A Evolução Da História Do Direito Ambiental No Brasil PDF

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A Evoluo da histria do Direito Ambiental no Brasil 1970 2002

Laura Lucia da Silva Amorim


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Sumrio: Introduo. 1. Abordagem histrica do direito ambiental brasileiro. 2 Fase da fragmentao
do direito ambiental no Brasil. 3. Fase holstica do direito ambiental no Brasil. 4. Consideraes finais.
5. Referncias bibliogrficas.

Resumo
A abordagem histrica do direito ambiental brasileiro muda lentamente em relao aos recursos
naturais e estas mudanas o que se pretende demonstrar tomando por marco inicial o ano de 1970 e
final 2002. Neste interim, se explanar em duas fases distintas quanto a preocupao com os recursos
naturais, ou seja, a fase de fragmentao onde a legislao brasileira se dirigia pontualmente a cada
recurso natural e a fase de holismo onde possvel perceber a legislao integrando os diversos
aspectos dos recursos naturais combinadas com os princpios internacionais de proteo e preservao
do meio ambiente.
Palavra chave: Histria do Direito Ambiental, fase de fragmentao, fase holistica, meio ambiente.

Introduo
O trato das questes ambientais no Brasil, do final dos anos 60 a incio dos anos 70,
estava em descompasso com o pensamento universal que vinha tomando forma, pois quase
sempre assinalavam o interesse do Estado em proteger a soberania ou a propriedade privada.
Salvaguardar os recursos naturais tinha objetivo diverso ao que o direito ambiental em mbito
internacional atribua, quais sejam proteo e preveno.
A preservao do meio ambiente, um direito das geraes futuras, muito embora
tenha surgido no sculo passado, mais precisamente na dcada de setenta, apesar dos esforos
de muitos juristas do mundo inteiro, da mudana de atitude de grande parte da sociedade civil
brasileira, para garantir e aplicar as normas ambientais, ainda est longe da esperada. A viso
antropocntrica o homem como centro de todas as coisas do universo, da cultura
renascentista, ainda, infelizmente, legitima alguns homens na posio de domnio sobre todas
as criaturas e coisas do mundo.

1
Doutoranda em Cincias Jurdicas e Sociais pela UMSA/AR; Mestra em Direito pela Universidade de Caxias
do Sul/ RS- BR; Especialista em Civil e Processual Civil pelo Faculdade IDC/RS; Graduada em Direito pela
Universidade da Regio Noroeste do Rio Grande do Sul- UNIJUI/RS.
Esta viso ou interpretao traduziu-se nas leis sobre os bens da natureza desde os
primrdios do direito no Brasil. Aliado a essa ideia outra reforava a atitude de devastao,
ou seja, a crena de que os recursos naturais eram inesgotveis .
Por meio da anlise da legislao brasileira combinada com a anlise poltica a
histria do direito - possvel observar que as leis voltadas aos temas ambientais,
determinavam a proteo de tais bens no por sua qualidade de bem esgotvel e sim por sua
condio de propriedade.
Com a inteno de localizao no tempo histrico, antes de adentrarmos ao tempo
escolhido neste trabalho faremos algumas consideraes histricas.
1. Abordagem histrica do direito ambiental brasileiro
No Brasil colnia as Ordenaes Afonsinas j determinavam a proteo de recursos
naturais, a madeira de lei era o pau-brasil e outras espcies que ofereciam boa qualidade de
madeira para produo e estas s poderiam ser derrubadas por ordem do Rei.
Comenta Egle dos Santos Corra Silva que a preocupao Real com a proteo
das riquezas florestais estava motivada pela necessidade premente do emprego das madeiras
para o impulso da almejada expanso ultramarina portuguesa, ou seja, a proteo tinha como
objetivo a explorao da riqueza pelo Rei visando o aumento do patrimnio real. Mas no
sejamos injustos, na mesma fase tambm encontramos determinaes legais que impedem a
matana de aves e o corte indiscriminado de rvores frutferas, o que para mentalidade
antropocentrista da poca era um grande avano.
No Brasil Imprio as legislaes sobre fauna e flora tinham a mesma concepo de
propriedade, muito embora j demonstrassem alguma preocupao com o extermnio de das
espcies, inclusive determinando penas de priso e indenizao ao proprietrio prejudicado.
Quanto a gua- recursos hdricos - a Lei n. 2639 de 22 de Setembro de 1875 dispe sobre os
gastos do Imprio e estabelece o valor a ser gasto com obras do novo abastecimento d'agua
capital do Imprio. O mrito desta legislao que demonstra a preocupao em melhorar a
qualidade de vida vindo de encontro com o pensamento atual das questes ambientais pois
refletiam a inteno de proteo e preservao da sade saneamento bsico.
No Brasil Repblica a Constituio Republicana de 1891, deixa de enfrentar
qualquer proteo a recursos naturais limitando-se no art. 34, inciso 29, a atribuir a Unio
competncia para legislar sobre terras e minas de sua propriedade. Talvez seja a partir da que
o descaso com a devastao tenha tomado fora e, o homem antropocntrico tomado posse de
todos os recursos naturais sem clemncia.
Em 1916 promulgada a Lei n 3.071, de 1 de janeiro de 1916 (Cdigo Civil) que
trouxe para o direito brasileiro a figura da rvore limtrofe, e que infelizmente tal figura existe
at hoje refletindo a preocupao com a propriedade, pois regram: a rvore, cujo tronco
estiver na linha divisria, presume-se pertencer em comum aos donos dos prdios confinantes;
os frutos cados de rvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caram, se este
for de propriedade particular; as razes e ramos de rvores, que ultrapassarem a extrema do
prdio, podero ser cortados, at o plano vertical divisrio, pelo proprietrio do terreno
invadido.
Com uma legislao civil (cdigo civil) extremamente voltada a proteo da
propriedade passa o Brasil a vivenciar a fase fragmentada do direito ambiental. Legislaes
sobre vrios temas de direito ambiental mas, sem o aspecto de preservao.
Em 1959, uma Resoluo da Cmara dos Deputados de n 10, sinaliza a devastao
ambiental brasileira e comea a tentar enfrentar o problema quando constitui Comisso
Parlamentar de Inqurito para apurar a extenso e a intensidade da devastao dos recursos
naturais do Pas, apresentando como justificativa a tal atitude a responsabilidade com os
destinos nacionais e o dever de firmar um intervalo nos seus dissdios naturais para uma
reflexo. Comenta o relator Osvaldo Lima Filho que nenhuma apreenso mais justificada,
pois no mundo de hoje, no existe desafio mais agudo ao progresso da civilizao e sua
sobrevivncia. A concepo que se fundava na perenidade da terra cedeu lugar s concluses
de uma nova cincia - a ecologia, que estabeleceu as condies de formao e perecimento do
solo em conseqncia de aes fsicas, qumicas e biolgicas.
Parafraseamos Osvaldo Lima Filho, pois o que disse em maio de 1959 atualssimo.
, hoje, um trusmo o de que o solo arvel no bem eterno, mas um complexo vivo, de
pouca profundidade, cuja morte determina uma limitao insupervel para a espcie
humana
2
.
De 1962 a 1970 as naes testemunharam a chamada revoluo ambientalista,
caracterizada pelo movimento destinado a programar mudanas e conscientizar do possvel

2
Fundamentos do Relator da Comisso Parlamentar de Inqurito para apurar a extenso e a intensidade da
devastao dos recursos naturais do Pas. Comisso Resoluo da Cmara dos Deputados n 10, de 1959.
colapso nos ecossistemas naturais frente ao uso incontrolvel e predatrio dos recursos
naturais.
O direito ao meio ambiente equilibrado, sadio, a partir da dcada de 70, ganhou
enfoque mundial, pois todo esse processo que levava alguns pases a elaborarem textos
normativos reguladores de tal situao, culminou com a Conferncia Internacional de
Estocolmo, em 1972, que firmou os primeiros princpios ambientais (num total de 26) tendo
sido este o documento pioneiro na proteo do meio ambiente.
No mesmo vis, em 1972, surge a Declarao da Conferncia das Naes Unidas
Sobre o Meio Ambiente Humano trazendo princpios bsicos a serem observados pelos
homens, como: direito fundamental liberdade, igualdade e desfrute de condies de vida
adequadas em um ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de
bem-estar sem esquecer a importante obrigao de proteger e melhorar o meio ambiente para
as geraes presentes e futuras.
Naquela ocasio, a discusso j repercutia a preocupao e receio quanto a forma
com que os povos vinham agindo em relao ao meio ambiente, causando danos e
degradao, inviabilizando a vida no planeta.
Os estudos cientficos demonstravam que a qualidade de vida na terra estava sendo
ameaada pelo desequilbrio ambiental que j dava sinais de destruio alarmantes e num
crescente desenfreado no sculo passado. O aumento populacional do mundo, o efeito estufa
e por consequncia o aquecimento global traduzido pelo desgelo das calotas da antrtica e do
polo norte alarmavam a academia.
Diante de todos os fatos apresentados, os pases integrantes, inclusive o Brasil,
buscaram formas de preservao ambiental e entre estas criaram os principais princpios de
mbito internacional.
A Declarao universal do meio ambiente, pensada na 1 Conferncia das naes
unidas sobre meio ambiente declara que os recursos naturais como: gua, ar, solo, flora e a
fauna, devem ser conservados em benefcio das geraes futuras. Mas para que se efetive este
cuidado, e para que seja alcanado o objetivo de preservar o meio ambiente para as futuras
geraes foram determinados princpios disposies fundamentais que se irradiam sobre as
normas jurdicas (independentemente de sua espcie), compondo-lhes o esprito e servindo de
critrio para a exata compreenso
3
, ou seja, mandamentos de otimizao
4
das regras que

3
GUERRA, Sidney. Curso de direito internacional pblico. 5.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p.77.
cada pas signatrio comprometeu-se em elaborar por meio de suas legislaes, tutela desses
bens.
Princpios ambientais so adotados internacionalmente como fruto da necessidade de
uma ecologia equilibrada e indicativo para adequada proteo ambiental de acordo com a
realidade social de cada Estado. Visam proporcionar para presentes e futuras geraes, as
garantias de preservao da qualidade de vida, em qualquer forma que esta se apresente,
conciliando elementos econmicos e sociais, isto , crescendo de acordo com a ideia de
desenvolvimento sustentvel.
Importante frisar que internacionalmente foram estabelecidos vinte e seis princpios
ambientais, e que todos os pases signatrios da Conveno sobre Meio Ambiente se
comprometem por implement-los. Tambm a partir do fruto dessa Conveno, ou seja, da
Declarao Universal do Meio Ambiente que surge a noo de ambiente como bem
coletivo, no Brasil hoje direito difuso.
Neste aspecto, muito embora tardia, a abordagem histrica do direito ambiental
brasileiro muda lentamente em relao aos recursos naturais e estas mudanas o que se
pretende demonstrar tomando por marco inicial o ano de 1970 e final 2002. Neste interim, se
explanar em duas fases distintas quanto a preocupao com os recursos naturais, ou seja, a
fase de fragmentao onde a legislao brasileira se dirigia pontualmente a cada recurso
natural e a fase de holismo onde possvel perceber a legislao integrando os diversos
aspectos dos recursos naturais combinadas com os princpios internacionais de proteo e
preservao do meio ambiente.

2. Fase da fragmentao do direito ambiental no Brasil
A fase da fragmentao do direito ambiental no Brasil identifica-se pela legislao de
proteo do direito de propriedade dos recursos naturais, mas descompromissada com a
preservao ambiental.
Como anteriormente comentado no Brasil as questes ambientais foram vistas
sempre de forma estanque, sem nenhuma preocupao reflexa e este aspecto percebe-se nas

4
ALEXY, Robert. Teoria de los Derechos Fundamentales. Tr.Ernesto Garzn Valds. Madri: centro de estdios
constitucionales, 1993, 86 (...) los princpios son mandatos de optimizacion, que estam caracterizados por el
hecho de que puedem ser cumplidos em diferente grado y que la medida debida de su cumplimento no slo
depende de las possibilidades reales sino tambin de las jurdicas. El mbito de las possibilidades jurdicas es
determinado por los princpios y reglas opuestos.
legislaes. O Brasil dos anos 70 buscava o desenvolvimento, a qualquer preo, no
importando se para alcanar o seu objetivo deixasse para segundo plano a preocupao com a
degradao ambiental.
Naquela dcada (1970), o Brasil vivia sob uma ditadura militar regime militar no
Brasil 1964-1985, que tinha como objetivo o crescimento e desenvolvimento da classe
dominante e a defesa da propriedade privada. As legislaes que versavam sobre os recursos
naturais eram esparsas e desconexas e as sanes para quem desobedecia a tais leis tinham
carter indenizatrio, e no preventivo educativo. No havia interesse em preservar, mas em
desenvolver a qualquer custo. Os polticos legislavam em causa prpria j que eram os
detentores das maiores reas de terra agrcola/pecuria.
A explorao desordenada por meio de queimadas e cortes de madeira devastaram
uma enorme parcela da floresta amaznica brasileira e grande parte do pantanal mato-
grossense, mas no importavam essas questes, pois eram tidas como de menor valor, tinham
menos valia do que desenvolver, crescer, plantar, exportar.
O que efetivamente o Brasil presava era a propriedade privada e o desenvolvimento
industrial, tanto que as normas que surgiam sempre tinham o objetivo de salvaguardar estes
dois tpicos.
Ana Cristina Augusto de Souza comenta que os temas predominantes eram o
fomento explorao dos recursos naturais, o desbravamento do territrio, o saneamento
rural, a educao sanitria e os embates entre os interesses econmicos internos e externos.
Enquanto muitos pases do mundo clamavam por preservao para um futuro
sustentvel, o Brasil dos anos setenta continuava na fase setorial, e sua participao na
Declarao Universal do Meio Ambiente no passava de uma fraude. Os interesses polticos
sobrepujavam os interesses ambientais e ratificar a Declarao Universal do Meio Ambiente
no passava de uma jogada poltica, onde a inteno era fazer-se presente e oferecer o Brasil a
qualquer preo e custo para quem quisesse no territrio instalar indstrias poluentes ou no.
Anteriores a dcada de 70 as normas com destaque s questes ambientais e que
eram setorializadas davam nfase a proteo do que se chamava de recursos naturais: cdigo
de guas Decreto n 24.643/34; florestal Lei 4.771/65; o Estatuto da Terra Lei 4.504/64 e
algumas legislaes especficas para fauna Lei 5.197/67 e pesca Dec. Lei 221/67 e o cdigo
de minas Dec. Lei1.985/40. Ainda, a Lei 5.318/67 que instituiu a Poltica Nacional de
Saneamento e criou o Conselho Nacional de Saneamento j inclua no seu art. 2 alnea c -
o controle da poluio ambiental, inclusive do lixo -, mas observemos ainda com a ideia
fragmentada, com a finalidade nica de proteger direitos individuais e patrimoniais.
A Lei de Ao Popular (Lei 4.717/65) naquele momento histrico a surgia com a
finalidade nica de proteo do errio pblico. Mudando seu foco de interesse a partir da Lei
n. 6.513, de 20.12.77, que altera seu artigo primeiro consideram-se patrimnio pblico, os
bens e direitos de valor econmico, artstico, esttico, histrico ou turstico.
A partir desta lei de cunho estritamente ambiental observa-se que a legislao
brasileira passa da fase fragmentada intervencionista e protetiva de direitos individuais e
patrimoniais a preocupar-se em proteger para preservar o meio ambiente.

3. Fase holstica do direito ambiental no Brasil.
dis Milar em Direito do Ambiente, afirma que no Brasil somente a partir da
dcada de 80 o legislador comeou a expressar uma preocupao com o meio ambiente de
uma forma global e integrada. Essa forma global e integrada da legislao brasileira
recepciona, a partir da dcada oitenta do sculo passado, as ideias ambientalistas que analisam
o ambiente como um todo, o que leva-nos a identificar como fase holstica
5
.
Algumas legislaes que so publicadas na dcada de oitenta do sculo passado
merecem destaque, por demonstrarem nitidamente a mudana gradual do foco da legislao
brasileira frente aos recursos naturais, passa da proteo do capital para proteo e
preservao ambiental.
Nos anos 80 do sculo passado vivenciou-se, no Brasil, uma evoluo em todas as
reas graas ao avano tecnolgico e poltico. A revoluo tecnolgica foi crucial a
modificao do nosso sistema jurdico. Os grandes temas de conflitos de interesses esto
adaptados no mais a situaes iminentemente individuais, mas sim a conflitos coletivos
(FIORILLO, 2009).
A concepo legislativa da poca era de que cada indivduo poderia ser proprietrio
de um bem pensemos em recursos naturais solo, gua..., e se este bem no fosse passvel
de apropriao seria gerido por uma pessoa jurdica de direito pblico interno, um gestor. Esta

5
Holstica holos do grego que significa o todo acrescido do sufixo ismo ista na lngua portuguesa
mostram, alm dos sistemas de doutrinas e ideias (poltico, religioso, literrio, filosfico), tambm sistemas de
comportamentos e doenas.
concepo no mais era possvel, representava um absurdo contrrio ao clamor mundial de
elevar o ambiente bem coletivo, onde todos, quanto a estes bens, teriam os mesmos direitos
e deveres.
Importante frisar que as reflexes sobre questes ambientais exigiam do legislativo
brasileiro e dos doutrinadores de direito uma anlise e aceitao de que no mereciam tutela
somente os interesses individuais, mas tambm os interesses transindividuais/metaindividuais
faziam jus de tal olhar e regulamentao. As manifestaes internacionais e nacionais sobre
temas de cunho ambiental exigiam uma resposta urgente, pois estabeleciam uma nova viso
sobre bens ambientais e portanto uma composio diferenciada do meio ambiente, ou seja, o
ambiente no poderia mais ser legislado por partes, de forma estanque, mas a lei deveria
surgir de modo a visualizar-se o ambiente como um todo, integrado em todos aspectos.
Neste sentido surge o Decreto no 86.176, de 6 de julho de 1981, que regulamenta a
Lei n 6.513, de 20 de dezembro de 1977, dispondo sobre a criao de reas Especiais e de
Locais de Interesse Turstico, com a finalidade de instituir reas especiais de interesse
turstico e de locais de interesse turstico. No mesmo Decreto regulamentam-se as formas de
proteo dos bens de valor cultural e natural de interesse tursticos existentes nas referidas
reas e locais e dos respectivos entornos de proteo e ambientao.
Em abril do mesmo ano a Lei 6.902 dispunha sobre a criao de Estaes Ecolgicas
e reas de proteo ambiental, conceituando estao ecolgica como reas representativas de
ecossistemas brasileiros, destinados a realizao de pesquisa bsica e aplicada de ecologia
para a proteo do ambiente natural e do desenvolvimento da educao conservacionista. Foi
um grande avano da legislao ambiental brasileira, pois at ento no era privilegiada a
proteo com intuito de conservao/ preservao.
A Politica Nacional do Meio Ambiente - Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981 dispe
sobre os fins da PNMA os mecanismos de formulao e aplicao. Representa o marco de
proteo legislativa dos direitos metaindividuais . A Poltica Nacional do Meio Ambiente cria
o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente) e o Cadastro de defesa ambiental.
Tem por objetivo o estabelecimento de padres que tornem possvel o
desenvolvimento sustentvel, atravs de mecanismos e instrumentos capazes de conferir ao
meio ambiente uma maior proteo. As diretrizes desta poltica so elaboradas atravs de
normas e planos destinados a orientar os entes pblicos da federao, em conformidade com
os princpios gerais e especfico elencados no art. 2 da Lei 6.938/81.
Princpios ambientais como ditos anteriormente so adotados internacionalmente
como fruto da necessidade de uma ecologia equilibrada e indicativo para adequada proteo
ambiental de acordo com a realidade social de cada Estado. Visam proporcionar s presentes e
futuras geraes, as garantias de preservao da qualidade de vida, em qualquer forma que
esta se apresente, conciliando elementos econmicos, sociais e ambientais desenvolvimento
sustentvel.
Discorreremos sobre os princpios que so postos na PNMA, pois com vista a estes
que a histria do direito ambiental brasileiro vem se moldando aos nveis da legislao
internacional. Princpios gerais: princpio do Direito Humano Fundamental- proteo da
dignidade da vida humana com a melhoria e recuperao da qualidade ambiental propcia
vida; princpio Democrtico ou da Participao visando assegurar, no Pas, condies ao
desenvolvimento socioeconmico, aos interesses da segurana nacional; assegura ao cidado
o direito informao e a participao na elaborao das polticas pblicas ambientais, de
modo que a ele deve ser assegurado os mecanismos judiciais, legislativos e administrativos
que efetivam o princpio. Exemplos de participao: audincias pblicas, integrao de rgos
colegiados, Aes Popular, Ao Civil Pblica.
Como princpios especficos: princpio da Precauo estabelece a vedao de
intervenes no meio ambiente, salvo se houver a certeza que as alteraes no causaram
problemas ao ambiente. Oferece sociedade respostas conclusivas sobre a inocuidade de
determinados procedimentos. Esse Princpio exige, previamente, a EIA (Estudo de Impacto
Ambiental), exigncia constitucional que busca avaliar os efeitos e a viabilidade da
implementao de determinado projeto ambiental. Princpio da Preveno - muito
semelhante ao Princpio da Precauo, mas com este no se confunde. Sua aplicao se d nos
casos em que os impactos ambientais j so conhecidos, restando certo a obrigatoriedade do
licenciamento ambiental e do estudo de impacto ambiental (EIA), estes so uns dos principais
instrumentos de proteo ao meio ambiente. Princpio da Responsabilidade estabelece que o
poluidor, pessoa fsica ou jurdica, responde por suas aes ou omisses em prejuzo do meio
ambiente, ficando sujeito a sanes cveis, penais ou administrativas. Princpio do Equilbrio
determina que os aplicadores de Polticas e legislaes ambientais devem pesar as
consequncias previsveis da adoo de uma determinada medida, de forma equilibrada a
sociedade sem impor gravames ao ecossistema. Princpio do Limite - este princpio exige da
Administrao Pblica que fixe padres mximos e mnimos de materiais poluentes, de
rudos, emisses de partculas no ar e gua, ou seus produtos, tendo como finalidade
minimizar a degradao e ou poluio.
Princpio do Usurio pagador - estabelece que quem utiliza o recurso ambiental deve
suportar seus custos, sem que essa cobrana resulte na imposio de taxas abusivas. E o
princpio do Poluidor pagador - obriga quem poluiu a pagar pela poluio causada ou que
pode ser causada. O PPP se transformou em um dos princpios jurdicos mais importantes na
legislao nacional e internacional.
A responsabilizao por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico veio encontrar disciplina
na Lei 7.374 de julho de 1985, conhecida como Lei da Ao Civil Pblica. Por esta legislao
tem-se disciplinada a forma de agir judicialmente contra atos que tragam prejuzos
ambientais; quais pessoas de direito pblico ou privado podem agir em favor e em defesa de
tais interesses ambientais e, quais sero os procedimentos judiciais.
A ao civil poder ter por objeto a condenao em dinheiro ou o cumprimento de
obrigao de fazer ou no fazer, e o Ministrio Pblico, se no intervier no processo como
parte, atuar obrigatoriamente como fiscal da lei. Sendo permitido a qualquer pessoa e ao
servidor pblico provocar a iniciativa do parquet, ministrando-lhe informaes sobre fatos
que constituam danos ambientais e indicando-lhe os elementos de convico.
Com regras claras de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, as
legislaes que surgem no trazem mais no corpo da lei as sanes a serem aplicadas a quem
descumprir ao disposto, simplesmente regram comportamentos frente ao meio ambiente e
sendo descumprida a norma, aquele que causar o dano ser responsabilizado.
Observa-se tal estilo com a publicao da Lei 7.365, de setembro de 1985, que em
seus parcos quatro artigos no cogita pena por descumprimento apenas probe
terminantemente a fabricao e a importao de detergentes no biodegradveis.
A legislao proibitiva de uso de produtos no biodegradveis pela indstria educava
tambm o consumidor, fazendo-o ficar mais cuidadoso e exigente frente ao que consumia.
Com os direitos da coletividade normatizados pela Poltica Nacional de Meio
Ambiente e com a Lei 7.347/85- Lei da Ao Civil Pblica aparecia no direito brasileiro
pela primeira vez a expresso direitos difusos e coletivos . Tal disposio estava expressa
na legislao antes de sua publicao, no artigo 1, inciso IV, mas tal artigo foi vetado pelo
Presidente da Repblica sob o argumento de no haver no ordenamento jurdico definio
legal para os termos direitos difusos e coletivos. E muito embora todos os princpios
ambientais trazidos pela PNMA no era possvel, jurdica e doutrinariamente conceituar o que
era bem coletivo ou metaindividuais, que impedia a eficcia de tais legislaes.
O reconhecimento dos direitos difusos e coletivos no ordenamento jurdico brasileiro
se d com a publicao da Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990 que estabelece no art. 81 que
a defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vtimas poder ser exercida em juzo
individualmente, ou a ttulo coletivo. Esclarece que a defesa coletiva ser exercida quando se
tratar de: interesses ou direitos difusos, assim entendidos, os transindividuais, de natureza
indivisvel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstncias de fato;
interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, os transindividuais, de natureza indivisvel
de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrria por uma relao jurdica base; interesses ou direitos individuais homogneos, assim
entendidos os decorrentes de origem comum.
grande o lapso temporal, entre a publicao da Lei da ao civil e o
reconhecimento no ordenamento jurdico dos direitos difusos e coletivos cinco anos.
Neste interim em 05 de outubro de 1988 promulgada a Constituio da Repblica
Federativa do Brasil, que recepciona os princpios ditados pelas Naes Unidas que
delinearam o art. 225 da Constituio brasileira delimitando o marco de direitos ao meio
ambiente equilibrado e sadio para as presentes e futuras geraes brasileiras. Toda a trajetria
legislativa em prol ao direito ambiental, incluindo o ambiente como direito de terceira gerao
ou terceira espcie de bem, determinam a fase holstica do direito ambiental no Brasil. A
Constituio Federal , ainda, passa a admitir a tutela dos direitos coletivos. Vejamos o art. 225
da CF/88.
Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as
presentes e futuras geraes.

A partir da promulgao da Carta Magna tambm fica institudo que a
responsabilidade por danos ambientais objetiva. As condutas e atividades consideradas
lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes
penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados
6
.
Muda definitivamente a viso de responsabilidade no Brasil, passa de penalizao somente

6
FIORILLO, Celso Antnio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. So Paulo. Saraiva: 2009.
para indenizao, reparao. E ainda, estabelece obrigao da pessoa jurdica que no tinha
qualquer responsabilidade a ela atribuda.
Dois anos aps a promulgao da Carta Magna a Politica Nacional do Meio
Ambiente foi regulamentada pelo Decreto n 99.274/90, neste fica estabelecido s atribuies
do Poder Pblico nos diferentes nveis de governo, determinando ainda que no mbito da
administrao pblica a execuo da PNMA ter a coordenao do Secretrio do Meio
Ambiente. Pelo Decreto ainda tem-se a estruturao do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(Sisnama) que constitudo por rgos e entidades da Unio, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municpios e pelas fundaes institudas pelo Poder Pblico, tendo como
finalidade a proteo e melhoria da qualidade ambiental.
O Brasil, com sua legislao nefita de meio ambiente, de 3 a 14 de junho de 1992,
sediou na cidade do Rio de Janeiro a Conferncia das Naes Unidas para o Meio Ambiente
e o Desenvolvimento CNUMAD, recebendo 116 chefes de Estado e mais 10.000
participantes. Esta conferncia ficou conhecida, por alguns nomes como ECO- 92; Rio 92 ou
Cimeira da Terra e tinha como finalidade encontrar formas e meios de permitir que as Naes
continuassem a se desenvolver social e economicamente, mas sem prejudicar o meio
ambiente. Esta finalidade foi traduzida por palavras como sustentabilidade e desenvolvimento
sustentvel hoje conhecida em muitos lugares do planeta, mas, infelizmente, at a presente
data ainda pouco praticada.
Os conflitos que surgiram com a nova postura no foram e no so poucos. No
campo do direito comum a utilizao do termo - conflitos, pois, conceituando-o tem-se
como contradies entre normas e expectativas. E efetivamente o que passou a ser
observado, as pessoas agindo contra o ambiente, contra a legislao, e em prol dos interesses
individuais.
Urge ento uma forma de tutelar o meio ambiente, e por essa urgncia o legislador
elaborou a Lei 9.605 de 12 de dezembro de 1998 dispondo sobre as sanes penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Esta lei foi
regulamentada pelo Dec. 3.179 de 21 de setembro de 1999 que especifica as sanes
aplicveis a quem age contra a ordem legal e pelo recente Dec. 6.514 de 22 de julho de 2008
onde dispe sobre as infraes e sanes administrativas ao meio ambiente, estabelecendo o
processo administrativo federal para apurao destas infraes, bem como d outras
providncias.
Como diz Celso A. P. Fiorillo, fez-se com que a tutela do meio ambiente fosse
implementada atravs da forma mais severa de nosso ordenamento: pela tutela penal. Ainda,
inova o ordenamento jurdico penal, pois em consonncia com as determinaes
constitucionais, estabelece que a pessoa jurdica tambm seja penalizada se cometer infraes
ou crimes ambientais. Mas tal responsabilizao no aceita de forma pacfica e tampouco
unnime a aceitao pelos doutrinadores penalistas clssicos. O inconformismo reside na
inexistncia da conduta humana, porquanto esta da essncia do crime. E neste sentido j se
manifestou o Superior Tribunal de Justia brasileiro.
Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurdica em crimes ambientais
desde que haja a imputao simultnea do ente moral e da pessoa fsica que
atua em seu nome ou em seu benefcio, uma vez que "no se pode
compreender a responsabilizao do ente moral dissociada da atuao de
uma pessoa fsica, que age com elemento subjetivo prprio" cf. Resp n
564960/SC, 5 Turma, Rel. Ministro Gilson Dipp, DJ de 13/06/2005
(Precedentes). Recurso especial provido.(REsp 889.528/SC, Rel. Ministro
FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/04/2007, DJ
18/06/2007 p. 303)

Afirma Fiorillo, que o legislador brasileiro buscou inspirao no direito penal
francs, mas, advertimos que nosso legislador foi alm, pois enquanto no direito francs o
Estado no penalizado pela prtica de atos defesos em lei, para a doutrina ambiental
brasileira pessoas de direito pblico tambm devem responder pelos atos de ao ou omisso
que praticam.
Neste sentido lvaro Luiz Valery Mirra
7
ressalta que as mais frequentes omisses
estatais que causam danos ambientais graves, so a poluio de rios e corpos dgua pelo
lanamento de efluentes e esgotos urbanos e industriais sem o devido tratamento; a
degradao de ecossistemas e reas naturais de relevncia ecolgica; o depsito e a destinao
final inadequados do lixo urbano; o abandono de bens integrantes do patrimnio cultural
brasileiro. E no so poucas as aes de responsabilizao promovidas pelo Ministrio
Pblico para que essas entidades pblicas municpio, estados da federao e Unio
assumam a responsabilidade pelo dano que causam ao meio ambiente.
A consolidao da democracia no pas deu sociedade civil a oportunidade de
mobilizao e articulao entre movimento social e ambientalista. Da Eco 92 quando os
conceitos socioambientais passaram a influenciar a edio de normas legais at a Cpula

7
MIRRA, lvaro Luiz Valery. O problema do controle judicial das omisses estatais legislativas ao meio
ambiente in Revista de Direito Ambiental; ano: 4; n 15; jul/set; 1999; pp. 67/69.
Mundial sobre desenvolvimento sustentvel em 2002, o Brasil vivenciou uma exploso de
conscincia ambiental legal, conservar e preservar no so mais somente princpios a serem
seguidos a Lei 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservao da
Natureza (Snuc) tambm traz instrumentalidade ao art. 225, 1, incisos I, II, III e VII da
Constituio Federal, e estabelece critrios e normas para a criao, implantao e gesto das
unidades de conservao.
O art. 2 da Lei do Snuc define a unidade de conservao como:
Espao territorial e seus recursos ambientais, incluindo as guas
jurisdicionais, com caractersticas naturais relevantes, legalmente institudo
pelo Poder Pblico, com objetivos de conservao e limites definidos, sob
regime especial de administrao, ao qual se aplicam garantias adequadas de
proteo.


Conceitua, ainda, a expresso sustentabilidade como - conservao da natureza pelo
manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservao, a manuteno, a
utilizao sustentvel, a restaurao e a recuperao do ambiente natural, para que possa
produzir o maior benefcio, em bases sustentveis, s atuais geraes, mantendo seu potencial
de satisfazer as necessidades e aspiraes das geraes futuras, e garantindo a sobrevivncia
dos seres vivos em geral. No mesmo artigo de lei definido tambm o que diversidade
biolgica - a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre
outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquticos e os complexos
ecolgicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espcies, entre
espcies e de ecossistemas.
A discusso de proteo da biodiversidade ou diversidade biolgica vem ser
regulamentada pelo Decreto 4.339/2002 que institui a Poltica Nacional da Biodiversidade. O
Decreto editado pelo governo Fernando Henrique Cardoso, em um momento poltico de
estabilizao da economia e de globalizao - s vsperas da Rio+10 estabeleceu, entre seus
objetivos, um regime legal de proteo aos direitos intelectuais coletivos de povos indgenas,
quilombolas e outras comunidades locais.
Com o esprito da lei brasileira modificado, holstico para toda a questo ambiental, o
Brasil participou do evento Rio +10
8
, ou Conferncia das Naes Unidas sobre Ambiente e

8
Segundo encontro da ONU (Organizao das Naes Unidas) a discutir o uso dos recursos naturais sem ferir o
ambiente, o evento aconteceu entre 26 de agosto e 4 de setembro de 2002 em Johannesburgo (frica do Sul).
Segundo a organizao, cerca de cem chefes de Estado e mais de 15 mil representantes da sociedade civil e de
ONGs -organizaes no-governamentais- Folha Online. Disponvel em: <
http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2002/riomais10/o_que_e.shtml>. Acesso em 01 jul. 2011
Desenvolvimento Sustentvel em setembro 2002 e, as mais de 15 mil entidades que l
representavam governos, comunidade cientfica e ambientalista participaram do evento
auxiliando na produo de mecanismos para implementao dos objetivos da Agenda 21
(1992).
Em 2012, ter-se- a Rio + 20.


Consideraes finais

A legislao brasileira ambiental sofreu ao longo das trs dcadas em anlise uma
mudana lenta e gradual. Partiu da fase que se denominou - fase de fragmentao - onde a
legislao brasileira se dirigia pontualmente a cada recurso natural sem a preocupao de
privilegiar os princpios de preservao e proteo do ambiente, pois privilegiava o
patrimnio sob fundamentos do Cdigo Civil de 1916; chegando a fase de holismo onde
possvel perceber a legislao integrando os diversos aspectos dos recursos naturais
combinadas com os princpios internacionais de proteo e preservao do meio ambiente.
Neste processo de mudana da viso do legislativo e por consequncia da legislao
brasileira no mbito do direito ambiental percebeu-se que a histria do direito ambiental foi
forjando-se apoiada ao pensamento e princpios discutidos nas Convenes Internacionais
sobre Meio Ambiente. Percebeu-se ainda que somente a partir da Constituio Federal de
1988, o Brasil, efetivamente demonstrou o interesse em preservar para as presentes e futuras
geraes o meio ambiente e, por efeito, instrumentalizou o art. 225 da CF com legislaes
infraconstitucionais que fazem do direito ambiental um ramo de direito autnomo, pois capaz
por si s de regular, proteger, penalizar, multar a nvel civil, administrativo e penal as
condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitando aos infratores,
pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da
obrigao de reparar os danos causados. ( art. 225, 3 CF/88)
Transcorrido o perodo de trs dcadas (1970 2002) a evoluo da histria do
Direito Ambiental brasileiro foi aparente, no se tem mais como nica preocupao a
proteo do patrimnio do proprietrio da rea rural ou de explorao, ou o capital que o
mesmo auferia pelo manejo de tal rea, mas tem-se a preocupao com o uso ambiental de
forma sustentvel. E mais, neste interim a rea do conhecimento jurdico que estuda as
interaes do homem com a natureza e os mecanismos legais para proteo do meio ambiente
deixa de ser uma cincia isolada, hoje uma cincia holstica que estabelece relaes
intrnsecas e transdisciplinares entre campos diversos, como antropologia, biologia, cincias
sociais, engenharia, geologia e os princpios fundamentais do direito internacional, dentre
outros.


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