Meyriat. Documento, Documentação, Documentologia

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Documento, documentao, documentologia Camila Mariana A.

da Silva; Marclio de Brito;


Cristina Dotta Ortega

Documento, documentao, documentologia1

Jean Meyriat

Camila Mariana A. da Silva

Tradutora. Mestranda no Programa de


Ps-Graduao em Cincia da Informao
da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Graduada no curso de
Biblioteconomia. Licenciada no curso de
Histria da UFMG.

Marclio de Brito

Revisor da traduo. Doutor (PhD) em


Informtica Documentria pela
Universidade Claude Bernard Lyon I -
Frana. Master em Cincias da
Informao e da Comunicao pela
Universit Lumire Lyon II Frana.
Master em Informtica Documentria
pela Universidade Claude Bernard Lyon I
/ cole Nationale Suprieure de Sciences
de l'Information et des Bibliothques.
Professor adjunto da Universidade de
Braslia (UnB).

Cristina Dotta Ortega

Revisora da traduo. Doutora e mestre


em Cincia da Informao pela
Universidade de So Paulo. Graduada em
Biblioteconomia pela Universidade de So
Paulo. Professora adjunta da Escola de
Cincia da Informao da UFMG.

http://dx.doi.org/10.1590/1981-5344/2891

Recebido em 10.08.2016 Aceito em 17.08.2016

Na tentativa de identificar o campo cientfico cujo objeto de estudo


"o documento", imediatamente nos encontramos diante de termos
derivados, particularmente "documentao" e "documentologia", cuja
acepo varia segundo os autores e cujos empregos no so bem
1
Traduzido de: MEYRIAT, J. Document, documentation, documentologie. Schma et Schmatisation, n. 14,
p. 51-63, 1981.

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definidos. Para chegar a melhor defini-los lgico comear pela palavra


que fornece seu radical s outras. Esta a abordagem que ser seguida,
mas ela apresenta uma dificuldade. Na verdade, a prpria definio de
"documento" no independente das noes cobertas pelos termos
derivados. O conceito de documento no se impe como uma evidncia
inicial, ele depende dos pontos de vista e dos mtodos da documentao e
da documentologia.
Outra dificuldade ser criada pela necessidade de introduzir outro
termo nesta definio, o de "informao", que utilizado de maneira
muito ambgua e que , de todo modo, dificilmente definvel porque ele
recobre uma noo primeira.
Dito isto, deve-se tentar responder pergunta:
O que um documento?
O documento pode ser definido como um objeto que suporta a informao, que
serve para comunicar e que durvel (a comunicao pode, assim, ser repetida).
Duas noes intervm conjuntamente aqui, uma de natureza
material (suporte) ematerial
(o objeto que serve de suporte), a outra conceitual (o contedo
conceitual (contedo)
da comunicao, isto , a informao). As duas so inseparveis uma da
outra, e a conjuno das duas essencial nesta definio.
A definio vlida para qualquer objeto e, por isso, ela muito
ampla. Contudo, ela limitada por uma restrio quanto ao uso da
palavra "informao". Esta no tomada em sentido neutro e formal
como atribuem, por exemplo, os profissionais de informtica. Trata-se de
comunicao uma informao que possui um sentido, para aquele que a emite e para
aquele que a recebe. Cada mensagem tem um significado e no se pode
definir um documento independentemente do significado da mensagem
que ele tem a funo de transmitir.
Todo objeto pode ser encarregado desta funo. Por esta razo a
noo de "documento" muito mais ampla do que aquela de "escrito"'. Os
documentos escritos so um caso privilegiado, porque a escrita a forma
mais comumente utilizada para comunicar uma mensagem. No entanto,
necessrio observar que se pode escrever sobre muitos objetos
diferentes: pedras, cermica, conchas, pergaminho, papel, filme...
Tambm se pode escrever utilizando diferentes sistemas de signos:
alfabtico, fontico, ideogrfico...
Apesar desta diversidade, os escritos esto longe de serem os
nicos objetos cuja funo transmitir uma informao. o caso, por
exemplo, daqueles que so reunidos em um museu. Os esqueletos do
Museu de Histria Natural conservam e do informaes sobre a fauna
do Quaternrio; os trajes camponeses do Museu de Artes e Tradies
Populares, sobre os modos de vida e costumes da Frana rural do
sculo XVII, mas tambm sobre as tcnicas de tecelagem, sobre o clima
de vrias regies naquela poca... No sequer necessrio que os vs. Briet
objetos tenham sido reunidos com o fim de informar: o arquelogo
utiliza como documento os objetos que ele descobre em seu lugar de
pesquisa, porque estes lhe fornecem informaes sobre os grupos
humanos que os fabricaram ou utilizaram.

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Todo objeto pode, ento, se tornar documento. Minha bicicleta


poder um dia fornecer, a quem saiba lhe interrogar, informaes sobre
o lazer da burguesia em meados do sculo XX, sobre o tamanho mdio
dos franceses nesta poca, sobre as tcnicas empregadas pela
construo mecnica, sobre o estado da rede rodoviria ou sobre as
repercusses da crise petroleira.
Isto no significa que todo objeto tem a funo normal de suportar
informao, mas que esta pode ser uma de suas funes. Sua funo
principal pode ser bem diferente. Minha bicicleta principalmente um
meio de transporte; as vestimentas dos camponeses do sculo XVII, uma
roupa para proteo de seus corpos. necessrio, portanto, distinguir os
objetos que so projetados desde a origem para fornecer informao,
como os cartazes ou fitas magnticas, e aqueles que so encarregados de
desempenhar este papel depois ou subsidiariamente.
Esta primeira distino mostra que o documento tem uma dupla
origem possvel. Se ele no foi criado como tal, o objeto pode tornar-se
documento pelo fato de que aquele que nele busca informao, ou seja,
infor.=mensagem que lhe reconhece uma significao, o promove, assim, a suporte de
mensagem. documento: suporte
A comunicao pressupe, de fato, dois atores, o emissor e o
receptor da mensagem. Ambos esto habilitados a fornecer-lhe uma
significao. No melhor dos casos, eles o fazem conjuntamente, como
quando um especialista escreve um artigo destinado principalmente a ser
lido por outros especialistas do mesmo ramo. Existe ento um
Pr-compreenso
entendimento prvio entre um e outros sobre a informao atribuda ao
documento; o esforo dos atores tende a limitar as deformaes e as
perdas que so inevitveis na comunicao a fim de que a informao
recebida seja a mais homloga possvel informao transmitida.
Mas a vontade do emissor no suficiente. Um jornal dirio feito
para suportar e transmitir informaes; mas se o comprador o usar para
embrulhar os legumes, por exemplo, o jornal se transforma numa
embalagem rudimentar e no mais um suporte de informao. Ele pode
transformar-se novamente se o destinatrio do pacote colocar os olhos
sobre o contedo e tomar conhecimento de algumas notcias.
A vontade de obter uma informao , por isso, um elemento Aristteles
necessrio para que um objeto seja considerado documento, apesar da
vontade de seu criador ter sido outra. no momento em que busco uma
informao em um objeto cuja funo inicial foi prtica ou esttica (como
as vestimentas camponesas mencionadas anteriormente) que eu fao
disso um documento. O muselogo proporciona a manifestao desta
nova funo constituindo colees destes objetos onde doravante os
visitantes sero convidados a buscar informao.
Este papel ativo do receptor pode igualmente modificar no tempo a
funo informativa de um mesmo objeto. As cartas escritas por Napoleo
eram originariamente documentos, porque elas foram feitas para fornecer
a seus correspondentes informaes sobre seus sentimentos, seus planos,
suas decises; em seguida, elas se tornaram documento de segundo grau
para o historiador que nelas buscava informaes sobre o personagem,

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sobre os mecanismos polticos do Imprio, sobre o comportamento dos


sditos do Imperador... Pode-se dizer que o mesmo objeto torna-se
sucessivamente vrios documentos diferentes. Quando uma empresa
industrial estabelece e difunde um catlogo, ela o faz para comunicar
sua clientela as informaes sobre seus produtos, sua qualidade, seu
preo; e este documento imediatamente reconhecido como tal. Mas ele
pode posteriormente ser objeto de uma nova leitura por outros usurios,
que nele buscaro outras informaes: por exemplo, sobre a histria dos
preos, das tcnicas de fabricao, dos hbitos de consumo, etc. Estes
usos so to legtimos quanto o primeiro, ainda que no tenham sido
previstos pelo autor do documento.
Generalizando esta observao, pode-se dizer que a capacidade
informativa de um documento jamais se esgota pelos usos j realizados
das informaes que ele contm. Continua sempre possvel colocar novas
questes a um documento j explorado, com a esperana de se obter
informaes novas em resposta. A pesquisa cientfica no deixa de
explorar esta via: que se pense, por exemplo, nos benefcios que a
demografia histrica recentemente obteve de uma nova interrogao dos
registros paroquiais.
Este raciocnio aplica-se igualmente aos documentos criados como
tal e para aqueles dotados desta propriedade pelo receptor. Uns e outros
podem ter simultaneamente vrias funes, sendo uma principal e as
outras subordinadas. o caso, por exemplo, deste objeto atual que o
artigo de peridico cientfico. Ns temos o hbito de trat-lo como
documento privilegiando sua funo informativa: ele escrito de fato para
informar sobre uma experincia ou sobre uma investigao, sobre uma
hiptese ou uma teoria de seu autor, sobre o estado do conhecimento
relativo a uma questo... Mas ele tem ao mesmo tempo outras funes, e
talvez seu autor tenha lhe atribudo uma destas outras funes como
principal. Ele poderia escrev-lo para adicionar um ttulo lista de suas
publicaes para aumentar suas chances de conseguir uma nomeao ou
promoo acadmica, para afirmar sua prioridade na explorao de meios
inovadores ou no uso de uma metodologia original, para reforar seu
prestgio e fazer reconhecer seus mritos na comunidade a que pertence.
O artigo seria ento um instrumento para a conquista do poder cientfico,
ou um argumento para o apoio de um dossi administrativo. Em tais
casos, a funo informativa seria subordinada; talvez menos realizada.
Em todo caso, evidente que a coexistncia de vrias funes interferem
umas sobre as outras e podem ser, em ltima anlise, contraditrias
umas com as outras, tendo alguma influncia sobre a forma como cada
uma delas assegurada. A natureza e o valor das informaes
transmitidas so necessariamente afetados.
documento: Assim o documento no surge como tal, a priori, mas como o produto de
vontade,
intencionalidade
uma vontade, aquela de informar ou se informar a segunda ao menos
sendo sempre necessria.
Se o desejo de fornecer informaes no encontrar uma resposta no
receptor, a informao permanece virtual. O objeto que a suporta, em que

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ela foi escrita ou inscrita, ainda no um documento. Ele poder tornar-


se um documento futuramente, no momento em que uma questo lhe
ser posta e ativar esta informao.
por isso que os historiadores fazem tal uso dos "documentos", ao
ponto que o emprego limitador desse termo chegou a diminuir o seu
significado corrente. Eles renem e interrogam os escritos provenientes do
perodo que esto estudando; quele em que encontram a informao de
que precisam, conferem a dignidade de documento. Eles tm dificuldade
em admitir que o jornal desta manh pode muito bem ser um documento
para a pessoa que o utiliza desta forma.
USO Esta noo de uso fundamental para nosso propsito; poderamos
resumir o exposto dizendo que o usurio faz o documento. Esta qualidade
no aparece no uso comum da palavra; por isso que raramente nos
preocupamos em defini-lo. Assim se explica o estatuto curioso que ele
recebe, por exemplo, em um dicionrio ainda reconhecido, publicado h
dez anos sobre comunicao por Abraham Moles (1). Dentre os 400
verbetes contidos nesta obra muito til, nenhum dedicado ao
"documento"; o termo usado apenas sob a forma de remissiva. Ele
aparece em uma dezena de verbetes, e cada vez sob o ngulo do uso que
foi feito dele. Esclareamos de passagem que esta disperso no promove
a clarificao do conceito. No artigo "Arquivos" os documentos aos quais
ele se refere parecem ser sobretudo peas manuscritas ou nicas; no
artigo "Biblioteca", por sua vez, ele aplicado aos objetos culturais
reproduzidos e difundidos.
No mesmo dicionrio, apenas dois derivados tm direito a um
artigo: sob o ttulo "documentao aleatria", ele questo apenas da
bibliografia. Quanto ao artigo "documentatrice universal" ele confere uma
dignidade inesperada a um termo que ningum usa e que designa
grosseiramente o que chamaramos atualmente de uma base de dados
bibliogrficos.
O que vem a ser ento a documentao?
Por que este termo no merece ser definido? Porque ele de uma
claridade banal, ele no estimula explicaes engenhosas? Porque ele
esconde suas ambiguidades sob uma aparncia inocente?
Percebe-se que a palavra recebe trs acepes bastante distintas.
Ela designa primeiro um conjunto de documentos intencionalmente
constitudo: o autor de uma tese comea por levantar sua
documentao". No entanto, pode se tratar de duas operaes distintas
dependendo se a prpria pessoa recolhe os documentos, objetos
concretos, ou suas referncias (de primeira ou segunda mo) que so
apenas substitutos.
Mas o mesmo termo designa tambm a atividade que permite
construir este objeto; ele se estabelece ento entre as palavras em "-o"
que se aplicam ao mesmo tempo a uma atividade e ao produto desta
atividade, como "imitao", "produo"... A documentao , por
consequncia, a tcnica, ou o conjunto de tcnicas, utilizadas para coletar,

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classificar, explorar... documentos. Esta acepo a mais frequente; ela


ser o objeto da anlise que segue.
Notemos, porm, que a palavra pode ser tomada em um terceiro
sentido, ainda mais abstrato. A tcnica em questo, como qualquer
tcnica, baseia-se em um conjunto de conhecimentos que justificam sua
prtica, explicam seu estado presente e devem permitir seu
desenvolvimento e aperfeioamento. Este conhecimento subjacente
decorre de uma cincia, ainda fracamente constituda, que no sabemos
muito bem como nomear, e que nomeamos s vezes "documentao",
talvez sob a influncia do termo alemo, mais explcito e de emprego
mais frequente "Dokumentationswissenschaft". Parece que ele leva a
interpretar deste modo a segunda parte do ttulo que o Centro Nacional
de Pesquisa Cientfica fornece na seo 101 de seu Boletim Sinaltico
"Cincias da Informao, Documentao" (2). Seria mais correto dizer,
neste caso, "cincia da documentao", mas a expresso raramente
utilizada. para substitu-la que alguns propem "documentologia";
voltaremos a ela mais tarde.
Se, portanto, o emprego mais corrente do termo "documentao"
para designar uma atividade, a natureza desta deve ser esclarecida. Sua
primeira caracterstica de situar-se no destino do objeto-documento; de
presumir a pr-existncia deste objeto. Na origem se situa o sistema de
produo e distribuio deste objeto, levando-o a estar disponvel em
determinados lugares, de uma forma ou de outra. L se encontra aquele
que busca informao, que a essncia da atividade documentria. Seu
caminhar ativa o documento, tornando efetiva sua funo de transmitir
informao. Ao fazer isto, ela anula, ou ao menos desatualiza as outras
funes que o mesmo objeto cultural poderia ter originalmente, por
exemplo, sua eventual funo esttica esta podendo ser atualizada
apenas por outro usurio que nela no busca informao, mas prazer.
Em relao informao, a atividade de edio (produo-
distribuio) e a atividade de documentao so, portanto,
complementares e partem de uma abordagem oposta, tendo como ponto
comum o documento. A abordagem editorial parte da escrita (ou do
registro) da informao sobre um suporte que se torna deste modo um
documento (artigo de jornal, gravao em fita magntica...) e distribui
este documento aos destinatrios. A abordagem documentria parte da
"estudo de usurio"
demanda de informao emanente de um usurio at chegar ao
documento que pode oferecer esta informao.
Esta segunda abordagem, que confirma ou afirma a qualidade de
documento do objeto que ela atinge, finalizada, destinada a ser til.
Solicitamos informao para utiliz-la. A utilidade, seja ela real ou apenas
esperada, da informao obtida a segunda caracterstica da atividade
documentria: a documentao utilitria. De resto, esta "utilidade" da
informao nem sempre tem o mesmo sentido. Ela pode ser limitada ao
momento presente e perder esta qualidade assim que for utilizada. Deste
modo, til saber o horrio de partida do prximo trem para um destino,
a taxa de cmbio atual da moeda do pas para o qual viajo, as previses
meteorolgicas em funo das quais eu escolherei as roupas que levarei

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na viagem. Inumerveis so as informaes "perecveis" das quais todo


cidado tem necessidade constante. Incontveis tambm os servios e
instrumentos colocados sua disposio para atender s suas demandas
mais frequentes, a partir das colunas regulares dos jornais dirios ou os
horrios das empresas de transporte at as imagens que a telemtica
permite Antiope2 usufruir em seu receptor de televiso. Tudo isto
remete atividade documentria que pode-se nomear de "informativa".
A utilidade da informao por outro lado durvel quando ela
constitui um elemento de saber que possui e enriquece constantemente
Saber
todo homem pensante. Por "saber" entende-se um conjunto organizado de
conhecimento acumulado e durvel, ou seja, que permanece vlido e pode
ser usado em casos semelhantes em momentos diferentes. A posse de um
Realidade saber, portanto, capacita a resolver problemas, a responder s situaes
em que nos encontramos; d noo da realidade. a justificao da velha
ambio do homem "rerum cognoscere causas", e o fundamento de toda
abordagem cientfica. Deve-se tomar este ltimo termo em seu sentido
mais geral: o saber em questo pode ser propriamente cientfico, mas
tambm tcnico, econmico, etc. Toda informao que contribui para este
saber, ou que transmite a outros um elemento desse saber pode ser
qualificada como "cientfica", o epteto abrangendo a tcnica, o econmico,
etc. Esta "informao cientfica" o objeto mais tpico da atividade de
documentao.
Uma terceira caracterstica desta ltima que ela constitui um
sistema tcnico-social. O termo "sistema" deve ser tomado aqui no
sentido rigoroso que lhe d a teoria: um conjunto de elementos ligados
entre si de modo a serem interdependentes, e arranjados com vistas a
sistema alcanar um objetivo. O objetivo foi identificado naquilo que precede:
trata-se de obter informao. Quanto aos elementos, eles so ao mesmo
tempo seres humanos, essencialmente as pessoas ou grupo de pessoas
que buscam informao e eventualmente seus auxiliares ou
intermedirios; os objetos materiais, os documentos e as ferramentas ou
mquinas empregadas para tratar estes documentos; e os processos ou
"savoir-faire" tcnicos necessrios a este tratamento.
Nos casos mais simples o sistema se reduz a uma nica pessoa (o
prprio demandante da informao) utilizando um documento e aplicando-
lhe a tcnica apropriada. Na maior parte dos casos, o conjunto mais
complexo, porque a informao buscada em vrios documentos ou
colees de documentos, ou mesmo em todo documento possvel. As
tcnicas empregadas se diversificam ao mesmo tempo em que os
documentos. De seu lado, o demandante da informao frequentemente
delega sua pesquisa a um intermedirio, treinado para este trabalho e
pronto a dedicar o tempo necessrio. Surge o "documentalista", que
exerce a atividade documentria, e que pode ser ele mesmo uma pessoa,
um grupo ou uma instituio. Na prtica, existem todos os casos possveis
entre, de um lado, o prprio pesquisador buscando a informao que
2
N.T.: Antiope o acrnimo de Acquisition numrique et tlvisualisation d'images organises en pages
d'criture, sistema de teletexto e videotexto usado principalmente para produzir legendas na televiso, na
Frana, nos anos 1980.

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precisa e, de outro lado, o organismo ou a central documentria


explorando uma massa considervel de documentos a fim de extrair as
informaes prontas para serem dadas em resposta queles que se
dirigem a ela.
Nos dois casos o esquema operatrio o mesmo; a central
documentria efetua as mesmas operaes que o pesquisador da
informao isolado, ou pelo menos as operaes que se pode designar
abstratamente pelos mesmos termos. Elas constituem os elos do que
chamamos correntemente de cadeia documentria: coleta de documentos,
extrao de dados e de informaes, classificao, armazenamento e
recuperao desses dados, difuso e resposta s questes. Os
mecanismos concretos implementados so evidentemente mais complexos
quando crescem os sistemas e aumenta o nmero de elementos de todos
os tipos que eles aplicam.
No se trata de descrever de modo detalhado os aspectos tcnicos,
mas apenas de caracterizar a prtica da documentao. Ela permite
colocar uma ltima questo:

Qual pode ser o conhecimento cientfico desta prtica e como podemos


nome-la?

Admitindo-se que se trata de uma disciplina cientfica, esta que nos


interessa se definiria, como qualquer outra, pelo objeto estudado e pelos
mtodos de estudo. Basta aqui prestar ateno ao primeiro.
O objeto primeiramente aquele mesmo da atividade documentria,
isto , a informao e os documentos que suportam a informao. Mais
precisamente, esta seria a relao que existe entre os documentos e a
informao que eles suportam. Os documentos so objetos que podem ser
analisados sob diferentes pontos de vista: o nico a que se detm nossa
disciplina aquele de sua funo informativa. Do mesmo modo, o
conceito de informao aquele de um recurso fundamental para o
homem e que pode tomar sentidos diversos segundo o contexto que o
circunda. O ambiente que conserva nossa disciplina aquele dos
Informao:
conjuntos documentrios, nos quais a significao da informao no
separvel de seu suporte. As condies nas quais este suporte
concebido, produzido e distribudo, as restries que ele sofre nas
diferentes etapas de sua existncia, influenciam evidentemente sua
capacidade informativa; elas so, portanto, o objeto de estudo de nossa
disciplina.
Da mesma forma, esta deve se interessar sobre tudo aquilo que,
na forma e na estrutura do documento, orienta a escolha dos meios e
das tcnicas que podem ser utilizadas para extrair a informao.
Ela deve ainda se interessar pelas motivaes e pelos
comportamentos daqueles que intervm no processo documentrio, o
usurio da informao, os auxiliares e intermedirios dos servios a que
ele recorre. Mais geralmente, todos os elementos do sistema tcnico-

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social da documentao e as inter-relaes que os unem so objetos


privilegiados para nossa disciplina.
De acordo com o sentido da abordagem documentria, o estudo
concentra-se, por isso, principalmente sobre tudo o que est no destino
do documento, sobre o trajeto que o usurio segue para acessar a
informao de que necessita. O conhecimento das tcnicas e tticas
empregadas devem permitir no s explic-las, mas compreender a sua
fundamentao terica, assim, dando-lhe meios de melhorar e aumentar a
sua eficincia. Obviamente, no podemos excluir do campo de estudo o
prprio documento de onde vem a informao, deve-se dar conta da
origem e gnese do documento. Mas este no mais o ncleo central da
disciplina.
Portanto, como ela deve ser chamada?

Por vezes, nos ltimos anos, empregamos o termo "documentologia"


para designar este domnio do conhecimento ou disciplina de ensino (3).
Outros contestam este termo. De qualquer maneira, ele no aparece na
Terminologia da Documentao publicada em cinco lnguas, em 1976, pela
Unesco, nem na norma francesa Z40-001: "Vocabulaire de l'information et
de la documentation", difundida em 1979. Observa-se tambm que no
h equivalente nas lnguas estrangeiras mais comuns, exceto s vezes em
espanhol.
A formao da palavra no leva, com efeito, a empreg-la nesse
sentido. Uma "-logia" um "discurso (cientfico) sobre". A geologia um
discurso cientfico sobre a terra, a psicologia, sobre a alma humana e
sobre o intelecto. A documentologia seria ento um discurso cientfico
sobre documentos, mas no sobre a documentao. Se quisermos dispor
da palavra por seu primeiro uso, devemos rejeitar submet-la ao
segundo.
Deste modo, demarcaramos seu lugar muito claramente ao lado da
palavra "bibliologia" que no causa equvocos. De comum acordo, a
bibliologia a cincia do escrito (4). Com isto, queremos dizer que ela
tem um objeto de conhecimento determinado, o escrito, designado pelo
nome do livro, "biblion", o mais comum e familiar dos objetos que
encarregamos das mensagens escritas. Ela se prope a estabelecer as leis
s quais obedece a produo e a distribuio do livro, as condies
sociais, econmicas, jurdicas, tcnicas, etc., que intervm nesta produo
e distribuio, suas interaes com as formas que tomam o objeto-livro e
com os usos aos quais ele se presta.
As disciplinas irms estudam do mesmo modo outros objetos
culturais, desde o momento em que eles so concebidos pelo seu criador
at o momento em que so colocados disposio do pblico para o qual
foram destinados. Elas so designadas por palavras formadas do mesmo
modo: filmologia, iconologia, discologia... Note-se que paralelamente a
cada uma destas palavras existe outra, formada com o sufixo "grafia", que
designa o conhecimento descritivo dos objetos produzidos pelo sistema

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correspondente: filmografia, discografia, iconografia, como bibliografia


(5).
Ora, todos estes objetos tm em comum o fato de serem
documentos, ao menos virtuais. Eles so produzidos para comunicar aos
destinatrios uma mensagem informativa - o que no exclui em absoluto
a presena de uma inteno esttica em seu autor. Eles so, por
conseguinte, destinados a serem documentos. Eles podem permanecer
documentos virtuais, se eles no forem recebidos como tal, isto , se seus
destinatrios no os utilizarem para buscar informao, mas somente, por
exemplo, para encher as prateleiras de uma biblioteca. Mas s poderemos
saber isto quando o objeto tiver sado do subsistema de distribuio para
alcanar as mos dos usurios potenciais. Colocamo-nos, neste momento,
na origem e consideramos somente o sistema de produo e distribuio.
Nesta fase todos os objetos capazes de receber em sua criao um
contedo informativo podem ser chamados de documento.
Neste caso, a documentologia seria, portanto, uma generalizao de
disciplinas anteriormente nomeadas: bibliologia, iconologia, etc. Ela
estudaria o sistema de produo e distribuio de todos os "documentos
por inteno" independentemente de seu uso, documentrio ou outro. E a
documentografia designaria, do mesmo modo, o estudo enumerativo,
descritivo, classificador de todo tipo de documento.
Trata-se de um imperialismo terminolgico? Certamente no. Mas se
o temssemos, poderamos restringir o uso desta palavra dando-lhe um
sentido no englobante, mas residual. Diramos, ento, que a
documentologia um discurso cientfico sobre as categorias de
documentos aos quais no consagrado um discurso particular; seu
objeto seria constitudo pelos documentos que no se enquandram nem
na bibliologia, nem na filmologia, nem...
no-livros
Da mesma forma, os bibliotecrios anglo-saxes inventaram, no
muito tempo atrs, o termo "no-livro" ("non-books") para designar todos
os bens que eram confiados a seus cuidados, mas que eles no sabiam
como catalogar ou armazenar: discos, diapositivos, fitas magnticas...
Desenvolveu-se at mesmo uma norma de "descrio bibliogrfica" para
os no-livros. Os inconvenientes desta prtica aparecem rapidamente,
como todos aqueles que se baseiam somente sobre uma definio
negativa, por excluso. Os produtos agrupados deste modo no tm nada
mais em comum alm de serem cobertos pelo mesmo rtulo; e o falso
conjunto que eles constituem progressivamente reduzido medida que
um ou outro de seus elementos ganha importncia suficiente para criar
um discurso e um tratamento que lhe so prprios.
Para concluir este ponto, utilizamos as palavras em "-logia" para
nomear as cincias que estudam os sistemas de produo e de
distribuio de todos os objetos culturais. Todos estes objetos so (ao
todos objetos
culturais menos virtualmente) "documentos", o termo documentologia engloba
todos os outros, cada um dos quais se aplica a uma categoria especfica
de objetos-documento: bibliologia, filmologia, discologia... e novos termos
podem ser adicionados lista medida que novos objetos ganhem espao
suficiente na sociedade para justificar um discurso particular: por que no

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amanh videologia, etc. Da mesma forma, pode-se designar por um novo


termo o discurso dedicado a uma sub-categoria que levanta problemas
especficos; a hemerologia poderia ser o estudo da imprensa, se
quisermos distingui-la das revistas cientficas. Independentemente da lista
atual ou futura destes termos, seu paralelismo se engaja em uma reflexo
geral e comparativa sobre as condies de produo e distribuio de
todos os objetos culturais que possam ser responsveis pela transmisso
de informao.
Resta, claro, nomear o estudo do que se passa no destino, aquele do
segundo sistema tcnico-social no mbito do qual esses objetos so usados
como documentos para fornecer informao. Ora, aqui no mais o
documento que o objeto prprio do estudo. Pode-se at dizer que este
estudo tende a esvazi-lo de seu campo, vendo-o apenas como portador da
informao pela qual se interessa. Que nos perdoem aqueles que amam
estes objetos porque eles so bonitos e sabem ser preciosos companheiros,
vs. livro
aqueles que escrevem e produzem livros como obras de arte, os editores e os
impressores, os biblilogos e os biblifilos, aqueles que confiam e que pedem
contedo; a estes objetos, antes de tudo, os valores culturais e estticos; que eles nos
perdoem por sermos iconoclastas! Porque nestes documentos no vemos e
no buscamos outra coisa que no a informao, e depois de extrair este
suco, ns deixamos para outros usurios a polpa e a casca.

O objeto prprio da abordagem documentria, tal como foi brevemente


descrita acima, , portanto, a informao.

O estudo desta abordagem incontestavelmente uma cincia da


informao, ou ao menos um de seus ramos ou disciplinas. Poderamos
cham-la informatologia.
documentologia:
O termo documentologia, se seguirmos a anlise precedente,
aplica-se ao estudo do sistema tcnico-social primrio da produo e
difuso da informao, colocando nfase sobre o documento, suporte
Informatologia: material que permite esta difuso. Simetricamente, a informatologia
seria o discurso cientfico sobre o sistema secundrio, aquele para o qual
o objeto central a informao. A abstrao do documento feita aqui
tanto quanto possvel; este considerado somente como uma fonte em
direo qual nos dirigimos para obter a informao que ele pode
conter.
Se a documentologia e a informatologia so, ento, as duas
grandes disciplinas da cincia da informao, elas se distinguem pelo
objeto central de estudo, e, portanto, pelo ponto de vista sobre os
fenmenos estudados. necessrio acrescentar que a extenso do campo
que elas cobrem no a mesma, a da documentologia mais ampla.
Consideremos o esquema abaixo, que classifica os diferentes gneros de
informao retomando algumas das caracterizaes propostas acima. A
documentologia cobre os quatro grandes gneros da informao e todos
os documentos que podem suport-la: livros e peridicos cientficos, mas
tambm manuais e apostilas de curso, imprensa escrita ou falada, jornais

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Documento, documentao, documentologia Camila Mariana A. da Silva; Marclio de Brito;
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de entretenimento e cartazes polticos, filmes de todo tipo e fitas de


vdeo... Para a informatologia, por outro lado, s pertinente a
informao pertencente aos dois genros do primeiro nvel da informao
diretamente, explicitamente til, j que por ela que construdo o
sistema tcnico-social secundrio.

Gneros de informaes Durao da vida da informao


Instantnea Durvel ou definitiva
ser til informao utilitria ou informao
explicitamente de orientao especializada
(information de (cientfica, tcnica...)
Funo da renseignement)
Informao prazer, diverso, informao nova informao cultural
enriquecimento [nt. nouvelles est no (aculturante)
(utilidade difusa) plural e nesse caso pode
designar notcias]

necessrio ressaltar que esta distino, clara no nvel da


informao, no se aplica da mesma forma aos documentos que a
suportam. Na verdade, a informao qualificada pelo uso que dela
feito, portanto, posteriormente produo do documento que a suporta.
Meu jornal da manh feito para me trazer notcias atuais, que
pertencem ao segundo nvel do esquema. Mas se eu recorto um artigo
deste jornal para armazen-lo num dossi, ou se eu simplesmente
conservo este nmero para encontrar uma informao que mais tarde eu
sei que vou precisar, eu confiro a um objeto, que permanece fisicamente
catalogar/indexar
o mesmo, um valor informativo: eu o fao um documento. Ao submeter
ao processo documentrio uma informao veiculada pelas mdias e que
era, at ento, informao de atualidade ou informao de
doc.: informao entretenimento, eu a transformo em informao especializada. Digamos
especializada que qualquer documento susceptvel de entrar a qualquer momento no
sistema secundrio de transferncia de informao; neste momento que
a informao que ele suporta adentra o campo da informatologia.
Cobrindo uma ou outra disciplina, e necessariamente tambm, como
uma espcie de tronco comum, a reflexo sobre aquilo que as une e as
distingue, isto , a prpria informao e suas propriedades, a cincia da
informao pode ser descrita como o fez desde 1969, em termos que
ainda so vlidos, o presidente da "American Society for Information
Science" (7).
"A Cincia da Informao estuda as propriedades e o
comportamento da informao, as foras que comandam os processos de
sua transferncia e a tecnologia necessria para trat-la de modo a
otimizar seu acesso e sua utilizao. Ela se interessa especialmente pelas
representaes da informao dentro de sistemas naturais bem como
artificiais, pela utilizao de cdigos permitindo a transmisso,
conservao e recuperao de mensagens, e pelos estudos dos meios e
tcnicas destinados ao tratamento da informao, tais como
computadores e suas cadeias de programas."

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Na prtica norte-americana o termo "information science" muito


frequentemente empregado, e usado para designar departamentos
universitrios, bem como as associaes e as publicaes. Seu significado
um pouco restrito em comparao com a amplitude da definio que
information
precede: ele tende a designar somente o discurso sobre a informao
science especializada, que um dos quatro gneros que aparecem no nosso
esquema (8). No entanto, parece legtimo mant-lo, em francs, no
sentido mais amplo, para cobrir todas as formas da informao.
Estando, no que precede, comprometidos com o caminho da
inovao terminolgica, damos um passo frente. Aquele que detm o
discurso cientfico sobre a informao e que cultiva a informatologia seria
um informatlogo. No entanto, aquele que implementa as realizaes
desta disciplina, e que pratica a transferncia da informao, seria um
informatista. Haveria entre as duas palavras a mesma relao que existe
entre farmacologista e farmacutico. talvez uma pena que este
praticante da informao no possa ser chamado de "informtico"
(informaticien), mas este termo foi especializado h mais de uma dcada
em um uso completamente diferente.
Mas mantenhamos nosso propsito, que era dar um nome para o
conhecimento cientfico da prtica documentria. E deixemos aos leitores
deste artigo o cuidado de decidir se o autor, ao tent-lo, fez um trabalho
de informatlogo.

(1) La Comunication Obra realizada sobre a direo de Abraham


Moles, auxiliado por Claude Zeltmann, Paris, Centro de estudo e promoo
da leitura, difuso Denel, 1971, 575 p. (Les dictionnaires du savoir
moderne). Os dois artigos criticados se encontram na p. 193.
(2) Publicado mensalmente pela CNRS desde 1970; uma das
sees do Boletim Sinaltico cuja criao mais recente. Em 1970 e
1971, o ttulo era "Information scientifique et technique"; o ttulo atual
que coloca em destaque a palavra "Documentation" data de 1972.
(3) Robert Escarpit. Thorie gnrale de l'information et de la
communication. Paris, Hachette, 1976, 218 p. O lxico, p. 206, define
"information science" como o equivalente ingls de "documentologie".
Sobre "documentologie" o ndice somente remete "documentation".
Numa obra precedente do mesmo autor L'Ecrit et la communication, Paris,
Presses universitaires de France, 1973, p. 56, a palavra foi definida como
"science des techniques documentaires".
(4) Robert Estivals. Schmas pour la bibliologie, Viry-Chtillon,
SEDIEP, 1976, 91 p. Do mesmo autor: La bibliologie : introduction
historique une science de l'crit. Tomo 1: La Bibliomtrie. Paris, Socit
de bibliologie et de schmatisation, 1978, 171 p.
(5) Louise-Nolle Malcls. La Bibliographie. Paris, Presses
Universitaires de France, 1956, 136 p. No primeiro captulo do "Que sais-
je?", p. 12, a eminente bibligrafa endossou a posio tomada em 1934
pelo Centre de synthse historique que via a bibliografia como "um setor
da bibliologia". Ela via uma "cincia concreta", uma "disciplina autnoma

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cujo objeto prprio o recenseamento de textos impressos em sua


totalidade".
(6) ISBD (NBM) = International Standard Bibliographic Description
for Non book Materials. London, IFLA International Office for UBC, c/o
British Library, Reference Division, 1971, VIII + 60 p. A contribuio de
Jean Meyriat para os "no-livros" no Le livre franais hier, aujourd'hui,
demain: um balano estabelecido sob a direo de Julien Cain, Robert
Escarpit, Henri-Jean Martin (Paris, Imprimerie nationale, 1972, p. 319-
331), deu a esta expresso um sentido bastante diferente e que se pode
considerar imprprio: o de que se trataria, em uma obra coletiva sobre os
livros, de falar sobre tudo aquilo em que outros captulos no se fala. Os
peridicos, os relatrios, etc., foram, por consequncia, definidos pelo que
os distinguia dos livros propriamente ditos. Mas esta terminologia pode
levar confuso. melhor aceitar uma certa ambivalncia da palavra
"livro", tornando-a um termo genrico que cobre vrias espcies: a do
livro propriamente dito, a da brochura, a dos peridicos (subespcies: o
jornal, a revista, o anurio...). Neste sentido, o "livro" no seno o
escrito (publicado) e objeto da bibliologia e da bibliografia.
(7) Bob Taylor, em American Documentation, oct. 1969, p. 331. Nos
Estados Unidos, a associao profissional dos documentalistas foi criada
em 1937 sob o nome de "American Documentation Institute". Ela
assumiu, a partir de 1968, o nome de "American Society for Information
Science", para marcar a ampliao da esfera de interesse de seus
membros. Ela publica uma revista que de 1950 a 1969 foi intitulada:
"American Documentation", mas que desde 1970 se chama: Journal of the
American Society for Information Science.3
(8) Os peridicos especializados de lngua inglesa, especialmente a
revista mencionada na nota precedente, publicam frequentemente artigos
sobre o domnio e a epistemologia desta "information science". Entre as
publicaes mais recentes sobre estas questes, ver: Theory and
application of information research, editado por Ole Harbo e Leif Kajberg.
London, Mansell, 1980, 235 p.

3
N.T.: O nome atual desta revista Journal of the Association for Information Science and Technology
(JASIST).

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