Este documento descreve a evolução do direito ambiental no Brasil entre 1970-2002. Dividiu-se em duas fases: a fragmentação, onde a legislação tratava cada recurso natural separadamente, e a fase holística, integrando os diversos aspectos dos recursos naturais com princípios internacionais de proteção ambiental. O documento analisa a legislação histórica brasileira sobre recursos naturais e como a visão foi mudando de uma ênfase na propriedade para a preservação.
Este documento descreve a evolução do direito ambiental no Brasil entre 1970-2002. Dividiu-se em duas fases: a fragmentação, onde a legislação tratava cada recurso natural separadamente, e a fase holística, integrando os diversos aspectos dos recursos naturais com princípios internacionais de proteção ambiental. O documento analisa a legislação histórica brasileira sobre recursos naturais e como a visão foi mudando de uma ênfase na propriedade para a preservação.
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A Evolução da história do Direito Ambiental no Brasil.pdf
Este documento descreve a evolução do direito ambiental no Brasil entre 1970-2002. Dividiu-se em duas fases: a fragmentação, onde a legislação tratava cada recurso natural separadamente, e a fase holística, integrando os diversos aspectos dos recursos naturais com princípios internacionais de proteção ambiental. O documento analisa a legislação histórica brasileira sobre recursos naturais e como a visão foi mudando de uma ênfase na propriedade para a preservação.
Este documento descreve a evolução do direito ambiental no Brasil entre 1970-2002. Dividiu-se em duas fases: a fragmentação, onde a legislação tratava cada recurso natural separadamente, e a fase holística, integrando os diversos aspectos dos recursos naturais com princípios internacionais de proteção ambiental. O documento analisa a legislação histórica brasileira sobre recursos naturais e como a visão foi mudando de uma ênfase na propriedade para a preservação.
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A Evoluo da histria do Direito Ambiental no Brasil 1970 2002
Laura Lucia da Silva Amorim
1 .
Sumrio: Introduo. 1. Abordagem histrica do direito ambiental brasileiro. 2 Fase da fragmentao do direito ambiental no Brasil. 3. Fase holstica do direito ambiental no Brasil. 4. Consideraes finais. 5. Referncias bibliogrficas.
Resumo A abordagem histrica do direito ambiental brasileiro muda lentamente em relao aos recursos naturais e estas mudanas o que se pretende demonstrar tomando por marco inicial o ano de 1970 e final 2002. Neste interim, se explanar em duas fases distintas quanto a preocupao com os recursos naturais, ou seja, a fase de fragmentao onde a legislao brasileira se dirigia pontualmente a cada recurso natural e a fase de holismo onde possvel perceber a legislao integrando os diversos aspectos dos recursos naturais combinadas com os princpios internacionais de proteo e preservao do meio ambiente. Palavra chave: Histria do Direito Ambiental, fase de fragmentao, fase holistica, meio ambiente.
Introduo O trato das questes ambientais no Brasil, do final dos anos 60 a incio dos anos 70, estava em descompasso com o pensamento universal que vinha tomando forma, pois quase sempre assinalavam o interesse do Estado em proteger a soberania ou a propriedade privada. Salvaguardar os recursos naturais tinha objetivo diverso ao que o direito ambiental em mbito internacional atribua, quais sejam proteo e preveno. A preservao do meio ambiente, um direito das geraes futuras, muito embora tenha surgido no sculo passado, mais precisamente na dcada de setenta, apesar dos esforos de muitos juristas do mundo inteiro, da mudana de atitude de grande parte da sociedade civil brasileira, para garantir e aplicar as normas ambientais, ainda est longe da esperada. A viso antropocntrica o homem como centro de todas as coisas do universo, da cultura renascentista, ainda, infelizmente, legitima alguns homens na posio de domnio sobre todas as criaturas e coisas do mundo.
1 Doutoranda em Cincias Jurdicas e Sociais pela UMSA/AR; Mestra em Direito pela Universidade de Caxias do Sul/ RS- BR; Especialista em Civil e Processual Civil pelo Faculdade IDC/RS; Graduada em Direito pela Universidade da Regio Noroeste do Rio Grande do Sul- UNIJUI/RS. Esta viso ou interpretao traduziu-se nas leis sobre os bens da natureza desde os primrdios do direito no Brasil. Aliado a essa ideia outra reforava a atitude de devastao, ou seja, a crena de que os recursos naturais eram inesgotveis . Por meio da anlise da legislao brasileira combinada com a anlise poltica a histria do direito - possvel observar que as leis voltadas aos temas ambientais, determinavam a proteo de tais bens no por sua qualidade de bem esgotvel e sim por sua condio de propriedade. Com a inteno de localizao no tempo histrico, antes de adentrarmos ao tempo escolhido neste trabalho faremos algumas consideraes histricas. 1. Abordagem histrica do direito ambiental brasileiro No Brasil colnia as Ordenaes Afonsinas j determinavam a proteo de recursos naturais, a madeira de lei era o pau-brasil e outras espcies que ofereciam boa qualidade de madeira para produo e estas s poderiam ser derrubadas por ordem do Rei. Comenta Egle dos Santos Corra Silva que a preocupao Real com a proteo das riquezas florestais estava motivada pela necessidade premente do emprego das madeiras para o impulso da almejada expanso ultramarina portuguesa, ou seja, a proteo tinha como objetivo a explorao da riqueza pelo Rei visando o aumento do patrimnio real. Mas no sejamos injustos, na mesma fase tambm encontramos determinaes legais que impedem a matana de aves e o corte indiscriminado de rvores frutferas, o que para mentalidade antropocentrista da poca era um grande avano. No Brasil Imprio as legislaes sobre fauna e flora tinham a mesma concepo de propriedade, muito embora j demonstrassem alguma preocupao com o extermnio de das espcies, inclusive determinando penas de priso e indenizao ao proprietrio prejudicado. Quanto a gua- recursos hdricos - a Lei n. 2639 de 22 de Setembro de 1875 dispe sobre os gastos do Imprio e estabelece o valor a ser gasto com obras do novo abastecimento d'agua capital do Imprio. O mrito desta legislao que demonstra a preocupao em melhorar a qualidade de vida vindo de encontro com o pensamento atual das questes ambientais pois refletiam a inteno de proteo e preservao da sade saneamento bsico. No Brasil Repblica a Constituio Republicana de 1891, deixa de enfrentar qualquer proteo a recursos naturais limitando-se no art. 34, inciso 29, a atribuir a Unio competncia para legislar sobre terras e minas de sua propriedade. Talvez seja a partir da que o descaso com a devastao tenha tomado fora e, o homem antropocntrico tomado posse de todos os recursos naturais sem clemncia. Em 1916 promulgada a Lei n 3.071, de 1 de janeiro de 1916 (Cdigo Civil) que trouxe para o direito brasileiro a figura da rvore limtrofe, e que infelizmente tal figura existe at hoje refletindo a preocupao com a propriedade, pois regram: a rvore, cujo tronco estiver na linha divisria, presume-se pertencer em comum aos donos dos prdios confinantes; os frutos cados de rvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caram, se este for de propriedade particular; as razes e ramos de rvores, que ultrapassarem a extrema do prdio, podero ser cortados, at o plano vertical divisrio, pelo proprietrio do terreno invadido. Com uma legislao civil (cdigo civil) extremamente voltada a proteo da propriedade passa o Brasil a vivenciar a fase fragmentada do direito ambiental. Legislaes sobre vrios temas de direito ambiental mas, sem o aspecto de preservao. Em 1959, uma Resoluo da Cmara dos Deputados de n 10, sinaliza a devastao ambiental brasileira e comea a tentar enfrentar o problema quando constitui Comisso Parlamentar de Inqurito para apurar a extenso e a intensidade da devastao dos recursos naturais do Pas, apresentando como justificativa a tal atitude a responsabilidade com os destinos nacionais e o dever de firmar um intervalo nos seus dissdios naturais para uma reflexo. Comenta o relator Osvaldo Lima Filho que nenhuma apreenso mais justificada, pois no mundo de hoje, no existe desafio mais agudo ao progresso da civilizao e sua sobrevivncia. A concepo que se fundava na perenidade da terra cedeu lugar s concluses de uma nova cincia - a ecologia, que estabeleceu as condies de formao e perecimento do solo em conseqncia de aes fsicas, qumicas e biolgicas. Parafraseamos Osvaldo Lima Filho, pois o que disse em maio de 1959 atualssimo. , hoje, um trusmo o de que o solo arvel no bem eterno, mas um complexo vivo, de pouca profundidade, cuja morte determina uma limitao insupervel para a espcie humana 2 . De 1962 a 1970 as naes testemunharam a chamada revoluo ambientalista, caracterizada pelo movimento destinado a programar mudanas e conscientizar do possvel
2 Fundamentos do Relator da Comisso Parlamentar de Inqurito para apurar a extenso e a intensidade da devastao dos recursos naturais do Pas. Comisso Resoluo da Cmara dos Deputados n 10, de 1959. colapso nos ecossistemas naturais frente ao uso incontrolvel e predatrio dos recursos naturais. O direito ao meio ambiente equilibrado, sadio, a partir da dcada de 70, ganhou enfoque mundial, pois todo esse processo que levava alguns pases a elaborarem textos normativos reguladores de tal situao, culminou com a Conferncia Internacional de Estocolmo, em 1972, que firmou os primeiros princpios ambientais (num total de 26) tendo sido este o documento pioneiro na proteo do meio ambiente. No mesmo vis, em 1972, surge a Declarao da Conferncia das Naes Unidas Sobre o Meio Ambiente Humano trazendo princpios bsicos a serem observados pelos homens, como: direito fundamental liberdade, igualdade e desfrute de condies de vida adequadas em um ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar sem esquecer a importante obrigao de proteger e melhorar o meio ambiente para as geraes presentes e futuras. Naquela ocasio, a discusso j repercutia a preocupao e receio quanto a forma com que os povos vinham agindo em relao ao meio ambiente, causando danos e degradao, inviabilizando a vida no planeta. Os estudos cientficos demonstravam que a qualidade de vida na terra estava sendo ameaada pelo desequilbrio ambiental que j dava sinais de destruio alarmantes e num crescente desenfreado no sculo passado. O aumento populacional do mundo, o efeito estufa e por consequncia o aquecimento global traduzido pelo desgelo das calotas da antrtica e do polo norte alarmavam a academia. Diante de todos os fatos apresentados, os pases integrantes, inclusive o Brasil, buscaram formas de preservao ambiental e entre estas criaram os principais princpios de mbito internacional. A Declarao universal do meio ambiente, pensada na 1 Conferncia das naes unidas sobre meio ambiente declara que os recursos naturais como: gua, ar, solo, flora e a fauna, devem ser conservados em benefcio das geraes futuras. Mas para que se efetive este cuidado, e para que seja alcanado o objetivo de preservar o meio ambiente para as futuras geraes foram determinados princpios disposies fundamentais que se irradiam sobre as normas jurdicas (independentemente de sua espcie), compondo-lhes o esprito e servindo de critrio para a exata compreenso 3 , ou seja, mandamentos de otimizao 4 das regras que
3 GUERRA, Sidney. Curso de direito internacional pblico. 5.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p.77. cada pas signatrio comprometeu-se em elaborar por meio de suas legislaes, tutela desses bens. Princpios ambientais so adotados internacionalmente como fruto da necessidade de uma ecologia equilibrada e indicativo para adequada proteo ambiental de acordo com a realidade social de cada Estado. Visam proporcionar para presentes e futuras geraes, as garantias de preservao da qualidade de vida, em qualquer forma que esta se apresente, conciliando elementos econmicos e sociais, isto , crescendo de acordo com a ideia de desenvolvimento sustentvel. Importante frisar que internacionalmente foram estabelecidos vinte e seis princpios ambientais, e que todos os pases signatrios da Conveno sobre Meio Ambiente se comprometem por implement-los. Tambm a partir do fruto dessa Conveno, ou seja, da Declarao Universal do Meio Ambiente que surge a noo de ambiente como bem coletivo, no Brasil hoje direito difuso. Neste aspecto, muito embora tardia, a abordagem histrica do direito ambiental brasileiro muda lentamente em relao aos recursos naturais e estas mudanas o que se pretende demonstrar tomando por marco inicial o ano de 1970 e final 2002. Neste interim, se explanar em duas fases distintas quanto a preocupao com os recursos naturais, ou seja, a fase de fragmentao onde a legislao brasileira se dirigia pontualmente a cada recurso natural e a fase de holismo onde possvel perceber a legislao integrando os diversos aspectos dos recursos naturais combinadas com os princpios internacionais de proteo e preservao do meio ambiente.
2. Fase da fragmentao do direito ambiental no Brasil A fase da fragmentao do direito ambiental no Brasil identifica-se pela legislao de proteo do direito de propriedade dos recursos naturais, mas descompromissada com a preservao ambiental. Como anteriormente comentado no Brasil as questes ambientais foram vistas sempre de forma estanque, sem nenhuma preocupao reflexa e este aspecto percebe-se nas
4 ALEXY, Robert. Teoria de los Derechos Fundamentales. Tr.Ernesto Garzn Valds. Madri: centro de estdios constitucionales, 1993, 86 (...) los princpios son mandatos de optimizacion, que estam caracterizados por el hecho de que puedem ser cumplidos em diferente grado y que la medida debida de su cumplimento no slo depende de las possibilidades reales sino tambin de las jurdicas. El mbito de las possibilidades jurdicas es determinado por los princpios y reglas opuestos. legislaes. O Brasil dos anos 70 buscava o desenvolvimento, a qualquer preo, no importando se para alcanar o seu objetivo deixasse para segundo plano a preocupao com a degradao ambiental. Naquela dcada (1970), o Brasil vivia sob uma ditadura militar regime militar no Brasil 1964-1985, que tinha como objetivo o crescimento e desenvolvimento da classe dominante e a defesa da propriedade privada. As legislaes que versavam sobre os recursos naturais eram esparsas e desconexas e as sanes para quem desobedecia a tais leis tinham carter indenizatrio, e no preventivo educativo. No havia interesse em preservar, mas em desenvolver a qualquer custo. Os polticos legislavam em causa prpria j que eram os detentores das maiores reas de terra agrcola/pecuria. A explorao desordenada por meio de queimadas e cortes de madeira devastaram uma enorme parcela da floresta amaznica brasileira e grande parte do pantanal mato- grossense, mas no importavam essas questes, pois eram tidas como de menor valor, tinham menos valia do que desenvolver, crescer, plantar, exportar. O que efetivamente o Brasil presava era a propriedade privada e o desenvolvimento industrial, tanto que as normas que surgiam sempre tinham o objetivo de salvaguardar estes dois tpicos. Ana Cristina Augusto de Souza comenta que os temas predominantes eram o fomento explorao dos recursos naturais, o desbravamento do territrio, o saneamento rural, a educao sanitria e os embates entre os interesses econmicos internos e externos. Enquanto muitos pases do mundo clamavam por preservao para um futuro sustentvel, o Brasil dos anos setenta continuava na fase setorial, e sua participao na Declarao Universal do Meio Ambiente no passava de uma fraude. Os interesses polticos sobrepujavam os interesses ambientais e ratificar a Declarao Universal do Meio Ambiente no passava de uma jogada poltica, onde a inteno era fazer-se presente e oferecer o Brasil a qualquer preo e custo para quem quisesse no territrio instalar indstrias poluentes ou no. Anteriores a dcada de 70 as normas com destaque s questes ambientais e que eram setorializadas davam nfase a proteo do que se chamava de recursos naturais: cdigo de guas Decreto n 24.643/34; florestal Lei 4.771/65; o Estatuto da Terra Lei 4.504/64 e algumas legislaes especficas para fauna Lei 5.197/67 e pesca Dec. Lei 221/67 e o cdigo de minas Dec. Lei1.985/40. Ainda, a Lei 5.318/67 que instituiu a Poltica Nacional de Saneamento e criou o Conselho Nacional de Saneamento j inclua no seu art. 2 alnea c - o controle da poluio ambiental, inclusive do lixo -, mas observemos ainda com a ideia fragmentada, com a finalidade nica de proteger direitos individuais e patrimoniais. A Lei de Ao Popular (Lei 4.717/65) naquele momento histrico a surgia com a finalidade nica de proteo do errio pblico. Mudando seu foco de interesse a partir da Lei n. 6.513, de 20.12.77, que altera seu artigo primeiro consideram-se patrimnio pblico, os bens e direitos de valor econmico, artstico, esttico, histrico ou turstico. A partir desta lei de cunho estritamente ambiental observa-se que a legislao brasileira passa da fase fragmentada intervencionista e protetiva de direitos individuais e patrimoniais a preocupar-se em proteger para preservar o meio ambiente.
3. Fase holstica do direito ambiental no Brasil. dis Milar em Direito do Ambiente, afirma que no Brasil somente a partir da dcada de 80 o legislador comeou a expressar uma preocupao com o meio ambiente de uma forma global e integrada. Essa forma global e integrada da legislao brasileira recepciona, a partir da dcada oitenta do sculo passado, as ideias ambientalistas que analisam o ambiente como um todo, o que leva-nos a identificar como fase holstica 5 . Algumas legislaes que so publicadas na dcada de oitenta do sculo passado merecem destaque, por demonstrarem nitidamente a mudana gradual do foco da legislao brasileira frente aos recursos naturais, passa da proteo do capital para proteo e preservao ambiental. Nos anos 80 do sculo passado vivenciou-se, no Brasil, uma evoluo em todas as reas graas ao avano tecnolgico e poltico. A revoluo tecnolgica foi crucial a modificao do nosso sistema jurdico. Os grandes temas de conflitos de interesses esto adaptados no mais a situaes iminentemente individuais, mas sim a conflitos coletivos (FIORILLO, 2009). A concepo legislativa da poca era de que cada indivduo poderia ser proprietrio de um bem pensemos em recursos naturais solo, gua..., e se este bem no fosse passvel de apropriao seria gerido por uma pessoa jurdica de direito pblico interno, um gestor. Esta
5 Holstica holos do grego que significa o todo acrescido do sufixo ismo ista na lngua portuguesa mostram, alm dos sistemas de doutrinas e ideias (poltico, religioso, literrio, filosfico), tambm sistemas de comportamentos e doenas. concepo no mais era possvel, representava um absurdo contrrio ao clamor mundial de elevar o ambiente bem coletivo, onde todos, quanto a estes bens, teriam os mesmos direitos e deveres. Importante frisar que as reflexes sobre questes ambientais exigiam do legislativo brasileiro e dos doutrinadores de direito uma anlise e aceitao de que no mereciam tutela somente os interesses individuais, mas tambm os interesses transindividuais/metaindividuais faziam jus de tal olhar e regulamentao. As manifestaes internacionais e nacionais sobre temas de cunho ambiental exigiam uma resposta urgente, pois estabeleciam uma nova viso sobre bens ambientais e portanto uma composio diferenciada do meio ambiente, ou seja, o ambiente no poderia mais ser legislado por partes, de forma estanque, mas a lei deveria surgir de modo a visualizar-se o ambiente como um todo, integrado em todos aspectos. Neste sentido surge o Decreto no 86.176, de 6 de julho de 1981, que regulamenta a Lei n 6.513, de 20 de dezembro de 1977, dispondo sobre a criao de reas Especiais e de Locais de Interesse Turstico, com a finalidade de instituir reas especiais de interesse turstico e de locais de interesse turstico. No mesmo Decreto regulamentam-se as formas de proteo dos bens de valor cultural e natural de interesse tursticos existentes nas referidas reas e locais e dos respectivos entornos de proteo e ambientao. Em abril do mesmo ano a Lei 6.902 dispunha sobre a criao de Estaes Ecolgicas e reas de proteo ambiental, conceituando estao ecolgica como reas representativas de ecossistemas brasileiros, destinados a realizao de pesquisa bsica e aplicada de ecologia para a proteo do ambiente natural e do desenvolvimento da educao conservacionista. Foi um grande avano da legislao ambiental brasileira, pois at ento no era privilegiada a proteo com intuito de conservao/ preservao. A Politica Nacional do Meio Ambiente - Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981 dispe sobre os fins da PNMA os mecanismos de formulao e aplicao. Representa o marco de proteo legislativa dos direitos metaindividuais . A Poltica Nacional do Meio Ambiente cria o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente) e o Cadastro de defesa ambiental. Tem por objetivo o estabelecimento de padres que tornem possvel o desenvolvimento sustentvel, atravs de mecanismos e instrumentos capazes de conferir ao meio ambiente uma maior proteo. As diretrizes desta poltica so elaboradas atravs de normas e planos destinados a orientar os entes pblicos da federao, em conformidade com os princpios gerais e especfico elencados no art. 2 da Lei 6.938/81. Princpios ambientais como ditos anteriormente so adotados internacionalmente como fruto da necessidade de uma ecologia equilibrada e indicativo para adequada proteo ambiental de acordo com a realidade social de cada Estado. Visam proporcionar s presentes e futuras geraes, as garantias de preservao da qualidade de vida, em qualquer forma que esta se apresente, conciliando elementos econmicos, sociais e ambientais desenvolvimento sustentvel. Discorreremos sobre os princpios que so postos na PNMA, pois com vista a estes que a histria do direito ambiental brasileiro vem se moldando aos nveis da legislao internacional. Princpios gerais: princpio do Direito Humano Fundamental- proteo da dignidade da vida humana com a melhoria e recuperao da qualidade ambiental propcia vida; princpio Democrtico ou da Participao visando assegurar, no Pas, condies ao desenvolvimento socioeconmico, aos interesses da segurana nacional; assegura ao cidado o direito informao e a participao na elaborao das polticas pblicas ambientais, de modo que a ele deve ser assegurado os mecanismos judiciais, legislativos e administrativos que efetivam o princpio. Exemplos de participao: audincias pblicas, integrao de rgos colegiados, Aes Popular, Ao Civil Pblica. Como princpios especficos: princpio da Precauo estabelece a vedao de intervenes no meio ambiente, salvo se houver a certeza que as alteraes no causaram problemas ao ambiente. Oferece sociedade respostas conclusivas sobre a inocuidade de determinados procedimentos. Esse Princpio exige, previamente, a EIA (Estudo de Impacto Ambiental), exigncia constitucional que busca avaliar os efeitos e a viabilidade da implementao de determinado projeto ambiental. Princpio da Preveno - muito semelhante ao Princpio da Precauo, mas com este no se confunde. Sua aplicao se d nos casos em que os impactos ambientais j so conhecidos, restando certo a obrigatoriedade do licenciamento ambiental e do estudo de impacto ambiental (EIA), estes so uns dos principais instrumentos de proteo ao meio ambiente. Princpio da Responsabilidade estabelece que o poluidor, pessoa fsica ou jurdica, responde por suas aes ou omisses em prejuzo do meio ambiente, ficando sujeito a sanes cveis, penais ou administrativas. Princpio do Equilbrio determina que os aplicadores de Polticas e legislaes ambientais devem pesar as consequncias previsveis da adoo de uma determinada medida, de forma equilibrada a sociedade sem impor gravames ao ecossistema. Princpio do Limite - este princpio exige da Administrao Pblica que fixe padres mximos e mnimos de materiais poluentes, de rudos, emisses de partculas no ar e gua, ou seus produtos, tendo como finalidade minimizar a degradao e ou poluio. Princpio do Usurio pagador - estabelece que quem utiliza o recurso ambiental deve suportar seus custos, sem que essa cobrana resulte na imposio de taxas abusivas. E o princpio do Poluidor pagador - obriga quem poluiu a pagar pela poluio causada ou que pode ser causada. O PPP se transformou em um dos princpios jurdicos mais importantes na legislao nacional e internacional. A responsabilizao por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico veio encontrar disciplina na Lei 7.374 de julho de 1985, conhecida como Lei da Ao Civil Pblica. Por esta legislao tem-se disciplinada a forma de agir judicialmente contra atos que tragam prejuzos ambientais; quais pessoas de direito pblico ou privado podem agir em favor e em defesa de tais interesses ambientais e, quais sero os procedimentos judiciais. A ao civil poder ter por objeto a condenao em dinheiro ou o cumprimento de obrigao de fazer ou no fazer, e o Ministrio Pblico, se no intervier no processo como parte, atuar obrigatoriamente como fiscal da lei. Sendo permitido a qualquer pessoa e ao servidor pblico provocar a iniciativa do parquet, ministrando-lhe informaes sobre fatos que constituam danos ambientais e indicando-lhe os elementos de convico. Com regras claras de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, as legislaes que surgem no trazem mais no corpo da lei as sanes a serem aplicadas a quem descumprir ao disposto, simplesmente regram comportamentos frente ao meio ambiente e sendo descumprida a norma, aquele que causar o dano ser responsabilizado. Observa-se tal estilo com a publicao da Lei 7.365, de setembro de 1985, que em seus parcos quatro artigos no cogita pena por descumprimento apenas probe terminantemente a fabricao e a importao de detergentes no biodegradveis. A legislao proibitiva de uso de produtos no biodegradveis pela indstria educava tambm o consumidor, fazendo-o ficar mais cuidadoso e exigente frente ao que consumia. Com os direitos da coletividade normatizados pela Poltica Nacional de Meio Ambiente e com a Lei 7.347/85- Lei da Ao Civil Pblica aparecia no direito brasileiro pela primeira vez a expresso direitos difusos e coletivos . Tal disposio estava expressa na legislao antes de sua publicao, no artigo 1, inciso IV, mas tal artigo foi vetado pelo Presidente da Repblica sob o argumento de no haver no ordenamento jurdico definio legal para os termos direitos difusos e coletivos. E muito embora todos os princpios ambientais trazidos pela PNMA no era possvel, jurdica e doutrinariamente conceituar o que era bem coletivo ou metaindividuais, que impedia a eficcia de tais legislaes. O reconhecimento dos direitos difusos e coletivos no ordenamento jurdico brasileiro se d com a publicao da Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990 que estabelece no art. 81 que a defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vtimas poder ser exercida em juzo individualmente, ou a ttulo coletivo. Esclarece que a defesa coletiva ser exercida quando se tratar de: interesses ou direitos difusos, assim entendidos, os transindividuais, de natureza indivisvel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstncias de fato; interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, os transindividuais, de natureza indivisvel de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrria por uma relao jurdica base; interesses ou direitos individuais homogneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. grande o lapso temporal, entre a publicao da Lei da ao civil e o reconhecimento no ordenamento jurdico dos direitos difusos e coletivos cinco anos. Neste interim em 05 de outubro de 1988 promulgada a Constituio da Repblica Federativa do Brasil, que recepciona os princpios ditados pelas Naes Unidas que delinearam o art. 225 da Constituio brasileira delimitando o marco de direitos ao meio ambiente equilibrado e sadio para as presentes e futuras geraes brasileiras. Toda a trajetria legislativa em prol ao direito ambiental, incluindo o ambiente como direito de terceira gerao ou terceira espcie de bem, determinam a fase holstica do direito ambiental no Brasil. A Constituio Federal , ainda, passa a admitir a tutela dos direitos coletivos. Vejamos o art. 225 da CF/88. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes.
A partir da promulgao da Carta Magna tambm fica institudo que a responsabilidade por danos ambientais objetiva. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados 6 . Muda definitivamente a viso de responsabilidade no Brasil, passa de penalizao somente
6 FIORILLO, Celso Antnio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. So Paulo. Saraiva: 2009. para indenizao, reparao. E ainda, estabelece obrigao da pessoa jurdica que no tinha qualquer responsabilidade a ela atribuda. Dois anos aps a promulgao da Carta Magna a Politica Nacional do Meio Ambiente foi regulamentada pelo Decreto n 99.274/90, neste fica estabelecido s atribuies do Poder Pblico nos diferentes nveis de governo, determinando ainda que no mbito da administrao pblica a execuo da PNMA ter a coordenao do Secretrio do Meio Ambiente. Pelo Decreto ainda tem-se a estruturao do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) que constitudo por rgos e entidades da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municpios e pelas fundaes institudas pelo Poder Pblico, tendo como finalidade a proteo e melhoria da qualidade ambiental. O Brasil, com sua legislao nefita de meio ambiente, de 3 a 14 de junho de 1992, sediou na cidade do Rio de Janeiro a Conferncia das Naes Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento CNUMAD, recebendo 116 chefes de Estado e mais 10.000 participantes. Esta conferncia ficou conhecida, por alguns nomes como ECO- 92; Rio 92 ou Cimeira da Terra e tinha como finalidade encontrar formas e meios de permitir que as Naes continuassem a se desenvolver social e economicamente, mas sem prejudicar o meio ambiente. Esta finalidade foi traduzida por palavras como sustentabilidade e desenvolvimento sustentvel hoje conhecida em muitos lugares do planeta, mas, infelizmente, at a presente data ainda pouco praticada. Os conflitos que surgiram com a nova postura no foram e no so poucos. No campo do direito comum a utilizao do termo - conflitos, pois, conceituando-o tem-se como contradies entre normas e expectativas. E efetivamente o que passou a ser observado, as pessoas agindo contra o ambiente, contra a legislao, e em prol dos interesses individuais. Urge ento uma forma de tutelar o meio ambiente, e por essa urgncia o legislador elaborou a Lei 9.605 de 12 de dezembro de 1998 dispondo sobre as sanes penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Esta lei foi regulamentada pelo Dec. 3.179 de 21 de setembro de 1999 que especifica as sanes aplicveis a quem age contra a ordem legal e pelo recente Dec. 6.514 de 22 de julho de 2008 onde dispe sobre as infraes e sanes administrativas ao meio ambiente, estabelecendo o processo administrativo federal para apurao destas infraes, bem como d outras providncias. Como diz Celso A. P. Fiorillo, fez-se com que a tutela do meio ambiente fosse implementada atravs da forma mais severa de nosso ordenamento: pela tutela penal. Ainda, inova o ordenamento jurdico penal, pois em consonncia com as determinaes constitucionais, estabelece que a pessoa jurdica tambm seja penalizada se cometer infraes ou crimes ambientais. Mas tal responsabilizao no aceita de forma pacfica e tampouco unnime a aceitao pelos doutrinadores penalistas clssicos. O inconformismo reside na inexistncia da conduta humana, porquanto esta da essncia do crime. E neste sentido j se manifestou o Superior Tribunal de Justia brasileiro. Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurdica em crimes ambientais desde que haja a imputao simultnea do ente moral e da pessoa fsica que atua em seu nome ou em seu benefcio, uma vez que "no se pode compreender a responsabilizao do ente moral dissociada da atuao de uma pessoa fsica, que age com elemento subjetivo prprio" cf. Resp n 564960/SC, 5 Turma, Rel. Ministro Gilson Dipp, DJ de 13/06/2005 (Precedentes). Recurso especial provido.(REsp 889.528/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/04/2007, DJ 18/06/2007 p. 303)
Afirma Fiorillo, que o legislador brasileiro buscou inspirao no direito penal francs, mas, advertimos que nosso legislador foi alm, pois enquanto no direito francs o Estado no penalizado pela prtica de atos defesos em lei, para a doutrina ambiental brasileira pessoas de direito pblico tambm devem responder pelos atos de ao ou omisso que praticam. Neste sentido lvaro Luiz Valery Mirra 7 ressalta que as mais frequentes omisses estatais que causam danos ambientais graves, so a poluio de rios e corpos dgua pelo lanamento de efluentes e esgotos urbanos e industriais sem o devido tratamento; a degradao de ecossistemas e reas naturais de relevncia ecolgica; o depsito e a destinao final inadequados do lixo urbano; o abandono de bens integrantes do patrimnio cultural brasileiro. E no so poucas as aes de responsabilizao promovidas pelo Ministrio Pblico para que essas entidades pblicas municpio, estados da federao e Unio assumam a responsabilidade pelo dano que causam ao meio ambiente. A consolidao da democracia no pas deu sociedade civil a oportunidade de mobilizao e articulao entre movimento social e ambientalista. Da Eco 92 quando os conceitos socioambientais passaram a influenciar a edio de normas legais at a Cpula
7 MIRRA, lvaro Luiz Valery. O problema do controle judicial das omisses estatais legislativas ao meio ambiente in Revista de Direito Ambiental; ano: 4; n 15; jul/set; 1999; pp. 67/69. Mundial sobre desenvolvimento sustentvel em 2002, o Brasil vivenciou uma exploso de conscincia ambiental legal, conservar e preservar no so mais somente princpios a serem seguidos a Lei 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza (Snuc) tambm traz instrumentalidade ao art. 225, 1, incisos I, II, III e VII da Constituio Federal, e estabelece critrios e normas para a criao, implantao e gesto das unidades de conservao. O art. 2 da Lei do Snuc define a unidade de conservao como: Espao territorial e seus recursos ambientais, incluindo as guas jurisdicionais, com caractersticas naturais relevantes, legalmente institudo pelo Poder Pblico, com objetivos de conservao e limites definidos, sob regime especial de administrao, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteo.
Conceitua, ainda, a expresso sustentabilidade como - conservao da natureza pelo manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservao, a manuteno, a utilizao sustentvel, a restaurao e a recuperao do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefcio, em bases sustentveis, s atuais geraes, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspiraes das geraes futuras, e garantindo a sobrevivncia dos seres vivos em geral. No mesmo artigo de lei definido tambm o que diversidade biolgica - a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquticos e os complexos ecolgicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espcies, entre espcies e de ecossistemas. A discusso de proteo da biodiversidade ou diversidade biolgica vem ser regulamentada pelo Decreto 4.339/2002 que institui a Poltica Nacional da Biodiversidade. O Decreto editado pelo governo Fernando Henrique Cardoso, em um momento poltico de estabilizao da economia e de globalizao - s vsperas da Rio+10 estabeleceu, entre seus objetivos, um regime legal de proteo aos direitos intelectuais coletivos de povos indgenas, quilombolas e outras comunidades locais. Com o esprito da lei brasileira modificado, holstico para toda a questo ambiental, o Brasil participou do evento Rio +10 8 , ou Conferncia das Naes Unidas sobre Ambiente e
8 Segundo encontro da ONU (Organizao das Naes Unidas) a discutir o uso dos recursos naturais sem ferir o ambiente, o evento aconteceu entre 26 de agosto e 4 de setembro de 2002 em Johannesburgo (frica do Sul). Segundo a organizao, cerca de cem chefes de Estado e mais de 15 mil representantes da sociedade civil e de ONGs -organizaes no-governamentais- Folha Online. Disponvel em: < http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2002/riomais10/o_que_e.shtml>. Acesso em 01 jul. 2011 Desenvolvimento Sustentvel em setembro 2002 e, as mais de 15 mil entidades que l representavam governos, comunidade cientfica e ambientalista participaram do evento auxiliando na produo de mecanismos para implementao dos objetivos da Agenda 21 (1992). Em 2012, ter-se- a Rio + 20.
Consideraes finais
A legislao brasileira ambiental sofreu ao longo das trs dcadas em anlise uma mudana lenta e gradual. Partiu da fase que se denominou - fase de fragmentao - onde a legislao brasileira se dirigia pontualmente a cada recurso natural sem a preocupao de privilegiar os princpios de preservao e proteo do ambiente, pois privilegiava o patrimnio sob fundamentos do Cdigo Civil de 1916; chegando a fase de holismo onde possvel perceber a legislao integrando os diversos aspectos dos recursos naturais combinadas com os princpios internacionais de proteo e preservao do meio ambiente. Neste processo de mudana da viso do legislativo e por consequncia da legislao brasileira no mbito do direito ambiental percebeu-se que a histria do direito ambiental foi forjando-se apoiada ao pensamento e princpios discutidos nas Convenes Internacionais sobre Meio Ambiente. Percebeu-se ainda que somente a partir da Constituio Federal de 1988, o Brasil, efetivamente demonstrou o interesse em preservar para as presentes e futuras geraes o meio ambiente e, por efeito, instrumentalizou o art. 225 da CF com legislaes infraconstitucionais que fazem do direito ambiental um ramo de direito autnomo, pois capaz por si s de regular, proteger, penalizar, multar a nvel civil, administrativo e penal as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitando aos infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados. ( art. 225, 3 CF/88) Transcorrido o perodo de trs dcadas (1970 2002) a evoluo da histria do Direito Ambiental brasileiro foi aparente, no se tem mais como nica preocupao a proteo do patrimnio do proprietrio da rea rural ou de explorao, ou o capital que o mesmo auferia pelo manejo de tal rea, mas tem-se a preocupao com o uso ambiental de forma sustentvel. E mais, neste interim a rea do conhecimento jurdico que estuda as interaes do homem com a natureza e os mecanismos legais para proteo do meio ambiente deixa de ser uma cincia isolada, hoje uma cincia holstica que estabelece relaes intrnsecas e transdisciplinares entre campos diversos, como antropologia, biologia, cincias sociais, engenharia, geologia e os princpios fundamentais do direito internacional, dentre outros.
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201 - Jorge Silva Sampaio - DO DIREITO INTERNACIONAL DO AMBIENTE À RESPONSABILIDADE AMBIENTAL E SEUS MEIOS DE EFECTIVAÇÃO NO ÂMBITO DO DIREITO INTERNACIONAL PDF
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