Este documento fornece uma introdução aos princípios físicos da ressonância magnética. Explica que a RM funciona interagindo com os prótons de hidrogênio no corpo humano em um forte campo magnético. Os prótons giram e precession quando no campo magnético, emitindo sinais de rádio que podem ser usados para gerar imagens anatômicas detalhadas. Também discute brevemente a história da RM e seu desenvolvimento como importante técnica de imagem médica.
Este documento fornece uma introdução aos princípios físicos da ressonância magnética. Explica que a RM funciona interagindo com os prótons de hidrogênio no corpo humano em um forte campo magnético. Os prótons giram e precession quando no campo magnético, emitindo sinais de rádio que podem ser usados para gerar imagens anatômicas detalhadas. Também discute brevemente a história da RM e seu desenvolvimento como importante técnica de imagem médica.
Este documento fornece uma introdução aos princípios físicos da ressonância magnética. Explica que a RM funciona interagindo com os prótons de hidrogênio no corpo humano em um forte campo magnético. Os prótons giram e precession quando no campo magnético, emitindo sinais de rádio que podem ser usados para gerar imagens anatômicas detalhadas. Também discute brevemente a história da RM e seu desenvolvimento como importante técnica de imagem médica.
Este documento fornece uma introdução aos princípios físicos da ressonância magnética. Explica que a RM funciona interagindo com os prótons de hidrogênio no corpo humano em um forte campo magnético. Os prótons giram e precession quando no campo magnético, emitindo sinais de rádio que podem ser usados para gerar imagens anatômicas detalhadas. Também discute brevemente a história da RM e seu desenvolvimento como importante técnica de imagem médica.
Baixe no formato PDF, TXT ou leia online no Scribd
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 123
1
Princpios Fsicos da Ressonncia Magntica
Alessandro A. Mazzola 1,2
!"#$%&'()%
A Ressonncia Magntica (RM) hoje um mtodo de diagnstico por imagem, estabelecido na prtica clnica, e em crescente desenvolvimento. Dada a alta capacidade de diferenciar tecidos e coletar informaes bioqumicas, o espectro de aplicaes se estende a todas as partes do corpo humano e explora aspectos anatmicos e funcionais.
A fsica da Ressonncia Magntica Nuclear (RMN) aplicada formao de imagens complexa e abrangente, uma vez que tpicos como eletromagnetismo, supercondutividade e processamento de sinais tm de ser abordados em conjunto para o entendimento deste mtodo. Esta reviso tem por objetivo explorar de forma introdutria e simplificada a fsica da imagem por ressonncia magntica e demonstrar equipamentos, mecanismos e aplicaes da RM, servindo como texto de apoio para o aprofundamento do assunto. +,-./0 &0 123
A imagem por ressonncia Magntica (IRM) , resumidamente, o resultado da interao do forte campo magntico produzido pelo equipamento com os prtons de hidrognio do tecido humano, criando uma condio para que possamos enviar um pulso de radiofrequncia e, aps, coletar a radiofrequncia modificada, atravs de uma bobina ou antena receptora. Este sinal codificado espacialmente por gradientes
1 PhyMED Consultores em Fsica Mdica e Radioproteo Av. Osvaldo Aranha, 1180/303 Porto Alegre, RS/Brasil 2 Unidade de Diagnstico por Imagem - Hospital Moinhos de Vento Rua Ramiro Barcelos, 910 - Porto Alegre, RS/Brasil [email protected] 2 de campo magntico coletado, processado e convertido numa imagem ou informao.
Apesar do fenmeno fsico da Ressonncia Magntica Nuclear ter sido descrito em 1946 por Block e Purcell em artigos independentes da Physics Review [1,0], as primeiras imagens do corpo humano s foram possveis cerca de trinta anos aps, com os trabalhos de diversos cientistas no mundo todo, mas especialmente de Paul Lauterbur e Sir Peter Mansfield. Este intervalo de tempo demonstra a complexidade deste mtodo e a necessidade de tecnologias aparentemente to distintas tais como os supercondutores e o processamento de sinais serem usados para formar a imagem. Em nenhum outro mtodo de imagem, os conceitos fsicos esto to atrelados rotina de realizao de exames e operao do equipamento que em RM. Desta forma, a necessidade de entender os conceitos primordial para a execuo com qualidade dos exames e o benefcio que este trar para o diagnstico de importantes patologias.
RMN
As propriedades de ressonncia magntica tem origem na interao entre um tomo em um campo magntico externo. De forma mais precisa, um fenmeno em que partculas, contendo momento angular e momento magntico, exibem um movimento de precesso quando esto sob ao de um campo magntico. Os principais tomos que compem o tecido humano so: hidrognio, oxignio, carbono, fsforo, clcio, flor, sdio, potssio e nitrognio. Estes tomos, exceto o hidrognio (1H), possuem no ncleo atmico prtons e nutrons. 3
Figura 1. tomo de hidrognio. O ncleo composto somente pelo prton.
Apesar de outros ncleos possurem propriedades que permitem que sejam utilizados para imagem por ressonncia magntica, o hidrognio o escolhido por trs motivos bsicos: 1) o mais abundante no corpo humano: cerca de 10% do peso corporal se deve ao hidrognio [0]; 2) As caractersticas de RMN se diferem bastante entre o hidrognio presente no tecido normal e no tecido patolgico; 3) O prton do hidrognio possui o maior momento magntico e, portanto, a maior sensibilidade a RMN, como veremos a seguir;
Spin e o Momento Magntico
O tomo de hidrognio, o mais simples da tabela peridica, possui como ncleo o prton. Os prtons so partculas carregadas positivamente e que possuem uma propriedade chamada de spin ou momento angular. Como o objetivo ter uma viso simplificada e introdutria da fsica relacionada a IRM, vamos admitir que o spin represente o movimento de giro do prton em torno de seu prprio eixo, da mesma forma que um pequeno pio. Para o prton de hidrognio, o spin (I) pode ser +1/2 ou -1/2, o que na nossa analogia clssica pode representar o prtons girando para um lado ou para o outro.
4 Juntamente com o spin o prton de hidrognio possui outra propriedade chamada de momento magntico, que faz com que o mesmo se comporte como um pequeno im ou um pequeno magneto. Esta analogia valida se visualizarmos o prton como uma pequena esfera carregada (carga positiva) e girando em torno de seu prprio eixo (spin). Como para toda partcula carregada em movimento acelerado surge um campo magntico associado, o prton de hidrognio se comporta como um pequeno magneto, ou um dipolo magntico. Podemos utilizar um vetor para descrever cada dipolo magntico, ou cada prton, como mostra a Figura 1.
Figura 2. O prton de hidrognio pode ser visto como uma pequena esfera (1) que possui um movimento de giro (spin) em torno do seu prprio eixo (2). Por ser uma partcula carregada positivamente (3) ir gerar um campo magntico prprio ao seu redor (4) se comportando como um pequeno dipolo magntico (4) ou como um im (5) com um momento magntico (!) associado.
E o que acontece quando um prton de hidrognio ou um conjunto de prtons de hidrognio colocado sob ao de um campo magntico externo? Ou seja, o que ocorre com os prtons do corpo do paciente quando o mesmo posicionado dentro do magneto? Para responder a esta pergunta importante entendermos que na temperatura mdia de 36,5C do corpo humano e sob ao do fraco campo magntico terrestre de 0,3 Gauss (ou 3x10 -5 tesla, uma vez que o fator de converso de 1T = 10.000 G) os momentos magnticos no possuem uma orientao espacial definida, se distribuindo de forma randmica. Esta distribuio aleatria faz com que a magnetizao resultante de um volume de tecido seja igual a zero.
Quando o paciente posicionado no interior do magneto e fica sob ao de um campo magntico de, por exemplo, 1,5 T, os prtons de hidrognio iro se orientar de acordo com a direo do campo aplicado, como se fossem pequenas bssolas, porm, ao contrrio das bssolas que apontariam seu norte marcado na agulha para 5 o sul Magntico, os prtons de hidrognio apontam paralelamente ao campo e antiparalelamente. As duas orientaes representam dois nveis de energia que o prton pode ocupar: o nvel de baixa energia (alinhamento paralelo) e o nvel de maior energia (alinhamento antiparalelo), como mostra a Figura 2. No modelo quntico um dipolo nuclear somente pode ter 2I+1 orientaes com o campo, correspondendo a 2I+1 nveis de energia. O prton de hidrognio (I=1/2) possuem duas possveis orientaes, que correspondem aos nveis de baixa e alta energia.
Figura 3. Prtons de hidrognio sob a ao do campo magntico externo aplicado. Os prtons se distribuem em dois nveis de energia, sendo que um pequeno nmero maior de prtons se alinha paralelamente. A distribuio dos spins nos dois nveis regida pela distribuio de Boltzmann: ! N P N AP = e " E kT (1)
Em que N P o nmero de spins alinhados paralelamente, N AP o nmero de spins alinhados antiparalelamente, k a constante de Boltzmann (k=1,3805x10 -23
joules/kelvin) e T a temperatura absoluta em kelvin. Para um campo de magntico de 1,5 T e na temperatura mdia do tecido humano, a diferena entre os spins que ocupam o estado de menor energia e o de maior energia de aproximadamente 5 para 1 milho. Do ponto de vista prtico somente com estes 5 spins resultantes com que poderemos trabalhar para produzir sinal detectvel na bobina.
6 Movimento de Precesso e Equao de Larmor
Na tentativa de alinhamento com o campo e por possuir o movimento de giro (spin), surge um segundo movimento chamado de precesso. A analogia com um pio de brinquedo sob a ao do campo gravitacional valida para entendermos este movimento. Sob a ao de um campo magntico, os prtons de hidrognio iro precessar a uma frequncia ! determinada pela equao de Larmor:
! " = # B 0 (2)
Onde " a razo giromagntica e B 0 o valor do campo magntico externo aplicado. Para o hidrognio, a razo giromagntica de 42,58 MHz/T. Portanto, se considerarmos uma campo de 1,5T, a frequncia de precesso ser de 63,87 MHz. Uma regra importante a ser sempre lembrada qualquer alterao no valor do campo magntico ir alterar a frequncia de precesso.
Magnetizao do Tecido
Como nas imagens a menor unidade ser o voxel, e este da ordem de 1,0 mm 3 ou mais, o efeito combinado dos prtons de hidrognio que ir nos interessar. A magnetizao resultante em cada voxel o resultado da soma vetorial de todos os spins que resultaram do cancelamento mtuo. No equilbrio, a magnetizao resultante possui somente a componente horizontal (ao longo de B 0 ). fundamental que neste momento faamos a localizao espacial do vetor magnetizao.
Coordenadas no Espao (x,y e z): Eixo Longitudinal e Plano Transversal
A Figura 4 mostra os eixos de coordenadas (x, y e z) e o vetor que representa o momento magntico de um prton de hidrognio realizando o movimento de precesso em torno do eixo z, assim como as mesmas coordenadas num tpico magneto supercondutor. O eixo z, ou longitudinal, representa a direo de aplicao do campo magntico principal (B 0 ). O plano xy chamado de plano transversal. 7
Figura 4. Eixos de coordenadas usados em IRM e o vetor momento magntico () associado ao prton de hidrognio. Utilizando o mesmo sistema de coordenadas, podemos imaginar um elemento de volume de tecido (voxel) contendo 11 spins, como mostra a Figura 5. Os spins iro se alinhar paralelamente (7 spins) e antiparalelamente (4 spins). Realizando o cancelamento mtuo do vetor momento magntico dos que esto para cima com os que esto para baixo (7-4 = 3 spins), uma componente de magnetizao resultante M 0 ir surgir alinhada ao eixo longitudinal.
Figura 5. Direita: spins alinhados paralelamente e antiparalelamente ao campo magntico externo aplicado (eixo z) realizando movimento de precesso. Vetor magnetizao resultante (M 0 ) de um elemento de volume do tecido.
Apesar de todos os momentos magnticos individuais precessarem em torno de B 0 a uma frequncia angular igual a !, no existe coerncia de fase entre eles e, portanto, no ir existir componente de magnetizao no plano transversal. Uma bobina posicionada de forma perpendicular ao plano transversal no ir detectar nenhum sinal, pois no ocorrer alterao no fluxo magntico.
8 Aplicao do Campo de Radiofrequncia (B 1 )
Para que uma corrente eltrica seja induzida em uma bobina posicionada de forma perpendicular ao plano transversal necessrio que o vetor magnetizao como um todo, ou parte dele, esteja no plano transversal e que possua coerncia de fase. Se todos os momentos magnticos individuais forem desviados em 90 para o plano transversal e todos estiverem precessando na mesma posio (mesma fase), teremos o mximo de sinal induzido nesta bobina. Para reorientar o vetor magnetizao, um segundo campo magntico de curta durao (pulso) tem que ser aplicado. Este campo B 1 (pulso de radiofrequncia) deve ser perpendicular a B 0 e deve estar em fase com a frequncia de precesso. O efeito no vetor M o de afast-lo, por um dado ngulo de desvio (!), do alinhamento com o B 0 . Um dos pulsos de RF mais utilizados o que ir resultar em um ngulo de desvio de 90, transferindo assim todo o vetor M para o plano transversal. Pulsos de 180 tambm so utilizados e so chamados de pulsos de inverso (Figura 6). A emisso deste pulso de RF normalmente feito pela chamada bobina de corpo e a deteco do sinal feita por uma bobina local, como a bobina de crnio.
Figura 6. Pulsos de RF e sua nomenclatura. O pulso de 90 chamado de pulso de excitao, o de 180 de pulso de inverso e o pulso # pode assumir qualquer valor.
Em resumo, a aplicao do pulso de RF causa dois efeitos: - Transfere energia para o vetor magnetizao, desviando-o do alinhamento ou quando for de 90, jogando-o para o plano transversal; 9 - Faz com que os ncleos precessem, momentaneamente em fase no plano transversal
Sinal de Induo Livre (SIL)
Com aplicao de um pulso de RF de 90, por exemplo, a magnetizao jogada no plano transversal e passa a induzir uma tenso eltrica na bobina de frequncia ! (sinal de RMN). Quando encerra a aplicao do pulso de RF, o sinal gradualmente decai como resultado do processo de relaxao ou de retorno do vetor magnetizao para o equilbrio, ou seja, para o alinhamento com o campo B 0 . O formato do sinal induzido (ou sinal de induo livre SIL) o de uma onda sendo amortecida, como mostra a Figura 7.
Figura 7. Sinal de Induo Livre (SIL) gerado pelo retorno da magnetizao para o alinhamento aps a aplicao de um pulso de RF de 90.
Processos de Relaxao: Longitudinal e Transversal
A relaxao dos spins que gera o sinal de induo livre (SIL) causada pelas trocas de energia entre spins e entre spins e sua vizinhana (rede). Estas interaes so chamadas de relaxao spin-spin e spin-rede e juntas fazem com que o vetor M retorne ao seu estado de equilbrio (paralelo a B 0 ). Duas constantes de tempo foram criadas para caracterizar cada um destes processos: T1 e T2. A constante T1 est 10 relacionada ao tempo de retorno da magnetizao para o eixo longitudinal e influenciada pela interao dos spins com a rede. A constante T2 faz referncia a reduo da magnetizao no plano transversal e influenciada pela interao spin- spin (dipolo-dipolo).
Figura 8. Retorno do vetor magnetizao ao equilbrio aps a aplicao de um pulso de RF de 90.
A Figura 8 mostra, passo-a-passo, o retorno do vetor magnetizao ao equilbrio aps a aplicao de um pulso de RF de 90. Em amarelo so mostrados os momentos magnticos individuais. possvel perceber que estes vo se defasando e com isso ocorre uma reduo rpida na componente de magnetizao ainda presente no plano transversal.
Retorno da Magnetizao Longitudinal T1
A equao que descreve o retorno da magnetizao para o eixo longitudinal, mostrada no grfico da Figura 9 :
! M z = M L = M 0 " (1#e # t T1 ) (3)
11
Figura 9. Retorno da magnetizao longitudinal (Mz) ao alinhamento. O tempo T1 caracteriza este retorno.
O tempo necessrio para a magnetizao longitudinal recuperar 63% do seu valor inicial chamado de tempo 1 ou simplesmente T1.
Decaimento da Magnetizao Transversal Tempo T2
A equao que descreve o decaimento da magnetizao no plano transversal, como mostra no grfico da Figura 10 : ! M xy = M T = M 0 " e # t T 2 (4)
Figura 10. Decaimento da magnetizao transversal.
O tempo necessrio que a magnetizao no plano transversal atinja 37% do seu valor inicial chamado de T2.
12
Constante de Tempo T2 versus T2*
Variaes locais do campo magntico principal (B 0 ) causam defasagem dos momentos magnticos, aumentando ainda mais a relaxao no plano transversal e acelerando o decaimento do sinal de induo livre. conveniente definir outra constante de tempo, chamada T2* (T2 estrela): ! 1 T2* = 1 T2 + 1 T2 inomog. (5)
Onde, T2 inomog. descreve o decaimento adicional no sinal devido inomogeneidade do campo.
Estas inomogeneidades podem ter origem nas prprias diferenas de composio dos tecidos do corpo, como tambm em imperfeies na fabricao e ajustes do magneto. A ressonncia magntica funcional ir explorar as alteraes no tempo T2*, como veremos mais adiante. A Tabela 1 apresenta tempos de relaxao T1 e T2 para diversos tecidos 1,5T [0]. Os valores devem servir apenas como referncia, pois uma medida quantitativa dos tempos de relaxao pode resultar em valores bastante diferentes. possvel perceber que estas diferenas nos tempos de relaxao podero ser usadas para gerar contraste entre os tecidos nas imagens (Figura 11) e que esta uma vantagem da RM sobre os demais mtodos de diagnstico. Tabela 1. Tempos de relaxao T1 e T2 aproximados para diversos tecidos do corpo humano a 1,5T. Tecido T1 (ms) T2 (ms) Substncia Branca 790 90 Substncia Cinzenta 920 100 Lquido Cefalorraquidiano (Lquor) 4000 2000 Sangue (Arterial) 1200 50 Parnquima Heptico 490 40 Miocrdio 870 60 Msculo 870 50 Lipdios (Gordura) 250 80 13
Figura 11. Imagem turbo spin eco ponderada em T2, mostrando na imagem ampliada a resoluo de contraste obtida devido s diferenas nos tempos T2 entre os tecidos envolvidos.
Ecos de Spins ou Spin Eco
At aqui tratamos do fenmeno da ressonncia magntica nuclear e da observao do SIL, assim como entendemos que existem constantes de relaxao (T1 e T2) que possibilitam diferenciar tecidos. Um aspecto fundamental para a coleta do sinal que ir gerar a imagem de ressonncia magntica o fenmeno de formao de ecos. Este fenmeno foi observado e descrito por Hahn[5] em 1950 e a base para estudarmos sequncias de pulso.
Hahn descreveu que, se excitarmos os prtons com um pulso de RF inicial e, aps um determinado tempo t enviarmos um segundo pulso, observaremos que, alm do surgimento de sinal na bobina aps o primeiro pulso (SIL), tambm haver o surgimento de um segundo sinal. Este segundo sinal um eco do primeiro e aparece na bobina num tempo igual a 2t. importante ressaltarmos que o surgimento do eco um processo natural e ocorre devido refasagem dos momento magnticos induzida pelo segundo pulso de RF. Podemos controlar o momento em 14 que o eco ir surgir atravs dos tempos e de aplicao dos pulsos, porm a defasagem e refasagem sero dependentes dos tipos de tecido em questo. Mais tarde abordaremos a sequncia de pulso gradiente eco, na qual poderemos manipular tambm a defasagem e a refasagem.
Sequncias de Pulso Spin Eco ou Eco de Spins A sequncia de pulso Spin Eco se caracteriza pela aplicao de um pulso inicial de RF de 90, seguido de um pulso de RF de 180. Como j descrito anteriormente, o intervalo de tempo t entre a aplicao destes dois pulsos ir determinar o surgimento do eco em 2t. Chamaremos de tempo de eco (TE) o intervalo de tempo entre a aplicao do pulso inicial de RF de 90 e o pico do eco (Figura 12).
Figura 12. Sequncia de Pulso Spin Eco. Pulso de 90 e aplicao no tempo (TE/2) do pulso de RF de 180.O tempo entre sucessivos pulsos de RF de 90 chamado de TR, ou tempo de repetio.
Enquanto o TE determina o quanto de relaxao no plano longitudinal estar presente no eco, o TR estabelece o quanto de magnetizao longitudinal se recuperou entre sucessivos pulsos de 90. O pulso de RF de 180 permite formar o eco, pois ir refasar os spins, gerando assim novamente sinal na bobina (eco).
+%$40()% &0 !40564 Codificao do Sinal
A RMN s pde se tornar til como mtodo de obteno de imagens do corpo humano com o desenvolvimento da codificao espacial do sinal atravs do uso de 15 gradientes de campo magntico. Em 1973, Paul Lauterbur [6] props o uso de gradientes de campo magntico, permitindo assim a codificao espacial do sinal. Lauterbur mostrou que, adicionando gradientes de campos magnticos lineares e obtendo uma srie de projees da distribuio de sinal, ele poderia reconstruir uma imagem atravs da mesma retroprojeo filtrada usada por Hounsfield para obteno de imagens de tomografia computadorizada por raios-X [0]. O mtodo foi aprimorado por muito outros pesquisadores, incluindo Peter Mansfield, o qual props tambm a sequncia de pulso eco planar (EPI) que ser tratada mais adiante [8].
Gradientes de Campo Magntico
At aqui consideramos que o campo magntico produzido pelo magneto possu um valor nico e uniforme. Desta forma, se todo um volume de tecido, como o crebro, for posicionado neste campo e um pulso de RF for enviado com valor de frequncia exatamente igual a frequncia de precesso dos prtons de hidrognio, todo o volume ser excitado. Os prtons de hidrognio do volume como um todo recebero energia do pulso de RF e retornaro sinal para a bobina. Este sinal contm informao de todo o tecido cerebral, mas no possibilita que saibamos de que parte do crebro ele provem.
Como o objetivo mapear uma imagem bidimensional (2D), preciso estabelecer um mtodo que possibilite a seleo de um corte do corpo e, dentro deste corte, possamos ter uma matriz de pontos organizada em linhas e colunas. Para cada elemento desta matriz (pixel) deve ser obtido o valor de intensidade de sinal, para que atravs de uma escala de tons de cinza ou cores possamos visualizar a imagem final.
Com a introduo dos chamados gradientes de campo magntico, poderemos variar linearmente, em uma dada direo, a intensidade do campo magntico, como mostra a equao abaixo: ! B z (z) = B 0 + z.G z (6)
16 Em que G z a intensidade do gradiente aplicado (mT/m) na direo z e B z (z) ser o novo valor de campo magntico numa dada posio z. O novo campo criado localmente com o acionamento do gradiente ir fazer com que a frequncia de precesso mude, ou seja, cada posio do tecido na direo de aplicao do gradiente precessa em uma frequncia diferente. A Figura 13 exemplifica o acionamento do gradiente. A frequncia poder ser usada agora para localizar espacialmente o sinal.
Figura 13. Efeito de aplicao de um gradiente de campo magntico na direo do eixo z com amplitude de 45 mT/m. As alteraes na frequncia de precesso dentro do volume de interesse se modificam de acordo com a posio ao longo do eixo z.
O acionamento de um gradiente de campo tambm altera a fase dos spins. Esta alterao proporcional ao tempo em que o gradiente fica ligado e amplitude do gradiente. Juntas, fase e frequncia podero fornecer informaes espaciais do sinal, como veremos a seguir.
Seleo de Corte, Codificao de Fase e Codificao de Frequncia So necessrias trs etapas para a codificao do sinal de forma a obter uma imagem de RM: seleo de corte, codificao de fase e codificao de frequncia. Cada etapa representa o acionamento de gradientes em uma dada direo. Se o 17 gradiente de seleo de corte for acionado na direo z, cada posio ao longo do eixo da mesa ir precessar com uma valor diferente de frequncia. Se este gradiente permanecer ligado, podemos enviar um pulso de RF com frequncia central de precesso igual a da regio que queremos excitar. Dividimos assim o paciente em cortes axiais. Os outros dois gradientes (codificao de fase e frequncia) sero acionados nos eixos que restaram (x e y ou y e x).
Quando o gradiente de codificao de fase acionado alteramos a fase dos spins de forma proporcional a sua localizao. Assim, um dos eixos do corte fica mapeado com a fase. necessrio acionar n vezes o gradiente de codificao de fase. Cada vez que acionado, altera-se a amplitude do gradiente. No momento da leitura do sinal o gradiente de codificao de frequncia acionado na direo restante. Desta forma, o segundo eixo do corte ficar mapeado em frequncia. O gradiente de codificao de frequncia tambm chamado de gradiente de leitura.
Podemos agora adicionar ao nosso esquema da sequncia de pulso, as etapas de codificao do sinal, como mostra a Figura 14.
Figura 14. Diagrama simplificado da sequncia de pulso Spin Eco mostrando o acionamento dos gradientes de seleo de corte (GSC), codificao de fase (GCF) e codificao de frequncia ou de leitura (GL). Sempre que um pulso de RF transmitido (RF t ) ocorre o acionamento de um gradiente de seleo de corte.
18 Domnio do Tempo VS Domnio de Frequncias Fourier
O sinal coletado de cada corte est mapeado em fase e frequncia. Ou seja, um sinal que varia no tempo, contendo diversas fases e diversas frequncias carrega informao sobre todo o tecido contido no corte. Por volta de 1807, o matemtico francs Jean Baptiste Joseph Fourier, desenvolveu ferramentas analticas para decompor uma funo contnua em suas componentes oscilatrias e amplitudes, este processo hoje conhecido como transformada de Fourier. Uma verso desta metodologia usada atualmente para determinar as amplitudes e frequncias (e, portanto, as posies) encontradas no sinal de RM (eco) coletado pelas bobinas.
Somente depois de coletar 64, 128, 256 ou mais ecos e armazen-los no chamado espao K que aplicaremos a transformada de fourier (TF) para passar do domnio do tempo para o domnio de frequncias, obtendo a imagem de RM. Uma descrio completa deste processo apresentada por autores como Bracewell [0] e Gallagher[0]. Abordaremos a seguir o conceito de espao K de forma mais simples e sua importncia prtica. 7-80(% 9
O espao k no um local fsico no equipamento de RM. um conceito abstrato que auxilia no entendimento de sequncias de pulso modernas e metodologias de aquisio. til visualizarmos o espao k como uma matriz. Cada linha desta matriz ser preenchida com um eco coletado na sequencia de pulso. Podemos visualizar o espao k na forma de uma matriz de tons de cinza. Cada ponto nesta matriz corresponde a uma intensidade de sinal (tom de cinza) e a uma posio no tempo e representa a amplitude do sinal recebido pela bobina naquele dado instante. Os eixos de coordenadas (x e y ou k y e k x ) deste espao so, respectivamente, o gradiente de codificao de frequncia e o gradiente de codificao de fase, como mostra a Figura 15.
19
Figura 15. Espao K e a imagem de RM correspondente aps a aplicao da transformada de fourier bidimensional (TF 2D).
O preenchimento linha-a-linha do espao k ir ocorrer na medida em que o gradiente de codificao de fase na sequncia de pulso variar sua amplitude. O nmero de codificaes de fase pode, por exemplo, ser de 256, o que resulta no acionamento de 256 amplitudes diferentes para o gradiente de codificao de fase. Esta amplitude pode iniciar com o uso de um gradiente negativo com mxima amplitude, reduzindo gradativamente sua amplitude at zero e, a partir da, acionando um gradiente positivo at atingir novamente a amplitude mxima, mas na direo contrria. Cada linha do espao k ser preenchida com um eco que foi codificado por uma amplitude diferente do gradiente de fase.
Uma caracterstica importante do preenchimento do espao k, descrito acima, que os extremos do espao k sero preenchidos com sinal de baixa amplitude, pois o prprio acionamento do gradiente causa maior defasagem e reduo do sinal. J as linhas centrais do espao k contero sinal de maior amplitude, o que na imagem de RM resultar em contraste (preto e branco).
Caractersticas do Espao k
Algumas caractersticas do espao k so importantes para entendermos melhor a imagem resultante. 1) No existe correspondncia entre um ponto do espao k e um ponto da imagem de RM. Em cada ponto do espao k existe informao de todo o 20 corte. Se por exemplo um pequeno artefato de entrada de RF na sala de exames ocorrer em um dado instante durante a sequncia de pulso, a presena deste artefato bem localizado no tempo poder gerar um artefato que se propagar para toda a imagem de RM; 2) Quanto maior o nmero de linhas do espao k, maior a quantidade de sinal coletado, porm maior o tempo necessrio. Se em uma sequncia de pulso Spin Eco cada linha do espao k preenchida a cada tempo de repetio (TR), o tempo total para adquirir uma ou mais imagens ser diretamente proporcional ao nmero de linhas do espao k; 3) As linhas centrais do espao k esto diretamente relacionadas ao contraste na imagem de RM e a periferia resoluo espacial; 4) Uma imagem de RM pode ser formada por mais que um espao k. A escolha do nmero de espaos k que iro ser utilizados para gerar uma imagem um parmetro controlado pelo operador e costuma ser chamado de nmero de aquisies ou nmero de excitaes (NEX). Passar de um para dois espaos k faz com que o tempo total de aquisio dobre, com o benefcio de melhorar em cerca de 40% a relao sinal-rudo na imagem.
Formas de preenchimento
Cada sequncia de pulso pode se utilizar de uma estratgia para o preenchimento do espao k [0,0]. A Figura 16 mostra um esquema representativo de algumas destas formas.
21
Figura 16. Esquema representativo das formas de preenchimento do espao k. A diferena entre a forma cartesiana (a) e a cntrica (c) que ao invs de iniciar o preenchimento por um dos extremos do espao k o mtodo cntrico inicia pela parte central.
O preenchimento de um espao k completo para formar uma imagem, significa como parmetro de aquisio que usamos 1 NEX (NEX = Nmero de Excitaes). Para algumas aquisies importante adquirir mais de um espao k para formar uma imagem, ou seja, deve ser alterado o parmetro de NEX de 1 para 2, 3 ou mais. A mudana de NEX=1 para NEX=2 implica em um tempo de aquisio duas vezes maior. Por outro lado, o aumento na relao entre o sinal e o rudo (chamada Razo Sinal-Rudo ou RSR) se dar pela raiz quadrada do aumento ou, os seja, neste caso "2 ou 1,41. Assim, uma mudana de NEX=1 para NEX=2 (dobro) ir resultar no dobro de tempo e 40% mais RSR.
:6;'<"/.0- &6 ='>-%
Duas grandes famlias de sequncias de pulso so usadas para formar imagens de RM: Spin Eco (SE) e Gradiente Eco (GRE). A partir destas duas famlias se originam uma diversidade de sequncias de pulso que sero criadas, modificadas e aperfeioadas para atender necessidades especficas de cada regio do corpo e 22 patologia. A Figura 17 apresenta um exemplo das sequencias de pulso e imagens usadas para o exame do encfalo.
Figura 17. Exemplo de sequncias de pulso e tipos de imagens e ponderaes obtidas na rotina de neurorradiologia.
Spin Eco (SE) ou Ecos de Spin
A sequncia de pulso Spin Eco (SE) ou Eco de Spin se caracteriza pela aplicao de um pulso inicial de RF de 90, seguido de um pulso de RF de 180 e a coleta de um eco (Figura 14). Uma linha do espao K preenchida a cada tempo de repetio (TR). A ponderao na imagem controlada pelo TR e pelo TE. Os tempos tpicos de TR e TE, assim como, sua respectiva ponderao na imagem so apresentados no quadro abaixo da Figura 18.
23 Tempo de Repetio (TR) Tempo de Eco (TE) Ponderao TR Curto (< 500 ms) TE Curto (5 a 25 ms) T1 TR Longo (> 1500 ms) TE Longo (> 90 ms) T2 TR Longo (> 1500 ms) TE Curto (5 a 25 ms) DP
Figura 18. Quadro da ponderao da imagem em sequncias SE.
As escolhas do TR e do TE pelo operador do equipamento determina o adequado contraste na imagem. Uma alterao incorreta poder resultar na perda das diferenas que existem entre os tecidos (exemplo, entre a substncia branca e a substncia cinzenta cerebral) ou mesmo ocultar leses.
Figura 19. Imagem SE ponderada em T1 onde foi utilizado TR curto (500 ms) e TE curso (9 ms).
A Figura 20 exemplifica o aspecto na imagem para a combinao de alguns valores de TR e TE. 24
Figura 20. Imagens Spin Eco (SE) adquiridas com vrias combinaes de TR e TE para exemplificar as ponderaes na imagem (T1 e T2) assim como imagens que no servem para o diagnstico.
Spin Eco Multieco
Uma variao da SE convencional a multieco, onde, dentro de um mesmo TR, so selecionados dois tempos de eco diferentes. O primeiro TE curto e o segundo TE longo. Aps cada um dos pulsos de RF de 180 serem aplicados, surgir um eco. Cada eco, em cada TE, armazenado em um espao k diferente. As imagens de RM resultantes de cada um destes espaos k tero uma ponderao diferente. Est tcnica usada para obtermos, dentro do mesmo TR, uma imagem ponderada em T2 e uma imagem ponderada na densidade de prtons (DP). 25
Figura 21. Imagem ponderada em T2 e DP obtida com sequncia de pulso SE Multieco.
Tempo de Aquisio
O tempo de aquisio de uma imagem de RM pode ser calculado pela seguinte frmula:
! Tempo Imagem = TR" NCF " NEX (7)
Em que, TR o tempo de repetio (em segundos), NCF o nmero de codificaes de fase e NEX o nmero de excitaes ou nmero de espaos k coletados. Considerando os parmetros de uma tpica aquisio ponderada em T1 (TR = 500ms, 256 codificaes de fase e NEX = 1), o tempo de aquisio ser de 128 segundos ou cerca de 2 minutos. J para uma aquisio ponderada em T2 com TR igual a 2500ms, 256 codificaes de fase e NEX igual a 1, o tempo total de aquisio passa a ser de 640 segundos ou quase 11 minutos. Desta forma, para obtermos ponderao T2 em tempo adequados, ou mesmo para aquisies mais rpidas com ponderao T1, foi desenvolvida no meio da dcada de 80 a sequncia de pulso RARE[11] (do ingls, Rapid Acquisition with Relaxation Enhancement) que se popularizou como Turbo Spin Eco (TSE), Fast Spin Eco (FSE) ou Spin Eco Rpida.
26 Turbo ou Fast Spin Eco (TSE ou FSE) ou Spin Eco Rpida
A sequncia de pulso turbo spin eco (TSE) utiliza mltiplos pulsos de RF de 180, combinados a mltiplas codificaes de fase, dentro de um mesmo TR. Desta forma um trem de ecos pode ser gerado. Cada eco ir preencher uma linha diferente do espao k, reduzindo assim o tempo total de aquisio. O nmero de pulso de RF de 180 a ser empregado chamado de fator turbo ou tamanho do trem de ecos. A reduo no tempo total de aquisio proporcional ao fator turbo, como mostra a equao abaixo: ! Tempo Imagem = TR" NCF " NEX Fator Turbo (8)
Seria excelente que pudssemos usar um fator turbo to alto a ponto de reduzir qualquer aquisio a no mais que alguns segundos. O eco coletado a cada pulso de 180 diminui em amplitude de acordo com o tempo T2 do tecido, ou seja, cada sinal coletado vai ficando menor a medida que aplicamos mais pulsos de refocalizao, at o ponto que estaremos coletando um sinal comparvel ao rudo. Outra observao sobre as sequncias de pulso TSE o chamado TE efetivo (TE ef ). Como uma srie de ecos sero gerados dentro de um mesmo TR, o conceito de TE nos remete a concluso que esta tcnica possuir mltiplos tempos de eco. Entretanto o TE que ir afetar de forma mais significativa a ponderao na imagem o TE responsvel pelo eco que far o preenchimento da linha central do espao K. A este TE dado o nome de TE efetivo (TE ef ).
A aquisio de uma imagem TSE ponderada em T2 com os mesmos parmetros do exemplo usado em spin eco, exceto pelo uso de um fator turbo igual a 4, resultaria agora em um tempo de aquisio em cerca de 3 minutos, o qual razovel para a rotina de exames de um hospital ou clnica.
Spin Eco Rpida em nica Tomada (SSFSE, SSTSE ou HASTE)
uma sequncia de pulso rpida que se caracteriza por preencher parcialmente o espao k com ecos produzidos por mltiplos pulsos de 180 aplicados dentro de um 27 nico tempo de repetio (1 TR). necessrio adquirir um pouco mais da metade do espao k (4/8 + 5%). O restante do espao k preenchido com zeros, o que mantm a resoluo espacial, mas reduz o sinal total adquirido. Devido ao elevado nmero de pulsos de RF de 180 (128 ou mais), o TE efetivo fica bastante alto e com isso a imagem resultante altamente ponderada em T2.
Esta sequncia bastante til em pacientes no colaborativos e onde o movimento (especialmente o respiratrio) no consegue ser compensado por apneia ou sincronia respiratria. Porm, especialmente til em exame de colangiopancreatografia por RM (Colangio RM). Dada a alta ponderao em T2 e uso de TE alto, o sinal de tecidos (fgado, pncreas, gordura, msculo etc) desaparece e a imagem do lquido nos ductos hepticos aparece hiperintensa.
Gradiente Eco
As sequncias de pulso gradiente eco (GRE) so similares a SE, mas ao invs de usar um pulso de RF de 180 para refasar os spins, utilizado um gradiente de campo magntico, como mostra a Figura 22.
Figura 22. Sequncia de Pulso GRE. O pulso de excitao de 90 substitudo por um pulso # e, ao invs de um pulso de RF de 180, utilizado um gradiente codificador de frequncia ou de leitura (GL) para defasar (lobo invertido ou negativo) e aps refasar os spins (lobo positivo).
28 O uso de gradientes de campo magntico faz com que ocorram defasagens dos spins, ou seja, suas posies relativas mudam de acordo com a durao e direo de aplicao dos gradientes. Se um pulso de gradiente de campo magntico for aplicado numa direo, ele ir induzir uma quantidade de defasagem nos spins. Se for aplicado um segundo pulso de gradiente de mesma durao e intensidade, ir ocorrer uma reverso da defasagem e produzir um eco que chamados de eco do gradiente ou Gradiente Eco (GRE). Se os valores de TR, TE e ngulo de desvio do pulso de excitao forem semelhantes aos utilizados em sequncias SE, a ponderao na imagem e o tempo de aquisio sero tambm semelhantes. Entretanto, a GRE mais sensvel a inomogenidades de campo magntico e apresenta mais artefatos na imagem devido a diferenas de susceptibilidade magntica.
Uma vez que a defasagem e refasagem dos spins para a produo do eco so agora controladas por um gradiente de campo magntico, possvel reduzir brutalmente o TR e o TE, mas se faz necessria uma reduo no ngulo de desvio de forma a obter, entre sucessivos pulsos de excitao, uma quantidade adequada de magnetizao longitudinal. A combinao de baixo ngulo de desvio e curto TR e TE a base para a maioria das chamadas sequncias de pulso rpidas de RM.
Um aspecto importante diz respeito permanncia de magnetizao residual no plano transversal entre sucessivos pulsos de RF e que pode, ou no, ser eliminada com a utilizao de gradientes ou pulsos de RF destruidores (os chamados spoilers). Desta forma, uma diviso nos tipos de sequncias GRE ocorre com uso de spoilers ou no. Basicamente, quando utilizamos sequencias GRE que fazem uso de spoilers a ponderao desejada na imagem T1.
Uma dificuldade crescente em RM e que se evidencia em sequncias GRE o uso de nomes comercias por fabricante para descrever uma mesma sequncia de pulso, os chamados acrnimos. A Figura 23 apresenta alguns exemplos de acrnimos de sequncias de pulso nos trs principais fabricantes de RM.
29 Sequncia de Pulso GE Philips Siemens Spin Eco Rpida FSE TSE TSE Spin Eco por nica Tomada SSFSE SSTSE HASTE Spin Eco Rpida com Restaurao da Magnetizao FRFSE DRIVE RESTORE Gradiente Eco GRE FE FID Gradiente Eco (uso de spoiller ou incoerente) SPGR T1-FFE FLASH Gradiente Eco (sem uso de spoiller ou coerente) GRASS FFE FISP Gradiente Eco Balanceado FIESTA b-FFE TrueFISP Figura 23. Quadro contendo alguns acrnimos de sequncias de pulso GRE usados pelos fabricantes. Exemplos de Utilizao de Sequncias de Pulso GRE
As sequncias de pulso GRE vm sendo usadas cada vez mais na prtica clnica. A angiografia por RM utiliza aquisies rpidas GRE tanto para evidenciar o fenmeno de entrada de spins no corte (Figura 24) e assim produzir um hipersinal do vaso em relao ao tecido esttico saturado por RF (angiografia time-of-flight ou TOF) quando para capturar todo um volume tridimensional durante a passagem do bolus de meio de contraste a base de gadolnio (Figura 25) para capturar a circulao arterial ou venosa de uma dada regio do corpo.
Figura 24. Imagem axial de uma angiografia de crnio baseada em Time-of-Flight (TOF) onde possvel identificar vasos arteriais hiperintensos. Nesta imagem, no foi usado meio de contraste e o hipersinal gerado exclusivamente pelo fluxo sanguneo que penetra no fino corte adquirido com a sequencia GRE. 30
Figura 25. Imagem 3D com utilizao da tcnica de projeo de mxima intensidade (MIP) a partir de 90 cortes axiais como os da figura anterior de uma angiografia de crnio baseada em Time-of-Flight (TOF). Este tipo de apresentao permite ao radiologista uma identificao de aneurismas, obstrues e outras anormalidades que podem ocorrer na anatomia vascular.
Sendo as aquisies GRE susceptveis a alteraes locais do campo magntico, imagens GRE do tecido cerebral auxiliam na identificao de calcificaes e hemorragias (Figura 26).
Figura 26. Imagem axial GRE do tecido cerebral onde possvel visualizar como reas de hipossinal (escuras) o sangue hemorrgico. 31
possvel explorar a caracterstica de aquisio rpida das sequncias GRE e fazer uma combinao de velocidade e resoluo espacial para obteno de imagens durante a infuso de gadolnio para avaliao do tecido mamrio. A aquisio 3D GRE permite obter volumes com resoluo milimtrica de todo tecido mamrio a cada minuto e, assim avaliar a impregnao do meio de contraste no tempo (Figura 27).
Figura 27. Imagem axial T1 com uso de saturao de gordura por RF para deteco de ndulos mamrios. Uma imagem a cada 0,9 mm pode ser adquirida de todo o tecido mamrio durante tempo inferiores a um minuto. Juntamente com a infuso de contraste endovenoso, vrias aquisies ao longo do tempo (6 a 8 minutos) podem ser coletadas para avaliar leses na mama.
No s com o objetivo de reformatar as imagens em outros planos, as aquisies 3D GRE ponderadas em T1 do tecido cerebral (Figura 28) permitem medir o volume de estruturas cerebrais como os hipocampos e, assim, obter dados quantitativos que podem ser usados para correlacionar a condies patolgicas especficas, como a doena de Alzheimer. 32
Figura 28. Reconstruo 3D do encfalo obtida a partir de uma aquisio 3D T1 FLASH (GRE com uso de spoiller).
A sequncia GRE conhecida como CISS, FIESTA-C ou T2-bFFE (Figura 29) permite obter imagens 3D com cortes submilimtrico (da ordem de 0,4 mm) em que demonstra uma imagem com ponderao similar a T2 estruturas to pequenas como os canais semicirculares ou o conjunto de pares de nervos cranianos.
Figura 29.Imagem axial CISS com espessura de corte de 0,5 mm da regio da orelha e respectiva reconstruo 3D com uso de tcnica de renderizao de volume (VRT) para demonstrar as estruturas da orelha interna.. 33
Outra forma de adquirir imagens rpidas em IRM fazer uso da sequncia de pulso EPI (do ingls, Echo Planar Imaging) que ser abordada a seguir.
Imagem Eco Planar (EPI)
Originalmente descrita por Peter Mansfield em 1977 [8] como uma forma terica de aquisio extremamente rpida, teve que aguardar melhorias nos sistemas de gradientes e radiofrequncia para se tornar til clinicamente. Atualmente a aquisio EPI capaz de adquirir uma imagem bidimensional (2D) em tempos to curtos quanto 20 milisegundos. Desta forma, desempenhou e continua a desempenhar papel fundamental para o desenvolvimento de aplicaes como difuso, perfuso e ressonncia magntica funcional (RMf). A sequncia de pulso EPI se difere das sequncias SE e GRE principalmente na forma como os gradientes de codificao de fase e frequncia so aplicados [0]. Um esquema inicial de aplicao de pulsos e acionamento de gradientes pode estar baseado em SE ou em GRE. A Figura 30 mostra o diagrama de uma sequncia de pulso EPI-SE.
Figura 30. Diagrama simplificado de uma sequncia de pulso EPI-SE.
Um pulso de excitao de 90 enviado, seguido de um pulso de refocalizao de 180 e, a partir deste ponto, uma srie de gradientes bipolares de leitura so empregados para gerar um trem de ecos. Com a aplicao de gradientes 34 codificadores de fase, cada eco coletado e armazenado em uma linha do espao k. Se todo o espao k necessrio para formar uma imagem for adquirido dentro de um TR, chamamos a aquisio EPI de tiro-nico. A forma de preenchimento do espao k bastante particular para a sequncia EPI, pois os ecos so armazenados linha a linha em zigue-zague, como mostrou a Figura 14 (d). Da mesma forma que na TSE, o TE ef ser determinado pelo eco que preencher o centro do espao k. A ponderao das imagens EPI baseada em T2*, uma vez que a aquisio de todos os ecos produzidos ocorre dentro do tempo de decaimento induzido livre. EPI bastante susceptvel a inomogeneidades de campo.
Sistemas de gradientes rpidos e perfeitos so fatores decisivos para a qualidade das imagens. O fator turbo est diretamente relacionado ao tempo e a resoluo espacial da imagem. J o chamado espaamento entre ecos (ESP) est diretamente relacionado a qualidade da imagem. Quanto maior o fator turbo, menor o ESP. Quanto menor o ESP, menores sero os artefatos de distoro na imagem, desvio qumico e perda de sinal.
EPI-SE
A sequncia de pulso 2D Spin Eco EPI (EPI-SE) formada pela aplicao de um pulso inicial de RF de 90 e um pulso de refocalizao com ngulo de desvio de 180. Os pulsos de 180 ir gerar o eco. Durante a janela de tempo em torno do eco, os gradientes de codificao EPI de leitura e fase sero acionados para produzir uma srie de ecos de gradiente codificados espacialmente [0]. Os ecos de gradiente que so amostrados para preencher o espao k foram gerados por um eco de spin ao invs de um SIL (FID), como ir ocorrer com a EPI-GRE. Na EPI-SE ocorre uma reduo nos artefatos de susceptibilidade, porm possui sensibilidade reduzida ao efeito que buscaremos obter para o mapeamento cerebral pela RMf. A sequncia de pulso EPI-SE utilizada para a obteno de imagens ponderadas na difuso da gua no tecido cerebral e nas aquisies para o clculo do tensor de difuso (DTI) .
35 EPI-GRE
A sequncia de pulso 2D EPI-GRE tem incio com o envio de um pulso de excitao para a produo do SIL. Enquanto o SIL est ocorrendo, uma srie de ecos de gradiente produzida usando os gradientes de codificao EPI de leitura e fase. O pulso de excitao usado de 90, pois o TR suficientemente longo. As imagens sero fortemente ponderadas em T2*, o que por um lado aumenta o aparecimento de artefatos de susceptibilidade entre tecidos como osso e ar, porm ir auxiliar no contraste das imagens de RMf.
Inverso da Recuperao (IR) ou Preparo da Magnetizao: FLAIR e STIR
A inverso da recuperao no deve ser tratada como uma sequncia de pulso especfica, mas sim como um mdulo que pode ser adicionado a frente de qualquer sequncia de pulso. O objetivo deste mdulo o de preparar a magnetizao longitudinal para que se consiga, com o incio da sequncia de pulso e coleta do sinal, o contraste desejado na imagem ou a anulao do sinal de um determinado tecido.
Figura 31. Figura do mdulo de IR frente de uma sequncia de pulso.
O objetivo aplicar um pulso inicial de 180 que ir inverter a magnetizao longitudinal. Aps este pulso de inverso, o vetor magnetizao dos tecidos ir retornar ao alinhamento pelo processo de recuperao da magnetizao longitudinal (processo T1). 36
Figura 32. Diagrama da aplicao dos pulsos de RF. O tempo entre a aplicao do pulso de 180 e o pulso de 90 chamado de tempo de inverso (TI).
Se, no momento em que um determinado tecido estiver cruzando o ponto zero de magnetizao longitudinal (M z =0), for dado incio a uma sequncia de pulso Turbo Spin Eco (TSE), por exemplo, o tecido em questo no ter magnetizao longitudinal (seja componente positiva ou negativa) para participar do restante do processo de gerao do sinal. Ou seja, no existe componente de magnetizao ao longo do eixo z para ser jogada para o plano transversal (plano xy) e gerar sinal na bobina. Desta forma, o tecido em questo no ter sinal na imagem final. O tempo entre a aplicao do pulso de inverso (180) e o incio da sequncia de pulso (exemplo, pulso de 90 na sequncia TSE) chamado de Tempo de Inverso (TI) e controla o quanto de magnetizao longitudinal (T1) se recuperou aps a aplicao do pulso de inverso.
Se desejarmos anular o sinal de um tecido especfico, como por exemplo a gordura, devemos fazer com que o TI coincida com o momento em que o vetor magnetizao esteja cruzando o ponto de magnetizao igual a zero (M z =0). Para isso, sabendo o tempo T1, do tecido basta multiplicar por 0,69 e teremos o tempo de inverso (TI) a ser usado como parmetro tcnico no equipamento.
! TI = T1" 0,69
37 Como exemplo, podemos considerar o tempo T1 da gordura como sendo igual a 250 ms em equipamentos de 1,5T e, assim., calcular o TI:
! TI = T1" 0,69 = 250 " 0,69 #172ms
Com uso deste TI de aproximadamente 172 ms, conseguiremos anular o sinal da gordura nas imagens e produzir a chamada imagem STIR (do ingls, Short Time Inversion Recovery) ou Recuperao da Inverso com Tempo Curto.
Se o mesmo raciocnio for aplicado para o lquido cefalorraquidiano (LCR ou liquor) que possui um tempo T1 de aproximadamente 4000 ms, teremos um TI entre 2000 e 3000 ms para anulao do sinal. Chamamos de FLAIR (do ingls, Fluid Atenuatted Inversion Recovery) ou Recuperao da Inverso para Atenuao de Fludos esta tcnica. Na maioria dos equipamentos de RM de 1,5T adotamos um TI de 2200 ms.
STIR
A tcnica STIR permite que possamos anular o sinal da gordura e produzir imagens onde a saturao por uso de pulsos de RF (pulsos de saturao espectral) no possvel, como em equipamentos de baixo campo (<0,5T), ou onde a homogeneidade de campo no est adequada, como prximo a implantes de metal.
Figura 33. Imagem STIR versus saturao por RF. 38
FLAIR
O uso do pulso de inverso para anular o sinal do lquor permite que a deteco de leses na substncia branca cerebral seja melhor visualizada, pois retira o sinal hiperintenso em imagens ponderadas em T2, permitindo uma anlise mais detalhada do tecido.
Figura 34. Imagem axial FLAIR e correspondente imagem ponderada em T2.
26.%- &6 ?%"#$0-#6 64 12
Como o prprio nome j diz, o objetivo do uso de meios de contraste em RM o de criar uma diferena (contraste) entre uma ou mais tecidos que no existiria se uma substncia externa ao corpo humano no fosse utilizada. Apesar de a RM ter uma altssima capacidade de diferenciar tecidos, determinadas leses e estruturas somente sero visualizadas e ou diferenciadas dos tecidos vizinhos se um agente de contraste for usado. Os meios de contraste possuem a propriedade de alterar as caractersticas de relaxao do tecido (T1 e T2) em que esto presentes atravs de suas propriedades paramagnticas e superparamagnticas.
39 Os agentes de contraste mais comuns em RM esto baseados no uso de gadolnio (Gd), mangans (Mn) e xidos de ferro. O paramagnetismo uma propriedade de alguns materiais de se alinhar a um campo magntico externo aplicado, apresentando assim efeito de susceptibilidade ao campo positiva. Em outras palavras, podemos entender que quando o material paramagntico colocado no campo, ele agrupa levemente as linhas de campo na regio onde est - aumentando assim o campo magntico local.
O superparamagnetismo uma forma de magnetismo que surge em pequenas partculas ferromagnticas como o xido de ferro. De forma prtica, podemos imaginar que o efeito do material superparamagntico o de aumentar numa proporo maior o campo magntico local, ou seja, seu efeito de susceptibilidade muito maior.
Gadolnio
O meio de contraste mais utilizado o gadolnio injetado endovenosamente. Meios de contraste a base de gadolnio so usados devido a propriedade paramagntica do on de gadolnio. O paramagnetismo do gadolnio faz com que o campo magntico local aumente onde a substncia est presente e este aumento acarreta a reduo nos tempos de relaxao T1 e T2. O encurtamento em T1 resulta em sinal hiperintenso nas imagens ponderadas em T1. J em imagens ponderadas em T2, a presena do gadolnio reduz o sinal local.
O on gadolnio txico e sozinho no poderia ser utilizado. utilizado junto ao on um agente (quelato) que dar segurana e permitir que o mesmo seja eliminado aps a administrao basicamente por via renal. Os meios de contraste a base de gadolnio so utilizados para avaliar as mais diversas patologias. Especificamente no tecido cerebral, o gadolnio no ultrapassa a barreira hematoenceflica (BHE) normal e permanece no meio vascular. Entretanto, em tumores e outras leses que afetam ou alteram a BHE, o gadolnio permanece no tecido e assim detectado, conforme mostra a Figura 36. 40
Figura 35. Imagem ponderada em T1 adquirida aps infuso endovenosa de gadolnio. Este paciente apresenta tumor cerebral e a hiperintensidade de sinal causada pelo gadolnio evidencia a quebra da barreira hematoenceflica e extenso da leso.
O gadolnio tambm apresenta um efeito de susceptibilidade do campo magntico local (mudana do campo) que pode ser explorada para produzir imagens da perfuso cerebral (Figura 37) atravs de aquisies rpidas T2 (T2*) utilizando a sequncia de pulso EPI, apresentada anteriormente.
41
Figura 36. Mapa colorido obtido a partir de processamento de imagens EPI coletadas durante a infuso de gadolnio, mostrando reduo da perfuso cerebral (cor azul escura) num dos hemisfrios cerebrais, como resultado de um acidente vascular (obstruo da artria cartida interna).
A infuso de gadolnio, combinada a uma aquisio tridimensional (3D) ponderada em T1, permite avaliar vasos da circulao arterial e venosa (angiografia), assim como observar a impregnao do tecido heptico e do sistema urinrios. Quando aquisies ultrarrpidas so usadas e gatilhadas com o batimento cardaco, os meios de contraste a base de gadolnio podem tambm ser usados no exame do corao para deteco de isquemia cardaca e outras alteraes (Figura 38).
Figura 37. Imagem TrueFisp (a) e T1 FLASH do corao. As imagens foram obtidas com uso de sincronia cardaca e aquisies GRE rpidas. 42
Segurana no Uso do Gadolnio
Considerado at junho 2006 como um agente de contraste extremamente seguro e sem reaes adversas mais srias, o gadolnio foi associado a uma doena que pode levar a morte, a Fibrose Nefrognica Sistmica (FNS) [0]. A ocorrncia da doena foi relacionada com pacientes com doena nefrolgica (insuficincia renal) moderada ou grave. Desta forma muito importante que se tenha ateno em relao a funo renal dos pacientes e que um radiologista autorize o uso do gadolnio antes de sua administrao.
xidos de Ferro
Uma vez que a alterao do campo magntico local pode resultar em contraste na imagem de RM, o uso de partculas superparamagnticas tem utilidade para o estudo de algumas doenas. Partculas de xido de ferro so usadas para estudos do fgado, bao e sistema linftico, pois se associa ao sistema retculo endotelial. Basicamente ser captado pelos macrfagos do fgado (clulas de Kupffer) e causar reduo no sinal do tecido normal. Em contrapartida, a leso no capta e assim pode ser identificada como uma rea de sinal aumentado nas imagens ponderadas em T2. Por reduzir o sinal no tecido normal chamado de um meio de contraste negativo.
Mangans
Presente em um meio de contraste no usual no Brasil, o mangans caracterizado como um agente hepatobiliar, sendo captado pelos hepatcitos normais e excretado pela bile. Encurta os tempos T1 e T2.
43 O mangans tambm esta presente em frutas com o abacaxi e o aa e vem sendo usado como um meio de contraste oral em exames de colangiografia por RM (imagens altamente ponderadas em T2) para reduzir o sinal do lquido presente no estmago e alas intestinais.
Figura 38. Colangio RM antes e aps a administrao por via oral de suco concentrado de abacaxi. evidente a reduo do sinal de estmago e alas intestinais na imagem.
:.-#640- &6 !40564 8%$ 12
Componentes Bsicos de um Sistema de Imagem por RM Um sistema de imagem por ressonncia magntica pode ser dividido em algumas partes principais ou sub-sistemas descritos abaixo e mostrados na Figura 23: a) Magneto b) Bobinas de Gradiente de Campo Magntico (x,y,z) c) Bobinas Receptoras e Transmissoras de Radiofrequncia (RF) d) Cabine Atenuadora de Radiofrequncia ou Gaiola de Faraday e) Sistemas Controladores do Envio e Recebimento de RF f) Sistema Controlador do Gradiente de Campo Magntico g) Computadores: Reconstrutor de Imagens e Computador de Controle ou Operao
44
Figura 39. Diagrama simplificado das principais partes de um sistema de RM.
Magneto
A funo bsica do magneto gerar um campo magntico alto e homogneo na regio em que a parte anatmica ser posicionada. A forma de gerar o campo magntico define os tipos de magnetos que existem hoje: a) Magnetos Permanentes b) Eletromagnetos: divididos em magnetos resistivos e magnetos supercondutores
Uma diviso em relao ao design criou uma nomenclatura no muito correta que vem sendo aplicada pelo mercado: aberto e fechado. O sistema fechado de RM na verdade no fechado, pois se caracteriza por um cilindro oco, aberto nas duas extremidades, em que o paciente posicionado dentro deste cilindro na sua regio central, o tambm chamado isocentro. O equipamento aberto assim chamado, pois oferece maior comodidade ao paciente, uma vez que as partes laterais so abertas ou semiabertas permitindo uma menor sensao de confinamento e reduzindo assim a claustrofobia.
45
Figura 40. Equipamento de RM aberto (0,35T) e fechado (1,5T).
Tipos de Magnetos
Magnetos Permanentes So constitudos de ims permanentes e oferecem como vantagem a no utilizao de energia eltrica e a configurao aberta. Alguns fabricantes adotam a construo na forma de um C o que permite ao paciente acesso facilitado, sensao de maior espao e conforto. Entretanto, os magnetos permanentes no conseguem atingir valores altos de campo magntico, ficando reduzidos a menos de 0,5T. Eletromagnetos Os eletromagnetos so constitudos por enrolamentos de fios (bobinas) onde a passagem de corrente eltrica ir produzir o campo magntico. A passagem de corrente eltrica pode ocorrer com a presena da resistncia eltrica (magnetos resistivos) ou com o uso do fenmeno da supercondutividade (magnetos supercondutores) Magnetos Resistivos Este tipo de magneto est praticamente extinto do mercado de equipamento de RM para formao de imagem, pois o campo magntico ir ser gerado pela passagem de corrente eltrica pelo conjunto de bobinas de forma clssica, ou seja, com a presena constante da resistncia eltrica. Assim, possvel desligar o campo magntico quando no h exames e relig-lo conforme a necessidade. A desvantagem o alto consumo eltrico para manter o campo magntico e a limitao quanto a intensidade do campo magntico produzido. Uma vez que o fio 46 oferece resistncia a passagem de corrente eltrica, a produo de calor inevitvel e, consequentemente, somente valores baixos de campos (at cerca de 0,3T) so possveis. Tambm possuem homogeneidade de campo reduzida e necessitam ser refrigerados a gua. A massa destes magnetos tambm pode exceder 10.000 kg.
Magnetos Supercondutores So eletromagnetos compostos de enrolamentos quilomtricos de fio de uma liga de nibio-titnio que, mergulhados em hlio lquido (criognico) a uma temperatura prxima do zero absoluto (-273 C ou 0 kelvin), no iro oferecer resistncia eltrica, atingindo a chamada supercondutividade e, assim, podem produzir um campo magntico alto, sem a gerao de calor e sem custo relacionado a consumo eltrico. Neste tipo de magneto critico o controle dos sistemas relacionados a temperatura, presso e quantidade de hlio no interior do magneto para que no ocorra o aumento da temperatura interna, que elevaria a taxa de evaporao do hlio (conhecida como boiloff) e poderia chegar ao ponto critico de resultar no apagamento do campo magntico, o chamado quenching.
Apesar do custo de produo e comercializao mais alto e a maior necessidade de controle durante sua operao, os magnetos supercondutores so os mais utilizados no mercado por sua possibilidade de atingir o valores de campo magntico superiores a 1,5T, que, sob aspectos clnicos, permite o uso pleno da tecnologia e dos recursos de RM. importante destacar que uma das principais caractersticas de qualidade dos magnetos a chamada uniformidade ou homogeneidade do campo magntico. Um alto grau de homogeneidade corresponde a pequenas variaes no valor central do campo magntico e, por consequncia, no valor da frequncia central de precesso dos spins. Os equipamentos supercondutores com cilindros mais extensos tendem a ter melhor homogeneidade que magnetos mais curtos e com dimetro interno maior. Os magnetos abertos tambm possuem regies mais reduzidas de homogeneidade. 47
Figura 41. Magneto supercondutor de 1,5T.
Bobinas de Gradiente de Campo Magntico (x, y, z)
So trs conjuntos de bobinas independentes e no refrigeradas pelo sistema de criogenia (hlio) que iro produzir uma pequena variao no campo magntico o mais linear possvel numa dada direo (x, y ou z). Trs direes de aplicao dos gradientes so necessrias para codificar a origem espacial do sinal (localizao) e assim formar imagens bidimensionais (2D) e tridimensionais (3D).
O acionamento combinado dos gradientes permite criar variaes em qualquer direo dentro do magneto, criando assim planos de corte que no necessariamente precisam seguir os planos convencionais, axial, sagital e coronal. Os gradientes sero usados em momentos especficos durante o processo de aquisio das imagens e podem ser facilmente identificados pelo rudo caracterstico de seu funcionamento. O rudo acstico gerado pelos gradientes resultado da rpida passagem de corrente eltrica pelo fio que sofre dilatao e propaga a onda sonora. As caractersticas de desempenho dos sistemas de gradiente so limitadas por caractersticas biolgicas do corpo humano, uma vez que a variao rpida de campo magntico, durante o exame, produz correntes eltricas em superfcies condutoras como a pele, e pode resultar em estmulo de nervos perifricos e choque eltrico. Estas correntes indesejadas, chamadas tambm de correntes parasitas ou 48 correntes de eddy, que podem se formar na carcaa do magneto durante o acionamento dos gradientes, devem ser compensadas por sistema de bobinas desenhadas especificamente para isso e chamadas de blindagem ativa das bobinas de gradiente ou mesmo via software.
A rpida passagem de corrente eltrica em alta intensidade por estes conjuntos independentes de bobinas, faz com que seja necessria refrigerao por gua ou ar.
Figura 42. Bobinas de gradiente.
Bobinas Receptoras e Transmissoras de Radiofrequncia (RF) ou Sistema de RF
As bobinas ou antenas de RF so responsveis pela transmisso e recebimento do sinal de RM. As bobinas podem ser transmissoras e receptoras, somente transmissoras ou somente receptoras. O envio do pulso de RF (tambm chamado de campo B1) produz o desvio no vetor magnetizao gerando a componente transversal da magnetizao (xy) que ir ser detectada pela mesma bobina que gerou o pulso ou por uma outra bobina receptora especfica.
Quando no so utilizadas bobinas locais para transmisso do pulso de RF esta tarefa realizada pela bobina de corpo. A bobina de corpo est inserida na prpria carcaa do equipamento e vem sendo cada vez mais utilizada como a nica bobina transmissora. Para as bobinas locais fica somente a tarefa de coletar o fraco sinal de RF que se origina de um corte do corpo do paciente. 49
Uma variedade de bobinas foi e continua sendo desenvolvida para permitir no s uma coleta mais eficiente do sinal, como tambm para ser utilizada em novas aplicaes e novas metodologias de aquisio do sinal.
Figura 43. Bobinas utilizadas em RM.
Podemos destacar o uso cada vez mais intenso de bobinas de mltiplos elementos com arranjo de fase. As bobinas de arranjo de fase so compostas por mltiplas pequenas bobinas (ou elementos) cada uma com um circuito prprio de deteco, que se sobrepem e iro envolver a anatomia de interesse. At bem pouco tempo atrs a nica bobina do tipo arranjo de fase era a bobina de coluna, porm atualmente o conceito vem sendo aplicado para todas as bobinas. Utilizar bobinas com mltiplos elementos permite o uso das tcnicas de imagens paralelas (SENSE, GRAPPA, ARC etc) que iro utilizar a informao da distribuio espacial do padro de sinal gerado pela bobina em cada paciente e economizar etapas da codificao de sinal, permitindo assim um ganho expressivo de tempo e novas possibilidades de utilizao da RM, especialmente onde velocidade mandatrio.
50
Figura 44. Grfico da relao de sinal com o tipo de bobina e profundidade no corpo.
Reconstrutor de Imagens o responsvel pelo processamento do sinal digital bruto (tambm chamado de raw data) que dever passar pela chamada transformada de Fourier para ser convertido em imagem.
Computador de Controle ou Operao Constitui-se como a interface entre o operador e restante do sistema de RM. Permitir mltiplas tarefas que vo desde a prescrio dos protocolos at o controle da impresso das imagens geradas ou envio para rede lgica para arquivamento ou distribuio para o laudo a ser realizado pelos radiologistas. Investimentos crescentes dos fabricantes vm permitindo uma simplificao.
Cabine Atenuadora de Radiofrequncia ou Gaiola de Faraday A chamada gaiola de faraday ou cabine atenuadora de RF constituda por placas metlicas de alumnio ou cobre posicionadas umas ao lado das outras e em contato entre elas nas paredes, piso e teto de forma a compor uma caixa fechada que 51 atenuar a radiofrequncia que entra na sala do magneto. Um visor de vidro pode ser utilizado, porm deve possuir uma malha metlica em contato com o restante da cabine. A porta da sala tambm especialmente construda para dar continuidade a esta blindagem quando fechada, sendo os contatos da porta de especial ateno da equipe tcnica, pois problemas decorrentes da entrada de RF para dentro da sala podem ter origem em defeitos destes contatos. @$#6A0#%- 64 12
A palavra artefato deriva do latim e significa arte factus, ou feito com arte, o que no deixa de ser verdadeiro se imaginarmos que muitos dos efeitos observados nas imagens podem ser tratados como obra quase potica, porm no neste sentido que utilizamos esta palavra em Imagem por Ressonncia Magntica (IRM) e nos demais mtodos de diagnstico por imagem. Segundo Houaiss[13], artefato toda concluso enganosa derivada de ensaio cientfico ou de medio, e causada por problemas na aparelhagem empregada ou por ineficcia do mtodo eleito. Em IRM, vamos adotar que artefato qualquer intensidade, sinal ou caracterstica anormal que no possui correspondncia com o objeto de que se est adquirindo a imagem.
No incorreto afirmar que todas as imagens de RM apresentam algum tipo de artefato. Uma imagem axial ponderada em T2 do encfalo pode, aparentemente, no apresentar qualquer artefato mais grosseiro, porm se olharmos com cuidado os vasos sanguneos presentes na imagem, perceberemos que muitos deles apresentaro ausncia de sinal no seu lmen, causado pelo fenmeno de fluxo sanguneo, o que pode ser considerado anormal, uma vez que atribudo hipersinal a lquido nas imagens ponderadas em T2. A RM a tcnica de imagem mais susceptvel a artefatos e a que mais os utiliza para o diagnstico. Os artefatos podem prejudicar uma aquisio a ponto de ser necessria sua repetio ou mesmo o cancelamento do exame, por outro lado, um artefato pode ajudar a identificar uma condio patolgica especfica.
Desta forma, podemos definir as duas grandes questes que este captulo pretende abordar: 52 1. Como identificar um ou mais artefatos em uma imagem de RM? 2. Como minimizar o artefato em uma imagem de RM?
Vejam que falamos em minimizar e no eliminar. Talvez fosse mais conveniente usar o termo eliminar, porm isto no totalmente verdadeiro. O que ocorre na quase totalidade dos exames a busca pela adequao da tcnica no intuito de minimizar a ocorrncia de artefatos. Como veremos mais adiante, o efeito fsico que gera o artefato pode estar ocorrendo, porm devido a uma alterao nos parmetros de aquisio ou escolha de uma tcnica especfica, conseguimos fazer com que ele no se torne to evidente na imagem. Dada a grande quantidade de tipos de equipamentos de RM, bobinas, sequncias de pulso e novas tcnicas, abordaremos neste captulo os artefatos mais comuns. Artefatos mais antigos relacionados a problemas j resolvidos em equipamentos de RM e artefatos de tcnicas muito recentes ainda no disponveis clinicamente sero deixados de lado para tornar o texto mais objetivo e conciso. Buscaremos tambm no limitar os artefatos aos equipamentos de 1,5T, comentando tambm o efeito de um mesmo artefato em equipamentos com campo magntico maior ou menor.
!&6"#.A./0()% B6$-'- ?%"C6/.46"#%
Muitas pessoas ficam admiradas quando a imagem de alguma constelao ou nebulosa do cu profundo apresentada em um jornal ou revista. As imagens produzidas pelo telescpio Hubble enchem os olhos mesmo de quem um simples admirador de uma noite estrelada. Mas ser que para um astrofsico experiente as imagens revelam a verdade? Ou ser que determinado fenmeno contradiz a realidade? Ser que imagens falsas podem estar presentes numa imagem captada da nebulosa do Caranguejo devido a problemas nos espelhos do telescpio Hubble?
A diferena entre achar uma imagem bonita e perceber um artefato nesta parece residir no conhecimento do observador. Esta afirmativa no diferente para as imagens de RM. Conhecer a fsica, a tcnica e as patologias estudadas em IRM o 53 pressuposto para a identificao e a minimizao de artefatos. Alguns artefatos, como os causados por implantes metlicos, so evidentes nas imagens de RM, porm outros so to sutis que podem conduzir o radiologista a um erro de diagnstico por criar uma falsa imagem ou ocultar uma leso existente. Conhecimento faz com que um exame se torne mais conclusivo, e, por que no dizer, mais belo.
Alguns autores classificam os artefatos quanto ao efeito fsico que o originou, outros preferem classific-los quanto a sua aparncia nas imagens ou a parte do sistema de RM a que o mesmo est vinculado [0,0,0]. Muitos so os efeitos fsicos que podem gerar artefatos. Cada parte do sistema de RM, incluindo o magneto, os gradientes de campo magntico, o sistema de radiofrequncia (RF) e os computadores de processamento, tem sido continuamente aperfeioada para evitar a ocorrncia de erros e minimizar falhas no seu funcionamento. Se tentssemos agrupar os tipos de artefatos por cada parte que compe o sistema, poderamos seguir a classificao mostrada na Tabela 2.
De forma mais prtica, os diversos artefatos sero agrupados primeiramente de acordo com sua aparncia nas imagens e, logo a seguir, sero classificados quanto a causa ou ao fenmeno fsico que o originou e/ou a parte do sistema a que este est relacionado. Observaes - quanto ao impacto na qualidade da imagem e no tempo de aquisio para uma dada ao corretiva proposta - tambm sero abordadas. Para o usurio das imagens de RM esta uma forma mais direta de relacionar a anomalia presente na imagem com a possvel causa e a ao corretiva necessria. Entretanto, preciso no esquecer que a maioria dos artefatos resultado de uma interao entre variveis fisiolgicas, parmetros de aquisio, limitaes do equipamento e escolha de sequncias de pulso, tornando difcil segmentar um artefato em uma nica causa e elimin-lo com uma nica ao. As aes corretivas propostas no texto se limitam ao nvel do operador do equipamento de RM. 54 Tabela 2. Relao entre a parte do sistema, incluindo o paciente, e alguns tipos de artefatos em IRM. Parte do Sistema de IRM Tipo de Artefato Magneto Distoro Geomtrica Erros de Saturao de Gordura Desvio Qumico Inomogeneidade do Campo Magntico Instabilidade do Campo Magntico Gradiente de Campo Magntico Distoro Geomtrica Instabilidade dos Gradientes No-Compensao de Correntes Parasitas Sistema de RF Inomogeneidade do Campo de RF Posicionamento do Paciente RF Anmala Tcnica de Aquisio Desvio Qumico Envelopamento ou Aliasing Sombreamento Amostragem do Sinal Truncamento Processamento do Sinal Mtodo de Reconstruo Filtrao Paciente Movimento Voluntrio e Involuntrio Fluxo Vascular ou Liqurico Presena de Objeto Metlico Susceptibilidade Magntica
?>0--.A./0()% ;'0"#% F 080$<"/.0 A classificao que adotaremos estar dividida da seguinte forma: 55 ! Fantasmas; ! Envelopamento ou Aliasing; ! Linhas e Ondulaes; ! Falsos Contornos e Sombras ! Distoro Geomtrica.
Antes de iniciarmos a reviso sobre artefatos, que tal testar seus conhecimentos prvios quanto identificao, causa e a ao corretiva mais adequada para os artefatos mostrados na Figura 46? Observe as imagens com ateno, guarde as suas observaes e busque identificar no texto a descrio que melhor se relaciona com os artefatos apresentados. Ao final do captulo apresentaremos soluo para este pequeno enigma.
Figura 45. Quais artefatos podem ser identificados nas trs imagens acima (a, b e c)? Qual a causa e a ao corretiva mais adequada? (Respostas no final do captulo).
Fantasmas
O aparecimento de repeties de determinada parte da anatomia na imagem de RM conhecido como artefato fantasma, como mostra a Figura 47. 56
Figura 46. (a) Imagem axial spin eco (SE) ponderada em T1 do encfalo com presena de artefato fantasma (seta menor) devido ao movimento dos olhos. Nas imagens axiais do encfalo a direo de fase tem que ser colocada na direo direita-esquerda para evitar o artefato. (b) Artefato fantasma devido ao movimento das estruturas do abdome causado pela respirao. O uso de sincronia respiratria uma das formas de evitar o aparecimento deste artefato.
Estes fantasmas ocorrem na direo de fase da imagem e so resultado de movimentao de tecido ou parte do corpo do paciente durante a aquisio do sinal de RM. A movimentao pode ser voluntria (respirao, deglutio, movimentos de partes de corpo etc) ou involuntria (batimento cardaco, pulsao do lquor ou sangue, peristaltismo etc). Eliminar o movimento ou fazer com que a aquisio das imagens seja concatenada com fases deste movimento, atravs do uso de sincronia respiratria e/ou cardaca, resulta, na maioria das vezes, em supresso completa do artefato. A distncia entre os fantasmas diretamente proporcional ao tempo de repetio, nmero de codificaes de fase, nmero de excitaes (NEX) e a frequncia do movimento [0]. Em sequncias rpidas, com tempos de eco (TE) extremamente curtos, os fantasmas se manifestam como borramento.
conveniente ressaltar que, quanto mais hiperintensa for a estrutura em movimento, maior ser a presena do artefato na imagem. Este fato especialmente importante, pois explica a ausncia de artefatos fantasma em imagens spin eco (SE) ou turbo 57 spin eco (TSE ou FSE) ponderadas em T1 da fossa posterior antes da administrao de meio de contraste a base de gadolnio em comparao com imagens ps- gadolnio, como mostra a Figura 48. O mesmo raciocnio vale para regies onde a gordura (em T1) e o lquido (em T2) estejam presentes e hiperintensos. A saturao do sinal da gordura torna a imagem com menor quantidade de artefatos fantasma, no pela reduo do movimento, mas pelo cancelamento do sinal da estrutura.
Figura 47. (a) Imagem axial T1 SE na regio da fossa posterior com a presena de gadolnio e com o artefato fantasma presente devido ao sangue hiperintenso e pulsando. A direo de fase laterolateral. (b) Aps a aplicao de tcnica de compensao.
Apesar do aspecto na imagem (efeito) ser parecido para as diversas origens, a causa e a ao corretiva so bastante distintas. Desta forma subdividiremos e discutiremos o artefato fantasma nas seguintes subcategorias de acordo com a causa principal: a) Fluxo Sanguneo b) Fluxo Liqurico c) Peristaltismo d) Respirao e) Batimento Cardaco f) Movimento Voluntrio ou Involuntrio g) Fantasma N/2 EPI Uma informao importante, j comentada anteriormente sobre este artefato, que o mesmo sempre se propaga na direo de aplicao do gradiente codificador de 58 fase, mesmo que a direo do movimento no seja esta, como mostra a Figura 47. Mas, por que isto ocorre?
preciso lembrar que o tempo necessrio para preencher uma linha do espao K, ou seja, para amostrar o sinal durante o acionamento do gradiente de leitura (ou gradiente de codificao de frequncia) muito menor que o tempo necessrio para passar de uma linha a outra do espao K (codificao de fase). Em uma tpica aquisio turbo spin eco (TSE), o tempo para preenchimento da linha (coleta do eco) da ordem de milissegundos (1ms = 10 -3 s), j o intervalo de tempo entre o preenchimento de uma linha e a prxima linha do espao k da ordem de segundos. Neste tempo mais longo, a anatomia mudou de posio, incorrendo em erro de localizao na direo de fase da imagem.
O fluxo sanguneo pode causar artefatos fantasma e produzir variaes na intensidade de sinal dentro dos vasos que simulam disseces ou trombos, ou ainda, mascaram patologias [0]. Os fantasmas se propagam na direo de fase e com alto sinal. Sequncias GRE so muito mais susceptveis a artefatos de fluxo que SE. Nas sequencias SE, geralmente, o vaso aparece escuro, pois o sangue presente no corte no momento da aplicao do pulso de excitao de 90 ir sair do plano de corte antes da aplicao do pulso de 180, sendo substitudo por sangue que no sofreu a aplicao do pulso de 90. Nas sequncias GRE, o fluxo produz o fenmeno conhecido como in-flow que torna o vaso brilhante na imagem.
Este artefato bastante dependente do tipo de sequncia de pulso e parmetros utilizados, porm de forma geral, o principal artefato ocorre quando um alto sinal do sangue est presente no vaso e, devido pulsao, acaba propagando fantasmas na direo de fase.
Ao Corretiva: ! Utilizar tcnica de compensao de fluxo
59 Atravs do uso de gradientes de campo magntico adicionais na sequncia de pulso possvel reduzir o artefato fantasma, porm o TE mnimo ir aumentar. Comentaremos mais adiante no texto os detalhes esta tcnica.
! Utilizar pulsos de RF de pr-saturao (bandas de saturao)
Pulsos de RF espacialmente localizados, tambm conhecidos como bandas de saturao, podem ser posicionados prximos ao corte de forma que sature o sinal de RF do sangue que ir entrar no corte. A imagem do vaso se torna escura e no propaga o artefato fantasma, como mostra a Figura 50. Bandas de saturao tambm podem ser usadas dentro do campo de viso para suprimir o sinal de uma regio que contm vasos que iro apresentar hipersinal devido ao fluxo e propagar o artefato fantasma na direo de fase.
Figura 48. Imagem axial T1 GRE adquirida em parada respiratria sem uso de banda de saturao superior ao corte (a) e com uso de banda de saturao (b).
! Alterar a direo de codificao de fase/frequncia
Trocar a direo de codificao de fase pode ser til para jogar o artefato numa direo que no comprometer a avaliao da regio de interesse. Nos exames de RM de Joelho, por exemplo, a aquisio axial STIR adquirida com direo de fase direita-esquerda, ao invs de anteroposterior, jogando o artefato de pulsao dos 60 vasos poplteos para os lados e no comprometendo a avaliao da patela (Figura 51).
Figura 49. Pulsao da veia popltea e artefato fantasma sobre a patela.
! Uso de sincronia cardaca ou perifrica
Posicionar eletrodos para coletar o eletrocardiograma (ECG) e concaten-lo com a aquisio dos dados possibilita selecionar a parte do ciclo cardaco relacionada a distole onde ocorre o menor efeito de pulsao do vaso. A sincronia cardaca perifrica, com o posicionamento do transdutor no dedo do paciente, tambm pode ser utilizada. O aumento no tempo de aquisio a contrapartida para o uso da sincronia.
Tcnica de Compensao de Fluxo (Flow Comp) ou Anulao do Momento dos Gradientes (GMN) ou Supresso do Artefato de Movimento (MAST)
O acionamento de gradientes de campo magntico induzem desvios de fase nos spins estacionrios. Se os spins estiverem em movimento, como no caso do sangue nos vasos, um desvio de fase adicional ir surgir e ser proporcional a velocidade ou a acelerao destes. Em uma sequncia de pulso SE convencional, o acionamento 61 dos gradientes necessrios para coleta do sinal so calculados de forma que compensem eventuais defasagens induzidas nos spins estacionrios. Entretanto, os spins em movimento iro possuir desvios de fase, como mostra a Figura 52, que podem gerar, basicamente, trs problemas, fantasmas, disperso de fase intravoxel e erros de registro espacial [0]. Estes desvios induzidos pelo movimento podem ser minimizados e at eliminados se incorporarmos lobos de gradiente adicionais antes da leitura do sinal. Sendo que cada um dos trs eixos (leitura ou frequncia, codificao de fase e seleo de corte) tratado de forma independente. Desta forma, a compensao de fluxo pode ser realizada em apenas um eixo ou nos trs.
Figura 50. Ilustrao do GMR igual Figura 22-16 do Edelman.
O tipo de compensao de fluxo normalmente utilizado o de primeira ordem, ou seja, para compensar velocidade constante e pode ser selecionado na direo de codificao de frequncia e de corte. A compensao na direo de fase vem sendo estudada para reduzir o artefato de perda de registro (misregistration) causado pelo atraso entre o gradiente codificador de fase e o centro do eco durante a leitura do sinal, o qual gera um deslocamento aparente do vaso quando o fluxo se propaga de forma oblqua ao gradiente codificador de frequncia e de fase. Esta compensao importante quando o objetivo, por exemplo, o de diagnosticar pequenos aneurismas com uso de angiografia por RM [0]. Portanto, com a 62 compensao de fluxo a fase dos spins em movimento restituda no momento da leitura do sinal (TE), aumentando a intensidade de sinal dos vasos ou do lquor e reduzindo a defasagem intravoxel. Lobos mais complicados de gradiente podem estar disponveis nos equipamentos de RM para compensar acelerao (termos de segunda ordem) porm so raramente usados devido ao aumento causado no tempo de eco (TE), que j significativo quando acionada a compensao de primeira ordem. Especialmente em sequncias GRE no s o TE aumenta, mas tambm o tempo de repetio (TR).
Fluxo Liqurico
O artefato ocorre devido a pulsao do lquido cefalorraquidiano (LCR ou lquor) no interior dos ventrculos cerebrais e da medula espinhal, cujo movimento causa um erro na codificao espacial da imagem. Na coluna cervical e torcica, a imagem ponderada em T2 apresentada com um artefato do tipo fantasma, no qual aparecem linhas sobre a medula se propagando na direo de fase, alm de perda de sinal, resultado de defasagem intravoxel.
Nos ventrculos cerebrais podem aparecer imagens de baixa intensidade de sinal em imagens ponderadas na densidade de prtons (DP) e T2 ou de alta intensidade de sinal em FLAIR. A perda de sinal (vazio de sinal) em imagens ponderadas em densidade de prtons (DP) do sistema ventricular cerebral j foi utilizada para auxiliar no diagnstico de hidrocefalia de presso normal (HPN), sendo substituda pela medida quantitativa do fluxo liqurico com uso de sequncias de pulso por contraste de fase (PC) e sincronia cardaca [0, 0].
Ao Corretiva:
! Utilizar tcnica de compensao de fluxo
Conforme descrito anteriormente, a compensao de fluxo permite uma reduo significativa nos artefatos de fluxo liqurico, sendo usada, especialmente, nas imagens TSE com ponderao T2 da coluna cervical. 63 ! Utilizar sincronia cardaca
uma opo disponvel, mas raramente utilizada devido ao aumento no tempo de aquisio. ! Alterar a direo de codificao de fase/frequncia
Para reduzir os artefatos na coluna cervical devido pulsao do lquor possvel selecionar a direo de codificao de fase como superior/inferior e acionar a opo de no phase wrap ou phase oversampling para que no ocorram artefatos de envelopamento. Com esta alterao, pequenos movimentos de deglutio que venham a ser realizados pelo paciente sero minimizados ou se propagaro na direo superior/inferior, no recaindo sobre a coluna. Em exames da coluna cervical o uso de sequncias de pulso GRE ponderadas em T2* com mltiplos ecos (MEDIC), associadas a tcnicas de compensao de fluxo e transferncia de magnetizao, tem sido usadas para melhor identificar edema e outras patologias [0].
Movimento Peristltico
O movimento peristltico durante a aquisio das imagens faz com que ocorra um erro na codificao espacial do sinal. Este artefato apresentado como uma rea borrada na imagem, na regio do intestino do paciente, onde o movimento mais intenso, porm prejudica toda a regio plvica.
Ao Corretiva: ! Realizar jejum
Solicitar que pacientes realizem jejum alimentar de 6 horas ou mais, reduzem as chances de movimentao de bolo alimentar no intestino, evitando artefatos de movimento que no sero compensados por parada ou sincronia respiratria [0]. ! Utilizar antiespasmdicos
64 Medicamentos antiespasmdicos so recomendados para pacientes que iro realizar exames de abdome e pelve e estes devem ser administrados momentos antes de o paciente entrar na sala de exames. Os antiespasmdicos tambm ajudam a reduzir artefatos de movimento causados pela peristalse uterina [0].
! Utilizar sequncias de pulso rpidas
De forma geral, quanto mais rpida for a aquisio das imagens, menor ser a presena de artefato de movimento. Sequncias rpidas, tipo half-fourier (HASTE, SSFSE etc) e True-FISP, permitem a obteno de imagens em tempos inferiores a dois segundos, minimizando artefatos. Em contrapartida, estas sequncias de pulso no oferecem a resoluo espacial ou a ponderao necessria para o diagnstico de certas patologias. ! Utilizar tcnica PROPELLER/BLADE
O uso desta tcnica permite a aquisio de imagens com reduo significativa de artefatos por movimentao da estrutura no plano de aquisio. Mais adiante no texto trataremos em maiores detalhes esta tcnica.
Movimento Cardaco
O batimento cardaco durante a aquisio das imagens faz com que ocorra um erro na codificao espacial, formando um artefato que se propaga na direo de fase, como mostra a Figura 53. O corao apresentado como um grande borro na imagem e estruturas na direo de fase deixam de ser corretamente visualizadas devido a propagao do artefato fantasma. Exames cardacos vm ganhando cada vez mais importncia e j fazem parte da rotina de muitos centros, porm nos concentraremos nas solues mais simples para os artefatos relacionados ao movimento do corao. Uma leitura mais detalhada e especfica est disponvel na literatura [0,0]. 65
Figura 51. Imagem do corao sem o uso de sincronia cardaca e com o uso de sincronia cardaca.
Ao Corretiva: ! Utilizar sincronia cardaca por eletrodos ou por sensor de pulso
A coleta do eletrocardiograma (ECG), atravs de eletrodos posicionados no trax do paciente ou dos batimentos atravs do sensor de pulso posicionado no dedo, permitem que o ciclo cardaco seja monitorado para que a aquisio possa ser concatenada ou sincronizada. O complexo PQRS mostrado na Figura 9 evidencia os dois picos (ondas R) que determinaro o intervalo R-R, ou o ciclo cardaco. Cada pico R representa o incio da fase sistlica. Desta forma, a fase do ECG que representa a distole ocorre cerca de 400 ms aps a deteco da onda R e pode ser usada para adquirir o sinal de RM, preenchendo algumas linhas do espao k[0]. Uma vez que a distole a parte do ciclo em que o corao est em maior repouso, as imagens iro estar livres de artefatos, como pode ser visto na Figura 54. Alguns equipamentos possuem um sistema de deteco e rejeio de arritmias que elimina a coleta dos dados (preenchimento do espao k) quando o batimento cardaco no corresponde ao esperado.
66 Em exames cardacos fundamental o uso de sequncias de pulso rpidas (turbo FLASH, True-FISP etc) juntamente com sincronia cardaca para eliminar o artefato e permitir que a anatomia possa ser estuda nas fases diferentes do ciclo cardaco.
Figura 52. Complexo PQRS e dados coletados para mostrar fases do batimento e gerar imagens em cine ou dados coletados da fase em que o corao est mais parado.
! Utilizar sequncias de pulso rpidas
Sequncias tipo half-fourier (SSFSE ou HASTE) podem ser usadas para aquisio de imagens da regio do trax, assim como sequncias de pulso True-FISP, combinadas a perodos de parada respiratria.
! Alterar a direo de codificao de fase e frequncia
Em exames da regio do trax, como os exames de mama, fundamental a correta seleo da direo de fase, uma vez que no se costuma adotar a sincronia cardaca. Um erro comum posicionar a direo de fase anteroposterior nos cortes axiais ou coronais, uma vez que a direo de menor tamanho da anatomia, porm faz com que todo o artefato fantasma relacionado ao batimento cardaco e o fluxo sanguneo recai sobre a imagem do tecido mamrio, como mostra a Figura 55. 67
Figura 53. Artefato corao exames de mama.
Movimento Respiratrio
O artefato ocorre durante o movimento respiratrio, onde as linhas de dados so adquiridas alternadamente na inspirao ou na expirao. O hipersinal da gordura subcutnea um dos causadores da visualizao deste artefato, assim como outras estruturas hiperintensas. A imagem apresentada com um artefato do tipo fantasma em vrias posies na direo de fase. A posio dos fantasmas depende do perodo respiratrio e do tempo de repetio (TR). Este artefato tambm pode provocar um borramento na imagem causando uma diminuio na resoluo espacial aparente.
Ao Corretiva: ! Utilizar cinta para sincronia respiratria
O posicionamento de uma cinta sobre o abdome ou trax do paciente que detectar a movimentao devido a respirao permite sincronizar a aquisio e eliminar artefatos de movimento respiratrio. A janela de aquisio dos dados poder ocorrer na expirao ou na inspirao. O aumento no tempo total de aquisio o principal inconveniente de uso desta tcnica, alm da dependncia de um correto posicionamento da cinta e regularidade do ciclo respiratrio do paciente. 68 ! Utilizar navegador respiratrio na imagem
O navegador respiratrio posicionado na imagem uma tcnica moderna e elegante de detectar o ciclo respiratrio. Basicamente consiste de uma regio de interesse (ROI) quadrada que deve ser posicionada na interface entre o fgado e o pulmo a partir de imagens coronais ou sagitais, como mostra a Figura 56. Desta ROI gerada uma imagem gradiente eco com ngulo de desvio baixo que adquirida em aproximadamente 100 ms. Atravs de processamento em tempo real da imagem, a interface ou borda entre o diafragma e o ar detectada. Cada posio da interface, detectada ao longo do tempo, permite construir uma curva semelhante detectada por uma cinta respiratria externa. A vantagem de utilizar este mtodo que estamos observando o movimento do fgado de forma quantitativa em relao s maior ou menor inspirao/expirao. Como o tamanho da ROI conhecido, a posio da interface pode ser correlacionada com a localizao, permitindo que esta informao seja usada para corrigir a posio do corte. Isto evita que ocorram erros na localizao do corte devido a mudanas na inspirao/expirao. A utilizao desta tcnica tambm aumenta o tempo de aquisio e depende da regularidade do ciclo respiratrio do paciente.
Figura 54. Figura do navegador respiratrio posicionado na imagem. ! Realizar parada respiratria associada a sequncias de pulso rpidas
69 Est a tcnica mais adotada quando o paciente colaborativo, apesar de uma quantidade cada vez maior de trabalhos mostrarem vantagens em relao a qualidade da imagem e deteco de leses quando utilizada sincronia respiratria por cinta ou navegador [25,0]. O amplo uso da parada respiratria se deve a rapidez com que se consegue realizar o exame. O uso de sequncias de pulso HASTE e TSE em tempo inferiores a 20 segundos permitem que sejam adquiridos de 10 a 30 cortes. Aquisies com mltiplas paradas respiratrias tambm podem ser adotadas, porm resultam em maior desgaste do paciente e possibilidade de perda de registro de localizao do corte, uma vez que o paciente pode executar a parada respiratria com maior ou menor quantidade de ar, resultando em alterao na posio de estruturas como o fgado e o pncreas. ! Aumentar o nmero de excitaes
Uma soluo, porm no muito utilizada, aumentar o nmero de aquisies do espao K para gerar uma mesma imagem, ou seja, aumentar o nmero de excitaes (NEX). A repetio dos dados no espao K suaviza os artefatos (Figura 57) e permite imagens de boa qualidade, porm o aumento de tempo de aquisio proporcional ao aumento no NEX.
Figura 55. Figura axial do abdome T1.
! Utilizar tcnica Propeller/BLADE
70 Em estudos do abdome tem sido cada vez mais adotada a tcnica de correo de movimento baseada em aquisies em projeo do espao k para uso em pacientes no colaborativos, e onde a sincronia respiratria no possvel. Em exames de ombro e plexo braquial esta tcnica tem sido til para eliminar artefatos devido a movimento respiratrio. ! Utilizar tcnicas de correo de movimento offline
possvel fazer uso de tcnicas de correo de movimento (corregistro) aps a aquisio das imagens atravs da aplicao de algoritmos instalados no prprio computador de aquisio ou em computadores independentes. Quando so adquiridas mltiplas fases em parada respiratria (e.g., pr e ps-infuso de gadolnio) nos exames de mama e fgado, o efeito da respirao pode no ocasionar artefatos diretamente visveis nas sries individuais. Porm, quando necessrio obter a curva de realce pelo meio de contraste ou realizar a subtrao das sries ps-gadolnio da aquisio pr, pequenas alteraes de posio devido ao movimento respiratrio ou voluntrio podem acarretar falsas imagens de impregnao ou alteraes no traado da curva de realce do meio de contraste, sendo necessria a aplicao de correo de movimento offline.
Movimento Voluntrio
O movimento do paciente durante a aquisio das imagens faz com que ocorra um erro na codificao espacial, formando um artefato que se propaga na direo de fase. A imagem apresentada com um artefato do tipo fantasma em vrias posies na direo de fase, degradando a qualidade da mesma. Dependendo do nvel de movimento, um borramento total da imagem pode ocorrer, inviabilizando a continuao do exame.
Ao Corretiva:
! Melhorar a comunicao com o paciente
71 Quando o paciente informado previamente sobre todas as etapas do exame e se sente tranquilo e seguro, a ansiedade tende a diminuir, reduzindo assim a chance de movimentao. Durante o exame, o operador deve se comunicar com o paciente pedindo-lhe cooperao e explicando cada etapa. Em exames com a infuso de meio de contraste endovenoso, o preparo prvio dos materiais necessrios e a puno otimizam o tempo e evitam que o mesmo mude de posio. Este ponto especialmente importante quando se deseja que as imagens pr e ps-contraste possuam boa correlao de posio, como nos exames de mama e abdome. ! Realizar conteno do paciente
O uso de faixas e sacos de areia auxilia a conter o paciente. Muitas bobinas de crnio possuem fixadores laterais e espumas especialmente desenvolvidas para evitar pequenos movimentos. Fazer a conteno de forma confortvel fundamental. Alguns sistemas de RM possuem, como opcionais, espumas imobilizadoras moldadas por ar ou por vcuo. ! Tcnica Propeller/BLADE
Em exames onde a colaborao do paciente no possvel e nos casos em que o procedimento anestsico no resulta em supresso completa de movimentos, a tcnica Proppeler/BLADE, quando disponvel, deve ser usada. Pacientes portadores da doena de Parkinson com movimentos de tremor no corpo so beneficiados por esta tcnica, assim como pacientes com suspeita de acidente vascular cerebral nos quais a sedao ou anestesia no recomendada. ! Utilizar tcnicas de correo de movimento offline
Da mesma forma que para a correo de artefatos de movimento respiratrio, tcnicas de correo de movimento podem ser usadas aps a aquisio dos dados, permitindo que imagens desalinhadas no espao possam ser corrigidas em seis graus de liberdade (trs de rotao e trs de translao). O uso desta tcnica especialmente til em estudos de RM funcional (RMf) pois permite que os cortes volumtricos sejam realinhados para a correta anlise estatstica posterior.
72 Tcnicas de Correo de Movimento Baseadas em Aquisies em Projeo do Espao k (PROPELLER/BLADE/MultiVane)
A tcnica conhecida como PROPELLER (Periodically Rotated Overlapping Parallel Lines with Enhanced Reconstruction) descrita originalmente por Pipe [0] est baseada na aquisio de lminas, ou conjuntos retangulares de linhas do espao k, de forma radial at que seja obtido um disco de dados. Cada lmina consiste de linhas de codificao de fase adquiridas atravs de trajetria retilinear com ecos coletados de aquisies TSE ou EPI aps o envio de um pulso inicial de RF. O mtodo uma variante de aquisies espirais do espao k e permite a correo de movimentos de rotao e translao que ocorrem no plano de corte atravs do uso dos dados do centro do espao k. O centro do espao k obtido diversas vezes, uma vez que cada lmina passa obrigatoriamente pelo centro, portanto, por efeito de mdia (averaging) reduz artefatos de movimento e ainda permite a correo de inconsistncias causadas por movimento entre as lminas [0].
Figura 56. Processo de obteno do BLADE. 73
Fantasma N/2 EPI
Devido ao fato de que cada segunda linha do espao k lida atravs da aplicao de um gradiente negativo, as imagens EPI so extremamente susceptveis modulaes do sinal de uma linha para outra. Antes da transformada de fourier dos dados do espao K, estas linhas devem ser revertidas. Este processo de reverso pode resultar na introduo de erros de fase em cada linha alternada do espao k [0]. A modulao do sinal em imagens EPI causa uma imagem fantasma que aparece desviada em metade do campo de viso, da o nome N/2, onde N se refere ao nmero de pixels na direo de codificao de fase. A maior parte das aes corretivas possveis necessita de interveno do fabricante, pois se referem a calibraes e ajustes que no esto acessveis ao operador.
Figura 57. Artefato N/2.
Ao Corretiva: ! Aumentar o do campo de viso
Uma soluo usada no passado ou em equipamentos mais antigos era adquirirem- se as imagens eco planares (EPI) com um campo de viso maior de forma que o 74 artefato no recasse sobre a anatomia de interesse. A penalizao para esta ao a perda de resoluo espacial. Envelopamento
O envelopamento ou dobra ocorre quando parte da anatomia, que est fora do campo de viso (CDV) na direo de fase da imagem, recai no lado aposto da imagem nesta direo. A ocorrncia de envelopamento na direo de frequncia muito rara, pois atualmente os sistemas de RF utilizam filtros para eliminar os valores de frequncia do sinal de RM que ocorrem fora do CDV. A Figura 60 mostra o artefato de envelopamento em um corte 2D sagital do encfalo causado pelo posicionamento incorreto do centro do CDV antes da aquisio.
Figura 58. Imagem sagital SE T1 do encfalo onde o centro do corte foi posicionado de forma errada, causando efeito de dobra (envelopamento de fase) da parte anterior da face no lado oposto do campo de viso.
Nas aquisies 3D existe a possibilidade de ocorrncia deste artefato na direo de corte do volume, como mostra a Figura 61, uma vez que o perfil de RF para excitar a 75 regio 3D excede o volume de imagem e utilizada codificao de fase na direo de corte. O aparecimento de imagem de estruturas que esto acima ou abaixo do volume pode inutilizar alguns cortes importantes da aquisio.
Ao Corretiva: ! Aumentar o campo de viso na direo de fase
Esta ao a mais simples, porm altera diretamente a resoluo espacial se no for acompanhada de aumento na matriz na direo de fase, o que resulta por sua vez em aumento no tempo de aquisio. Na maioria das vezes aplicada para adequar o tamanho do paciente ao campo de viso. ! Inverter a direo de codificao de fase
Trocar a direo de fase pela de frequncia garante que a anatomia excedente no ir dobrar. Esta ao pode ser adotada num corte axial do abdome quando o paciente repousa com os braos ao longo do corpo. Se a direo de fase for anteroposterior, a imagem dos braos no recair para dentro do campo de viso. Deve se ter ateno quanto a ocorrncia de artefatos tipo fantasma que se propagam na direo de fase, pois podem passar a ocorrer ou atrapalhar a imagem da regio de interesse. ! Utilizar recursos de no phase wrap ou phase oversampling
Esta tcnica consiste em codificar, na direo de fase, alm do campo de viso definido. Esta regio extra que foi codificada no ser mostrada na imagem reconstruda. Em alguns equipamentos o uso desta tcnica faz com que automaticamente a rea codificada em fase aumente 50% simetricamente para cada lado. Em outros equipamentos uma seleo de valores porcentuais do campo de viso pode ser selecionada. Cada aumento de codificao de fase ir resultar proporcionalmente em aumento de tempo de exame, porm com melhoria na razo sinal-rudo. 76 ! Utilizar recursos de slice ou volume oversampling
Da mesma forma que com o phase oversampling, esta tcnica permite que a codificao de fase em imagens 3D aumente simetricamente nos dois lados da fatia na direo de corte. Este aumento acarretar aumento no tempo de aquisio e na razo sinal-rudo. ! Utilizar pulsos de RF de pr-Saturao (bandas de saturao)
O posicionamento de bandas de saturao espacial de radiofrequncia permite que todo o sinal da regio marcada pela banda no contribua com sinal no processo de formao da imagem. Assim, possvel posicionar bandas de saturao na anatomia que excede ao campo de viso na direo de fase. Algumas bobinas locais, como a de joelho, por exemplo, podem captar o sinal do outro joelho fora da bobina, fazendo com que seja necessrio o uso de bandas de saturao. ! Melhorar o posicionamento da bobina ou da regio anatmica
O posicionamento correto da regio anatmica no interior de bobinas de volume e, principalmente, de bobinas locais (e.g., bobina de ombro), permite que o sinal desejado fique restrito a regio de interesse, reduzindo a sensibilidade para regies que esto alm do campo de viso. Linhas e Ondulaes
O aparecimento de linhas, ondulaes e outros sinais com padres diversos que no possuem correlao com a presena de vasos ou movimentao do paciente, caracterizam este tipo de artefato, como mostra a Figura 59. Basicamente esto relacionados a erros durante o preenchimento do espao k, seja por problemas de instabilidade dos gradientes, seja por erros na transmisso de RF. Problemas externos ao sistema de RM, como entrada de RF espria pela gaiola de faraday, acessrios no prprios para o ambiente da sala de exames (bomba injetora de contraste, monitor multiparamtrico, oxmetro, bomba de infuso etc) tambm podem ser a causa deste tipo de artefato na imagem. Podemos subdividir o artefato 77 em dois tipos: spikes e zipper, apesar de em alguns casos os dois tipos estarem presentes na imagem.
Figura 59. (a) Imagem axial tof para angiorressonncia do encfalo mostrando artefato em linha. (b) reconstruo 3D com viso anterior do volume adquirido mostrando a ocorrncia do artefato em outros cortes e prejudicando a visualizaco das estruturas. O artefato foi causado por entrada de RF causado devido a problema na blindagem da porta da sala de exames.
Artefato tipo Spike
O termo spike se refere a erros nos dados do espao k, em pontos bem determinados, que causaro, aps a transformada de Fourier, oscilaes e padres de intensidade de sinal em toda a imagem. Estes pontos podem ter uma alta ou baixa intensidade de sinal comparada com o restante do espao k[0]. A distncia e a intensidade destes pontos em relao ao centro do espao k ir determinar o aspecto na imagem. A origem bastante variada e pode estar relacionada ao funcionamento dos gradientes, presena de material metlico (anis, brincos, clipes de papel, moedas etc) dentro do tnel do equipamento, descargas eltricas geradas nos contatos de tomadas e lmpadas, assim como no prprio lenol do paciente [0]. 78
Figura 60. (a) Exemplo de imagem com artefato tipo Spike, (b) correspondente imagem do espao k mostrando o local de ocorrncia do artefato, (c) remoo manual da regio do espao k e (d) aplicao da transformada de Fourier 2D no espao k modificado para demonstrar a eliminao completa do artefato da imagem.
Artefato Tipo Zipper
um artefato causado pela entrada de RF na sala de exames, normalmente por fechamento incompleto da porta da sala, quebra ou falha na blindagem da mesma, ou problemas na gaiola de faraday causados por erros na instalao ou m conservao ao longo do tempo. As imagens com este artefato mostram linhas de alta intensidade na imagem que se propagam na direo de fase, indicando que a falsa RF possui um valor especfico de frequncia, sendo esta uma diferena para o spike.
79 Ao Corretiva: ! Verificar integridade da gaiola de faraday
Os contatos da porta da sala de exames sofrem avarias com o tempo e devem ser revisados e limpos periodicamente, sendo substitudos quando quebrados ou ausentes. Testes realizados por empresas especializadas podem ser necessrios quando existe desconfiana quanto a integridade da gaiola, principalmente quando percebido sinais de umidade ou mesmo goteiras dentro da sala de exames. ! Verificar a integridade das lmpadas e cabos ligados a tomadas eltricas
Lmpadas queimadas ou com mau contato podem ocasionar faiscamento, assim como conexes defeituosas em tomadas eltricas. ! No permitir a entrada na sala de exames de equipamentos que no possuam compatibilidade com o ambiente de RM
Todos os equipamentos e materiais usados dentro da sala de exames devem ser compatveis com o ambiente de RM, tanto sob o ponto de vista de segurana, quanto em relao a possibilidade de ocorrncia de artefatos. Bombas injetoras de contraste, de infuso medicamentosa e monitores multiparamtricos testados e aprovados pelos fabricantes para o ambiente da RM, trazem indicao da distncia limite que devem ser mantidos do magneto para evitar atrao e gerao de artefatos. 80
Figura 61. Artefato tipo Zipper.
Falsos Contornos ou Sombras
Manchas escuras, sombras e falsos contornos nas imagens podem ter diversas causas que foram aqui agrupadas pela caracterstica de envolver a reduo de sinal local na imagem. As diferenas de frequncia de precesso entre diferentes materiais, efeitos locais de susceptibilidade magntica e o simples fato da excitao de um corte interferir em outro corte prximo, podem causar este tipo de artefato. Uma subdiviso quanto a causa, ajuda a escolher a melhor opo para eliminar ou reduzir estes artefatos. Desta forma, esta categoria de artefato foi subdividida em: desvio qumico, susceptibilidade, sobreposio de cortes, truncamento e volume parcial. 81
Desvio Qumico
A presena de contornos ou sombras nos limites entre diferentes estruturas anatmicas na direo de codificao de frequncia denncia este tipo de artefato, como pode ser visto na Figura 65. A causa a diferena na frequncia de precesso dos prtons de hidrognio presentes na gua e na gordura. Esta diferena, ou desvio, de 3,35 partes por milho (3,35 ppm)[0], o que representa cerca de 214 Hz a 1,5 T e 428 Hz a 3,0T. Com este exemplo possvel perceber que o artefato de desvio qumico se torna bastante pronunciado medida que o valor do campo magntico dos equipamentos aumenta, o que, por outro lado, faz com que no seja to importante em equipamentos de baixo campo (0,2 a 0,5T).
Figura 62. Artefato de desvio qumico criando uma falsa borda na direo de frequncia entre a gordura e o tecido heptico.
Uma vez que a codificao espacial do sinal de RM - ou seja, a posio de onde vem o sinal do corpo do paciente - est baseada na frequncia de precesso, um tecido ao lado do outro (pixel vizinho) ir ter uma distncia em milmetros proporcional a uma distncia em frequncia, considerando que os tecidos dentro destes dois pixels vizinhos sejam iguais quanto a composio. J, se a composio 82 de um pixel for predominantemente de gua (e.g., tecido heptico) e do outro pixel de gordura, alm da distncia em frequncia gerada pelo processo de codificao espacial, teremos um afastamento do pixel de gua em relao ao pixel de gordura causado pela diferena de precesso entre os dois. No espao vazio deixado por este afastamento surge a sombra escura vista nas imagens. A presena de uma borda brilhante pode ocorrer se houver sobreposico de tecidos devido ao desvio qumico.
fundamental salientar que a distncia em hertz (Hz) entre os pixels de uma imagem, se deve a largura de banda de recepo selecionada no protocolo de aquisio. Quanto menor for a largura de banda de recepo para uma mesma matriz selecionada, maior ser o efeito do desvio qumico na imagem. Para exemplificar o que foi dito acima, a Figura 21 mostra este efeito em um objeto de teste composto por um frasco de leo mineral que est imerso em um recipiente contendo gua. Foram adquiridas imagens variando direo do gradiente de frequncia e largura de banda de recepo.
Figura 62. Demonstrao do artefato de desvio qumico com frasco contendo gua e leo mineral e a influncia da seleo de direo de codificao de frequncia e da escolha da largura de banda de recepo. 83
Imagens em fase e fora de fase
O desvio qumico entre a gua e a gordura origina uma tcnica utilizada em IRM que faz uso de um artefato para o diagnstico de patologias. As chamadas imagens em fase e fora de fase tm origem em sequncias de pulso gradiente eco (GRE), adquiridas com tempos de eco (TEs) calculados a partir do desvio qumico entre a gua e a gordura. Nas sequncias de pulso Spin Eco (SE), os spin da gua e os da gordura estaro em fase no momento da leitura (coleta do eco).
Se convertermos o desvio qumico, dado em frequncia ($f), em perodo (T), conforme a equao dada abaixo - podemos calcular o intervalo de tempo em que os spins da gua e da gordura estaro em fase. Na metade deste tempo, os spins estaro fora de fase.
Se calcularmos para 1,5 T, considerando um desvio de 214 Hz entre a gua e a gordura, o valor do perodo ser de aproximadamente 4,7 ms, como mostra o clculo abaixo.
Isto quer dizer que a cada 4,7 ms os spins da gua e da gordura, submetidos a um campo de 1,5T, estaro em fase e a cada 2,4 ms estaro fora de fase. A Tabela 3 mostra valores calculados de TE para diferentes valores de campo a serem utilizados em sequencias GRE.
Tabela 3. Valores aproximados de tempo de eco (TE) em milissegundos (ms) para que os spins estejam em fase e fora de fase para diferentes valores de campo magntico. Tempo de Eco (ms) 0,23T 0,35T 0,5T 1,0T 1,5T 3,0T Em fase 30,5 20,0 14,0 7,0 4,7 2,3 Fora de Fase 15,2 10,0 7,0 3,5 2,3 1,2 84
A partir deste conceito podemos obter imagens gradiente eco com tempos de eco em fase e fora de fase, como mostra a Figura 67, onde, nas imagens fora de fase, as interfaces entre tecidos com uma quantidade maior de gua e tecidos com maior contedo de gordura aparecero com perda de sinal, como o caso dos limites entre o fgado e a gordura intraperitonial. No caso de patologias como a adenoma da glndula adrenal e infiltrao gordurosa heptica, onde o tecido doente passa a ter uma concentrao maior de gordura, o diagnstico pode ser auxiliado pelo artefato, uma vez que nas imagens fora de fase, o sinal no tecido ser reduzido em relao as imagens em fase, como mostra a Figura 67 [0,0].
Figura 64. Imagem com adenoma da glndula adrenal in fase e fora de fase.
Mtodo Dixon: Uso do Desvio Qumico para Supresso do Sinal da Gordura
Em 1984, um mtodo proposto por Dixon[0], baseado em sequncias de pulso Spin Eco modificadas, permitiu que fossem obtidas imagens em separado da gua e da gordura, fazendo uso do desvio qumico. A habilidade de produzir imagens separadas da gua e da gordura, mesmo na presena de inomogeneidades do campo magntico esttico (B 0 ), faz o mtodo Dixon til para supresso de gordura, supresso de gua e anlise de tecido que possuam contedo lipdico, principalmente em equipamentos de menor valor de campo (0,23 ou 0,35T) onde tcnicas baseadas no envio de pulsos seletivos de RF no so possveis. Em 85 equipamentos de 3,0T ou mais, bastante til, pois no utiliza pulsos de RF adicionais para saturar o sinal da gordura, reduzindo assim a taxa de absoro especfica (SAR). Artefatos decorrentes desta tcnica residem, em grande parte, no problema de corrigir de forma eficiente a fase no ps-processamento e compensar as inomogeneidades de campo magntico [0,0].
Em regies do corpo onde o formato da estrutura no uniforme ou acompanhado de mudanas abruptas (e.g., p, ombro e mo) as tcnicas de saturao da gordura por RF falham e podem produzir artefatos, como mostra a Figura 68, pois so muito dependentes da homogeneidade do campo magntico. Como a tcnica Dixon no requer to alta homogeneidade do campo magntico, a chance de se obter sucesso com a supresso do sinal da gordura pode chegar a 100% [36].
Figura 65. (a) Erros de Saturao e (b) Uso do Dixon.
Susceptibilidade
A susceptibilidade magntica uma caracterstica dos materiais de responderem aplicao de um campo magntico externo. O efeito de susceptibilidade magntica pode ser de reduzir levemente (diamagnetismo), de aumentar levemente 86 (paramagnetismo) ou de aumentar bastante o campo magntico local (ferromagnetismo).
Desta forma, podemos dizer que a simples presena de tecido humano no interior do equipamento altera a homogeneidade do campo. De forma geral, o tecido humano diamagntico, conforme observaes realizadas por Faraday ainda no sculo XIX [0], porm tecidos em condies funcionais ou patolgicas especficas podem produzir alteraes no seu estado magntico e, consequentemente, no sinal, podendo assim ser usadas diretamente para o diagnstico ou gerar artefatos. Algumas protenas que contm ons metlicos, como a deoxihemoglobina, metahemoglobina, hemosiderina e ferritina so paramagnticas. O gadolnio presente nos meios de contraste usados em RM paramagntico.
A presena de material metlico e principalmente com componentes ferromagnticos ir perturbar o campo gerando, no somente perda de sinal na regio, mas tambm distoro geomtrica, como mostra a Figura 69. Atualmente a quase totalidade dos implantes e dispositivos presentes no corpo de pacientes no , ou no contm, elementos ferromagnticos, porm ainda produzem quantidades variadas de artefato por susceptibilidade. Materiais como o titnio, platina e ouro so no ferromagnticos e frequentemente utilizados em implantes e clipes de aneurisma.
Assim como o desvio qumico, o efeito de susceptibilidade dependente do campo magntico externo aplicado. Quanto maior for o campo (e.g., 3,0 T) maior ser o efeito de susceptibilidade. 87
Figura 66. Artefato produzido por aparelho dentrio em diferentes sequncias de pulso usadas em exames de rotina do encfalo. (a) Sagital SE T1, (b) Axial Time-of-Fligth (TOF) para angiografia do encfalo, (c) Axial EPI SE e (d) Axial EPI GRE. possvel perceber que a o artefato mais proeminente nas imagens gradiente eco (b), especialmente na sequncia de pulso EPI GRE (d).
As diferenas na susceptibilidade dos tecidos faz com que aumente a inomogeneidade do campo magntico local, resultando em acelerao da defasagem nestas regies, o que termina por reduzir o sinal local ou criar anomalias de sinal. As interfaces ar-tecido e osso-tecido so as principais causas de diferenas de susceptibilidade, podendo afetar imagens EPI e criar dificuldades para a saturao de gordura e realizao da espectroscopia. Um mapa da homogeneidade do campo ou das regies de maior susceptibilidade pode ser produzido com o uso de sequencias gradiente eco, como mostra a Figura 70. Este mapa permite identificar que nas interfaces osso-ar-tecido ocorrem grandes variaes do campo e sero estes os lugares responsveis pelo surgimento de artefatos de distoro, saturao de gordura e alterao de sinal.
88 As sequncias de pulso SE so as menos sensveis aos artefatos de susceptibilidade. J as sequncias GRE e, principalmente, EPI, so muito sensveis. As interfaces ar-tecido-osso, mesmo causando pequenas alteraes de susceptibilidade, podem afetar de forma bastante heterognea o sinal de imagens EPI e causar distores geomtricas importantes.
Figura 67. Cortes axiais gradiente eco Field Map. Aes Corretivas: ! Retirar objetos metlicos e revisar o interior do magneto e a mesa de exames
Os pacientes devem retirar todos os metais possveis do corpo, assim como receber roupa apropriada para a realizao do exame. Uma moeda no bolso da cala de um paciente pode resultar em forte artefato na regio ou afetar a saturao de gordura em regies prximas. O interior do magneto e a mesa de exames devem ser periodicamente revisados e limpos. ! Utilizar sequncias de pulso SE e TSE
Sequncias de pulso Spin Eco (SE) e Turbo Spin Eco (TSE) so menos sensveis a artefatos de susceptibilidade que sequencias gradiente eco, uma vez que o pulso de RF de 180 refocaliza os spins corrigindo a defasagem. ! Aumentar a largura de banda de recepo
89 O aumento da largura de banda faz com que o desvio qumico entre a gua e a gordura diminua de pixel para pixel e reduz a amplitude do artefato de susceptibilidade causado pela presena de metal na regio. Tambm possibilita que um menor TE possa ser selecionado pelo operador. O inconveniente fica por conta do aumento de rudo na imagem que deve ser compensado de outra forma, como por exemplo, aumentando o NEX. ! Reduzir tempo eco
Tempo de eco mais curtos reduzem o tempo de defasagem e as perdas de sinal. ! Direo de fase AP nas aquisies axiais EPI do Encfalo
Ao contrrio do que ocorre para outras aquisies axiais do encfalo que utilizam SE ou TSE, nas imagens EPI a direo de fase tem que ser anteroposterior. Assim o gradiente de susceptibilidade causado pelas interfaces ar-tecido-osso vai estar na mesma direo que o gradiente codificador de fase, reduzindo, mas no eliminando o artefato. ! Saturar/Anular o sinal da gordura em EPI
Imagens EPI so muito sensveis ao efeito do desvio qumico. Qualquer mudana na frequncia do sinal, como no caso da gordura, ir resultar em um pronunciado desvio de posio na imagem devido ao longo tempo de amostragem do sinal (50 a 100 ms), podendo afetar at mais que 10 pixels na imagem. O uso de saturao de gordura por RF ou de tcnicas baseadas na anulao do sinal da gordura por inverso da recuperao (STIR) so formas recomendadas de evitar este artefato. ! Adquirir e utilizar os mapas de campo ou de susceptibilidade para programar cortes
Mapas de susceptibilidade so imagens gradientes eco rpidas que podem ser usadas para mapear as alteraes de campo magntico causadas pelo prprio tecido (e.g., base do crnio e seios paranasais) ou pela presena de metal (e.g., grampos de sutura craniana). Estas imagens podem ser usadas como localizadoras para a programao de cortes em sequncias como a EPI, onde a proximidade com interfaces ar-osso-tecido ou com o metal degradam a qualidade. Podem tambm ser 90 utilizadas na programao de aquisies single e multivoxel para espectroscopia cerebral. ! Utilizar tcnicas de aquisio paralela
Dada a reduo na necessidade de acionamento de gradientes codificadores de fase, as tcnicas de aquisio paralela [0,0] permitem a reduo do TE mnimo e do comprimento do trem de ecos, reduzindo assim artefatos de susceptibilidade, como mostra a Figura 26(b). ! Utilizar tcnicas de recuperao da inverso por saturao espectral no seletiva
Tcnicas baseadas no uso de recuperao da inverso combinadas a pulsos de RF adiabticos asseguram alta uniformidade na saturao de gordura mesmo na presena de inomogeneidades do campo de RF [0]. ! Utilizar Mtodo Dixon
Como j descrito anteriormente o mtodo Dixon uma opo para obter imagens com supresso do sinal da gordura mesmo na presena de inomogeneidades do campo magntico. O tempo de aquisio mais prolongado que tcnicas de saturao da gordura por RF um limitador para o seu uso.
Sobreposio por Angulao dos Cortes
Este artefato ocorre, geralmente, em exames da coluna lombar, onde alguns cortes acabam sendo sobrepostos ao serem posicionados sobre os discos e seguindo sua angulao. Assim, a regio de um corte sofre a influncia da radiofrequncia do corte adjacente, ficando saturada. A regio da imagem onde ocorreu a sobreposio do corte apresentada como uma faixa de baixo sinal, como pode ser visto na Figura 68.
91
Figura 68. Imagem axial da coluna lombar mostrando sombra resultante da sobreposio entre cortes adjacentes.
! Ajustar o posicionamento
Pode-se posicionar os cortes de maneira que a interseco destes ocorra fora da regio de interesse. ! Adquirir cortes de forma alternada/intercalada
Alguns equipamentos permitem adquirir cortes alternadamente, o que diminui a interferncia entre os cortes.
Sobreposio por Proximidade (Cross Talk)
Um efeito semelhante, tambm conhecido como cross talk ou conversa cruzada pode ocorrer entre dois cortes paralelos muito prximos, ou seja, sem o correto espaamento entre o incio de um e o fim de outro. Este efeito resultado da imperfeio inerente ao perfil de RF enviado ao corpo do paciente. Este perfil possui uma largura em frequncias que no se encerra abruptamente, ocasionando uma saturao de cortes adjacentes ao de interesse. Se adquirirmos cortes de forma contigua, ou seja, um aps o outro (corte 1, 2, 3...) e sem o devido espaamento, a RF de um ir saturar parte do tecido do outro corte. No momento da excitao do prximo corte no teremos a mxima magnetizao disponvel, ocasionando uma 92 reduo geral do sinal na imagem. Quanto mais rpido e mais fino for o corte desejado, a tendncia que seja menos perfeito o pulso de RF que ir excitar a regio, ocasionando maior efeito de sobreposio de RF de um corte para outro.
! Usar o espaamento recomendado entre os cortes
O espaamento entre o fim de um corte e o incio de outro garante que as imperfeies de cada pulso no iro afetar o corte adjacente. Espaamentos de no mnimo 10% da espessura de corte so recomendados para garantir a qualidade de imagens 2D. Quando em sequencias com uso de pulso de inverso (e.g., STIR, FLAIR) recomendado, no mnimo, 20%. ! Selecionar cortes intercalados
Esta opo faz com que a excitao dos cortes no ocorra de forma contigua e sim intercalada entre cortes pares e mpares. Primeiro so excitados os cortes pares (2, 4, 6...) e depois os cortes mpares (1, 3, 5...).
Truncamento ou Efeito Gibbs
Este artefato ocorre devido a baixa amostragem de dados na direo de codificao de fase ou frequncia (baixa resoluo da matriz de aquisio), de modo que as interfaces de alto e baixo sinal so apresentadas incorretamente na imagem. Uma srie de linhas paralelas a borda das estruturas se propaga na imagem, como pode ser visto na Figura 69. 93
Figura 59. Artefato tipo truncamento.
Um objeto com borda bem definida, como a medula em relao ao lquor nas imagens ponderadas em T1, ser bem representada se houver uma alta taxa de amostragem do sinal de RM, para representar bem esta mudana abrupta. Dependendo da direo de aplicao do gradiente e da orientao da estrutura na imagem esta direo pode ser a codificao de fase ou a codificao de frequncia. O truncamento do sinal de RM, principalmente na direo de fase, que possui relao direta com o tempo de aquisio, ocorre quando selecionamos uma matriz muito baixa, como por exemplo, 128.
O efeito no sinal de RM de retirada das altas frequncias no sinal armazenado no espao k, ocasionando, aps a aplicao da transformada de fourier (TF), uma representao incorreta, principalmente das bordas. Se um objeto que contm componentes de alta frequncia espacial (bordas bem definidas) no for amostrado corretamente, o resultado ser no somente uma perda de resoluo na imagem, mas tambm a introduo dos chamados anis de Gibbs. Nome este dado em homenagem ao matemtico e fsico americano, Josiah Willard Gibbs (1839-1903), que explicou o fenmeno da presena de grandes oscilaes nas bordas quando se tenta aproximar por sries de Fourier uma onda quadrada. Este artefato caracterizado por oscilaes de intensidade de sinal que se propagam a partir das bordas na anatomia e se tornam evidentes somente quando o tamanho da transio na borda do objeto e da ordem do tamanho do pixel ou menor que este.
94 ! Filtro de Suavizao
Utilizar um filtro matemtico (e.g., filtro Hanning) no espao k para suavizar os dados antes da transformada de fourier auxilia na eliminao deste artefato na imagem. O processo chamado de apodizao consiste em suavizar as altas frequncias espaciais. ! Aumentar o nmero de codificaes de fase e frequncia
O aumento do nmero de codificaes de fase e frequncia, ou seja, na matriz de aquisio, reduz significativamente este tipo de artefato. O aumento na matriz na direo de fase aumenta o tempo de aquisio. ! Saturar/Anular o sinal da gordura
O uso de saturao de gordura por RF ou anulao por inverso da recuperao permite reduzir o artefato que tem origem nas imagens com hipersinal da gordura.
Distoro Geomtrica
Quando a imagem apresenta distores que alteram o formato e/ou a posio da anatomia do paciente, o tipo de artefato pode ser classificado como de distoro geomtrica ou linearidade espacial. A imagem deformada pode ter como origem a homogeneidade do campo magntico esttico (B 0 ), a linearidade dos gradientes de campo magntico, a presena de objetos metlicos e efeitos de susceptibilidade causados por regies e estruturas do prprio paciente.
O campo magntico esttico mais homogneo no isocentro e tende a piorar a medida que nos afastamos do centro em direo aos limites do CDV. Imperfeies na homogeneidade do campo B 0 podem ser resultado de material metlico deixado dentro do magneto, falta de procedimento de homogeneizao do campo pelo fabricante, colocao de equipamentos ou grandes quantidades de massa metlica nas vizinhanas da sala de exames ou mesmo caractersticas do tipo de magneto adquirido. 95 A variao linear do gradiente de campo magntico deve ocorrer ao longo do campo de viso at sua mxima dimenso selecionvel pelo operador. Porm, na maioria dos equipamentos, nos limites do campo de viso ocorrem alteraes da homogeneidade de campo magntico principal alm de distores no perfil do gradiente, como mostra a Figura 73. Estes erros levam a distoro da imagem nestas regies, como mostra a Figura 70. Um artefato bastante comum nas imagens de RM, e que est diretamente relacionado homogeneidade do campo, so as falhas na saturao de gordura, principalmente em regies prximas aos limites do campo de viso.
A distoro causada por efeitos de susceptibilidade das interfaces ar-osso-tecido causa, alm de alteraes no sinal das imagens j comentadas anteriormente, distores da imagem que impossibilitam a identificao de estruturas ou a medio de leses.
Figura 71. (a) Imagem adquirida no plano coronal com campo de viso (CDV) de 40 cm em um equipamento de 0,35T e sem uso do filtro de correo. Foi utilizado dispositivo de teste composto de grade de acrlico utilizado para verificar a distoro geomtrica. (a) Imagem do mesmo dispositivo, porm com uso do filtro de correo. (c) e (d) Imagens de exames realizados com uso do mximo CDV sem uso do filtro de correo.
96 Ao Corretiva: ! Uso de algoritmos (filtros) de correo da distoro geomtrica
Os fabricantes possuem filtros para a correo de distoro geomtrica e recomendam seu uso, normalmente, a partir de um determinado tamanho do CDV. A correo de distoro pode ser selecionada em alguns equipamentos somente antes do incio da aquisio, porm, em outros equipamentos, o algoritmo pode ser aplicado na imagem j adquirida. ! Melhor posicionamento da anatomia
Este procedimento inclui no somente um reposicionamento do paciente ao longo do eixo da mesa de exames (superior-inferior) mas tambm, quando possvel, um reposicionamento lateral do paciente. Se num exame de ombro, por exemplo, houver distoro da imagem ou dificuldade de realizar saturao do sinal da gordura, a movimentao lateral do paciente, trazendo o ombro de interesse mais para o centro do magneto jea garante uma melhor homogeneidade de campo. Equipamentos abertos de RM e novos equipamentos de 1,5T e 3,0T com abertura do gantry de 70 cm possibilitam que esta manobra seja realizada com maior facilidade, mesmo em pacientes grandes. ! Realizao de shimming especfico na regio de interesse
A maioria dos sistemas de RM permite ao usurio selecionar as dimenses e o posicionamento da regio de interesse que o shimming ser feito. Na ausncia de interao do usurio, o sistema adota a mesma regio onde esto programados os cortes. ! Certificao do shimming passivo do equipamento
A homogeneidade do campo magntico ajustada na instalao do equipamento atravs da colocao de peas de material ferromagntico no interior do magneto, procedimento este conhecido como shimming passivo. Apesar de raro, pode ser necessrio refazer o shimming passivo, especialmente se houveram modificaes 97 importantes na estrutura fsica no entorno da sala do magneto ou problemas nas bobinas de gradiente, por exemplo.
Outros Artefatos
Artefatos Devido a Tcnica de Aquisio Paralela
Tcnicas de aquisio paralela (e.g., SMASH, SENSE, mSENSE, GRAPPA etc) esto disponveis nos modernos equipamentos de RM e permitem uma srie de vantagens na medida em que reduzem a necessidade do acionamento de gradientes codificadores de fase para coletar todo um espao k, fazendo uso do sinal obtido por diferentes elementos de bobinas de RF e do seu perfil de sensibilidade.
Rudo inomogneo e envelopamento residual so dois tipos caractersticos de artefatos que vm se tornando cada vez mais raros medidas que modificaes nas tcnicas e nas bobinas so implementadas. O rudo inomogneo pode ser evitado atravs do posicionamento correto da bobina, campo de viso adequado e baixo fator de acelerao. O envelopamento residual se caracteriza pela dobra da anatomia no centro do campo de viso na direo de codificao de fase e resulta, na maioria das vezes, de discrepncia entre o sinal coletado para a calibrao do perfil de sensibilidade da bobina e aquisio do sinal propriamente dito. Uma abordagem mais aprofundada e completa pode ser obtida na literatura [0,0,0].
Cross Talk entre Sistemas de RM
Das referncias utilizadas somente uma relatava este tipo de artefato bastante incomum, mas presente no nosso meio. importante relatar este tipo de artefato, pois vem se tornando cada vez mais frequente a instalao de um segundo ou terceiro equipamento de RM de mesmo valor de campo magntico e bastante prximo um do outro, quando no um ao lado do outro. Se os dois equipamentos 98 esto operando na mesma frequncia e ao mesmo tempo muito importante que as salas sejam circundadas por blindagem especialmente desenhada para que no ocorra o cross talk entre os sistemas. recomendvel que o aterramento da blindagem de RF seja feito separadamente e que os armrios dos sistemas de RF e gradientes sejam mantidos distantes ou em ambientes distintos para cada sistema. Desvio Qumico em Imagens EPI
Em aquisies convencionais do espao k, o efeito do desvio qumico entre a gua e a gordura ir resultar num deslocamento dos pixels na direo de frequncia, como citado anteriormente na seo 4.4.1. Este efeito se torna um pouco mais complicado quando analisamos a sequncia de pulso EPI. Nas aquisies eco planares do espao k (EPI), a taxa de amostragem do eco muito mais alta, o que resulta em menores acmulos de fase durante a leitura do sinal (codificao de frequncia). Entretanto, o tempo entre pontos de dados adjacentes na direo de codificao de fase muito maior, resultando em um grande desvio de posio da gordura na direo de fase da imagem, como mostra a Figura 72-a.
Figura 72. EPI do encfalo sem (a) e com uso de fat Sat (b).
A opo para eliminar este artefato fazer uso de pulso de saturao espectral do sinal da gordura (Figura 72-b) ou utilizar pulsos de inverso da magnetizao e tempo de inverso (TI) ajustado para anular o sinal da gordura. 99
Difuso da Mama com Prteses de Silicone
O uso da imagem ecoplanar ponderada na difuso da gua para regies do corpo alm do tecido cerebral vem se tornando cada vez mais frequente. No caso especfico do uso de difuso da mama, ateno deve ser dada quando a paciente possui prtese de silicone. O silicone possui um desvio qumico de aproximadamente 296 Hz em relao a gua e causar um artefato de deslocamento pior que o da gordura em imagens EPI, como mostra a Figura 73.
Figura 73. (a) Imagem axial T2 TSE STIR mostrando prtese de silicone unilateral (mama direita). (b) Imagem axial EPI STIR ponderada na difuso (b=50 mm/s 2 ) mostrando o pronunciado deslocamento na direo de fase (anteroposterior). (c) Imagem axial EPI ponderada na difuso (b=50 mm/s 2 ) com uso de pulso adiabtico de saturao e inverso da magnetizao, onde possvel verificar que o sinal do silicone foi saturado.
A soluo utilizar tcnicas de saturao espectral por RF que eliminem tanto o sinal da gordura como do silicone, eliminando assim o artefato na imagem. O uso de recuperao da inverso combinadas a pulsos de RF adiabticos uma opo disponvel nos sistema de RM mais modernos. 100
Efeito do ngulo Mgico
Este artefato visto com certa frequncia em tendes, ligamentos e nervos perifricos, onde certas partes do tecido aparecem com aumento de sinal nas imagens ponderadas em T2 com TE curto. A orientao da fibra em relao a direo do campo magntico principal (B 0 ) determina o efeito do ngulo mgico. Tendes e ligamentos possuem tempos T2 extremamente curtos, dadas as interaes dipolares que o hidrognio, ligado a cadeias de colgeno, possui. Num ngulo aproximado de 55 com a direo do B 0 , as interaes dipolares se tornam nulas, resultando num aumento do tempo T2 (cerca de 100 vezes) e aumento do sinal em imagens ponderadas em T2[0]. O tendo de Aquiles altera seu T2 de 0,6 ms para 22 ms [46]. O aumento de sinal no tendo patelar. O posicionamento da anatomia de interesse num ngulo diferente de 55 e o uso de TE mais longos (acima de 37 ms) so as alternativas para eliminar este artefato. O aumento do TE pode ajudar na especificidade de uma doena, porm pode resultar em perda de sensibilidade na deteco, visto que a condio patolgica ter de aumentar o tempo T2 mais do que o efeito do ngulo mgico.
Deve-se ter cuidado especial quando do uso de exames dinmicos, especialmente em equipamentos abertos de RM, onde a anatomia de interesse realiza movimento e altera sua orientao em relao a direo do B 0 . Atualmente esto sendo desenvolvidas sequncias de pulso que utilizam tempos de eco ultra-curtos (UTE Ultra short TE), onde o TE varia de 8 a 80 s, o que faz com que se obtenha sinal das fibras mesmo quando orientadas a 0 em relao ao B 0 [0].
Artefato da Anestesia nas Imagens FLAIR
Hiperintensidades nas cisternas da base e nos espaos subaracnideos em imagens FLAIR (Fluid-Attenuated Inversion Recovery), de pacientes submetidos a procedimentos anestsicos para realizao do exame de RM, foram inicialmente atribudas ao uso de um anestsico conhecido como propofol [0]. Trabalhos subsequentes mostraram que o suplemento de oxignio resulta em encurtamento do 101 tempo T1 do lquido cefalorraquidiano (LCR) e o responsvel pelo aparecimento de hiperintensidades no LCR que podem ser erroneamente atribudas contedo proteico anormal ou hemorragia subaracnidea. [0,0,0]
16-8%-#0- &% G'.-
Conseguiu identificar os artefatos presentes nas trs imagens? O tipo de artefato, a causa e a soluo podem ser conferidos abaixo:
Figura 46 Letra a Tipo de Artefato: Presena de objeto metlico. Relato do Ocorrido: uma paciente idosa orientada a retirar todos os metais entrou em sala para realizar uma RM de Encfalo e to logo se iniciou o exame (imagens localizadoras) foi percebida a presena deste forte artefato em ambos os lados do crnio. Paciente foi questionada quanto a cirurgias e revisada quanto a brincos e algum passador de cabelo. Negou e mostrou que no havia nada. Porm informou que usava peruca. Causa: presena de presilhas metlicas para fixao da peruca. Soluo: remoo da peruca e reinicio do exame.
Figura 46 Letra b Tipo de Artefato: Presena de imagens fantasma. Relato do Ocorrido: paciente agitado e com dificuldade de manter apneia. Causa: movimento respiratrio do trax e abdome durante a aquisio em apneia. Soluo: reduo do tempo total de aquisio em apneia com utilizao de tcnicas de imagens paralelas; uso de sincronia respiratria por cinta ou navegador na imagem ou uso de tcnica tipo BLADE ou Propeller.
102 Figura 46 Letra c Tipo de Artefato: Presena de imagens fantasmas hiperintensas se propagando lateralmente na fossa posterior prejudicando a visualizao das estruturas. Relato do Ocorrido: aparecimento do artefato somente nas imagens axiais aps uso do meio de contraste a base de gadolnio. Causa: artefato causado por imagens fantasma devido a pulsao do seios venosos hiperintensos devido a presena do gadolnio. Soluo: utilizao de tcnica de compensao de fluxo.
Artefatos em IRM assumem diferentes formas, fantasmas, falsos contornos, sombreamentos, linhas, zippers e distores geomtricas. Fantasmas, especialmente aqueles causados por movimento, so os mais frequentes. De forma similar a escolha de sequncias de pulso, a deciso de suprimir artefatos deve ser reconsiderada periodicamente, com o aumento da experincia e inovaes tecnolgicas. A deteco e supresso dos diferentes tipos de artefatos exige cooperao entre o corpo mdico e o corpo tcnico alm de um estudo peridico das novas sequncias de pulso.
Evitar erros de interpretao e melhorar a qualidade da imagem de ressonncia magntica um desafio a ser vencido na medida em que uma profuso de sequncias de pulso e, consequentemente de aplicaes nas mais diversas regies anatmicas ocorre.
:65'$0"(0 64 12
Apesar do processo de obteno de imagens por ressonncia magntica (RM) no utilizar radiao ionizante e o mtodo ser considerado seguro, existem muitos riscos associados a realizao dos exames e ao ambiente de RM que j conduziram a acidentes graves associados a morte de pacientes e trabalhadores. A maior parte dos acidentes est relacionada ao campo magntico esttico do equipamento, porm outras fontes de risco como os gradientes de campo magntico, radiofrequncia, meio de contraste base de gadolnio e os criognicos (ex., hlio 103 lquido), tambm oferecem perigo e devem ser considerados numa anlise de segurana no setor.
Cabe destacar que o Brasil no possui legislao ou mesmo recomendao sobre aspectos de segurana em RM e , portanto, dever das instituies e dos que trabalham garantir a segurana dos pacientes, acompanhantes, colaboradores e prestadores de servio na sua relao com o ambiente de RM.
Histrico de Acidentes
Muitos acidentes esto relatados na literatura e vo desde ferimentos causados por pequenos objetos ferromagnticos levados inadvertidamente para dentro da sala do magneto, passando por queimaduras causadas por equipamentos no apropriados para RM at mortes em pacientes portadores de clipes de aneurisma e marcapasso. Em um perodo de 10 anos, a base de dados do FDA catalogou um total de 389 incidentes em instalaes de RM em todo os EUA, porm sabe-se que os dados so subestimados, pois em um levantamento de 16 meses realizado pelo Pennsylvania Patient Safety Authority um total de 88 incidentes foram computados [0].
No Brasil, no possumos registros oficiais de acidentes, porm fcil perceber que a mesma ocorrncia existe em nosso pas, pois no existe servio de RM que no relate pelo menos um incidente ocorrido desde a instalao de seus equipamentos.
Um acidente grave e bastante recente fez com que a parte de segurana em RM fosse revisada e novas medidas fossem sugeridas. Em julho de 2001, um menino de seis anos de idade chamado Michael Colombini foi atingido por um cilindro ferromagntico de oxignio enquanto era preparado para realizar um exame com anestesia. Este cilindro foi levado para dentro da sala de exames de forma inadvertida por uma enfermeira que no pertencia ao setor de RM e que tentava auxiliar um anestesista que percebeu uma queda na saturao de oxignio da 104 criana. Este gritou por ajuda quando percebeu que o sistema de oxignio do quadro de gases da sala de exames no estava funcionando, levando a enfermeira a entrar na sala do magneto com o material inapropriado. A grande tragdia neste caso que o menino realizava o exame aps uma cirurgia para retirada de um tumor benigno no crebro. O resultado mais recente deste caso foi a condenao do hospital a pagar uma indenizao para a famlia do menino no valor de 2,9 milhes de dlares.
Riscos da Imagem por Ressonncia Magntica
Os riscos relacionados ao ambiente de RM so demonstrados resumidamente na tabela abaixo:
Tabela 4. Fontes de risco em RM e possvel efeito ou interao com o corpo humano. Fonte de Risco Efeito no Corpo Humano Campo Magntico Esttico Atrao de objetos ferromagnticos Toro de objetos ferromagnticos Alterao no funcionamento de equipamentos Vertigem e Nusea Gradientes de Campo Magntico Estmulo de Nervos Perifricos Magnetofosfenos Choque eltrico Rudo Acstico Radiofrequncia Aumento da temperatura corporal Queimaduras Criognios Queimaduras Sufocamento Meios de Contraste Reaes Alrgicas Fibrose Nefrognica Sistmica 105
Campo Magntico Esttico (B 0 )
Os equipamentos de RM disponveis no mercado possuem intensidade de campo magntico que varia de 0,2T a 3,0T para uso clnico, porm, na rea de pesquisa, podem inclusive ser superiores a 7,0T. As regras de segurana sofrem alterao quando o campo superior a 3,0T, especialmente quanto a movimentao das pessoas em relao ao campo. Abordaremos as orientaes bsicas para equipamentos usados clinicamente e que se restringem ao valor de 3,0T. O campo magntico esttico (B 0 ) oferece dois tipos bsicos de risco: atrao de objetos ferromagnticos e alterao no funcionamento de equipamentos.
Objetos compostos de ferro, nquel e cobalto, por exemplo, apresentam comportamento ferromagntico e sero atrados pelo campo magntico do equipamento. O risco pode ser de atrao (como no caso de um cilindro de oxignio, uma tesoura, uma enceradeira etc) ou de toro (torque) em um objeto implantado no corpo, como um clipe de aneurisma cerebral. Quanto maior for a massa ferromagntica, maior ser a fora de atrao do campo para com o objeto. Desta fora de atrao pode ainda resultar o chamado efeito mssel, em que o objeto acelerado em direo ao magneto, podendo acarretar choque violento com o paciente ou membro da equipe.
Todos os objetos que necessitarem ser levados para dentro da sala devem ser cuidadosamente verificados por pessoal especializado (fsicos, engenheiros ou responsveis da instituio ou fabricante) de forma a garantir que no haver risco de atrao com o campo magntico.
Pacientes, acompanhantes, membros da equipe tcnica e mdica ou qualquer pessoa que necessite entrar na sala de exames (sala do magneto) deve ser cuidadosamente questionada e revisada para que no porte materiais ferromagnticos ou que no possua implantes ou equipamentos sensveis ao campo magntico. Pacientes portadores de implantes eletricamente ativos (ex. marcapassos cardacos, desfibriladores cardacos, neuroestimuladores, implantes 106 cocleares etc) devem ser questionados mesmo antes de entrar no setor de RM, pois a presena destes equipamentos alm da linha de 5 G ou 0,5 mT (1 T = 10.000 G) proibida.
A Linha de 5 gauss (5G) ou 0,5 militesla (0,5 mT)
Esta linha especifica o permetro em torno do equipamento de RM em que o campo magntico mais alto que 5 gauss. 5 gauss ou menos considerado nvel seguro para exposio ao campo magntico esttico para o pblico em geral. Este limite leva em considerao o risco de alterao no funcionamento de um marcapasso convencional quando da exposio a partir do limite. No projeto dos servios de RM os fabricantes procuram colocar esta linha dentro ou nos limites das paredes da sala do magneto, como mostra a Figura 74.
Figura 760. Linha de segurana de 0,5 mT ou 5G desenhada na planta baixa de um servio de RM. 107
Cuidados com Campo Magntico Esttico (B 0 ) - Demarcar a linha de 5 gauss utilizando cartazes, marcao no piso e obstculos, se necessrio; - Criar mecanismo fsico de restrio de acesso ao setor de RM (leitoras de crach, portas com senha etc); - Proibir o acesso de qualquer pessoa portadora de marcapassos e neuroestimuladores no ambiente de RM; - Utilizar documentos para investigao de metais em que o paciente assinale a sua presena no corpo e possa ser investigado antes da entrada na sala de exames; - Nunca levar para dentro da sala de exames materiais desconhecidos ou no revisados quanto a presena de partes ferromagnticas; - No permitir a entrada do paciente em sala portando qualquer objeto metlico como anis, brincos, relgio, carteira, piercing e prteses dentrias removveis; - Somente utilizar na sala de exames equipamentos prprios para o ambiente da RM e certificados por empresas de reconhecida competncia (ex. Injetoras de meio de contraste, oxmetros, carros de anestesia, eletrodos etc); - Colaboradores externos ao setor, como pessoal de manuteno e higienizao, s devem ser autorizadas a entrar na sala aps repasse formal de instrues de segurana no ambiente de RM; - Conhecer a localizao e forma de acionamento dos botes de parada eltrica e de desligamento do campo magntico.
Gradientes de Campo Magntico
Os gradientes de campo magntico so variaes rpidas do campo que ocorrem durante o processo de obteno das imagens. As variaes de campo magntico podem induzir correntes eltricas no corpo do paciente que podem resultar em estmulo de msculos perifricos e at mesmo choques eltricos. A probabilidade de ocorrncia maior quando do uso de sequncias de pulso rpidas (gradiente eco e 108 imagem eco planar) e nas extremidades dos magnetos, especialmente nos magnetos supercondutores de formato cilndrico.
Normas regulamentadoras limitam o valor mximo do gradiente para prevenir que nenhuma estimulao cardaca ocorra. O rudo acstico produzido pelos gradientes pode ser superior a 80 decibis (80 dB), assim obrigatrio o uso de proteo auricular para pacientes e qualquer pessoa que permanea dentro da sala do magneto durante a aquisio de imagens.
Cuidados com o Gradiente de Campo Magntico
- Fornecer protetor auricular para pacientes, acompanhantes ou qualquer pessoa que permanea dentro da sala do magneto durante a aquisio de imagens; - Evitar que a pele do paciente fique em contato direto com a carcaa interna do magneto ou com partes da bobina. Utilizar espumas isoladoras e a roupa apropriada para o exame para este fim. - Criar registros de ocorrncia em pacientes de estmulo de nervos perifricos, sensaes de choque ou surgimentos de flashes luminosos (magnetofosfenos) durante a realizao de exames para que sejam relatados ao fabricante e responsveis pela manuteno dos equipamentos;
Radiofrequncia
O principal risco associado a radiofrequncia a deposio de sua energia sob a forma de calor. Os equipamentos possuem sistemas de monitoramento (hardware e/ou software) que limitam a potncia de RF levando em considerao o peso do paciente e limites estabelecidos internacionalmente para a taxa de absoro especfica (SAR). A taxa de absoro especfica conhecida pela sigla SAR (do ingls, Specific Absortion Rate) uma medida da quantidade de energia da RF depositada por unidade de massa do corpo do paciente. Os limites do SAR levam 109 em considerao que a temperatura do tecido no ultrapasse 1,0 C e os limites existem para corpo inteiro e regies especficas.
Cuidados com a Radiofrequncia - Fornecer ao paciente avental ou roupa apropriada e confeccionada com tecido natural para que substitua todas as suas roupas para realizao do exame; - Informar ao equipamento no incio do exame o valor de massa corporal (kg) e idade, permitindo o correto funcionamento das limitaes de SAR; - No cobrir o paciente excessivamente; - No utilizar plsticos ou outros materiais que causem abafamento e aumento da transpirao; - No iniciar o exame em paciente com suor acumulado ou que estejam urinados; - No permitir que mos e ps fiquem cruzados ou em contato direto de pele com pele, evitando assim um efeito de antena que pode resultar em queimaduras e choques nestes pontos de contato; - Verificar cabos e conectores das bobinas quanto a integridade fsica, evitando assim riscos de choques e faiscamento; - Manter contato permanente com o paciente, orientando o mesmo a acionar a campainha ligada ao alarme sonoro caso sinta alguma sensao de aquecimento ou desconforto durante o exame.
Lquidos Criognios
Os lquidos criognicos como o nitrognio e o hlio so gases liquefeitos a baixas temperaturas e so usados nos magnetos supercondutores para que a corrente circule pela bobina produtora do campo magntico principal sem apresentar resistncia eltrica. O hlio lquido o criognico mais utilizado e possui temperatura de -269C. Os magnetos supercondutores esto abastecidos com cerca de 1.700 litros de hlio. 110
Durante abastecimentos e manutenes cuidados especiais so tomados pelas equipes tcnicas para evitar queimaduras, devido a baixa temperatura das partes em contato com o lquido ou com o gs, e a possibilidade de substituio do ar ambiente pelo gs hlio levando ao sufocamento. Na rotina de um servio de RM, o controle e registro dirio da presso do magneto e nvel de hlio se faz necessria para evitar perdas excessivas com a evaporao e pontos crticos de trabalho com o magneto, como nos casos em que o nvel de hlio fica inferior a 50% da capacidade de abastecimento.
Apagamento do Campo Magntico Se for necessrio realizar o apagamento do campo magntico (procedimento de quenching) atravs do acionamento do boto de parada do campo magntico importante assegurar que a porta da sala de exames est aberta e que as pessoas sero evacuadas do setor, pois o hlio se expande em cerca de 700 litros de hlio gasoso para cada litro de hlio liquido, ocupando o espao do ar ambiente. Importante ressaltar que no incomum a ocorrncia de quenching espontneo pelo magneto.
Os magnetos possuem um duto, chamado de tubo de quench, que conduz o hlio sob a forma de gs para fora da sala (rea externa), porm pode ocorrer deste duto estar obstrudo ou danificado e, desta forma, jogar o hlio para dentro da sala de exames e setor de RM.
Cuidados com Lquidos Criognios - Para magnetos supercondutores, a porta da sala de exames deve abrir para fora ou a sala deve possuir vlvula de compensao de presso bidirecional com dimenso apropriada; - Rotinas de reabastecimento de hlio lquido devem ser cercadas de todas as medidas de segurana necessrias, principalmente proibindo a entrada de pessoas desavisadas ao servio; 111 - No respirar e ou se aproximar de gases/vapores criognicos; - No tocar superfcies congeladas no magneto ou da torre do magneto; - Manter a sada externa do tubo de quench desobstruda e direcionada para local que no possibilite circulao de pessoas; - Em caso de apagamento do campo magntico, remover o paciente imediatamente e avisar o servio tcnico do fabricante do equipamento; - Manter o ar condicionado da sala de exames em boas condies e com renovao parcial do volume de ar. Sinalizao
O acesso ao setor e, especialmente, porta da sala de exames deve estar sinalizado com cartazes e avisos (Figura 79) que possibilitem a correta identificao dos riscos e limitem a entrada de pessoas portadoras de marcapassos e outros dispositivos e implantes proibidos no ambiente de RM ou mais especificamente na sala de exames.
Figura 75. Exemplo de cartaz de aviso a ser posicionado na porta da sala de exames de RM.
112 Restrio de Acesso e Anamnese
Talvez a melhor restrio de acesso de pacientes ao ambiente da RM deveria ser realizada pelo mdico solicitante quando prescreve, ou no, um exame de RM para seu paciente. Porm sabemos que infelizmente muitos pacientes portadores de marcapasso acabam recebendo solicitaes para exames de RM. Sendo assim, outras medidas de restrio devem ser tomadas. O questionamento e a investigao do paciente devem ser realizados em mais de uma etapa para que sejam criadas barreiras que evitem o acesso ao ambiente de RM.
Exemplo: - Perguntas no momento do agendamento do exame; - Preenchimento da ficha de investigao de metais e consentimento informado na recepo do setor e assinatura dos mesmos pelo paciente ou responsvel legal pelo mesmo; - Anamnese e conferencia das fichas e consentimentos pelo tcnico de enfermagem e pelo tcnico ou tecnlogo em radiologia momentos antes do exame e antes de ingressar na sala do magneto.
Gravidez e RM
Uma pergunta frequente em RM se paciente gestante ou paciente com suspeita de gestao podem realizar exames. Ou ainda, se trabalhadoras grvidas podem trabalhar no setor de RM ou, mais especificamente, dentro da sala de exames. No existe qualquer evidncia na literatura cientfica que sustente efeitos biolgicos adversos que possam vir a ser causados me ou ao feto no ambiente de RM ou durante o exame [0,0].
A recomendao atual que toda exame de RM em paciente gestante seja discutido e avaliado pelo mdico radiologista e mdico solicitante de forma a encontrar alternativas que tambm no envolvam riscos como a radiao ionizante para a busca do diagnstico. O exame de RM em gestantes deve ser autorizado pelo mdico radiologista. 113
Conduta em casos duvidosos
A conduta recomendada em casos de dvida quanto presena de algum implante ou condio do paciente para realizar o exame de no realizar at que se saibam exatamente todas as informaes. O mdico radiologista o responsvel tcnico pelo paciente e deve ser informado e consultado sempre que necessrio para autorizar a entrada de uma paciente em sala.
Situaes de Emergncia
A conduta em relao a algumas situaes de emergncia no ambiente da RM difere de outros locais, pois existe sempre o risco presente do campo magntico do equipamento. Duas situaes so especialmente importantes em RM, a parada cardiorrespiratria e o incndio na sala de exames.
Parada Cardiorrespiratria
O atendimento a um paciente em parada cardiorrespiratria no deve ser feito dentro da sala de exames. Se o paciente estiver realizando o exame ou estiver sob a mesa de exames, a equipe deve estar treinada para retirar o paciente da maca e remove-lo da sala de exames antes de iniciar o atendimento de parada. O risco de alguma material ferromagntico ser utilizado neste atendimento (ex. carro de parada) pode colocar em risco a vida do paciente e de todos aos seu redor.
Incndio no Setor de RM
Na eventualidade de um incndio atingir o setor e se aproximar da sala do magneto, a equipe deve estar treinada para realizar o procedimento de desligamento do campo magntico (procedimento de quenching) e evacuar o setor. recomendvel que o setor possua extintores no ferromagnticos para o combate a focos de 114 incndio na sala do magneto, pois do contrario os cilindros convencionais ferromagnticos sero atrados pelo campo podendo resultar em acidente com os presentes na sala do magneto e quebra do equipamento de RM.
Figura 76. Boto de apagamento do campo magntico (boto de quenching) devidamente sinalizado
Treinamento
Deve ser realizado treinamento anual por profissional capacitado para todos os envolvidos com o setor de RM e os contedos devem abranger os tpicos relatados acima. O treinamento deve ser repetido para colaboradores novos, especialmente que iro atuar diretamente na sala de exames. Uma regra importante que pode ser estabelecida em cada instituio a de somente permitir que pessoas com treinamento comprovado em segurana em RM entrem na sala do magneto. Esta medida especialmente importante se considerarmos as equipes de anestesia (mdicos anestesistas) e pessoal de higienizao e manuteno. Estes profissionais nem sempre atuam diretamente no setor e possuem rotatividade alta. 115 ?%"#$%>6 &6 G'0>.&0&6 64 12
O Controle de Qualidade uma srie de procedimentos tcnicos distintos que garantem a gerao de um produto satisfatrio, isto , imagens de alta qualidade diagnstica. Desta forma, abordaremos aqui algumas medidas simples que podem ser adotadas em qualquer servio de RM pelo pessoal tcnico. Estas medidas no demandam tempo elevado e no necessitam de material especfico ou equipamento mais elaborado.
Inspeo Visual
Uma planilha para inspeo visual diria a ser realizada pelo tcnico de radiologia ou pelo tecnlogo muito importante para garantir que todos os itens necessrios para a realizao do exame esto disponveis e em conformidade. Esta inspeo pode conter a verificao da temperatura do ar condicionado, sistema de criogenia, condio das bobinas, baterias de equipamentos e materiais em geral. Esta metodologia busca evitar surpresas e mantm controle sobre itens crticos. Pode ser adotada no incio do dia ou nas trocas de turnos.
Teste de Razo Sinal-Rudo (RSR) das Bobinas
O objetivo do teste de razo sinal-rudo (RSR) das bobinas de avaliar ao longo do tempo a constncia nos valores medidos e agir antecipadamente a problemas nestes acessrios. O sinal definido como o valor mdio do pixel dentro de uma regio de interesse (ROI). O rudo definido como variaes randmicas na intensidade de sinal deste mesmo ROI. Imagens que contenham artefatos bvios no devem ser utilizadas para realizar o teste de sinal-rudo.
Os fatores que contribuem para variaes na RSR incluem: calibrao geral do sistema (frequncia de ressonncia, ngulo de desvio etc), ganho, sintonia da 116 bobina, blindagem da RF, preenchimento da bobina, processamento da imagem e parmetros de aquisio. A periodicidade deve ser diria, mas no precisa envolver mais do que uma bobina por equipamento. Alguns servios adotam uma nica bobina (ex.: bobina de crnio) para a realizao da RSR, porm a melhor estratgia alternar entre bobinas mais utilizadas, como a de crnio, joelho e coluna, com bobinas menos utilizadas, como punho e tornozelo. Desta forma, ao longo do tempo, todas as bobinas so avaliadas.
Salvo quando houver procedimento especfico do fabricante que torne a medida confivel, sensvel a alteraes e rpida para realizao, pode-se adotar a metodologia abaixo descrita e em conformidade com a literatura [0].
Procedimento
1) Posicionar a bobina no magneto e dentro de seu volume sensvel, colocar o dispositivo de teste apropriado (phantom do fabricante). O dispositivo deve abranger pelo menos 80% do campo de viso; 2) Obter uma imagem ponderada em T1 (imagem 1) utilizando a sequncia de pulso Spin Eco e, imediatamente ao termino da primeira aquisio, realizar uma segunda aquisio (imagem 2) igual a primeira. Este procedimento pode ser repetido para cada plano de corte, porm, por questes de tempo disponvel, recomendado utilizar o plano axial; 3) Atravs de software disponvel no prprio equipamento ou em software livres, realizar a subtrao das imagens (imagem 1 imagem 2), de forma a obter uma terceira imagem que ser representativa do rudo (imagem 3); 4) Uma regio de interesse (ROI) deve ser posicionada na imagem 1 e na imagem 2. Cada um das regies deve incluir 75% da imagem. A mdia entre os dois valores de intensidade de sinal dentro das regies deve ser calculada. Este valor denominado de sinal (S). 5) Uma nova regio de interesse que tambm inclua 75% da imagem 3 deve ser posicionada. O desvio padro medido e fornecido pelo equipamento chamado de rudo (R). 117 6) A razo sinal-rudo (RSR) pode ento ser calculada atravs da seguinte equao: R S RSR ! = 2 1) As medidas da razo sinal-rudo obtidas com o dispositivo de teste fornecido pelo fabricante podem ser comparadas com valores padro do prprio fabricante, se estes valores estiverem disponveis ou armazenadas em planilha eletrnica para comparaes dirias.
Verificao do Sistema de Refrigerao e Magneto
O sistema de refrigerao e o magneto devem ser verificados diariamente e os dados coletados devem ser registrados em planilha. Alguns fabricantes disponibilizam sistemas de controle automtico de parmetros como: temperatura no sistema de refrigerao (fornecimento de gua gelada), presso da gua gelada, fluxo de gua gelada, temperatura da sala de exames, temperaturas internas do magneto, presso do magneto e valor porcentual (%) do nvel de hlio.
Testes Especficos
Muitos outros testes podem ser realizados nos equipamentos de RM e podem fazer parte de um programa de garantia de qualidade mais amplo [0]. Tambm dever do fabricante aps a instalao mecnica do equipamento e durante manutenes realizar testes funcionais no equipamento. ?%"/>'-)%
A imagem por ressonncia magntica amplia cada vez mais suas aplicaes para o diagnstico mdico. Um aprofundamento nos conceitos fsicos aqui apresentados necessrio para o entendimento completo, uma vez que o caminho mais simples foi adotado. 118
16A6$<"/.0- 1. BLOCH F. Nuclear Induction. Phys Rev 1946; 70:460.
2. PURCELL EM, TORREY HC, POUND RV. Resonance Absorption by Nuclear Magnetic Moments in a Solid. Phys Rev 1946; 69:37.
3. FOSTER MA. Magnetic Resonance in Medicine and Biology. New York: Pergamon Press; 1984.
4. BERNSTEIN MA, KING KF, ZHOU XJ. Handbook of MRI Pulse Sequences. London: Elsevier; 2004.
5. HAHN EL. Spin Echoes. Phys Review 1950;80 (4).
6. LAUTERBUR PC. Image Formation by Induced Local Interactions: Examples Employing Nuclear Magnetic Resonance. Nature 1973;242:190-191.
7. HOUNSFIELD GN. Computerized transverse axial scanning (tomography): Part 1. Description of system. BJR 1973;46(552):1016-1022.
8. MANSFIELD P. Multi-planar imaging formation using NMR spin echoes. J Phys 1977;10:L55L58.
9. BRACEWELL R. The Fourier Transform & Its Applications. Third Edition. New York: McGrawl-Hill Science. 1999.
10. GALLAGHER TA et al. An Introduction to the Fourier Transform: Relationship to MRI. AJR 2008;190:1396-1405.
11. HENNING J, NAUERTH A, FRIEDBURG H. RARE Imaging: A Fast Imaging Method for Clinical MR. Magn Reson Med 1986;3:823-833.
119 12. FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. Disponvel em: http://www.fda.gov/bbs/topics/NEWS/2007/ NEW01638.html. Acessado em: 4 de outubro de 2012. 13. HOUAISS A. Dicionrio Houaiss da Lngua Portuguesa. So Paulo: Objetiva. 2009.
14. STADLER A. Artifacts in Body MR Imaging: Their Appearance and How to Eliminate Them. Eur Radiol 2006.
15. BERNSTEIN M.A. Imaging Artifacts at 3.0 T. JMRI 2006.
16. ZHUO J. MR Artifacts, Safety and Quality Control. Radiographics 2006.
17. ZAND KR et al. Artifacts and Pitfalls in MR Imaging of the Pelvis. JMRI 2007; 26:480- 497.
18. EHMAN RL, FELMLEE JP. Flow Artifact Reductionin MRI: a review of the role of gradient moment nulling and spatial presaturation. Magn Reson Med 1990; 14:293- 307.
19. PARKER DL et al. The Need for Phase-Encoding Flow Compensation in High Resolution Intracranial Magnetic Resonance Angiography. JMRI 2003; 18:121-127.
20. BRADLEY WG JR, KORTMAN KE, BURGOYNE B. Flowing cerebrospinal fluid in normal and hidrocephalic states: appearance on MR images. Radiology 1986; 159:611-616.
21. NITZ WR et al. Flow Dynamics of Cerebrospinal Fluid: Assessment with Phase- Contrast Velocity MR Imaging Performed with Retrospective Cardiac Gating. Radiology 1992; 183:395-405.
22. HELD P, DORENBECK U, SEITZ J, FRUND R, ALBRICH H. MRI of the Abnormal Cervical Spine Cord Using Spoiled Gradient Multiecho Sequence (MEDIC) with Magnetization Trasnfer Saturation Pulse. J Neuroradiol 2003; 30:83-90.
23. SAREMI F, GRIZZARD JD, KIM RJ. Optimizing Cardiac MR Imaging: Pratical Remedies for Artifacts. Radiographics 2008; 28:1161-1187. 120
24. SCOTT AD, KEEGAN J, FIRMIN DN. Motion in Cardiovascular MR Imaging. Radiology 2009; 250(2): 331-351. 25. NANIMOTO T, YAMASHITAY, MITSUZAKI K, TAKAHASHI M. The Value of Respiratory Triggered T2-Weighted Turbo Spin-Eco Imaging of the Liver using a Phased Array Coil. JMRI 1998; 8:655-662.
26. KLESSEN C et al. Magnetic Resonance Imaging of the Upper Abdomen Using Free- Breathing T2-Weigthed Turbo Spin Eco Sequence with Navigator Triggered Prospective Acqusition Correction. JMRI 2005; 21:576-582.
27. PIPE JG. Motion correction with PROPELLER MRI: application to head motion and free-breathing cardiac imaging. Magn Reson Med 1999; 42:963969.
28. BERNSTEIN MA, KING KF, ZHOU XJ. Handbook of MRI Pulse Sequences. Elsevier. 2004.
29. STOREY P. Artifacts and Solutions. In: Edelman RR, Hesselink JR, Zlatkin MB, Crues JV. Clinical Magnetic Resonance. Volume one. Third Edition. Saunders Elsevier. 2006.
30. HAACKE EM, BROWN RW, THOMPSON MR, VENKATESAN R. Magnetic Resonance Imaging: Physical Principles and Sequence Design. John Wiley & Sons. 1999.
31. HEIKEN JP, LEE JK, DIXON WT. Fatty infiltration of the liver: evaluation by proton spectroscopic imaging. Radiology 1985; 157(3):707710.
32. BILBEY JH, MCLOUGHLIN RF, KURKJIAN PS, et al. MR imaging of adrenal masses: value of chemi- cal-shift imaging for distinguishing adenomas from other tumors. AJR 1995;164:637642.
34. MA J. Dixon Techniques for Water and Fat Imaging. JMRI 2008; 28:543-558.
121 35. GLOVER GH, SCHNEIDER E. Three-point Dixon technique for true water/fat decomposition with B0 inhomogeneity correction. Magn Reson Med 1991; 18:371- 383. 36. MAAS M, DIJKSTRA PF, AKKERMAN EM. Uniform Fat Suppression in Hands and Feet through the Use of Two-Point Dixon Chemical Shift MR Imaging. Radiology 1999; 210:189-193.
37. FARADAY M. Experimental Researches in Electricity. v. 3. London: Richard Taylor and William Francis; 1855.
38. THULBORN KR, WATERTON JC, MATTHEWS PM, RADDA GK. Oxygenation dependence of the transverse relaxation time of water protons in whole blood at high field. Biochim Byophys Acta. 1982;714(2):265-70.
39. REICHENBAH JR, VANKATESAN R, SCHILLINGER DJ, KIDO DK, HAACKE EM. Small Vessels in the Human Brain: MR Venography with Deoxyhemoglobin as an Intrinsic Contrast Agent. Radiology 1997; 204:272-277.
40. PRUESSMANN KP, WEIGER M, SCHEIDEGGER MB. SENSE: Sensitivity Encoding for Fast MRI. MRM 1999; 42: 952-962.
41. GRISWOLD MA, JAKOB PM, HEIDEMANN RM, NITTKA M, JELLUS V, WANG J, KIEFER B, HAASE A. Generilazed autocalibrating partially parallel acquisitions (GRAPPA). Magn Reson Med 2002; 47(6):1202-10.
42. LAUNSTEIN TC, SHARMA PS, HUGHES T, HEBERLEIN K, TUDORASCU D, MARTIN DR. Evaluation of Optimized Inversion-Recovery Fat Suppression Techniques for T2-Weighted Abdominal MR Imaging. JMRI 2008; 27:1448-1454.
43. STAHL et al. White Matter Damage in Alzheimer Disease and Mild Cognitive Impairment: Assessment with Diffusion-Tensor MR Imaging and Parallel Imaging Techniques. Radiology 2007; 243(2):483-492.
44. LARKMAN DJ, NUNES RG. Parallel Magnetic Resonance Imaging. Phys Med Biol 2007; 52(7): R15-55.
122 45. BYDDER M, RAHAL A, FULLERTON GD, BYDDER GM. The Magin Angle Effect: a source of artifact, determinant of image contrast, and technique for imaging. JMRI 2007; 25:290-300. 46. FULLERTON GD, CAMERON IL, ORD VA. Orientation of tendons in the magnetic field and its effect on T2 relaxation times. Radiology 1985; 155:433-435.
47. ROBSON MD, GATEHOUSE PD, BYDDER M, BYDDER GM. Magnetic resonance: an introduction to ultrashort TE (UTE) imaging. J Comput Assist Tomogr 2003;27:825846.
48. FILIPPI CG, ULUG AM, LIN D, HEIER LA, ZIMMERMAN RD. Hyperintense Signal Abnormality in Subarachnoid Spaces and Basal Cisterns on MR Images of Children Anesthetized with Propofol: New Fluid-attenuated Inversion Recovery Finding. AJNR 2001; 22:394-399.
49. DELIGANIS AV, FISCHER DJ, LAM AM, MARAVILLA KR. Cerebrospinal Fluid Signal Intensity Increase on FLAIR MR Images in Patients under General Anesthesia: The Role of Supplemental O2. Radiology 2001; 218:152-156.
50. FRIGON C, JARDINE DS, WEINBERGER E, HECKBERT SR, SHAW DWW. Fraction Inspired Oxygen in Relation to Cerebrospinal Fluid Hyperintensity on FLAIR MR Imaging of the Brain in Children and Young Adults Undergoing Anesthesia. AJR 2002; 179:791-796.
51. BRAGA FT, ROCHA AJ, FILHO GH, ARIKAWA RK, RIBEIRO IM, FONSECA RB. Relationship between the Concentration of Supplemental Oxygen and Signal Intensity of CSF Depicted by Fluid-Attenuated Inversion Recovery Imaging. AJNR 2003; 24:1863-1868.
52. GILK, T. RAD: Radiology Planning. Disponvel em: http://rad- planning.com/RADblog/2012/02/07/mri-accident-data-you-don-t-know-more-than-you- think-you-do/. Acessado em: 04 de outubro de 2012.
53. SHELLOCK, FRANK G., CRUES, JOHN V. 2004. MR Procedures: Biologic Effects, Safety and Patient Care. Radiology 232, 635-652.
123 54. KANAL, EMANUEL, BARKOVICH, A. JAMES, BELL, CHARLOTTE et al. 2007. ACR Guidance Document for Safe MR Pratices: 2007. AJR 188, 1447-1474.
55. MAZZOLA, A.A. Protocolo de Testes de Aceitao em Equipamentos de Imagem por Ressonncia Magntica. Radiol Bras 2005;38(3): 195-204.