................................................................................ I
Resumo: ................................................................................................................. III
Abstract:............................................................................................................... IV
ÍNDICE DE GRÁFICOS .................................................................................... VII
ÍNDICE DE QUADROS ..................................................................................... VII
ÍNDICE DE TABELAS ...................................................................................... VII
INTRODUÇÃO ......................................................................................................1
PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ......................................................7
CAPÍTULO 1:EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL ................7
1.1 - Da segregação à integração .....................................................................9
1.2 - Da integração à inclusão ........................................................................ 12
1.3 - Princípios orientadores da inclusão ........................................................ 15
1.4 - Os desafios da escola inclusiva .............................................................. 18
CAPITULO 2: NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS ............................. 23
2.1 - O Conceito de NEE (Necessidades Educativas Especiais) ..................... 25
2.2 - Tipos de NEE ........................................................................................ 30
2.3 - Necessidades Educativas Especiais significativas .................................. 31
2.4 - Enquadramento legal das NEE .............................................................. 32
CAPÍTULO 3: O PAPEL DOS ASSISTENTES OPERACIONAIS ........................ 37
3.1 - O pessoal não docente ........................................................................... 39
3.2 - Dos antigos contínuos aos atuais assistentes operacionais ...................... 42
3.3 - Os assistentes operacionais na escola..................................................... 43
3.4 - O Assistente operacional e a construção da sua identidade profissional . 45
PARTE II – ENQUADRAMENTO EMPÍRICO................................................ 55
CAPÍTULO 4: OPÇÕES METODOLÓGICAS ...................................................... 55
4.1 - Questões e objetivos da investigação ..................................................... 57
4.2 - Tipo de investigação.............................................................................. 58
4.3 - População e amostra .............................................................................. 61
4.3.1 - Caracterização da amostra ................................................................. 61
4.4 - Instrumentos de recolha de dados .......................................................... 63
V
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VI
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
ÍNDICE DE FIGURAS
Fig. 1 - Problemáticas associadas às NEE, adaptado por Correia (2013, pag-.45) .... 28
Fig. 2 - Tipos de NEE adaptado por Correia (2013, p. 46) ....................................... 30
Fig. 3 - Tipos de NEE significativas, adaptado por Correia (2013, pág. 47) ............. 32
ÍNDICE DE GRÁFICOS
ÍNDICE DE QUADROS
ÍNDICE DE TABELAS
VII
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ABREVIATURAS
AO - Assistentes Operacionais
ME - Ministério da Educação
VIII
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
INTRODUÇÃO
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A partir de 1 de janeiro de 2009, transitaram para a carreira/ categoria de assistente operacional (ao abrigo do art.º 100º da Lei
nº 12-A/2008 e art.º 7º do decreto-Lei nº 121/2008), os trabalhadores pertencentes às seguintes carreiras: Auxiliar agrícola;
Auxiliar de ação educativa; Auxiliar de manutenção; Auxiliar técnico; Cozinheiro; Costureiro; Fiel de armazém; Guarda-
noturno; Jardineiro; Motorista de ligeiros; Motorista de pesados; Operário qualificado; Tratador de animais.
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1824. Este instituto, posteriormente integrado e tutelado pela Casa Pia de Lisboa, foi
extinto em 1860 e reativado em 1877, passando a denominar-se Instituto Municipal
de Surdos Mudos (Bérnard da Costa, 1981).
Merece ainda especial referência, nesta fase de “segregação”, e assumindo-se
como um marco importante para a história da Educação Especial em Portugal, o
instituto fundado pelo clínico e pedagogo António Aurélio da Costa Ferreira, em
Lisboa, na primeira metade do século XX, mais precisamente em 1916.
António Aurélio da Costa Ferreira realizava atendimento médico-pedagógico a
crianças e jovens que manifestavam perturbações físicas e mentais (Fernandes,
1989). Durante décadas, o Instituto Aurélio da Costa Ferreira foi dando resposta a
crianças de todo o país que recorriam a este tipo de atendimento.
Foi apenas em 1941 que surgiu, pela primeira vez, em Portugal, um curso para
Professores de Educação Especial, em Lisboa, formando-se as primeiras classes
especiais para alunos com necessidades educativas especiais (Rodrigues & Nogueira,
2010).
Nas décadas de 50 e 60, surgiram diversas associações que procuravam
responder às necessidades de alunos com dificuldades, nomeadamente défice
intelectual, paralisia cerebral, surdez, entre outros (Rodrigues & Nogueira, 2010).
Em suma, a segregação foi “o nome pelo qual ficou conhecido o primeiro
movimento de atendimento educativo aos indivíduos com incapacidade. (…) Este
movimento promovia uma organização de serviços e estruturas de apoio, mediante as
quais o ensino era exclusivamente assegurado por professores especializados”
(Ferreira, 2007, p. 21).
A integração é o resultado de um vasto conjunto de modificações no contexto
social, jurídico e educacional da época (segunda metade do séc. XX), refletindo a
filosofia de normalização emergente. A intenção de colocar o aluno com
necessidades educativas especiais em situação idêntica à do seu colega dito “normal”
levou à sua inserção em classes regulares, envolvendo profundas mudanças
legislativas e educacionais.
Se, inicialmente, as crianças ou jovens portadores de deficiência estavam ao
cuidado das respetivas famílias ou em instituições de tipo asilar, sem quaisquer
preocupações educativas, a obrigatoriedade da frequência escolar e a definição legal
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Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
do seu papel alteram esta situação, surgindo estruturas de Educação Especial com
preocupações não só assistenciais, mas também, educativas, que tentam responder
especificamente às necessidades particulares destes educandos.
A ideia da integração, discutida ao nível internacional, e da qual resultaram
documentos como o “Warnock Report”, no Reino Unido (1978) é introduzida na
nossa legislação e adotada nas práticas (Rodrigues & Nogueira, 2010). Estes
princípios ficaram registados nos artigos 71.º a 74.º da Constituição da República,
publicada em 1976, veiculando a integração de alunos com deficiência nas escolas
regulares e responsabilizando-se o Estado pela educação de crianças com deficiência.
Na década de 80, com a publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei
nº. 46/86, de 14 de outubro), visando a sua reestruturação, sublinha-se a valorização
dos alunos com necessidades educativas especiais no ensino regular, reconhecendo-
os e procurando integrá-los.
Para além de promover uma “Escola para Todos”, esta lei veio fazer sobressair
o conceito Necessidades Educativas Específicas (NEE) definidas com base em
critérios pedagógicos, como refere o 2.º artigo alusivo aos princípios gerais da lei; no
7.º artigo, nomeadamente a alínea j) “Assegurar às crianças com necessidades
educativas específicas, devidas, designadamente, a deficiências físicas e mentais,
condições adequadas ao seu desenvolvimento e pleno aproveitamento das suas
capacidades”. Importa ainda referir os artigos 17.º e 18.º através dos quais se
procurou objetivar e organizar a educação especial preferencialmente segundo
modelos diversificados de integração em estabelecimentos regulares de ensino,
tendo em conta as necessidades de atendimento específico, e com apoios de
educadores especializados (Lei n.º46/1986, de 14 de outubro).
Posteriormente, na década de 90, com o intuito de dar resposta às crianças com
necessidades educativas especiais, a política educativa veio comprometer as escolas
do ensino regular através da publicação do Decreto-Lei nº. 319/91, de 23 de agosto
(Lima-Rodrigues et al., 2007), procurando, deste modo, garantir que todos os
indivíduos tivessem acesso à escola regular, bem como, assegurar apoios educativos
e ajudas técnicas aos alunos com NEE e àqueles que delas poderiam necessitar.
Enunciavam-se os seguintes princípios: responsabilizar todos os professores e
as escolas do ensino regular; conhecimento por parte do profissional, o mais
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A inclusão pode ser vista como uma “proposta educativa que pretende
consubstanciar a simultaneidade do tempo e do espaço pedagógicos para todas as
crianças, por forma a concretizar os ideais de educação pública obrigatória:
qualidade, eficiência, igualdade e equidade” (Ferreira, 2007, p. 59).
Em 1997, surge uma alteração à lei que estava em vigor, ou seja, foi
introduzido o Despacho Conjunto n.º105/97, de 1 de julho. Segundo Rodrigues e
Nogueira (2010), as linhas importantes do referido despacho são:
- responsabilizar a Escola por todos os alunos, tendo em conta que esta deve
encontrar as estratégias e formas de intervenção adequadas para o sucesso
educativo;
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valorizada pelo seu carácter inovador e educacionalmente mais justo para todos. A
questão da socialização é uma vantagem intrínseca à inclusão.
Atualmente, a tendência é cada vez mais colocar os jovens com NEE em
escolas regulares, junto dos seus pares, para que possam usufruir do seu direito à
socialização, a ser aceite, ao desenvolvimento das capacidades, e a ter uma vida o
mais próxima possível daquilo que é a vida dos seus colegas sem NEE. Viver e
aprender com os seus pares, na sua comunidade, incluindo a escola do seu ‘bairro’, é
ter acesso a uma Educação inclusiva. Falar de Educação inclusiva é falar em
equidade, diversidade física, intelectual, étnica, cultural ou religiosa, direitos e
também deveres, e romper com as barreiras impostas pela utopia de alcançar a
homogeneidade, a normalização, o ‘homem/o aluno médio’.
Na Educação Inclusiva, o centro da atenção é transformar a educação no acesso
de cada um aos seus direitos: direito à educação e à igualdade de oportunidades e de
participação, em comunidades educativas corresponsáveis e corresponsabilizantes,
em que a sua escola é capaz de se deixar desafiar para bem acolher e garantir o
sucesso de todos os seus alunos, independentemente da sua cor, etnia, situação de
deficiência ou sobredotação e, ainda, aqueles que não encontram sentido ou
consideram irrelevantes as aprendizagens que a escola lhes proporciona.
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orientações necessárias para a ação, aos níveis nacional e internacional, com vista à
implementação de uma escola para todos.
Os alunos com necessidades educativas especiais devem ser integrados nas
classes regulares e beneficiar de medidas e serviços de apoio que tenham como
objetivo proporcionar-lhes uma educação de qualidade, maximizando o seu
potencial. Com a escola inclusiva pretende-se que todos os alunos aprendam juntos,
respeitando as diferenças. A aprendizagem em conjunto apresenta-se vantajosa para
todos. Para os alunos com necessidades educativas especiais, pois fomenta a sua
participação em todos os aspetos da vida escolar, permitindo a interação com os seus
pares, proporcionando-lhe melhores competências académicas e sociais. Para os
alunos sem necessidades educativas especiais, a escola inclusiva, ao proporcionar o
convívio com a diferença, fomenta os valores da tolerância e do respeito mútuos.
Serrano (2008) refere que o conceito de escola inclusiva se deve nortear por
componentes essenciais como a diversidade de estilos de aprendizagem, a pedagogia
de aprendizagem e a aprendizagem cooperativa. Segundo o autor “centrar toda a
cultura organizacional e pedagógica nos modos de aprendizagem dos alunos
configura o elemento norteador da mudança a operar por todas as organizações
escolares que almejem a educação inclusiva. Educação que desenvolva competências
cognitivas para uma inserção crítica e positiva nesta sociedade do conhecimento e da
informação. Uma pedagogia que promova competências sociais para a interação
tolerante e solidária com o outro, tão premente neste tempo de imparável
globalização. A escola inclusiva afigura-se, também, como uma resposta atrativa
para os milhares de crianças e de jovens que vivem o drama da marginalização,
causado pela sua situação de insucesso crónico ou de abandono escolar” (Serrano,
2008, pp. 119-120).
Serrano coloca o enfoque da escola inclusiva na aprendizagem, considerando
que devem ser adotadas modalidades e estratégias pedagógicas centradas no aluno,
apropriando-as às capacidades e necessidades de cada um. A escola contemporânea
deve, portanto, responder à diversidade, implementando estratégias que
necessariamente respondam às exigências de adaptação a ritmos e diferenças
pessoais, no desenvolvimento da aprendizagem. Mais do que o direito à igualdade,
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Numa escola ideal nenhum aluno deve ser deixado para trás: “No child left
behind” (Moura, 2014), slogan do programa educativo dos Estados Unidos,
veiculando o compromisso de não deixar nenhum aluno para trás. Cada ser humano é
único e tem características que o identificam. Assim, a experiência de escolarização e
o percurso de desenvolvimento de cada aluno terão de ser adaptados às suas
caraterísticas e individualidade. A construção da sua identidade pessoal deve ser
valorizada, assente em valores como a iniciativa, criatividade e responsabilidade.
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Deste modo, as escolas devem incluir nos seus projetos educativos as adaptações
relativas ao processo de ensino e de aprendizagem, de forma a responder
adequadamente às necessidades de cada criança, independentemente de se têm ou
não NEE.
Nem a equidade nem a inclusão são políticas óbvias. Além da grande retórica
da diferença e da igualdade a tarefa de promover a equidade e a inclusão na escola
continua a ser gigantesca. A inclusão propicia uma base de valores e de praxis para
que a escola se possa modificar em função da sua necessidade de ser equitativa.
Neste sentido, afirma Rodrigues (2014), equidade é inamovível da Educação
Inclusiva. Desenvolver culturas, políticas e práticas inclusivas nas escolas contribui
para uma maior equidade na educação.
O desafio que a educação nos coloca atualmente tal como Rodrigues preconiza
não pode ser resolvido com soluções saudosistas do passado; o percurso que
necessitamos de trilhar é o que nos conduzirá à refundação da Escola como espaço
de Equidade, de Inclusão, de Fraternidade e de Sucesso (Rodrigues, 2014, p. 16).
A escola assume-se atualmente uma escola de e para todos “todos os alunos
devem aprender juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e
das diferenças que apresentam. As escolas inclusivas devem reconhecer e satisfazer
as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos
de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos.»
(UNESCO, 1994, p.11).
Assim, é inegável que a escola encara diversos desafios. No entanto, talvez o
seu maior desafio consista em encontrar respostas para as necessidades educativas de
uma população cada vez mais heterogénea, em construir uma escola efetivamente
inclusiva, que a todos aceite e a todos responda de forma diferenciada, pois cada
pessoa, com ou sem deficiência, é única, e a sua especificidade resulta tanto de
fatores genéticos como da história de vida de cada um, das suas vivências, do apoio
familiar/terapêutico/educativo que recebeu e de muitos outros aspetos.
Atualmente, é este o grande desafio que se coloca à comunidade escolar em
geral, e aos agentes educativos, em particular, encontrar para cada sujeito as repostas
às suas necessidades específicas. Urge a necessidade de nos alhearmos de antigos
dogmas e da tomada de consciência de que cada ser é um ser único e individual e que
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já não há lugar a outra educação que não aquela que assente num modelo orgânico,
contextualizado, flexível, diferenciado e inclusivo.
Prestar atenção ao aluno tal qual ele é, reconhecê-lo no que o torna único e
irrepetível, recebendo-o na sua complexidade, tentar descobrir e valorizar a cultura
de que é portador, ajudá-lo a descobrir-se e a ser ele próprio, em equilibrada
interação com os outros, são atitudes fundadoras do ato educativo e as únicas
verdadeiramente indutoras da necessidade e do desejo de aprendizagem. “Por isso, é
fundamental fazer um diagnóstico exaustivo dos alunos para compreender o melhor
caminho para os orientar com eficácia” (Baptista, 2011, p. 87).
É necessário, portanto, que o processo educativo da escola inclusiva tenha
como base responder às necessidades e capacidades de todos os alunos. “Um
currículo estruturado e flexível, que responda a todos os alunos, deve apoiar-se numa
conceção alargada de aprendizagem e em modelos que sejam eles próprios
inclusivos” (Bénard da Costa, 2006, p. 16).
Sabemos hoje que as escolas centradas na criança são a base de construção
duma sociedade orientada para as pessoas, respeitando quer as diferenças, quer a
dignidade de todos os seres humanos pois “no paradigma da inclusão, os direitos
humanos são o fundamento do modelo educativo, que interpela os valores da
tolerância, da solidariedade, da democracia, igualdade, cooperação, justiça, paz, no
respeito e entendimento com os outros” (Baptista, 2011, p.78).
Desta forma, para que este objetivo, necessário e premente seja alcançado, é
essencial termos profissionais – professores, professores de apoio, técnicos
especializados e demais agentes educativos – formados. Tal como preconizado na
Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994, citada em Bénard da Costa, 2006), a
preparação adequada de todo o pessoal educativo constitui o fator chave na
promoção das escolas inclusivas.
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Assim, pode concluir-se que o conceito de NEE não remete apenas para uma
problemática, mas antes que se refere a um conjunto de problemáticas que varia
conforme o tipo e o grau das dificuldades na aprendizagem.
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Fig. 3 - Tipos de NEE significativas, adaptado por Correia (2013, pág. 47)
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legislação como “pessoal menor”. Hoje em dia, apesar dessa categorização se ter
dissipado e de a legislação os procurar integrar nos processos de gestão das escolas,
verifica-se que essa participação é, na generalidade, escassa, sendo muitas vezes
criticados por se assumirem “como defensores dos interesses do seu grupo
profissional e não dos interesses da organização” (Simões, 2005, p.173).
Simões (2005), ao analisar a participação destes atores na escola, mostra-se
bastante crítico, pois considera que estes funcionários não percebem o que representa
a organização onde trabalham, desconhecendo, por isso, em que medida podem
contribuir para o seu desenvolvimento. Caracteriza-os como profissionais
desinteressados, apontando a insatisfação com os salários, com as carreiras e a pouca
representatividade social da profissão como explicação para tal, contudo perceciona-
os satisfeitos em relação ao facto de serem funcionários públicos e pela estabilidade
que tal lhes proporciona. Realça que os auxiliares se caracterizam por um grande
número apresentar uma idade avançada e serem possuidores de baixas habilitações.
Barroso (1995), por seu turno, considera que a sua participação é essencial, já
que a estes são consignadas responsabilidades educativas e porque, cada vez mais, o
âmbito do seu trabalho – “técnicos de apoio logístico às atividades de ensino” (p. 21)
– se estende a novas competências reclamadas pelas organizações escolares de hoje.
Tanto Barroso (1995) como Simões (2005) estão de acordo que é investindo na
formação que se resolvem os problemas de desempenho destes trabalhadores.
Barroso (1995) considera mesmo que “esta é uma área onde a reconversão das
tarefas e dos perfis profissionais mais é necessária” (p. 21), admitindo ainda que tal
reconversão deve implicar uma maior especialização, reduzindo-se assim o número
de tarefas desempenhadas, e um aumento das suas competências e qualificações.
Neste sentido, Simões (2005) é de opinião que foram sempre escassas as
oportunidades formativas a que estes profissionais tiveram acesso e, quando lhes
foram disponibilizadas, nem sempre eram as adequadas às suas reais necessidades,
não se tendo conseguido, assim, avaliar os seus verdadeiros impactos. Será
necessário que, no desenho dos planos de formação dos funcionários, se procure
adequar a oferta formativa às necessidades decorrentes do seu trabalho,
estabelecendo-se uma interligação entre as suas vivências e os novos desafios que a
sua profissão lhes impõe.
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Cf. Lei n.º 12-A/2008 de 27 de fevereiro, revogada pela Lei 34/2014 de 20 de junho
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Decreto- Lei n.º Decreto- Lei n.º Decreto- Lei n.º Decreto-Lei n.º 184/2004 Lei n.º35/2014
37029 48572 223/87 e 515/99
1946 1968
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para a sua adequada compreensão” (Afonso, 2005, pp. 50-51). A revisão da literatura
permitiu ainda identificar a “contextualização metodológica” (Afonso, 2005, p. 51),
ou seja, estabeleceu a linha de investigação a seguir.
Posteriormente, ponderou-se qual o tipo de metodologia mais adequado para a
investigação que pretendíamos efetuar. Assim, constatou-se que existe uma grande
discussão entre a abordagem quantitativa e a abordagem qualitativa. Existem autores
que defendem que as duas são irreconciliáveis. Outros há, que consideram que as
duas podem ser empregues complementarmente. Evertson e Green (1986), citados
por Lessard-Hébert, Goyette e Boutin (1990), concordam com as confluências que
estão patentes entre estas abordagens metodológicas e “admitem a possibilidade de
as combinar numa mesma investigação ou num mesmo programa de investigação”
(p. 33).
Subscrevendo a opinião destes autores parece-nos que, ainda que possa existir
conflito entre estas duas abordagens metodológicas – qualitativa e quantitativa – elas
não se substituem, e que são tendencialmente convergentes (Lessard-Hébert, Goyette
& Boutin, 1990).
O objeto de estudo da nossa investigação foram as perceções dos assistentes
operacionais e em que medida a(s) sua(s) atitude (s) e/ou comportamento(s)
promovem a inclusão, tratando-se portanto de um contexto educativo. Desta forma,
parece-nos que o tipo de investigação adequado será o estudo de caso, por ser a
estratégia mais adequada, na medida em que o foco do nosso estudo se situa na
contemporaneidade da problemática da escola inclusiva, inserida num contexto do
processo de ensino e aprendizagem do agrupamento de escolas em estudo (Yin,
2003).
Yin (2003) define um estudo de caso como uma abordagem empírica que
“investiga um fenómeno atual no seu contexto real: quando os limites entre
determinados fenómenos e o seu contexto não são claramente evidentes; e no qual
são utilizadas fontes de dados.” Esta definição permite distinguir o estudo de caso de
outras investigações, dado que constitui a estratégia privilegiada quando se quer
responder a questões de “como” ou “porquê”, não podendo o investigador exercer
controlo sobre os acontecimentos, o estudo focaliza-se na investigação de um
fenómeno atual no seu contexto.
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Em relação à habilitação escolar dos participantes (cf. Gráfico 1), quatro dos
inquiridos obteve o 12º ano de escolaridade, outros quatro concluiram o 9º ano de
escolaridade. Contudo, existem, também, participantes com apenas o 4º ano de
escolaridade.
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4.5 - Procedimentos
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Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem
válida cumulativa
Válido ,0 1 8,3 10,0 10,0
1,0 2 16,7 20,0 30,0
2,0 3 25,0 30,0 60,0
3,0 4 33,3 40,0 100,0
Total 10 83,3 100,0
Omisso Sistema 2 16,7
Total 12 100,0
9 B) Se tivesse mais estudos, conseguiria resolver certos problemas que
tenho na escola.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida cumulativa
Válido ,0 1 8,3 10,0 10,0
1,0 4 33,3 40,0 50,0
2,0 4 33,3 40,0 90,0
3,0 1 8,3 10,0 100,0
Total 10 83,3 100,0
Omisso Sistema 2 16,7
Total 12 100,0
9 C) Se tivesse mais conhecimentos, conseguiria lidar com os outros com
mais paciência e compreensão.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida cumulativa
Válido ,0 3 25,0 30,0 30,0
1,0 3 25,0 30,0 60,0
2,0 3 25,0 30,0 90,0
3,0 1 8,3 10,0 100,0
Total 10 83,3 100,0
Omisso Sistema 2 16,7
Total 12 100,0
9 D) Se soubesse utilizar o computador, o meu trabalho poderia ser mais
produtivo.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida cumulativa
Válido ,0 3 25,0 30,0 30,0
1,0 3 25,0 30,0 60,0
2,0 3 25,0 30,0 90,0
3,0 1 8,3 10,0 100,0
Total 10 83,3 100,0
Omisso Sistema 2 16,7
Total 12 100,0
75
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Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
10. Para ter um papel mais interventivo no auxílio aos professores, deveria ter
conhecimentos/formação sobre: a) Animação de grupos.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida cumulativa
Válido ,0 1 8,3 10,0 10,0
2,0 4 33,3 40,0 50,0
3,0 5 41,7 50,0 100,0
Total 10 83,3 100,0
Omisso Sistema 2 16,7
Total 12 100,0
10 b) Preparação de materiais didáticos.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida cumulativa
Válido 1,0 1 8,3 10,0 10,0
2,0 7 58,3 70,0 80,0
3,0 2 16,7 20,0 100,0
Total 10 83,3 100,0
Omisso Sistema 2 16,7
Total 12 100,0
10 c) Manuseamento de materiais de expressão plástica.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida cumulativa
Válido 1,0 1 8,3 10,0 10,0
2,0 7 58,3 70,0 80,0
3,0 2 16,7 20,0 100,0
Total 10 83,3 100,0
Omisso Sistema 2 16,7
Total 12 100,0
10 d) Utilização de ferramentas informáticas.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida cumulativa
Válido ,0 1 8,3 10,0 10,0
1,0 1 8,3 10,0 20,0
2,0 5 41,7 50,0 70,0
3,0 3 25,0 30,0 100,0
Total 10 83,3 100,0
Omisso Sistema 2 16,7
Total 12 100,0
10 e) Técnicas de apoio e auxílio aos alunos com NEE.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida cumulativa
Válido 1,0 1 8,3 10,0 10,0
2,0 4 33,3 40,0 50,0
3,0 5 41,7 50,0 100,0
Total 10 83,3 100,0
Omisso Sistema 2 16,7
Total 12 100,0
10 f) Atividades de integração de alunos com NEE.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida cumulativa
Válido 1,0 1 8,3 10,0 10,0
2,0 3 25,0 30,0 40,0
3,0 6 50,0 60,0 100,0
Total 10 83,3 100,0
Omisso Sistema 2 16,7
Total 12 100,0
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Escola Superior de Educação | Politécnico de Coimbra
78
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
NEE são elementos ativos da comunidade escolar de tal modo que também eles
sentem que fazem parte dela; s) Os alunos com NEE são encorajados a participar
ativamente na vida escolar, incluindo-os nas atividades curriculares e
extracurriculares; t) A inclusão de alunos com NEE na escola é benéfica para os
próprios e para os seus pares, u) A integração de alunos com NEE na sala regular é
vantajosa para os outros alunos (sem NEE) e w) A inclusão de alunos com NEE na
escola implica uma nova preparação do pessoal não docente.
Salientamos, por outro lado, a discordância com pontuação igual ou inferior a
1,0 com as seguintes proposições: g) O número de assistentes operacionais é
suficiente na escola; k) Tenho receio de trabalhar junto de crianças/jovens com NEE
na escola e l) Os alunos com NEE apenas devem participar nas atividades sociais.
Na tabela que se segue, destacamos a concordância com a proposição h) É
importante haver formação na área das NEE para todos os elementos da
comunidade escolar, já que 100% dos inquiridos concordam com a proposição e a
discordância com a proposição k) Tenho receio de trabalhar junto de crianças/jovens
com NEE na escola, com a qual 50% dos inquiridos discordaram e os restantes 50%
discordaram totalmente.
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem
válida cumulativa
Válido ,0 5 41,7 50,0 50,0
1,0 5 41,7 50,0 100,0
Total 10 83,3 100,0
Omisso Sistem 2 16,7
Total a 12 100,0
Tabela 3 - itens h) e k)
79
Escola Superior de Educação | Politécnico de Coimbra
mobiliário adaptado, etc.) são insuficientes; c) A inclusão de alunos com NEE não
faz parte de uma das metas da escola/Agrupamento; e) O número de professores de
Educação Especial é suficiente face às necessidades; f) O número de outros técnicos
especializados (ex.: terapeuta da fala, terapeutas ocupacionais, etc.) é suficiente
neste agrupamento; m) O pessoal não docente não tem preparação suficiente para
lidar com alunos com NEE; p) A integração de alunos com NEE na escola não é
vantajosa para os mesmos; q) Os alunos com NEE devem frequentar grupos, turmas
ou escolas especiais; r) Não há apoio suficiente por parte dos técnicos
especializados; u) A integração de alunos com NEE na sala regular é vantajosa
para os outros alunos (sem NEE) e v) É difícil manter a ordem numa turma que
tenha um aluno com NEE.
80
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
81
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A B
Eu defendo que as crianças são todas iguais, sejam elas especiais ou Muitas vezes acho que eles não são compreendidos por nós (...) acho
não e temos de tentar que todos sejam tratados da mesma forma. Eu que temos que encarar a diferença de outra maneira, ao fim e ao
acho que, dependendo da problemática da criança, na sua grande cabo somos todos diferentes, uns com um comportamento mais
parte os alunos sem NEE não são prejudicados pela presença dos ajustado/moldado à sociedade, outros menos e temos todos alguma
alunos com NEE. coisa a aprender uns com os outros, apesar das diferenças.
82
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
Se a entrevistada A defende que “…as crianças são todas iguais, sejam elas
especiais ou não…”, a entrevistada B considera que “…temos de encarar a diferença
de outra maneira, ao fim e ao cabo somos todos diferentes…”.
Pensámos que seria também importante perceber quais as funções que estas
assistentes operacionais realizam na escola e, como podemos verificar no quadro que
se segue, elas são de diversa ordem, desde o acompanhamento a crianças com NEE à
organização/dinamização de atividades na biblioteca ou à limpeza das salas, pelo que
não há um conteúdo funcional específico para estes profissionais.
A B
A principal função de um assistente operacional é o bem-
Fazer limpezas e acompanhar um menino especial, com
estar dos alunos acima de tudo. Alguns destes alunos passam
paralisia cerebral, com problemas ao nível motor nos
algumas horas da biblioteca comigo e eu não sei como lidar
intervalos, durante a hora de almoço, nas idas à casa de
com eles, gostava de aprender técnicas/estratégias de
banho, ajudo-o em tudo o que ele precisa.
ensino.
83
Escola Superior de Educação | Politécnico de Coimbra
Necessidades de Formação
A B
As formações que nós temos são de
poucas horas e acabamos por não A maior dificuldade é o desconhecimento da
aprender muito. O problema maior, problemática destas crianças e,
Dificuldades
às vezes, nós (assistentes desconhecendo a sua problemática, também
Sentidas
operacionais) não estarmos não sabemos qual é a melhor forma de intervir
informados de qual é mesmo o com eles
problema da criança
Para estarem dentro da sala de aula com eles
é preciso uma certa formação e cuidado; Na
Gostaria de aprender novas maneira de lidar com as crianças, talvez nas
Necessidades
técnicas/estratégias como lidar com estratégias a utilizar; quanto mais
de Formação
estas crianças conhecimentos melhor, mais me ajudava no
meu trabalho, tanto ao nível profissional,
como pessoal
A B
Eu acho que a institucionalização de
crianças com NEE só se justifica se
As vantagens acho que são muitas,
estiverem num grau muito elevado de
Vantagens e principalmente para estas crianças, para
incapacidade/deficiência. Para as crianças
Desvantagens aprenderem a estar em sociedade, eu não vejo
sem necessidades educativas especiais, há
da Inclusão desvantagens. E acho que também é bom para
a vantagem de aprenderem a não
as outras crianças lidarem com a diferença.
discriminar os outros, aprendem a lidar
com a diferença.
A experiência que temos: nós, até
Mais-valias do No acompanhamento da aprendizagem e da
inconscientemente, não é nada que nós
AO e integração da criança; Na maneira de lidar
estudássemos, é intuitivo, usamos
Contributo com as crianças, talvez nas estratégias a
determinadas expressões/táticas que sem
pessoal utilizar.
sabermos porquê resultam.
84
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
A B
Características
indispensáveis
ao perfil do AO Gostar do que faz, ser humilde, carinhoso/a,
Pessoa responsável, compreensiva, ambiciosas, no sentido de
que trabalhe saber impor regras/limites quando necessário,
ensinar coisas novas a estas crianças.
com ser firme.
crianças/jovens
com NEE
Quadro 6 - Colaboração nas práticas educativas
Pedimos, por último, às entrevistadas que nomeassem aquelas que são, na sua
opinião, características indispensáveis ao perfil do AO que trabalhe com
crianças/jovens com NEE, e, como poderemos aferir no quadro acima, não há uma
definição consensual do que deverá ser, no entanto, ressaltam a compreensão e, de
algum modo, a ambição em ir além, em ensinar coisas novas a estas crianças,
impondo-lhes regras/limites, sendo firmes e, simultaneamente, tolerantes, no sentido
de acompanhar o seu crescimento.
Desta última fase da análise de conteúdo, sublinha-se, por nos parecer
particularmente pertinente, a observação da entrevistada B, quando alerta para o
facto de que “muitas mães consideram que as AO deveriam estar presente nas
reuniões de Conselho de Turma, até porque o aluno/a criança acaba por passar mais
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Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
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CONCLUSÃO
89
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90
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
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Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
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atividades extracurriculares, pelo que se denota que a inclusão destas crianças ainda
não é completa e que também aqui o contributo das assistentes operacionais se
poderá vir a revelar fundamental.
Em relação à formação dos assistentes operacionais, acreditamos que as
instituições, privadas e públicas, responsáveis pela formação do pessoal docente e
não docente, deverão contemplar ou reforçar a sua oferta educativa a estes
profissionais da educação, permitindo-lhes o contacto e a aprendizagem de práticas
pedagógicas inclusivas para, deste modo, possamos contar com profissionais
devidamente preparados que, ao longo da sua vida profissional, professem processos
de ensino e aprendizagem à luz dos pressupostos inclusivos (Baptista, 2011).
Finalmente, não podemos deixar de referenciar algumas limitações que
encontrámos e que, mais do que constranger, acreditamos que possam servir de base
a novas reflexões e investigações.
A primeira prende-se com a dimensão da amostra, embora significativa
(Guerra, 2006), acreditamos que o nosso estudo beneficiaria se a amostra fosse mais
alargada, eventualmente a outros agrupamentos, de forma a ser realizado um estudo
comparativo, cujos resultados pudessem reforçar os encontrados.
Outra limitação que sentimos prendeu-se com o facto de, neste agrupamento,
não existir um trabalho cooperativo/em equipa com o professor de Educação
Especial, limitando-se as tarefas das assistentes ao acompanhamento nas
necessidades básicas das crianças e jovens com NEE, limitando as perceções e
práticas sobre a inclusão.
O facto de existirem escassos estudos sobre a importância da formação dos
assistentes operacionais ou sobre as suas atitudes face à inclusão com crianças com
NEE, o que impediu a comparação de resultados para a mesma população, foi mais
uma contrariedade. Desta forma, a pouca bibliografia específica acerca do tema e de
trabalhos realizados foi algo que condicionou um pouco a construção desta
investigação.
Em futuras investigações, talvez seja interessante triangular as informações
destes atores com as de outros intervenientes no processo educativo, inclusive, os
alunos e os encarregados de educação.
94
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
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96
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
97
Escola Superior de Educação | Politécnico de Coimbra
Alves, M. &. (2010). O processo inclusivo nas aulas de Educação Física: um estudo
sobre o teste sociométrico. Revista da Educação Física, (21), 3, 479-491.
98
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
Duran, D., & Vidal, V. (2004). Tutoria entre iguales. De la teoría a la prática.
Barcelona: Graó.
Felgueiras, I. (1994). As crianças com NEE. Como as educar? Inovação, 7 (1), 23-
35.
Foucault, M. (1993). História da Loucura na Idade Clássica (J. Netto tad.). São
Paulo: Editora Perspetiva.
Freire, S. &. (2003). Inclusive ideals/ inclusive practices: how far is a dream from
reality? Five comparative case studies. European Journal of Special Needs
Eduction, 18 (3), 341-354.
99
Escola Superior de Educação | Politécnico de Coimbra
Pinto Ribeiro, C. (2010). Viver na diferença... A Casa Pia de Lisboa como espaço de
inclusão. Revista da Faculdade das Letras - História, 11 , 219-236.
100
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
Rodrigues-Lima, L., Ferreira, A., Trindade, A., Rodrigues, D., Colôa, J., & Nogueira,
J. M. (2007). Percursos de educação inclusiva em Portugal: Dez estudos de
caso. Forum de estudos de educação inclusiva. Lisboa: Faculdade de
Motricidade Humana.
101
Escola Superior de Educação | Politécnico de Coimbra
Yin, R. (2003). Estudo de caso. Planeamento e Métodos. 19-36. São Paulo: Artmed
Editora.
Yin, R. K. (1984). Case study research design and methods. London: Sage.
102
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
LEGISLAÇÃO E NORMATIVOS
103
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104
Mestrado em Educação Especial – área de especialização de Cognição e Motricidade
ANEXOS
105
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106
ANEXO I
111
Escola Superior de Educação | Politécnico de Coimbra
112
ANEXO II
113
114
115
116
117
118
ANEXO III
119
120
121
122
ANEXO IV
123
124
125
126
ANEXO V
127
128
129
130
131
132
ANEXO VI
133
134
135
136
137
138
139
140
ANEXO VII
141
142
143
144
ANEXO VIII
Designação da Ação
145
Mestrado em Educação Especial
acompanham especificamente os alunos com NEE, além de outras funções que lhes são
igualmente atribuídas.
Através da análise de dados extraídos dos questionários apercebemo-nos que
algumas perceções e/ou atitudes dos assistentes operacionais são divergentes/díspares,
havendo aqueles que se preocupam e assumem uma postura e opiniões pró-inclusão,
mas outros que, aparentemente, ainda não têm uma opinião formada ou preferiram não a
expressar.
Percebemos que a questão da formação específica na área das NEE é algo
fundamental, quer na perspetiva dos assistentes operacionais, quer na ótica do docente
de Educação especial, visto que lhes permitiria uma melhoria profissional e
naturalmente desenvolveriam melhores prestações com as crianças com NEE, torna-se,
portanto, evidente a necessidade em se apostar na formação destes agentes educativos,
assumindo-se a formação como um aliado importante na diminuição do nível de
preocupações no que se refere à implementação da escola inclusiva (Canário, 2000).
Dar resposta aos desafios da escola inclusiva e ir ao encontro das recomendações
enunciadas pelo Conselho Nacional de Educação na Recomendação n.º 1/2014, relativa
às Políticas Públicas de Educação Especial, publicada a 23 de junho de 2014,
particularmente à alínea D)No âmbito da formação e qualificação dos docentes,
Formação contínua no ponto 17, em que o CNE recomenda que seja desenvolvido, com
urgência, um plano de formação contínua para os/as diversos intervenientes no
processo de ensino e de aprendizagem de crianças e jovens com necessidades
educativas especiais (docentes, dirigentes, pessoal não docente), no âmbito da
sensibilização aos princípios de uma escola inclusiva, da Classificação Internacional
de Funcionalidade e de outras estratégias e instrumentos avaliativos são as linhas que
norteiam o presente Plano de Formação.
Assumindo que o assistente operacional já não é, nem pode ser, apenas o pessoal
de “bata e vassoura”, aquela figura que trata da limpeza dos espaços e do apoio logístico
aos docentes e reconhecendo que, na dinâmica da escola contemporânea (inclusiva e
multicultural) o/a assistente operacional ocupa o papel de ator participante e essencial
na integração de crianças com NEE, urge criar espaços de formação para que estes
agentes educativos se possam sentir mais confortáveis e seguros na sua ação, para que
saibam interagir e agir com estes alunos e os seus pares numa ótica inclusiva.
146
Mestrado em Educação Especial
Destinatários
Objetivos:
147
Mestrado em Educação Especial
Conteúdos da Ação
148
Mestrado em Educação Especial
149
Mestrado em Educação Especial
150