A Relação Entre Os Filósofos Antigos e Modernos

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 15

Universidade do Estado do Amazonas

Escola Normal Superior


Programa de Pós-Graduação em Educação e Ensino de Ciências na Amazônia
História da Filosofia da Ciência na Educação em Ciências

Prof. Raimundo Barradas / Prof. Evandro Ghedin


Andre Wilson A. P. Salgado

A relação entre os filósofos Heráclito, Parmênides, Platão e Aristóteles

Ao estudarmos a origem do pensamento filosófico encontraremos dois nomes


que deram inicio a todos este movimento, chamados de pré-socráticos, com
relevância e um reforço a essa estrutura ocidental do pensar.

Heráclito de Éfeso, considerado como um dos filósofos mais eminentes da sua


época, com a formulação reforçada para expor o problema da unidade do ser
diante da pluralidade e mutabilidade, segundo Ghedin (2003, pág. 94), onde
nada é estático e tudo se move, o devir. Com um pensamento de fluidez,
Heráclito afirma que “Ao mergulhar no rio pela segunda vez, nunca será no
mesmo rio nem a mesma pessoa”. Esse movimento baseado na mudança tem
reforço com a tese da pluralidade, uma harmonia de forças opostas, que
podemos ver por Marilena Chauí (2000, p. 41) onde explica:

O movimento do mundo chama-se devir e o devir segue leis rigorosas


que o pensamento conhece. Essas leis são as que mostram que toda
mudança é passagem de um estado ao seu contrário: dia-noite, claro-
escuro, quente-frio, seco-úmido, novo-velho, pequeno-grande, bom-
mau, cheio-vazio, um-muitos, etc., e também no sentido inverso,
noite-dia, escuro-claro, frio-quente, muitos-um, etc. O devir é,
portanto, a passagem contínua de uma coisa ao seu estado contrário
e essa passagem não é caótica, mas obedece a leis determinadas
pela physis ou pelo princípio fundamental do mundo.

A pluralidade do ser conectado ao devir, a mudança que acontece com todas


as coisas, numa teoria universal onde o mundo é mutável relacionado aos
nossos sentidos. O claro e escuro, a doença e a cura, são os opostos em
harmonia, onde é defendido que um depende do outro para sua existência e
equilíbrio, onde se discute o Ser e o não-ser.

Para Heráclito o ser existente é formado dos sentidos em constante mudança e


transformação, o que não se aplica ao não-ser, reforçando ainda mais a lógica
de que o ser é mais que o não-ser.

Heráclito faz toda essa reflexão de forma que chamamos de dialética. Baseado
na busca da verdade através do dialogo desenvolvendo o pensamento por
tese, antítese e síntese, cujo foco está no contrapor e contradizer do
pensamento para nascer um novo pensar. Por isso chamado de “pai da
dialética”.

Em contraponto temos outro filósofo, Parmênides de Eléia, nascido em Viena,


Itália, que defende a idéia de que o ser é uno, único. Essa busca da unidade
reforça seu discurso baseado na ontologia, estudo do ser enquanto ser,
percebendo que sai de um esforço dentro da cosmologia.

Em seu pensar ele formula seu compromisso com a via da verdade, onde o
homem pensante perceberá que é alheio a todo devir, vai além de qualquer
mudança, imutável, um todo, imóvel e perfeito.

Quando ele faz esse questionamento em contra posição a Heráclito, traz a


discussão, o pensar e o perceber. Colocando a teoria como ilusão, dentro do
sensorial e não da racionalidade. Mudança são apenas aparências, ilusão
criada pelos sentidos, conforme Ghedin (2003, p. 99) explana:

Em Parmênides o ser é único, imutável, único, infinito e imóvel e o


movimento existe apenas no mundo sensível., e a percepção levada
a efeito pelos sentidos é ilusória. Só o mundo inteligível é verdadeiro.
Propõe uma identidade entre o ser e o pensar. As coisas que existem
fora de mim são idênticas ao meu pensamento, e o que eu não
conseguir pensar, não pode ser realidade. O pensamento é
expressão para a revelação do ser nos entes, nele é que a aparência
é revelada em detrimento da imutabilidade do ser.
O que reforça que para Parmênides, se existissem dois opostos em harmonia,
como teoriza Heráclito, ele entraria em conflito e um limitaria a ação do outro e
não seria um ser uno. Ele pode ser pensado, ser. O que seria o oposto para
Heráclito, aqui passa a ser o não-ser não existente. O ser tem identidade, não
mudando, se mudar não será mais o ser e tornar-se-á o seu oposto. Sempre
ligado ao ato do pensamento.

Em um segundo momento do nosso estudo, deparamos com o pensamento de


Platão. Filósofo nascido em Atenas e autor de vários escritos. Fundador do que
seria primeira escola de educação superior. Foi inicio do pensamento que daria
base para filosofia natural e ciência. Numa conformidade dentro do
conhecimento humano.

Platão inicia como base de seus estudos, fundamentos filosóficos de Sócrates,


desenvolvendo seu discurso no estudo do conhecimento como ponto focal para
se chegar a verdade, de forma racional e essencialmente fora do contexto
físico, como podemos perceber quando Ghedin (2003, p. 237) expõe:

O conhecer exige, sempre, uma metodologia, pois é justamente o seu


rigor que constrói conhecimentos verdadeiros. Dentre as várias
metodologias que possibilitam a sistematização do conhecimento da
realidade o método fenomenológico aspira a apreender a essência
geral no fenômeno concreto, o que é essencial a todo o
conhecimento, pois nisto consiste sua estrutura geral.

Esse buscar com pensar, um conhecimento verdadeiro, está intimamente


ligado ao racionalizar sistêmico para essa busca. Para Platão, nem todos
teriam acesso a esse conhecimento, esse pensar, mesmo o ser sendo único,
pois para se chegar a verdade através desse pensar o homem deixa de pensar
as coisas como coisas e passa a pensar o além das coisas. Buscando dentro
de si o pensar das idéias.

O homem começa a desenvolver a épisthéme, fazer o conhecimento


verdadeiro no mundo das idéias. Platão desenvolve a teoria da forma. O
mundo concreto é copia de um mundo perfeito. O foco do filosofo, mesmo
discutindo forma, era o homem, dentro do conhecimento ontológico. O intuito
era discutir temas como justiça, o bem e o mal, trabalhando no meio da tensão
de Heráclito e Parmênides.

Essa tensão antes mesmo já estimulará a Sócrates, mestre de Platão. O que o


levava sempre a buscar a verdade partindo do pressuposto de que somos
ignorantes para iniciarmos o pensamento, a essência. Marilena Chauí (2000, p.
44) descreve bem como o filosofo desenvolvia sua busca:

A consciência da própria ignorância é o começo da Filosofia. O que


procurava Sócrates? Procurava a definição daquilo que uma coisa,
uma idéia, um valor é verdadeiramente. Procurava a essência
verdadeira da coisa, da idéia, do valor. Procurava o conceito e não a
mera opinião que temos de nós mesmos, das coisas, das idéias e dos
valores.

Essa busca partindo do ponto como começo não era tão aplicada por Platão.
Considerava sim, essencial a busca do conhecimento, mas não da ignorância,
sim de que já tínhamos este conhecimento intrínseco, na alma.

Nesse ponto Platão defende a questão da divisão do homem. O corpo e a


alma. O corpo sofre constante mudança, mantendo-se em movimento e fluidez.
Já a alma, não. Imutável. Um mundo acessível pelos sentidos e outro
metafísico com acesso pelo razão.

Em outro momento temos Aristóteles, filosofo nascido em Estagira, aluno de


Platão, que discorda de seu mestre e defende que temos apenas este mundo e
o que está alem de nossas experiências através dos sentidos não tem valor
algum ou nada são.

Ao mesmo tempo em que Aristóteles não afirma a divisão do mundo, ele não
se desfaz do uso da metafísica para justificar alguns pensamentos. Ele se
diferencia essencialmente de Platão ao usar dados para justificar, trabalhando
fortemente dentro do empirismo e da fenomenologia.

Outro ponto de Aristóteles em contraponto a Platão está na diferenciação entre


ato e potencia. Todo homem tem potencialidade a desenvolver algo. No filme
Agonia e Extase, em uma cena onde Michelangelo é interpelado de o porquê
olha tanto para um bloco de mármore, ele responde “Aqui vejo Moisés
sentado”. Quando o artista reforça esse discurso ele potencializa que o
mármore é potencia para ser uma escultura, mas só será ato quando a
escultura existir e assim formar. Como uma semente de feijão que é uma
árvore em potencia, mas só será ato quando arvore e gerar sementes.

Outro exemplo desta teoria de Aristóteles é com relação a visão. Um cego e


um homem de olhos fechados. Um não possui o sentido e o segundo apenas
não faz uso da mesma.

O que percebemos ao analisarmos esses quatro filósofos, dois pré-socráticos,


assim por dizer, e outros dois próximos ao filosofo Sócrates é, que ao
desenvolver seus pensamentos eles criaram uma linha que posteriormente
seria, e é, pensamento dos filósofos da idade media e modernos.

Quando Heráclito e Parmênides desenvolvem suas teorias distintas, as


mesmas servem como pensamento para formulação do pensamento socrático.
Dando base para nascerem dois novos rumos do pensamento: o idealismo e o
materialismo. Caminhos que percorreram o mito, a razão, o empirismo e a
ciência.
A Relação entre os filósofos modernos

Descartes, Hegel, Kant, Locke, Hume, Espinoza e Leibniz

Iniciar esta parte do texto sem fazer uma reflexão quanto ao termo “moderno”
se faz necessário. Em que contexto se encaixa de fato o termo para os nossos
filósofos em questão? Historiadores costumam trabalhar a filosofia “moderna” o
pensamento desenvolvido no século XVII, baseados pelo Carteasinismo, pela
idéia de síntese da observação, estudos da origem e pela ciência da Natureza,
Descartes, Bacon, Hobbes e Galileu respectivamente. (Chauí, 2000, p. 56).

Porém temos registros de que alguns filósofos teriam já materiais bem antes do
momento em que se designa para uso do termo “moderno” para filosofia. Cria-
se um aprisionamento em contextos que por vez podem anular grandes obras
que por ventura foram desenvolvidas em tempos que escapam a vontade
humana de organizar cronologicamente ou associar a aspectos históricos.
Marilena Chauí (2000, p. 56 ) consegue pontuar bem esta dependência:

...a cronologia pode ser um critério ilusório, pois o filósofo Bacon


publica seus Ensaios em 1597, enquanto o filósofo Leibniz, um dos
expoentes da filosofia moderna, publica a Monadologia e os
Princípios da Natureza e da Graça em 1714, de sorte que obras
essenciais da modernidade surgem antes e depois do século XVII.
Muitos historiadores preferem localizar a filosofia moderna no período
designado como Século de Ferro, situado entre 1550 e 1660,
tomando como referência as grandes transformações sociais,
políticas e econômicas trazidas pela implantação do capitalismo,
enquanto outros consideram decisivo o período entre 1618 e 1648,
isto é, a Guerra dos Trinta Anos, que delineia a paisagem política e
cultural da Europa moderna.
Partindo deste principio de não nos focarmos tanto em questões, como limitar
um contexto apenas por datas ou fatos em si, podemos começar nosso estudo
baseados na estrutura proposta por Ghedin, que trás ordenado por: Descartes,
Espinosa, Leibniz, Locke, Hume, Kant e Hegel. Dando foco no pensamento de
cada um.

René Descartes viveu no século XVII, filósofo, físico e matemático francês. Em


sua caminhada, também era chamado de Renatus Cartesius, nome importante
para revolução científica.

Seu pensamento revolucionário, para uma época feudal, onde vivia, trouxe o
que para muitos autores chama de racionalismo da idade moderna, sob a
influência direta da igreja na sociedade. Viajou muito e viveu durante a guerra
dos trinta anos, percebendo as diferenças de crenças e costumes que se
tinham entre cada povo.

Na sua reflexão ele nos apresenta, em suas obras Discurso sobre o método e
Meditações, um método, chamado depois de cartesiano, baseado no ceticismo
metodológico. O nome nada tem ligação com o conceito de uma atitude cética.
Para ele deve-se haver o questionamento, a dúvida. Ghedin (2003, p. 269)
reforça bem isso quando nos trás que:

O fato que leva Descartes a duvidar de tudo se relaciona com a


necessidade que tem de estabelecer a firmeza do conhecimento
cientifico, por isso afirma que precisa começar tudo novamente desde
os fundamentos, se quisesse estabelecer algo de firme e de
constante nas ciências.

Através da duvida o homem se permite a pensar e trabalhar com “só se pode


dizer que algo existe se puder ser provado”. Apresentando a existência do
próprio EU e de Deus. Isso vai de encontro com o pensamento grego e
escolástico que acreditavam que as coisas existem porque precisam existir.

Seu método divide-se em quatro partes: verificar, analisar, sintetizar e


enumerar. Em um primeiro momento tem-se um contato de verificação se há
fatos reais e indubitáveis no objeto de estudo, divide-se o objeto em unidades
mais simples para se estudá-la, agrupa-se as unidades estudadas para torná-la
um todo como em seu inicio e por fim enumera todas as conclusões e meios
utilizados, sempre mantendo o pensamento ordenado. Mesmo com a
aplicabilidade do pensamento racional, Descartes se apropria do discurso
sobre a idéia como Platão. Visto por Gehdin (2003, p. 275) quando ele nos
apresenta:

...é possível dizer que os sentidos nos permitem conhecer a realidade


concreta e sua materialidade. A idéia vem da própria realidade e não
apenas da imaginação. A idéia do objeto é idêntica ao próprio objeto
e esta posição estabelece a objetividade do conhecimento. O objeto
para chegar a idéia passa pelos sentidos e neles se estabelece a
relação do sujeito com o objeto. Só que Descartes privilegia o sujeito
que conhece em detrimento do objeto cognoscitivo.

Ainda na corrente racionalista temos Bento de Espinosa, também Benedito


Espinosa, que de família judaica criticou diretamente a igreja, criando o
criticismo bíblico moderno. Ele defende que Deus e Natureza são a mesma
coisa, a mesma realidade. Para ele os dois são entidades infinitas e que para o
homem só havia co conhecimento do pensamento e da matéria sobre os dois.

Para Espinosa o Ser está inserido num determinismo, o comportamento


humano é totalmente determinado, e o conceito de liberdade, para ele, é a
nossa capacidade de saber que somos, o que somos, porque agimos para o
que somos e como fazemos isso. Reforça com o discurso de que a razão
domina por completo o Ser, mas que pode ser ultrapassada por uma emoção
mais forte. Essa emoção seria a ativa, únicas compreendidas racionalmente.
Uma segunda seria a passiva, introduzido em muitos, tornando o homem como
fortemente ligado ao sensorial apenas sem pensar sua emoção.

Marilena Chauí (2003, p. 449) nos mostra que para Espinosa, somos seres
naturalmente passionais. Sofremos a ação exterior, somos passivos ao meio,
deixamo-nos dominar e conduzir por algo fora ao nosso corpo e espírito.
Vivemos rodeados de seres mais fortes que nós. Por outro lado o Ser é mais
livre quando na companhia de outros do que na solidão.

Importante citar que o pensamento de Espinosa está focado dentro do


racionalismo, porém não condiciona o ponto focal na idéia como pensava
Descartes, mas na razão em si. Podemos ter esse reforço de discurso dado
por Ghedin (2003, p. 280 ):

Qualquer processo de conhecimento que ignore a objetividade da


realidade produz uma “verdade” duvidosa. A certeza do conhecimento
verdadeiro não está no intelecto do sujeito que conhece, mas na
essência objetiva do próprio objeto. Isto rompe, radicalmente, com
proposições de Descartes e permite que a realidade fale, pela razão,
não pela idéia que se tem dela, mas por aquilo que ela própria
demonstra ser.

Com o estudo de racionalismo por parte de Descartes e Espinosa, com suas


características de estudo, encontramos o filosofo e cientista Alemão, Leibniz,
um estudioso de filosofia que desenvolveu o termo função que ajudou a, junto
com Newton, desenvolver o cálculo moderno, como a integral.

Leibniz foi filosofo de formação, teve a oportunidade de conhecer Espinosa, e


mesmo de ter sido acusado de se apossar de alguns pensamentos, ele não se
identificava devido ao fato do discurso de Espinosa ser oposto do conteúdo
cristão. O que não isola em algum pensamento mitológico, mas como pensador
com alguma postura atribuída.

Seu trabalho está formatado em conciliar pensamento de Descartes com de


Locke. Fazendo correções em alguns discursos. Por ter crescido em família
com acesso a estudos de filosofia, Leibniz pode ler muito sobre filosofia grega
e escolástica. O que reforça seu entendimento para reformular alguns
pensamentos. Isso fica mais claro ao lermos trecho deste fato na obra de
Ghedin (2003, p.282):

A Proposta de Leibniz é uma tentativa de conciliar o processo de


conhecimento posto por descartes e a proposta de Locke. O que está
presente nesta discussão tem como fundamento o filosofar grego de
Platão e Aristóteles, que já tratavam da questão do inatismo ou não
das idéias.

Esse interesse em unir numa nova proposta de identidade totalmente


reformulada pode ser percebida quando Leibniz, reformula uma postura de
Locke (Ghedin, 2003, p. 282)
Para Locke, não há nada no intelecto ou na alma que não seja
derivado dos sentidos. Leibniz faz a seguinte correção: não há nada
no intelecto que não seja derivado dos sentidos, à exceção do próprio
intelecto.

Isto demonstra que para Leibniz a alma é inata de si mesma, ou seja, não há
experiência sem a presença do intelecto no ser, pois é nele que se processam
todas as experiências com o mundo.

Interessante perceber que para Leibniz o Ser advém com base no inatismo. Ou
seja, para ele o ser já nasce com seus pontos prontos. Mesmo valorizando a
questão do estudo do Ser pronto, para se chegar ao estudo da alma, para
Leibniz se faz necessário a pesquisa, o estudo., o que nos leva a base
cartesiana.

Desconsiderando todo o processo da valorização do Inatismo, temos John


Locke, que rejeita tal pensamento e reforça que nossas idéias têm origem
naquilo que nossos sentidos captam, o que o faz o protagonista do empirismo
britânico, com teorias como a de que as pessoas nascem como uma folha em
branco e aprendem com as experiências, pela tentativa e erro. Este ultimo
ponto pode ser considerado como inicio do Behaviorismo.

Para Locke a busca desses conhecimentos através das experiências deveria


acontecer, saindo do campo das deduções. Para ele as observações das
experiências com o mundo eram fundamentais. Ele descarta qualquer
possibilidade de uso de mitologia ou fé para explicar. O que fica bem claro que
para se obter as experiências para entender algo não se coloca ao lado de
deduzir algo ou criar um espaço ou tempo para justificar um pensamento.

Esse pensamento empirista de Locke esta baseado nos pensamentos de


Aristóteles quando para o pensador “Todos os homens tem, por natureza, o
desejo de conhecer”, ele afirma que o homem é um ser acima dos outros seres
sensíveis, tendo entendimento com os olhos que nos faz ver e perceber todas
as coisas, partindo desta sensação até chegar às idéias.

Ainda no pensamento empirista temos Hume, filosofo, e o mais radical dos


pensadores dessa corrente, opôs-se a Descartes e a todo pensamento que
colocasse o homem em espírito dentro de um ponto de vista teológico, sendo
ceticista a ponto de esta negação ser mais sentida que no discurso de Locke.

Hume começa a discutir dentro do empirismo a aplicabilidade do estudo dos


fenômenos mentais que durante muito tempo, seus pensamentos só foram
encaradas como destrutivos e do depois que autores iniciaram um processo de
divulgação positiva de seus trabalhos.

Uma descrição do pensamento de Hume pode ser entendida de forma simples


através desta passagem de Marilena Chauí (2000, p. 155) :

Hume, por exemplo, afirma que todo conhecimento é percepção e


que existem dois tipos de percepção: as impressões (sensações,
emoções e paixões) e as idéias (imagens das impressões)

Essa posição de Hume reforça a sua conceituação a respeito do estudo da


metafísica (advêm de Platão e passando por Leibniz), onde nada fora do Ser,
independente da nossa existência, simples conceituações para as coisas que
surgem pelo habito mental, uma possível razão, associada a idéias à
sensações freqüentes e regulares.

Hume inicia o processo de descaracterização do pensamento clássico sobre a


metafísica. Ele dá inicio a um novo pensamento que podemos analisar através
desta passagem de Marilena Chauí (2000, p. 293):

A metafísica – antiga, medieval e clássica ou moderna – era


sustentada por três princípios: identidade, não-contradição e razão
suficiente ou causalidade. Os dois primeiros serviam de garantia para
a idéia de substância ou essência; o terceiro servia de garantia para
explicar a origem e a finalidade das coisas, bem como as relações
entre os seres.
Hume, partindo da teoria do conhecimento, mostrou que o sujeito do
conhecimento opera associando sensações, percepções e
impressões recebidas pelos órgãos dos sentidos e retidas na
memória. As idéias nada mais são do que hábitos mentais de
associação de impressões semelhantes ou de impressões
sucessivas.
O pensamento clássico torna-se impossível com a discussão de Hume sobre o
tema e ganha mais propriedade com a contribuição de Kant ao processo. Ele
reforça trazendo a junção do racionalismo, do empirismo e da ciência.

Kant marca seu discurso com o emprego de palavras e conceitos. A primeira


delas é a Critica, no sentido de que há a possibilidade do conhecimento
verdadeiro através da analise das condições. Quando o próprio filosofo fala em
sua obra “Só a crítica pode cortar pela raiz o materialismo, o fatalismo, o
ateísmo, a incredulidade dos espíritos fortes, o fanatismo e a superstição, que
se podem tornar nocivos a todos e, por último, também o idealismo e o
cepticismo, que são sobretudo perigosos para as escolas e dificilmente se
propagam no público”1

Outros dois termos muito empregados por Kant estão ligados ao seu discurso
denominado pelos teóricos como idealismo transcendental. O uso de a priori e
a posterior. Marilena Chauí Marilena Chauí (2000, p. 96) explica de forma
simples o sentido dos termos para Kant:

...a estrutura da razão é a priori (vem antes da experiência e não


depende dela).
Porém, os conteúdos que a razão conhece e nos quais ela pensa,
esses sim, dependem da experiência. Sem ela, a razão seria sempre
vazia, inoperante, nada conhecendo. Assim, a experiência fornece a
matéria (os conteúdos) do conhecimento para a razão e esta, por sua
vez, fornece a forma (universal e necessária) do conhecimento. A
matéria do conhecimento, por ser fornecida pela experiência, vem
depois desta e por isso é, no dizer de Kant, a posteriori.

Suas criticas estão ligadas diretamente a nossa capacidade limitada de pensar


e como estamos ligados a questões de menoridade. Para Kant, o homem é
responsável por sua saída de um mundo isolado, definindo que o não uso da
capacidade de pensar e ter o entendimento leva a este estado.

1
(KANT, I. Crítica da razão pura. 4ª ed. Prefácio à tradução portuguesa, introdução e notas: Alexandre Fradique
MOURUJÃO. Tradução: Manuela Pinto dos SANTOS e Alexandre Fradique MOURUJÃO. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1997, p. 30.)
Kant quando reforça o discurso da criticidade com ênfase no uso da razão
proveniente do contato sensorial ativo, acaba questionando os limites impostos
do conhecer. Ele acaba por chamar de dogmas pensamentos de filósofos
anteriores a ele, inclusive Descartes.

Esse pensamento é o ponto de partida para Kant colocar a filosofia como teoria
do conhecimento através da analise. Ele reforça que a ciência se apropria dos
juízos, ora analítico ora sintético. Ghedin (2003, p. 294) apresenta de forma
interessante uma visão de como Kant desenvolve-se a respeito deste discurso:

Diz que a ciência se compõe de “juízos” e fundamenta toda sua


Teoria do Conhecimento em tais juízos que são analíticos ou
sintéticos. Os juízos analíticos estão contidos no conceito do sujeito;
os juízos sintéticos são aqueles nos quais o conceito do predicado
não está contido no conceito do sujeito.

O que Ghedin (2003, p. 294) nos trás é que o juízo analítico esta diretamente
ligado ao principio da certeza, dois exemplos disso é apresentado por Marilena
Chauí dado por Marilena Chauí (2000, p. 295) “Um triangulo possui três lados”
é um exemplo de juízo Analítico e “Sócrates é filosofo” exemplo de juízo
Sintético. O segundo percebe-se a força da experiência psicológica do sujeito.

A idéia de constituir um estado crítico, para Kant, tinha o objetivo de discutir os


limites intelectuais do Ser, contribuindo muito para estudos da metafísica
(dialética), ética, razão e estética, o que serviria com muito valor para os estudo
de Hegel.

Hegel, filosofo da totalidade, do Ser absoluto em seu saber, considerado como


ponto alto do Idealismo alemão, onde seu pensamento seria base para o
discurso do Materialismo de Marx, foi considerado por muito tempo um
pensador com estrutura de difícil entendimento. Há uma historia de que
pensadores viram como uma tentativa de entendimento quando fora publicado
a obra Fenomenologia do Espírito em Francês. Pois antes disso, eles não
haviam entendido. Uma forma bem humorada de criticar essa complexidade do
pensamento de Hegel.
A obra reforça o que identifica Hegel como um estudioso do fenômeno. Kant já
nos trazia o estudo do fenômeno como aquilo que se apresenta do mundo
externo para o sujeito, por meio cognitivo da consciência. Para Hegel, segundo
Marilena Chauí (2000, p.302), ampliou esse conceito de fenômeno, afirmando
que tudo aquilo que se parece, só poderá aparecer para uma consciência e
esta consciência apresenta-se a si mesma no conhecimento de si própria,
sendo ela própria um fenômeno.

Um outro ponto apresentado por Hegel, que contribui muito para a discussão
do pensamento é a questão da objetividade quanto a discussão da relação do
empirismo e o idealismo critico de Kant. Segundo Ghedin (2000, p.296), Hegel
elogia o empirismo enquanto fundamento para aquilo que é verdade deve estar
na realidade e conhecer-se por meio da sensorial, da percepção, mas critica a
redução da abstração e o generalizar a identidade formal

Hegel colabora com a estudo da historia da filosofia como fator importante para
entendimento do produto em si. Ghedin (2000, p.296) reforça isso quando nos
leva a compreender essa importância:

O pensamento e a filosofia como seu produto é sempre resultado de


um processo histórico que o fez surgir; o processo desencadeado
pelo conhecimento não é, de forma alguma, diferente. Por isso, Hegel
afirma que tudo se passou no mundo de acordo com a razão...e essa
historia é o desenvolvimento da razão pensante; seu vir a ser deve
ter-se passado de acordo com a razão. Assim a historia humana é a
historia da razão querendo compreender a si mesma.

Essa manifestação do estudo da historia como base para auxiliar o estudo da


razão e da filosofia, é apresentada para outros filósofos que estudariam
pontuados neste conceito apresentado por Hegel.
Conclusão

Percebemos ao fim deste estudo tem-se um ponto bem comum para os dois
momentos da filosofia. O conhecimento. Para os filósofos antigos ele está bem
presente, não que para os chamados modernos não está, mas que para a
filosofia moderna o conhecimento é tratado de uma outra forma, colocando o
estudo a frente da ontologia e reforçando a importância para o
desenvolvimento da ciência e para filosofia.

Outro ponto interessante é o fator de não percebemos nos filósofos antigos a


questão da religião como instituição constituída. Trabalhasse o mito e o estudo
das divindades como Seres, com uma amplitude mais fora da postura humana
em sai. Quando passamos a estudar a filosofia moderna percebemos a
participação da religião, já configurada como instituição através do cristianismo.
Essa fator é importante porque a maioria dos filósofos modernos passam a
debater sobre e claro, os efeitos.

Um dos efeitos bem diretos na filosofia moderna, dado pelo cristianismo,


aparece no momento em que os dogmas são debatidos e conceitos antes tidos
como verdades começam a ser discutidas. Isso faz com que aqueles que
defendem a idéia da representatividade política do cristianismo para época
criem novos obstáculos para o desenvolvimento da reflexão.

Quanto a contribuição fica claro que há muito conteúdo e novos conceitos


existentes, mas sempre baseados no principio dos filósofos antigos como base,
uma reestruturação do pensamento humano, dando inicio a novas correntes e
formas de se pensar quanto sociedade e individuo. O nascer de ciências que
se desenvolveriam para colaborar com a filosofia que se discute no hoje.

Você também pode gostar