Apenas Um Saxofone - Lygia Fagundes Telles
Apenas Um Saxofone - Lygia Fagundes Telles
Apenas Um Saxofone - Lygia Fagundes Telles
Anoiteceu e faz frio. Merde! voil lhiver, o verso que, segundo Xenofonte, cabe dizer agora. Aprendi
com ele que palavro em boca de mulher como lesma em corola de rosa. Sou mulher. Logo, s posso
dizer palavro em l!ngua estrangeira, se poss!vel, fazendo parte de um poema. "nto as pessoas em redor
podero ver como sou aut#ntica e ao mesmo tempo erudita. $ma puta erudita, to erudita que se quisesse
podia dizer as piores bandalheiras em grego antigo, o Xenofonte sabe grego antigo. " a lesma ficaria
irreconhec!vel como convm a uma lesma numa corola de quarenta e quatro anos e cinco meses, meu
%esus. &oi r'pido no( )'pido. *ais seis anos e terei meio sculo, tenho pensado muito nisso e sinto o
prprio frio secular que vem do assoalho e se infiltra no tapete. *eu tapete persa, todos meus tapetes so
persas, mas no sei o que fazem esses bastardos que no impedem que o frio se instale na sala. &azia
menos frio no nosso quarto, com as paredes forradas de estopa e o tapetinho de +uta no cho, ele mesmo
forrou as paredes e pregou retratos de antepassados e gravuras da ,irgem de &ra Angelico, tinha pai-o
por &ra Angelico.
.nde agora( .nde( /odia mandar acender a lareira, mas despedi o copeiro, a arrumadeira, o cozinheiro 0
despedi um por um, me deu um desespero e mandei a cor+a toda embora, rua, rua1 &iquei s. 2' lenha em
algum lugar da casa, mas no s riscar o fsforo e tocar na lenha como se v# no cinema, o +apon#s ficava
horas a! me-endo, soprando at o fogo acender. " eu mal tenho for3as de acender o cigarro.
"stou aqui sentada faz no sei quanto tempo. 4esliguei o telefone, me enrolei na manta, trou-e a garrafa
de u!sque e estou aqui bebendo bem devagarinho para no ficar de porre, ho+e no, ho+e quero ficar l5cida,
vendo uma coisa, vendo outra. " tem coisa a be3a para ver tanto por dentro como por fora, ainda mais por
fora, uma porrada de coisas que comprei no mundo inteiro, coisas que nem sabia que tinha e que s ve+o
agora, +usto agora que est' escuro. 6 que fomos escurecendo +untas, a sala e eu. $ma sala de uma burrice
atroz, afetada, pretensiosa. " sobretudo rica, e-orbitando de riqueza, abri um saco de ouro para o
decorador se esbaldar nele. " se esbaldou mesmo, o veado. 7hamava8se )en# e chegava logo cedinho com
suas telas, veludos, musselinas, brocados, 9trou-e ho+e para o sof' um pano que veio do Afeganisto,
completamente divino1 4i8vino1 :em o pano era do Afeganisto nem ele era to veado assim, tudo
mistifica3o, c'lculo. Surpreendi8o certa vez sozinho, fumando perto da +anela, a e-presso fatigada e
triste de um ator que +' est' farto de representar. Assustou8se quando me viu, foi como se o tivesse
apanhado em flagrante roubando um talher de prata. "nto retomou o g#nero borbulhante e saiu se
rebolando todo para me mostrar o oratrio, um oratrio falsamente antigo, tudo feito h' tr#s dias mas com
furinhos na madeira imitando caruncho de tr#s sculos. 9"ste an+o s pode ser do Alei+adinho, ve+a as
bochechas1 " os olhos de cantos ca!dos, um nadinha estr'bicos... "u concordava no mesmo tom histrico,
embora soubesse perfeitamente que o Alei+adinho teria que ter mais dez bra3os para conseguir fazer tanto
an+o assim, a casa de *ad; tambm tem milhares deles, todos aut#nticos, 9um nadinha estr'bicos, repetiu
ela com voz em falsete de )en#. <ossa colonial de grande lu-o. " eu sabendo que estava sendo enganada
e no me importando, ao contr'rio, sentindo um agudo prazer em comer gato por lebre. Li ontem que +'
esto comendo ratos em Saigon e li ainda que +' no h' mais borboletas por l', nunca mais haver' a menor
borboleta... 4esatei anto a chorar feito louca, no sei se por causa das borboletas ou dos ratos. Acho que
nunca bebi tanto como ultimamente e quando bebo assim fico sentimental, choro = toa. 9,oc# precisa se
cuidar, )en# disse na noite em que ficamos de fogo, s agora penso nisso que ele me disse. /or que devo
me cuidar, por qu#( 7ontratei8o para fazer em seguida a decora3o
da casa de campo, 9tenho os mveis ideais para essa sua casa, ele avisou e eu comprei os mveis ideais,
comprei tudo, compraria at a peruca de *aria Antonieta com todos os seus labirintos feitos pelas tra3as e
mais a poeira pela qual no me cobraria nada, simples contribui3o do tempo, claro. > claro.
.nde agora( ?s vezes eu fechava os olhos e os sons eram como voz humana me chamando, me
envolvendo, Luisiana, Luisiana1 @ue sons eram aqueles( 7omo podiam parecer voz de gente e serem ao
mesmo tempo to mais poderosos, to mais puros. " despretensiosos como ondas se renovando no mar,
aparentemente iguais, s aparentemente. "ste o meu instrumento, disse ele deslizando a mo pelo
sa-ofone. 7om a outra mo em concha, cobriu meu peitoA 9" esta a minha m5sica.
.nde, onde( .lho meu retrato em cima da lareira. 9:a lareira tem que ficar seu retrato, determinou )en#
num tom autorit'rio, =s vezes ele era autorit'rio. Apresentou8me seu namorado, pintor, pelo menos me
fazia crer que era seu namorado porque agora +' no sei mais nada. " o efebo de caracis na testa me
pintou toda de branco, uma 4ama das 7amlias voltando do campo, o vestido comprido, o pesco3o
comprido, tudo assim esgalgado e iluminado como se eu tivesse o prprio an+o tocheiro da escada aceso
dentro de mim. Budo +' escureceu na sala menos o vestido do retrato, l' est' ele di'fano como a mortalha
de um ectoplasma pairando suav!ssimo no ar. $m ectoplasma muito mais +ovem do que eu, sem d5vida o
pu-a8saco do pintor era suficientemente esperto para imaginar como eu devia ser aos vinte anos. 9,oc# no
retrato parece um pouco diferente, concedeu ele, 9mas o caso que no estou pintando s seu rosto,
acrescentou muito sutil. @ueria dizer com isso que estava pintando minha alma. 7oncordei na hora, fiquei
at comovida quando me vi de cabeleira eltrica e olhos vidrados. 9*eu nome Luisiana, me diz agora o
ectoplasma. 92' muitos anos mandei embora o meu amado e desde ento morri.
.nde(... Benho um iate, tenho um casaco de vison prateado, tenho uma coroa de diamantes, tenho um rubi
que +' esteve incrustado no umbigo de um -' famos!ssimo, at h' pouco eu sabia o nome desse -'. Benho
um velho que me d' dinheiro, tenho um +ovem que me d' gozo e ainda por cima tenho um s'bio que me
d' aulas sobre doutrinas filosficas com um interesse to plat;nico que logo na segunda aula +' se deitou
comigo, vinha to humilde, to miser'vel com seu terno de luto empoeirado e suas botinas de vi5vo que
fechei os olhos e me deitei, vem Xenofonte, vem. 9:o sou Xenofonte, no me chame de Xenofonte, ele
me implorou e seu h'lito tinha o cheiro recente de pastilhas ,alda, era Xenofonte, nunca houve ningum
to Xenofonte quanto ele. 7omo nunca houve uma Luisiana to Luisiana como eu, ningum sabe desse
nome, ningum, nem o c'ften do meu pai que nem esperou eu nascer para ver como eu era, nem a
coitadinha da minha me que no viveu nem para me registrar. :asci naquela noite na praia e naquela
noite recebi um nome que durou enquanto durou o amor. .utra madrugada, quando enchi a cara e fui falar
com meu advogado para no p;r no meu t5mulo outro nome seno esse, ele deu risadinha e-ecr'vel,
9Luisiana( *as por que Luisiana( 4e onde voc# tirou esse nome(.
7ontrolou8se para no me chacoalhar por t#8lo acordado aquela hora, vestiu8se e muito polidamente me
trou-e para casa,como queira, minha querida, voc# manda1
" deu sua risadinha, enfim, uma puta b#bada mas rica tem o direito de botar no t5mulo o nome que bem
entender, foi o que provavelmente pensou. *as +' no me importo com o que ele pensa, ele e mais a
cambada toda que me cerca, opinio alheia este tapete, este lustre, aquele retrato. .pinio alheia esta
casa com os santos varados por mil cargas.
*as antes eu me importava e como. /or causa dessa opinio tenho ho+e um piano de cauda, tenho um gato
siam#s com uma argola na orelha, tenho ch'cara com
piscina e papel higi#nico com florinhas douradas que o velho trou-e dos "stados $nidos +unto com o
esto+o pl'stico que toca uma musiquinha enquanto a gente vai desenrolando o papel, oh! My last rose of
summer!.... @uando me deu os rolos, deu tambm os potes de caviar, 9 preciso dourar a p!lula, disse
rindo com sua grossura habitual, um grosso, seno cuspisse dlar eu +' teria mandado ele para aquela
parte com seus tacos de golfe e cuecas perfumadas com lavanda. Benho sapato com fivela de diamante e
um aqu'rio com uma floresta de coral no fundo, quando o velho me deu a prola, achou original!ssimo
esconde8la no fundo do aqu'rio e me mandar procurarA 9"st' ficando quente, mais quente. :o, agora
esfriou1... " eu me fazia menininha e ria quando minha vontade mesmo era dizer8lhe que enfiasse a
prola no rabo e me dei-asse em paz, me dei-asse em paz1 "le, o +ovem ardente com todos seus ardores,
Xenofonte com seu h'lito de hortel 0 en-otar todos como fiz com a criadagem, todos uns sacanas que
mi+am no meu leite e se torcem de rir quando fico para cair de b#bada.
.nde, meu 4eus( .nde agora( Benho tambm um diamante do tamanho de um ovo de pomba. Brocaria o
diamante, o sapato de fivela, o iate 0 trocaria tudo, anis e dedos, para poder ouvir um pouco que fosse a
m5sica do sa-ofone. :em seria preciso v#8lo, +uro que nem pediria tanto, eu me contentaria em saber que
ele estava vivo, vivo em algum lugar, tocando seu sa-ofone.
@uero dei-ar bem claro que a 5nica coisa que e-iste para mim a +uventude, tudo o mais besteira,
lante+oulas, vidrilho. /osso fazer duas mil pl'sticas e no resolve, no fundo a mesma bosta, s e-iste a
+uventude. "le era a minha +uventude, s que naquele tempo eu no sabia, na hora a gente nunca sabe nem
pode mesmo saber, fica tudo natural como o dia que sucede = noite, com o Sol, a Lua, eu era +ovem e no
pensava nisso como no pensava em respirar. Algum por acaso fica atento ao ato de respirar( &ica, sim,
mas quando a respira3o se esculhamba. "nto d' aquela tristeza, pu-a eu respirava to bem...
"le era a minha +uventude, ele e seu sa-ofone que luzia como ouro. Seus sapatos eram su+os, a camisa
despencada, a cabeleira um ninho, mas o sa-ofone estava sempre meticulosamente limpo. Binha tambm
mania com os dentes, que eram de uma brancura que nunca vi igual, quando ele ria eu parava de rir para
ficar olhando. Brazia a escova de dentes no bolso e mais fralda para limpar o sa-ofone, achou num t'-i
uma cai-a com uma d5zia de fraldas %ohnson e desde ento passou a usa8las para todos os finsA era len3o,
a toalha de rosto, o guardanapo, a toalha de mesa e o pano de limpar o sa-ofone. &oi tambm a bandeira
de paz que usou na nossa briga mais sria, quando quis que tivssemos um filho. Binha pai-o por tanta
coisa...
A primeira vez que nos amamos foi na praia. . cu palpitava de estrelas e fazia calor. "nto fomos
rolando e rindo at as primeiras ondas que ferviam na areia e ali ficamos nus e abra3ados na 'gua morna
como a de uma bacia. /reocupou8se quando lhe disse que no fora sequer batizada. 7olheu a 'gua com as
mos e despe+ou na minha cabe3aA 9"u te batizo, Luisiana, em nome do /adre, do &ilho e do "sp!rito
Santo. Amm. /ensei que ele estivesse brincando mas nunca o vi to grave. 9Agora voc# se chama
Luisiana, disse me bei+ando a face. /erguntei8lhe se acreditava em 4eus, 9Benho pai-o por 4eus,
sussurrou deitando8se de costas, as mos entrela3adas debai-o da nuca, o olhar no cuA 9. que me dei-a
perple-o um cu assim como este. @uando nos levantamos correu at a duna onde estavam nossas
roupas, tirou a fralda que cobria o sa-ofone e trou-e8a delicadamente nas pontas dos dedos para me
en-ugar com ela. A! pegou o sa-ofone, sentou8se encaracolado e nu como um fauno menino e come3ou a
improvisar bem bai-inho, formando com o fervilhar das ondas uma melodia terna e c'lida. .s sons
cresciam tremidos como bolhas de sabo, olha esta que grande1 .lha esta agora mais redonda...ah,
estourou... Se voc# me ama voc# capaz de ficar
assim nu naquela duna e tocar, tocar o mais alto que puder at que venha a pol!cia( "u perguntei. "le me
olhou sem pestane+ar e foi correndo em dire3o = duna e eu corria atr's e gritava e ria, ria porque ele +'
tinha come3ado a tocar a plenos pulmCes.
*inha companheira do curso de dan3a casou8se com o baterista de um con+unto que tocava numa boate,
houve festa. &oi l' que o conheci. "m meio da maior algazarra do mundo a me da noiva se trancou no
quarto chorando, 9ve+a em que meio minha filha foi cair1 S vagabundos, s cafa+estes1... 4eitei8a na
cama e fui buscar um copo de 'gua com a35car mas na minha aus#ncia os convidados descobriram o
quarto e quando voltei os casais +' tinham transbordado at ali, atracando8se em almofadas pelo cho.
/ulei gente e sentei8me na cama. A mulher chorava, chorava at que aos poucos o choro foi esmorecendo
e de repente parou. "u tambm tinha parado de falar e ficamos as duas muito quietas, ouvindo a m5sica de
um mo3o que eu ainda no tinha visto. "le estava sentado na penumbra, tocando sa-ofone. A melodia era
mansa mas ao mesmo tempo to eloqDente que fiquei imersa num sortilgio. :unca tinha ouvido nada
parecido, nunca ningum tinha tocado um instrumento assim. Budo o que tinha querido dizer = mulher e
no conseguira, ele dizia agora com o sa-ofoneA que ela no chorasse mais, tudo estava bem, tudo estava
certo quando e-istia o amor. Binha 4eus, ela no acreditava em 4eus( 0 perguntava o sa-ofone. " tinha a
infEncia, aqueles sons brilhantes falavam agora da infEncia, olha a! a infEncia1... A mulher parou de chorar
e agora era eu que chorava. "m redor, os casais ouviam num sil#ncio fervoroso e suas car!cias foram
ficando mais profundas, mais verdadeiras, porque a melodia tambm falava do se-o vivo e casto como um
fruto que amadurece ao sol.
.nde( .nde(... Levou8me para o seu apartamento, ocupava um min5sculo apartamento no dcimo andar
de um prdio velh!ssimo, toda a sua fortuna era aquele quarto com um banheiro m!nimo. " o sa-ofone.
7ontou8me que recebera o apartamento como heran3a de uma tia cartomante. 4epois, num outro dia disse
que o ganhara numa aposta e quando outro dia ainda come3ou a contar uma terceira histria, interpelei8o e
ele come3ou a rir, 9 preciso variar as histrias, Luisiana, o divertido improvisar que para isso temos
imagina3o1 6 triste quando um caso fica a vida inteira igual... " improvisava o tempo todo e sua m5sica
era sempre 'gil, rica, to cheia de inven3Ces que chegava a me afligir, voc# vai compondo e vai perdendo
tudo, voc# tem que tomar nota, tem que escrever o que compCe1 "le sorria.
9Sou um autodidata, Luisiana, no sei ler nem escrever m5sica e nem preciso para ser um sa-8tenor, sabe
o que um sa-8tenor( 6 o que eu sou. Bocava num con+unto que tinha contrato com uma boate e sua
5nica ambi3o era ter um dia um con+unto prprio. " ter tambm uma vitrola de boa qualidade para ouvir
)avel e 4ebussF.
:ossa vida foi to maravilhosamente livre1 " to cheia de amor, como nos amamos e rimos e choramos de
amor naquele dcimo andar, cercados por gravuras de &ra Angelico e retratos dos seus antepassados. 9:o
so meus parentes, achei tudo isso no ba5 de um poro, confessou8me certa vez. Apontei para o mais
antigo dos retratos, to antigo que da mulher s restava a cabeleira escura. " as sobrancelhas.
"sta voc# tambm achou no ba5( /erguntei. "le riu e at ho+e fiquei sem saber se era verdade ou no. Se
voc# me ama mesmo, eu disse, suba ento naquela mesa e grite com todas as for3as, voc#s so todos uns
cornudos, voc#s so todos uns cornudos1 " depois des3a da mesa e saia mas sem correr. "le me deu o
sa-ofone para segurar enquanto eu fugia rindo, no, no, eu estava brincando, isso no1 %' na esquina ouvi
seus gritos em pleno bar, 9cornudos, todos cornudos1 Alcan3ou8me em meio da gente estupefata,
9Luisiana, Luisiana, no me negue Luisiana1 .utra noite 0 sa!amos de um
teatro 0 no resisti e perguntei8lhe se era capaz de cantar ali no saguo um trecho de pera, vamos, se voc#
me ama mesmo cante aqui na escada u trecho do Rigoleto!
Se voc# me ama mesmo, me leva agora a um restaurante, me compre +' aqueles brincos, me compre
imediatamente um vestido novo1 "le agora tocava em mais lugares porque eu estava ficando e-igente, se
voc# me ama mesmo, mesmo, mesmo...
Sa!a =s sete da noite com o sa-ofone debai-o do bra3o e s voltava de manhzinha.
"nto limpava o bocal do instrumento, lustrava o metal com a fralda e ficava dedilhando distraidamente,
sem nenhum cansa3o, sem nenhum desgaste, 9Luisiana, voc# a minha m5sica e eu no posso viver sem
m5sica, dizia abocanhando o bocal do sa-ofone com o mesmo fervor com que abocanhava meu peito.
7omecei a ficar irritadi3a, inquieta, era como se tivesse medo de assumir a responsabilidade de tamanho
amor. @ueria v#8lo mais independente, mais ambicioso. ,oc# no tem ambi3o( :o usa mais artista sem
ambi3o, que futuro voc# pode ter assim( "ra sempre o sa-ofone quem me respondia e a argumenta3o
era to definitiva que me envergonhava e me sentia miser'vel por estar e-igindo mais. 7ontudo, e-igia.
/ensei em abandon'8lo mas no tive for3as, no tive, preferi que nosso amor apodrecesse, que ficasse to
insuport'vel que quando ele fosse embora sa!sse cheio de no+o, sem olhar para tr's.
.nde agora( .nde( Benho uma casa de campo, tenho um diamante do tamanho de um ovo de pomba... "u
pintava os olhos diante do espelho, tinha um compromisso, vivia cheia de compromissos, ia a uma boate
com um banqueiro. "nrodilhado na cama, ele tocava em surdina. *eus olhos foram ficando cheios de
l'grimas. "n-uguei8os na fralda do sa-ofone e fiquei olhando para minha boca que achei particularmente
fina. Se voc# me ama mesmo, eu disse, se voc# me ama mesmo ento saia e se mate imediatamente.