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RESUMO DE ARTIGO

A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA DO IMPÉRIO AO TERCEIRO


MILÊNIO: PREMISSAS TÉCNICAS

Discente: Joyce Mattos da Silveira Souza


Matrícula: 202051745517

O estudo de Arantes (2018) trata sobre a questão da legislação ambiental


brasileira que foi criada com o intuito de proteger o meio ambiente e reduzir ao
mínimo as consequências de ações humanas devastadoras sobre ela, apresentando
um relato das principais normas jurídicas promulgadas desde o Brasil Colônia até a
atualidade, como forma de contribuição aos profissionais que atuam na área
ambiental.
As leis que constituem a legislação são fiscalizadas por órgãos ambientais,
seja nas esferas federal, estadual ou municipal, que definem os regulamentos e
condutas de infração em casos de descumprimento da lei. De acordo com o autor,
devido à existência de inúmeros marcos regulatórios sobre o tema, principalmente
após a década de 80, este optou-se por desenvolver o estudo pela análise das leis
federais de maior destaque.
Pois, até a década de 70 as legislações sobre o tema eram dispersas e
específicas que apresentavam como finalidade principal o reconhecimento do
território nacional e a utilização dos recursos naturais, em especial água e minérios,
como estratégia para a proteção da soberania nacional. Após este período, as
alterações históricas e o cenário globalizado colaboraram para mudanças
conceituais nas normas, por meio do acordo do crescimento econômico com a
proteção ambiental e as análises dos impactos ambientais na vida humana que
passaram a ser elemento condutor na elaboração das principais legislações
ambientais brasileiras.
No Brasil, a legislação ambiental originou-se na legislação portuguesa que
ficou em vigor até a chegada da República, em 1889, e corresponde em um conjunto
de leis, decretos e resoluções ambientais que tem por finalidade definir regras para a
boa conduta dos cidadãos em relação ao meio ambiente, e deve ser cumprida pelas
empresas e pela sociedade em acordo com a preservação ambiental.
Observou-se que, o regramento ocorrido no período imperial deu origem à
dispositivos de proteção ambiental, proibindo a caça de determinados animais e de
instrumentos que pudessem causar-lhes aflição e sofrimento e a valoração de
árvores abatidas. Devido a isso, no início do século XIX, foram desenvolvidas as
primeiras instruções para o reflorestamento da costa brasileira e, no ano de 1808, D.
João VI originou o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
O estudo evidencia ainda que neste período, a proibição de concessões de
licenças a particulares para o corte do pau-brasil e outras madeiras, bem como a
instituição de pena para o corte ilegal de madeiras concedida no Código Criminal de
1830, em seus artigos 178 e 257 e a proibição do usucapião sobre terras públicas
determinados pela Lei 601/1850, foram reiteradas. No entanto, mesmo com o
controle de uso dos recursos naturais, aquém de uma discussão aprofundada de
conservação, preservação ou de gestão destes recursos, a Constituição de 1934
trouxe algumas nuances relevantes, utilizadas nas normas recentes, sobretudo de
pareceres técnicos e multas.
Nas décadas de 30, 40 e 50, o estudo destaca marcos regulatórios dedicados
a matérias específicas como recursos hídricos, florestais e pesqueiros. Observou-se
que um problema enfrentado no dia a dia dos profissionais da área ambiental, é a
presença dos pântanos às margens dos rios, na qual os terrenos pantanosos,
quando declarada a sua insalubridade, trouxe ao longo do século XX, inúmeros
prejuízos à fauna e flora características destes locais e foi a responsável pelo
desencadeamento das enchentes, principalmente em áreas urbanas.
Já o Decreto-Lei 794/38, que refere-se ao Código de Caça e Pesca submeteu
e instruiu a pesca no país, comprovando a necessidade e preocupação com a
conservação das espécies e seu habitat, destacando a proibição da pesca com
aparelhos de arrasto, explosivos, redes ou substâncias tóxicas, bem como o
lançamento de resíduos nas águas interiores ou litorâneas. Em relação aos recursos
florestais, mesmo com todas as orientações definidas por cartas e outras normas
específicas, que datam o período pré-republicano, foi na década de 30 que
sancionou o primeiro Código Florestal Brasileiro, Decreto n. 23.793/34, que no
período histórico representou o início de uma análise mais otimizada sobre a
importância das florestas e sua função principal em proteger o regime das águas e
evitar erosão.
Nas décadas de 60 e 70, notou-se que a condição estratégica dos recursos
minerais e do território ficou evidente, associando diretamente ao regime
governamental da época, onde tratava-se de uma competência legislativa e, mesmo
com os avanços significativos na legislação ambiental na década de 30, somente em
meados da década de 60 que iniciou-se uma nova gama de leis e decretos
ambientais relevantes.
Ainda conforme o estudo, de acordo com a Lei 4.771/65, o Código Florestal
exibiu um significante instrumento na proteção dos recursos hídricos, no qual o
Código teve a função de proteger a qualidade e quantidade das águas,
determinando faixas mínimas de preservação das florestas e demais formas de
vegetação localizadas ao longo de cursos d’água, nascentes, rios, reservatórios e
lagos. No entanto, apesar de apresentar um caráter de preservação, foi um dos
responsáveis pela grande redução na biodiversidade dos diversos biomas
brasileiros, em especial a mata atlântica e o cerrado.
Ainda foram mencionados o Decreto- Lei 303/67 – Criação do Conselho
Nacional de Controle da Poluição Ambiental, que evidenciou o despreparo técnico
em sua elaboração, visto que a escassez de instrumentos existentes define a
insignificância de sua aplicação; a Lei 5.318/67 – Política Nacional de Saneamento,
que traça as diretrizes administrativas e técnicas, além de criar o Conselho Nacional
de Saneamento. O Decreto-Lei 1.413/75 – Controle da Poluição do Meio Ambiente
provocada por atividades industriais, determinando que as indústrias em território
nacional devem tomar providências adequadas para evitar ou reparar quaisquer
tipos de contaminação e poluição ao meio ambiente, usando equipamentos
adequados de controle. E a Lei 6.766/79, que traz em sua íntegra um discurso
inovador à época.
Nas décadas de 80 e 90, houve a mudança nos marcos regulatórios na
legislação ambiental brasileira, sendo que, o grande marco na década de 80 foi a
promulgação da Constituição Federal de 1988, que dedicou em seu art. 225º que:
“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”. E a década de 90, que iniciou-se com o Brasil em destaque internacional
pela realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, denominada Rio-92 ou Eco-92, onde foi aprovado e respeitado o
conceito de desenvolvimento sustentável e as responsabilidades pela preservação
do meio ambiente.
A década de 90 ainda mereceu destaque na Lei 9.795/99, que estabeleceu a
educação ambiental nacional, compreendida no art. 1° como “os processos por meio
dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente”.
Ao fim do estudo, pôde-se observar que a legislação ambiental tem evoluído
nos últimos anos, no intuito de que novas concepções, questões e desafios atuais
sejam contemplados. As alterações nas avaliações e abordagens sobre os principais
marcos regulatórios ambientais ao longo do processo histórico brasileiro, permitiu
conduzir o reconhecimento quanto a utilização e adequação dos recursos naturais.
No entanto, mesmo que a evolução nos conceitos e pesquisas ambientais
continuem intensas nos dias de hoje, sua aplicação é falha, seja por ausência na
atuação política, conflitos normativos, falta de conscientização e participação
coletiva, ou ferramentas inadequadas, resultando-se ainda na permanência de
problemas ambientais como o exemplo do desmatamento.
Desta forma, conclui-se que é necessário aperfeiçoar as premissas técnicas,
com uma adequada formação dos profissionais da área ambiental e com atitudes
motivadoras, visando produzir uma base sólida para que os originadores das normas
possam representar cada vez mais as relações naturais na legislação de maneira
correta. E, com isso, produzir instrumentos mais eficazes para a gestão dos recursos
naturais, garantindo a sua preservação para esta e para as futuras gerações.

ARANTES, Marcia Regina Lopez. A legislação ambiental brasileira do império ao


terceiro milênio: premissas técnicas. Revista caminhos de geografia, v. 19, n. 66,
2018 p. 325–344. Uberlândia – MG.

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