8 - Máquinas Térmicas e Refrigeradores

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho


Monitoria Física II

Monitor: ​Samuel B. da Gama Neto

Máquinas térmicas e Refrigeradores

Nesta parte estamos interessados em conhecer os processos reversíveis e


irreversíveis e pelo o qual estão relacionados com a grandeza chamada ​Entropia​.
Processos irreversíveis são aqueles em que não se pode ser desfeito por meio de
pequenas mudanças no ambiente, ex.: um ovo cai no chão e se quebra, ou seja é um
processo unidirecional.
Todo processo em a Entropia em um sistema fechado aumenta é um processo
irreversível.

Variação de Entropia
f
ΔS = ∫ dQ
T [ΔS] = J
K
i
A variação de Entropia só depende dos estados iniciais e finais e não do processo.
Para determinarmos a variação de Entropia para um processo irreversível que ocorre em
um sistema fechado, basta substituir por um processo reversível que ligue os mesmos
estados iniciais e finais.
*​* A variação de Entropia está relacionada com a desordem dos átomos.

V T
ΔS = S f − S i = nRln ( V f ) + ncV ln ( T f )
i i

Segunda Lei da Termodinâmica


Carnot começou a escrever a segunda Lei, mas Kelvin e Clausius escreveram de
forma mais precisa. Kelvin diz que é impossível um processo cujo o único efeito seja
remover calor de uma fonte e transformar em uma quantidade equivalente de trabalho.
Já Clausius fala que é impossível transferir calor de uma fonte fria para um corpo
mais quente. Apesar dos enunciados serem diferentes eles são equivalentes e a partir disto
temos que:
A Entropia para um sistema fechado para um processo irreversível irá aumentar e
para um processo reversível permanecerá constante, ou seja, ΔS ≥ 0 .

Máquinas Térmicas
São dispositivos que extraem energia na forma de calor e transformam em trabalho
útil. Segundo enunciado de Kelvin, podemos afirmar que o conceito de máquinas térmicas
ideais é falho, pois nem toda energia recebida é transformada em trabalho.
Máquina de Carnot
Vamos analisar a máquina de Carnot de acordo com o diagrama de fluxo e o gráfico
P-V.
Q2 : C alor f ornecido ao sistema com temperatura T 2
Q1 : C alor transf erido pelo sistema com temperatura T 1

A condução de calor é irreversível, logo o sistema só troca


calor quando estão à mesma temperatura e quando existe uma
variação de temperatura, ocorre em processo adiabático.
(1) O sistema recebe calor com temperatura T 2 , até onde
o trabalho é realizado;
(2) Não a troca de calor e o sistema não realiza trabalho;
(3) O sistema cede calor, com temperatura T 1 ;
(4) Não a troca de calor, processo adiabático.
Vamos agora definir a eficiência da máquina de Carnot:
1ª Lei da termodinâmica: ΔE int = Q − W ΔE int = 0
W = Q = QQ − Qf
2ª Lei da termodinâmica:
ΔS = 0
QQ Qf
TQ − Tf = 0
QQ TQ
Qf = T f

Portanto definimos a eficiência como:


Energia utilizada W
ε = Energia adquirida = QQ
QQ − Qf Qf
ε= QQ = 1 − QQ
Tf
ε = 1 − TQ

Segundo Carnot, nenhuma máquina térmica que opere com duas fontes, uma fonte
quente e outra fria pode ter maior rendimento do que uma máquina de Carnot.

Refrigeradores
Para refrigeradores o estudo é o mesmo, apenas com o sentido de operação
contrário.
Para este sistema estamos interessados em extrair maior quantidade de
energia utilizando menor quantidade de trabalho. Logo, o coeficiente de
Qf Qf Tf
desempenho será: κ = W = QQ − 1 = TQ −1

Um refrigerador que não necessita de trabalho viola a segunda lei, pois


não há um processo que transfere calor de uma fonte fria para outra fonte
mais quente.

Exercício Comentado
(Questão 29, HALLIDAY 9ª ed) ​A Fig. mostra um ciclo reversível a que é submetido 1,00
mol de um gás monoatômico ideal​. Suponha que P = 2P 0 , V = 2V 0 , P 0 = 1, 01 × 105 P a
e V 0 = 0, 0225 m³ . Calcule (a) o trabalho realizado durante o ciclo, (b) a energia adicionada
em forma de calor durante o percurso abc e (c) a eficiência do ciclo. (d) Qual é a eficiência
de uma máquina de Carnot operando entre a temperatura mais alta e a temperatura mais
baixa do ciclo? (e) A eficiência calculada no item (d) é maior ou menor que a eficiência
calculada no item (c)?

(a) Para calcularmos o trabalho realizado durante o ciclo, basta


calcularmos a área do retângulo:
W = (P − P 0 ) × (V − V 0 )
W = (2P 0 − P 0 ) × (2V 0 − V 0 ) = P 0 V 0
W = 2, 27 × 10³ J

(b) Para calcularmos o calor de abc, podemos simplificar calculando de a-b e b-c, obtendo:
Qabc = Qab + Qbc
a-b:​ trajetória à volume constante, portanto: Qab = ncv ΔT = ncv (T b − T a ) , cv = 3/2R
Utilizando a lei dos gases para encontramos as temperaturas de cada ponto:
P V = nRT
P 0V 0 P V0
Ta = nR e Tb = nR
P V0 P 0V 0
Qab = 3/2nR ( nR − nR ) = 3/2V 0 (P − P 0 )
Qab = 3/2 P 0 V 0
b-c: ​trajetória à pressão constante, portanto: Qbc = ncP ΔT = ncv (T c − T b ) , cp = 5/2R
PV P V0
Tc = nR e Tb = nR
PV P V0
Qbc = 5/2nR ( nR − nR ) = 5P 0 (V − V 0 ) = 5 P 0 V 0
Portanto,
Qabc = Qab + Qbc = 3/2 P 0 V 0 + 5 P 0 V 0
Qabc = 13/2 P 0 V 0 = 13/2W = 14, 8 J
(c) Calculamos a eficiência com:
W
ε = QQ

Graficamente vemos que o sistema recebe energia na forma de calor durante a


trajetória abc e portanto: Qabc = QQ
W 2
ε = 13/2 W = 13 = 15, 4 %

PV
(d) A maior temperatura é no ponto c, T c = nR , e menor temperatura no ponto a,
P 0V 0
Ta = nR , logo:

Tf P 0V 0
ε = 1 − TQ = 1 − PV = 1 − 1/4 = 75 %
(e) A eficiência da letra (d) é maior.
(Questão 33, HALLIDAY 9ª ed) ​A Fig. mostra um ciclo reversível a que é submetido ​1,00
mol de um gás monoatômico ideal​. O volume V c = 8V b . O processo bc é uma expansão
adiabática​, com P b = 10 atm e V b = 1 × 10−3 m³ . Determine, para o ciclo completo, (a) a
energia fornecida ao gás na forma de calor, (b) a energia liberada pelo gás na forma de
calor e (c) o trabalho líquido realizado pelo gás. (d) Calcule a eficiência do ciclo.

(a) a energia é adicionada na forma de calor durante a trajetória


a-b, V = CT E e cV = 3/2R
Qab = ncv ΔT = ncv (T b − T a )
P aV b P bV b
Ta = nR e Tb = nR
Qab = 3/2 V b (P b − P a )
No enunciado da questão não foi informado as pressões P a e P c ,
por isso devemos acha-las.
Através do gráfico vemos que P c = P a e que os pontos b e c são ligados por um
cP
processo adiabático, logo podemos fazer uso de: P V γ = CT E , γ = cv = 5/2
3/2 = 5/3
P b V bγ = P cV γ
c

P c = P b V bγ
c
6 5/3
P c = P a = 1, 01 × 10 (1/8) = 3, 167 × 104 P a
Portanto,
Qab = 3/2 × 1 × 10−3 (1, 01 × 106 − 3, 167 × 104 ) = 1, 47 × 103 J
(b) A energia é liberada na trajetória c-a:
Qca = ncP ΔT = ncv (T a − T c )
P aV b P cV c
Ta = nR e Tb = nR
Qca = 5/2 P c (V b − V c ) = 5/2 P c (V b − 8V b )
Qca = − 5/2 P c (7 V b ) = − 5/2 × 3, 167 × 104 × 7 × 1 × 10−3 = − 5, 54 × 10² J

(c) Como o ciclo é fechado ΔE int = 0 ⇒ Q = W


3
W = 1, 47 × 10 − 5, 54 × 10² = 9, 18 × 10² J

(d) A eficiência é calculada com:


9,18×10²
ε = QW = W
Qab = 1,47×10³ = 0, 624 = 62, 4 %
Q

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