TP 3
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Leitura
e Produo de Texto
TP3
TP3
Sistema Nacional de Formao
de Profissionais da Educao Bsica
PRALER
Presidncia da Repblica
Ministrio da Educao
Secretaria de Educao Bsica
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao
Diretoria de Assistncia a Programas Especiais
PROGRAMA DE APOIO A
LEITURA E ESCRITA
PRALER
MINISTRIO DA EDUCAO
SECRETARIA DE EDUCAO BSICA
FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAO
DIRETORIA DE ASSISTNCIA A PROGRAMAS ESPECIAIS
PROGRAMA DE APOIO A
LEITURA E ESCRITA
PRALER
BRASLIA
2007
2007 FNDE/MEC
Todos os direitos reservados ao Ministrio da Educao - MEC.
Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida desde que citada a fonte.
DIPRO/FNDE/MEC
Via N1 Leste - Pavilho das Metas
70.150-900 - Braslia - DF
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IMPRESSO NO BRASIL
Apresentaao
Amigo(a) Professor(a)
Voc est iniciando o estudo do terceiro caderno de Teoria e Prtica do Programa
PRALER.
Esperamos que os cadernos anteriores tenham sido teis e que o estudo esteja sendo
prazeroso para Voc. Tambm temos expectativas de que a sua participao e a de seus colegas
esteja possibilitando a criao de novos espaos de reexo, de investigao da realidade escolar, e
resultando numa viso crtica dos contedos e da elaborao de concluses individuais e grupais.
Com o trabalho proposto nas trs unidades que compem este terceiro caderno
de Teoria e Prtica, continuaremos aprofundando a nossa reexo a respeito do processo
educacional voltado para a alfabetizao.
Sabemos que muitas das sugestes que apresentamos j fazem parte de sua prtica, mas
queremos ampliar a sua compreenso dos processos de leitura e de escrita, to desaadores,
e trazer estmulos novos ao trabalho a ser construdo na sala de aula.
Neste caderno, procuramos focalizar questes relativas experincia inicial com a
leitura e a escrita de textos.
Na Unidade 7, vamos reetir a respeito de como os textos populares - muitos j do
conhecimento das crianas - podem ser motivadores para a leitura inicial e para a compreenso do
funcionamento da lngua escrita. Quadrinhas, parlendas e cantigas de roda so timos recursos para
se desenvolver a observao dos fenmenos da lngua escrita, associando-os linguagem oral.
Na Unidade 8, vamos demonstrar como o trabalho com a produo coletiva de textos
desenvolve noes importantes para a expresso escrita dos alunos. Ora partindo de textos
de outros autores, ora partindo de situaes reais, o trabalho coletivo importante para o
desenvolvimento da escrita individual.
Na Unidade 9, vamos reconhecer diversas oportunidades em que as crianas podem
produzir textos curtos, individualmente, logo que comeam a escrever. E, tambm, como
surgem na sala de aula oportunidades de reexo a respeito de estruturas da lngua.
Temos certeza de que, at aqui, Voc j superou nossas expectativas de aprendizagem
no programa e certamente identicou outros aspectos enriquecedores para o programa que
no foram contemplados pela equipe de elaborao dos materiais. Sabe por qu, Professor?
Isso ocorre porque Voc o detentor do conhecimento da realidade da sala de aula e o
principal gestor da aprendizagem dos alunos. E, medida que Voc traduz a sua aprendizagem
em ao conseqente e planejada para a sala de aula, j est transformando e ampliando,
permanentemente, os conhecimentos veiculados pelo programa.
Bem-vindo ao caderno de Teoria e Prtica 3 e sucesso em seus estudos!
09
13
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Leitura sugerida
Texto complementar
Bibliograa
Respostas das atividades de estudo
Investigao da prtica 7
Sesso presencial coletiva 7
41
41
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45
48
49
51
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64
65
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71
75
Leitura sugerida
Texto complementar
Bibliograa
Respostas das atividades de estudo
Investigao da prtica 8
Sesso presencial coletiva 8
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82
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102
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113
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117
Leitura sugerida
Texto complementar
Bibliograa
Respostas das atividades de estudo
Investigao da prtica 9
Sesso presencial coletiva 9
119
119
124
125
127
129
UNIDADE 7
Textos populares
Rosineide Magalhes de Sousa
Textos populares
Iniciando a nossa conversa
Amigo(a) Professor(a)
11
NA SECAO
l,
-
NA SECAO
2,
-
NA SECAO
3,
-
Nas trs sees, desenvolveremos muitas atividades que Voc poder utilizar como
recursos pedaggicos em sua sala de aula.
Nosso horizonte
Com o trabalho desta unidade, nos vamos:
Desenvolver o tema da repetio de letras, vogais e consoantes utilizando as
quadrinhas.
Identicar a parlenda como um excelente recurso pedaggico para ensinar
aspectos da relao entre letras e sons e atividades de leitura e escrita.
Desenvolver atividades de interpretao e produo textual e formao de
palavras a partir de temas das cantigas de roda.
12
SECAO l
-
As quadrinhas e a repetiao
de letras
Objetivo:
Lembrete
As quadrinhas so compostas de quatro versos rimados e tm
temas lricos, amorosos, humorsticos, satricos ou anedticos.
13
tividade de estudo-l
Voc lembra de alguma quadrinha que recitava quando criana na sala de aula? Ento
vamos escrev-la.
15
tividade de estudo-2
Desenvolva uma atividade didtica para a sala de aula. Inicialmente, investigue os
nomes de ores ou outras plantas de sua regio que os seus alunos conhecem. A partir dos
nomes indicados pelas crianas, Voc ir trabalhar a escrita das palavras. Poder tambm
explorar as cores nesse exerccio.
Descreva a atividade a seguir.
16
tividade de estudo-3
Exercite seu lado escritor. Crie uma quadrinha utilizando algumas palavras
de A Rosa Vermelha. Outra sugesto para Voc compor sua quadrinha: use nome
de pessoas que conhece, assim, estar homenageando algum especial. Lembre-se
de usar as rimas.
Voc percebeu como foi interessante e divertido elaborar uma quadrinha com
as palavras que selecionou? As crianas tambm iro gostar de fazer a mesma coisa
com sua ajuda em sala de aula. Ou seja, as crianas podem criar vrias quadrinhas.
Voc registrar o texto no quadro, ler em voz alta palavra por palavra, para que
elas faam a relao entre a escrita e os sons das letras da palavra. Posteriormente,
elas copiaro no caderno. Este trabalho visa produo espontnea das crianas e,
conseqentemente, ao aprendizado da escrita.
17
Voc conhece algum jogo oral que estimule o trabalho com as rimas? Pesquise com
seus colegas em livros de atividades e registre aqui os procedimentos.
rosa
boto
Voc pode mostrar tambm que antes da rosa desabrochar, ela um boto. Se
na escola ou perto da escola tiver uma roseira, mostre s crianas um boto
e uma rosa desabrochada.
Trabalhar as relaes familiares.
Criar frases com as palavras da quadrinha.
Recriar a quadrinha a partir de lacunas em que so inseridos nomes prprios
do pai, da me e do lho.
Circular a letra e das palavras e fazer um quadradinho na letra o, para que as
crianas percebam a repetio dessas vogais nas palavras.
Destacar do texto uma palavra com a letra m, uma com a letra d, outra
com a letra p e outra palavra com a letra q, para que as crianas percebam a
diferena de som destas consoantes.
Nesta ltima questo, os alunos destacaro da quadrinha palavras com as
letras p, q, d, porque, como o desenho destas letras muito parecido, com certeza
alguns alunos, no incio, tero diculdade em diferenci-los e fazer a relao entre
som e letra.
19
Sobre este assunto, vamos ler um texto de Miriam Lemle, retirado do livro Guia
Terico do Alfabetizador, da Editora tica, p.8, e desenvolver uma atividade.
As letras do nosso alfabeto tm formas bastante semelhantes, e por isso a capacidade
de distingui-las exige renamento na percepo. Tomemos alguns exemplos. A letra p e
a letra b diferem apenas na posio da barriguinha em relao haste vertical, colocada
abaixo da linha de apoio ou acima dela. O b e d diferem apenas na posio da barriguinha
em relao haste. O p e q diferem entre si por esse mesmo trao, isto , a posio da
barriguinha. Note que os objetos manipulados em nosso dia-a-dia no se transformam, ao
mudarem de posio. Uma escova de dentes sempre uma escova de dentes, esteja virada
para cima ou para baixo. Um copo de cabea para baixo, ainda um copo. Mas um b com
a haste para baixo vira um p, e um p virado para o outro lado vira q. Do mesmo modo,
um n com uma corcova a mais vira m, um e alongado para cima passa a valer l, um a sem
o seu cabinho passa a ser o e assim por diante. So sutis as diferenas que determinam a
distino entre as letras do alfabeto. A criana que no leva em conta conscientemente essas
percepes visuais nas no aprende a ler.
tividade de estudo-4
Depois que Voc leu o texto de Miriam Lemle, resuma a idia principal.
Agora que Voc est com o seu resumo pronto, vamos realizar mais atividades.
20
21
Pea a cada um que represente por meio de um desenho a prosso que deseja seguir.
Recolha os desenhos e organize um painel que pode ser chamado Eu quero ser.
Comente sobre as prosses que as crianas escolheram.
Escreva no quadro ou em uma folha de papel pardo o poema A Bailarina. Omita de
todo o texto a palavra bailarina, inclusive o ttulo. Faa a leitura do poema sem a palavra
bailarina.
Depois da leitura pergunte s crianas o que a menina quer ser. Ao fazer a perguntar,
chame a ateno dos alunos para as rimas do poema, dizendo-lhes que a palavra reveladora
do desejo da personagem rima com menina e pequenina. Descoberta a palavra pela
turma, as lacunas do texto so preenchidas com a palavra bailarina.
Leia novamente o poema com as crianas. Pea que elas indiquem as palavras que
rimam. Se as crianas estiverem escrevendo, pea a elas que copiem o poema no caderno
e circulem as palavras que rimam e relacionem, por exemplo: pequenina rima com
bailarina etc.
A seguir, Voc pode propor as seguintes questes e atividades:
Quem v a menina do poema?
Onde est a menina do poema enquanto dana?
Circule as estrofes do poema que apresentam os movimentos de uma bailarina.
Ilustre a estrofe (parte) do poema de que mais gostou, utilizando lpis de cor ou
de giz, ou mesmo o lpis de escrever, o lpis preto.
Os trabalhos podem ser expostos no quadro mural da sala juntamente com os
realizados na atividade inicial sobre as prosses.
22
Resumind
ural popular
adio cult
urgiram da tr
s que s
as so texto
As quadrinh
o.
rao a gera
e
g
e
d
o
d
n
a
que vo pass
rizao.
cem a memo
e
r
o
v
a
f
o
m
rit
, a rima e o
s da
A repetio
ita de texto
r
c
s
e
a
e
a
ar a leitur
cultural
nte trabalh
anifestao
ta
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a
o
p
m
u
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o
d
o
n
it
mu
os resgata
.
que estarem
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o
p
,
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desaparecer
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p
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i
a
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tr
a
tr
a por ou
do substitud
que vem sen
drinhas.
ndo das qua
ti
r
a
p
s
a
m
sos te
plorar diver
Podemos ex
o entre
ensinar a rela
e
d
o
d
o
m
m
lavras u
letras das pa
s
a
r
a
c
ta
s
e
D
ns.
as e seus so
tr
le
s
a
d
o
h
n
palavras
dese
escrita das
a
n
s
a
tr
le
e
epetio d
ra escrever
destacar a r
as letras pa
m
io
s
r
e
s
m
s
s
e
a
c
e
s
n
o
que usam
as percebam
n
ia
r
c
s
a
e
para qu
erentes.
slaba e
palavras dif
nscincia da
o
c
a
d
o
a
rece a form
drinhas favo
a
u
q
r
ia
r
c
e
R
da palavra.
23
SECAO
2
-
Mouro, mouro
tome teu dente podre
d c meu so.
Estas eram as palavras que o seu Pedro ensinava aos lhos quando as crianas estavam
trocando a dentio de leite pela dentio denitiva. Toda vez que um dentinho de leite
amolecia e cava no ponto de ser extrado, seu Pedro amarrava um pedacinho de linha ao
redor do dente mole do lho e puxava. Pronto! Era assim que era feita a extrao do dente.
Depois pedia ao lho que recitasse os versinhos e jogasse o dentinho em cima do telhado
da casa.
Essa ao seu Pedro aprendeu com as pessoas mais velhas de sua cidade, So Joo do
Piau. A parlenda ele tambm aprendeu com os mais velhos. Contudo no sabia que esses
versinhos so chamados de parlenda.
As parlendas so conjunto de palavras com organizao rtmica em forma de verso,
que podem rimar ou no.
24
tividade de estudo-5
Voc se lembra de alguma parlenda que seus pais lhe ensinaram quando era
criana? Se Voc se lembra de alguma, escreva-a e explique em que circunstncia
isso acontecia.
tividade de estudo-6
Procure no dicionrio o signicado da palavra morfossintaxe para que possa
compreender melhor o signicado de morfossinttico. Escreva-o nas linha abaixo:
Voc tambm ter a oportunidade de vericar se as pessoas mais velhas, que foram
entrevistadas, tinham o hbito de extrair os dentes dos lhos como fazia seu Pedro.
Voc poder esclarecer s crianas que hoje, como muitas sabem, so os dentistas que
extraem os dentes de leite das crianas.
muito bom registrar alguns fatos que acontecem no nosso contexto de sala de aula.
Para isso, durante a atividade de apresentao das pesquisas, Voc deve tabular a pesquisa das
crianas preenchendo o quadro seguinte, at mesmo para valorizar o trabalho delas.
Nmero de pais que conhecem
Em que ocasio
Com quem
a parlenda Mouro Mouro
utilizavam a parlenda aprenderam
Essa atividade que Voc acabou de fazer um meio de conhecer um pouco da realidade
cultural dos familiares de seus alunos.
Temos vrias possibilidades de criar situaes pedaggicas atraentes no processo de
alfabetizao na sala de aula utilizando as parlendas, j que muitas so conhecidas pelas crianas.
Para momentos ldicos de aprendizagem, podemos organizar atividades que levem
as crianas a movimentar o corpo e ao mesmo tempo aprender a ler um texto.
Assim, no precisamos car s na sala, podemos usar o ptio da escola ou outro lugar
em que se pode desenhar no cho com a ajuda das crianas, que gostam de brincadeiras.
Qual a criana que no gosta de sair um pouco da rotina da sala de aula? Por isso, podemos
planejar aulas tambm em outros lugares da escola.
Muitas parlendas no tm um signicado claro, so brincadeiras com os sons das
palavras e, portanto, muito interessantes para desenvolver as habilidades auditivas e de
pronncia dos sons, de forma ldica. A parlenda seguinte um exemplo de texto que
podemos levar para fora da sala de aula.
Devemos ler a parlenda e desenvolver uma atividade de leitura e escrita na sala de
aula, antes de desenvolv-la fora da sala.
Vamos exemplicar como o trabalho com parlendas pode ser agradvel, prazeroso e produtivo
reetindo sobre as possibilidades de explorao de um texto popular muito conhecido.
Hoje Domingo
pede cachimbo
cachimbo de barro
d no jarro
o jarro no
d no sino
o sino ouro
28
d no touro
o touro valente
d na gente
a gente fraco
cai no buraco
o buraco fundo
acabou-se o mundo.
Esta parlenda tem vrias rimas, ou seja, repetio de sons em vrias posies
dos versos: domingo/cachimbo; /p; barro/jarro; no/sino; ouro/touro; valente/
gente; fraco/buraco; fundo/mundo.
Com a leitura em voz alta da parlenda escrita no quadro, as crianas vo
perceber que h palavras que rimam, mas que por causa de uma letra, ou mais letras,
so diferentes, veja o caso de:
sino/fino
barro/jarro
fundo/mundo
ouro/touro
essencial explicar que algumas palavras so parecidas e por causa de uma
letra (na escrita) e de um som (na fala) elas se modicam e tambm mudam de
signicado.
Para exercitar a identicao de palavras parecidas, podemos pedir s crianas
que apontem, no quadro, palavras parecidas, mas que tenham letras diferentes. Da
vamos rel-las e perguntar o signicado de cada uma s crianas.
Embora a parlenda no permita uma interpretao nica e indiscutvel,
explique o signicado das palavras que as crianas no conhecem. D exemplos
formulando um texto oral com a palavra e, depois, escreva-o no quadro.
Por exemplo:
O jarro de ores que ca em cima da mesa da sala da casa de dona Jlia
de barro e est pintado de verde. Ela no gosta que as crianas peguem no seu jarro,
pois tem medo que ele caia no cho e se quebre.
Quando Voc d um exemplo, como o do texto anterior, a criana pode
entender melhor o que signica a palavra jarro.
d no sino
o sino ouro
d no touro
o touro valente
d na gente
a gente fraco
cai no buraco
o buraco fundo
acabou-se o mundo.
29
Depois de explorar a parlenda em sala de aula, leve as crianas para o ptio da escola
ou para outro local em que Voc possa desenhar e escrever no cho, usando o giz. Vamos
desenvolver um joguinho de memria, seguindo estes procedimentos:
Divida a turma em grupos.
Desenhe vrios quadrados no cho, mais ou menos oito.
Escreva uma palavra em cada quadrado: sugerimos as palavras parecidas que rimam:
jarro, barro, no, sino, ouro, touro, valente, gente.
Conte at trs e fale uma palavra, por exemplo: valente, o grupo que chegar primeiro
palavra certa e elaborar oralmente uma frase usando a palavra, marca um ponto.
Repita o procedimento anterior com todas as palavras.
O grupo que acertar mais palavras e elaborar boas frases ganhar o jogo.
O joguinho no ptio tem como objetivo o aprendizado de palavras parecidas e que
rimam. Alm disso podemos, vericar se as crianas aprenderam a diferenciar os signicados
dessas palavras, elaborando oralmente frases que tenham sentido.
De volta sala de aula, elas podero escrever as frases ou pequenos textos com as
palavras do joguinho.
30
tividade de estudo-7
Vamos selecionar palavras entre as que as crianas usam com mais freqncia
para trabalhar em sala de aula os sons de r e rr. Escreva no quadro aquelas com um
r e som de r de caro e as com dois rr, conforme o indicado.
Palavras com um r e som de r
31
Conforme o texto que est sendo trabalhado em sala de aula, crie adivinhas
como as anteriores para que as crianas relacionem as palavras com o signicado. Para
exercitar, vamos criar algumas adivinhas para a parlenda seguinte, pois Voc poder
us-la na sala de aula.
CAD O TOUCINHO QUE ESTAVA AQUI?
o gato comeu
cad o boi?
cad o gato?
foi carregar trigo
cad o trigo?
foi pro mato
cad o mato?
a galinha espalhou
o fogo queimou
cad a galinha?
cad o fogo?
foi botar ovo
cad ovo?
a gua apagou
cad a gua?
o frade bebeu
o boi bebeu
cad o frade?
t no convento.
Escreva as adivinhas que voc criou e discuta com os colegas e em sua sala de aula.
Resumindo
atividades que,
desenvolvemos
e
os
nt
su
as
os
lembrar que:
lamos de vri
Nesta seo, fa
co. importante
gi
g
da
pe
r
ze
fa
ajudaro no seu
com certeza, o
servir de
popular que pode
al
ur
lt
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texto da trad
A parlenda um
crita.
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no
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contexto para
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se
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enda, podemos
cal.
A partir da parl
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cu
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para a educao
do, por
ra seu signica
te
al
a
vr
la
pa
a
som/letra de um
A mudana de um
do.
no; fundo/mun
exemplo: sino/
palavras.
rr no incio de
is
do
os
am
us
No
zemos em
endas como
rl
pa
as
o
nd
za
adivinhas, utili
idas.
Podemos criar
las mais divert
au
as
ar
rn
to
es, para
algumas atividad
32
SECAO
3
-
Vamos fazer uma pesquisa na sala de aula? Pergunte s crianas se elas tm costume
de brincar de roda no bairro onde moram e quais cantigas conhecem? Escreva o resultado
da pesquisa no quadro a seguir.
Nmero de crianas que
brincam de roda no bairro
34
dentro dele,
dentro dele mora um anjo
que roubou,
que roubou meu corao.
Se eu roubei,
se eu roubei teu corao
tu roubaste,
tu roubaste o meu tambm
se eu roubei,
se eu roubei teu corao
porque,
porque te quero bem.
35
Essa cantiga de roda riqussima de temas que podemos desenvolver em nossa sala
de aula. Inicialmente interessante organizar o ambiente para que as crianas possam
unir as mos e movimentar o corpo, cantando esta cantiga. Isso pode ser feito em sala, no
momento da aula, utilizando o texto para introduzir temas a serem estudados, ou pode ser
feito como momento de lazer e recreao.
Com essa atividade, as crianas vo desenvolver algumas habilidades que Voc indicar
na atividade a seguir.
tividade de estudo-8
Quando as crianas esto brincando de cantiga de roda, exercitam algumas habilidades.
Marque um X nas habilidades que elas podem exercitar nesta atividade:
a) Falar
b) Ouvir
c) Pronunciar palavras
d) Escrever
e) Movimentar o corpo
f ) Cantar
g) Fazer mmica
h) Reconhecer rimas
Agora que Voc fez suas escolhas, justique-as.
Voc percebeu que, quando trabalhamos a cantiga de roda, podemos tambm exercitar
certas habilidades de nossos alunos. Podemos tambm explorar vrios temas na sala de aula
e trazer o tema da cantiga para a nossa realidade.
36
Utilize a cantiga de roda Se Esta Rua Fosse Minha para desenvolver as atividades
a seguir. Voc pode desenvolv-las em vrias aulas.
Brincar de roda (alunos e professor), cantando a cantiga.
Desenhar uma rua ladrilhada, conforme a imaginao delas.
Para instigar mais um pouco as crianas, podemos lev-las a pensar em um
lugar mgico ladrilhado de brilhantes e onde seria esse lugar. O desenho uma
forma de expressar a imaginao, assim, com certeza as crianas vo represent-la,
construindo seus desenhos.
Escrever o texto Se Esta Rua Fosse Minha no quadro e ler em voz alta com as
crianas. Se as crianas j conseguem ler, podem ler sozinhas sem a sua ajuda.
importante escrever o texto no quadro e l-lo, mostrando palavra por
palavra para que as crianas aprendam desde cedo a escrever as palavras de modo
ortogrco. Porm, sabemos que, at elas conseguirem isso, vo escrever de vrias
formas tentando imitar a fala.
Trabalhar a interpretao da cantiga de roda, fazendo perguntas s crianas,
com o objetivo de lev-las a construir uma signicao do texto.
Sugestes de perguntas:
-De que fala essa cantiga de roda?
-Podemos imaginar uma rua ladrilhada de pedras preciosas?
-Para quem seria essa rua to bonita?
-Quais as situaes reais em que enfeitamos a rua, a casa, a escola, a
igreja?
-O que utilizamos como enfeite?
Explorar o vocabulrio, pois as crianas talvez desconheam algumas
palavras, por exemplo:
Ladrilhar: cobrir ou revestir com ladrilhos. Ladrilhos so tijolos para forrar
o cho ou revestimento de cermica para revestir paredes.
Bosque: mata, oresta, selva.
Vamos estudar as palavras do texto com outra atividade?
O objetivo aqui perceber se os alunos lem palavras do texto misturadas a
outras palavras parecidas.
Escreva as palavras abaixo no quadro e pea que os alunos apontem aquelas
que aparecem no texto Se Esta Rua Fosse Minha.
lua nua rua sua
meu seu vu cu
bem cem vem
Formar palavras.
Pea aos alunos que descubram, com a sua ajuda, as palavras
cor + ao igual a_____________________________
nua n + l a ________________________________
meu sem m sou _______________________________
cesta c + n ________________________________
37
Trabalhar a escrita.
Se os alunos j esto escrevendo, pea que elaborem uma histria sobre uma rua
enfeitada e com um bosque, depois escolha um ou mais textos, escreva-os no quadro
e leia-os com todas as crianas. Faa a correo dos textos no quadro, mostrando s
crianas como se escreve, conforme est no dicionrio, algumas palavras que esto
com a escrita incorreta.
Trabalhar a contextualizao, enfatizando a realidade das crianas.
Pea s crianas que descrevam a rua onde moram.
Pergunte se a rua onde moram calada, asfaltada ou sem asfalto.
Elabore um texto coletivo no quadro descrevendo a rua de um dos alunos. Depois
pea que cada um escreva um pequeno texto descrevendo a rua onde mora.
tividade de estudo-9
Vamos tentar trazer o tema da cantiga de roda para a nossa realidade imediata. Observe
a rua da escola onde Voc trabalha (pontos positivos e negativos). Depois faa uma descrio
de como a rua de sua escola e o que Voc faria para que ela casse melhor.
Para dar continuidade ao texto que Voc produziu na atividade anterior, no qual
registrou as belezas e os problemas da rua de sua escola, vamos completar a temtica,
desenvolvendo a atividade a seguir:
38
tividade de estudo-l0
Agora que j se sabe como a rua onde alguns alunos moram e Voc descreveu como
a rua da escola em que trabalha, liste no quadro a seguir palavras que esto relacionadas
aos problemas das ruas descritas e as que indicam solues. Veja o exemplo.
Problemas
lixo
Solues
coleta
tividade de estudo-ll
Leia o seguinte poema e compare com a cantiga de roda Se Esta Rua
Fosse Minha.
PARASO
Se essa rua fosse minha,
eu mandava ladrilhar
no para automvel matar gente
mas para criana brincar.
(Poemas Para Brincar, 16a ed., Jos Paulo Paes, So Paulo, Editora tica, 2002)
39
Resumindo
Trabalhando o
de roda em
xto das cantigas
te
Trabalhar a
cantigas.
mo tempo.
ndizado ao mes
lazer e apre
ar momentos de
Cri
demos:
sala de aula, po
ado das
ando o signific
or
pl
ex
,
al
tu
x
te
interpretao
igas.
a partir de te
Produzir textos
er palavras
s para escrev
on
/s
as
tr
le
r
ui
as e substit
Extrair palavr
nossa lngua.
conhecidas da
do recurso
outro por meio
ar
br
m
le
de
e um texto po
Compreender qu
idade.
da intertextual
crita,
de leitura e es
em
ag
iz
nd
re
ap
de
rias atividades
Desenvolver v
ntiga de roda.
utilizando a ca
eitura sugerida
AZEVEDO, Ricardo. Armazm do folclore. So Paulo: tica, 2000.
Este livro traz uma coletnea de textos populares: quadrinhas, frases feitas, travalnguas, advinhas, lendas, ditados populares entre outros textos. um recurso didtico
essencial para o professor utilizar no processo de leitura e escrita na alfabetizao das
crianas, na abordagem e resgate da tradio de textos populares.
So textos que pertencem a uma longa tradio de uso da linguagem para cantar, recitar
e brincar. A maioria deles de domnio pblico, ou seja, no se sabe quem os inventou: foram
simplesmente passados de boca a boca, das pessoas mais velhas para as pessoas mais novas.
Os poemas servem para divertir, emocionar, fazer pensar. Geralmente tm rimas e
apresentam diferentes diagramaes. So textos com autoria, isto , geralmente sabemos
quem os fez.
Convite
Poesia
brincar com palavras
como se brinca com bola, papagaio, pio
s que
bola, papagaio, pio
de tanto brincar
se gastam
As cantigas de roda so textos que servem para brincar e divertir. Com bastante
freqncia se encontram associadas a movimentaes corporais em brincadeiras
infantis.
Cai Cai Balo
cai, cai balo
cai, cai balo
aqui na minha mo.
No cai no, no cai no, no cai no
Cai na rua do sabo.
As adivinhas servem para divertir e provocar curiosidade. So textos curtos,
geralmente encontrados na forma de perguntas: O que , o que ? Quem sou eu?
Qual ? Como? Qual a diferena?
O que , o que que cai em p e corre deitado?
Resposta: A chuva
Os trava-lnguas brincam com o som, a forma grca e o signicado das
palavras. A sonoridade, a cadncia e o ritmo dessas composies encantam adultos
e crianas. O grande desao recit-los sem tropeos na pronncia das palavras.
O rato roeu a roupa do rei de
Roma,
O rato roeu a roupa do rei da
Rssia,
O rato roeu a roupa do
Rodovalho...
O rato a roer roa.
E a rosa Rita Ramalho
Do rato a roer se ria.
As parlendas so conjuntos de palavras com arrumao rtmica em forma de
verso, que podem rimar ou no. Geralmente envolvem alguma brincadeira, jogo, ou
movimento corporal.
Boca de forno
Forno
Tira um bolo
Bolo
Se o mestre mandar!
Faremos todos!
E se no for?
Bolo!
43
A seguir, temos alguns textos populares que Voc poder utilizar em seu planejamento,
para desenvolver algumas atividades com os alunos em sala de aula.
Quadrinhas
A rosa vermelha
meu bem-querer
a rosa vermelha e branca
hei de amar at morrer
Eu no quero me casar
com homem que enviuvou
eu no quero criar lhos
que outra mulher gerou.
Parlendas
Ra re ri ro rua
perua
saia do meio da rua.
uni pandi
cirandi
deu picoti
deu pandi
picot
ticot
pi
san v
Cantiga de roda
Roda Pio
Dedo mindinho
seu vizinho
maior de todos
fura bolo
mata piolho.
O macaco foi feira
no sabia o que comprar
comprou uma cadeira
para a comadre se sentar.
A GALINHA DO VIZINHO
A galinha do vizinho
bota ovo amarelinho
bota um, bota dois,
bota trs, bota quatro,
bota cinco, bota seis,
bota sete, bota oito,
bota nove, bota dez.
PEIXE VIVO
Como pode um peixe vivo
Viver fora da gua fria [bis]
Como poderei viver [bis]
sem a tua, sem a tua
sem a tua companhia. [bis].
ibliografia
AZEVEDO, Ricardo. Armazm do folclore. So Paulo: tica, 2000.
CAGLIARI, Luis Carlos. Alfabetizando sem o b-b-bi-b-bu. So Paulo:
tica, 1999.
MEIRELES, Ceclia e CASTRO, Josu. A festa das letras. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1996.
REVERBAL, Olga. Jogos teatrais na escola. So Paulo: Scipione, 2002.
SARAIVA, Juracy Assmann (org). Literatura e alfabetizao. Porto Alegre:
Artmed, 2001.
Atividade de estudo 2
Trabalhando os nomes de ores, plantas e cores.
1) Perguntar os nomes de ores e plantas que as crianas conhecem.
Escrever no quadro os nomes que elas vo falando, assim, por exemplo.
Rosa (desenhar rosas de vrias cores)
Margarida (desenhar margaridas brancas e amarelas)
2) Ler em voz alta com as crianas, indicando as palavras no quadro. Perguntar s
crianas qual a palavra rosa e qual a palavra margarida.
3) Solicitar que as crianas escrevam as palavras no caderno.
Acompanhar de perto a escrita que apresenta maior diculdade.
4) Com esse tipo de trabalho, as crianas aprendero os nomes de ores, plantas e
de algumas cores.
Atividade de estudo 3
A resposta pessoal e muito fcil, basta somente exercitar seu lado escritor. Para car
mais fcil ainda, veja a sugesto seguinte.
Marina Cristina
meu bem querer
Marina Cristina
hei de amar at morrer
Atividade de estudo 4
Veja o resumo que elaboramos. Lembre-se, no resumo, precisamos preservar a idia
principal do texto-base.
As letras do nosso alfabeto tm formas muito parecidas. necessrio renamento
na percepo para distingui-las. A criana que no leva em conta, conscientemente, a
diferena entre o formato das letras, ou seja, no desenvolve a percepo visual na, no
aprende a ler.
Atividade de estudo 5
Essa atividade tem como objetivo vericar se Voc conhece alguma parlenda que foi
ensinada pelo seu pai ou pela sua me. Caso conhea, isso prova a fora da tradio de um
texto popular.
46
Atividade de estudo 6
O signicado da palavra morfossintaxe segundo o dicionrio o estudo das
categorias gramaticais a partir de critrios extrados da morfologia e da sintaxe.
Atividade de estudo 7
Professor(a), a seguir vamos relacionar algumas palavras com r e rr que as
crianas usam com freqncia.
Palavras com um r e som de r
cara
corao
hora
mora
chorar
Atividade de estudo 8
a) Quando a criana brinca de cantiga de roda, exercita vrias habilidades, tais
como: ouvir, pronunciar palavras, movimentar o corpo e cantar.
b) Ao brincar de cantiga de roda, elas exercitam muitas habilidades ao mesmo
tempo, que so:
Ouvir a sua prpria voz e das outras crianas; quando cantam exercitam a
pronncia das palavras e, de mos dadas, formam uma roda que se movimenta em
sintonia com as expresses corporais.
Atividade de estudo 9
Demos um possvel exemplo de um texto c om a descrio de ruas.
A rua da escola onde trabalho tem muitas casas. Outras esto sendo construdas.
No asfalto tem muitos buracos. Quando chove, os buracos aumentam de tamanho. H
uma praa com jardim que precisa ser mais cuidada pela prefeitura e pelos moradores.
Para que ela fique melhor para os moradores, precisa de algumas obras:
pavimentao asfltica, colocao de meios-os e de lixeiras pblicas na praa.
Atividade de estudo l0
O objetivo dessa atividade indicar com palavras um problema e uma possvel
soluo. Veja alguns exemplos:
47
Atividade de estudo ll
a) Nessa seo, destacamos dois poemas que tm como tema Se Essa Rua Fosse Minha.
A cantiga de roda de criao popular e o poema de Jos Paulo Paes Paraso. Nesse poema h
intertextualidade, porque o autor usa partes da cantiga de roda Se essa rua fosse minha,
como mostra o exemplo: Se essa mata fosse minha/ eu no deixava derrubar.
Portanto, as evidncias de intertextualidade entre os dois textos so a frase se essa
rua fosse minha / eu mandava ladrilhar... E tambm a estrutura do poema.
b) Temos vrias possibilidades de temas a serem explorados a partir do poema Paraso,
destacamos entre eles a preservao da natureza.
c) O ttulo do poema Paraso pode ser justicado pela ltima estrofe:
Se esse mundo fosse meu,
eu fazia tantas mudanas
que ele seria um paraso
de bichos, plantas e crianas.
nvestigaao da pratica-7
A seguir, Voc tem alguns textos populares (quadrinha, parlenda e uma cantiga de
roda). Escolha um deles e crie algumas atividades, conforme o que foi desenvolvido nesta
unidade, para que Voc utilize no planejamento de aula, de acordo com a experincia de
leitura e escrita dos seus alunos.
Quadrinha
Tenho fome, tenho sede,
mas no de po nem vinho;
tenho fome de um abrao,
tenho sede de um beijinho.
Parlenda
L atrs da minha casa
tem uma vaca chocadeira
quem rir ou falar primeiro
corre o bicho e a bicheira.
48
Cantiga de roda
Sai, sai, sai
piaba,
saia da lagoa.
bota a mo na cabea
outra na cintura
d uma umbigada
na outra.
49
50
UNIDADE 8
Produao coletiva de
textos
Stella Maris Bortoni-Ricardo
51
52
Produao coletiva
de textos
53
NA SECAO
l,
-
NA SECAO
2,
-
NA SECAO
3,
-
Nosso horizonte
Com o trabalho desta unidade, nos vamos:
Reconhecer que a produo de dilogos de histrias em quadrinhos uma
atividade produtiva para a sala de aula.
Identicar estratgias de produo coletiva de textos a partir de fbulas e outros
contos populares infantis.
Construir estratgias de produo coletiva de textos reais e de anlise
54
SECAO
l
-
Produzindo
dialogos
-dinamicos e representativos
Objetivo: Reconhecer que a produo de dilogos de histrias em quadrinhos
uma atividade produtiva para a sala de aula.
55
tividade de estudo-l
Antes de levar histrias em quadrinho para a sala de aula, exercite Voc mesmo(a)
a sua criatividade na criao de dilogos nesse tipo de histrias. Observe a historinha
que reproduzimos. Veja como ela somente pode ser compreendida quando lemos as falas
nais. D um ttulo histria e crie falas para as personagens nos 5 primeiros quadrinhos,
mantendo o esprito da histria.
A criao dos dilogos nos ajuda a entender melhor o enredo.
Os dilogos que Voc criar podero ser reproduzidos em balezinhos, assim:
56
A seguir, Voc encontra duas historinhas com o Cebolinha. Na primeira, ele d banho
em seu cachorro Floquinho. Na segunda, Cebolinha est tentando fazer uma escultura.
So duas situaes engraadas de que seus alunos vo gostar.
Reita sobre os pensamentos dos personagens.
Guarde uma cpia da historinha sem os bales e faa outras com sugestes de bales,
para seu futuro trabalho em sala de aula.
Elas lhe vo ser teis para que seus alunos vejam a histria com o mesmo enredo,
mas com variaes.
58
A seguir, vamos conversar mais sobre sua produo de textos para dar-lhe mais subsdios.
J vimos que a produo de texto individual ou coletiva passa por diversas etapas.
Precisamos ter sempre em mente algumas estratgias de produo. Devemos analisar todas
as etapas j mencionadas, observando quais delas realizamos conscientemente.
Nesse processo, identicamos tambm os procedimentos que ainda precisamos
incorporar na nossa prtica para melhorar nossa produo.
Lembre-se que, pela vida toda, estamos sempre procurando melhorar nossa produo de
textos. Nunca chegamos a um ponto satisfatrio. Enquanto estamos vivos podemos melhorar.
Todas as oportunidades que surgirem de produo coletiva devem ser aproveitadas
de forma que Voc v mostrando a
seus alunos quais so os procedimentos
reais de elaborao de textos. Podem ser
utilizados na sala de aula para a produo
coletiva: convites, avisos, bilhetes, cartas,
requerimentos, relatrios, planejamentos,
receitas, instrues, entre outros inmeros
gneros de texto. Quando escrevemos na vida
real, planejamos, rascunhamos, reelaboramos,
revisamos, at que o texto esteja satisfatrio.
Esses procedimentos devem ser construdos
pouco a pouco, enquanto a criana escreve
espontaneamente e participa de atividades de produo coletiva.
Uma atividade que pode ser muito produtiva na criao de textos coletivos a
formulao de uma histria a partir de uma gura, uma foto ou um quadro. A anlise da
imagem j em si uma atividade que desenvolve a criatividade, a imaginao, a observao
e a habilidade de descrio. A apreciao da arte, especialmente, um exerccio estimulante
60
e enriquecedor para as crianas. Sempre que possvel, Voc deve incentivar seus
alunos a focalizarem a ateno em uma imagem e a interpretarem as mensagens
subentendidas que pode trazer. A formulao de texto a partir da imagem,
coletivamente, desenvolve tambm todos aqueles procedimentos componentes
do processo da escrita citados anteriormente.
Para que seus alunos brinquem com a falta de lgica de uma histria, desenvolva a
atividade de produo coletiva de textos com narrativa sanfonada.
Se eles j escrevem de forma independente, Voc deixa que trabalhem sozinhos, mas
se ainda no escrevem, podem ditar para que voc escreva.
Escolha uma gura para a produo de texto.
Decidam em conjunto um ttulo para ele.
Dobre uma folha em tiras em forma de sanfona.
Escolha um voluntrio.
Entregue o papel para que escreva a primeira frase da histria.
Esconda a frase escrita, dobrando-a e passe para outro aluno. Assim sucessivamente.
Desmanche as dobras e leia como o texto cou. O resultado dever ser engraado.
Aproveite para mostrar que, nesse tipo de produo, quando no sabemos o que vem
antes no texto, no podemos construir um texto que seja coerente e que tenha coeso.
Resumindo
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63
SECAO 2
-
tividade de estudo-2
Leia a fbula seguinte adaptada por Monteiro Lobato para Voc familiarizarse melhor com esse gnero.
A FBULA DA R E DO BOI
Tomavam sol beira de um brejo uma r e uma saracura. Nisso chegou um
boi que vinha para beber gua.
Quer ver, disse a r, como co do tamanho deste animal?
Impossvel rzinha, ponderou a saracura. Cada qual como Deus o fez.
Pois olhe l, respondeu a r estufando-se toda. No estou quase igual a ele?
No, falta muito amiga.
A r estufou-se mais um bocado.
E agora?
Ainda est longe.
A r fez novo esforo.
E agora?
Que nada.
A r, concentrando todas as foras, engoliu mais ar e foi-se estufando,
estufando, at que, plaf! rebentou como um balozinho de elstico.
O boi, que tinha acabado de beber, lanou um olhar de lsofo sobre a r
moribunda e disse:
Quem nasce para dez ris no chega a vintm.
Analise o texto e indique quais so as caractersticas que fazem dele uma
fbula. Reita sobre a moral que a fbula encerra:
65
Vamos apresentar outra fbula para que Voc faa uma atividade de
produo coletiva:
A FBULA DA CIGARRA
E A FORMIGA
Era uma vez uma jovem
cigarra que tinha o costume de
cantar o dia inteiro ao lado de um
formigueiro. Seu divertimento era
observar as formigas no eterno
trabalho de encher seus depsitos
de alimentos. Mas passou o tempo
e veio a estao da chuva e do frio.
Sem ter o que comer, a cigarra
resolveu bater porta da formiga.
TIC, TIC, TIC.
69
Resumindo
rsonagens
curta, cujos pe
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rr
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A fbula pode
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ou seres hu
imais, vegetais
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As fbulas trad
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elas frases coes
m
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Pode-se desenv
em
rm
fo
unos que
e pedindo aos al
fora de ordem
70
SECAO 3
Os textos da vida real e a
reflexao linguistica
Objetivo:
anlise lingstica.
Como j vimos na seo anterior, Voc deve aproveitar todas as oportunidades
reais da escola para escrever em conjunto com os seus alunos. Vamos ampliar um
pouco mais esse tema, reetindo sobre as caractersticas do processo de produo
de um texto.
Quando produzimos textos na vida real, estamos participando de prticas
sociais. Temos um objetivo claro e de acordo com esse objetivo tomamos muitas
decises antes e durante o trabalho. Podemos traduzir algumas das decises
preliminares em perguntas que so de vrias ordens:
textuais: Qual o nosso objetivo ? Que gnero de texto vamos produzir?
Qual o mais adequado aos nossos objetivos?
lingsticas: Qual a linguagem que vamos utilizar: coloquial ou formal? Que
vocabulrio vamos selecionar? Como vamos organizar as frases?
interpessoais: A quem se dirige o texto? Quem vai ler? O que espera de nosso
texto? Como vamos tratar o nosso leitor?
informacionais: Que informaes vamos fornecer?
Assim, quando realizamos uma atividade de produo coletiva, mesmo no
processo inicial de alfabetizao, j estamos levando nossos alunos a construrem
essas estratgias comunicativas necessrias produo de textos em qualquer situao
real. A escrita no se restringe graa das palavras e organizao das frases; ela
uma forma de comunicao que envolve aspectos mais amplos que devem ser
considerados desde o incio da aprendizagem.
tividade de estudo-3
Preencha a segunda coluna com o objetivo mais evidente para os gneros da
primeira coluna:
71
Como no existe texto sem objetivo, necessrio que os alunos compreendam que
cada um tem uma funo e um contexto na sociedade. Quando comeamos uma atividade
de produo coletiva de textos, devemos reetir a respeito da natureza do texto, para quem
ele escrito e o que queremos dizer.
fazer exposies;
formar jornal mural;
compor pequenos livros e deixar no cantinho da leitura
para que os colegas leiam;
organizar em um caderno de lembranas da escola para
dar famlia.
Pouco a pouco as crianas vo desenvolvendo a noo de autoria, isto , vo
construindo a noo de que podem emitir suas prprias idias e que um texto no
a repetio de idias prontas. Alm disso, vo compreendendo que os autores
se comprometem com o que escrevem e que a assinatura tem um valor social
signicativo.
73
Lembrete
Corrigir imediatamente no texto do aluno pode lev-lo a se inibir
na produo, escrevendo s o que tem certeza de que est certo. Mais
produtivo que corrigir no texto individual do aluno, sempre que ele tenta
escrever o que ainda no sabe, anotar esses casos e focaliz-los com mais insistncia
na hora da produo coletiva.
Assim, sem perder de vista que o objetivo principal a formulao de texto com
sentido e com objetivo determinado, Voc tambm pode chamar bastante ateno para:
espaos entre as palavras;
acentos;
maisculas;
pargrafos;
pontuao;
vocabulrio, sinnimos;
diversas possibilidades de organizar a frase;
elementos de coeso entre uma idia e outra;
comparao entre a pronncia dialetal e a escrita;
graa de slabas complexas;
sons que tm vrias formas de escrita;
escrita que representa sons diferentes dependendo do contexto da palavra;
questes gramaticais (concordncia) e uso de palavras como preposies
e conjunes.
74
tividade de estudo-4
Analise o texto a seguir e selecione os aspectos que se poderiam explorar com
seus alunos:
RELATRIO
Ontem, dia 25 de abril, a nossa turma fez um passeio margem do rio. Antes
de tudo, brincamos muito de mar, esconde-esconde e de chicote queimado.
Fizemos um concurso de canto e quem ganhou foi a Fabiana com a msica Corao
de Estudante do Milton Nascimento. Ela cantou melhor e sabia a letra toda da
msica. Seis alunos zeram parte do jri, junto com a professora. Fizemos um lanche
comunitrio muito gostoso. Depois disso observamos a natureza em volta do rio e
vimos que h muita devastao da mata e que isso perigoso para a vida do rio.
Vamos apresentar algumas brincadeiras que podem servir de motivo para a reescrita
com outro ponto de vista:
1. O meu chapu tem trs pontas
tem trs pontas o meu chapu
se no tivesse trs pontas
no seria o meu chapu
Encontre outros textos conhecidos das crianas para sugerir a mudana de ponto
de vista.
76
Resumindo
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da lngua.
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ntos de vista.
tre diversos po
en
r
ta
op
os
m
texto pode
Ao escrever um
eitura sugerida
Para aprofundar a reexo sobre os temas discutidos nesta Unidade, sugerimos
a leitura do livro: Garcez, Luclia Helena do Carmo Tcnica de Redao: o que
preciso saber para escrever bem, So Paulo: Martins Fontes, 2001.
Nesse livro, a autora traa um roteiro detalhado para ajudar os leitores a ler
e a escrever com mais desenvoltura e satisfao.
77
de alguma maneira, exercitada com ele. Vejamos, portanto, algumas hipteses que fazem
aprendizes mais ousados, a quem a idia de escrever um texto no assusta, no impede
de aceitar o desao da escrita de novas palavras:
1) Hiptese Fontica: a criana reete sobre a prpria pronncia e a utiliza como
referncia para a escrita. Exemplos: spaso, posa, ni (em), praneta, vucao (vulco), comeco
(comeou), sai (sair), qual (quem).
2) Hiptese Ortogrca:
a) a criana utiliza letras que so admitidas pelo sistema ortogrco no contexto em
questo, mas no na palavra a ser representada. Exemplos: ce (ser), cazar;
b) a criana utiliza letras que j viu a ortograa e escolheu para representar determinado
som. Exemplos: ispaso, socoro, fogete, apareseu, vose, vivro.
c) hipercorreo: a criana generaliza regras ortogrcas a partir da constatao de
casos de no correspondncia som/letra. Exemplos: sootoo (a partir de hipteses fonticas
como patu corrigida para pato a criana generaliza a representao com a letra
o do que reconhece como som do [u] na palavra soltou).
A segmentao de um enunciado para ns de escrita tambm um problema que
o aprendiz tem que resolver, uma vez que os critrios de segmentao de que se vale a
ortograa (classes morfolgicas) so desconhecidos da criana que, ao ingressar na escola,
no est habituada reexo metalingstica que tal segmentao pressupe. E justamente
o aprendizado da escrita que vai estimular no falante nativo de determinada lngua esse
tipo de reexo. Assim, ao entrar em contato com a escrita, a criana muitas vezes se utiliza
de critrios diversos para resolver problemas de segmentao. Seu ponto de referncia ,
em muitos casos, a percepo fontica dos enunciados que quer registrar por escrito. Ela
demonstra grande capacidade para perceber fatos fonticos e fonolgicos ocorrentes em
juntura de palavras, que passam j despercebidos ao falante adulto alfabetizado, o qual,
condicionado pelos critrios morfolgicos de segmentao da escrita, ouve a prpria fala
atravs da forma ortogrca.
O critrio para segmentao usado pela criana costuma ser, portanto, no incio da
produo de textos espontneos, o grupo tonal ou subpartes do grupo tonal (entendendo-se grupo
tonal como uma unidade de informao carreada, na fala, por um padro ritmo/entoacional
especico). freqente, assim, que ela segmente menos do que a escrita exige. Exemplos: umbripi
(um prncipe), abechou (a beijou), oseste (os sete), anodimiraro (anes admiraram), euqurocaza
(eu quero casar), tabeiquro (tambm quero), comvoce, parasebre (para sempre).
As hipteses do aprendiz da escrita no so, no entanto, e nem poderiam ser,
categricas. Desde que ele exposto a textos escritos, percebe que h outros critrios em
80
jogo para segmentao dos enunciados, embora no perceba bem quais sejam. Faz,
portanto, outras hipteses de segmentao alm da hiptese fontica. Assim que,
algumas vezes, segmenta mais do que a ortograa exige, a partir da atribuio de
contedos semnticos especcos a subpartes de palavras. Exemplos: ador mesida
(adormecida), lalevotou (ela levantou).
Convm registrar ainda que os textos espontneos permitem constatar que a
criana, em muitos casos, j faz muitas hipteses que correspondem s expectativas
da ortograa, tanto no caso da forma de palavras isoladas como no tocante
segmentao dos enunciados. A escola, obsessiva na correo dos erros, no sabe
como avaliar os muitos acertos...
At aqui, a anlise do lingista, que os dados colhidos em textos espontneos
permitam fazer. Mas a anlise em si no basta para que se compreenda o que acontece
na escola no tocante ao ensino da escrita. Ela convida, sim, a que se faam alguns
comentrios, porque evidencia o grande descompasso que h entre a criana, aprendiz
da escrita, seus pontos de referncia e de partida (enunciados orais contextualizados),
e o adulto, de h muito condicionado a pensar a lngua atravs da prpria escrita,
e habituado, portanto, reexo metalingstica.
Seria importantssimo que, para a prtica didtica ecaz, os professores fossem
capazes de reconhecer os percursos das crianas e de entender, assim, as hipteses que
elas fazem a respeito da escrita. Na verdade, s reetindo sobre as prprias hipteses
que a criana pode entender e aprender, sem grandes perplexidades, os critrios e
convenes da escrita. A escola, infelizmente, no propicia tal aprendizagem. As
crianas, de modo geral, estabelecem uma relao quase que traumtica com a
escrita porque a escola costuma reduzir seu ensino correo ortogrca. Avalia-se a
produo dos alunos segundo critrios categricos de certo ou errado, aplicados
sempre ao produto, porque a escola no sabe (ou no quer) avaliar o processo de
aquisio da escrita. Isso pressuporia entender todos os estgios pelos quais passa o
aprendiz da escrita na direo da forma convencional, e acompanhar as hipteses
que faz a partir de todos os dados de escrita que esto ao seu dispor.
Cabe perguntar, guisa de concluso, se escola, enquanto instituio,
interessaria mudar seus critrios de avaliao, relativizar os conceitos de certo/
errado, entender, enm, os percursos diferentes dos alunos na aquisio da escrita,
mas responder a essa pergunta exigiria o compromisso de narrar a verdadeira histria
do aprendiz da escrita e da representao que dele faz a escola.
(Recuperando a alegria de ler e escrever, Maria Bernadete M. Abaurre e Luiz Carlos Cagliari, So Paulo:
Corez/Cedes, 1987, p.25-29, Cadernos CEDES, n.14)
81
ibliografia
ABAURRE, M. B. M. FIAD, R. S. e MAYRINK-SABINSON. Cenas de aquisio
da escrita o sujeito e o trabalho com o texto. Campinas: ALB/Mercado de Letras,1997.
CALKINS, L. M. A arte de ensinar a escrever o desenvolvimento do discurso escrito.
Porto Alegre: Artes Mdicas, 1989.
FRANCHI, Egl. E as crianas eram difceis... a redao na escola. So Paulo: Martins
Fontes, 1984.
KATO, M. O aprendizado da leitura. So Paulo: Martins Fontes,1985.
___. No mundo da escrita. So Paulo: tica,1986.
Atividade de estudo 2
Caractersticas da fbula:
uma narrativa curta.
Os personagens so trs animais: a r, o boi e a saracura.
A histria contm elementos de humor.
A histria traz uma lio de moral bastante tradicional e reacionria, que reproduz
ideologias consagradas, relacionadas diculdade que as pessoas tm de mudar sua condio
social ou psicolgica.
82
Atividade de estudo 3
Gneros
Propaganda de cigarro
Bula de remdio
Objetivos
Incentivar o consumo de cigarro.
Informar sobre as propriedades, indicaes, contra-indicaes
e posologia do remdio.
Informar o valor da energia consumida e o dia do vencimento.
Trazer informaes factuais e, s vezes, opinies sobre
acontecimentos recentes.
Trazer todas as informaes necessrias sobre o concurso.
Apresentar uma solicitao em carter ocial.
Divulgar a letra da msica.
Transmitir votos de boas festas.
Conta de luz
Reportagem jornalstica
Edital de concurso
Requerimento ao prefeito
Letra de msica
Carto de natal
Atividade de estudo 4
Aspectos a explorar junto com os alunos:
Caracterstica do texto informativo: forma-se por uma sucesso de fatos relatados.
Detalhes que tornam o texto mais dedigno: h riqueza de detalhes.
Linguagem empregada: a linguagem formal, mas o vocabulrio prprio do
repertrio de crianas.
Temtica: a temtica varia desde aspectos triviais at questes mais srias referentes
ecologia.
nvestigaao da pratica-8
A partir do fragmento de texto a seguir, elabore o planejamento de uma
atividade em que seus alunos participem de uma produo coletiva.
Voc pode usar provrbios que tenham o mesmo sentido para enriquecer seu
trabalho.
Dena os objetivos.
Enumere todas as etapas do trabalho.
Utilize os dois nais sugeridos se desejar.
chocar e antes de um ms j tenho uma dzia de pintos. Morrem... dois, que sejam, e crescem
dez cinco frangos e cinco frangas. Vendo os frangos e crio as frangas, que crescem, viram
timas botadeiras de duzentos ovos cada uma. Cinco mil ovos! Choco tudo e l me vm
quinhentos galos e mais outro tanto de galinhas. Vendo os galos a vinte reais cada um. Vinte
vezes quinhentos: dez mil reais. Posso ento comprar 30 vacas. Estava a menina neste ponto
quando tropeou, perdeu o equilbrio...
Final A: A menina consegue segurar a lata de leite.
Perguntas:
O que diz a menina?
O que ela faz com o leite?
O que acontece quando chega ao mercado?
Final B: A menina deixa a lata cair no cho e esparrama o leite.
Perguntas:
O que diz a menina?
Como ela se sente?
O que acontece a ela quando chega em casa sem o leite e sem dinheiro?
Moral da fabula A Menina do Leite:
No devemos contar com uma coisa antes de a termos conseguido.
desencadear o interesse para a leitura, vista como uma prtica social produtiva que remete
a outros textos e outras leituras.
Etapa 2
Tendo lido os depoimentos de colegas, redijam, em grupos de 4 ou 5 professores,
seu prprio depoimento sobre o processo de criao coletiva de textos em sala de aula. Para
isso, podem comear discutindo estas questes:
A posio que o professor adota em relao sua prpria produo textual inuencia
seu trabalho na produo de textos coletivos em sala de aula?
Como o professor pode repassar para os alunos, no momento da produo coletiva
de textos, suas prprias experincias de produo textual em grupo?
Ao nal, apresentem o texto produzido a todos os colegas em plenria.
86
UNIDADE 9
A produao individual
de textos e a pratica da
.. analise linguistica
-
88
A produao
individual
de textos e a pratica
da
..
analise
linguistica
NA SECAO
l,
-
nossa ateno vai-se focar no fato de que toda produo textual espontnea, oral
ou escrita, signicativa para quem a produz e para quem a l ou a escuta.
-
NA SECAO
2,
-
NA SECAO
3,
-
Nosso horizonte
Com o trabalho desta unidade, nos vamos:
Reconhecer que a familiarizao dos alunos com a lngua escrita deve-se dar
por meio da produo de textos signicativos.
Reconhecer que, quando as crianas escrevem, mesmo que seja uma s palavra,
elas esto produzindo textos.
Desenvolver recursos que enfatizem a reexo analtica sobre a forma e os usos
da lngua.
89
SECAO
l
Aprendendo a ler e a escrever
com textos significativos
Objetivo: Reconhecer que a familiarizao dos alunos com a lngua escrita deve-se
Lembrete
Um texto no apenas um amontoado de frases desligadas umas
das outras. As propriedades de um texto se chamam textualidade.
A coeso uma propriedade de textualidade e assegura a seqencializao
do texto, medida que h relao entre seus elementos, como a concordncia entre
sujeito e predicado e a relao entre o nome e o pronome que a ele se refere.
A coerncia tambm uma propriedade de textualidade. Dizemos que um
texto coerente ou lgico quando est de acordo com o conhecimento que temos
da normalidade do estado de coisas no mundo. Por exemplo, o enunciado choveu
muito este ano em nossa regio e por isso a seca aqui foi muito forte, no um
enunciado lgico ou coerente porque no est de acordo com o conhecimento
que temos de um mundo normal.
mais fcil e mais natural aprender a ler e a escrever com textos que se
assemelham aos produzidos espontaneamente na linguagem oral.
Vamos passar a uma atividade para xarmos bem essas noes.
tividade de estudo-l
Reita e escreva sobre estas questes:
Como os bebs que ainda no sabem falar conseguem comunicar-se e interagir
de forma signicativa?
91
tividade de estudo-2
Ns j trabalhamos com parlendas na unidade sete. Vamos aprofundar os
nossos conhecimentos. Procure no dicionrio a denio de parlenda. Veja uma
descrio de parlenda, obtida da Internet, no nal desta unidade.
Parlenda:
Fonte:
Uma caracterstica da parlenda que ela ensina alguma coisa, como nomes
e nmeros e enfatiza a capacidade de memorizao.
Rei
Capito
Soldado
Ladro
Moa
Bonita
Do meu
Corao.
Moa bonita
Com quem quer casar
Loiro
Moreno
Negro
Sarar
Quem cochicha
o rabo espicha
quem se importa
O rabo entorta
93
Como j vimos, as cantigas de roda tambm so um gnero textual que muitas crianas
conhecem. Podemos aproveitar esse conhecimento para incentivar as crianas a produzirem
textos signicativos, principalmente a partir daquelas que apresentam uma estrutura para
ser completada.
94
Temos agora mais uma cantiga de roda para Voc levar sala de aula.
95
ENCHENTE
Chama o Alexandre!
Chama!
Olha a chuva que chega!
a enchente.
Olha o cho que foge com a chuva...
Olha a chuva que encharca a gente.
Pe a chave na fechadura.
Fecha a porta por causa da chuva,
olha a rua como se enche!
Enquanto chove bota a chaleira
no fogo: olha a chama! olha a chispa!
Olha a chuva nos feixes de lenha!
Vamos tomar ch, pois a chuva
tanta que nem de galocha
se pode andar na rua cheia!
Ou isto ou aquilo, Ceclia Meireles, Rio de
Janeiro, Civilizao Brasileira, 1980.
Chama o Alexandre!
Chama!
tividade de estudo-3
Ceclia Meireles era muito sensvel aos problemas educacionais e ao
pensamento das crianas. Seus poemas infantis so ricos em questes que facilitam
a alfabetizao. Nesse poema, ela explora o primeiro som da palavra chuva que
representa um problema potencial na alfabetizao porque ele, em algumas palavras,
representado pelo dgrafo ch e em outras pela letra x. Faa uma relao de
palavras escritas com o dgrafo ch e outras com a letra x. Conra depois sua
relao com a que apresentamos no nal desta unidade. Se tiver dvidas quanto
graa de alguma palavra, consulte um dicionrio.
CH
97
Com cada uma das palavras seguintes, pea a cada aluno que forme uma palavra
derivada para completar a frase, por exemplo: chuva > chuveiro
Da palavra Chave > eu posso escrever a palavra
Chato >
Chapa >
Cheiro >
Chifre >
Choro >
Para concluir, diga a cada aluno que escreva uma pequena narrativa de experincia
pessoal em um dia de chuva ou tempestade.
Essa atividade pode ser feita no caderno ou em folhas para serem coladas.
Escolha outros poemas e trabalhe questes de graa.
Voc encontra aqui algumas adivinhas com a resposta. Procure elaborar outras
e forme com todas elas um arquivo para seu futuro uso em sala de aula. Seus alunos
tambm podero ajud-la a criar outras adivinhas.
Como vimos quando as crianas escrevem, mesmo que seja uma s palavra, (como
o caso de adivinhas), elas esto produzindo textos. Entretanto, para que essas pequenas
produes sejam signicativas, devem fazer parte de um contexto maior.
99
Estamos apresentando a Voc uma relao de atividades que podem ser desenvolvidas
com seus alunos. Reita sobre cada uma e faa um pequeno planejamento para lev-las
sala de aula.
Assinar correspondncia coletiva da classe;
Escrever legendas para lbuns de fotos, para guras ou desenhos;
Escrever mensagens para o aniversariante do dia;
Escrever bilhetes para a famlia a respeito dos assuntos da escola;
Elaborar a agenda do dia;
Escrever pequenas notcias para o jornal mural;
Escrever classicados para trocar objetos, procurar ou oferecer servios, vender
pequenas coisas;
Escrever instrues para um jogo;
Fazer um relatrio de passeio;
Fazer um roteiro ou planejamento de tarefas a serem realizadas;
Escrever um slogan sobre uma data ou uma campanha.
Crie outras situaes de acordo com a realidade da turma.
100
No comeo, os alunos faro apenas pequenos textos, com uma ou duas frases.
medida que os alunos vo cando mais uentes na escrita, produziro textos mais
longos e complexos.
Resumindo
A pr
icao.
mana a comun
linguagem hu
incipal funo da
o interativa
s travam uma a
b
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io
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Desde os primei
que os cercam.
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Mesmo antes de
j
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2
de
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pragmtica.
alfabetizao
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um
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O dgrafo ch
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la
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as
o som em algum
porque o mesm
la letra x.
e em outras pe
ra motivar
sala de aula pa
em
as
ad
ri
va
es
as atividad
s so textos
Devem ser usad
ntigas, adivinha
ca
s,
da
en
rl
Pa
ita dos alunos.
a produo escr
ra a escrita.
motivadores pa
101
SECAO
2
-
O grande educador brasileiro Paulo Freire dizia que, se temos de ir daqui para l, nosso
ponto de partida tem de ser aqui. Se nosso objetivo levar nossas crianas a aprenderem
coisas novas, nosso ponto de partida o conhecimento que elas j detm e que adquiriram
na sua famlia, na comunidade, com os amigos. O que fazemos na escola agregar valor ao
conhecimento que as crianas j trazem consigo.
Se esse universo cultural que envolve a criana desde seu nascimento e at antes:
desde o nascimento de seus pais for levado para a sala de aula, isso lhe trar muitos
benefcios e facilitar a tarefa de aprender a lngua.
Nesta seo, vamos trabalhar, especialmente, com elementos do folclore brasileiro.
Antes de prosseguirmos, convidamos Voc para mais uma atividade.
tividade de estudo-4
Leia a cano de Z Ramalho reproduzida a seguir e reita sobre os mitos que povoam
a imaginao do povo brasileiro, em especial os relacionados escurido e noite.
MISTRIOS DA MEIA-NOITE
Mistrios da meia-noite
Que voam longe
Que voc nunca
No sabe nunca
Se vo se cam
Quem vai quem foi.
Imprios de um lobisomem
Que fosse um homem
De uma menina to desgarrada
Desamparada se apaixonou.
Naquele mesmo tempo
No mesmo povoado se entregou
Ao seu amor porque
102
Fonte:
Propomos agora que Voc envolva seus alunos em uma pesquisa sobre crenas
e entes folclricos. Vamos sala de aula.
103
Lembrete
Quando fazemos pesquisa etnogrca em uma comunidade, seja
um bairro, uma escola, uma comunidade religiosa etc., procuramos
observar as aes dos membros daquela comunidade focalizando, especialmente,
o objeto da nossa pesquisa. Tambm fazemos entrevistas e recolhemos materiais
informativos.
Na pesquisa que estamos sugerindo sobre mitos e lendas, os alunos vo conversar
com seus pais e parentes sobre esse tema, vo transcrever histrias e observar as aes
dos membros da comunidade em relao ao tpico proposto.
O resultado de sua pesquisa deve ser trazido sala de aula para ser apresentado.
bom que os alunos troquem entre si esses resultados.
Leia agora sobre mitos folclricos da nossa cultura oral para sua informao e trabalho
em sala de aula.
Boitat Gnio protetor dos campos. Aparece sob a forma de
enorme serpente de fogo, que mata quem destri as orestas. O padre
Jos de Anchieta, em 1560, o primeiro a mencionar o Boitat como
personagem de mito indgena brasileiro. Esse o nome dado pelos
ndios ao fenmeno do fogo-ftuo.
Boto Mito amaznico. o pai das crianas de paternidade ignorada.
Descrito como rapaz bonito, bem vestido, bomio e timo danarino.
Nos bailes, encanta as moas, atraindo-as para igaraps auentes do
Amazonas. Elas engravidam e antes da madrugada, ele mergulha no
rio e se transforma em boto. Chamado tambm de boto tucuxi.
Caipora Segundo a mitologia tupi, um personagem das orestas,
com a propriedade de atrapalhar os negcios de quem o v. Quando
um projeto sai errado, se diz que seu autor viu o caipora, ou caapora.
Em algumas regies, um indiozinho de pele escura. Em outras, uma
indiazinha feroz. descrito tambm como criana de uma perna s
e cabea enorme.
Cuca Inuenciada pela bruxa de origem europia uma velha feia
que ameaa crianas desobedientes, em especial as que no querem
dormir noite.
104
105
106
Lembrete
Quando estamos escrevendo instrues como uma
receita de um prato, por exemplo, podemos usar as formas
verbais no innitivo ou no imperativo. Se escolhermos o imperativo,
podemos usar a terceira pessoa do singular ou a terceira pessoa do plural.
Quando os alunos escreverem as receitas que conseguiram com sua
pesquisa, eles podero produzir duas variantes do texto. A primeira usando as
formas verbais no imperativo e a segunda, no innitivo.
Escrevendo relatos de
pesquisa e receitas, as crianas tm
oportunidade de escrever pequenos
textos individualmente com objetivo
claro: relatar as informaes e
ensinar a fazer. importante que
as experincias de escrita tenham
finalidade e possam ser lidas por
outros leitores alm do professor.
Depois que os alunos trocarem
receitas entre si, sugira a eles que
levem as novas receitas para mostrlas sua famlia.
107
Resumindo
sso ponto
coisas novas, no
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grca e levado
pesquisa etno
tivos.
textos signica
108
SECAO
3
-
..
109
tividade de estudo-5
No poema que Voc acabou de ler aparece a palavra oblongo. Sabe o que essa
palavra signica? Conra o signicado no dicionrio e escreva-o aqui. No nal da unidade,
fornecemos uma denio para que Voc possa comparar com a sua. Embora seja um poema
para crianas, nem todas as palavras so fceis ou banais.
Oblongo:
Fonte:
Vamos agora ler outro poema retirado do mesmo livro de Ceclia Meireles.
OS PESCADORES E SUAS FILHAS
Os pescadores dormiam
cansados, ao sol, nos barcos.
Os pescadores dormiam
cansados de seu trabalho.
Os pescadores sonhavam
com seus barcos carregados.
tividade de estudo-6
Observe esses trs exemplos de enunciados prprios da linguagem no-monitorada
e fornea a variante monitorada (formal) de cada um deles. Depois conra sua tarefa no
nal da unidade.
Linguagem oral monitorada ou linguagem escrita
Linguagem no monitorada
Levei meus menino no mdico
Meu pai botou cinco rs no pasto do seu compadre
Os mdico do posto no veio trabalhar hoje
Faa uma pequena coleo de textos dos seus alunos e verique os casos em
que eles deixaram de marcar o plural.
Reita sobre essa questo de salincia na formao do plural. Conra se eles
esto marcando menos os plurais regulares do que os irregulares.
Anote alguns exemplos de cada caso em que o plural no foi realizado.
tividade de estudo-7
Ainda com base na tabela das diferenas entre a forma de singular e do plural,
que alguns autores chamam de salincia, elabore frases que sejam ilustrativas dos
diversos casos de formao do plural. Veja o exemplo no nal da unidade.
113
O pescador dormia
cansado, ao sol, no barco.
O pescador dormia
cansado de seu trabalho.
A lhinha do pescador
brincava na praa.
A lhinha do pescador
falava de beijo e abrao.
O pescador sonhava
com seu barco carregado.
A lhinha do pescador
cantava cantiga de sol e de gua.
Vamos trabalhar mais um pouco o uso das formas plurais. Leia o poema seguinte,
tambm de Ceclia Meireles.
114
115
Para enfatizar a reexo a respeito das transformaes que a passagem do singular para
o plural exige, voltemos ao poema O Mosquito Escreve de Ceclia Meireles. Neste poema,
podemos alterar O Mosquito para Os Mosquitos. Observe que a exo de O Mosquito
para Os Mosquitos exige tambm outras modicaes nas frases.
OS MOSQUITOS ESCREVEM
Os mosquitos pernilongos
tranam as pernas, fazem um M,
depois, tremem, tremem, tremem,
fazem um O bastante oblongo,
fazem um S.
Os mosquitos sobem e descem.
Com artes que ningum v,
fazem um Q,
fazem um U e fazem um I.
Esses mosquitos
esquisitos
cruzam as patas, fazem um T.
E a,
Ao fazer o exerccio de plural com o poema O Mosquito Escreve, preciso alterar vrias
formas verbais para que elas concordem com o sujeito plural. Vamos ento fazer mais uma
atividade para xarmos bem as formas verbais dos verbos.
116
tividade de estudo-8
Copie todas as formas verbais que foram alteradas no poema, colocando lado
a lado a forma singular e a plural. Veja no nal da unidade como car sua relao.
Comeamos para Voc:
Forma da 3a pessoa do singular (ele/ela)
trana
faz
tividade de estudo-9
Com base na relao que Voc fez na atividade 8 produza uma sentena com
cada forma verbal plural. Explique em cada caso como se forma o plural. Voc
poder conferir seu exerccio no nal da unidade.
117
Na produo de texto espontnea dos seus alunos, Voc vai encontrar muitas
oportunidades de lev-los a reetir sobre essas questes.
A anlise das questes lingsticas muito produtiva quando acontece motivada por
uma dvida real, por um problema que o aprendiz est enfrentando e precisa solucionar
em seu prprio texto. Nesse sentido, o professor deve ser habilidoso para oferecer apoio e
lev-lo a observar a lngua no momento da escrita.
Resumindo
ua , pr ec is am
te nt es d a l ng
pe
m
co
es
nt
la
a que
os se ja m fa
sticas da lngu
er
ct
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E m b or a os al un
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iais, tendemos
qu
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a, em situ
no-monitorad
Em nossa fala
ais.
marcar os plur
isto , com
a redundante,
rm
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s
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marcados no po
Os plurais so
sucessivas.
vrias marcas
ural s uma
os a marcar o pl
em
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or
it
ome possessivo
em oral no-mon
tigo ou um pron
ar
Na nossa linguag
um
te
en
ralm
elemento, que ge
vez, no primeiro
vo.
ou demonstrati
ural dos
singular e de pl
de
as
rm
fo
as
m
melhantes fore
al.
Quanto mais se
palavra no plur
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r
na
io
ex
ndemos a
nomes, menos te
ssoa do
de terceira pe
s
ai
rb
ve
as
rm
as fo
ntemente,
ferentes forem
ncia e, conseqe
li
sa
a
Quanto mais di
or
ai
m
,
plural
equada.
rceira pessoa do
ais de forma ad
ur
pl
as
rm
singular e de te
fo
s
ego da
ilidade de empr
maior a probab
118
eitura sugerida
Para aprofundar os temas tratados nesta unidade, sugerimos a leitura do livro
Contribuies da Lingstica para a Alfabetizao. Coletnea organizada pela profa
Silvia Lcia B. Braggio e publicado pela Editora da UFG, em Goinia, 1995.
O texto que Voc ir ler em seguida foi reproduzido desse livro.
Para facilitar sua leitura, estamos incluindo um pequeno glossrio de termos tcnicos
ao nal do texto, e indicando com um (*) as palavras que constam desse glossrio.
CAMINHO SUAVE E PIPOCA:
O ALFABETIZANDO COMO NO SUJEITO DO PROCESSO
Elizabeth Landi de Lima e Souza
Desde que se iniciou a alfabetizao no Brasil, pelos jesutas, ela tem sido
trabalhada de forma tal que o alfabetizando visto como um recipiente vazio em
que depositado, conforme arma Paulo Freire, o saber daquele que seu dono o
alfabetizador. Embora esse procedimento j esteja sendo discutido h algum tempo,
sabe-se que somente alguns casos isolados de mudana de atitude do alfabetizador
e da escola frente a tal problema vm ocorrendo.
Em decorrncia dessa escola que temos ainda hoje, bastante signicativo
o ndice de evaso e de repetncia nas classes de alfabetizao (primeira srie do
primeiro grau). As causas desses fatos podem vir de falhas por parte da escola, que
oferece criana um processo de aquisio da linguagem escrita dissociado do
domnio de lngua que ela j possui.
Alm disso, outra causa para o mesmo problema refere-se distncia existente
entre a linguagem da criana e a linguagem da escola, que, em muitos casos, pode ser
detectada no material utilizado para a alfabetizao, o que prova que a escola no tem
respeitado a linguagem da criana, mas vem impondo a sua prpria linguagem.
Como se sabe, a linguagem oral da criana a base sobre a qual ela se apia
no processo de aquisio da escrita. Isso interfere na performance(*) lingstica
da criana, por haver semelhanas entre as duas linguagens, a oral e a escrita. As
diculdades existem quando ambas so isoladas uma da outra e podem tornar-se
119
mais signicativas na medida em que o que se fala tem sentido e o que se escreve ou se
l na escola, freqentemente, no o tem. Ou seja, h um descompasso entre a lngua
que a criana conhece e a lngua que a escola a faz estudar, dicultando o processo de
aprendizagem e levando a resultados desastrosos tanto a curto quanto a longo prazo.
Vem sendo constatado por professores de Lngua Portuguesa que seus alunos,
mesmo aqueles de nvel de instruo mais elevado, como os de terceiro grau, apresentam
graves problemas, tanto na escrita quanto na leitura, que concorrem para o baixssimo
rendimento escolar. Alguns desses problemas, do meu ponto de vista, provm da fase de
alfabetizao.
Quando escrevem, nossos alunos geralmente constroem frases sem signicado e, ao
tentarem elaborar perodos mais longos, apresentam frases incompletas, em que faltam
palavras necessrias para dar-lhes coerncia. Eles apresentam, ainda, problemas tanto
de concordncia nominal quanto verbal, alm daqueles de pontuao e ortograa, que
mostram falta de conhecimento das convenes da escrita. Alm disso, em sua escrita,
sobrepem suas idias, aparecendo essas sem uma ligao intrnseca. Por m, seus textos
mostram falta de senso de organizao estrutural(*).
Quanto leitura, os problemas mais comuns que podemos detectar nesses alunos
referem-se entonao(*) inadequada e articial e, ao lerem em voz alta, muitas vezes,
no sabem o que leram, o que demonstra que o tipo de leitura a que foram introduzidos
no leva construo de uma signicao, mas mera decodicao.
Como armei anteriormente, acredito que boa parte desses problemas so originados
na fase de alfabetizao, devido ao uso de mtodos de alfabetizao que utilizam uma
concepo de linguagem e de aquisio da linguagem escrita inadequados. Isso ocorre
j nos primeiros contatos da criana com seu primeiro livro escolar a cartilha mas,
como se sabe, perpassa todo o perodo escolar.
(...) Para Goodman, ler constitui um processo natural, ativo, construtivo,
interacional, um processo psicolingstico(*), em que h uma interao entre pensamento
e linguagem, j que, para ele, as atividades de falar, escrever, ler e ouvir so processos
psicolingsticos, que tornam a criana capaz de compreender e construir o seu signicado,
que o ponto mais importante do processo de leitura.
Assim, naturalmente, a criana, em contato com a lngua escrita em seu ambiente,
desenvolve seus prprios modelos de funcionamento dessa. Para esse autor, a aquisio da
linguagem escrita acontece do mesmo modo que a aquisio da linguagem oral, a partir
da elaborao de hipteses sobre o conjunto de dados escritos.
Uma das principais diferenas existentes entre a abordagem psicolingstica e as
anteriormente citadas, no que se refere natureza da linguagem, centra-se na importncia
dada ao signicado, pois, para Goodman, o signicado cria na mente do falante/escritor
120
idias sobre leitura e escrita e sugerem que a educao deve comear onde os aprendizes
esto (Braggio, 1992, p. 61). Assim, necessrio que as escolas se preocupem em tomar
conhecimento do que as crianas j sabem sobre a lngua escrita antes de l chegarem, para
que as diferenas criadas entre escola e sociedade sejam dissolvidas, visando ao sucesso dessas
crianas no novo ambiente.
Para Goodman (1989), as escolas devem programar uma alfabetizao baseada no
uso da linguagem escrita signicativa, assim como a linguagem oral adquirida funcional e
signicativamente. Agindo dessa forma, os tais pr-requisitos para a alfabetizao tornamse dispensveis.
Pensando assim, o processo de alfabetizao melhor entendido quando situado
dentro de seu contexto social e a partir do momento em que se considera a maneira pela
qual as crianas adquirem a linguagem escrita, tendo como fundamento as interaes sociais
e as interaes com a escrita que acontecem em seu ambiente e nas situaes em que ela
ocorre.
Em vista disso, uma alfabetizao natural aquela que acontece a partir do sujeito do
processo e de sua realidade lingstica e, para isso, necessrio que a alfabetizao acontea
orientada por um professor capaz de entender e incorporar, no processo, a diversidade
lingstica do alfabetizando, que valorize o vocabulrio e as experincias lingsticas da
criana, mas que perceba o momento de introduzir informaes e conceitos mais universais
(Abaurre, 1983, p. 34), pois o processo de alfabetizao um ato de conhecimento, ato
criador (Freire, 1982, p. 21).
Nessa concepo, o professor alfabetizador no visto como o dono da verdade,
como o instrutor, mas como um orientador, e a criana o sujeito do processo, pois ela
quem se alfabetiza num contexto cultural que a alfabetiza, cabendo ao professor a tarefa
de selecionar as atividades para a leitura e escrita, principalmente no que se refere a textos
que sejam capazes de despertar na criana a construo de uma signicao. Signicao,
sim, porque a criana est, desde antes de ir para a escola, convivendo com os mais diversos
tipos de escrita que lhe permitem entender seu contedo. Razo por que no faz sentido
ter de ensinar palavras soltas, slabas ou letras isoladas e desprovidas de signicado, o que,
assim como na aquisio da linguagem oral, tambm no ocorre.
Yetta Goodman (1989) diz que as crianas, antes de entrarem na escola, tomam
conhecimento da escrita e desenvolvem suas hipteses a respeito dela, a partir de seu contato
tanto com a linguagem oral como com a escrita no meio em que vivem.
Nessa perspectiva, o alfabetizando passa a ser o sujeito ativo do processo e o
alfabetizador ser, ento, o orientador. Cabe-lhe, pois, a tarefa de selecionar as atividades
de leitura e escrita, principalmente no que se refere a textos bem elaborados a partir da
criana e de sua realidade sociocultural, capazes de despertar, na criana, a construo de
122
uma signicao, fazendo com que ela seja capaz de decidir como e para que escrever,
de constatar a forma como se organiza a escrita e de compreender o signicado e a
nalidade de sua escrita.
Vale lembrar, aqui, que os processos de formulao de hiptese so importantes
para a criana, tanto na aquisio da linguagem oral como da escrita, pois
formulando hipteses que ela vai compreender a lngua com que tem contato.
Na aquisio da linguagem oral, a criana vai experimentando suas hipteses
at certicar-se de que elas so boas ou desprezar as que julga menos boas. Tambm
na aquisio da linguagem escrita, se forem colocados sua disposio textos que
lhe dem margem para que ela levante e teste hipteses sobre a lngua, ela adquirir
esse tipo de linguagem de forma natural.
Por outro lado, o ideal que a alfabetizao acontea com textos elaborados
pelas crianas e com todo tipo de textos que apresentem a escrita na sua forma
holstica(*), sem a preocupao com o controle das ocorrncias dos fonemas. Dessa
forma, as ocorrncias que surgirem do criana a possibilidade de formular suas
hipteses e lhe permitem tirar concluses sobre a linguagem escrita.
A alfabetizao deve desenvolver-se mediante textos elaborados a partir da
realidade da criana, no momento em que o processo de alfabetizao acontece.
Dessa forma, todo o ensino de gramtica torna-se desnecessrio nesse perodo,
principalmente porque, quando a criana chega escola, ela j domina, na oralidade,
a gramtica natural de sua lngua materna.
Assim, o melhor que a alfabetizao seja conduzida pelo professor, sem
a utilizao de cartilhas, mas a partir do conhecimento e uso lingsticos que a
criana traz para a escola, pois, a partir de sua fala, das histrias que a criana conta
e sabe, podero ser produzidos textos muito mais signicativos para ela. Alm disso,
histrias fazem parte do mundo da criana e livros de histrias devem ser materiais
considerados essenciais no processo de aquisio da linguagem escrita.
/.../
O que vem acontecendo, na prtica, a imposio, pelo sistema, de materiais
prontos que devem ser seguidos pelos professores e aceitos pelos alunos, sem que o
professor e aluno possam trabalhar a alfabetizao pensando ser essa um processo
em que o sujeito seja o aluno, e o professor, um orientador desse aluno, que vive
numa sociedade e precisa da linguagem escrita para rmar-se como sujeito ativo
nas vrias esferas em que for atuar.
Se, em vez desse tipo de material abstrato, que imposto pelo sistema, fosse
apresentado um material concreto, que pertencesse ao mundo da criana, como
o caso da embalagem de produtos j conhecidos por ela; se lhe fossem contadas ou
123
lidas histrias infantis; se fossem colocados sua disposio para manuseio, familiarizao
com a escrita e futuras leituras livros de histrias infantis e textos bem elaborados a partir
da prpria criana, o processo de alfabetizao realmente estaria acontecendo, assim como
tambm ocorre o processo de aquisio da linguagem oral, que no se d de forma truncada
e desprovida de signicao, pois desenvolve-se como um todo no meio social da criana.
Reconheo que os questionamentos levantados nesse trabalho podem no servir para
acabar com as falhas que vm acontecendo na alfabetizao, mas creio que eles podero
concorrer, ao menos, para ajudar a superar tais falhas, cooperando, em vista disso, para a
busca da otimizao do desempenho escolar de nossos alunos.
(In: Contribuies da lingstica para a alfabetizao. Silvia Lcia Bigonjal Braggio, (org.)
Goinia, UFG, 1995, p.11-42, Com cortes e adaptaes..)
Abordagem interacionista
Entonao
Forma holstica
Organizao estrutural
Performance
Psicolingstico
ibliografia
BRAGGIO, Silvia Lcia Bigonjal (org.). Contribuies da lingstica para a
alfabetizao. Goinia: UFG, 1995.
CHIAPINI, L e GERALDI, J. W. Aprender a ensinar como textos dos alunos. So
Paulo: cortez, 1995.
FARACO, C. A. Escrita e Alfabetizao. So Paulo: Contexto, 1994.
124
Atividade de estudo 2
As parlendas so formas literrias tradicionais, rimadas, com carter infantil,
de ritmo fcil e de forma rpida. No so cantadas e sim declamadas em forma de
texto, estabelecendo-se como base o ritmo dos enunciados. So versos de 5 ou 6
slabas recitadas para entreter, acalmar, divertir as crianas, ou usadas em brincadeiras
para escolher quem inicia o jogo, ou mesmo aqueles que podem brincar. A principal
caracterstica de uma parlenda o ritmo como ela se desenvolve; o texto verbal
uma srie de imagens associadas. Obedecendo apenas ao senso ldico, ela pode ser
destinada xao de nmeros ou idias primrias, dias da semana, cores, entre
outros assuntos.
Atividade de estudo 3
CH
Chave
Chuchu
Chul
Chuva
Chapu
Chaleira
Chcara
Cachecol
X
Caixa
Peixe
Xampu
Xcara
Xod
Xereta
Enxame
Xar
Atividade de estudo 4
O imaginrio do povo brasileiro est repleto de mitos como o lobisomem
e almas penadas que aparecem noite provocando rudos em ambientes internos,
125
Atividade de estudo 5
Oblongo: Adjetivo. De forma alongada, mais comprido que largo.
Exemplo: O fssil tem uma forma oblonga.
Fonte: BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Dicionrio didtico de portugus. So Paulo:
tica, 1998, p.666.
Atividade de estudo 6
Linguagem no monitorada
Levei meus menino no mdico.
Meu pai botou cinco rs no pasto do seu compadre.
Os mdico do posto no veio trabalhar hoje.
Atividade de estudo 7
Meus amigos so pessoas em quem cono.
Os pescadores conseguiram apanhar os maiores peixes em suas redes.
Os rapazes da nossa seleo de vlei venceram os japoneses.
Os caminhes recm-comprados pela prefeitura custaram 50 milhes de reais.
Os povos europeus descobriram novos continentes.
126
Atividade de estudo 8
Forma da 3a pessoa do singular (ele/ela)
trana
faz
treme
sobe
desce
cruza
arredonda
sabe
vai
possa
est
Atividade de estudo 9
As meninas tranam os cabelos.
Os nadadores tremem de frio.
As formigas sobem nas paredes.
As vacas descem o morro.
As pessoas se cruzam nas ruas.
Os padeiros arredondam a massa de po.
As crianas j sabem ler.
Desejamos que eles possam fazer bons exames.
Os alunos fazem muitos exerccios.
As crianas vo nadar no rio.
Os rios esto cando secos.
So quatro as estaes do ano.
nvestigaao da pratica-9
Nesta Investigao da Prtica, estamos trazendo dois textos do grande poeta
mineiro Carlos Drummond de Andrade e um fragmento de notcia de jornal a respeito
da comemorao do centenrio de seu nascimento, em 31 de outubro de 2002.
Leia e faa um planejamento de atividade em sala de aula em que Voc usar
este material para motivar a produo de pequenos textos pelos seus alunos. Deixe
claro seus objetivos e as etapas do trabalho.
127
CONSOLO NA PRAIA
Vamos, no chores...
A infncia est perdida.
A mocidade est perdida.
Mas a vida no se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o corao continua.
SEM DIO
Ao m de laboriosas pesquisas, inquritos, mesas-redondas, simpsios e anlises em
laboratrios de psicologia, descobriu-se que os motoristas guiavam com dio. Agora que
isto cou esclarecido, a soluo, fcil e independente do Cdigo Nacional de Trnsito, que
por ser cdigo no costuma ser cumprido, est na frase: GUIE SEM DIO.
(Rosa do Povo, Poesia e Prosa, Rio de Janeiro, Ed.
Nova Aguiar, 1988 p.142)
VANDALISMO
Menos de 48 horas depois de ser inaugurada, a esttua de Carlos Drummond
de Andrade, que ca na Praia de Copacabana, amanheceu pichada ontem. Segundo
testemunhas, seis menores teriam feito a pichao por volta das 6h30. (Jornal do Brasil.
sbado, 2 de novembro de 2002, p.C3)
(Os dias lindos Poesia e Prosa, Rio de Janeiro, Ed.
Nova Aguiar, 1988 p.1932)
128
Etapa l
Nesta parte da ocina, os professores devem-se dividir em dois grupos, A e
B, que vo ler, respectivamente, os textos A Produo de Textos na Alfabetizao e A
Correo de Textos, de Luiz Carlos Cagliari.
A PRODUO DE TEXTOS NA ALFABETIZAO
Se o professor alfabetizador deve trabalhar, sempre que possvel, com textos,
os alunos tambm devem estar sempre envolvidos com a problemtica da linguagem,
analisando-a dentro de um contexto real de uso, ou dentro da prpria linguagem,
como o caso do estudo das relaes entre letras e sons. Isso faz com que os
alunos passem da habilidade de produzir textos orais para a habilidade de produzir
textos escritos; da habilidade de produzir textos no estilo da fala do dia-a-dia para
a habilidade de produzir textos segundo as exigncias escolares e culturais. Essa
liberdade de usar uma lngua que o aluno j domina para estudar permite que ele
escreva sem medo de dizer o que pensa e sem medo de errar. O que os alunos fazem
produzindo textos serve, ainda, para mostrar para o professor que eles j sabem e o
que precisam aprender no processo de aquisio da leitura e da escrita. Desse modo,
acompanhando o desenvolvimento de cada um e da classe nas suas necessidades
gerais, o professor pode programar melhor suas aulas e conduzir adequadamente o
processo de ensino e de aprendizagem.
Para um bom professor deve ser to importante o que o aluno acerta quanto
o que ele erra. Se o ensino for muito dirigido, se o aluno s zer segundo o modelo,
s trabalhar com elementos j dominados, o professor recebe apenas a reproduo
de algo que ele passou para os alunos. O que de fato eles pensam no tem chance
de aparecer. Os textos livres feitos espontaneamente pelos alunos revelam o que
realmente sabem e como operam com esses conhecimentos. Analisando o que
os alunos elaboram, o professor acaba descobrindo, como os lingistas, quais as
hipteses que regem o comportamento lingstico das crianas e quais as regras que
utilizam na sua produo. O erro mais revelador do que o acerto. O acerto pode
ser fruto do acaso, mas o erro sempre fruto de uma reexo, de um uso indevido
de algum conhecimento.
Dentro dessa viso da produo de textos na alfabetizao, logo se v que os
alunos faro apenas pequenos textos no comeo, com uma ou duas frases. Depois,
129
iro tentando escrever mais, medida que carem mais uentes na escrita. Certamente, os
primeiros textos vm sobrecarregados de erros de todos os tipos. O que vale o trabalho,
no o resultado em si. Por isso, o professor no ir corrigir esses primeiros textos. Ir
simplesmente analis-los, discuti-los com os alunos, mostrando algumas coisas interessantes
e guard-los no dossi de material de cada aluno. Algumas anotaes sero feitas tendo em
vista a programao de aulas futuras.
A CORREO DE TEXTOS
Depois que os alunos comearem a car mais hbeis e a produzir textos mais longos
e com mais facilidade, o professor comear a exigir o planejamento textual e sobretudo a
autocorreo. Essa autocorreo pode ser feita em duplas, individualmente ou at mesmo
coletivamente. Nem todo texto precisa ser corrigido, alguns so feitos simplesmente para
que o aluno desenvolva mais uncia ao escrever. De modo geral, todo texto dever ser lido
por outra pessoa e, quando for divulgado, precisar ter passado por rigorosa correo.
Feito o texto, o professor pede para os alunos corrigirem e melhorarem tudo o que
quiserem. Em seguida, discutem o texto em duplas e chegam a uma verso denitiva.
Finalmente, o texto ser revisado pelo professor. Somente, ento, o aluno o passa a limpo,
produzindo o texto denitivo.
O professor precisa ensinar aos alunos como fazer a autocorreo. Problemas de coeso,
coerncia ou uso de determinadas estruturas sintticas precisam ser tratados diretamente
com o professor. Na alfabetizao, o mais importante cuidar da ortograa.
O professor precisa ensinar os alunos a terem dvidas, a desconar se algo est certo
ou errado. Aprender a ter dvidas ortogrcas to importante quanto aprender a escrever.
O aluno deve saber, a partir de uma anlise pessoal de seus conhecimentos, se, ao escrever
uma palavra, todas as letras esto corretas ou no. Um aluno pode no apresentar nenhuma
dvida ortogrca ao escrever a palavra PATO. Ele a escreve e vai adiante. A prxima palavra
pode ser GIRAFA. Aqui, se no tiver certeza absoluta de que GIRAFA se escreve com G, ele
precisar olhar no dicionrio ou perguntar a quem sabe. Depois, poder escrever a palavra
GENTE e no ter dvida ortogrca, embora o caso seja semelhante ao da GIRAFA. O
professor deveria reservar algumas aulas, de vez em quando, para ensinar os alunos o que
pode suscitar uma dvida ortogrca e o que no. No adianta pedir para os alunos fazerem
autocorreo, se eles no souberem o que corrigir.
Do ponto de vista do aluno, no existe professor mais desagradvel do que aquele que
no sabe ler o texto de um aluno, principalmente quando o texto apresentar diculdades.
No basta o professor dizer que o texto est ruim. preciso fazer uma anlise e mostrar por
que est ruim e, especialmente, o que fazer para que o texto que bom. Alguns professores
130
lem os textos de seus alunos (ou simplesmente o que os alunos escrevem em ditados,
cpias, etc.), como se a escrita fosse uma transcrio fontica da fala. Essa uma
forma desrespeitosa de tratar o trabalho da criana. O professor no faz isso com os
textos dos livros. O professor pode escrever TIA e falar tchia, pode escrever BALDE
e falar baudji, mas se o aluno pensa que se escreve PRANTA, o professor no l
planta, achando que a nica forma possvel de leitura, nesse caso, pranta.
Quando erra na graa, o aluno no est querendo escrever conforme a sua
pronncia. Isso acontece porque ele ainda no domina o sistema de escrita e,
sobretudo, a ortograa das palavras. O professor pode perfeitamente ler um texto
de um aluno em que aparecem muitos erros, em conformidade com a norma culta.
Ao fazer isso, nota-se quase sempre que os textos espontneos so muito mais
interessantes do que parecem, muitas vezes, a alguns professores.
Resultado semelhante surge quando o professor pede para o aluno ler o
que escreveu, e ele faz uma leitura uente. O texto, ento, torna-se outro, mais
interessante. Um professor jamais pode dizer para o aluno que ele leu errado, porque
escreveu uma coisa e leu outra. Anal, a escrita existe para representar a fala e usamos
um sistema ortogrco para neutralizar a variao dialetal. O que o aluno escreveu
representa a sua fala e, se leu daquele jeito, porque ele quer que seja lido daquele
jeito. Seus erros so de ortograa e no de transcrio fontica. Se quisermos que
o aluno respeite o que ensinamos, precisamos respeitar o que o aluno sabe, o que
aprende e, sobretudo, seu esforo para melhorar.
Um bom professor tambm est atento ao que acontece com seus alunos
nas diferentes atividades que eles realizam, observando o que os ajuda e o que os
atrapalha. Por exemplo, muito evidente que os alunos que fazem um desenho
antes (ou colam uma ilustrao) e depois escrevem um texto so mais inclinados a
produzir textos menos interessantes, em que predominam descries de personagens
e aes. Resultando quase sempre num conjunto de frases soltas. O ideal pedir
para o aluno fazer o texto e depois ilustr-lo. Nesse caso h menos problemas de
coeso, e os textos so em geral mais bem estruturados e desenvolvidos. Alguns
temas trazem mais motivao para os alunos, outros menos ou, at mesmo, so do
desagrado de certas crianas. necessrio habilidade para lidar com o caso.
(Alfabetizando sem o B-B-Bi-B-Bu, Luiz Carlos Cagliari, So Paulo, 1999, p.209-212.)
131
Tarefas do grupo A
Discutam o texto lido. As seguintes perguntas podem servir de roteiro para a sua discusso.
Anotem pontos importantes sobre as perguntas e escolham um relator do seu grupo.
Por que devemos ajudar o aluno a criar textos orais e textos escritos?
Como se pode aproveitar o conhecimento que o aluno j traz consigo?
Por que to importante enfatizar os acertos dos alunos e no somente os erros?
O que nos revelam os textos livres dos alunos?
O que revelam os erros que o aluno comete?
Tarefas do grupo B:
Discutam o texto lido. As seguintes perguntas podem servir de roteiro para a sua
discusso. Anotem pontos importantes sobre as perguntas e escolham um relator do grupo.
Como se deve trabalhar os primeiros textos produzidos pelo aluno?
Como promover o processo de autocorreo e de reescrita?
Por que devemos pedir ao aluno que leia o texto que produziu?
Por que o aluno deve primeiro fazer o texto e depois ilustr-lo?
Como identicar, em sala de aula, atividades que favorecem ou desfavorecem os
alunos?
Etapa 2
Concluda a leitura e discusso, os professores devem reunir-se em plenria para a
apresentao de suas reexes.
O formador deve realizar a sntese nal do trabalho.
132
AUTORES
EQUIPE EDITORIAL
Organizao
Wilsa Maria Ramos
Ilustraes
Fernando Lopes