FIL, A FADINHA LSBICA (HILDA HILST, 1930 - 2004)

Ela era gorda e mida. Tinha pezinhos redondos. A cona era peluda Igual mo de um mono. Alegrinha e vivaz Feito andorinha s tardes vestia-se Como um rapaz Para enganar mocinhas. Chamavam-lhe "Fil, a lsbica fadinha". Em tudo que tocava Deixava sua marca registrada: Uma estrelinha cor de maravilha Fcsia, bord Ningum sabia o nome daquela c. Metia o dedo Em todas as xerecas: loiras, pretas Dizia-se at... Que escarafunchava bonecas. Bulia, beliscava Como quem sabia O que um dedo faz Desde que nascia. Mas noite... quando dormia... Peidava, rugia... e... Nascia-lhe um basto grosso De incio igual a um caroo Depois... Ia estufando, crescendo E virava um troo Lils Fcsia Bord Ningum sabia a c do troo Da Fadinha Fil. Faziam fila na Vila. Falada "Vila do Troo". Famosa nas Oropa Oiapoc ao Chu Todo mundo tomava Um basto no oiti. Era um gozo gozoso Trevoso, gostoso Um arrepio nos meio! Mocinhas, marmanjes Ressecadas velhinhas Todo mundo gemia e chorava

De pura alegria Na Vila do Troo. At que um belo dia... Um cara troncudo Com focinho de tira De beio bord, fcsia ou maravilha (ningum sabia o nome daquela c) Seqestrou Fadinha E foi morar na Ilha. Nem barco, nem ponte O troncudo nadando feito rinoceronte Carregava Fadinha. De pernas abertas Nas costas do gigante Pela primeira vez Na sua vidinha Fil estrebuchava Revirando os inho Enquanto veloz veloz O troncudo nadava. A Vila do Troo Ficou triste, vazia Sorumbtica, ttrica Pois nunca mais se viu Fil, a Fadinha lsbica Que noite virava fera E peidava e rugia E nascia-lhe um troo Fcsia Lils Maravilha Bord At hoje ningum conhece O nome daquela c. E nunca mais se viu Algum-Fantasia Que deixava uma estrela Em tudo que tocava E um rombo na bunda De quem se apaixonava. Moral da estria, em relao Fadinha: Quando menos se espera, tudo reverbera. Moral da estria, em relao ao morador da Vila do Troo: No acredite em Fadinhas. Muito menos com cacete. Ou somem feito andorinhas Ou te deixam cacoetes.

Samba-cano (Ana Cristina Cesar, 1952 - 1983)

Tantos poemas que perdi. Tantos que ouvi, de graa, pelo telefone ta,, eu fiz tudo pra voc gostar, fui mulher vulgar, meia-bruxa, meia-fera, risinho modernista arranhando na garganta, malandra, bicha, bem viada, vndala, talvez maquiavlica, e um dia emburrei-me, vali-me de mesuras (era comrcio, avara, embora um pouco burra, porque inteligente me punha logo rubra, ou ao contrrio, cara plida que desconhece o prprio cor-de-rosa, e tantas fiz, talvez querendo a glria, a outra cena luz de spots, talvez apenas teu carinho, mas tantas, tantas fiz...

SONETO 139 OROERTICO [OU OROTERICO] (Glauco Mattoso, 1951)

Segundo especialistas, a chupeta depende da atitude do chupado: se o pau recebe tudo, acomodado, ou fode a boca feito uma boceta. Pratica irrumao o pau que meta e foda a boca at ter esporrado; Pratica felao se for mamado e a boca executar uma punheta. Em ambos casos, mesma concluso. O esperma ejaculado na garganta destino certo tem: deglutio. Segunda concluso: de nada adianta negar que a boca sofra humilhao, pois, s de pensar nisso, o pau levanta.

O PEIDO QUE A NEGA DEU QUASE NO CABE NO CU

Muita merda j fedeu Glosada de mote em mote, Mas no h glosa que esgote O peido que a nega deu. Outro cheiro mote meu: Chul de macho, um tabu Que afugenta at urubu! Chupo o p, cresce-lhe a pica E, de to grossa que fica, Quase no cabe no cu!

SONETO 143 HIGINICO (Glauco Mattoso, 1951)

Se o orifcio anal um olho cego, que pisca e vai fazendo vista grossa a tudo que entra e sai, que entala ou roa, trs vezes cego sou. Que cruz carrego! Porm no pela mo me prende o prego, mas pela lngua suja, que hoje coa o cu dos outros, feito um limpa-fossa, e as pregas, como esponja escrota, esfrego. O beijo negro o ltimo degrau desta degradao em que mergulho, maior humilhao eu chupar pau. Sujeito-me com nusea, com engulho, ao paladar fecal e ao cheiro mau, e, junto com a merda, engulo o orgulho.

SONETO 307 PUNHETEIRO Se 'circle jerk' roda de punheta, J fica desde logo demonstrado: Brinquedo de guri no quadrado. A mente dum adulto que careta. Pensando nos peitinhos, na buceta, Mas vendo os coleguinhas lado a lado, Libido de menino complicado: Bedelho mete em tudo, esse xereta! Pentelho inda no tem, e j maneja Com toda a habilidade seu cacete, Expondo a cabecinha de cereja. Lembrar do pirulito e do sorvete quase que automtico. Fraqueja Um deles, e na turma faz boquete.

SONETO DO ADEUS S PUTAS (Manuel Maria de Barbosa du Bocage, 1765 - 1805)

Que eu no possa ajunctar como o Quintella coisa que me afflige o pensamento; Desinquieta a porra quer sustento, E a pivia tracta ja de bagatella. Si n'outro tempo houve alguma bella Que o amor s desse o conno pennugento, Isso foi, ja no ; que o mais sebento Cagaal quer durazia caravella. Perdem saude, bolsa, e economia; Nunca mais me vero meu membro ropto; Est ahi mi'a porral philosophia. Putas, adeus! No sou vosso devoto; Co'um sesso engannarei a phantasia, Numa escada enrabando um bom garoto.

Glossrio: porra: membro viril pvia: punheta cono penugento: vulva peludinha sesso: par de ndegas

VERSOS NTIMOS (Paulo Vellozo, poema de 1933) Vs?! De que te serviu tamanho nabo E esse par de colhes, to volumoso? Somente o meu caralho esse guloso Foi amigo sincero do teu rabo. Acostuma-te sempre ao meu peru. O puto que, no mundo miservel, Mora entre machos sente inevitvel Necessidade de tomar no cu. Toma um ovo. Segura esta pichorra. A foda, amigo, a vspera da porra. O pau que fode o mesmo que se esporra. Se acaso no teu cu dei algum talho, Peida no pau a tt'lo de desforra E caga na cabea do caralho.

EMPATA-FODA (Jayme Santos Neves, poema de 1933) Redondo cu a palpitar fogoso, Em meio a um bujo gordo e rosado, Tinha um plo macio e bem sedoso, Em volta ao caprichoso pregueado. Tal o cu que um dia eu quis comer, Arretado qual frade garanho, E co'o caralho duro e a tremer De justificadssima teso. Minha bichoca entrava docemente Pela mucosa quente, deslizando, Quando bate um caroo de repente! No posso me conter: "Paulo, que isto?" E ele, ainda de gozo se babando: "No se incomode, no, o meu quisto..."

(Laurindo Rabelo, 1826 - 1864)

Em noite do Esprito Santo Comia certo fanchono Um sacana de alto abono De uma barraca no canto; J lhe tinha um tanto ou quanto Entrado do cu na fresta; Troam foguetes... "E esta? (diz o puto em repiquetes) A que vm estes foguetes? Porra no cu no festa!"

Tinha a pica intrometido J toda no cu de um puto, E pelo pentelho hirsuto Tinha a destra introduzido; Diz-me o puto mui dodo: - Meu senhor, queira tir-lo! Eu aperto-lhe o badalo, E o puto, ento se zangando, Grita, a bunda retirando: - No posso mais atur-lo!

Glossrio: porra: membro viril fanchono: pederasta ativo sacana: pederasta passivo puto: pederasta badalo: membro viril

As rosas do cume (Laurindo Rabelo, 1826 - 1864)

No cume daquela serra Eu plantei uma roseira Quanto mais as rosas brotam Tanto mais o cume cheira tarde, quando ao sol posto O vento no cume beija Vem travessa borboleta E as rosas do cume deixa No tempo das invernias Que as plantas do cume lavam Quanto mais molhadas eram Tanto mais no cume davam Quando cai a chuva fina Salpicos no cume caiem Abelhas no cume entram Lagartos do cume saem Mas, se as guas vm correndo O sujo do cume limpam Os botes do cume abrem As rosas do cume brincam Tenho, com certeza agora Que no tempo de tal rega Arbusto por mais mimoso Plantado no cume, pega E logo que a chuva cessa Ao cume leva alegria

Pois volta a brilhar depressa O sol que no cume abria hora de anoitecer Tudo no cume escurece Pirilampos do cume brilham Estrelas no cume aparecem E quando chega o Vero Tudo no cume seca O vento o cume limpa E o cume fica careca Vem, porm, o sol brilhante E seca logo em catadupa O mesmo sol, a terra abrasa E as guas do cume chupa As rosas do cume espreitam Entre as folhagens d'alm Trazidas da fresca brisa Os cheiros do cume vm E quando chega o Inverno A neve no cume cai O cume fica tapado E ningum ao cume vai No cume dessa montanha Tem um olho de gua beira uma gua to cheirosa Que a multido ansiosa O olho do cume cheira

NUNCA TE FORAM AO CU (Antnio Botto, 1902 1959)

Nunca te foram ao cu, Nem nas perninhas, aposto! Mas um homem como tu, Lavadinho, todo nu, gosto! Sem ter pentelho nenhum, Com certeza, no desgosto, At gosto! Mas... gosto mais de fedelhos. Vou-lhes ao cu, Dou-lhes conselhos, Enfim... gosto!

ANTNIO BOTTO (Francisco Eugnio dos Santos Tavares, 1913 1963)

Tenho preguia e sono, A alma e o corpo nu, Tenho a fobia de cono, Ai quem me dera um fanchono Que me quisesse ir ao cu! Tenho preguia e sono, A alma e o corpo nu. Tenho sono e preguia, Sou um homossexual, Em mim o prazer se atia Ao ver a potente pia De um plebeu rude, brutal... Tenho sono e preguia, Sou um homossexual. Tenho harns, tenho serralhos De msculas mariposas, Tenho seiscentos caralhos, Uns rijos quais frreos malhos, Outros macios como rosas. Tenho harns, tenho serralhos De msculas mariposas. Tenho o corpo enlanguescido Por volpias siderais. Tenho o cu prostitudo Por mangalhos bestiais. Tenho o corpo enlanguescido Por volpias siderais. Levai nos vossos traseiros, Poetas da nossa terra! Marsapos so os braseiros Do amor. E, paneleiros, Vereis o que o gozo encerra. Levai nos vossos traseiros, Poetas da nossa terra!

CANTIGA DE MALDIZER (Afonso Eanes de Coton, sXIII)

Maria Mateu, daqui vou desertar. De cona no achar, o mal me vem. Aquela que a tem no ma quer dar E algum que ma daria no a tem. Maria Mateu, Maria Mateu, To desejosa sois de cona como eu!

Quantas conas foi Deus desperdiar Quando aqui abundou quem no as quer! E a outros, f-las muito desejar: A mim e a ti, ainda que mulher. Maria Mateu, Maria Mateu, To desejosa sois de cona como eu!