O Segredo de uma Cidade Pequena
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Sobre este e-book
Quando Grant Dawson é contratado para solucionar o assassinato brutal da filha de Ed Wilson, ele se vê mergulhado em um emaranhado de mistérios e conspirações na pequena cidade de Crimson, uma localidade que parece esconder mais do que aparenta.
Ao enfrentar a resistência de moradores que não gostam de forasteiros e as suspeitas da polícia e do prefeito local, Grant precisará desvendar um grande segredo por trás das cortinas e capturar o assassino antes que ele ataque novamente.
Prepare-se para uma emocionante jornada repleta de surpresas em "O Segredo de uma Cidade Pequena", o primeiro livro da série "Mistérios de Grant Dawson" de A.E. Stanfill.
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O Segredo de uma Cidade Pequena - A.E. Stanfill
1
MÚSICA ANTES DA MORTE
O dia começou normalmente
para a família Norton. Seus dois filhos adolescentes, Danny e Billy, acordaram com pouca resistência. Eles se juntaram à mãe e ao pai à mesa para o café da manhã, como de costume. Os dois garotos contaram as piadas do dia, como sempre. Betty, a mãe dos meninos, pediu para que eles parassem com aquilo, enquanto o pai ria de toda a situação. De longe, todos formavam uma típica família americana. Ninguém poderia imaginar que eles se tornariam parte de um crime terrível.
A noite havia chegado, mas tinha algo de diferente no Sr. Norton. Bob estava de mau humor, o que raramente acontecia. Ele estava irritado com sua esposa, e até chegou a enviar seus dois filhos para a cama cedo por causa de algo trivial. Depois que Betty deu ao marido algum tempo para si mesmo, ela se juntou a ele no escritório com um copo de uísque na mão.
— Dia ruim no trabalho? — Betty perguntou, entregando-lhe o copo.
Bob sorriu levemente. — Não, o trabalho correu bem — ele respondeu.
— Então por que está tão mal-humorado?
— Não quero falar sobre isso.
— Vamos lá, diga logo. — Betty sorriu. Ela sabia que, se tentasse o suficiente, Bob desistiria e diria o que ela queria ouvir. — Sou uma garota crescida, posso lidar com isso.
Ele suspirou e passou os dedos pelos cabelos antes de olhar para ela. — Junte-se a mim no sofá. — Bob deu um tapinha no assento ao lado dele. Ela se sentou, encarando-o com seu característico olhar curioso. — Agora, ouça-me. — Ele começou. — Você pode não gostar do que eu tenho a dizer.
— Você está me assustando. — Betty se arrepiou.
— Essa não é a minha intenção. — Ele franziu a testa.
— Então me conte o que está acontecendo!
— Alguém ligou para o meu celular usando um número não rastreável. Quem quer que tenha sido, essa pessoa ameaçou nossa segurança. Afirmou que morreríamos esta noite. Não só eu ou você... todos nós.
— Que horror! — Betty gritou. — Quem faria uma coisa dessas?
— Alguma criança maldita — Bob resmungou, tomando um gole de uísque. — Pelo menos foi assim que a voz soou do outro lado da linha.
— Então, não há motivo para preocupação?
— Acredito que não. Trotes são trotes. Honestamente, eu não duvidaria que os meninos estivessem por trás disso tudo.
— Não por trás de algo assim — Betty assegurou a ele.
Bob finalizou o copo de uísque. — Vamos para a cama; tudo deve passar pela manhã e voltar ao normal. — Ele colocou o copo vazio sobre a mesa e se levantou, estendendo a mão para ajudar sua esposa a sair do sofá.
Antes da manhã, os vizinhos alegaram ter ouvido a música I Fall To Pieces
de Patsy Cline, tocando na residência dos Nortons.
Três dias depois, amigos começaram a se preocupar com os membros da família. Bob não tinha sido visto no trabalho, o que era muito incomum da parte dele. Betty não estava fazendo suas rondas habituais no supermercado ou juntando-se às amigas para uma refeição rápida. Além disso, os dois garotos ainda não haviam retornado para a escola, e isso era algo que Bob se recusava a permitir.
Jerry e Donna Simpson foram os únicos que finalmente decidiram chamar a polícia. Preocupados com a segurança dos vizinhos, eles rezaram para que a razão que os mantinha dentro de casa fosse algo simples. Mas, no fundo, eles sabiam que não; o segredo da cidade estava mostrando sua face terrível novamente. Desta vez, seriam os Nortons que pagariam o preço.
Quando a polícia chegou e entrou na casa, uma visão muito familiar estava à espreita. Os filhos dos Nortons foram encontrados sufocados até a morte em suas camas, enquanto seus pais, Bob e Betty, foram espancados até o momento final de suas vidas.
Não foi tarefa fácil testemunhar uma cena tão macabra, mas a investigação tinha que avançar. Não que os policiais fossem ir longe. Este parecia um daqueles crimes que não seriam facilmente solucionados devido ao fato de que não havia sido o primeiro assassinato na pequena cidade de Crimson.
O último assassinato como este ocorreu há mais de cinco anos. Poderia ser o mesmo assassino de anos atrás que havia matado quatro famílias da mesma maneira? Ou poderia ser um assassino imitador? Essas seriam perguntas difíceis de responder, pois os policiais não pareciam estar se esforçando muito para resolver casos desse tipo.
Talvez fosse devido à falta de evidências deixadas para trás, ou até mesmo porque havia apenas quatro oficiais de polícia (mais o xerife) em toda a cidade. Ou talvez a explicação fosse ainda mais além do que aparentava; a maioria das pequenas cidades, como Crimson, guardava segredos. Talvez fosse esse o caso aqui. Nem os moradores nem a polícia queriam que esses segredos fossem expostos. Essa podia ser a razão pela qual os casos ficavam arquivados por tanto tempo.
Por outro lado, isso não impediu Ed Wilson, o pai de Betty Norton, de fazer sua própria investigação sobre a filha e a morte de sua família. Até levantou algumas pistas por conta própria; infelizmente, isso não o levou muito longe. Ainda que a cidade fosse uma comunidade unida, ninguém queria falar sobre a família Norton, muito menos sobre os assassinatos anteriores.
Ele estava em uma situação difícil e não era considerado um cidadão local, mas sim um estranho. Ed não cresceu em Crimson; ele se mudou para a cidade depois que sua filha se casou. E foi por isso que ele encontrou mais portas fechadas na cara do que pessoas dispostas a conversar.
Ed, no entanto, não era do tipo que desistia fácil. Alguém tinha que responder pelos crimes cometidos contra sua família. Ele faria de tudo para que isso acontecesse, mesmo que tivesse que buscar alguém de fora para realizar o trabalho. Ed fez algumas pesquisas sobre investigadores particulares que lidavam com casos especiais como esses. Um nome sempre era mencionado: Grant Dawson. As credenciais do homem falavam por si, mas ele também tinha uma longa ficha de antecedentes criminais.
Ed não tinha certeza se poderia confiar em alguém com um histórico desse tipo, mas ele tinha que fazer algo se quisesse que o assassino de sua filha fosse levado à justiça. Ele decidiu que era hora de fazer uma viagem para Nova York, ver o investigador por si mesmo. Era hora de fazer o que fosse necessário para deter um assassino.
Seu avião pousou em Nova York três dias depois; ele não carregava nenhuma bagagem porque o plano era partir no dia seguinte, após a conversa com o investigador.
Ele saiu do aeroporto e pegou um táxi.
— Onde posso levá-lo, senhor? — perguntou o taxista.
— Você sabe de alguma coisa a respeito de um tal Sr. Dawson? — Ed perguntou em contrapartida.
— Conheço sim.
— Sabe onde fica o escritório dele?
— Sim, senhor.
— Leve-me até lá.
O motorista engatou a marcha e partiu. Enquanto o carro descia a rodovia, o motorista puxou conversa com Ed. — Então, o que te traz a Nova York?
— Preciso falar com o Dawson, só isso.
— Não deve ser coisa boa, já que precisa falar com ele — respondeu o homem.
— Por que diz isso?
— As únicas pessoas que querem ver Dawson são aquelas que precisam de ajuda onde não há nenhuma — respondeu o homem. — Mas deixe-me avisá-lo: esse homem é uma maldição ambulante. Ele faz o trabalho, mas deixa um caminho de destruição em seu rastro.
— Você conhece o homem? — Ed perguntou, curioso.
— Nos encontramos uma ou duas vezes.
— Posso perguntar seu nome?
— Fred — o homem disse a ele. — Isso é tudo que precisa saber.
— Meu nome é Ed... Ed Wilson. E farei o que for preciso para conseguir o que quero.
O taxista parou o carro, do outro lado da rua de um prédio de tijolos degradados. — Chegamos, senhor.
Ed saiu do táxi e deu a volta até a janela do lado do motorista. — Quanto é que lhe devo?
Fred ergueu a mão. — Esta é por conta da casa. Tenha cuidado com o que você se envolve. — Ele fechou a janela e acelerou, deixando Ed sozinho no beco escuro.
Ed respirou fundo o ar noturno de onde estava, o que teria deixado muitas pessoas nervosas. Mas ele não tinha mais nada: sua esposa morreu anos atrás e sua filha e netos foram tirados dele. Se ele morresse, não teria se importado, mas havia uma voz irritante em sua cabeça, dizendo que ele ainda não podia morrer.
Grant estava sentado em sua cadeira atrás da mesa, examinando os papéis dispostos à sua frente. Ele estava tentando decidir qual caso deveria assumir em seguida. Embora nada chamasse sua atenção, ele ainda precisava ganhar dinheiro para sobreviver. E pela aparência de seu escritório, ele precisava disso desesperadamente.
A sala rangia a cada passo, algumas luzes não funcionavam e as janelas estavam quebradas ao ponto de ele mesmo ter que fechá-las com tábuas. Mas