A Real Mesa Censória

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A Real Mesa Censria

Relato da criao de um tribunal da Mesa Censria pelo conde de Oeiras, Sebastio Jos de
Carvalho e Melo. Com base na necessidade de impor limites circulao de idias, este
tribunal deveria permitir a diuso de obras consideradas !teis e proibir "uelas "ue
comprometessem a ordem vi#ente. $ idia de censura como al#o necess%rio manuteno da
ordem no Reino oi e&tremamente diundida durante o sculo '(' no )rasil.
Con*unto documental+ ,ivro com -. cap/tulos da administrao de Sebastio Jos de Carvalho
e Melo, Mar"u0s de 1ombal, Secret%rio de 2stado e -3 Ministro de 4. Jos, rei de 1ortu#al
5otao+ cdice --.6
4atas7limite+ -86.7-86.
9/tulo do undo+ 4iversos Cdices 7 S4:
Cdi#o do undo+ 51
$r#umento de pes"uisa+ censura
4ata do documento+ s.d.
,ocal+ ,isboa
;olha <s=+ tomo >, livro ? cap..@A ls. 8? a ?-
BO Conde de Oeiras [1] estabelece um 9ribunal Real de Censura
J% se viu no prospecto desta obra "ue a liberdade da imprensa [2] necess%ria para animar
as ci0ncias, e as $rtes, "ue a seu tempo do emulao ind!stria econCmica, "ue a base do
poder pol/ticoA porm necess%rio "ue esta liberdade tenha seus limites, sem o "ue ela
de#enera em desordem, "ue pode causar mais mal, do "ue aDer bem.
2ri#iu um Conselho Real com o nome de Mesa Censria [3] A 9ribunal Supremo "ue devia
permitir as Obras !teis, e proibir as "ue ossem peri#osas. 2ste Senado liter%rio era composto
de sete 4eputados ordin%rios, e deD e&traordin%rios. 2ntre estes devia sempre se achar um dos
Membros do Santo Ofcio [4] , nomeado todos os anos pelo Inqisidor !eral ["] . 1ode ser
"ue, para restabelecer o imprio das letras em 1ortu#al, no houvesse necessidade de um
conselheiro tirado deste 9ribunalA mas os iis 1ortu#ueses dedicados ao Santo O/cio,
*ul#ariam tudo perdido, se a arte de pensar, e escrever tivesse escapado sua *urisdio.
:% preocupaEes nacionais, "ue os ministros, "ual"uer poder "ue tenham, devem respeitar.
$lm disto era de presumir, "ue este conselho sendo composto de deDessete Membros mais
aclarados "ue este Censor, o Santo O/cio para o uturo no inluiria se no racamente nas
deliberaEes liter%rias.
O Ministro no se desaDia da (n"uisioA porm diminuiu7lhe a inlu0ncia. 5o se e&aminar%
a"ui se 1ortu#al est% mais aclarado depois deste estabelecimento. :% muitas veDes causas
particulares "ue impedem "ue uma nao aa pro#ressos nas $rtes liberais, e estas causas
procedem sempre do Foverno pol/tico.
Gm 2stado "ue no loresce "uanto o seu Comrcio deveria aD07lo lorescerA um 2stado cu*a
terra ornece, apenas, de "ue aDer subsistir seus habitantesA um 2stado "ue no tem seno
uma ind!stria raca, e lHn#uidaA em uma palavra, uma 5ao "ue subordinada a outra por
suas primeiras necessidades /sicas, no #oDar% nunca do primeiro papel na Rep!blica das
,etrasA o "ue prova "ue o 2stado moral tira a sua ori#em, assim como os seus princ/pios do
Foverno econCmico, e "ue uma Monar"uia no ser% ilsoa en"uanto no or econCmica.
Iuando #i$ %I& ['] animou as $rtes, Col(ert [)] lanou os undamentos da ind!stria pr%ticaA
o "ue eD ao mesmo tempo se vissem h%beis Manuatores, como #randes Fenerais+ assim as
outras $rtes ,iberais "ue tiram o seu recurso das mecHnicas.J
[1] 9rata7se de Sebastio Jos de Carvalho e Mello <-K667-8?.=, conde de Oeiras <-8L6= e
depois mar"u0s de 1ombal <-888=. 2stadista portu#u0s nascido em ,isboa, "ue se destacou
como principal ministro no #overno de d. Jos (. 5o cen%rio luso7brasileiro, oi o respons%vel
por uma srie de medidas importantes adotadas, dentre elas+ e&pulso dos *esu/tas de todo
reino portu#u0s <-8L6=A a transer0ncia da capital brasileira de Salvador para o Rio de Janeiro
<-8K>= e a reorma do ensino em "ue se destaca a da Gniversidade de Coimbra <-88.=.
[2] O termo imprensa sur#iu no sculo 'M, com a criao da prensa mvel por Johannes
Futtenber# <->6N7-@K?=, utiliDada para imprimir *ornais a partir do sculo 'M(((. 5o )rasil, a
imprensa oi criada pelo decreto de -> de maio -?N?, por ocasio da transmi#rao da corte
portu#uesa. $ (mpresso R#ia visou atender a necessidade de divul#ao da le#islao e atos
#overnamentais, sendo acultado, na aus0ncia destes, a impresso de obras variadas. 1ara
administrar o novo estabelecimento oi institu/da uma *unta diretora, composta por um oicial da
Secretaria de 2stado dos 5e#cios 2stran#eiros e da Fuerra e dois deputados da Mesa de
(nspeo do Rio de Janeiro e da )ahia. O Junta coube o e&ame dos papis e livros a serem
publicados at setembro de -?N?, "uando houve a nomeao dos primeiros censores r#ios. $
(mprensa R#ia monopoliDou a atividade tipo#r%ica no Rio de Janeiro at -?.-, "uando
comearam a sur#ir tipo#raias particulares.
[3] $ Real Mesa Censria oi criada em -8K?, durante as reormas pombalinas, com o ob*etivo
de iscaliDar em 1ortu#al e suas colCnias Ba estampa, a impresso, as oicinas, as vendas e
comrcios de livros e papisJ contr%rios moral, reli#io e ordem estabelecida. $lm de
analisar, censurar e penaliDar as obras indicadas, cabia7lhe tambm o papel de criar
instrumentos e mecanismos de controle "ue reconhecesse em todo o Reino, "uem possu/a
livros e os nomes dos mesmo. 2&tinta em -8?8, oi substitu/da pela Comisso Feral para o
2&ame e a Censura dos ,ivros durante o reinado de d. Maria (.
[4] O 9ribunal do Santo O/cio da (n"uisio tem sua ori#em no ano de --?@. Contudo, oi
institu/do em -.>- pelo 1apa Fre#rio (' atravs da bula 2&communicamus e conirmado por
um decreto dois anos depois. O Santo O/cio sistematiDou as leis e *urisprud0ncias acerca dos
crimes relativos eitiaria, blas0mia, usura e heresias. Os processos eram constitu/dos a
partir de den!ncias e conissEes, eitas muitas veDes por a"ueles temerosos em se tornarem
um Pautor de here#esP, isto , acobertar ou omentar as heresias. $s penas mais leves
poderiam ser do *e*um, multas, pe"uenas penit0ncias e at a priso. 5os casos considerados
mais #raves, os acusados eram entre#ues ao Pbrao secularP <autoridade civil=, o "ual
#eralmente aplicava a pena m%&ima da morte na o#ueira em um ato p!blico chamado, Pauto
de P, "uando nos casos e&tremos o here#e voluntariamente, ne#ava7se a pedir perdo ou a
retratar7se. (nstalado em 1ortu#al entre -L>K e -?.-, durante seu uncionamento atuou
tambm nas colCnias portu#uesas. 5o )rasil, o bispo da )ahia preenchia a uno (n"uisitorial
por dele#ao do Santo O/cio de ,isboa com todo o aparato burocr%tico da in"uisio, tendo
havido "uatro visitaEes do tribunal portu#u0s na )ahia <-L6-Q-L6> e -K-?=, em 1ernambuco
<-L6@7-L6L= e no 1ar% <-8K>7-8K6=.
[4] 2ra o presidente do 9ribunal de (n"uisio.
["] ,u/s '(M <-KL?7-8-L=, tambm conhecido como Brei solJ, reinou na ;rana no per/odo de
-K@> a -8-L. 4urante o seu reinado, destacaram7se as i#uras do cardeal MaDarino, "ue
esteve rente do poder at o ano de -KK-, e do seu ministro da ;aDenda Jean7)aptiste
Colbert. Com a morte do Cardeal, o monarca concentrou o poder em suas mos, rele#ando
aos seus ministros a tarea de e&ecutar as suas ordens. $ partir de ento, diri#iu pessoalmente
a administrao, controlando7a atravs de um alto conselho e de or#anismos do poder
e&ecutivo, ma&imiDando a e&presso do poder absoluto dos reis ao airmar Bo 2stado sou euJ.
,u/s '(M tambm buscou omentar a cultura na ;rana, lanando mo de um sistema de
mecenato "ue presti#iou a arte, a pintura e a ar"uitetura em especial. 2ntre os artistas "ue
inanciou estavam MoliRre e Jean Racine.
['] Jean7)aptiste Colbert <-K-67-K?>= 7 estadista ranc0s "ue inte#rou a administrao de ,u/s
'(M por recomendao do cardeal MaDarino. Como ministro da aDenda de ,u/s '(M oi o
respons%vel pela introduo das pr%ticas mercantilistas na ;rana, tambm chamadas de
colbertismo. 2ntre as suas iniciativas destacou7se o estimulo para a criao de novas
ind!strias, principalmente s voltadas para arti#os de lu&o, e para o desenvolvimento da
Marinha mercante, alm da criao da $cademia de Ci0ncias <-KKK=.

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