Evolução Da Protecção Do Ambiente A Nível Mundial
Evolução Da Protecção Do Ambiente A Nível Mundial
Evolução Da Protecção Do Ambiente A Nível Mundial
Resumo: A Declaração de Estocolmo deixa claro que as questões ambientais são muito mais
profundas que o controle de poluição e desmatamento. Como base nessa conferencia de
Estocolmo estabeleceu-se a ideia geral de que as pessoas têm direito de viver em um ambiente
saudável que permita o desenvolvimento da geração presente e das futuras. daí que o presente
artigo tem como tema o estudo a Evolução da protecção do Ambiente a nível Mundial. Através
do método descritivo e da pesquisa bibliográfica e em outros documentos, objectiva-se analisar
como evoluiu a protecção do meio ambiente a nível internacional, humanos, analisando o
próprio sistema internacional, o direito internacional ambiental, Antecedentes À Conferência De
Estocolmo que levaram os sujeitos internacionais a deliberarem sobre o meio ambiente,
descrever as vicitudes históricas que levaram a criação de Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente em 1972 pela Assembleia Geral da ONU como um dos resultados da
Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente Humano.
Introdução
Com isso, observa-se que o Direito Internacional Ambiental surge com a pretensão de
estabelecer comportamentos para os Estados do Globo de modo eles devam respeitar,
não só os direitos relacionados ao homem propriamente dito, como também deverá
aqueles ligados à preservação do meio ambiente.
1
Licenciando em Direito na Universidade Rovuma
Deste modo na presente pesquisa objectivou-se a evolução da protecção do ambiente a
nível mundial, uma vez que é importante compreendermos o contexto histórico pelo
qual se desenvolveu a preocupação com o meio ambiente, neste ponto de referência o
Direito Internacional do meio ambiente é estruturado em duas premissas básicas: a) pela
inserção de um ambiente sadio no rol de direitos humanos; b) pela preocupação com o
desenvolvimento sustentável.
Antes da primeira revolução industrial, que ocorreu nos meados do século XIX, a
produção humana, ainda por ser predominantemente artesanal, não causava grande
impacto ambiental. Apenas com essa primeira revolução, que abriu espaço para
produção em série, exploração das primeiras reservas de carvão existentes e criou o
terreno para as revoluções subsequentes, começou-se a exercer fortes pressões ao
ambiente natural.3No entanto, é com a segunda revolução industrial que se consolidará
tal exploração ambiental.
2
CASTRO, Carlos Roberto Siqueira. A constituição aberta e os direitos fundamentais: ensaios
sobre o constitucionalismo pós-moderno e comunitário. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 698"
3
HOBSBAWN, Eric J. A Era do Capital. 11ª Ed, Rio de Janeiro, 2005, pags.81, 82, 243 a 250 –
trata a exploração tanto de carvão, como das imensas áreas de plantio
4
GUERRA, Sidney. Direito Internacional Ambiental: Breve Reflexão. Revista: Direitos
Fundamentais & Democracia
Entende que a preocupação do homem com a preservação do
meio ambiente começa a ocorrer aproximadamente na metade
do século XX quando observa o nível de efeitos gerados por ele
até aquele momento. Até então, a ideia uniformemente
difundida era de recursos naturais inacabáveis, que seriam
reproduzidos pelo meio indefinidamente.
A partir de então, o homem percebe que, para manter os níveis mínimos adequados
para manutenção da vida no planeta, era preciso que ele regulasse o modo como ele iria
se relacionar com a natureza. Antes desse momento crítico, as preocupações do homem
em relação ao meio natural ocorriam para assegurar um ou outro direito humano, como
a propriedade ou o modo de produção, por exemplo5.
Esse caso foi o primeiro litígio internacional a tratar de direito ambiental. Por conta
desse fato, ele é tido como referência no estudo de direito ambiental internacional,
ocorrendo vários outros casos similares à esse após o julgamento dele.
Segundo Fábio José 6, o conflito ocorreu entre os Estados Unidos e o Canadá no ano
de 1941. “Em uma região muito próxima a fronteira norte-americana, foi construída
uma fábrica de fundição (smelter) e, por não haver qualquer tratamento, os gases
emitidos por essa fábrica poluíam todas as regiões circunvizinhas”. Devido à constante
produção desses gases realizada pela fábrica, essa massa poluente não se dissipava
rapidamente, mantendo-se concentrada o bastante para atravessar a fronteira dos
Estados Unidos e causar danos à população de Washington.
O conflito foi resolvido por meio do dispositivo do Tribunal Arbitral e teve a sentença
favorável aos Estados Unidos. Assim, o Canadá foi considerado culpado, tendo que
pagar uma multa pelo dano causado à região, a sentença foi emitida no ano de 1941,
baseando-se nos termos do Tratado de Águas de Fronteira (Boundary Waters Treaty ou,
mais modernamente, podemos dizer Tratado de Águas Fronteiriças), de 1909.
Portanto, a partir de 1972, a rede de protecção dos direitos humanos criados pela
Declaração Universal de 1948 teve que se adaptar à nova concepção de direito humano
ao meio ambiente sadio e equilibrado. Neste ponto de referência o Direito Internacional
do meio ambiente é estruturado em duas premissas básicas: a) pela inserção de um
ambiente sadio no rol de direitos humanos; b) pela preocupação com o desenvolvimento
sustentável.
Essa conferência contou com a presença de 113 países e 250 organizações não-
governamentais e, apesar desses números, países relacionados com a União Soviética
(URSS) não estavam entre membros da conferência, foram produzidos 26 princípios e
um plano de acção com 109 recomendações aos Estados em relação ao modo
influenciar sobre o meio ambiente.
Na concepção de MILARÉ8 com Estocolmo, surgiu de igual modo a soft Law (lei
“branda”). As proposições e metas criadas nessa conferência, caso não fossem
alcançadas pelos países, não haveria qualquer sanção sobre eles, apresentando apenas
um carácter “aconselhatório”. É fácil compreender que o surgimento desse fenómeno
jurídico é ligado a incapacidade da conferência homogeneizar a vontade divergente dos
países em situações económicas diferentes. Assim, a soft law aparece como solução para
atrair os países a se comprometerem em melhorar sua forma de exploração do ambiente.
Dando origem ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (United
Nations Environment Programme – UNEP ou PNUMA)10 Estabelecido em 1972, o
PNUMA tem entre seus principais objectivos manter o estado do meio ambiente global
sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações sobre problemas e ameaças ao
meio ambiente e recomendar medidas para aumentar a qualidade de vida da população
sem comprometer os recursos e serviços ambientais das futuras gerações.”
8
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente – A gestão ambiental em foco. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 5ª Ed, 2007, p. 1126
9
REZEK, J. F. O Direito Internacional no Séc. XXI. São Paulo, Saraiva, 2002, p. 451 - 456
10
“O PNUMA, principal autoridade global em meio ambiente, é a agência do Sistema das
Nações Unidas (ONU) responsável por promover a conservação do meio ambiente e o uso
eficiente de recursos no contexto do desenvolvimento sustentável.
Na mesma linha de ideias Fábio José11 Em sua obra Guia da Ecologia:
Segundo MILARÉ (2007)12 O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
foi criado em 1972 pela Assembleia Geral da ONU como um dos resultados da
Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente Humano. Teve seu mandato ampliado
com o advento da Agenda 21, passando a ser responsável, junto com os Estados e
organismos da ONU, pela concretização dos objectivos da Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e pela Agenda 21. O Programa opera
a partir de sua sede em Nairobi.
11
. FELDMAN, Fábio José. Guia da Ecologia. São Paulo: Guias Abril, 1992
12
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente – A gestão ambiental em foco. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 5ª Ed, 2007, pags. 88 a 91
Segundo Hildebrando (2010)13 “Durante o período entre esta conferência e a
conferência de Estocolmo surgiram diversos tratados sobre meio ambiente na tentativa
de diminuir os efeitos gravosos da poluição”. Como por exemplo: a) o ocorrido com a
Guerra do Vietnã, onde os Estados Unidos, diante das diversas baixas ocorridas, resolve
utilizar uma arma nova, o agente laranja14; b) Outro fato marcando desse período foi a
ocorrência da explosão da fábrica Union Carbide em Bhopal no ano de 198415.
Essa fábrica era responsável por produzir pesticidas, a explosão de uma de suas áreas
acarretou na liberação de uma grande massa de gás que, em adição ao clima frio do
lugar; (HILDEBRANDO, 2010, p. 665); c) Um grande marco da história da
humanidade também ocorre nesse período, a usina de Chernobyl, na Ucrânia 16, tem um
acidente em seu quarto reactor, causando explosões, incêndios na usina e, o pior, a
liberação de componentes radioactivos na atmosfera.
Dentre esses actos preparatórios, deve-se falar do Relatório de Brundtland. Este foi
responsável apresentar proposta de políticas e programas de promoção do
desenvolvimento sustentável. Enquanto o Relatório de Founex, apenas apresenta essa
13
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 18ª
Ed., 2010.p. 665
14
Esse composto químico é a reunião de dois tipos de pesticidas diferentes que causa a
desfoliação das plantas que entram em contacto com ele. Além desses efeitos, por si só,
causarem grandes problema ao meio ambiente, quando entram no organismo humano, causam
os mais diversos tipos de problema, podendo levar ao óbito e a má formação dos bebés que
estiverem ainda em desenvolvimento uterino.
15
Não conseguiu se dissipar na atmosfera, caindo na forma de chuva ácida na região indiana.
Essa catástrofe causou a contaminação de uma larga área indiana, somando esse fato às
péssimas condições estruturais da cidade, ocorreu a contaminação de uma grande quantidade de
pessoas, levando uma grande quantidade de pessoas ao óbito.
16
Esse acidente é considerado o maior acidente nuclear já ocorrido na humanidade e seus efeitos
puderam ser sentidos por todo o Globo. Toda a região do acidente teve que ser interditada,
sendo proibida a habitação humana nessa região.
ideia; no de Brundtland, haverá a reiteração, a reafirmação desse modo de
desenvolvimento, consolidando essa forma de crescimento económico.
De acordo com MILARÉ (2007)17 Outro grande fruto da Rio 92 foi a Declaração dos
Princípios sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento que “a)consagra a filosofia da
protecção dos interesses das presentes e futuras gerações; b) ficam os princípios básicos
para uma política ambiental de abrangência global, em respeito aos postulados de um
Direito ao Desenvolvimento; [...] d) reconhecem o fato de a responsabilidade de os
países industrializados serem os principais causadores dos danos já ocorridos ao meio
ambiente”18.
17
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente – A gestão ambiental em foco. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 5ª Ed, 2007, pags. 88 a 91
18
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 18ª
Ed., 2010.p. 667
19
REZEK, J. F. O Direito Internacional no Séc. XXI. São Paulo, Saraiva, 2002, p. 451 - 456
Para MILARÉ (2007, p. 88) 20 Em sua obra Direito do Ambiente defende que:
Considerações Finais
Pode-se notar, assim, que, para o Direito Ambiental Internacional ganhar mais força e
mais respeito, ainda se faz preciso a mudança da consciência do homem, gerando uma
mudança global que será representa com acções mais eficazes dos Estados. Entretanto,
ainda falta muito para o homem alcançar um status satisfatório em relação ao tratamento
com o meio ambiente. Isso ocorre pelo Direito Ambiental Internacional ainda ser muito
ligado à política, como pode se observar no estudo daquelas conferências, pois, por
conta de um impasse entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, não se
conseguiu criar medidas que sancionasse os não cumpridores das metas estabelecidas.
20
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente – A gestão ambiental em foco. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 5ª Ed, 2007, pags. 88 a 91
certeza, serão boas fontes de inspiração para os próximos passos do desenvolvimento de
Direito.
Referencias Bibliográficas
Accioly, H. (2010), Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 18ª
Reale, M. (2001), Lições preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 25ª Ed, 2ª
tiragem;